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Economia II Crescimento económico, produtividade e nível de vida ESTG-IPP Joaquim Mourato O Crescimento económico O Crescimento Económico é a perspetiva da análise macroeconómica (teórica e empírica) que trata do aumento (ou diminuição) das condições materiais de vida da população como um todo no longo prazo. Perspetiva analítica: Longo prazo – tendências (movimentos persistentes); Produto Natural – PIB potencial, de equilíbrio de preços flexíveis; Criação de capacidade produtiva – mais do que utilização (curto prazo). Objeto / indicadores: PIB real (não nominal); PIB real per capita (não PIB real total); As teorias do crescimento económico têm como principal objeto de análise a taxa de crescimento do produto real per capita natural/potencial da economia. 2 (In FEP-UP) O Crescimento económico Objetivos essenciais da teoria do crescimento económico: Identificar explicações para a diferença (no espaço e/ou no tempo) entre taxas de crescimento do PIB natural (tendência do PIB real per capita); [diferenças persistentes entre taxas implicam diferenças entre níveis…] Identificar políticas governamentais que possam alterar essas taxas de crescimento. Porque se preocupa a Macroeconomia com o crescimento económico: Crescimento sistemático/continuado do PIB real per capita é a única forma duma sociedade atingir níveis de vida significativamente melhores; Pequenas diferenças na taxa de crescimento do PIB real per capita, se persistentes, geram grandes diferenças no nível de vida médio do país. 3 (In FEP-UP) A evolução dos níveis de vida Melhoria significativa nos níveis de vida das populações dos países industrializados (nos dois últimos séculos). O crescimento do PIB real por habitante reflete essa evolução. O PIB real por habitante é uma medida importante do nível de vida e do desenvolvimento económico. Mede o volume de bens e serviços disponíveis para o residente médio de um país, num determinado momento. 4 As limitações do indicador “PIB real por habitante” O PIB real por habitante não reflete exatamente o bem estar económico das pessoas porque existem muitos fatores que não são vendidos em mercados (e por isso estão excluídos do PIB!). Tempo de lazer. Atividades económicas extra-mercado. Trabalho doméstico não remunerado. Serviços de voluntários (bombeiros…). Trocas de bens entre as pessoas ou cooperação na execução de tarefas sem usarem dinheiro (não utilização de mercados formais). Economia subterrânea (transações não declaradas ao Estado nem aos compiladores de dados estatísticos), incluindo atividades legais (tomar conta de crianças…) e ilegais (crime organizado…). 5 As limitações do indicador “PIB real por habitante” O PIB real por habitante não reflete exactamente o bem estar económico das pessoas… Qualidade do meio ambiente e esgotamento de recursos PIB não reflecte aspectos negativos do crescimento económico (degradação da qualidade do ar e da água…), nem a exploração de recursos naturais finitos (petróleo…). Dificuldade em incluir estes factores no PIB: avaliação monetária de bens incorpóreos (rio limpo vs. rio sujo…). Qualidade de vida Taxa de criminalidade, congestionamento do trânsito, espaços livres… Pobreza e desigualdade económica PIB não capta os efeitos da desigualdade. 6 Mas o PIB está relacionado com o bem estar económico… O PIB real por habitante tende a estar positivamente associado a um conjunto de variáveis que são importantes para as pessoas: Disponibilidade de bens e serviços. Saúde (melhores cuidados de saúde, maior esperança de vida…). Educação (taxas mais elevadas de literacia e de nível educacional…). 7 As “pequenas” diferenças no crescimento são importantes… Podemos estabelecer um paralelismo entre as taxas de crescimento económico e as taxas de juros compostos. Num regime de juros compostos: pagamento dos juros incide não apenas sobre o depósito inicial mas também sobre os juros acumulados. Exemplo: Um depósito de €10 no ano de 1815 à taxa de juro anual nominal de 4%. Em 2015 o depósito teria o montante de €25 507,50 [C*(1+i)n] Se a taxa de juro = 2% o valor do depósito seria de €524,85. Se a taxa de juro = 6% o valor do depósito seria de €1.151.259,04. 8 (Ver diapositivo 26, Cap.1, FEP-UP) As “pequenas” diferenças no crescimento são importantes… A economia de um país expande-se todos os anos à taxa de crescimento económico. Mesmo uma baixa taxa de crescimento anual do PIB por habitante vai produzir grandes aumentos nos níveis de vida médios durante um longo período. A longo prazo a taxa de crescimento económico é uma variável muito importante! Taxa média de crescimento da variável y no período entre t-n e t. 9 11 1 n nt t n nt t y y y y y g Crescimento económico: O papel fundamental da produtividade média do trabalho O que determina a taxa de crescimento económico de um país? PIB real por habitante: 10 POP N N Y POP Y * Y = PIB real N = Número de empregados POP = População total Crescimento económico: O papel fundamental da produtividade média do trabalho Assim, o PIB real por habitante só pode crescer se: aumentar a produtividade média do trabalho e/ou, aumentar a parte da população que trabalha. A longo prazo, os aumentos do PIB real por habitante resultam fundamentalmente de aumentos na produtividade média do trabalho. 11 Determinantes da produtividade média do trabalho Capital humano Os talentos, a educação, a formação e as competências dos trabalhadores. Capital físico Um aumento da quantidade de capital disponível para os trabalhadores tenderá a aumentar a produção e a produtividade média do trabalho. 12 Determinantes da produtividade média do trabalho Recursos naturais Geralmente, a abundância de recursos naturais aumenta a produtividade dos trabalhadores que os utilizam. Por exemplo, a disponibilidade de grande extensão de terra fértil. Os recursos podem ser obtidos através do comércio internacional. Tecnologia Capacidade de um país para desenvolver e aplicar novas e mais produtivas tecnologias vai determinar a sua produtividade. É aceitável dizer que as novas tecnologias são a fonte mais importante do crescimento da produtividade. 13 Determinantes da produtividade média do trabalho Espírito empresarial e gestão Fatores que influenciam o empreendedorismo: Nível de impostos. Rigidez da legislação. Fatores sociológicos (sistema social reconhece o estatuto da actividade?) Gestão Influencia a produtividade através da implementação de métodos de produção mais eficientes. Ambiente político e legal Os governos desempenham um papel importante na promoção do aumento da produtividade. Estabelecimento de direitos de propriedade bem definidos. Estabilidade política. Promoção de uma troca de ideias livre e aberta. 14 Os custos do crescimento económico Custo de criar novo capital para aumentar a produtividade e a produção no futuro. Taxas elevadas de investimento em novo capital exigem “apertar o cinto” (menos consumo e mais poupança). Redução do tempo de lazer para os trabalhadores (forte empenho no trabalho). Este custo pode ser eliminado com o aumento da produtividade! O custo de I&D (tecnologia). O custo da formação (capital humano). 15 A promoção do crescimento económico Políticas para aumentar o capital humano Programas de educação e formação. Políticas que promovam a poupança e o investimento Produtividade média do trabalho aumenta com um stock de capital mais amplo e moderno. Os governos podem contribuir diretamente para a formação de capital através do investimento público. Políticas que apoiam a investigação e o desenvolvimento Produtividade é incrementada através do progresso tecnológico, que exige investimentos em I&D. Enquadramentolegal e político 16 Leitura recomendada Capítulo 20 do livro: FRANK, Robert e BERNANKE, Ben, “Princípios de Economia”, McGraw-Hill de Portugal, Lisboa, 2003. ISBN: 972-773-146-5 17
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