Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Módulo dermatO DEFINIR IATROGENIA E SEUS TIPOS Iatrogenia pode ser definida como uma síndrome não punível, caracterizada por dano inculpável, no corpo ou na saúde do paciente, consequente de uma aplicação terapêutica, isenta de responsabilidade profissional – ou seja, não gera o dever de indenizar. São manifestações- consequências- decorrentes do emprego de medicamentos em geral, atos cirúrgicos ou quaisquer processos de tratamento feitos pelo médico; É a ocorrência de dano previsível e necessário, que tem como pressuposto a vontade do médico dirigida a um determinado resultado, o qual só poderá ser alcançado através do procedimento técnico recomendado. Lesão necessária proveniente de ato médico Ex: amputação de membro inferior para que se evite o alastramento de uma infecção REQUISITOS PARA CONFIGURAÇÃO DA IATROGENIA Necessidade da conduta médica Ponderação a respeito dos impactos de determinada conduta médica, especificamente os benefícios e os danos que ela pode acarretar. Sopesar dos princípios da beneficência e não maleficência, objetivando máximos benefícios e mínimos prejuízos Previsibilidade do dano Sinalização dos possíveis danos que aquela conduta – necessária- pode desencadear. O dano deve ser conhecido e previsto, de modo que paciente possa manifestar seu consentimento com tal possibilidade de ocorrência. OBS: É dotado de previsibilidade tudo aquilo que ainda não ocorreu no mundo dos fatos, mas que pode ser previsto, antecipado A previsibilidade recai sobre as possíveis consequências lesivas advindas de uma intervenção médica. O grau de previsibilidade do dano deverá ser aferido conforme o estágio da medicina no momento da prática do ato médico. Cumprimento do dever de informar É necessário que o paciente esteja esclarecido e tenha consciência da necessidade, bem como dos possíveis danos da conduta médica - que se dará única e exclusivamente em busca do resguardo de sua saúde. A IMPORTÂNCIA DO DERVER DE INFORMAR NA CONFIGURAÇÃO DA IATROGENIA Ainda que o dano materializado seja independente da boa técnica empregada, ou até inerente ao procedimento realizado, o médico poderá ser responsabilizado pela violação do dever de informar. Consentimento Livre e Esclarecido (Recomendação CFM nº 01/2016) Possibilita uma decisão segura do paciente para a realização de procedimentos médicos. Necessidade de esclarecimento claro, pertinente e suficiente sobre justificativas, objetivos esperados, benefícios, riscos, efeitos colaterais, complicações, duração, cuidados e outros aspectos específicos ao procedimento. A forma verbal é a normalmente utilizada para obtenção de consentimento, devendo o fato ser registrado em prontuário. Contudo, recomenda-se a elaboração escrita A redação do documento deve ser feita em linguagem clara, que permita ao paciente entender o procedimento e suas consequências, na medida de sua compreensão. Os termos científicos, quando necessários, precisam ser acompanhados de seu significado, em linguagem acessível. DIFERENCIAR IATROGENIA E ERRO MÉDICO Iatrogenia e erro médico são conceitos inconciliáveis e incompatíveis, a percepção de ocorrência de uma exclui a ocorrência de outra. A lesão iatrogênica seria aquela previsível, decorrente de procedimento necessário e realizado pelo médico de maneira diligente. Não gera responsabilidade em nenhuma de suas esferas, aproximando-se de uma imperfeição dos conhecimentos científicos. Aqui, o médico adota conduta consciente e deliberada, direcionada a um determinado resultado, qual seja, a melhoria do estado de saúde de seu paciente Sp3 - Amortece, arde e doi. 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 As falhas no exercício da profissão - erro médico -, por sua vez, ingressam no âmbito da ilicitude e da responsabilidade civil, na medida em que o profissional age com culpa. A falta do dever objetivo de cuidado traz efeitos indesejáveis, que poderiam ter sido evitados pelo médico. CONHECER A PREVENÇÃO QUARTERNÁRIA Pensando em como melhorar a assistência médica, o belga Marc Jamoulle propôs, em 1999, o conceito de Prevenção Quaternária (P4), o qual consiste basicamente em prevenir a medicalização exagerada, sobretudo em casos de estado de pré-doença ou indicadores de risco, e evitar intervenções desnecessárias, buscando reduzir danos à saúde do paciente por meio de práticas qualificadas, personalizadas e humanizadas de cuidado. Esse tipo de prevenção é, segundo a teoria de Jamoulle, o último nível nessa linhagem assistencial, e vai além da conscientização e imunização, que são praticados na atenção primária; das ações para a detecção precoce de problemas de saúde em estágio inicial a fim de facilitar a cura, que define a secundária; e de um efetivo tratamento e/ou reabilitação de um paciente com um problema de saúde já instalado e diagnosticado, que caracteriza a terciária. A P4 enfatiza o perigo do adoecimento iatrogênico (conceito que se refere a um estado de adoecimento, efeitos adversos ou complicações causadas por ou resultantes de uma intervenção médica), o excesso de intervenções e a medicalização desnecessária. Esse nível de prevenção se faz muito necessário e efetivo quando se pensa nos excessos – de rastreamento, de exames e de medicamentos – praticados nos cuidados. É importante avaliar todos os riscos e benefícios de determinada intervenção médica. O rastreamento, por exemplo, serve para identificar patologias em estágio precoce e controlar riscos, mas também pode detectar pequenas alterações ou mesmo doenças que provavelmente não causariam problemas no futuro – e que podem levar à realização de procedimentos desnecessários, como biópsias, tratamentos medicamentosos e até mesmo cirurgias. Já em relação aos exames, por pressão aplicada muitas vezes pelos próprios pacientes, médicos solicitam mais do que o necessário, algo que também pode trazer danos à saúde, vide o caso da radiação em exames de raio-X. A medicalização, por sua vez, historicamente passou a ser empregada para fatores de risco, como hipertensão arterial ou colesterol alto, que agora são tratados como e entendidos pelos pacientes enquanto “doenças”. ESTUDAR OS CRITÉRIOS DE BEERS 2019 Os critérios de BEERS são uma lista de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos, que devem ser evitados, ou quando necessários, prescritos com cautela e monitorados rigorosamente. Os critérios de Beers são baseados num consenso de peritos na área dos cuidados geriátricos, farmacologia clínica e psicofarmacologia. Estes critérios são feitos para serem aplicados a doentes com 65 ou mais anos. 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022
Compartilhar