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Livro Texto - Unidade II (2) (1)

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61
ÉTICA NOTARIAL
Unidade II
5 ÉTICA NOTARIAL
5.1 Recapitulando a diferença entre ética e moral
No início deste livro-texto, vimos que a moral pode ser conceituada como o conjunto de regras que 
toma como base os valores culturais e históricos de uma sociedade e se verifica nas práticas ou nas 
condutas humanas especificamente observadas em cada contexto.
Podemos, então, afirmar que a moral é rol de convicções formado a partir de determinados 
comportamentos humanos ou de determinadas práticas que tem como base os padrões históricos e 
culturais de uma sociedade. 
Reforçamos que, quando nos referimos à moral, estamos falando de um conjunto de regras que 
dizem respeito aos valores culturais e históricos de cada sociedade em particular, que pode ser observado 
nas condutas e nas práticas das pessoas dessa mesma sociedade. Já no caso da ética, uma das suas 
características é a universalidade.
Assim, enquanto a ética tem caráter universal, a moral tende a ser particular e estar inscrita em 
dada cultura.
Logo, não devemos confundir os conceitos de ética e de moral. Ao nos referirmos à moral, necessitamos 
tratar da sua delimitação, uma vez que ela se sujeita aos hábitos, aos costumes e às normas estipulados 
por cada sociedade em particular. No caso da ética, existe a busca pela fundamentação desses princípios, 
ocorrendo ou não a sua validação/generalização. 
Ao tomarmos como exemplo a prática da escravidão de outrora, podemos até concluir que se tratava 
de uma realidade justificável à luz da moral da época. No entanto, se invocarmos a ética, concluiremos 
que é inadmissível a possessão de um homem por outro.
5.2 Deontologia notarial
No momento em que transportamos a questão da moral e da ética para o campo notarial, faz-se 
necessário que o notário (ou o tabelião) exerça suas atividades notariais com profissionalismo e 
competência, pois ele deve ser preparado para:
•	 interpretar e aplicar as leis de forma correta e precisa;
•	 prestar aconselhamentos;
•	 solucionar de maneira apropriada as demandas notariais.
62
Unidade II
 Para isso, esse profissional precisa atualizar-se permanentemente e participar das deliberações dos 
órgãos profissionais aos quais ele pertence.
Compreendendo a sua função notarial, tal especialista deve, ainda, ser responsável pela implantação 
de adequada estrutura de atendimento ao público, assim como prover o uso de tecnologia pertinente 
ao desempenho das atividades notariais para o pleno e efetivo funcionamento de seu cartório.
Com relação ao próprio serviço prestado, o tabelião, no pleno exercício de sua atividade, precisa 
assegurar a disponibilidade factual e permanente do atendimento, com sua presença efetiva e cumprindo 
o horário de prestação dos serviços de acordo com a conveniência dos que utilizam os serviços prestados 
pelo estabelecimento. 
5.2.1 Escolha do notário
De acordo com o site do 26º Tabelionato de Notas (Princípios de deontologia notarial), temos, em seu 
item 6, subitens 6.1 e 6.2, o enunciado reproduzido a seguir no tocante à escolha do notário.
 
A escolha do notário é deixada à livre decisão dos interessados, salvo nos 
casos previstos por leis ou regulamentos. A par do dever de imparcialidade, o 
notário deve abster-se de todo comportamento que, mesmo indiretamente, 
possa influir sobre a livre escolha dos interessados quanto ao notário a indicar.
No que diz respeito ao caráter pessoal da intervenção notarial, o referido site nos mostra, em seu 
item 7, subitens 7.1 e 7.2, os elementos desse caráter, apresentados a seguir.
 
7.1. A prestação profissional do notário é caracterizada por uma relação de 
confiança e pessoal com os clientes. O notário pode servir-se de auxiliares 
e colaboradores, com a condição de que isto não afete em nada a natureza 
pessoal da prestação em seu conjunto.
7.2. Em qualquer caso, o notário deve proceder à verificação da identidade 
pessoal das partes e de sua capacidade. Ele deve igualmente interpretar a 
expressão de sua vontade.
5.2.2 Segredo profissional, imparcialidade e responsabilidade
Sobre o segredo profissional, o mesmo site apresenta, no seu item 8, subitens 8.1 e 8.2, as normas de 
conduta para o tabelião. Vejamos.
 
8.1. O notário está obrigado a respeitar o segredo profissional, tanto por 
ocasião de sua prestação profissional quanto em continuação. Também deve 
cuidar e agir de tal maneira que esta regra seja respeitada igualmente por 
seus colaboradores e empregados.
63
ÉTICA NOTARIAL
8.2. O notário não está obrigado ao respeito do segredo profissional unicamente 
em razão do dever de colaboração com a autoridade pública, a qual esteja 
ligado em virtude de uma regra específica, ou para atender uma ordem da 
autoridade judiciária ou administrativa e, especialmente, da autoridade 
encarregada de cuidar da transparência das transações econômicas.
Conforme expresso no site do 26º. Tabelionato de Notas (Princípios de deontologia notarial), o seu 
item 9 (subitens 9.1 e 9.2) versa a respeito das questões da imparcialidade e da independência do 
notário, reproduzidas a seguir.
 
9.1. O notário deve comportar-se com imparcialidade e independência no 
exercício de sua profissão, evitando toda influência de tipo pessoal sobre sua 
atividade e toda forma de discriminação em relação a seus clientes.
9.2. Na prestação de seus serviços, o notário deve manter uma posição 
equilibrada entre os diferentes interesses das partes, e deve procurar uma 
solução tendo como único objetivo preservar a segurança comum das partes.
Por fim, o site ainda faz menção às questões de diligência e de responsabilidade a serem observadas 
pelo notário (item 10, subitens 10.1 e 10.2). Observemos tais questões.
 
10.1. No exercício de sua função, o notário deve agir de maneira adequada 
e construtiva, informando e aconselhando as partes sobre as consequências 
possíveis da prestação solicitada, sob todos os aspectos do procedimento 
jurídico habitual que lhe é confiado; escolhendo a forma jurídica mais de 
acordo com a vontade das partes, assegurando-se de sua legalidade e de 
sua pertinência; fornecendo às partes os esclarecimentos solicitados e 
necessários para lhes assegurar a conformidade com as decisões tomadas e 
a consciência do valor jurídico do ato.
10.2. O notário deve poder responder da maneira adequada, mesmo recorrendo 
a certas formas de seguro, aos riscos que comporta o exercício de sua função.
 Saiba mais
Veja mais informações sobre as responsabilidades do notário em:
26º TABELIONATO DE NOTAS. Princípios de deontologia notarial. San 
José da Costa Rica: 2005. Disponível em: https://bit.ly/3DyOYdV. Acesso em: 
3 nov. 2022.
64
Unidade II
5.2.3 Normas e juízos de valor
É importante mencionarmos que os tabeliães devem pautar suas atividades conforme normas 
técnicas que devem ser observadas pelos notários e que se encontram estabelecidas nas consolidações 
normativas notariais e registrais e na própria legislação federal.
 Observação
Vejamos o significado de tabeliães:
Tabeliães é o plural de tabelião. O mesmo que notários.
Significado de tabelião:
Escrivão público, titular de cartório, que reconhece firmas, autentica 
cópias de documentos, lavra escrituras, procurações etc.; notário: a certidão 
precisa ser reconhecida pelo tabelião local. Próprio da linguagem usada 
nos cartórios e nos documentos notariais, naqueles produzidos em cartório 
(TABELIÃES, s.d.).
Com relação ao juízo, ele pode ser definido como “capacidade de avaliar e discernir as coisas”, com 
o emprego do bom-senso (JUÍZO, 2014).
Logo, podemos falar em juízo de fato (descritivo) e em juízo de valor (prescritivo). O juízo de fato 
enuncia uma afirmação que pode proceder ou ser contestada, ou seja, ela pode ser verdadeira ou falsa. 
No caso do juízo de valor, não há o aspecto descritivo de uma realidade; nesse caso, emprega-se a 
questão da valoração de algo, ou seja, se alguma coisa é boa ou ruim.
Dessa maneira, o juízo de fato pode ser representado por um processo mental intuitivo que demonstra 
umarealidade efetiva e concreta. Por isso, esse tipo de juízo assume características descritivas, como, 
por exemplo, constatar que “faz calor”, que “está chovendo”, que “a água é fria”, que “o livro é pesado”, 
que “a menina é alta” etc.
No caso do juízo de valor, ou seja, prescritivo, o que se estabelece é uma avaliação sobre os diversos 
campos e situações da vida humana. É o caso dos seguintes exemplos: “o sol aquece”, “a chuva acalma”, 
“a água fria é refrescante”, “a menina alta é linda” etc. Assim, podemos concluir que o juízo de valor 
parte de uma avaliação decorrente de nossas preferências e percepções pessoais, que pode ser tanto 
positiva quanto negativa.
Mas o que são valores?
Embora a preocupação com os valores seja tão antiga quanto a humanidade, foi no século XIX que 
surgiu uma disciplina específica para tratar tal tema, a axiologia ou a teoria dos valores (o termo “valor” 
65
ÉTICA NOTARIAL
em grego é traduzido como axía). Assim, a axiologia trata das relações que são estabelecidas entre os 
seres e o sujeito que os observa.
Ademais, os seres humanos reagem e mobilizam-se por meio da afetividade diante de situações 
em que o valor requer ser expresso, ou seja, nós reagimos quando algo nos afeta, de forma positiva ou 
negativa, por meio da atração ou da repulsa. Diante dessa prática, podemos afirmar que, em primeiro 
lugar, esses valores são passados às gerações por herança.
A vida em sociedade impele, desde cedo, que nos comportemos de acordo com certos padrões 
previamente estabelecidos e esperados. Esses comportamentos manifestam-se em diversas ocasiões 
e situações: como se comportar em público, como se comportar diante de desconhecidos, como se 
comportar na casa de outras pessoas, como se comportar na escola, como se comportar à mesa e assim 
por diante. Se ocorrer algum descumprimento, somos avaliados como maus. Caso contrário, somos 
avaliados como bons.
A partir desse reconhecimento, as pessoas concluem que seguimos ou não a boa educação ou que 
sabemos ou não fazer as escolhas mais apropriadas. Isso quer dizer que o efeito final daquilo que fazemos 
está sob julgo e é objeto de recompensa ou punição, de elogio ou crítica, de aceitação ou repúdio.
De acordo com o jurista Miguel Reale (1999), temos o seguinte:
 
Então o que são valores? É impossível definir valor segundo uma exigência 
lógico-formal. O que se pode dizer é que os valores são enquanto valem. 
O ser do valor é valer. Porque é uma categoria primordial, a exemplo de ser 
(ou se é ou não-é), assim deve ser considerado. Ou se vê algo enquanto é ou 
enquanto vale, e porque valem devem ser.
Assim, podemos afirmar que o valor é o componente fundamental e moral do direito, uma vez que 
o direito tem a finalidade de salvaguardar os bens essenciais da vida em sociedade.
 Lembrete
A axiologia advém do termo grego axía, que exprime apreço, estimação, 
valor. Trata-se do ramo da filosofia que estuda a questão dos valores.
A moral, enquanto estrutura de valores, manifesta-se por meio da consciência individual e pelo seu 
emprego sistemático. Ela tem a capacidade de disseminação aos demais membros da sociedade. Dessa 
forma, seu uso constante faz com que as atitudes moralmente aceitas sejam convencionadas.
Adicionalmente, podemos dizer que a moral atua no domínio da consciência pessoal e caracteriza, 
nas relações sociais, o arcabouço de valores válidos, positivos e reconhecidos pelo grupo social, o que 
constitui a consciência coletiva. A prática repetida e frequente de determinadas ações torna o homem 
66
Unidade II
virtuoso ou viciado perante a comunidade. Por essa razão, as regras morais nos balizam antes da 
necessidade da aplicação da lei.
Como forma de se manter vinculado ao grupo social, o indivíduo por si, em sua consciência 
individual, age de acordo com o que presume ser a determinação moral da consciência coletiva. Ou 
seja, pelo estímulo moral da consciência coletiva, o homem adapta-se e comporta-se de modo a não 
comprometer a sua vida em sociedade. Daí depreende-se que a nossa consciência é norteada pelas 
normas morais.
O descumprimento dessas normas passa pela pena que se processa no âmbito da consciência 
pessoal, por meio do pesar, da contrição, do constrangimento, do remorso, do arrependimento e de 
outros sentimentos correlatos. Isso difere fundamentalmente do direito positivo, que se estabelece pela 
coerção, pela imposição das normas jurídicas feita pelo Estado.
A punição adiante da transgressão ao direito positivo é uma ação que parte de fora para dentro, 
que é aplicada pelo Poder Público constituído. Não importa se é de origem jurídica ou de origem moral: 
toda regra é uma norma de conduta que requer uma obrigação. Assim, existe uma ligação indivisível 
entre valor e dever, uma vez que todos os tipos de normas têm impulso na moral e, por consequência, 
nos valores.
Exemplo de aplicação
Diante do exposto até o momento, sugerimos que você reflita sobre as questões a seguir.
Como o direito e a moral convergem para a normalização da ação e da conduta humanas? Como 
essas duas vertentes regimentais podem ser balizadas?
Diante do que analisamos sobre os conceitos de moral e do direito, concluímos que ambos têm como 
aspecto conjunto a ação do homem.
Entre as várias teorias que versam sobre as conexões entre a moral e o direito, vamos estudar 
algumas delas.
Teoria de Thomasius
Christian Thomasius (1655-1728), jurista alemão, preocupou-se em estabelecer uma distinção prática 
entre o direito e a moral. Segundo ele, o direito ocupa-se da conduta humana após sua exteriorização, 
enquanto a moral desenvolve-se na esfera da consciência, ou seja, no âmago do indivíduo.
Assim, para Thomasius, não haveria a perspectiva da invasão de competências entre o direito e a moral.
67
ÉTICA NOTARIAL
Figura 13 – Representação de Christian Thomasius
Disponível em: https://bit.ly/3SQENqL. Acesso em: 31 out. 2022.
Na época, a teoria de Thomasius constituía-se no anseio dos indivíduos, ou seja, o livre pensamento 
e a liberdade de consciência seriam amparados por essa teoria. O que acontece é que, em diversas 
situações, o “foro íntimo” não pode ser ignorado pelo direito.
No caso de aplicação do direito penal, a intenção de cometer um crime configura-se como dolo, ou 
seja, deve ser examinada a intenção do executor para a correta definição da pena e da especificação do 
tipo de crime, sendo que crimes dolosos são passíveis de maiores punições.
68
Unidade II
 Observação
Dolo significa fraude, má-fé, maquinação. É todo ato com que, 
conscientemente, alguém induz, mantém ou confirma o outro em 
erro. É a vontade dirigida à obtenção de um resultado criminoso ou o 
risco de produzi-lo.
Agir com dolo significa que alguém tem a intenção de atingir um 
fim exclusivamente criminoso para causar dano a outras pessoas. Dessa 
forma, essa pessoa não comete o crime por motivo de legítima defesa 
ou necessidade, por ter sido provocado por outrem. Um crime com 
dolo é cometido por alguém que o comete voluntariamente. Assim, é 
possível afirmar que dolo não é simplesmente a prática de um crime, mas 
é a prática desse crime com o objetivo consciente de praticar o crime, 
sem que a pessoa em questão tenha sido influenciada ou motivada por 
terceiros (DOLO, s.d.).
Teoria do mínimo ético
A teoria do mínimo ético teve como expoente o jurista alemão Georg Jellinek (1851-1911) e como 
seguidor o jurista britânico Jeremy Bentham (1748-1832). Essa teoria pregava que o direito é parte da 
moral e, por essa razão, não se diferencia dela.
Conforme Reale (2009), haveria um campo de ação comum a ambos, sendo o que o direito estaria 
envolvido pela moral. De acordo com esse pensador, poderíamos dizer, segundo essa imagem, que “tudo 
o que é jurídico é moral, mas nem tudo o que é moral é jurídico”.
O que turva a referida teoria é o seguinte: por ser o direito parte da moral, todas as regras do direito 
deveriam estar contidas no campo da moral, mas, em termos reais, nem tudo o que é do domínio 
jurídico é daalçada da moral.
Consideremos a seguinte situação: em determinada sociedade comercial, há dois sócios. Nessa 
sociedade, apenas um sócio trabalha, mas ambos recebem a mesma cota. Isso é moral? Não, mas é direito.
Agora, pensemos em outra situação: temos regras de ordem estritamente técnica, que nada têm de 
relação com a moral, como a exigência de que os condutores de veículos obedeçam a mão direita.
5.2.4 Comentários adicionais
Os preceitos morais e éticos permeiam diversos campos do saber, como a psicologia, a teologia, a 
filosofia, a política, o direito, a história e uma série de outros arcabouços que envolvem o homem em 
69
ÉTICA NOTARIAL
seus vínculos interpessoais e em sua vida em sociedade. Por isso, reforçamos que a moral é um conjunto 
de regras que se estruturam pelo uso e repetição, ao longo do tempo.
Precisamos a importância de termos em mente que “moral” e “direito” são distintos. Segundo 
Ruggiero e Maroi (1955), “o direito é a norma das ações humanas na vida social, estabelecida por uma 
organização soberana e imposta coativamente à observância de todos”.
Além disso, o elemento responsável pela diferenciação entre direito (norma) da moral é a coercibilidade, 
presente no direito e inexistente na moral. O direito também se diferencia da ética, uma vez que a ética 
se ocupa da explicação do cumprimento das regras morais e das normas do direito.
A ética abrange o estudo comum do que é bom ou mau, uma vez que ela é a ciência da moral. 
Desse modo, podemos dizer que a pessoa que age com ética pratica suas ações e seus atos observando 
os preceitos morais. Uma das finalidades que se coloca para a ética é que ela busca explicações para 
as normas estabelecidas pelo direito e pela moral, ou seja, o que evidencia a ética é a reflexão sobre a 
atuação do ser humano.
6 CLASSIFICAÇÃO DA ÉTICA
A seguir, veremos modos de classificação da ética.
6.1 Ética geral e ética aplicada
A ética geral pode ser conceituada como a base que fundamenta a constituição da ética aplicada.
A ética aplicada restringe-se à apreciação de normas morais e de códigos de ética especificados 
para determinados segmentos da sociedade, pois estão relacionados ao comportamento de grupos, 
coletividades e categorias profissionais. Essa ética, especializada, leva em conta o interesse específico de 
dado ramo de atividade ou de dado conjunto de pessoas. Nesse sentido, temos a ética ecológica, a ética 
profissional, a ética familiar, a ética política e a ética empresarial.
O que conhecemos como deontologia refere-se à ética profissional, que está estritamente vinculada 
a determinado tipo de atuação laboral e associada à ação moral. Trata-se de um segmento da ética 
aplicada voltado às normas que conduzem os atos e as relações de atividades profissionais específicas.
6.2 Ética normativa e metaética
A ética normativa tem como foco a abordagem histórica, filosófica e conceitual da moral. Ela estuda 
as normas morais praticadas e as normas não praticadas na sociedade, centrando-se nas normas sociais 
e na moralidade positiva.
A metaética refere-se à avaliação crítica dos sistemas éticos e tem como objeto de estudo a própria 
ética normativa. Ela visa compreender, em termos éticos, a natureza das enunciações, das propriedades, 
das ações e dos juízos.
70
Unidade II
6.3 Ética empírica
A ética empírica é embasada na experiência e procura derivar seus princípios a partir da simples 
observação dos fatos. Ela pode ser classificada conforme alguns aspectos expostos a seguir.
Ética anarquista 
O vocábulo anarquista origina-se do grego anarkhia, que significa ausência de governo. A anarquia 
pode ser caracterizada como uma inspiração básica e primitiva para a liberdade, tendo o ser humano o 
direito de gozar de toda a liberdade de ação, a despeito das normas, do tempo e do espaço.
O anarquismo pretere, por exemplo, os padrões sociais estabelecidos e os dogmas religiosos, sendo 
que tudo constitui exigência arbitrária.
Ética utilitarista
O termo “utilitarista” serve aos diferentes significados que possam ser dados à palavra “utilidade”. 
Jeremy Bentham foi quem formulou o mais conhecido conceito de utilidade. Para ele, entende-se por 
utilidade aquela peculiaridade, em qualquer coisa, mediante a qual se procura obter algum proveito, 
algum privilégio, algum prazer, algum bem ou alguma felicidade.
No entanto, essa ideia fora propagada antes pelos filósofos Hobbes, Locke e Dave Hume, entre outros. 
Francis Hutcheson, autor menos citado, declara que “a melhor ação é a procura da maior felicidade.” De 
modo geral, o utilitarismo identifica que o bom é o que é útil.
Desse modo, a ética utilitarista prescreve que os meios, por si, são as ferramentas da ação, que não 
requerem uma causa, sendo infundada a alegação de que “os fins justificam os meios”.
Concluímos, então, que se trata de uma “ética de fins”, uma vez que os meios conduzem a finalidades 
úteis, não adversas.
O filósofo e economista britânico John Stuart Mill (1806-1873), propagador do utilitarismo em 
conjunto com o filósofo, jurista e também britânico Jeremy Bentham (1748-1832), diz que a finalidade 
da ética é a felicidade do maior número de pessoas. Para John Stuart Mill, a felicidade era o fim 
ambicionado e tudo mais era necessário para que essa felicidade seja alcançada.
Ética ceticista 
Ceticismo é a corrente de pensamento que se contrapõe ao dogmatismo. O dogmatismo confirma 
a possibilidade de atingir-se a verdade com certeza e originalmente sem limites, enquanto o ceticismo 
implica uma constante atitude dubitativa, em todos os graus e em todas as formas de conhecimento, 
convertendo a “incerteza” em característica essencial dos enunciados, tanto da ciência quanto da filosofia.
71
ÉTICA NOTARIAL
O cético é aquele que não crê em coisa alguma, sem se deter a qualquer dogma. Ele não toma 
partido algum, de afirmar, ou negar. De certa maneira, reporta-se à frase clássica de Sócrates: “só sei 
que nada sei”.
É nesse contexto que opera a ética ceticista.
Ética subjetivista
O início do subjetivismo ocorre com Protágoras, para quem “o homem é a medida de todas as coisas”. 
Analisando esse pressuposto, vemos que cada homem é a medida do real. De outra forma, podemos 
dizer que a verdade não é objetiva, visto que há diversas verdades.
Protágoras foi um filósofo da Grécia Antiga, sofista, cuja teoria se relaciona com o agnosticismo, 
que prega que o homem é inapto a respeito das divindades, uma vez que elas transcendem a lógica e a 
compreensão humanas.
Se a totalidade de convicções aparenta ser verdadeira, de mesma natureza, e se tudo é verdade, nada 
é correto, uma vez que o que parece evidente para uma pessoa pode não o ser para outra, ou seja, o 
subjetivismo assume características individuais ou sociais.
6.4 Ética do bem
Segundo Miguel Reale (1999), a ética é movida pela força do bem. Nesse sentido, a vida do homem 
é a constante e a permanente procura pelo bem.
Partindo-se desse princípio, toda ética pretenderia conquistar o bem, em oposição ao relativismo, 
uma vez que existe, segundo Reale, o bem maior ou o valor essencial. Portanto, depreende-se que o 
relativismo se opõe à ética dos bens e dos fins.
 Observação
Miguel Reale foi um jurista brasileiro nascido em 1910 e falecido em 
2006. Foi professor da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da 
Universidade de São Paulo, membro da Academia Brasileira de Letras, reitor 
da Universidade de São Paulo, secretário de justiça no Estado de São Paulo 
e supervisor da comissão que elaborou a Lei n. 10.406/2002, o novo Código 
Civil brasileiro.
Reale tem destaque no pensamento jurídico por ser estudioso do 
culturalismo e da tridimensionalidade do Direito.
72
Unidade II
6.5 Ética formal
O foco da ética formal é o motivo (ou a motivação) da ação, e não o seu resultado. Logo, de maneira 
distinta da ética empírica e da ética dos bens, a ética formal não se vincula aos resultados obtidos.
7 DIREITO E MORAL
7.1 Introdução
Podemos dizer que as regras morais visam aoaprimoramento do indivíduo. Já as regras jurídicas 
objetivam facilitar o convívio social e, para isso, tentam prevenir a ocorrência de conflitos ou, no caso 
de eles existirem, buscam solucioná-los.
Em resumo, as normas morais regulam as condutas “internas” do indivíduo, enquanto o direito 
centra-se no comportamento “externo” da pessoa.
Vale destacar que o direito não proíbe pensamentos considerados imorais nem se preocupa com o 
motivo pelos qual uma pessoa opta por respeitar determinada norma ou regra jurídica.
7.2 Normas jurídicas
De modo geral, podemos dizer que as normas jurídicas:
•	 visam ao bem social;
•	 objetivam orientar as condutas no sentido de concretizar valores sociais, em especial a justiça;
•	 são dotadas de bilateralidade, atributividade e coercibilidade.
 Lembrete
A moral é interna, é individual e pertence à conduta de determinada pessoa.
O direito é externo e representa uma alteridade, uma relação jurídica, 
uma norma de agir dotada de sanção e coerção.
A moral e direito têm arcabouços éticos, ou seja, em ambos, há o sentido de agir. Nessa perspectiva, 
podemos dizer que a ação é moral ou jurídica.
No âmbito da moral, estão os valores subjetivos que levam à satisfação individual e os preceitos 
que seguimos de modo livre e consciente. Nesse âmbito, temos regras que não são imperativas nem 
coercitivas. Vale destacar que os valores morais são dinâmicos, mudando em função da sociedade e da 
época consideradas.
73
ÉTICA NOTARIAL
Contudo, no nosso dia a dia, cumprimos, a todo tempo, regras (normas) que objetivam regular 
nossas condutas em relação à sociedade e, muitas vezes, em relação a nós mesmos.
As normas imperativas são aquelas que somos obrigados a cumprir, visto que se referem aos modos 
de agir fundamentais para o bom funcionamento da vida em sociedade. Trata-se de normas que não 
estão sujeitas ao arbítrio da vontade individual, pois objetivam o bem coletivo, a ordem comunitária e 
o equilíbrio das relações humanas. Aqui se situa o direito, que impõe normas a serem obrigatoriamente 
cumpridas pelos membros de uma sociedade. No direito, há a previsão de uso de força coercitiva para a 
garantia do cumprimento dessas normas.
Em resumo, a imperatividade é uma característica que fundamenta a distinção entre as regras morais 
e as normas jurídicas. Em termos da moral, a consciência do indivíduo é que determina a aceitação de 
determinada norma. No caso da esfera jurídica, existe uma força externa que obriga o indivíduo a 
obedecer a certa norma.
Reforçamos que o direito apresenta, com exclusividade, a legitimidade para uso da força e, desse 
modo, se alguém deixar de cumprir o que lhe foi atribuído por força normativa, poderá responder perante 
o Poder Judiciário, organização do Estado com poderes para atribuir o direito a cada caso concreto, 
inclusive para exigir que as partes cumpram seus deveres jurídicos ou tenham seus direitos garantidos.
 Observação
Vale destacar que o positivismo jurídico é marcado pela prevalência 
das regras, enquanto o neoconstitucionalismo destaca-se pela importância 
dada aos princípios, mais flexíveis e apropriados para a solução dos casos 
complexos, que são uma característica da sociedade contemporânea. 
Conforme Diniz (1997), 
 
o problema da diferença entre a moral e o direito não é tão simples quanto 
parece... É na questão do autorizamento que reside a principal resposta 
para essa discussão... É impossível falar da relação entre o direito e a moral 
sem mencionar a “Teoria do Mínimo Ético”, defendida por vários filósofos 
e doutrinadores do direito. Tal teoria classifica o direito como uma parte 
da moral, ou seja, os valores jurídicos seriam, antes de tudo, valores 
morais. O Direito não seria nada mais que um conjunto de normas morais 
consideradas essenciais para a sobrevivência da sociedade. Dessa maneira, 
apenas alguns valores morais, devido a sua importância, necessitariam de 
uma forma especial, transformando-se em normas jurídicas.
74
Unidade II
Continua a autora:
 
Cabe agora indagar se realmente o Direito limita-se a abranger regras 
puramente morais. É óbvio que não. De fato, existem normas jurídicas 
que nascem de preceitos morais estabelecidos pelos costumes de um 
determinado povo. Mas não seria correto afirmar que todas as leis de uma 
região possuem conteúdo moral. Basta citar que existem normas amorais 
(alheias ao campo da moral) que são jurídicas (por ex., as normas de tráfego 
aéreo), bem como normas que tutelam fatos considerados imorais pela 
maioria da sociedade e que são, à luz do Direito, perfeitamente legais. É o 
caso, por ex., do divórcio. O Direito chega ao ponto de, em alguns países, 
tolerar o casamento homossexual e a prostituição. Mesmo com tantos 
argumentos e teorias a discussão sobre a relação entre a Moral e o Direito 
está longe de acabar. Devemos, contudo, distinguir esses dois grandes 
segmentos normativos da vida, porém, sem separá-los em polos extremos.
Logo, podemos estabelecer a diferença fundamental entre a moral e o direito: o poder de coercibilidade, 
tanto no âmbito social quanto no âmbito material. Já na esfera moral, uma dor psicológica pode se 
configurar como a punição do transgressor, como ilustra Ferraz Júnior (2013).
 
A justiça é o princípio e o problema moral do direito. É preciso, porém, 
esclarecer uma última questão: como se distingue o direito da moral e 
como se comporta a validade das normas jurídicas perante as exigências dos 
preceitos morais de justiça. O direito, em suma, privado de moralidade, perde 
sentido, embora necessariamente não perca o império, validade e eficácia. 
Como, no entanto, é possível às vezes, ao homem e à sociedade, cujo sentido 
de justiça se perdeu, ainda assim sobreviver com o seu direito, este é um 
enigma, o enigma da vida humana, que nos desafia permanentemente e que 
leva a muitos a um angustiante ceticismo e até a um despudorado cinismo.
Precisamos notar que o conceito de que tudo o que é direito é moral nem sempre se verifica. Vejamos.
Por exemplo, o direito pode regular situações amorais (como no caso das regras presentes na legislação 
de trânsito, que não se submetem, necessariamente, à moralidade) e situações rigorosamente imorais 
(como divisão do lucro em valores idênticos entre dois sócios, mesmo que um trabalhe e outro não).
 Observação
Amoral é aquilo que não é moral nem imoral.
75
ÉTICA NOTARIAL
 Observação
Dois importantes juristas destacaram-se no debate sobre princípios 
e sobre o campo de sua aplicabilidade. São eles Ronald Dworkin 
(norte-americano, 1931-2013) e Robert Alexy (alemão, 1945), ambos 
denominados pós-positivistas e ativos na reflexão sobre princípios como 
tipo de normas. 
Para eles, tanto as regras quanto os princípios são normas e distinguem-se 
de muitas formas. A distinção mais facilmente identificável entre princípios 
e regras é o grau de generalidade, que, nos princípios, é muito grande, e, 
nas regras, bem baixo.
Uma regra não tem grau de aplicação, ou seja, é preciso aplicá-la 
exatamente da forma como ela exige ou determina. Já um princípio é um 
mandado de otimização e, por isso, pode ser cumprido em diferentes graus, 
em conformidade com o caso concreto que impõe sua aplicação.
Com muita propriedade, o jurista Miguel Reale (1999) ensina o que se reproduz a seguir.
 
Ao homem afoito e de pouca cultura basta perceber uma diferença entre 
dois seres para, imediatamente, extremá-los um do outro, mas os mais 
experientes sabem a arte de distinguir sem separar, a não ser que haja razões 
essenciais que justifiquem a contraposição.
 Lembrete
A palavra ética provém de éthos, que, no grego, tem o sentido de 
costume. Significa na verdade, um modo de ser, de se comportar. Desse 
modo, a ética liga-se ao conceito de bons costumes e ao conceito de 
bom comportamento.
Um dos objetivos da ética é a busca de explicações para as normas sugeridas pelo direito e pela 
moral, uma vez que há que fazer uma distinção entre ética, moral e direito. Nesse diapasão, a ética 
coloca-secomo parte da filosofia que examina a ação humana e seu respectivo comportamento. No 
caso da moral e do direito, ambos são expressos por meio de normas e de regras definidas.
76
Unidade II
7.3 Autonomia e dignidade humanas
De acordo com Utz, Bavaresco e Konzen (2012), temos o que segue.
 
Autonomia e dignidade são indiscutivelmente os dois pilares de um Estado 
Democrático de Direito. São conquistas da História. Guerras, negociações 
e acordos sempre foram necessários para que eles fossem universalmente 
reconhecidos, embora não plenamente efetivados... Autonomia e dignidade, 
portanto, são considerados nesse estudo como intrinsecamente relacionados 
e mutuamente imbricados. A dignidade pode ser considerada como o próprio 
limite do exercício do direito de autonomia. E este não pode ser exercido 
sem o mínimo de competência ética.
Ainda conforme os autores, temos o que segue.
 
Mas o que é autonomia? O breve texto de Kant “Resposta à pergunta: o que é o 
esclarecimento?” indica o fio condutor de toda a sua argumentação em torno 
do princípio de autonomia. A saída da “menoridade” e o desenvolvimento da 
capacidade de se servir de seu próprio entendimento demarcam exatamente 
esse seu propósito... Sem liberdade não há esclarecimento. A possibilidade 
de um povo dar-se a si a própria lei é o que define essa autonomia.
A leitura dos textos convida-nos a refletir sobre as questões a seguir.
•	 Como podemos definir autonomia?
•	 O que significa vontade autônoma?
Segundo Kant (2004), na fundamentação da metafísica dos costumes, a autonomia da vontade é 
considerada o “princípio supremo da moralidade” e é definida como “aquela sua propriedade graças à 
qual ela é para si mesma a sua lei (independentemente da natureza dos objetos do querer)”.
Conforme Weber (1999, p. 45),
 
o princípio dessa autonomia consiste em escolher aquelas máximas que possam 
ser, simultaneamente, convertidas em leis universais. Há aqui um critério de 
escolha: máximas que possam passar pelo teste da universalização. A ênfase 
está na autonomia e na autolegislação. A vontade é legisladora universal 
na medida em que ela pode querer que sua máxima seja lei universal. 
A lei é resultado da capacidade de universalização da minha máxima. Somos 
autônomos quando obedecemos à lei da qual fomos autores. Vemo-nos 
como legisladores de um reino dos fins, uma comunidade moral. A vontade 
está sujeita à lei porque faz a lei. Uma vontade “supremamente legisladora”, 
diz Rawls comentando Kant, é aquela que não está sujeita a nenhuma 
77
ÉTICA NOTARIAL
vontade que lhe seja superior. A autonomia, assim entendida, pode ser 
considerada como autodeterminação da vontade. É, também, o princípio 
mais elementar da democracia moderna.
7.4 Ética política
O sistema político vigente hoje no Brasil é a democracia, em que a população, por meio de votação, 
elege governantes que tomarão decisões em nome daqueles que os colocaram no poder.
Nosso país vem passando por uma série de escândalos na política que nos faz questionar a ética de 
nossos governantes. Temos exemplos nos escândalos do “mensalão” e do “petrolão”, entre outros, que 
causam o descrédito da política brasileira.
Assim, cabe apenas a nós, cidadãos, cada vez que votarmos, escolher com critério nossos governantes. 
Após as eleições, não podemos esquecer quem elegemos e devemos ser vigilantes ao longo de seus 
mandatos. Precisamos participar da política de nosso país e cobrar uma postura ética daqueles 
que governam.
Idealmente, política e ética deveriam ser indissociáveis, mas nem sempre isso se verifica na realidade. 
Se a política fosse ocupada somente pelos estoicos, teríamos políticos perfeitamente éticos e 
morais, uma vez que o estoicismo pregava punição aos indivíduos que se desviassem dos preceitos da 
ética e da moral. Uma política formada basicamente por estoicos seria positiva, sob o aspecto moral 
e ético exemplar de seus integrantes. Do lado negativo, as leis que seriam criadas por esses políticos 
tenderiam a ser severas demais, dado o seu perfil.
Assumindo que, em regimes democráticos, os partidos são importantes também como 
estruturadores e facilitadores da escolha eleitoral, a condição básica para torná-los um instrumento 
orientador da decisão é que eles tenham visibilidade suficiente na disputa eleitoral. É mediante essa 
visibilidade, combinada com a contínua participação em eleições, que é possível o surgimento da 
lealdade partidária, que pode crescer ao longo da experiência política democrática.
Talvez uma reforma política serviria ao menos para apaziguar os problemas e escândalos políticos 
que eclodiram no país nos últimos anos e, principalmente, fortaleceria o caráter republicano do sistema 
político eleitoral do país, como resposta às sucessivas crises e como meio de reverter o quadro de 
descrédito em que se encontram algumas instituições brasileiras.
No Brasil, o exercício do poder acontece por meio da democracia representativa. No país, o voto é 
obrigatório, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, onde o voto é facultativo. 
Para os cidadãos de faixa etária entre 18 e 70 anos, o voto é obrigatório. Entre 16 e 18 anos, o voto 
é facultativo, assim como para os idosos acima de 70 anos. É o povo quem escolhe os integrantes do 
poder legislativo e do executivo.
78
Unidade II
Por isso, devemos analisar muito bem os candidatos. Antes das eleições, é preciso verificar tudo o 
que acontece, assistir às propagandas eleitorais e entender o que cada um dos candidatos já realizou 
na nossa cidade, no nosso estado ou país. Há muita corrupção, mas já existem sinais de que isso 
vem mudando. Se votarmos e acompanharmos o que o candidato está fazendo, as coisas mudarão. 
A mudança precisa começar por nós, que devemos nos interessar mais pela política, pois é por 
intermédio do voto que mudaremos nosso país.
7.5 Ética pública
A ética pública tem o propósito de compor, deliberadamente, o processo geral e coletivo de produção 
de ordem, ou seja, a ordem social. Desse modo, a ética pública tem relação com as decisões provenientes 
da coletividade, na forma de manifestação das vontades e desejos que repercutem em toda a sociedade.
Conforme Silva (2006),
 
uma investigação no prisma da ética pública visa à forma pela qual 
as autoridades públicas repartem, no âmbito das decisões políticas, as 
vantagens ou desvantagens, os custos e os benefícios, os recursos e os 
direitos entre membros de uma coletividade. É tarefa de uma ética pública 
racional évaluer la politique, investigando a concepção de sociedade justa 
que a sustenta, bem como o critério ou conjunto de critérios que definem 
o que vem a ser o bem-estar e os direitos das pessoas. A discussão da ética 
pública permite compreender as tendências da formação humana numa 
coletividade. Ambas expressam um mesmo padrão vigente de moralidade.
A questão da ética no serviço público (ética pública) deve partir da fixação de um padrão de referência 
a ser adotado e que permita avaliar a atuação dos servidores em relação a esse padrão. É evidente que 
não basta apenas haver um padrão de referência: é fundamental que esse padrão seja ético.
Os padrões éticos dos servidores devem ser entendidos pela sua própria natureza, ou seja, eles 
têm vínculo público e são de caráter público, portanto, relacionam-se intimamente com a norma 
fundamental. Assim, os princípios fundamentais que regem o comportamento humano referem-se ao 
conjunto de dispositivos contidos na Constituição Federal, que respalda os valores morais da conduta 
correta, elementos primordiais para a vida em harmonia.
Outra questão que se mostra relevante é que os servidores devem distinguir-se pela “impessoalidade”, 
visto que esse termo implica igualdade, sendo que o ordenamento jurídico expressa que todos são iguais 
perante a lei. Se determinado serviço público não preza pela impessoalidade, certamente ele estará 
comprometido com a ineficácia.
Ainda sobre a impessoalidade, é preciso considerar a separação entre a coisapública e a coisa 
privada, uma vez que não há espaço para conflito de interesses entre essas duas vertentes. Esse é um dos 
problemas que mais atingem o setor público e que é objeto de constante veiculação no meio jornalístico 
79
ÉTICA NOTARIAL
e nos noticiários televisivos. Isso afeta a questão ética, que supostamente deveria ser respeitada em 
primeiro lugar.
Além da impessoalidade, devemos considerar também a moralidade. Os servidores públicos devem 
pautar suas ações à luz da conduta ética. Assim, obrigam-se a respeitar da mesma forma o padrão 
moral. A falta desse respeito implica a violação dos direitos do cidadão, o que macula os bons costumes 
e valores de uma sociedade.
Algo a ser observado é que a falta de capacitação e de preparo dos servidores pode acarretar a falta 
de ética no setor público. O comportamento de alguns servidores demonstra pouca consideração com os 
princípios éticos, e podem ter origem na falta de conscientização e de capacitação desses servidores, o 
que se soma à falta de controles eficazes e mecanismos de responsabilização e de punição aos eventuais 
desvios da ética pública. 
A ética, no serviço público, conforme o Decreto n. 1.171/1994, representa o conjunto de regras que 
conduz a ação dos servidores que prestam serviço ao povo do país. Portanto, o decreto mencionado tem 
a finalidade de compilar e organizar os princípios éticos da categoria. 
 Observação
O Decreto n. 1.171/1994, que estabelece o código de ética profissional 
do servidor público civil, tem validade para os servidores federais. No 
entanto, os estados e os municípios estabeleceram seus próprios códigos de 
ética baseados no federal. Portanto, ficam expressos esses demais códigos a 
fim de orientar os servidores dos demais níveis de atuação.
Assim, todos os códigos apresentam as normas que os servidores 
necessitam seguir, como também ficam expressas as penalidades para 
aqueles que se desviarem dos preceitos estabelecidos. Nesse caso, as 
comissões de ética dos órgãos do governo são os organismos competentes 
para analisar e julgar os casos de descumprimento. 
Conforme dissemos, o decreto que estabelece as diretrizes do código de ética dos servidores públicos 
é o Decreto n. 1.171. Esse decreto subdivide-se em dois capítulos, sendo o primeiro dividido em três 
seções, a saber (BRASIL, 1994a):
•	 Seção I – Das Regras Deontológicas;
•	 Seção II – Dos Principais Deveres do Servidor Público;
•	 Seção III – Das Vedações ao Servidor Público. Por fim, o capítulo II, que aborda a questão das 
Comissões de Ética. 
80
Unidade II
Conforme o referido decreto, os valores que devem reger o funcionalismo público no Brasil, e que 
estão expressos no art. I da Lei, são (BRASIL, 1994a):
I – dignidade;
II – decoro;
III – zelo;
IV – eficácia;
V – consciência dos princípios morais;
VI – preservação da honra e tradição dos serviços públicos.
8 DEVERES DO SERVIDOR
Na seção II do capítulo I do Decreto n. 1.171 (BRASIL, 1994a), constam os deveres dos servidores 
públicos civis que trabalham em órgãos públicos do executivo federal e são apresentados no referido 
código de ética. Seguem, aqui, apenas alguns dos deveres.
a) Desempenhar suas atribuições no tempo adequado.
b) Atender aos usuários com rapidez, esforçando-se para resolver situações que estejam gerando 
atrasos.
c) Ter integridade e visar sempre o bem comum.
d) Nunca atrasar prestações de contas.
e) Tratar a população com cuidado, respeitando as limitações individuais e agindo sem qualquer tipo 
de preconceito.
f) Resistir à pressão e denunciar pessoas que queiram obter vantagens indevidas.
g) Ser assíduo.
h) Manter o local de trabalho em perfeitas condições.
i) Abster-se de realizar sua função ou usar sua autoridade com finalidade estranha ao interesse público.
O código de ética do servidor público se faz evidente no momento da prestação do serviço 
demandado pela comunidade. Como é de conhecimento de todos, o código expressa a moralidade 
com que o servidor deve atuar. Conforme o art. IV, o referido código menciona que a remuneração dos 
81
ÉTICA NOTARIAL
servidores tem origem no pagamento dos impostos do cidadão, inclusive do próprio servidor público. 
No art. V, fica patente que o trabalho desenvolvido pelo servidor público objetiva o bem-estar social.
 Saiba mais
Confira o decreto na íntegra em:
BRASIL. Decreto n. 1.171, de 22 de junho de 1994. Brasília, 1994a. 
Disponível em: https://bit.ly/2zr3eoF. Acesso em: 3 nov. 2022.
8.1 Código de ética profissional e código de ética empresarial
O principal objetivo de um código de ética profissional é estabelecer padrões de conduta e de 
procedimentos, de modo a zelar pela segurança dos usuários e dos profissionais.
Várias profissões que são representadas por seus respectivos conselhos têm, nesses órgãos, seus 
respectivos códigos de ética estabelecidos. A título de exemplo podemos observar o Conselho Federal de 
Medicina (CFM), que tem como uma de suas finalidades estipular o código de ética da profissão, com vistas 
a estabelecer os princípios ético-morais que devem reger a atividade profissional. Os trabalhadores que 
não respeitarem as normas e os procedimentos estabelecidos para a área poderão responder a eventuais 
punições disciplinares, uma vez que a sociedade deve ser resguardada de abusos e de desrespeitos.
Assim, esses conselhos têm ainda o papel de proteger a sociedade de arbitrariedades, por meio da 
fiscalização e do controle do cumprimento do código de ética da profissão.
Portanto, todos devem estar atentos às regras específicas de cada profissão, uma vez que para o 
desenvolvimento de atividades profissionais é fundamental cumprir com os princípios éticos e com 
os valores morais da área, assim como com os princípios éticos universais, como a responsabilidade, a 
honestidade e a competência.
O código de ética empresarial, em princípio, é elaborado pela área de recursos humanos ou gestão 
de talentos da organização, a partir da criação de um comitê de ética, que será responsável por reunir as 
regras que serão consolidadas e que servirão de base para a conduta dos funcionários. Para isso, a área 
de recursos humanos deverá enviar uma cópia desse documento para todos os funcionários, para que 
estes possam utilizá-lo no dia a dia de trabalho. 
Não devemos pensar no código de ética empresarial como um instrumento punitivo, criado apenas 
para controlar os funcionários e exigir disciplina. Precisamos ponderar que fica mais fácil executar 
um trabalho com qualidade e competência quando se conhecem as regras e as normas da empresa e 
quando se sabe o que os líderes esperam de você.
82
Unidade II
Assim, cria-se na organização um padrão comum, que visa ajustar os interesses e que zela pela 
harmonia e o bem geral, requisitos importantes para o bom funcionamento de toda a empresa, 
independentemente de seu porte. Diretrizes claras e bem estabelecidas corroboram o entendimento 
comum e proporcionam oportunidade de desenvolvimento de todos.
8.2 Funções e deveres do notário
Os negócios ou os atos jurídicos são concebidos em conformidade com as regras do direito material. 
Desse modo, por meio da fé pública, esses negócios e esses atos adquirem forma e crédito legais e 
autênticos. De modo análogo, por meio da fé pública dos notários, também é legítimo afiançar a precisão 
às declarações, aos relatos e aos fatos que não exijam manifestações de vontade, assim como certificar 
fatos, independentemente de sua caracterização como negócio jurídico.
Da mesma maneira, por meio da fé pública dos notários, é possível assegurar garantia de exatidão 
aos fatos, aos relatos ou às declarações que não comportem manifestações de vontade, reconhecendo 
acontecimentos evidentes mesmo sem caracterizar negócio jurídico.
Segundo Queiroz (2011),
 
em qualquer caso, tanto para dar forma adequada ao negócio jurídico 
quanto para consignar fatos em um documento dotado de fé pública, se fez 
imprescindível dispor de um sistema normativo que regulasse as solenidades 
e asverificações. Surge, então, o direito notarial. O direito notarial é definido 
como o conjunto de regras e princípios que normatizam as atividades 
notariais e de registro. Foi institucionalizado para contribuir com o direito 
privado, figurando hoje como uma das mais úteis instituições jurídicas e da 
vida econômica da maioria dos países.
São particularmente as funções do notário no Brasil:
•	 comprovar a realidade dos fatos;
•	 legitimar o negócio jurídico.
Ainda conforme Queiroz (2011),
 
em face da extensão do tema, optou-se, neste estudo, pela investigação 
acerca da ética do notário no desempenho de suas funções. No entanto, 
para desvendar o objeto a ser investigado, inicia-se a pesquisa identificando 
e analisando os elementos caracterizadores da ética profissional, e, por 
fim, trata-se, especificamente, da ética no exercício profissional das 
funções notariais.
83
ÉTICA NOTARIAL
O notário, em sua atuação, deve ser leal em relação aos seus colegas e aos seus clientes. Esse 
profissional precisa ser responsável por seus atos, praticados nas diversas relações: com as partes, com 
o Estado e com os pares.
Devido ao vínculo que os notários mantêm com o Estado, eles devem acatar os preceitos éticos em 
geral que respaldam as atribuições e as atividades da Administração Pública.
Conforme o site 26º Tabelionato de Notas (Princípios de Deontologia Notarial, 2005), a ética do 
notário no desempenho de suas funções impõe a obediência a alguns princípios chamados de “princípios 
de deontologia notarial”, com base na Reunião do Conselho Permanente da União Internacional do 
Notariado (UINL), que se realizou em janeiro de 2005, na cidade de San José da Costa Rica (Costa 
Rica). Vejamos.
 
1 – PREPARAÇÃO PROFISSIONAL
1.1 – O notário deve exercer sua atividade profissional com competência e 
preparação adequada, com ênfase nas funções essenciais de aconselhamento, 
de interpretação e de aplicação da lei, adquirindo conhecimentos específicos 
nas matérias que interessam ao Notariado, levando em consideração as 
indicações de seus órgãos profissionais.
1.2 – O notário deve cuidar particularmente de estar sempre atualizado em 
sua preparação profissional, aplicando-se pessoalmente e participando das 
iniciativas de seus órgãos profissionais.
2 – FUNÇÃO NOTARIAL
2.1 – O notário deve preparar na circunscrição territorial onde está 
autorizado a exercer sua delegação uma estrutura capaz de assegurar, 
graças à utilização de tecnologias adequadas, um funcionamento regular e 
eficiente de seu Tabelionato.
2.2 – O notário deve exercer a delegação em seu Tabelionato de modo a 
garantir uma disponibilidade efetiva do serviço, assegurando sua presença 
pessoal e respeitando os horários conforme as exigências de seus usuários.
3 – RELAÇÕES COM OS COLEGAS E OS ÓRGÃOS PROFISSIONAIS
3.1 – O notário deve agir de acordo com seus colegas, respeitando os 
princípios de correção, de colaboração e de solidariedade, com intercâmbio 
mútuo de ajuda, de serviços e de conselhos.
84
Unidade II
3.2 – O notário não deve referir-se à reputação da profissão ou de um colega 
no sentido de denegrir sua autoridade, seu conhecimento ou os serviços de 
um outro notário.
3.3 – O notário deve, na medida de suas possibilidades, participar do 
desenvolvimento de sua profissão trocando conhecimentos e experiências 
com seus colegas e, se for o caso, com os estudantes, colaborando com 
programas de formação profissional.
3.4 – O notário deve emprestar sua melhor colaboração aos seus órgãos 
profissionais, para permitir que eles exerçam de maneira mais eficiente suas 
funções; deve também estar disposto a participar da vida da profissão e 
aceitar os encargos que lhe sejam solicitados.
3.5 – O notário membro de um órgão profissional deve executar suas funções 
com disponibilidade e objetividade, cooperando no exercício contínuo e 
efetivo do mandato e deveres outorgados, bem como promovendo o espírito 
de união entre os notários.
4 – CONCORRÊNCIA
4.1 – A aceitação do encargo profissional implica para o notário a obrigação 
de comportar-se corretamente, respeitando a livre escolha das partes, assim 
como uma concorrência leal entre os notários.
4.2 – O notário deve abster-se de procurar clientes a não ser por sua própria 
capacidade profissional, não podendo recorrer à redução de emolumentos, 
nem aos serviços de intermediários de clientela, nem a outros instrumentos 
não conformes à dignidade e ao prestígio da profissão.
5 – PUBLICIDADE
5.1 – É proibida toda publicidade individual do notário, visando suas 
qualidades pessoais ou a atividade que ele exerce, bem como todas as 
outras formas de publicidade indireta que, por seus objetivos, produzam 
efeitos análogos.
5.2 – Estão autorizadas as formas de publicidade coletiva, estritamente 
de informação, realizadas por iniciativa dos órgãos profissionais ou 
regulamentadas por eles, dentro do respeito de igualdade de tratamento 
entre todos os notários.
85
ÉTICA NOTARIAL
6 – ESCOLHA DO NOTÁRIO
6.1 – A escolha do notário é deixada à livre decisão dos interessados, salvo 
nos casos previstos por leis ou regulamentos.
6.2 – A par do dever de imparcialidade, o notário deve abster-se de todo 
comportamento que, mesmo indiretamente, possa influir sobre a livre 
escolha dos interessados quanto ao notário a indicar.
7 – CARÁTER PESSOAL DA INTERVENÇÃO NOTARIAL
7.1 – A prestação profissional do notário é caracterizada por uma relação de 
confiança e pessoal com os clientes. O notário pode servir-se de auxiliares 
e colaboradores, com a condição de que isto não afete em nada a natureza 
pessoal da prestação em seu conjunto.
7.2 – Em qualquer caso, o notário deve proceder à verificação da identidade 
pessoal das partes e de sua capacidade. Ele deve igualmente interpretar a 
expressão de sua vontade.
8 – SEGREDO PROFISSIONAL
8.1 – O notário está obrigado a respeitar o segredo profissional, tanto por 
ocasião de sua prestação profissional quanto em continuação. Também deve 
cuidar e agir de tal maneira que esta regra seja respeitada igualmente por 
seus colaboradores e empregados.
8.2 – O notário não está obrigado ao respeito do segredo profissional 
unicamente em razão do dever de colaboração com a autoridade 
pública, a qual esteja ligado em virtude de uma regra específica, ou 
para atender uma ordem da autoridade judiciária ou administrativa e, 
especialmente, da autoridade encarregada de cuidar da transparência 
das transações econômicas.
9 – IMPARCIALIDADE E INDEPENDÊNCIA
9.1 – O notário deve comportar-se com imparcialidade e independência no 
exercício de sua profissão, evitando toda influência de tipo pessoal sobre sua 
atividade e toda forma de discriminação em relação a seus clientes.
9.2 – Na prestação de seus serviços, o notário deve manter uma posição 
equilibrada entre os diferentes interesses das partes, e deve procurar uma 
solução tendo como único objetivo preservar a segurança comum das partes.
86
Unidade II
10 – DILIGÊNCIA E RESPONSABILIDADE
10.1 – No exercício de sua função, o notário deve agir de maneira adequada 
e construtiva, informando e aconselhando as partes sobre as consequências 
possíveis da prestação solicitada, sob todos os aspectos do procedimento 
jurídico habitual que lhe é confiado; escolhendo a forma jurídica mais de 
acordo com a vontade das partes, assegurando-se de sua legalidade e de 
sua pertinência; fornecendo às partes os esclarecimentos solicitados e 
necessários para lhes assegurar a conformidade com as decisões tomadas 
e a consciência do valor jurídico do ato.
10.2 – O notário deve poder responder da maneira adequada, mesmo 
recorrendo a certas formas de seguro, aos riscos que comporta o exercício de 
sua função.
Além disso, a lei brasileira regulamentou no art. 236 da Constituição Federal, que tange aos serviços 
notariais – a Lei dos Cartórios (art. 30 da Lei n. 8.935/1994 – BRASIL, 1994b).
De acordo com o art. 30, da Lei brasileira dos Notários e Registradores (Lei n. 8.935/1994 – BRASIL, 
1994b), são devereséticos dos notários e dos oficiais de registro:
 
a) Manter em ordem e em locais seguros todos os livros, papéis e documentos 
de sua serventia.
b) Atender as partes de forma eficiência, com urbanidade e presteza.
c) Atender com prioridade as solicitações judiciais o administrativas à defesa das 
pessoas jurídicas de direito público em juízo.
d) Manter arquivadas e acessíveis as leis, regulamentos, resoluções, 
provimentos, regimentos, ordens de serviço e quaisquer outros atos que 
digam respeito à sua atividade.
e) Agir de forma a dignificar a função exercida, tanto no âmbito profissional 
quanto privado.
f) Guardar sigilo sobre as informações de que tenham conhecimento devido 
ao exercício profissional.
g) Afixar as tabelas vigentes de emolumentos em local de acesso ao público, 
visível e de fácil leitura.
h) Observar rigorosamente e com isonomia os emolumentos fixados para a 
prática dos atos do seu ofício bem como fornecer recibo dos valores recebidos.
87
ÉTICA NOTARIAL
i) Cumprir rigorosamente os prazos legais fixados para a prática dos atos 
notariais;
j) Fiscalizar o recolhimento dos impostos incidentes sobre os atos que 
devem praticar.
k) Facilitar o acesso à documentação existente às pessoas legalmente 
habilitadas.
l) Encaminhar ao juízo competente as dúvidas levantadas pelos interessados 
e observar as normas técnicas por ele estabelecidas.
8.3 Código de Ética e Disciplina Notarial
O 26º Tabelionato de Notas (26º TABELIONATO DE NOTAS, 2015) apresenta o Código de Ética e 
Disciplina Notarial, conforme reproduzido a seguir.
COLÉGIO NOTARIAL DO BRASIL – CONSELHO FEDERAL CÓDIGO DE ÉTICA E 
DISCIPLINA NOTARIAL
CAPÍTULO I
Art. 1º O Código de Ética e Disciplina Notarial fica aprovado como parte integrante do 
estatuto do Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal, tendo como fontes primárias o 
próprio estatuto da entidade e os princípios básicos do notariado aprovados pela União 
Internacional do Notariado (UINL).
1º As decisões que forem adotadas nos procedimentos levados ao conhecimento do 
Conselho de Ética constituir-se-ão em fontes secundárias na aplicação deste código.
§ 2º Os textos acima referidos deverão estar à disposição para consulta na página web da 
entidade, com omissão da identificação das pessoas envolvidas nos procedimentos julgados.
Art. 2º O procedimento do notário deve levar em consideração os seguintes aspectos, 
dentre outros que possam dignificar a função:
I – observância da legislação aplicável à atividade;
II – imparcialidade e independência no exercício de sua profissão;
III – conduta pessoal e profissional compatível com os princípios de moral e bons 
costumes, de forma a dignificar a função exercida;
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Unidade II
IV – respeito de tratamento entre os colegas, agindo com correção e espírito de 
solidariedade;
V – respeito pelo usuário do serviço, mantendo estrutura material e pessoal capaz de 
assegurar um atendimento regular e eficiente, com atendimento pessoal, quando requerido;
VI – respeito pela livre escolha das partes, abstendo-se de todo comportamento que 
possa influir sobre a decisão dos interessados quanto ao notário escolhido;
VII – participação no desenvolvimento da profissão, atuando com conhecimento e 
experiência junto às entidades de classe, aceitando os encargos que lhe sejam solicitados;
VIII – observância das decisões coletivas tomadas pelo Colégio Notarial do Brasil – 
Conselho Federal e suas Seccionais Estaduais, ainda que não associado;
IX – atualização de sua preparação profissional, aplicando-se pessoalmente e participando 
ativamente das iniciativas patrocinadas pelos seus órgãos profissionais;
X – aquisição e manutenção de instrumentos materiais e intelectuais adequados ao 
exercício da atividade.
CAPÍTULO II
DEVERES DOS NOTÁRIOS
Art. 3º São deveres dos notários, além daqueles impostos pela legislação e regulamentos 
pertinentes à atividade:
I – instalar seu tabelionato dentro da circunscrição territorial que lhe for atribuída pela 
delegação recebida;
II – oferecer a seus colaboradores e aos usuários de seus serviços instalações adequadas 
à dignidade da função;
III – atender as partes com atenção, urbanidade, imparcialidade, eficiência, presteza 
e respeito;
IV – manter uma posição equilibrada entre os diferentes interesses das partes, procurando 
uma solução que tenha como único objetivo observar a legalidade e preservar a segurança 
jurídica do usuário de seus serviços;
V – informar as partes, de forma clara, inequívoca e objetiva, quanto à importância da 
lavratura do ato notarial necessário, bem como das consequências que poderão advir da não 
realização do mesmo;
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ÉTICA NOTARIAL
VI – esclarecer as partes sobre os valores dos tributos e dos emolumentos devidos sobre 
o ato notarial sugerido;
VII – aplicar todo o zelo, diligência e recursos de seu saber na redação dos atos notariais, 
usando linguagem clara e apropriada;
VIII – observar rigorosamente os emolumentos fixados para a prática dos atos notariais, 
dando recibo dos respectivos valores;
IX – manter tabela atualizada de emolumentos em lugar visível e de fácil acesso para o 
usuário, informando o endereço do Colégio Notarial para receber denúncias, reclamações 
ou sugestões;
X – facilitar o acesso das partes ao contato pessoal com o responsável pelo serviço 
notarial, oferecendo solução adequada às reclamações que cheguem a seu conhecimento;
XI – respeitar o segredo profissional, guardando sigilo sobre documentos e assuntos de 
natureza reservada de que tenham conhecimento em razão do exercício da profissão;
XII – cuidar e agir de tal maneira que seus colaboradores e empregados respeitem os 
princípios, deveres e proibições estabelecidos por este Código de Ética;
XIII – prestar informações que lhes forem solicitadas pelo Colégio Notarial do Brasil, 
inclusive as relacionadas à Central Notarial de Serviços Eletrônicos Compartilhados – CENSEC.
CAPÍTULO III
PROIBIÇÕES
Art. 4º É defeso ao tabelião, dentre outras situações previstas na legislação notarial:
I – praticar ato fora do limite territorial de sua delegação;
II – cobrar em excesso, oferecer descontos, reduções ou isenções dos emolumentos, 
salvo em decorrência de convênios institucionais;
III – oferecer vantagem a pessoas alheias à atividade notarial com o objetivo de 
angariar serviço;
IV – oferecer ou receber qualquer valor não previsto na legislação, exceto a contraprestação 
ou reembolso por serviços necessários ao preparo e ao aperfeiçoamento do ato notarial;
V – receber qualquer valor oriundo de delegações anteriores;
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Unidade II
VI – dedicar-se a atividades incompatíveis com o exercício da função, por si ou por 
interposta pessoa;
VII – promover publicidade individual, exceto a divulgação e esclarecimento dos serviços 
em índices de busca, em correspondência e a presença em meio eletrônico, observado o 
caráter institucional da informação;
VIII – angariar serviços para si ou para terceiros, direta ou indiretamente, a não ser por 
sua própria capacidade profissional;
IX – assediar ou contratar colaborador ou ex-colaborador de colega da mesma, com o 
objetivo de angariar serviço;
X – exercer crítica pública com relação à pessoa ou aos serviços concorrentes, 
comprometendo a dignidade da profissão e dos órgãos de classe que os congregam.
CAPÍTULO IV
SANÇÕES DISCIPLINARES
Art. 5º As sanções disciplinares consistem em:
I – censura;
II – multa;
III – suspensão;
IV – exclusão do quadro de associados.
Art. 6º A censura é aplicável no caso de infração primária às regras previstas no 
Código de Ética.
Art. 7º A multa é aplicável no caso de:
I – reincidência;
II – nova infração;
III – infração primária que represente prejuízo relevante para as partes, para os colegas 
ou para a instituição notarial.
91
ÉTICA NOTARIAL
§ 1º A multa será de valor equivalente entre um e dez salários-mínimos, pelo piso nacional 
vigente, e o resultado arrecadado será destinado a ações que visem – preferencialmente – 
ao aprimoramento ético daatividade notarial.
§ 2º A multa poderá ser aplicada cumulativamente com outra penalidade.
§ 3º Quando a multa não for satisfeita no prazo, poderá ser imposta sanção mais severa, 
a critério da comissão.
Art. 8º A suspensão é aplicável no caso de reincidência reiterada em infração disciplinar.
§ 1º A suspensão será aplicada pelo prazo mínimo de 30 e máximo de 120 dias, conforme 
o grau da infração.
§ 2º O infrator suspenso não poderá exercer seus direitos associativos durante o prazo 
que perdurar a suspensão, exceto participar das reuniões, sem direito a voto e voz.
Art. 9º A exclusão é aplicável quando esgotada a aplicação das penas anteriores, 
observado o histórico de infrações.
Art. 10. No caso de infração ao estatuto ou às decisões da assembleia e da diretoria 
serão observadas as disposições dos artigos 39 e seguintes do Estatuto do Colégio Notarial 
do Brasil – Conselho Federal.
CAPÍTULO V
CONSELHO DE ÉTICA
Art. 11. O conselho de ética será composto por 5 membros, asseguradas duas vagas para 
membros com até 10 anos na função e três vagas para membros com mais de 10 anos, todos 
com titularidade efetiva na atividade notarial.
Art. 12. Compete ao Conselho de Ética julgar os procedimentos por infração disciplinar, 
conforme seu regulamento interno e obedecidas as normas deste Código.
CAPÍTULO VI
PROCEDIMENTO ÉTICO-DISCIPLINAR
Art. 13. Assegura-se o contraditório e o amplo direito de defesa.
Art. 14. O procedimento por infração disciplinar será instaurado pelo Presidente do 
Conselho Federal ou das respectivas Seccionais do Colégio Notarial do Brasil, mediante 
representação de qualquer pessoa, associada ou não.
92
Unidade II
Art. 15. A representação deverá ser encaminhada ao Presidente, por escrito, mencionando 
a natureza da infração cometida, as respectivas provas e identificação do infrator e do 
denunciante.
Parágrafo Único: Havendo indícios suficientes da prática de infração às normas 
disciplinares, poderá ser instaurado o procedimento disciplinar mediante denúncia anônima.
Art. 16. Instaurado o procedimento disciplinar, tratando-se de infração imputável ao 
associado, serão anotadas na ficha respectiva as informações necessárias para a identificação 
do fato, conforme dispuser o Regulamento Interno.
Parágrafo Único: Na hipótese de o denunciado não ser associado ao Colégio Notarial do 
Brasil a denúncia será encaminhada ao órgão correcional competente.
Art. 17. O procedimento será distribuído a membro do Conselho de Ética, na qualidade 
de relator, que verificará a presença dos requisitos para conhecimento da denúncia.
§ 1º Conhecida a denúncia, o relator dará ciência ao denunciado para que apresente 
defesa no prazo de 15 (dez) dias.
§ 2º Não conhecendo da denúncia, o relator convocará os demais membros do Conselho 
de Ética para que seja adotada decisão coletiva a respeito do caso.
Art. 18. Vencido o prazo para apresentação da defesa e produzidas eventuais provas o 
relator elaborará seu parecer e voto, submetendo-o ao Conselho de Ética para decisão coletiva.
Art. 19. Se a natureza da infração o recomendar, o Conselho de Ética poderá sugerir à 
Diretoria o encaminhamento de denúncia à autoridade competente.
Parágrafo único. O encaminhamento será obrigatório quando o autor da infração não 
for associado ao Conselho Federal ou alguma das Seccionais do Colégio Notarial do Brasil.
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 20. – Este Código entra em vigor nesta data.
Balneário Camboriú – SC, 10 de julho de 2015.
Ubiratan Pereira Guimarães
Presidente do Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal
93
ÉTICA NOTARIAL
 Resumo
Na unidade II, abordamos itens que podem auxiliar o estudante desta 
disciplina na compreensão dos aspectos práticos relativos à ética, à moral e 
ao direito, bem como de regras e preceitos, sempre respeitando a autonomia 
e a dignidade humanas garantidas pela Constituição Federal de 1988.
Tivemos a oportunidade de estudar questões pertinentes à ética pública 
e à ética profissional, bem como os deveres do servidor e, em especial, o 
código de ética e disciplina notarial em seus capítulos constituintes, para 
delimitar nosso campo de ação e fazer notório o saber dessa área tão 
importante para você, estudante.
Esperamos que essa etapa tenha sido desenvolvida com êxito e com 
sólida fundamentação a partir dos conteúdos abordados e estudados. 
Estimamos sucesso nas próximas etapas de sua formação.
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Unidade II
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir. 
O homem é um ser-no-mundo, que só realiza sua existência no encontro com outros homens. Essa 
coexistência, naturalmente, é regida por regras, que indicam os limites em relação aos quais podemos 
medir as nossas possibilidades e as limitações a que devemos nos submeter. São os códigos culturais que 
nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem.
Diante dos dilemas da vida, temos a tendência de conduzir nossas ações de forma quase que 
instintiva, automática, fazendo uso de alguma “fórmula” ou “receita” presente em nosso meio social, 
de normas que julgamos mais adequadas a serem cumpridas, por terem sido aceitas intimamente e 
reconhecidas como válidas e obrigatórias. Fazemos uso de normas, praticamos determinados atos e, muitas 
vezes, nos servimos de determinados argumentos para tomar decisões, justificar nossas ações e nos 
sentirmos dentro da normalidade.
As normas de que estamos falando têm relação como o que chamamos de valores morais. São 
os meios pelos quais os valores morais de um grupo social são manifestos e acabam adquirindo um 
caráter normativo e obrigatório. A palavra moral tem sua origem no latim mos/mores, que significa 
“costumes”, no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. Note que a expressão 
“bons costumes” é usada como sendo sinônimo de moral ou moralidade.
A moral pode, então, ser entendida como o conjunto das práticas cristalizadas pelos costumes e 
convenções histórico-sociais. Cada sociedade tem sido caracterizada por seus conjuntos de normas, 
valores e regras. Muitas vezes, essas práticas são até mesmo incompatíveis com os avanços e o 
conhecimento das ciências naturais e sociais.
A moral tem um forte caráter sociale está apoiada na tríade cultura, história e natureza humana. 
É algo adquirido como herança e preservado pela comunidade, mas que está em constante evolução.
Adaptado de: https://bit.ly/3FEQcqz. Acesso em: 3 nov. 2022.
Com base no texto e nos seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.
A) A moral é um elemento da cultura de um povo e, portanto, não deve ser questionada utilizando-se 
os preceitos da ética.
B) A filosofia moral é constituída de regras fixas e imutáveis, pois está atrelada aos hábitos sociais e 
aos costumes considerados éticos pela sociedade.
C) Na atualidade, a moral é uma pauta conservadora, pois, nas sociedades contemporâneas, não há 
demandas éticas rígidas.
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ÉTICA NOTARIAL
D) A moral questiona o sentido da moralidade humana em geral, enquanto a ética é a adaptação às 
regras exteriores da convivência social, por conveniência ou por receio de repreensões sociais.
E) A filosofia moral, mesmo sendo constituída de preceitos concretos, que orientam o comportamento 
humano e lhe dão forma, pode mudar conforme se altera o material histórico.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das afirmativas
A e D) Alternativas incorretas.
Justificativa: a moral é a adaptação às regras exteriores da convivência social, por conveniência ou por 
receio de repreensões sociais, que vigora em diferentes culturas e contextos históricos. A ética, por sua 
vez, é o ramo da filosofia que questiona o sentido da moralidade humana em todos os seus aspectos, ou 
seja, investiga os princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a moral está em constante mudança, pois os hábitos sociais são renovados periodicamente 
e de acordo com o local em que são observados. Portanto, a moral faz-se de acordo com a culturade 
um local em um determinado espaço de tempo.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a discussão sobre ética permanece relevante na atualidade. Vários temas importantes, 
como a bioética, a eutanásia, o racismo e a corrupção são amplamente discutidos no âmbito da ética. 
Muitas dessas discussões contrapõem o que entendemos, hoje, por “moral conservadora”.
E) Alternativa correta.
Justificativa: de acordo com o texto, “a moral tem um forte caráter social e está apoiada na tríade 
cultura, história e natureza humana. É algo adquirido como herança e preservado pela comunidade, mas 
que está em constante evolução”.
96
Unidade II
Questão 2. Leia o texto a seguir.
Ética de princípios
Rubem Alves
As duas éticas: a ética que brota da contemplação das estrelas perfeitas, imutáveis e mortas, a que os 
filósofos dão o nome de ética de princípios, e a ética que brota da contemplação dos jardins imperfeitos 
e mutáveis, mas vivos – a que os filósofos dão o nome de ética contextual.
Os jardineiros não olham para as estrelas. Eles nada sabem sobre as estrelas que alguns dizem já ter 
visto por revelação dos deuses. Como os homens comuns não veem essas estrelas, eles têm de acreditar 
na palavra dos que dizem já as ter visto longe, muito longe...
Os jardineiros só acreditam no que os seus olhos veem. Pensam a partir da experiência: pegam a 
terra com as mãos e a cheiram...
Vou aplicar a metáfora a uma situação concreta. A mulher está com câncer em estado avançado. 
É certo que ela morrerá. Ela suspeita disso e tem medo.
O médico vai visitá-la. Olhando, do fundo do seu medo, no fundo dos olhos do médico ela pergunta: 
“Doutor, será que eu escapo desta?”.
Está configurada uma situação ética. Que é que o médico vai dizer?
Se o médico for um adepto da ética estelar de princípios, a resposta será simples. Ele não terá que 
decidir ou escolher. O princípio é claro: dizer a verdade sempre. A enferma perguntou. A resposta terá 
de ser a verdade. E ele, então, responderá: “Não, a senhora não escapará desta. A senhora vai morrer...” 
Respondeu segundo um princípio invariável para todas as situações.
A lealdade a um princípio o livra de um pensamento perturbador: o que a verdade irá fazer com 
o corpo e a alma daquela mulher? O princípio, sendo absoluto, não leva em consideração o potencial 
destruidor da verdade.
Mas, se for um jardineiro, ele não se lembrará de nenhum princípio. Ele só pensará nos olhos 
suplicantes daquela mulher. Pensará que a sua palavra terá que produzir a bondade. E ele se perguntará: 
“Que palavra eu posso dizer que, não sendo um engano – ‘A senhora breve estará curada...’ –, cuidará da 
mulher como se a palavra fosse um colo que acolhe uma criança?” E ele dirá:
“Você me faz essa pergunta porque você está com medo de morrer. Também tenho medo de morrer...” 
Aí, então, os dois conversarão longamente – como se estivessem de mãos dadas... – sobre a morte que 
os dois haverão de enfrentar. Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade está subordinada à bondade.
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ÉTICA NOTARIAL
Pela ética de princípios, o uso da camisinha, a pesquisa das células-tronco, o aborto de fetos sem 
cérebro, o divórcio, a eutanásia são questões resolvidas que não requerem decisões: os princípios 
universais os proíbem.
Mas a ética contextual nos obriga a fazer perguntas sobre o bem ou o mal que uma ação irá criar. 
O uso da camisinha contribui para diminuir a incidência da Aids? As pesquisas com células-tronco 
contribuem para trazer a cura para uma infinidade de doenças? O aborto de um feto sem cérebro 
contribuirá para diminuir a dor de uma mulher? A eutanásia pode ser o único caminho para libertar uma 
pessoa da dor que não a deixará?
Duas éticas. A única pergunta a se fazer é: “Qual delas está mais a serviço do amor?”.
Disponível em: https://bit.ly/3h8uLnM. Acesso em: 3 nov. 2022.
Com base na leitura, avalie as afirmativas.
I – A ética de princípios julga a ação com base naquilo que está antes, o princípio, a norma – não 
matar, não mentir, observar os pactos estabelecidos –, independentemente da situação vivenciada. 
A ética contextual, por sua vez, julga a ação com base naquilo que vem depois, isto é, com base nos 
efeitos da ação.
II – O apóstolo Paulo defende a ética contextual quando afirma que, em algumas situações, a mentira 
ou a omissão podem ser toleradas se visam evitar situações que não são benéficas ao indivíduo.
III – Segundo o autor, a ética de princípios deve ser abolida, pois vai contra o bem-estar da população.
IV – Por “estrelas perfeitas, imutáveis e mortas”, entendem-se os valores dos nossos antepassados, 
que são diferentes dos nossos e que justificam a adoção da ética de princípios por eles.
É correto o que se afirma em:
A) III e IV, apenas.
B) I e II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) I e IV, apenas.
E) I, II, III e IV.
Resposta correta: alternativa B.
98
Unidade II
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: o autor contrapõe a ética de princípios, que pressupõe valores universais que devem ser 
seguidos independentemente da situação, à ética contextual, que objetiva o bem-estar dos indivíduos.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: como sugeriu o apóstolo Paulo, “a verdade está subordinada à bondade”.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o autor não propõe a abolição da ética de princípios em nenhum momento, mas convida 
o leitor a refletir sobre o objetivo de suas ações em relação ao bem-estar do próximo, independentemente 
dessas ações serem corretas por princípio.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: as “estrelas perfeitas, imutáveis e mortas” são os preceitos éticos que não podem ser 
alterados sob nenhuma hipótese, segundo a ética de princípios.
99
REFERÊNCIAS
Audiovisuais
SANTO Agostinho. Direção: Roberto Rossellini. Itália. 1972. 121 min.
Textuais
26º TABELIONATO DE NOTAS. Princípios de deontologia notarial. San José da Costa Rica: 2005. 
Disponível em: https://bit.ly/3DyOYdV. Acesso em: 3 nov. 2022.
26º TABELIONATO DE NOTAS. Código de ética. Balneário Camboriú – SC: 2015. Disponível em: 
https://bit.ly/3U4WzIi. Acesso em: 15 out. 2022.
ADAMI, M. Dia de Santo Agostinho: por que ele é considerado um santo sem milagres? UOL Educação, 
28 ago. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3fnSO1v. Acesso em: 1º nov. 2022.
ADEODATO, J. M. Filosofia do direito: uma crítica à verdade na ética e na ciência: em contraposição à 
ontologia de Nicolai Hartmann. São Paulo: Saraiva, 2013.
A ÉTICA de Epicuro. Sentido Social. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3zyVYqa. Acesso em: 1º nov. 2022.
ALMEIDA, G. de. Ética e direito. São Paulo: Atlas, 2009.
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.
ARISTÓTELES. Tópicos: obras completas. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2007.
BERTHOLDI, J. Ética, direitos humanos e direitos de cidadania. Curitiba: Contentus, 2020.
BITTAR, E. B. Curso de ética jurídica. São Paulo: Saraiva, 2016.
BITTAR, E. C. B.; ALMEIDA, G. A. de. Curso de Filosofia do Direito. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
BRAGA JUNIOR, A. D. Fundamentos da ética. Curitiba: InterSaberes, 2016.
BRASIL. Decreto n. 1.171, de 22 de junho de 1994. Brasília, 1994a. Disponível em: https://bit.ly/2zr3eoF. 
Acesso em: 3 nov. 2022.
BRASIL. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Brasília, 1994b. Disponível em: https://bit.ly/2LivvBj. 
Acesso em: 3 nov. 2022.
100
CABRERA, J. A ética e suas negações. São Paulo: Rocco, 2014.
CAMPOS, M.; GREIK, M.; VALE, T. do. História da Ética. CienteFico. Ano II, v. I. Salvador, 2002.
CARVALHO, J. M. de. Ética cristã e filosofia clínica. São Paulo: Cesar Mendes Costa, 2015.
CHAUI, M. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2010.
CÍCERO. Clássicos Literários. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3DR6SKb. Acesso em: 1º nov. 2022.
CORDÓN, J. M. N.; MARTÍNEZ, T. C. História da Filosofia: dos pré-socráticos à filosofia contemporânea.

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