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Aula 1 tecnica vocal

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TÉCNICA VOCAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Luciana Mendes da Silva 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Imagine que você se propôs a aprender um instrumento musical. O 
primeiro passo a ser tomado é adquirir esse instrumento, observar as partes e 
os componentes dele, descobrir onde e como se deve segurá-lo, onde suas 
mãos e/ou pés devem ser posicionados, e quais teclas/válvulas/cordas devem 
ser pressionadas, dedilhadas ou sopradas para que o som seja produzido. 
Agora, imagine que o instrumento não é visível e você aprenderá a tocá-
lo sem poder segurá-lo em suas mãos. 
A sua voz é esse instrumento. Ele está dentro de você. Você não pode 
ver esse instrumento ou tocar em seus componentes. 
A voz é um dos instrumentos mais complexos que existem, por essa 
razão. Tudo o que você precisa para aprender para usá-la está baseado em 
sensações internas, sendo necessário o uso da sua imaginação e a percepção 
para “visualizar” o que está acontecendo no seu instrumento, para aprimorar o 
seu uso. Felizmente, com muita dedicação, prática e disciplina, é possível 
dominar o seu instrumento como se de fato pudesse vê-lo e segurá-lo nas mãos. 
Precisamos começar entendendo a importância da respiração na técnica 
vocal, porque esse é um conhecimento primordial e necessário. Se não 
respirarmos corretamente, a produção de som será incorreta e inferior. O ar que 
passa pelo aparelho fonador durante a expiração é o que aciona as pregas 
vocais, responsáveis pela voz. Sem ar, as pregas vocais não vibram, e, portanto, 
não produzem a fala ou o canto. 
A respiração correta também é responsável pela qualidade de nossa voz 
cantada: notas afinadas ou desafinadas; frases sólidas ou falhas; tons brilhantes 
e claros, ou opacos; uma voz saudável com longevidade, ou uma voz fatigada e 
rouca, podendo chegar até a sua perda. O ar é o combustível essencial para a 
produção da voz, e se não for utilizado corretamente, pode causar danos à toda 
sua estrutura vocal, assim como deixar a desejar durante uma apresentação 
musical. 
Se você se comprometer a trabalhar no seu aparato respiratório desde o 
início, vai presenciar mudanças benéficas na sua voz, seja cantada ou falada. 
Você vai poder confiar numa voz que não vai falhar em certos trechos musicais 
mais difíceis; também notará que pode cantar por horas a fio sem cansar a voz, 
ou perdê-la. Respirar bem ao cantar faz toda a diferença! 
 
 
3 
TEMA 1 – FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 
É importante compreendermos como o nosso sistema respiratório 
funciona por meio do exame de sua anatomia, assim podemos visualizar 
corretamente nossa inspiração e expiração, bem como aprender a sentir os 
músculos corretos usados na produção da voz. Vamos ressaltar mais uma vez 
que uma respiração adequada é necessária para qualquer estilo de canto – 
desde ópera até heavy metal. 
1.1 Pulmões e diafragma 
Em seu livro Canto – Equilíbrio entre corpo e som, Claudia Pacheco e Tutti 
Baê explicam as funções dos pulmões e do diafragma na respiração, fazendo 
uma distinção importante: os pulmões são os principais órgãos do aparelho 
respiratório; já o diafragma é o principal músculo da respiração. (Baê/Pacheco, 
2006 p.17-18). 
Figura 1 – Pulmões e diafragma 
 
Crédito: Javier Regueiro/Shutterstock. 
Observe como os pulmões estão apoiados no topo e nas laterais do 
diafragma e sua localização dentro da caixa torácica, além de quais costelas 
eles abrangem. Assim você pode visualizar onde o diafragma está situado no 
seu corpo e como movimenta os pulmões no processo de respiração. 
 
 
4 
O diafragma é um dos músculos responsáveis pelo movimento de 
expansão e retração dos pulmões. Ele tem o formato de domo, ou cúpula 
(imagine um paraquedas ou um desentupidor de vaso sem o cabo), e está 
situado entre a cavidade torácica e a cavidade abdominal. 
Figura 2 – Localizando o diafragma 
 
Crédito: Flávio Smile. 
Figura 3 – Forma do diafragma 
 
Crédito: Flávio Smile. 
Tendão central 
Domo 
direito 
Entrada para 
o esôfago 
Entrada para 
a aorta 
Costelas 
Domo 
esquerdo 
Músculo do 
diafragma 
O diafragma 
tem a forma 
de um 
paraquedas 
 
 
5 
Na inspiração, o diafragma se contrai movendo-se para baixo, 
empurrando os órgãos abdominais para baixo, para a frente e para os lados. Ao 
mesmo tempo, ele puxa os pulmões para baixo, o que os faz se expandirem e 
encherem-se de ar. 
Na expiração natural (não-controlada), o diafragma relaxa, volta para 
cima – sua posição de repouso – e faz com que os órgãos do abdômen e os 
pulmões retornem para suas posições iniciais. Essa expiração natural ocorre 
de forma relativamente rápida e automática, sem resistência de qualquer 
músculo. 
Figura 4 – Inspiração e expiração 
 Expiração Inspiração 
 
 
Crédito: Flávio Smile. 
1.1 Músculos intercostais – externos e internos 
Os músculos intercostais são classificados como intercostais 
externos e intercostais internos. Eles também são responsáveis pela 
expansão e retração do tórax, e consequentemente, dos pulmões. 
Na inspiração, os músculos intercostais externos abrem a caixa torácica, 
permitindo que os pulmões se expandam e se encham de ar. 
 
Cavidade 
torácica 
se contrai 
 
Músculos intercostais 
externos se relaxam 
Diafragma 
relaxa 
Cavidade torácica 
se expande 
Músculos intercostais 
externos se contraem 
Diafragma 
contrai 
Diafragma 
 
 
6 
 
Figura 5 – Músculos intercostais I 
 
Crédito: Flávio Smile. 
Na expiração, os intercostais internos são ativados e comprimem a caixa 
torácica de volta à sua posição inicial. 
 
Clavicle 
Ribs 
Pectoralis major 
(dissected) 
Internal 
intercostal 
Sternum 
External 
intercostal 
Pectoralis minor 
Serratus 
anterior 
Intermost 
intercostal 
Internal 
intercostal 
External 
intercostal 
 
 
7 
Figura 6 – Músculos intercostais II 
 
Crédito: Flávio Smile. 
Teste seu conhecimento! 
• Coloque as mãos nos lados das suas costelas e inspire fundo. 
• Sinta e visualize os músculos intercostais externos puxando as suas 
costelas para fora, expandindo o seu torso. 
• Depois expire lentamente e visualize os músculos intercostais internos 
tomando o lugar dos externos, e puxando as costelas de volta para dentro, 
encolhendo o seu torso de volta à sua posição inicial. 
• Essas visualizações são muito importantes para se aprender a respirar 
corretamente ao cantar. 
• Faça este exercício várias vezes ao dia, sempre que lhe vier à memória. 
 
Clavicle 
Ribs 
Pectoralis major 
(dissected) 
Internal 
intercostal 
Sternum 
External 
intercostal 
Pectoralis minor 
Serratus 
anterior 
Intermost 
intercostal 
Internal 
intercostal 
External 
intercostal 
 
 
8 
Figura 7 – Exercício 
 
Crédito: Chajamp/Shutterstock. 
Posicione suas mãos de modo similar à foto acima, um pouco mais para 
cima, sobre as costelas. Inspire fundo e sinta a expansão de todo o seu tórax, 
nos lados e nas costas. 
1.2 Músculos abdominais 
Assim como o diafragma, músculos intercostais e pulmões (todos situados 
acima da cavidade abdominal), os músculos do abdômen são fundamentais para 
uma respiração controlada ao cantar. A cinta abdominal é composta de vários 
desses músculos, conectados entre as costelas e a região púbica. Esses 
músculos serão nosso foco principal ao aprendermos a inspirar e expirar 
corretamente para cantar. 
Vamos nos concentrar nessa cinta abdominal, como mostra a ilustração 
abaixo: 
 
 
 
9 
Figura 8 – Músculos abdominais 
 
Crédito: Flávio Smile. 
Pacheco e Baê ressaltam: “na expiração, os músculos da cinta abdominal 
são os mais ativos no momento do canto” (Baê; Pacheco, 2006, p. 20). Isso será 
confirmado quando começarmos a praticar os exercícios de apoio. 
No caso do canto, portanto, a expiração precisa ocorrer de maneira 
controlada (com apoio). Assim, é possível aplicar a pressão do ar necessária 
para ativar as pregas vocais e impedir que o ar seja expelidorápido demais, 
como é o caso de uma expiração natural. 
TEMA 2 – FUNDAMENTOS DA RESPIRAÇÃO: INSPIRAÇÃO PARA O CANTO 
A inspiração é um ato muito importante, por razões óbvias, sem ar não 
podemos viver muito tempo. Para o cantor, é imprescindível aprender a inspirar 
de modo consciente e correto, garantindo que tenha todo o ar de que precisa 
para executar cada frase musical e que o ar vá para o lugar certo no seu corpo, 
oferecendo o suporte adequado para o canto. 
 Veja a figura a seguir para entender os processos básicos que ocorrem 
na inspiração. 
 
 
Reto abdominal 
Transverso 
abdominal 
Oblíquo interno 
Oblíquo externo 
Ponto de apoio 
 
 
10 
Figura 9 – Inspiração 
 
Crédito: Flávio Smile. 
Importante: se você sofre de medo de palco (stage fright em inglês), vai 
precisar prestar mais atenção do que o normal na sua respiração, porque o 
stress e a tensão fazem o aparelho respiratório “travar” inconscientemente. 
Quando estamos nervosos ou tensos, nos esquecemos de respirar 
adequadamente; a inspiração profunda é a primeira coisa a funcionar mal nessas 
situações de insegurança e nervosismo. Desenvolva desde já mecanismos para 
lembrar-se de, conscientemente, tomar fôlegos cheios e profundos nessas 
situações. Você verá a diferença. 
2.1 Inspiração abdominal versus peitoral 
A inspiração natural – o modo como respiramos no dia a dia, ou durante 
atividades físicas – é geralmente muito “rasa”, ou seja, uma inspiração que enche 
somente a área do peito, mas não é profunda suficiente para expandir a caixa 
torácica ou mover o diafragma o suficiente para baixo. Esse tipo de inspiração é 
útil para atividades físicas que requerem respiração rápida para o desempenho 
cardiovascular alto, mas não funciona para cantar. 
Cavidade torácica 
se expande 
Músculos intercostais 
externos se contraem 
Diafragma 
contrai 
Diafragma 
 
 
11 
A respiração “rasa” será referida como respiração peitoral em nossa 
aula, para fins de entendermos a localização e sensação dela. Nosso objetivo 
será aprender uma respiração abdominal – na qual o ar é direcionado para 
baixo, para o estômago e o abdômen. Esta é uma respiração profunda e 
adequada para cantores. 
Teste o seu conhecimento! 
Faça o teste em você mesmo e verifique se a sua respiração é abdominal 
(correta) ou peitoral (incorreta): 
• Coloque uma mão no peito e a outra, no abdômen. 
• Inspire fundo como normalmente faria – no consultório médico, por exemplo, 
quando o doutor está fazendo o exame de estetoscópio em você. 
• Se o seu peito subir e o seu abdômen encolher, você está respirando 
incorretamente – respiração peitoral. 
• Tente novamente e faça com que o ar vá para baixo – para que o seu 
abdômen se expanda para fora (como uma barriga cheia), enquanto o seu 
peito continua na mesma posição. Este é o modo correto de se inspirar: a 
respiração abdominal. 
• É claro que o peito sempre vai se movimentar um pouco, mas o importante é 
que o abdômen se movimente mais do que o peito, e você tenha a sensação 
de que o ar está enchendo sua barriga. 
• Para melhor sentir a diferença, repita este exercício deitado no chão, de 
estômago para cima. Você poderá sentir melhor os seus músculos 
intercostais nessa posição. 
• Respire várias vezes, consciente de que o seu abdômen deve fazer o 
trabalho, em vez do peito. 
2.2 Abrindo e expandindo o corpo: músculos intercostais e abdômen 
No famoso livro Cantando Para Leigos (Singing For Dummies), a autora 
Pamelia S. Philips descreve o que significa abrir ou expandir o corpo no momento 
da respiração para obter-se os melhores resultados: “quando você cantar, deve 
ficar seguro de que consegue tomar ar e então usá-lo eficientemente para cantar 
uma música. Saber como abrir seu corpo para a inspiração é simples: abra seu 
corpo e o ar correrá para dentro dele” (Philips, 2013, p. 42). 
 
 
12 
Continue praticando o reconhecimento e a conscientização de como você 
respira – ao cantar, ao falar, ao estar em silêncio. Deite-se no chão para sentir 
as suas costas se expandirem. Encoste-se contra a parede para descobrir a 
mesma sensação estando de pé. Segure as costelas em volta das costas para 
visualizar e gravar a memória muscular de suas costelas se expandindo. 
Coloque suas mãos abaixo do umbigo e pratique o inflar de seu abdômen. 
Quanto mais familiaridade você tiver com esses músculos e com o que está 
acontecendo ao encher seus pulmões de ar, melhor será o seu intake 
(recebimento interno) de ar, sempre que precisar, o quanto precisar. Abrir e 
expandir o corpo não é difícil; é apenas uma questão de se acostumar com uma 
abordagem diferente à sua inspiração como cantor. 
2.3 Inspiração pelo nariz e pela boca 
Muitas pessoas têm essa dúvida: devo respirar pelo nariz ou pela boca 
para cantar? A resposta é sim! Deve-se respirar pelo nariz e pela boca ao 
mesmo tempo. Essa é a maneira mais aberta e relaxada para se inspirar, 
utilizando as duas formas. 
Respirar somente pelo nariz para cantar não é recomendado, pois o 
cantor não consegue receber uma quantidade de ar adequada em uma fração 
de segundo como precisa. Outro problema é que qualquer nível de 
congestionamento nasal implicaria a eficiência da respiração pelo nariz. Isso 
seria ruidoso. 
Importante: quando não se está cantando, prefira respirar pelo nariz, e 
não pela boca. O nariz é o filtro natural do corpo, e por ele o ar passa por uma 
filtragem e purificação, assim também como uma umidificação, antes de passar 
pela faringe, laringe e traqueia, chegando aos pulmões. Respirar pela boca como 
atividade normal não é recomendado, e aqueles que o fazem sofrem de garganta 
seca e estão suscetíveis a doenças respiratórias transmitidas por vírus e 
bactérias do ar – dois inimigos fatais do cantor. Por isso, para o canto, é melhor 
aprender a técnica de inspiração por ambos, nariz e boca, porque assim recebe-
se todo o ar necessário, e boa parte dele passará pela filtração e umidificação 
da cavidade nasal. Você vai perceber que sua garganta não ficará tão seca ou 
irritada dessa forma. O ar condicionado e o sistema de aquecimento em lugares 
fechados (como estúdios) são muito prejudiciais para as vias respiratórias a 
 
 
13 
longo prazo. Tenha um umidificador ou difusor de óleos essenciais por perto, se 
você precisa cantar por muitas horas nestes ambientes não-arejados. 
Teste seu conhecimento! 
Você pode tentar agora mesmo inspirar pelo nariz e pela boca ao mesmo 
tempo. Apenas relaxe e inspire utilizando as duas cavidades, de forma suave e 
contínua, até que o seu abdômen e costelas sintam-se cheios de ar. 
Respire fundo dessa maneira várias vezes. 
Gradualmente, tente respirar mais rápido, em prazos mais curtos, 
concentrando-se em receber a maior quantidade de ar possível, mas sem 
produzir muito ruído pela boca – o ruído que normalmente fazemos quando 
somos surpreendidos ou assustados por algo. 
TEMA 3 – FUNDAMENTOS DA RESPIRAÇÃO: EXPIRAÇÃO PARA O CANTO 
Se a inspiração correta é essencial para o canto (pois é o que prepara o 
nosso corpo para produzir os sons), mais importante é a expiração, o 
mecanismo que proporciona a produção de sons nas nossas pregas vocais, e 
nos permite controlar notas, frases musicais, dinâmicas e ritmos. Vamos 
examinar em detalhes todos os passos necessários para uma expiração de 
qualidade. 
Figura 10 – Expiração 
 
Crédito: Flávio Smile. 
Cavidade 
torácica 
se contrai 
 
Músculos intercostais 
externos se relaxam 
Diafragma 
relaxa 
 
 
14 
3.1 Expiração: lenta, controlada e contínua 
A expiração para o canto pode ser caracterizada como um “escape de ar” 
controlado. O objetivo dela é que seja lenta e controlada; que o fluxo de ar seja 
contínuo, não liberando o ar em excesso, tampouco prendendo-o enquanto 
canta. 
Os dois são prejudiciais à voz: permitir muito ar escapando pela laringe, 
ou não o suficiente. 
O único lugar do seu corpo onde você deve sentir pressãoao cantar é no 
abdômen. Se você sente essa pressão na sua garganta, é porque não está 
apoiando a sua voz como deve, e em decorrência disso outras áreas de seu 
aparelho fonador estão tencionando para compensar a falta de suporte. Relaxe 
a sua face, mandíbula, garganta, ombros e parte superior do tórax. Concentre a 
pressão do ar do diafragma para baixo, mais precisamente no seu ponto de 
apoio, abaixo do umbigo. Parece um ponto muito baixo e que nada tem a ver 
com a voz, mas você descobrirá que, pelo contrário, estes músculos farão toda 
a diferença na produção da voz cantada. 
3.2 Apoio: foco principal nos músculos abdominais inferiores 
Vamos examinar mais uma vez a cinta abdominal e o seu papel na 
respiração de apoio – essencial para o canto. 
Figura 11 – Cinta abdominal 
 
Crédito: Flávio Smile. 
Reto abdominal 
Transverso 
abdominal 
Oblíquo interno 
Oblíquo externo 
Ponto de apoio 
 
 
15 
Vejamos o que as autoras Pacheco e Baê têm a dizer sobre os músculos 
que formam essa teia de sustentação, responsáveis por movimentar as 
paredes abdominal e torácica: 
Na expiração, os músculos da cinta abdominal são os mais ativos no 
momento do canto. O oblíquo externo localizado na parte lateral e 
frontal do tórax inferior e do abdômen contrai e puxa as costelas para 
baixo, empurrando o conteúdo abdominal para dentro. Este músculo 
apresenta contração imediatamente antes da produção do som e 
podemos perceber sua movimentação especialmente nos vocalizes 
realizados em Staccato (destacando cada nota). O oblíquo interno, 
localizado mais profundamente do que o oblíquo externo, ao se contrair 
também empurra a parede abdominal para dentro e abaixa as costelas. 
O reto abdominal é um músculo que se localiza paralelamente à linha 
média do abdômen e insere-se inferiormente no osso pubiano e 
superiormente nas 5ª, 6ª e 7ª costelas. A contração deste músculo 
também empurra o conteúdo abdominal para dentro, baixando o 
externo e as costelas. O transverso do abdômen localiza-se abaixo 
do músculo oblíquo interno, na região mais profunda abdominal, 
inserindo-se no púbis. (Baê; Pacheco, 2006, p. 20-21) 
Como podemos observar, cada um desses músculos contribui para a 
expansão e retração da caixa torácica, o que proporciona a quantidade de ar 
necessária para a produção da voz, seja cantada ou falada. 
O ponto de apoio se encontra na parte mais baixa do reto abdominal, 
mais ou menos quatro dedos abaixo do umbigo, na região pélvica. Esse é um 
músculo potente no nosso arsenal. 
O foco do cantor deve ser movimentar – contrair e expandir – essa 
musculatura mais baixa, a fim de controlar o fluxo de ar e as notas cantadas em 
sua duração, timbre e intensidade. Fazemos isso colocando pressão no ponto 
de apoio, de maneira controlada e dependente da frase musical – se é mais 
longa ou mais curta, mais suave ou mais forte, com notas mais graves ou mais 
agudas. 
O reto abdominal é o principal músculo que contraímos no processo de 
expiração para o canto. O movimento para contraí-lo é o mesmo que usamos 
para “esconder a barriga”. Ele empurra os órgãos abdominais para dentro e 
leva as costelas para a sua posição inicial, levemente para trás e para baixo. 
Essa contração do reto abdominal empurra o ar para fora do corpo de forma 
controlada – aplicando-se mais ou menos pressão, mais ou menos velocidade – 
de acordo com o que cada frase musical requere. 
 
 
 
16 
Teste seu conhecimento! 
• Inspire e contraia o reto abdominal para dentro um pouco mais forte do que 
o normal (“esconda a barriga”). Sinta o ar sendo expulso primeiro pelo nariz; 
repita o processo, deixando que o ar saia pela boca. 
• Agora contraia o reto abdominal em vários pulsos curtos e rápidos; é assim 
que produzimos o som staccato (notas curtas e separadas umas das outras). 
O reto abdominal é um músculo muito forte; observe como todo o seu tórax 
se move ao se contrair esse músculo de modo staccato. 
• Tente também a risada o papai noel: HO, HO, HO, HO! 
• Você deve produzi-la ao pulsar o reto abdominal na sua parte mais baixa para 
cada sílaba. 
• Note como o que impulsiona o som não é a sua garganta, mas sim o seu 
abdômen. A pressão deve se originar neste músculo, sempre. Este é o apoio 
respiratório para o canto, que previne a tensão muscular e o mau uso da 
caixa de voz – a laringe. 
3.3 Método de apoio: método de encolher 
Esse exercício que você acabou de fazer é um bom exemplo do método 
de apoio conhecido como o método de encolher: encolhemos a barriga 
gradualmente, para aplicar o apoio que controla a pressão do ar passando pelas 
pregas vocais. Esse é o método que vamos usar na maior parte do tempo ao 
cantarmos. 
No entanto, existe outra maneira de se usar este músculo abdominal, 
particularmente quando precisamos cantar uma nota bem mais longa que o 
normal, ou com uma dinâmica bem controlada, suave, sem vibrato, por exemplo, 
cantar straight tone, em inglês. 
3.4 Método de apoio: método de expandir 
Este movimento também é importante e útil no apoio respiratório. Em vez 
de encolher a barriga, você vai usar este mesmo músculo para mantê-la 
expandida enquanto libera o ar de forma controlada. Parece contra intuitivo, mas 
funciona. 
Talvez isso lhe faça rir, mas este é o mesmo movimento que fazemos 
quando precisamos fazer o “número dois” no banheiro. Você pode fazer o 
 
 
17 
seguinte teste e notar que este movimento proporciona ao mesmo tempo 
expansão, resistência e controle. 
Teste seu conhecimento! 
• Inspire, e contraia o reto abdominal desta vez para fora, como se estivesse 
no banheiro. Não se constranja, tente-o. Seus músculos sabem o que fazer! 
• É por isso que às vezes quando você precisa “forçar” um pouco no banheiro, 
involuntariamente sua voz faz um grunhido. Esse músculo está conectado 
com a sua habilidade de produzir sons. 
• Cante uma nota confortável, usando a sílaba “aaaahhhh”. Sustenha esta 
nota o máximo que puder, fazendo essa pressão para fora. 
• É uma sensação estranha no início, mas será de grande ajuda quando 
combinada com o método de encolher, a seguir. 
3.5 Combinando os dois métodos de apoio: expandir e encolher 
Na prática, você usará estes dois métodos em conjunto. Vamos praticar 
seu uso conjunto cantando uma nota bem longa. 
Para este próximo teste, tenha um cronômetro com você, para descobrir 
quanto tempo consegue segurar uma nota utilizando estes métodos. 
Teste seu conhecimento! 
• Inspire, e contraia o reto abdominal para fora, cantando “aaaaahhhhhhhh”. 
Mantenha esse movimento o tempo mais longo possível. 
• Quando sentir que não consegue mais contraí-lo para fora, reverta o 
movimento e comece a encolher a barriga de forma controlada e contínua. A 
nota “aaaaahhhhhh” continua sem interrupção, entre os dois movimentos 
abdominais. 
• Use um cronômetro e veja quanto tempo conseguiu segurar a nota longa. 
Bem mais do que você normalmente conseguia, certo? 
• Continue praticando este método de apoio duplo. De agora em diante, 
sempre que precisar cantar uma frase longa sem respirar, utilize-o. 
• Lembre-se de preparar-se bem para isso com uma inspiração cheia e 
relaxada, em que o ar seja direcionado para baixo e para o “tanque” 
intercostal. Nada mais de respirações peitorais rasas! 
 
 
18 
TEMA 4 – EXPANDINDO SUA CAPACIDADE RESPIRATÓRIA 
Ao praticar exercícios de respiração diariamente, você vai desenvolver 
uma capacidade maior de retenção e gerenciamento de ar para o canto. 
Assim como nadadores e mergulhadores melhoram sua resistência 
praticando e respirando de acordo com a sua técnica, e como atletas e pessoas 
que fazem exercícios aeróbicos expandem sua capacidade cardiorrespiratória 
ao correr e levantar pesos respirando como demanda a sua técnica, esses 
exercícios são o workout (fitness) do cantor, para expandir sua capacidade de 
utilizar a caixa torácica para os melhores resultados possíveis. 
4.1 Gerenciamento de ar 
Uma vez que o cantorcompreende e pratica esses métodos de respiração 
adequada, o próximo passo será aplica-los à música cantada. Cada frase 
musical requere uma quantidade diferente de ar em virtude de sua duração, 
altura das notas, volume e intensidade. 
O objetivo é iniciar a frase musical com todo o ar de que é preciso, e ao 
fim da frase, terminar com o “tanque vazio”, para respirar novo ar. 
Este processo de reaprendizagem pode deixar o cantor cansado ou um 
pouco tonto no início, pela falta de prática em segurar o gás carbônico dentro do 
corpo por mais tempo (devido ao processo de expiração para o canto ser mais 
lento do que o natural). Mas, com a repetição constante e o tempo dedicado a 
aprender essas técnicas, essa forma de respiração e gerenciamento do ar vai se 
tornar uma atividade normal ao cantar. Bocejar constantemente durante estes 
exercícios também é normal, pelo fato de a oxigenação do corpo estar elevada. 
4.2 Resistência e pressão do ar na expiração 
A pressão que se sente quando se prende a respiração com os pulmões 
cheios de ar é a sensação com a qual você deve se familiarizar. Essa pressão 
deve ocorrer na região do diafragma e músculos intercostais, e de maneira 
nenhuma na região da garganta. 
Lembre-se: não se segura a respiração ao cantar – o fluxo de ar deve 
ser contínuo e controlado – mas para fins de se aprender como posicionar o ar 
para criar resistência e pressão, vamos prender o fôlego por alguns segundos 
antes de realizar cada exercício. 
 
 
19 
Durante este momento de segurar a respiração, mantenha a garganta 
(glotis) aberta e relaxada. Mantenha a pressão o mais baixo possível, em direção 
ao seu abdômen. Você pode fazer isso forçando o estômago para fora, como 
feito no método de expandir. 
Essas são ferramentas essenciais para se aprender a cantar sem tensão 
nos músculos do pescoço, mandíbula e face, como também produzir notas e 
frases musicais sólidas, consistentes, e potentes, sem causar danos às pregas 
vocais. Uma técnica excelente de respiração e gerenciamento de ar é o segredo 
de sua longevidade vocal. 
TEMA 5 – EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO: AQUECIMENTO E RESISTÊNCIA 
A seguir, vamos pôr em prática uma lista de exercícios recomendados a 
serem feitos diariamente, até que você domine a técnica de respiração e apoio. 
Após esse período, você poderá escolher os seus exercícios preferidos e mais 
úteis para o aquecimento diário antes de cantar, e revisitar os demais quantas 
vezes achar necessário. 
Assim como a voz deve ser aquecida antes de ser usada, da mesma 
forma o diafragma e os músculos envolvidos na respiração precisam de seu 
próprio aquecimento. Quanto mais exigente é o período a se cantar ou o 
repertório cantado, mais tempo deve ser dedicado a um aquecimento adequado 
de todo o seu sistema respiratório e fonador. Preste atenção especial e tome 
tempo para fazê-lo, antes de apresentações musicais que requerem muita 
concentração e energia prolongadas, como: óperas, musicais, shows ao vivo, 
cantatas, noites de louvor e acampamentos, conferências, concertos vocais, 
cantando em turnês todos os dias ou noites enquanto viaja, cantando em bares 
e locais públicos e barulhentos etc. 
Também faça uso destes exercícios sempre que estiver estressado ou 
nervoso para falar ou cantar em público. 
5.1 Surpresa/Susto 
Objetivo: continuar praticando a inspiração abdominal; experimentar com 
os músculos da máscara facial, e formato da boca; aprender a inspirar 
rapidamente, tomando o máximo de ar possível em uma fração de segundos. 
Metrônomo: não utilizado. 
 
 
20 
• Fique de pé com os pés um pouco distanciados para um bom equilíbrio. 
• Coloque uma mão no peito e a outra no lado, entre as costelas e o 
abdômen. 
• Expire e esvazie os pulmões completamente. 
• Imagine que você acabou de encontrar um grande amigo que não via há 
tempo; inspire pelo nariz e a boca, e eleve os músculos da face para 
demonstrar alegria e surpresa. Sua inspiração deve ser rápida, e o ar deve 
encher o abdômen, e não o peito. 
• Segure o ar por cinco segundos, mantendo a pressão no diafragma, e não 
na garganta. 
• Expire e relaxe a face e o diafragma. 
• Repita este exercício cinco vezes seguidas. 
5.2 “Pneu furado” [TSSSS]: 4/4/4 – 4/4/8 – 4/4/16 – 4/4/máx 
Objetivo: Controlar o tempo de expiração – controlar a pressão do ar 
necessária para um fluxo contínuo de ar pela laringe e pregas vocais. 
Metrônomo: Semínima = 100 bpm. 
• Comece esvaziando os pulmões completamente. 
• Inspire por quatro pulsações (nariz e boca). 
• Segure o ar por quatro pulsações. 
• Expire utilizando o som tssss por quatro pulsações. Ao fim da expiração, 
os pulmões devem estar completamente vazios. 
• Repita duas vezes cada grupo: 4 segundos, 8 segundos, 16 segundos, e 
por último o máximo de tempo que conseguir. 
• Ao fim de cada grupo, os pulmões devem estar vazios. 
• No último grupo, expire devagar, o máximo de tempo que conseguir 
controlar a saída de ar lenta. Quando sentir que não pode mais, pressione 
o abdômen para soltar todo o resto do ar antes de respirar de novo. 
 
 
 
 
 
21 
Figura 12 – “Pneu furado” 
 
5.3 “Pneu staccato” [TSS-TSS-TSS]: 4/4/4 – 4/4/8 – 4/4/16 
Objetivo: acionar e trabalhar os músculos abdominais inferiores – 
aumentar sua resistência, capacidade de apoio e controle da pressão do ar na 
expiração. 
Metrônomo: semínima = 100 bpm. 
• Comece esvaziando os pulmões completamente. 
• Inspire por quatro pulsações (nariz e boca). 
• Segure o ar por quatro pulsações. 
• Expire pressionando os músculos pubianos com acentos fortes e curtos, 
em staccato: [tss-tss-tss-tss] por quatro pulsações. 
• Repita duas vezes cada grupo. Ao fim de cada repetição, os pulmões 
devem estar completamente vazios. 
• Aumente o tempo de expiração como indicado em cada grupo: 8 
pulsações e por último 16 pulsações. 
 
 
 
 
22 
Figura 13 – “Pneu staccato” 
 
5.4 Técnica de canudo – no copo de água 
Objetivo: controle de expiração, com resistência similar à do canto. 
Controlando as bolhas de água formadas por soprar no canudo, para que não 
sejam muito turbulentas, mas que sejam calmas e constantes ao decorrer da 
expiração. O canudo também ajuda a estreitar e focalizar o fluxo de ar para um 
ponto específico, contribuindo para expiração homogênea, econômica, com a 
pressão adequada para as pregas vocais. 
Metrônomo: não utilizado. 
Utilize um canudo não muito largo. Quanto mais estreito o canudo, 
melhor, porém, no início, você deve começar com um canudo não tão estreito 
para desenvolver a própria pressão e resistência gradualmente. Tenha em mãos 
dois ou três canudos de diâmetros diferentes para sentir a diferença na pressão. 
Utilize um copo transparente com um líquido colorido dentro – um 
suco, por exemplo –, para visualizar as bolhas de água com mais facilidade. 
Encha o copo com este líquido até a metade. 
• Inspire pelo nariz e pela boca ao mesmo tempo, sem o canudo. Lembre-
se da inspiração abdominal, não peitoral. 
• De forma controlada e uniforme, sopre pelo canudo e faça bolhas de água 
no copo. 
• Não deixe que as bolhas sejam turbulentas (transbordando fora do copo, 
ou espirrando no seu rosto). 
 
 
23 
• Certifique-se também de que o fluxo de ar seja contínuo e uniforme, 
durante toda a expiração. Controle as bolhas para que tenham a mesma 
altura e frequência durante todo o sopro. 
• Sopre devagar até esvaziar os pulmões completamente. O máximo de 
tempo que você conseguir. 
• Repita este processo oito vezes. Lembre-se de inspirar novamente pelo 
nariz e pela boca, sem o canudo. 
Variação: depois de fazer uma série apenas soprano ar no copo, repita-
a, mas dessa vez cante uma nota grave, – como uma vogal contínua 
uuuuuuuuuu – pelo canudo, criando as bolhas com o sopro e o som ao mesmo 
tempo. 
Variação 2: Alterne sopro e cantando uuuuuuuuuu no mesmo fôlego. 
Mantenhas as bolhas idênticas, quer você esteja vocalizando ou não. 
Este exercíciopode parecer fácil, mas não é. A técnica de canudo para o 
canto tem sido recomendada pelos melhores professores de canto no mundo, 
porque é eficaz para aquecimento, manutenção e reabilitação de vozes. Nas 
futuras aulas, vamos continuar a trabalhar com canudos em vários exercícios. 
Figura 14 – Técnica do canudo 
 
Crédito: Flávio Smile. 
5.5 Vibração labial (BRBRBR): com ar – 4/4/16 –4/4/24 – 4/4/máx 
Objetivo: controle de expiração, com resistência similar à do canto. A 
vibração labial causa um relaxamento natural do aparato fonador, auxiliando a 
eliminação de tensão muscular na face e na garganta. 
Metrônomo: semínima = 80 bpm 
 
 
24 
• Comece esvaziando os pulmões. 
• Inspire por quatro pulsações: (nariz e boca) de forma relaxada e o mais 
baixo possível (abdômen). 
• Segure o ar por quatro pulsações. 
• Utilize a vibração labial – sem som – para expirar o ar controladamente, 
por 16 pulsações (duas vezes); 24 pulsações (duas vezes); e, por último, 
o máximo de tempo que conseguir. 
Figura 15 – Vibração labial I 
 
5.6 Vibração labial: escala de 5 notas: 1-2-3-4-5-4-3-2-1------ 
Objetivo: controle de expiração, com resistência similar à do canto. A 
vibração labial causa um relaxamento natural do aparato fonador, auxiliando a 
eliminação de tensão muscular na face e na garganta. Experimente o exercício 
com fonação (som). 
Metrônomo: semínima = 60 bpm. 
• Comece esvaziando os pulmões. 
• Inspire por quatro pulsações: de forma relaxada e o mais baixo possível 
(abdômen). 
• Segure o ar por quatro pulsações. 
• Utilize a vibração labial – desta vez cantando as primeiras cinco notas das 
escalas diatônicas. Cada nota deverá ser de dois tempos (mínimas). 
• Se o tempo sugerido for muito lento, você pode ajustar para um pouco 
mais rápido. À medida que for expandindo a sua capacidade de 
gerenciamento de ar, pode ajustar de volta para o tempo mais lento. 
 
 
25 
Variação: Se você não consegue vibrar os lábios dessa maneira – muitas 
pessoas não conseguem – faça esse exercício com o canudo no copo com 
líquido. 
De fato, mesmo se consegue vibrar os lábios, produzir estes sons (notas) 
no canudo com líquido é um ótimo exercício para controle do ar na fonação. 
Veja o diagrama a seguir para o exercício – as escalas estão escritas para 
vozes femininas (na clave de Sol), e masculinas (na clave de Fá). 
Figura 16 – Vibração labial II 
 
NA PRÁTICA 
Faça todos os exercícios respiratórios desta aula todos os dias. Nossa 
recomendação é fazê-los de manhã após se levantar; e também à noite, deitado 
 
 
26 
na cama e com o corpo relaxado (com exceção do canudo no copo de água, é 
claro). Esses exercícios podem auxiliar no relaxamento e no cair no sono, já que 
oxigenam bem o corpo e produzem efeitos similares à meditação respiratória. 
Você notará duas coisas: 
Primeiro, você provavelmente vai bocejar muitas vezes ao realizá-los, pois 
o volume de oxigenação elevado causa bocejos. Não se preocupe, isso é normal 
e esperado. Boceje com vontade e de forma relaxada, porque isso faz muito bem 
para a técnica vocal. Talvez se sinta até um pouco tonto – por causa do excesso 
de oxigênio correndo pelo seu corpo. Se isso acontecer, faça intervalos entre os 
exercícios; sente-se até a tontura passar. 
Em segundo lugar, esses exercícios trabalham o abdômen como 
ginásticas abdominais; você poderá sentir esses músculos doloridos e bem 
cansados. Se não estiver sentindo o cansaço e aquela dorzinha de workouts, 
então, é porque não fez os exercícios corretamente. “Malhe” o seu diafragma 
agora, para não precisar pensar nisso mais tarde – todos esses movimentos se 
tornarão naturais com o tempo. 
FINALIZANDO 
Respirar é a atividade mais natural do mundo. Do momento em que você 
acorda até o momento em que você dorme, você pode praticar muitas dessas 
técnicas em público, em qualquer lugar, sem alterar suas atividades: em frente 
ao computador, no carro, transportes públicos, na fila do caixa, na igreja, na 
escola, assistindo à TV, jogando videogame, no restaurante, caminhando etc. 
Além de beneficiar a sua voz cantada, respirar bem traz muitos benefícios para 
a sua saúde. A oxigenação do corpo alivia o stress e a ansiedade, ajuda a dormir 
melhor, auxilia o metabolismo e até previne doenças. Respirar de forma aberta, 
completa e controlada deve tornar-se o seu modo de operação padrão. 
Felizmente, não é difícil dominar essa atividade. 
A atenção à respiração é algo imperativo. Quando estamos nervosos para 
falar ou cantar em público, não importa o nível de esperteza ou experiência, a 
respiração é a primeira coisa que “foge pela janela”. Lembre-se disso e esteja 
consciente, prestando ainda mais atenção em situações de nervosismo, ao se 
apresentar em público. 
Lembre-se sempre de respirar fundo durante a introdução da música, e 
em todos os intervalos instrumentais possíveis. Esse pequeno ato vai reativar 
 
 
27 
seu sistema de memória muscular, e todo o trabalho colocado funcionará como 
uma máquina bem calibrada. 
 
 
 
 
 
28 
REFERÊNCIAS 
PHILIPS, P. S. Canto Para Leigos. 2. ed. Rio de Janeiro: Starlin Alta Editora e 
Consultoria Eireli, 2013. 
BAÊ, T.; PACHECO, C. C. Equilíbrio entre corpo e som – princípios da 
fisiologia vocal. São Paulo: Irmãos Vitale Editores Ltda., 2006.

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