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O Pedagogo e suas Áreas de Atuação

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Prévia do material em texto

1
O PEDAGOGO 
E SUAS ÁREAS 
DE ATUAÇÃO
Prof. Esp. Ronald Álex Santos Reis
Profª. Me. Marilene Nunes 
2
O PEDAGOGO E SUAS 
ÁREAS DE ATUAÇÃO
PROF. ESP. RONALD ÁLEX SANTOS REIS 
PROFª. ME. MARILENE NUNES
3
 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Imperatriz da Penha Matos
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Bruna Luíza Mendes 
 Revisão técnica: Profª. Dra. Carolina Philippi
 
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Clarice Virgilio Gomes
 Prof. Esp. Guilherme Prado
 Lorena Oliveira Silva Portugal 
 
 Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Daniel Guadalupe Reis
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Eliza P. Campos 
 Victor Lucas dos Reis Lopes 
© 2022, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
R375p Reis, Ronald Álex Santos 
 O pedagogo e suas áreas de atuação / Ronald Álex Santos Reis, Marilene Gon-
çalves Nunes. – 1. ed. Ipatinga, MG: Editora Única, 2020. 
 137 p. il.
 Inclui referências. 
 
 ISBN: 978-65-990786-3-7
 1. Pedagogia – Áreas de Atuação. 2. Pedagogo. I. Reis, Ronald Álex Santos. II. Nu-
nes, Marilene Gonçalves. III. Título.
CDD: 371.422
CDU: 37.04
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
4
O PEDAGOGO E
SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2022
5
 Pedagogo (Centro Universitário do Leste 
de Minas Gerais, UNILESTE-MG) e Especialis-
ta em Inspeção Escolar e Docência no Ensino 
Superior (Faculdade Única de Ipatinga). Atua 
como professor do Curso de Pedagogia (EAD) 
da Faculdade Única e como pro-fessor da Edu-
cação Infantil e anos iniciais do Ensino Funda-
mental na rede pública.
RONALD ÁLEX SANTOS REIS
Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali-
ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/8755631115276029
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
6
 Pedagoga (Centro Universitário do Leste 
de Minas Gerais, UNILESTE-MG), Especialista 
em Gestão Estratégica de Recursos Humanos 
(Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, 
UNILESTE-MG) e Mestre em Administração com 
ênfase em Gestão do Conhe-cimento (Faculda-
des Integradas de Pedro Leopoldo, FIPEL). Pos-
sui mais de 20 anos de experiência nas áreas de 
docência (Educação Infantil e Ensino Superior), 
coordena-ção e supervisão pedagógica. Atua 
como Coordenadora e professora do Curso de 
Pedagogia (EAD) da Faculdade Única.
MARILENE NUNES
Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali-
ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/6882425111109059
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
7
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
8
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
SUMÁRIO
1.1 Introdução ............................................................................................................................................................................................................................................................................................11
1.2 De Onde vem a Pedagogia? ...................................................................................................................................................................................................................................................11
1.3 Fatos e Marcos da História da Pedagogia ....................................................................................................................................................................................................................15
1.4 As Concepções e Contribuições Epistemológicas da Pedagogia ..............................................................................................................................................................20
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................21
2.1 A natureza e os fundamentos da ética profissional .............................................................................................................................................................................................26
2.2 Comenius: O Pai da Pedagogia e da Didática Modernas ................................................................................................................................................................................26
2.3 Rousseau: O Pai da Pedagogia Contemporânea e suas Concepções Acerca da Educação ...................................................................................................29
2.4 Teóricos Tradicionais e Suas Concepções Pedagógicas ..................................................................................................................................................................................32
2.5 Destrinchando o Método Paulo Freire .........................................................................................................................................................................................................................40
FIXANDO O CONTEÚDO ...............................................................................................................................................................................................................................................................48
3.1 Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................................54
3.2 O Que São As DCN´S E Quais as Suas Funções? ..................................................................................................................................................................................................54
3.3 O Percurso Percorrido Durante a Construção das Diretrizes Curriculares Nacionais Nos Cursos de Pedagogia ....................................................56
3.4 Estado Atual dos Cursos de Pedagogia ......................................................................................................................................................................................................................583.4.1 Como se dá a organização dos cursos de Pedagogia? ............................................................................................................................................................................................59
 3.4.2 Quanto tempo dura o curso de Pedagogia? ...............................................................................................................................................................................................................59
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................62
PERCURSO HISTÓRICO DA PEDAGOGIA: IDENTIDADE EPISTEMOLÓGICA E PROFISSIONAL
OS GRANDES TEÓRICOS DA PEDAGOGIA: DOS TRADICIONAIS AOS CONTEMPORÂNEOS
DIRETRIZES QUE FUNDAMENTAM A PROFISSÃO DO PEDAGOGO
4.1 Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................................67
4.2 Características Essenciais do Bom Pedagogo: Um Começo de Conversa .........................................................................................................................................67
4.3 Desmistificando o Senso Comum: Pedagogo é Apenas Professor? ......................................................................................................................................................68
4.4 A Construção da Identidade Profissional dos Pedagogos: Competências e Habilidades ......................................................................................................69
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................74
A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA ATUAÇÃO PROFISSIONAL
5.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................79
5.2 Pedagogia: Ampliando o Olhar Sobre o Mercado de Trabalho ...................................................................................................................................................................79
5.3 A Atuação do Pedagogo em Espaços não Escolares .........................................................................................................................................................................................80
 5.3.1 Pedagogia Empresarial ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................80
 5.3.2 Pedagogia hospitalar .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................83
 5.3.3 Pedagogia prisional ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................85
 5.3.4 Pedagogia Social ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................89
 5.3.5 Educação Especial ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................91
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................94
ATUAÇÃO DO PEDAGOGO: ÁREAS, ATRIBUIÇÕES E PRINCÍPIOS ÉTICOS
6.1 Introdução ......................................................................................................................................................................................................................................................................................100
6.2 As Múltiplas Faces da Pedagogia ..................................................................................................................................................................................................................................100
6.3 A Relação Entre Teoria e a Prática Dentro da Pedagogia ..............................................................................................................................................................................101
6.4 A Face Política da Pedagogia ..........................................................................................................................................................................................................................................104
FIXANDO O CONTEÚDO...............................................................................................................................................................................................................................................................105
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO......................................................................................................................................................................................................................109
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................................................................................................................................................................110
A PEDAGOGIA COMO CAMPO INVESTIGATIVO TEÓRICO-PRÁTICO DA EDUCAÇÃO
UNIDADE 5
UNIDADE 6
9
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
I
C
V
R
O
UNIDADE 1
Nesta unidade, serão apresentadas informações acerca das origens da Pedagogia, 
que remontam ao século V, na Grécia antiga, que teve em Platão a primeira idealização 
de um Sistema Educacional, que tinha como premissa rejeitar a educação que se 
praticava na Grécia até então.
UNIDADE 2
A segunda unidade apresentará nomes e pensamentos de grandes teóricos da 
Pedagogia, desde os tradicionais até os contemporâneos, brasileiros e estrangeiros. 
Os pensamentos dessas figuras, consideradas como fundamentais no processo 
de construção do conceito de Pedagogia, serão abordados, bem como suas 
contribuições para a sociedade em diferentes épocas
UNIDADE 3
Na unidade três, serão analisadas as DCN´s (Diretrizes Curriculares Nacionais) dos 
cursos de Pedagogia no Brasil e os marcos que contribuíram para sua consolidação, 
levando-se em conta a sua importância para o processo de construção da identidade 
da Pedagogia e dos pedagogos, como profissionais.
UNIDADE4
Após a análise das Diretrizes Curriculares Nacionais, que regula-mentam as 
estruturas dos cursos de Pedagogia no Brasil, nesta unidade, serão destacadas as 
competências e habilidades exi-gidas dos profissionais que cursam e formam-se 
em Pedagogia, tendo em vista os estudos teórico-práticos, investigação e refle-xão 
crítica acerca de diferentes noções elementares que envol-vem as ações profissionais 
de um pedagogo.
UNIDADE 5
Na unidade cinco, serão demonstradas as áreas de atuação destinadas aos 
profissionais da Pedagogia e quais são as atribuições dos cargos em questão e os 
princípios éticos que norteiam cada uma das áreas de trabalho citadas.
UNIDADE 6
Será apresentada a origem da educação especial e dos fatores culturais e bilíngues no 
processo educacional. Expõe os pontos importantes para as metodologias a serem 
utilizadas nas escolas e os conceitos a serem trabalhados em âmbito educacional.
10
PERCURSO 
HISTÓRICO DA 
PEDAGOGIA: 
IDENTIDADE 
EPISTEMOLÓGICA E 
PROFISSIONAL
11
1.1 INTRODUÇÃO
1.2 DE ONDE VEM A PEDAGOGIA? 
 O Ministério da Educação (MEC) (2019) por meio do Censo da Educação Su-perior, 
apontou que o curso de Pedagogia é um dos dez cursos de graduação com mais alunos 
matriculados no Brasil. 
 Como aponta Libâneo (2001), a Pedagogia tem como principal funcionalida-
de a formação escolar de crianças, que engloba processos educativos diversifica-dos, 
métodos variados e maneiras distintas de ensinar. Contudo, antes de qualquer coisa, ela 
tem um significado bem mais abrangente, já que é um campo de conhe-cimentos que 
abarca a problemática educativa em sua totalidade e marcas históri-cas.
 Tais apontamentos evidenciam que a Pedagogia possui papel preponderante no 
que se refere às discussões acerca dos rumos da educação brasileira, porém, para melhor 
compreender as perspectivas que a Pedagogia infere sobre o campo edu-cacional, é 
necessário analisar sua trajetória histórica.
 Por isso, nesta unidade, o ponto de partida problematizador se dará por uma 
reflexão acerca das origens da Pedagogia, com suas singularidades e complexida-des 
sócio-históricas, principalmente para se dar maior visibilidade à construção da identidade 
profissional e epistemológica do pedagogo.
 Objetivos de aprendizagem
 Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes conhecimentos:
• Identificar e reconhecer os eventos que culminaram na origem da Pedagogia.
• Indicar os marcos e fatos históricos que contribuíram na construção da identi-dade 
dos pedagogos.
 Primeiramente, é necessário conhecer a base de construção vocabular da palavra 
Pedagogia, que advém do grego e, em sua etimologia, é derivada de dois radicais, que 
são Paidos, que, na língua grega antiga, significava “criança” e Agoge, que pode ser 
traduzido como “conduzir” ou “condução”. Assim, a origem da palavra Pedagogia tinha 
como significado “conduzir a criança”, isto é, ensiná-la e a ajudar em seu crescimento e 
desenvolvimento (ARAÚJO JR.; GASTAL, 2018).
 Esse processo de condução ao crescimento e desenvolvimento remonta ao 
período mais primitivo da história, a Pré-História, período em que não existia educa-ção 
formal (escolas), no qual os conhecimentos eram aprendidos pelas crianças por meio 
de seu ambiente físico e social, a partir de experiências empíricas, isto é, adqui-ridos por 
intermédio da observação e experiências cotidianas (ROSA; ZINGANO, 2013). 
 Para elucidar melhor como a evolução do homem influenciou sua capacida-
de de aprender, é essencial mencionar as suas diferentes fases, que englobam o de-
senvolvimento de seus ancestrais (hominídeos). Estas fases são:
• Australopithecus (de 5 milhões a 1 milhão de anos atrás): período em que o ho-mem 
era caçador, que lascava a pedra e construía abrigos.
• Pitecanthropus (de 2 milhões a 200 mil anos atrás): fase em que o cérebro do ho-mem 
era pouco desenvolvido, e ele vivia da colheita e da caça, alimentando-se de modo 
misto, já conhecendo o fogo, mas mergulhado em uma conjuntura de-marcada pelo 
medo e pela fragilidade.
12
 Neste período da história, conhecido como Paleolítico e permeado por fases 
distintas, apesar de passar por transmutações e evoluções, os indivíduos, como apon-
tado acima (Figura 1), ainda possuíam um cérebro limitadamente desenvolvido, mas já 
sobreviviam por meio da busca pela subsistência, procurando tudo o que era ne-cessário 
para sustentar a vida do grupo por via da caça, da pesca, da coleta de se-mentes, frutos e 
raízes, dentre outras atividades fundamentais para sua sobrevivência (ROSA; ZINGANO, 
2013).
 Os mesmos autores, contudo, apontam que mesmo com grandes progredi-
mentos, esses sujeitos ainda viviam imersos numa condição ínfima, devido ao co-
nhecimento limitado acerca do mundo que os cercava. Assim sendo, visualizando a 
necessidade de conservar e perpetuar sua existência, com o intuito de superar suas 
limitações intelectivas e físicas, os indivíduos pertencentes as tais épocas compreen-
deram o quão fundamental seria a educação das crianças e jovens, que, posterior-mente, 
• Homem de Neandertal (de 200 mil a 40 mil anos atrás): período em que o homem 
aperfeiçoou suas armas e fomentou um culto aos mortos, criando até um gosto es-
tético (perceptível nas artes rupestres), que transmitia o seu saber técnico, até en-tão, 
circunscrito.
• Homo sapiens: fase que já corresponde às características atuais, uma vez que o 
homem já constrói sua linguagem, engendra múltiplas técnicas e educa os seus 
“filhotes”. Além disso, vive da caça, possui “dotes artísticos” (arte naturalista e ani-
malista) e está impregnado de cultura mágica, englobada por diferentes rituais, 
cultos e crenças.
Hominídeos: os hominídeos foram os primeiros ancestrais do ser humano atual, tendo 
vivido na África do Sul e surgido há cerca de 2 milhões de anos.
Artes rupestres: representações artísticas pré-históricas, realizadas em paredes, tetos e 
outras superfícies de abrigos e cavernas rochosas.
GLOSSÁRIO
Figura 1: A evolução humana
Fonte: Evogenind (2010)
13
teriam como tarefa central proteger os grupos em que viviam. Dessa forma, coube aos 
chamados chefes de família/anciãos a atividade crucial de realizar a transmissão e o 
desenvolvimento da cultura vigente a esses indivíduos.
 Os filhos normalmente brincam com seus pais e estabelecem, desde sua in-
fância, vínculos mais estreitos com diferentes figuras e, por meio dessa relação, reali-
za-se um “treinamento” desses indivíduos, que aprendem diferentes conhecimentos 
a partir de interpretações empíricas. Isso também ocorreu, conforme aponta Nunes 
(2006), numa intensidade mais complexa com os homens primitivos. Por meio da imi-
tação e reprodução de movimentos e ações, eles se tornaram seres capazes de en-
sinarem diversos ofícios aos aprendentes, tais como: uso e funcionalidade das armas, a 
importância de se dominar a caça e a colheita, o uso da linguagem, o culto dos mortos, 
as técnicas de transformação e domínio do meio ambiente, entre outros ru-dimentos.
 Dessa forma, como apontado anteriormente, desde a antiguidade, a Peda-gogia, 
mesmo que de maneira informal e desprovida de base minimamente intelec-tualizada, 
foi tencionada com o intuito de educar os seres humanos, homens e mu-lheres, tornando-
os capazes de garantir a sobrevivência de suas espécies, constituí-das por sociedades 
dotadas de singularidades histórico-culturais.
 A partir dessa visão antropológica, durante os diversos percursos históricos ex-
perienciados, a Pedagogia passou por múltiplas mudanças estruturais, que concer-nem 
às doutrinas, ideologias e perspectivas políticas às quais foi associada. Tais mu-danças 
substanciais em sua forma, permitiram uma compreensão ampla acerca de sua evolução, 
dos processos de transmutação, das etapas, das acelerações, dos afrouxamentos, 
permitindo também constituir um balanço substancial e sobretudo mais compreensível 
da situação da educação atual. 
 As modificações ocorridas na estrutura da Pedagogia também permitiram e 
ainda permitem engendrar elementos de reflexãoe de elucidação considerados in-
dispensáveis para o entendimento da identidade epistemológica e profissional dos 
pedagogos (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
Tendo em vista essas limitações apresentadas pelos povos de tal época, como a transmis-
são e o desenvolvimento dessa cultura, de fato, ocorria no período da Pré-História?
VAMOS PENSAR?
Paleolítico: é um dos períodos em que se divide a Pré-história. É o primeiro dos perío-dos, 
abrangendo entre 2, 7 milhões de anos até 10.000 anos atrás.
Antropologia: ciência que estuda os costumes, crenças, hábitos e aspectos físicos dos 
diferentes povos, isto é, a diversidade cultural dos povos que habitaram e habitam o pla-
neta.
GLOSSÁRIO
14
 Assim como em sua etimologia, a Pedagogia tem na Grécia clássica o seu berço, 
uma vez que o filósofo grego Platão (428-347 a.C) foi o primeiro indivíduo a conceber um 
sistema educacional formalizado para seu tempo, integrando-o a uma dimensão política 
e social. O objetivo fundante da educação, segundo as ideias pla-tônicas, baseava-se na 
formação moral do homem, o que permitiria a todos viver em um Estado justo (VICENTE, 
2014).
 Como abordam Gonçalves e Donatoni (2007), Platão foi o segundo grande fi-lósofo 
pertencente à tríade dos grandes filósofos gregos, tendo sido discípulo de Só-crates (469-
399 a.C.) e precedido por Aristóteles (384-322 a.C). Foi um dos principais responsáveis por 
construir os alicerces da filosofia e da ciência no mundo ocidental. 
 Na mesma ótica apregoada por Sócrates, Platão rejeitava a educação que se 
praticava na Grécia até então, que era difundida pelos sofistas, que se constituíam de 
grupos de pensadores que, por meio da oratória, transmitiam conhecimentos téc-nicos 
para atraírem os estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes edu-cação. 
Tal educação sofística pautava-se na ideia de satisfazer os imediatismos dos indivíduos, 
de maneira pragmática e relativizada, para que as incertezas se tornas-sem mais 
enraizadas no inconsciente coletivo, favorecendo a desqualificação dos costumes e o 
enfraquecimento dos antigos valores (CASTRO, 2013). 
 Isto indica que as concepções defendidas pelos sofistas amparavam-se na ideia 
de uma educação “utilitária”, na qual as verdades eram relativizadas e os indi-víduos 
que fomentassem melhores discursos se sobressairiam sobre os demais, exclu-indo-se, 
assim, a formação do cidadão moral, deturpando princípios e degenerando pensamentos 
(SOUZA; MELO, 2012). 
 Os pensamentos sofistas eram amplamente refutados por Platão, que acredi-tava 
em uma educação totalmente distinta da propagada por tais sujeitos. Segundo Paviani 
(2008), Platão tinha como principal proposta educacional a formação moral dos homens, 
com o objetivo de garantir, assim, a virtude, os valores e a excelência humana. 
 A partir de tal visão de mundo, Platão produziu uma Filosofia educacional que 
ainda sustenta a Pedagogia atual, priorizando não a transmissão de conhecimentos, 
Então, pensando por meio dessa ótica, pautada pelas alterações estruturais e basila-res 
da Pedagogia, quando houve, de fato, a construção de uma filosofia educacional sólida 
e formalizada no que tange ao pensamento pedagógico, sua importância e contribuição 
para a sociedade em geral? 
VAMOS PENSAR?
Saiba mais sobre a vida e obra de Platão, filósofo e matemático do período clás-
sico da Grécia Antiga. Veja mais no link: https://bit.ly/3nuR4CK. Acesso em: 16 dez. 
2019.
BUSQUE POR MAIS
15
tão comum naquele período, mas, sim, levando os indivíduos a procurarem respostas, 
eles mesmos, para suas inúmeras inquietações. Dessa forma, negava todo e qualquer 
método de ensino considerado autoritário ou que coibia o pensamento livre, enfo-cando 
sua teoria educacional no aperfeiçoamento humano (PAVIANI, 2008). 
 Nesse ponto, Paviani (2008, p. 45) pontua que:
 Como dito anteriormente, tal modelo educacional designado por Platão, ain-da 
permeia a Pedagogia atualmente, fundamentando o pensamento do mundo ocidental, 
calcando-se nas verdades essenciais e em conceituações palatáveis acerca dos diferentes 
elementos que compõem os currículos escolares.
 O modelo Platônico, como apontado previamente, influenciou a Pedagogia, 
como Ciência da Educação, em diversos períodos da história e ainda a influencia na 
contemporaneidade.
 Com efeito, os progressos da humanidade conduziram a etapas de maior ou menor 
maturação dos processos pedagógicos, sendo ainda norteadas pelos ideais platônicos 
e por seus pensamentos pioneiros referentes à educação no mundo oci-dental. As 
concepções apresentadas por Platão e por outros teóricos posteriores ge-raram diversos 
debates pedagógicos que ainda permanecem intensos (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
 Como visto anteriormente, conforme apontam Gonçalves e Donatoni (2007), 
em determinado período, as ideias projetadas pelo modelo platônico eram predomi-
A visão pedagógica de Platão aproximava-se de sua fi-
losofia, dando ênfase à dialética e à busca incessante 
pelas verdades mais profundas, rejeitando os princípios 
relativistas dos sofistas e priorizando o espírito crítico 
dos indivíduos.
Etimologia: estudo que busca a origem e a evolução das palavras.
Sofistas: grupo de pensadores que utilizavam suas habilidades de oratória com o ob-jeti-
vo de defender argumentos ou ideias inconsistentes.
Oratória: arte de falar em público com facilidade, o mesmo que retórica.
Dialética: diálogo e/ou discurso entre pessoas que apresentam diferentes pontos de vista, 
mas buscam uma verdade essencial.
GLOSSÁRIO
1.3 FATOS E MARCOS DA HISTÓRIA DA PEDAGOGIA
A educação, do ponto de vista de seu funcionamento 
e do de-senvolvimento dos indivíduos, é uma das ati-
vidades comuns a to-das as sociedades humanas. Ela 
se renova constantemente pelo processo geracional e 
pela história das sociedades. Não existe verdade peda-
gógica, a não ser no conjunto dos princípios esco-lhidos 
por uma sociedade. Uma série de práticas ligadas à sua 
his-tória cumpre essa função (MORANDI, 2006, p. 22).
16
 Como afirmam Gonçalves e Donatoni (2007), o período foi extremamente im-
portante para a Pedagogia, pois deu-se início à intelectualidade fundamentada pela 
razão e a ideia de conhecimento como condição essencial para a felicidade e a virtude 
humanas. Além disso, enfatizou-se a possibilidade de educar leigos, pobres e outros 
grupos sociais até então excluídos. 
 No que se refere à cultura europeia, emergiu a educação Humanista, que tem 
como principal premissa valorizar o humano em detrimento do espiritual. Assim sendo, 
A Escolástica chega ao ápice com Santo Tomás de Aqui-
no (1221-1274), autor de uma poderosa síntese entre 
pensamento grego (Aristóteles, sobretudo, cujas obras 
começavam a estar disponíveis naqueles anos) e pen-
samento cristão que ainda hoje tem autori-dade para 
ser indicado como insuperável e atual para enfrentar os 
problemas diante dos quais a humanidade se encontra. 
Aqui, falaremos dela somente no que se refere à ética e, 
infelizmente, sem poder fazer justiça à sua complexida-
de.
nantes dentro da Pedagogia e assim se mantiveram até a Idade Média. Tendo em vista 
tal conjuntura, o cristianismo adotou Platão e seus ideários como base de sua filosofia 
oficial, enfatizando as concepções de perfeição e transcendência como revelações da 
verdade divina e absoluta, interligando, assim a filosofia e o ensino cristão. 
 Eis que surge a base da Filosofia Escolástica, que é um método ocidental de 
pensamento crítico e de aprendizagem, com origem nas esco-las monásticas cristãs, 
que entrelaça a fé cristã a um sistema de pensamen-to racional. A partir deste ponto, 
várias correntes filosóficas surgiram, calcadas em diferentes concepções educacionais. 
 Santo Agostinho (354 – 430), uma das principais figuras responsáveis por fundar 
as bases da Filosofia adotada pela Igreja Católica, priorizou em suas práticas a edu-
cação para os nobres e religiosos por meio da alfabetização, da retórica e da lógica, 
incorporando as ideias de Platão ao cristianismo, determinando asvirtudes e a sabe-
doria como elementos indispensáveis na formação do indivíduo (MELO, 2002, apud 
SOUZA; MELO, 2009).
 Segundo Gonçalves e Donatoni (2007), outras concepções educacionais e fi-
losóficas surgiram. São Tomás de Aquino (1214–1274, aproximadamente), também 
apontado com uma das maiores referências intelectuais da Igreja Católica, inaugu-rou o 
pensamento racionalista cristão, conhecido como Tomismo. 
 Conforme Demétrio (2004) apud Rodrigues et. al., (2019, p. 13):
Escolástica: metodologia originada nas escolas monásticas cristãs, baseada no pen-sa-
mento crítico e na aprendizagem, que entrelaça a fé cristã com um sistema de pensa-
mento racional.
Escola monástica: modelo escolar da Idade média, que tinham como propósito transmi-
tir o saber, os valores morais e os princípios da fé cristã para a sociedade. 
Tomismo: estrutura de ensino baseada nas doutrinas teológicas e filosóficas de São To-
más de Aquino.
GLOSSÁRIO
17
liberdade de ação, pensamento e expressão ganharam uma dimensão considerável 
entre nobres e burgueses ricos. Além disso, as crianças passaram a serem vistas como 
seres de natureza própria, e a escola, como local de aprendizado e expansão espiri-tual 
(GONÇALVES; DONATONI, 2007).
 Ainda, segundo os mesmos autores, outros movimentos então eclodiram. Entre 
eles, o protestantismo de Lutero (1483–1546), que influenciou a educação ao valorizar 
a alfabetização e o aprendizado de línguas como conhecimentos que deveriam ser 
acessíveis a todos, foi um dos movimentos que questionou a pedagogia disseminada 
pela Igreja Católica. 
 A partir de tal momento, a Pedagogia passou a ser vista como utilidade social. 
Logo, as ideias e práticas pedagógicas difundidas pelos protestantes começaram a 
circular nos meios escolares europeus a partir do século XVII, o que não ocorreu sem a 
reação da Igreja Católica, que, por meio do Concílio de Trento, ocorrido entre 1545 e 1563, 
buscou opor-se ao Protestantismo (ALMEIDA, 2017).
 Em seguida, como o autor supracitado aborda, como consequência da ex-pansão 
do Protestantismo, emergiu a Contrarreforma da Igreja Católica, conduzida por Inácio 
de Loyola e pelos jesuítas. Este movimento tinha como principal alicerce a liderança da 
presença católica na educação escolar da sociedade europeia, que seria a base dessa 
reação ao processo educacional protestante. Tal base educacio-nal pautava-se em um 
rígido modelo de ensino intelectual e físico.
 A partir dessas mudanças consideráveis, constituídas de diferentes modelos 
educacionais, como apontam Gonçalves e Donatoni (2007), no século XVII, religião 
e racionalismo, cultura e educação passaram a conviver de maneira minimamente 
harmoniosa. Seguindo essa linha de pensamento filosófica, René Descartes (1596–1650) 
se impôs na educação e o racionalista Comênio (1592–1670) revolucionou o ensino ao 
recusar a rigidez excessiva e os castigos corporais contra as crianças du-rante os processos 
de ensino.
 Após esse período, como expõem Teruya et. al., (2010), o pensador John Locke 
despontou como um representante do Liberalismo econômico, que visualizava a 
educação como uma base primordial para a formação do caráter de um indiví-duo, de 
cunho moralista. Tal educação era tratada por Locke como fator de extrema relevância 
social para o homem, uma vez que seria por meio de suas ações que seus negócios 
poderiam prosperar, isto é, por meio das suas virtudes que a sua vida social favoreceria o 
seu desenvolvimento.
 A partir das ideias apregoadas por Locke e contrapondo-o, como abordam 
Gonçalves e Donatoni (2007), surgiu o iluminista Rousseau (1712–1778), considerado o pai 
da Pedagogia contemporânea, que apontou para novas perspectivas de trans-formações 
na Pedagogia, apresentando uma ideia contrária à educação livresca, enfatizando os 
fatos e as experiências como fundamentais para a evolução da soci-edade.
 Além de Rousseau, novos pensamentos acerca da temática educação surgi-ram, 
ancorados nas ideias de figuras como Vico (1668–1744), Kant (1724–1804) e De-wey (1859– 
1952), que, juntamente com outros intelectuais expressivos, influenciaram a sociedade 
com marcos fundamentais para inovar as conceituações sobre educa-ção. Parte deles 
introduziu ideias pautadas pela educação iluminista, outros concen-traram suas obras e 
pensamentos no debate filosófico sobre a educação (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
 No século XVIII, conforme os mesmos autores apontam, diversos fenômenos 
18
econômico-sociais eclodiram na Europa e, consequentemente, transformaram a vi-da 
da sociedade europeia, inclusive no que se refere à educação.
 Diante de tal realidade, a contemporaneidade nasceu em 1789, por meio da 
Revolução Francesa, marco histórico que demarcou o desequilíbrio social, econômi-
co e político, que gerou uma série de distúrbios e transformações consideráveis na 
história da sociedade europeia. Tal período da Revolução Francesa, foi permeado pela 
industrialização, pela busca por direitos equânimes das massas, pela luta pela democracia 
e pelos movimentos sociais, que se rebelaram contra a elite, detentora da cultura, dos 
recursos econômicos e do poder político. 
 Como explica Silva (2011), as transformações vislumbradas pela Revolução Francesa 
englobavam a ideia de construir um sistema de ensino, criado para formar novos 
homens, isto é, os chamados futuros cidadãos. Esse sistema de ensino estrutu-rou-se 
nos princípios de liberdade, igualdade e na democracia. 
 Como expõem Gonçalves e Donatoni (2007), perante transformações tão 
efervescentes, a Pedagogia crescia como um ponto de equilíbrio entre a vida dos cidadãos 
e os processos de reestruturação e reconstrução da sociedade. Dentro dessa conjuntura, 
a Pedagogia tornou-se uma ciência que tinha como principal fun-cionalidade fomentar 
sistemas de ensino-aprendizagem que interligassem filosofia e ciência, numa dimensão 
mais ampla, não baseada apenas no empirismo, mas com uma visão epistemológica 
científica. Esse foi um período fundamental para a conso-lidação da Pedagogia como 
meio de organização e transformação social e cultural. 
A Revolução industrial e eventos consequentes (revo-
lução agrícola, acumulação de capital, invenção das 
máquinas, força-trabalho dos campos, crescimento de 
mercado mundial, processos de ur-banização) vêm mo-
dificar os modos de trabalho da sociedade moderna, as-
sim como a mentalidade e instituições como família e 
Igreja. Surgem outras classes — o proletariado; outro su-
jeito — o operário; e a consciência da questão social em 
torno das condi-ções de vida; têm início movimentos de 
massa operária organiza-da. Nesse contexto, o papel da 
sociedade emerge configurado pelo imaginário coletivo 
entre sociedade civil e Estado, criando a complexidade 
dialética entre a sociedade contemporânea e os vários e 
múltiplos processos educativos.
(GONÇALVES; DONATONI, 2007, p. 07).
Liberalismo econômico: ideologia pautada pela organização da economia em linhas in-
dividualistas, na qual as decisões econômicas são tomadas pelas empresas e indi-víduos, 
sem a intervenção do Estado.
Revolução Francesa: período de distúrbios políticos e sociais na França, que impacta-
-ram, de forma duradoura, a história do país e do continente europeu.
GLOSSÁRIO
19
 A dimensão pedagógica assumiu, então, a tarefa de formular e difundir uma 
pluralidade de ideias necessárias para o desenvolvimento da sociedade. Porém, pe-
dagogia e educação sempre foram marcadas por uma ideologia, em especial a marxista 
(Karl Marx), que se colocou como centro de reflexão teórica e histórica na área pedagógica. 
Sendo assim, a função ideológica da Pedagogia precisou ser vista de maneira mais 
crítica, não como um conjunto de conceitos de reprodução imedi-ata, mas, sim, como 
uma forma de realizar inovações e transformações socioculturais por meio de processos 
educativos diversificados (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
 Essa pluralidade de ideias dentro da Pedagogia remete aos pensamentos e 
conceituações apresentados por Nóvoa (1999), que questiona qualé a real identi-dade e 
pluralidade das ciências da educação nos cursos de Pedagogia e também na formação 
identitária dos próprios pedagogos.
 Conforme o que foi exposto, ao questionar qual é a identidade profissional 
do pedagogo e as implicações epistemológicas de seu trabalho, várias respostas são 
geradas, apontando para diferentes funcionalidades.
 A partir desse questionamento, analisar o percurso histórico que entrelaça a 
Pedagogia e a Educação significa descobrir, redescobrir e reconstruir o trajeto per-corrido 
pelos cursos de Pedagogia, destrinchando sua diversidade ideológica e suas influências 
na formação dos pedagogos. Dessa forma, pode-se discutir a crise de identidade universal 
que abrange a profissão, que é orientada pela multiplicidade de ideias e funcionalidades 
presentes nas ciências da educação, que compreendem a área pedagógica. 
 Essa discussão leva a uma análise mais minuciosa acerca da posição episte-
mológica ocupada pela Pedagogia no mundo contemporâneo, que é iniciada na primeira 
unidade e retomada na terceira unidade. Tal discussão pode apresentar elementos mais 
claros sobre a pluralidade de conceitos que engloba a Pedagogia desde os anos 80, 
período este em que, no Brasil, buscou-se evidenciar quais seriam as reais influências 
das ciências da educação sobre os corpos sociais. Por isso, é pre-ciso dialogar sobre 
os diversos modelos pedagógicos existentes, que englobam linhas de pensamento e 
Pensando nessa pluralidade de ideias presente dentro da Pedagogia, a pergunta que se 
coloca em pauta é: qual a real identidade profissional do pedagogo? A partir das ideias 
apresentadas até aqui, exponha sua resposta para essa pergunta.
VAMOS PENSAR?
Nesses termos, ao questionarmos qual é nossa iden-
tidade profissio-nal e como nos apresentamos, várias 
ideias e respostas se insinu-am: de exóticas a singelas 
— para não dizer primárias; afinal, entre ser cientista da 
educação, docente e pedagogo (a), vivemos si-tuações 
diversas: da arrogância à banalização. Quando se opta 
pela “meia solução” — respondendo “sou professor” —, 
outras perguntas surgem: professor de quê? Pergunta 
feita em geral a pro-fissionais da educação (GONÇAL-
VES; DONATONI, 2007, p. 08).
20
ideologias distintas, direcionadas à diferentes grupos sociais, e não apenas apresentar os 
fatos e marcos que constituíram à história da Pedagogia e da educação. 
 Como apresentado no início desta unidade, a palavra Pedagogia remete a uma 
tradição pautada pelos estudos e pela busca de conhecimento. 
 Para Durkheim, esses estudos e a busca pelo conhecimento são fatos sociais 
transmitidos às gerações mais jovens (crianças e adolescentes), que engloba diversas 
ideias e fenômenos, com o intuito de formar o ser social e a pedagogia é a parte que 
contextualiza a educação, que inclui a sociologia. 
 Já Herbart, responsável por formular a noção de que a Pedagogia é uma ci-ência, 
entende a educação como a relação direta entre a ciência e as bases pe-dagógicas. 
Influenciado pelas ideias de Herbart, Dewey compreende a educação como parte 
indissociável da Filosofia e da Ciência (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
 Assim sendo, as conceituações dos pensadores citados sobre o que é Peda-gogia 
se baseiam nas ideias que se referem à ciência da educação, à Filosofia e à Sociologia. Isto 
é, são concepções similares, mas, em alguns aspectos diferentes, do que é a Pedagogia. 
Porém, como se sabe, o percurso desse estudo foi marcado por modificações constantes, 
influenciadas por diferentes ideólogos e figuras históricas, como algumas já citadas. 
 Logo, os diversos acontecimentos históricos e as múltiplas sociedades que exis-
tiram e/ou ainda coexistem definiram e/ou definem diferentes caminhos próprios pa-ra 
construir às concepções do que é Pedagogia, o que envolve: modos de ensinar, educar e 
lidar com a prática educativa.
 Nesses termos, as discussões sobre a identidade dos pedagogos e suas contri-
buições epistemológicas devem ser sempre estimuladas e colocadas em pauta, com 
o intuito de construir e reconstruir saberes, que contribuam para os processos de ensi-
no-aprendizagem. No entanto, é preciso entender também que, numa conjuntura mais 
ampla, a Pedagogia, tradicional ou nova, centra-se no processo educativo que envolve 
a relação entre professor e aluno, na ideia de para quê e como se ensina. Assim sendo, é 
importante que tais discussões gerem, de fato, saberes e práticas que deem à Pedagogia 
novos significados e resultados positivos.
 Pensando, então, na tradição pedagógica escolar, a escola deve se reorde-nar 
estruturalmente, estabelecendo como principal objetivo o desempenho satisfató-rio 
dos educandos, fazendo das discussões propostas uma nova ferramenta de cons-trução 
de conhecimentos, que permita aos aprendentes compreender de maneira mais lúcida 
a escola e o mundo que os rodeia.
 Apesar de apresentar as funcionalidades que permeiam o trabalho de um pe-
dagogo dentro do ambiente escolar, neste material didático serão mostradas tam-bém 
outras áreas nas quais os pedagogos podem atuar. Isto é, serão apresentadas, além da 
área escolar, alternativas de atuação em diferentes espaços, tais como: ins-tituições 
hospitalares, espaços empresariais, entre outros círculos profissionais.
 A exibição destes espaços não escolares, apontam para um novo perfil de 
profissionais da Pedagogia, em ambientes que extrapolam às instituições escolares e, 
ainda, aumentam às possibilidades de empregabilidade dos pedagogos.
1.4 AS CONCEPÇÕES E CONTRIBUIÇÕES 
EPISTEMOLÓGICAS DA PEDAGOGIA 
21
FIXANDO O CONTEÚDO
1. A Pedagogia, durante seu percurso de desenvolvimento, passou por inúmeras fa-
ses até se constituir como uma ciência da educação devidamente estabelecida. Nessa 
perspectiva, o processo de construção da Pedagogia foi diretamente influ-enciado 
pela evolução do homem no que se refere à sua capacidade de apren-der e lidar com o 
mundo. Tendo isso em vista, em acordo com o material estuda-do, as fases pelas quais 
os seres humanos passaram até alcançar o status no qual se encontra hoje foram:
a) Homo sapiens, Australopithecus e Pitecanthropus
b) Australopithecus, Pitecanthropus, Homem de Neandertal e Homo sapiens.
c) Hominídeos, homem de Neandertal e Pitecanthropus.
d)Autralopithecus, pitecanthropus, Homo Sapiens e Home de Neandertal.
e) Pitecanthropus, hominídeos, Australophitecus e Homo Sapiens.
2. Conforme Nunes (2006) aponta, os filhos, ao brincarem com diferentes figuras (pais, 
familiares, amigos, etc.), estabelecem, desde sua infância, vínculos mais es-treitos com 
tais indivíduos. Por meio dessa relação, realiza-se um “treinamento” desses sujeitos, que 
aprendem diferentes conhecimentos a partir de interpretações empíricas, permitidas 
pela convivência diária. No período da Pré-História, apesar das limitações intelectuais, tal 
processo de aprendizagem também ocorria, com o intuito de garantir a sobrevivência 
das espécies viventes.
Pensando nisso, o ensino dos ofícios aprendidos pelas crianças e jovens, como caça, 
pesca e colheita, efetuados pelas figuras mais velhas, durante a Pré-História, tinham 
como objetivo:
a) Garantir a sobrevivência de suas espécies.
b) Garantir uma comunicação de alto repertório comunicativo.
c) Explorar as potencialidades de cada indivíduo.
d) Construir novas histórias e linhas de pensamento filosóficas.
e) Demonstrar a interpelação entre o passado e o presente das espécies viventes.
3. Analise as afirmativas abaixo, que falam sobre as origens da Pedagogia, e assinale a 
alternativa correta:
a) A Pedagogia, como processo formalizado, constituiu-se durante o período da Pré-
História, por meio das práticas executadas pelos Hominídeos.
b) As práticas pedagógicas intelectualizadas desenvolveram-se a partir do momento 
que os Hominídeos compreenderam a importância de transmitir os conhecimentos 
para crianças e jovens, visando a perpetuação de suas espécies.
c) A Pedagogia teve na Grécia clássica o seu berço, quando o filósofo grego Platão deu 
à luz a um sistema educacionalformal para seu tempo, integrando-o a uma dimensão 
política e social, baseada na formação moral do homem.
22
d) Durante o percurso de construção histórica da Pedagogia, múltiplas transforma-ções 
estruturais ocorreram, mas tais mudanças não foram diretamente influencia-das pelas 
conjunturas socioculturais de diferentes períodos da história.
e) Inicialmente, a Pedagogia, em sua fase informal, que remete ao período pré-histórico, 
foi tencionada com a missão de formar sujeitos capazes de compreen-der o mundo em 
diversos aspectos filosóficos, políticos e culturais.
4. Platão, como se sabe, fez parte da chamada “tríade da Filosofia”, tendo sido dis-
cípulo de Sócrates ((469-399 a.C.) e precedido por Aristóteles (384-322 a.C). Ele foi um 
dos principais filósofos do mundo ocidental e é considerado como um dos principais 
responsáveis por fomentar os alicerces da filosofia e da ciência no mun-do ocidental. 
Considerando a obra de Platão, analise as assertivas abaixo.
I. A educação proposta por Platão se distinguia da educação dos sofistas por considerar 
a razão como instrumento fundamental para a vida humana.
II. Os sofistas eram formados por grupos de pensadores que tinham como obje-tivo 
satisfazer os imediatismos dos indivíduos, de maneira pragmática e relati-vizada, para 
que as incertezas se tornassem mais enraizadas no inconsciente coletivo, favorecendo 
a desqualificação dos costumes e o enfraquecimento dos antigos valores.
III. A educação grega foi caracterizada pela presença de diferentes linhas filo-sóficas, 
presentes nas ideias de Sócrates, dos Sofistas, Platão e Aristóteles, que cultivavam e 
disseminavam os mesmos pensamentos e processos de ensino. 
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e II.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV
5. Conforme as informações apresentadas, o modelo educacional fomentado por Platão 
influenciou a Pedagogia, como ciência da educação, em diversos perío-dos da história 
e ainda a inspira na contemporaneidade. Assim sendo, durante a Idade Média, as ideias 
platônicas continuaram promovendo reflexões e pensa-mentos de caráter complexos, 
tornando-se a base filosófica oficial adotada pelo cristianismo. Baseando-se em tal 
preceito, surgiu a Filosofia Escolástica. 
I. A Filosofia Escolástica, método ocidental de pensamento crítico e de apren-dizagem 
com origem nas escolas monásticas cristãs, entrelaça a fé cristã à um sistema de 
racionalidade do pensamento.
II. Seguindo os preceitos da Filosofia Escolástica, várias correntes de pensamen-to 
foram construídas, influenciadas diretamente pela fé cristã e também pe-los ideários 
platônicos.
III. A Filosofia Escolástica afastava-se das ideias apregoadas por Platão, valori-zando 
apenas os princípios cristãos, sem recorrer às linhas de pensamento ra-cionais.
23
Sobre as afirmativas acima, assinale a alternativa correta:
a) Apenas o item I está correto.
b) Apenas os itens I e II estão corretos.
c) Apenas os itens II e III estão corretos.
d) Apenas o item III está correto.
e) Todos os itens estão corretos.
 
6. Analise as afirmativas a seguir.
Após o advento da Filosofia Escolástica, deu-se início à intelectualidade pautada pela 
racionalidade e pelo conhecimento como condições essenciais para a feli-cidade e a 
virtude humanas.
Logo
Outras linhas de pensamento filosófico surgiram, calcadas na razão. Na Europa, por 
exemplo, emergiu a educação humanista, objetivando valorizar o humano em detrimento 
do espiritual.
Agora, assinale a opção correta.
a) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma consequência da primei-ra.
b) A primeira afirmativa é uma proposição verdadeira, e a segunda é falsa.
c) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda falsa.
d) A primeira alternativa é falsa e a segunda verdadeira.
e) Ambas as afirmativas são falsas.
7. Após a eclosão da Filosofia Escolástica, implementada pela Igreja Católica, novas linhas 
de pensamento filosóficas se estabeleceram, o que engendrou também no-vas práticas 
pedagógicas a serem desenvolvidas. Nessa ótica, o poder instituído pela Igreja Católica, 
até então, dominante, passou a ser questionado. 
Nesse cenário surgiu o protestantismo, liderado e idealizado por Lutero que tinha como 
objetivo:
a) Apoiar e reiterar os princípios e modelos educativos aplicados pela Igreja Católica até 
então.
b) Contribuir para disseminação da Filosofia Escolástica, difundida por pensadores como 
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
c) Instaurar em todas as instituições escolares os ideários pedagógicos propagados pela 
Filosofia Escolástica
d) Valorizar a alfabetização e o aprendizado de línguas como conhecimentos que 
deveriam ser acessíveis a todos os indivíduos, pertencentes a qualquer grupo soci-al.
e) Desconstruir a ideia de que a educação deveria ser ofertada a todos os indivíduos e 
grupos.
8. Leia a afirmativa abaixo.
24
Diversos acontecimentos históricos e as várias sociedades que existiram e/ou ain-
da coexistem definiram e/ou definem diferentes caminhos para estabelecer novas 
concepções acerca do que é Pedagogia. Tais concepções englobam diferentes modos 
de ensinar e lidar com a prática educativa, além de determinarem novas funcionalidades 
para o profissional da Pedagogia.
 
Dentre as afirmativas abaixo, qual é a que complementa a ideia apresentada acima.
a) Tais acontecimentos históricos nada têm a ver com o processo de construção e 
concepção das diversas práticas pedagógicas disseminadas com o passar de dé-cadas 
e séculos.
b) Dentro desse percurso histórico, apenas pensadores que se dedicaram inteiramen-te 
à educação foram responsáveis por definir os conceitos e pensamentos peda-gógicos.
c) Por isso, as discussões e diversidade de ideias relativas às concepções e ideias do que é 
Pedagogia não devem ser levadas em conta, uma vez que este é um campo de atuação 
bem restrito, que não necessita de uma reestruturação de conhecimentos e saberes. 
d) Nessa perspectiva, as concepções e contribuições epistemológicas da Pedago-gia 
não se relacionam a ideologias, doutrinas e perspectivas políticas distintas.
e) Por isso, novas discussões sobre a identidade dos pedagogos e suas contribuições 
epistemológicas devem ser sempre estimuladas, com o objetivo de construir e re-construir 
saberes que contribuam para a evolução dos processos de ensino-aprendizagem, bem 
como para a reestruturação das funcionalidades que um pe-dagogo deve e pode exercer.
25
OS GRANDES TEÓRICOS 
DA PEDAGOGIA: 
DOS TRADICIONAIS 
AOS 
CONTEMPORÂNEOS
26
 Nesta unidade, serão apresentados nomes e pensamentos de grandes teóricos 
da Pedagogia, desde os tradicionais até os contemporâneos, brasileiros e estrangei-
ros, bem como suas contribuições para a sociedade em suas respectivas épocas e na 
contemporaneidade. 
 Após analisar e discorrer sobre os pensamentos de atores históricos que atua-
ram nos primórdios da Pedagogia, desde a Grécia Antiga, durante e depois da Idade 
Média, de Platão à Locke, inicialmente, serão expostas análises sobre a obra de duas 
figuras consideradas essenciais na construção da conceituação da Pedagogia. Am-bos 
receberam, em dado momento de suas vidas, a alcunha de “Pais da Pedago-gia”. Estes 
são Joan Amós Comenius (1592-1670) e Jean Jacques- Rousseau (1712- 1778), que foram 
responsáveis por influenciar as ideias de reconhecidos teóricos da Pedagogia, como 
Jean Piaget e Maria Montessori, que serão retratados posterior-mente.
 Objetivos de aprendizagem:
 Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes conhecimentos:
• Identificar os aspectos que influenciaram as linhas de pensamento dos teóricos da 
Pedagogia;
• Reconhecer as concepções educacionais de diferentes teóricos;
• Relacionar as ideias dispostas por diferentes teóricos do campo educacional.
 Nascido no reino da Boêmia, pertencente à antiga Tchecoslováquia, Joan Amós 
Comenius (1592-1670), como aborda Garcia (2011), foi bispo protestante da igreja dos 
irmãos Morávios, sendo também educador, cientista e escritor. No que se refere àsua atuação como educador, é considerado como o “pai da Pedagogia e da didática 
moderna”, uma vez que foi o primeiro indivíduo a consolidar a educa-ção como uma 
ciência estruturada e sistemática. Em sua obra, conceituou a didáti-ca como um ramo 
da Pedagogia, com o foco na aplicação de técnicas e métodos que possibilitassem aos 
alunos aprender conhecimentos por meio de um professor e/ou instrutor.
 Primeiramente, é necessário abordar o contexto em que Comenius viveu e como 
tal conjuntura influenciou a construção de suas obras. Como explana Garcia (2011, p. 179): 
2.1 INTRODUÇÃO
2.2 COMENIUS: O PAI DA PEDAGOGIA E DA DIDÁTICA MODERNAS
Primeiramente, é preciso questionar: de que maneira Comenius se estabeleceu como 
uma referência da Pedagogia? Em que cenário sua alcunha de “pai da Pedagogia” foi 
consolidada?
VAMOS PENSAR?
Um mundo conturbado e marcado por intensas trans-
formações anuncia o início do que se convencionou 
chamar de modernida-de. O comércio e as manufatu-
ras estavam em franco processo de expansão, as cida-
27
 Como explica o autor supracitado, Comenius, sendo também um teólogo e vivente 
de um período tão conturbado socialmente, abarcou como pressuposto fundamental 
a interrelação da Pedagogia com a Teologia, não fazendo distinção entre elas. Assim 
como Lutero (citado anteriormente), ele se contrapôs às ideias e concepções designadas 
pela doutrina Católica em seu tempo. Por isso, é considera-do um reformista, já que 
questionou duramente a Pedagogia disseminada pela Igreja Católica. 
 Tendo em si essa veia teológica, torna-se uma missão difícil dissociar a cosmo-
visão teológica de Comenius de suas perspectivas pedagógicas, uma vez que suas visões 
teológicas e pedagógicas eram plenamente alinhadas.
 Conforme Lochman (1993) apud Lopes (2008, p. 50):
 Baseando-se, então, nestes princípios cristãos e visão teológica, Comenius 
pregava a ideia de uma educação igualitária e democrática, que fosse gozada por todos, 
independentemente de quaisquer dicotomias existentes entre indivíduos ou grupos 
sociais, visto que todos foram concebidos à imagem e semelhança de Deus. 
 Tais ideais de igualdade disseminados por Comenius, como afirma Garcia (2011), 
foram influenciados pelos distúrbios vividos pela sociedade naquele período, que foi 
permeado pela Guerra dos Trinta Anos e, como já visto, pela dissolução de parte da 
hegemonia da Igreja Católica, que até então era predominante. Devido a esses problemas, 
ele entendia que a sociedade, como um todo, deveria ser purificada. 
 Dessa forma, ainda para o mesmo autor, Comenius compreendia a educação 
como salvação para as impurezas que constituem os seres humanos, fundamentan-do 
suas práticas na moral, no ensino e na piedade advinda de Deus. Tendo como base 
tais princípios, este educador acreditava que as instituições de ensino deveriam ser 
ambientes agradáveis e atraentes. Por isso, condenava e abominava os castigos físicos 
contra as crianças, tão comuns em sua época. 
des cresciam e desafiavam o velho modelo dos burgos 
medievais com suas ruas tortuosas e estreitas. O catoli-
cismo que até então, era no Ocidente a única igreja cris-
tã, viu sua he-gemonia ameaçada com o surgimento e 
rápida difusão das idei-as reformistas. Foi em e meio a 
este turbilhão de acontecimentos que viveu Comênio, 
tido como o grande pensador e difusor da pedagogia 
moderna.
A maioria dos pesquisadores de Comenius tem seu foco 
voltado para os métodos educacionais, e assim ele é 
considerado apenas como pedagogo, o que contraria o 
próprio Comenius, que afirmou não se considerar um 
pedagogo, mas um teólogo por profissão e vocação. 
Guerra dos Trinta Anos: série de guerras travadas na Europa por diversos motivos, co-mo 
rivalidades religiosas, territoriais, comerciais, entre outras causas. 
GLOSSÁRIO
28
 Desse modo, então, a Didática Tcheca converteu-se em Didática Magna, 
transformando-se em uma nova prática de ensino, constituída de conceitos e práxis 
não tão comuns para a época na qual foi produzida. Na Didática Magna, os textos 
apresentados eram direcionados para dois públicos, em especial, formado pelos alu-nos 
(crianças, em geral), que deviam aprender a aprender, e pelos professores, que seriam os 
responsáveis por aprenderem a fazer e construir os currículos, conjugando de maneira 
consolidada as práticas em teorias sólidas. 
 Conforme a explicação realizada por Lopes (2008, p. 53):
 Tal visão educacional/pedagógica apresentada por Comenius, por si só, para 
o período em que foi implementada, era considerada inovadora. Por isso, como con-
sequência a alcunha de pai da Pedagogia e didática modernas deve-se ao peso histórico 
de suas obras na Pedagogia e por suas ações de caráter inovador.
[…] na análise de Comenius em seu contexto histórico, 
percebem-se as suas reais intenções ao instituir o livro-
-texto na escola, cuja fi-nalidade era sistematizar e orde-
nar o ensino de maneira que um professor, por meio do 
livro didático, pudesse ensinar até cem alu-nos ao mes-
mo tempo.
A partir daí uma obra de tão grande valor não pode-
ria ficar restri-ta à Morávia ou a um determinado gru-
po religioso, mas deveria se tornar acessível a todos os 
homens. Motivado, então, a escrever a Didática tcheca, 
com o mesmo princípio traduziu-a do tcheco para o la-
tim e denominou-a didática magna, a fim de que ela 
pudesse ser mais facilmente compreendida e estivesse 
ao alcance de um público maior.
 Segundo Lopes (2008), para expor suas conceituações acerca do que consi-derava 
como primordial na formação e condução dos processos de aprendizagem, Comenius 
produziu, em 1649, a “Didática Tcheca”, livro, com um conjunto de textos, considerado 
como um modelo pedagógico universal a ser seguido, com a finalidade de ensinar 
qualquer saber e conhecimento a quaisquer indivíduos. Tal obra marcou o início da 
sistematização das práticas pedagógicas e das diversas didáticas existentes nos dias de 
hoje. Daí, como apontado previamente, surgiu a alcunha de Comenius como “pai da 
Pedagogia moderna”.
 No entanto, inicialmente, o livro ficou restrito a um público minoritário, limitado 
aos grupos religiosos dos quais Comenius fazia parte. Como descreve Lopes (2008, p. 63) 
no trecho a seguir: 
Saiba mais sobre a Didática Magna, de Joan Amós Comenius. Veja mais no link: 
https://bit.ly/2FkH4uI. Acesso em: 17 dez. 2019
BUSQUE POR MAIS
29
 Jean Jacques- Rousseau (1712-1778), assim, como Joan Amós Comenius, foi e ainda 
é uma figura extremamente importante dentro da área pedagógica. Foi escri-tor, teórico 
político, compositor e filósofo, tendo sido um dos principais expoentes do iluminismo e, 
por meio de suas obras, fomentou grandes concepções e reflexões pa-ra a sociedade no 
que se refere à educação.
 Conforme afirma Paiva (2008), o filósofo e educador nasceu em Genebra, na Suíça, 
e, apesar de fazer parte dos grupos de pensadores iluministas, divergiu em di-versos 
pontos de grande parte deles. 
 Durante sua vida, como aborda Paiva (2008), Rousseau dedicou-se a analisar os 
diversos aspectos que contribuíram para a formação dos homens e dos cidadãos. Sua 
obra se estabeleceu, como foi apresentado nos marcos históricos da Pedagogia, durante 
o período da Revolução Francesa, no qual o Iluminismo se consolidou politi-camente.
 Primeiramente, é preciso compreender qual era o contexto vivido por Rousse-au 
durante a construção de seu sistema educacional. Como explicam Gonçalves e Donatoni 
(2007, p. 07): 
Rousseau teoriza modelos educativos que se destinam 
ao homem e ao cidadão como alternativos e comple-
mentares no que se refe-re a tornar o homem alienado 
em um novo homem, natural, cen-trado — como o mo-
delo de Emílio. Portanto, pedagogia e política se interli-
gam em Rousseau, num esboço de reforma antropoló-
gico-social que reprovaria a artificialidade da educação 
intelectuali-zada, livresca, autoritária e pedante dos aris-
tocratas, ao formarem seus filhos e suas filhas com base 
nos modos de vida adulta.
2.3 ROUSSEAU: O PAI DA PEDAGOGIACONTEMPORÂNEA 
E SUAS CONCEPÇÕES ACERCA DA EDUCAÇÃO
No site Só História, saiba mais sobre o Iluminismo e sobre alguns pensadores, 
além de Rousseau, que fizeram parte desse movimento intelectual. Veja mais 
no link: https://bit.ly/2Mf0ByR. Acesso em: 17 dez. 2019
BUSQUE POR MAIS
A partir dessas informações prévias, pergunta-se: quais foram os eventos disparadores 
que levaram Rousseau a formular suas ideias acerca da educação?
VAMOS PENSAR?
30
 Isso indica que Rousseau, em uma perspectiva mais ampla, tinha como foco 
educar o homem em sua totalidade, preparando-o para viver harmoniosamente com 
seus semelhantes.
 Dessa maneira, totalmente contrário ao dogmatismo difundido pela igreja com a 
adesão da Aristocracia, Rousseau construiu seus sistemas de Pedagogia e didática. 
 A vida de Rousseau, em sua visão, sempre foi permeada pela busca pela li-berdade. 
Então, todo e qualquer tipo de poder estabelecido, considerado hegemô-nico, como o 
da Igreja, foi duramente criticado por ele no decorrer de sua vida.
 Na obra Emílio, escrita por ele, conforme aponta Streck (2004), duras críticas são 
feitas ao poder eclesiástico instituído naquele período. Tais críticas culpabilizavam as 
políticas implementadas pela igreja e pela aristocracia em três perspectivas:
• Visão sobre Deus e a religião: para Rousseau, a religião era uma expressão da cultura. 
Isto é, os desejos dos homens deveriam estar alinhados com as necessidades de todos 
que faziam parte de tal cultura.
• Autoridade da igreja: Rousseau não aceitava que a Igreja definisse o que era certo 
ou errado a partir da Bíblia. Acreditava que, para chegar a verdade, o homem deveria, 
por si só, aplicar-se ao estudo das escrituras sagradas. Em decorrência disso, o ensino 
da leitura tornou-se fundamental, com o intuito de levar os cidadãos à salvação da 
alma, bem como a uma melhor organi-zação da sociedade.
• As didáticas para ensino da religião: Rousseau contrapôs, de maneira ferre-nha, as 
práticas de ensino aplicadas pela Igreja naquele período, afirmando que, por meio do 
catecismo, as crianças apenas repetiam os dogmas e fra-ses que ouviam, sem refletir 
sobre as questões importantes.
 Então, conforme aborda Paiva (2008), segundo Rousseau, a igreja desconside-rava 
o ser social, e, juntamente com o poder da aristocracia na época, subordinava o povo aos 
interesses particulares da burguesia.
 Como afirma Streck (2004), o século de Rousseau foi um período no qual as 
Enciclopédias começaram a ganhar vida, com o intuito de classificar e definir todos 
os saberes. Isso, de certa forma, teve como precursor o já citado teólogo e educador 
Comenius, que, por meio de sua Didática Magna, buscou ensinar tudo a todos.
 Como demonstra Streck (2004, p. 14)
Rousseau viveu numa época em que muitas crenças e 
instituições hoje assumidas como naturais foram for-
madas ou consolidadas, desde a família, passando pela 
educação, até a organização do Estado. De modo geral, 
ele denuncia uma sociedade que legitima as desigual-
dades e onde a vida em comum é regida por conven-
-ções e formalismos. 
Mas, como formar o homem dentro dos moldes prescritos por Rousseau?
VAMOS PENSAR?
31
 Essa era a intenção de Rousseau, que, como já visto, opunha-se às doutrinas 
escolásticas impostas pela igreja. Seu objetivo era disseminar a ideia de que todos 
poderiam aprender conhecimentos e que a desigualdade era fruto da ação da igre-ja e 
do individualismo demarcado pela burguesia.
 Sendo assim, Rousseau definiu qual seria o pilar de seu sistema educacional: as 
crianças. Como demonstra Streck (2004), para este filósofo, as crianças são o centro do 
processo de aprendizagem. Por isso, para ele, a educação é um processo aberto, no qual 
se tem um ponto de partida, sem saber o ponto de chegada, o qual é de-terminado 
pelas oportunidades e talentos que cada indivíduo possui. 
 Essa ideia implica que os métodos aplicados por Rousseau se constituem por 
um projeto de formação humana constante, que se baseia nos limites que a natureza 
humana e a sociedade impõem. Nessa perspectiva, a educação, na ideia de Rousseau, 
tem como principal intencionalidade fazer com o que os sujeitos aprendam a viver por 
meio das diversas sociabilidades existentes, o que passa, consequentemen-te, pelo 
respeito à evolução natural das crianças.
 Dentro desse processo, o professor perde sua posição de preceptor inquestionável, 
dono do conhecimento, ganhando uma nova funcionalidade, como um pro-fissional 
que aprende e ensina o que aprende. Nessa perspectiva, Streck (2004, p. 72) afirma:
 Seguindo tais afirmações de Rousseau, como aborda Queiróz (2010), o respon-
sável por educar, passa a ter, então, contribuição significativa para o desenvolvimento 
saudável da criança, porém é preciso salientar que, mesmo não mais em uma posição 
central, respeitar o mundo da criança não significa, de maneira alguma, desconsiderar o 
papel do adulto, mas sim a construção de uma prática pedagógica.
 Dessa maneira, a partir das ideias de Rousseau, cabe ao educador manter como 
princípio pedagógico as expressões naturais biológicas da criança, que em cada idade se 
manifestam de forma diferente, exigindo, assim, tratamento adequado às especificidades 
da criança. Ou seja, o docente deve ser um mediador entre a criança e as possibilidades 
que a cercam.
O mestre não é mestre porque sabe e ensina. Seu en-
sino consiste, sobretudo, em propor as questões certas 
aos educandos e colocar ao seu alcance os meios para 
aprender. Para isso, faz-se necessário, além do desejo de 
aprender, a capacidade de se colocar no lugar da crian-
ça, de penetrar as suas ideias e de sentir a sua alma. 
Mestre é quem sabe colocar-se junto com o movimento 
da vida que aprende, porque gostar de aprender e gos-
tar de viver andam abraçados.
Aristocracia: modelo sociopolítico baseado em privilégios de uma classe social espe-cífi-
ca, constituída por nobres que detêm a herança e o privilégio do poder.
Burguesia: classe social surgida na Europa, que gozava, com o seu crescente enrique-ci-
mento, de liberdade e poder, o que a tornou dominante sociopolítica e economi-camente 
em relação às outras classes.
GLOSSÁRIO
32
 Logo, evidencia-se o motivo da Pedagogia de Rousseau se tornar tão influente 
ainda no mundo moderno. Por meio de suas ideias e centralização da criança como 
figura principal no processo de aprendizagem, Rousseau demarcou uma nova fase 
no que se refere à Pedagogia, como ciência da educação, dando a criança uma nova 
significação, como sujeito que aprende e que tem suas singularidades respeitadas.
 Em vista disso, Rousseau estabeleceu-se como um teórico de visão inovadora. 
Por isso, tal como Comenius, é considerado um dos pilares da Pedagogia, recebendo a 
alcunha de pai da Pedagogia contemporânea. 
 Conforme acompanhado até aqui, Comenius e Rousseau, em períodos distin-tos 
da história, foram responsáveis por estabelecerem marcos dentro da Pedagogia. Suas 
visões consideradas precursoras na educação e a quebra de paradigmas institu-ída 
em seus devidos períodos de atuação influenciaram profundamente os pensa-mentos 
pedagógicos modernos e influenciam até hoje.
 Diante de tamanha influência apresentada dentro da área pedagógica, Co-menius 
e Rousseau serviram e ainda servem como base para as obras de grandes pedagogos 
presentes na modernidade. Aqui, serão apresentados alguns nomes que tiveram, em 
alguma medida, a influência dos trabalhos dos chamados “pais da Pe-dagogia” em suas 
obras e que exerceram papéis relevantes no desenvolvimento da Pedagogia educacional. 
Veja os nomes de alguns deles:
• Friedrich Froebel; 
• Jean Piaget;
• Lev Vygotsky;
• Henry Wallon;
• Maria Montessori;
• Emilia Ferreiro;
• John Dewey;
• Paulo Freire;
• Anísio Teixeira.
Fica clara aqui, mais uma vez, a ideia de que para Rous-
seau se faz necessário denunciar a educação que enche 
a cabeça das crianças com conhecimentos que não lhes 
são úteis; por isso, a educação tem como princípio bási-
co a experiência. Nada de en-sinamentos precoces,que 
a criança não seja capaz de compre-ender, nem mesmo 
de pressa para ensinar muitos conteúdos; o in-teressan-
te em uma boa educação consiste, justamente, em ter 
cautela, perder tempo, ou seja, permitir que a criança 
veja, sinta e comece a fazer os seus próprios juízos.
 Conforme aponta Queiróz (2010, p. 61):
2.4 TEÓRICOS TRADICIONAIS E SUAS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS
33
Construtivismo: teoria idealizada por Jean Piaget, que compreende a criança como um 
ser que aprende e constrói conhecimentos em diferentes estágios. 
GLOSSÁRIO
 Iniciando essa viagem de conhecimento sobre as obras de grandes teóricos da 
Pedagogia, agora, serão dispostas análises acerca das obras de três nomes, considerados 
como principais expoentes do Construtivismo, com teorias elaboradas no âmbito da 
Psicologia e da educação: o médico suíço Jean Piaget (1896-1980), o psicólogo russo Lev 
Vygotsky (1896-1934) e o filósofo e médico francês Henry Wallon (1879-1962).
 Torna-se interessante observar que os três nomes coexistiram em épocas seme-
lhantes e, apesar de nem todos serem educadores de formação, tornaram-se referências 
dentro da Pedagogia, já que o foco de suas atividades intelectuais se con-centrou na 
compreensão das sociabilidades que podem influenciar a apreensão de conhecimentos 
por parte dos sujeitos. Para isso, destacaram as crianças como nú-cleo central em seus 
estudos, reflexões e observações científicas, enfocando o Construtivismo como base de 
suas obras. 
 Os três teóricos, Piaget, Vygotsky e Wallon, foram fortemente influenciados pe-
los pensamentos e obras de Friedrich Froebel (1782- 1852), pedagogo alemão, que foi 
o primeiro educador a destacar a importância dos brinquedos e das atividades lúdicas 
no processo de desenvolvimento da criança. Daí vem o entendimento de que a criança 
deveria ser tratada como centro do processo ensino-aprendizagem. 
 Seguindo essa linha de pensamento, como apontam Rodrigues e Boer (2019), 
Froebel apresentou seus brinquedos, criados por ele mesmo, para auxiliar a brincadei-
ra infantil e potencializar o desenvolvimento das crianças, destacando o ato de brincar 
como uma linguagem, já que a criança aprende, durante esse ato, a linguagem gestual 
e corporal, sonora, verbal, entre outras. Com a repercussão de suas ideias e inovações 
pedagógicas, surgiu, então, o “Jardim de Infância”, criado pelo próprio Friedrich Froebel, 
na Alemanha.
 Como aponta Pereira (2012), Piaget, Wallon e Vygotsky, influenciados direta-mente 
pelas ideias de Froebel sobre a infância, por meio de seus estudos, mostraram que o 
conhecimento dos sujeitos se dá por meio de suas ações no mundo, o que confere a essa 
relação direta entre o indivíduo e o mundo uma compreensão rica acerca das teorizações 
sobre como conhecê-lo. Isso indica que, segundo os autores, esse processo de construção 
e reconstrução de conhecimentos se dá por etapas, que se iniciam quando o sujeito 
ainda é uma criança, o que se configura como a essência do Construtivismo.
 A partir do exposto, verifica-se que os três autores estabeleceram a linguagem 
como uma função fundamental do próprio pensamento. Isto é, para Piaget, Wallon e 
Vygotsky, a relação entre o pensamento e a linguagem deve ser vista como um pro-
cesso vivo, uma vez que os pensamentos surgem a partir das palavras. Isso indica, então, 
que a fala é considerada como uma tradução dos pensamentos do sujeito, ou seja, é a 
materialização e objetivação do que foi pensado por ele.
 Os três autores referenciados acima eram socionteracionistas, o que indica que 
acreditavam que o homem era um ser social, que apreendia conhecimentos em um 
34
Sociointeracionismo: proposta metodológica idealizada por Lev Vygotsky, que defen-de 
que fatores sociais, culturais e ambientais influenciam o processo de desenvolvi-mento e 
aprendizagem dos seres humanos.
Psicogênese: entende-se como a origem e desenvolvimento dos processos psicológi-
-cos, da mente ou da personalidade de um indivíduo.
GLOSSÁRIO
processo gradual (fases), a partir de sua base biológica de funcionamento psicológico 
(Psicogênese). Tal pensamento demonstra que, segundo os estudos e análises 
fomentadas pelos três teóricos, os sujeitos transformam-se de seres biológicos para 
seres sócio históricos, sendo a cultura e as experiências empíricas partes essenciais de 
sua natureza, assim como a linguagem, já citada.
 Obviamente, nem todos os pensamentos dispostos pelos três autores conver-giam 
em todas as conjunturas, mas, em suas obras individuais, cada um deles priori-zou os 
sujeitos como agentes centrais no processo de construção, estruturação e or-ganização 
do pensamento. Como aborda Pereira (2012, p. 286):
 Para elucidar com mais clareza as ideias apontadas pelos autores, leia o qua-dro 1, 
referente às concepções de aprendizagem e funcionalidades da educação/ Pedagogia 
para cada um deles:
Sem dúvida, existem muitas diferenças e divergências 
entre as concepções de linguagem dos três autores em 
questão, mas, cer-tamente, esses autores fizeram parte 
de uma geração de teóricos que recolocaram o sujeito 
no centro das questões epistemológicas e, assim, reco-
locaram o sujeito no centro das pesquisas no campo da 
linguagem.
35
Principais semelhanças Principais diferenças
• Os três eram socionteracio-
nistas. Portanto, pensavam o 
homem como um ser social;
• Tinham formação acadêmi-
ca em outras áreas que não 
a educação;
• Deram contribuições valio-
sas à educação através das 
teorias psicogenéticas;
• Acreditavam que o conheci-
mento é construído gradual-
mente;
• Levaram em conta a base 
biológica do funcionamento 
psicológico;
• Acreditavam que os proces-
sos filogenéticos e ontoge-
néticos tinham implicações 
diretas no desenvolvimento.
• Piaget e Wallon focaram suas analises sobre o de-
senvolvimento cognitivo e afetivo do nascimento à 
adolescência. Vygotsky pensou o desenvolvimento e 
aprendizagem como algo que ocorre por toda vida.
• Para Piaget, conhecimento é construído do individual 
para o social, enquanto Vygotsky e Wallon, do social 
para o indivíduo.
• Piaget via o desenvolvimento cognitivo e afetivo como 
uma “marcha para o equilíbrio”.
• Embora os três pensassem o homem como um ser 
social, Piaget privilegiava a maturação biológica como 
condição ao desenvolvimento cognitivo (aprendiza-
gem); Vygotsky, a interação social; Wallon, a afetivida-
de.
• Para Piaget, os estágios de desenvolvimento eram or-
denados e universais. Para Wallon, os estágios sofriam 
rupturas e retrocessos.
• Vygotsky e Wallon viam o desenvolvimento com re-
sultante do meio. Portanto, se o meio mudasse, isso 
impactaria o desenvolvimento.
• Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo é determi-
nado pela oposição da coação à cooperação. Vygotsky 
vê questões econômicas e socioculturais como deter-
minantes. Wallon vê questões econômicas, sociocultu-
rais e afetivas como determinantes.
• Piaget pensa o social e suas influências sobre os indiví-
duos pela perspectiva ética; Vygotsky, pela perspectiva 
cultural; e Wallon, pela perspectiva cultural e afetiva.
• Para Piaget, o processo de pensamento é resultado 
dos esquemas; a linguagem é resultado do desenvol-
vimento dos processos mentais. Vygotsky e Wallon 
não só viam pensamento e linguagem com interde-
pendentes e recíprocos, mas atribuía grande impor-
tância à aquisição da linguagem, pois ela diretamente 
influenciava as funções superiores. Porém, Wallon já 
via a emoção (o choro, o riso, tom de voz agradável ou 
desagradável) como a primeira linguagem da criança.
Quadro 1: Concepções de Piaget, Vygotsky e Wallon
Fonte: Rodrigues (2017, online)
 Como descrito anteriormente, Piaget, Vygotsky e Wallon concentraram seus 
estudos, em grande parte, nas crianças, e apontaram a Psicogênese e as interações 
sociais dos sujeitos como elemento fundamental em seus processos de aprendiza-gem. 
E, é a partir dessa concepção que surgiu outro grande nome no âmbito peda-gógico, a 
médica italiana Maria Montessori (1870- 1952).
 Assim, como Piaget, Vygotsky

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