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A perspectiva do Serviço Social de caso, grupo e comunidade

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A perspectiva do Serviço Social de caso, 
grupo e comunidade
Apresentação
O Serviço Social brasileiro, a partir das décadas de 1940 e 1950, passa a receber forte influência 
norte-americana e dos aportes teóricos do positivismo e da teoria funcionalista. Essa aproximação 
não ocorre de maneira isolada no que se refere à política econômica do país. Era um momento de 
grandes transformações políticas, econômicas e sociais no país, o que passou a exigir das 
assistentes sociais uma nova forma de atuação profissional.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre a influência norte-americana no Serviço 
Social brasileiro e, assim, compreender as técnicas do serviço social de caso, grupo e comunidade e 
as transformações ocorridas no interior da categoria dos assistentes sociais nesse período.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Contextualizar o serviço social de caso, grupo e comunidade no momento histórico em que se 
desenvolveu.
•
Identificar o arcabouço teórico que embasava a ação profissional de caso, grupo e 
comunidade.
•
Descrever as transformações ocorridas no interior da categoria dos assistentes sociais e seus 
desdobramentos.
•
Desafio
O Serviço Social de Comunidade surgiu como técnica da intervenção no Serviço Social norte-
americano, entretanto no Brasil ela passa a ser uma das principais ferramentas de atuação dos 
assistentes sociais entre a década de 1950 e 1960. Nesse início, tratava-se de uma atuação 
moralizadora de ajustamento do indivíduo e da sociedade. Com o desenvolvimento da profissão, o 
modo de compreender as expressões da questão social modificou-se de uma perspectiva 
moralizante para emancipatória, compreendendo que a desigualdade social promove a pobreza das 
comunidades.
A atuação dos assistentes sociais nas comunidades passa a ser para o desenvolvimento dos 
territórios, em que a população se reconhece enquanto sujeito de direitos, não somente de forma 
individual, mas principalmente na união do coletivo. A perspectiva de trabalho com as comunidades 
permanece, o que se modifica é o modo como o assistente social olha para a realidade.
Assim, o trabalho a ser desenvolvido com as comunidades deve ter como objetivo a emancipação 
social não somente do indivíduo, mas do território como um todo. Deve promover o 
desenvolvimento local a partir da organização coletiva.
Utilizando o texto descrito no início, descreva como será o planejamento da ação a ser 
desenvolvida na comunidade das Laranjeiras.
Infográfico
Neste infográfico, você verá sobre as técnicas que fazem parte do serviço social de caso, com base 
na obra "Serviço Social: processos e técnicas", da autora Balbina Ottoni Vieira, de 1977. Observe 
que muitas das técnicas descritas são utilizadas atualmente, o que se modifica é como se percebem 
as expressões da questão social, bem como a visão sobre o usuário. Se antes a questão social era 
vista como caso de polícia e o usuário deveria ser educado para viver de forma harmônica na 
sociedade, atualmente o assistente social trabalha na perspectiva da emancipação e garantia de 
direitos.
 
Conteúdo do livro
O Serviço Social norte-americano ou Social Work se constituiu em um momento importante para o 
Serviço Social, pois tratou-se do desenvolvimento de um aparato científico e técnico para o avanço 
do serviço social enquanto profissão. Esse avanço deve-se à atuação de mulheres como Mary 
Richmond e Jane Addams. Suas obras influenciaram inclusive o Serviço Social brasileiro.
Acompanhe a leitura do capítulo A perspectiva do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade, 
para conhecer a influência do Serviço Social norte-americano no Brasil. O capítulo faz parte da obra 
Fundamentos Histórico e Teórico Metodológicos do Serviço Social III e IV, que serve como referencial 
teórico para esta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
FUNDAMENTOS 
HISTÓRICO E 
TEÓRICO 
METODOLÓGICOS 
DO SERVIÇO 
SOCIAL III E IV
Vanessa Azevedo
A perspectiva do Serviço 
Social de Caso, Grupo 
e Comunidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Contextualizar o Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade no 
momento histórico em que se desenvolveu.
  Identificar os princípios teóricos que embasavam a ação profissional 
de Caso, Grupo e Comunidade.
  Descrever as transformações ocorridas no interior da categoria dos 
assistentes sociais e seus desdobramentos.
Introdução
O Serviço Social brasileiro, a partir das décadas de 1940 e 1950, passa 
a receber forte influência norte-americana e dos aportes teóricos do 
positivismo e da teoria funcionalista. Essa aproximação não ocorre de 
maneira isolada, já que, na política econômica do país, isso também 
estava ocorrendo. Tratava-se de um momento de grandes transforma-
ções políticas, econômicas e sociais no país, o que passou a exigir das 
assistentes sociais uma nova forma de atuação profissional.
Neste capítulo, você vai estudar sobre a influência norte-ameri-
cana no Serviço Social brasileiro e, a partir disso, vai compreender 
as técnicas do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade e as 
transformações ocorridas no interior da categoria dos assistentes 
sociais nesse período.
C09_FUNDAMENTOSIII_perspectiva_ServicoSocial_caso_grupo_comunidade.indd 1 12/04/2018 17:15:24
Conjuntura do surgimento do Serviço 
Social de Caso, Grupo e Comunidade
Dentro do processo de legitimação profi ssional, uma das primeiras pessoas 
que se preocupou em refl etir e sistematizar cientifi camente o Serviço Social 
e como deveria ser desenvolvido o exercício profi ssional das primeiras assis-
tentes sociais foi a americana Mary Richmond. A partir de sua sistematização, 
Richmond ofereceu ao Serviço Social as bases técnicas de trabalho, amparada 
nos aportes teóricos da Sociologia, a partir do que desenvolveu: a técnica 
de abordagem individual, conhecida como Serviço Social de Caso; com o 
objetivo de atender a uma maior demanda, o chamado Serviço Social de 
Grupo; e, com a intervenção direta nos territórios, a técnica de Organização 
e Desenvolvimento de Comunidade.
Essa influência chega ao Brasil na década de 1940, período em que o país 
vivia a consolidação do capitalismo industrial, com base em uma política 
financeira que tinha como objetivo expansão e organização do mercado interno, 
capitalização e acumulação do setor. Esse período também foi acompanhado 
do aumento da exploração da força de trabalho, que crescia cotidianamente 
devido à migração da população do campo para cidade. O Brasil vivia o cha-
mado Estado Novo, os trabalhadores reivindicavam melhores condições de 
trabalho e vida na cidade e o Estado e a burguesia necessitavam das camadas 
populares para legitimar o novo modelo de econômico (Figura 1).
Figura 1. Reivindicação dos trabalhadores no Estado Novo.
Fonte: Sousa (2018, documento on-line).
A perspectiva do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade2
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Além disso, nesse período, o Brasil também passava pela repressão da 
ditadura varguista, que, apesar de querer legitimar o Estado Novo, também 
tinha a intenção de neutralizar os componentes revolucionários e, ao mesmo 
tempo, fortalecer a estrutura corporativista do Estado. Nessa perspectiva, 
a nova política tinha dois claros objetivos: a consolidação do processo de 
industrialização e o enquadramento da população urbana. A criação e o de-
senvolvimento de instituições previdenciárias e assistenciais faziam parte do 
projeto de reforma planejado pelo Estado, tendo como principal característica 
propiciar benefícios assistenciais aos trabalhadores.
A grande mudança, nesse período, ocorreu nas relações, pois o Estado passou 
a intervir diretamente nas relações entre a burguesia e a classe trabalhadora e 
realiza, para além da regulamentação do mercado de trabalho (a partir de legis-
lações trabalhistas e sociaisespecíficas), a gestão e a organização da prestação 
dos serviços sociais como uma forma de enfrentamento das expressões da 
Questão Social. As condições de vida e de trabalho da classe operária passam a 
ser consideradas na formulação de políticas sociais como base para a sustentação 
do poder da classe dominante sobre a sociedade como um todo (IAMAMOTO, 
1992). Trata-se de atrelar o enfrentamento do processo de pauperização da 
classe trabalhadora urbana à garantia dos níveis de produtividade do trabalho, 
necessário para que o capitalismo industrial seguisse sua expansão do Brasil.
Desse modo, o Estado Novo se utilizava da classe operária com base em 
uma política de massa, que, ao mesmo tempo em que protege, também reprime 
os movimentos reivindicatórios. Para isso, utilizam legislações sociais e sin-
dicais, além de criar um aparato assistencial que regulava o trabalho e criava 
políticas sociais e assistenciais. A própria burguesia, muitas vezes, realizava 
esse serviço a partir da Legião Brasileira de Assistência (LBA) e do Serviço 
Nacional de Aprendizagem Industrial, ambos criados em 1942, e, no ano de 
1946, o Serviço Nacional Aprendizagem Comercial (SENAC), demonstrando 
a intrínseca relação entre as políticas governamentais e a burguesia industrial.
Esse período coincidiu com a legitimação do Serviço Social enquanto profissão 
e questionamento sobre a vinculação da profissão com a Igreja Católica: os assis-
tentes sociais se instauravam como categoria assalariada, fortemente vinculada 
às políticas sociais implementadas pelo Estado e ao mercado de trabalho, que se 
expandia devido à criação das instituições geridas pelo setor industrial. Todavia, 
apesar da expansão da categoria, havia uma carência de conhecimentos teóricos 
e técnicos necessários que desse conta das novas demandas da profissão e que 
respondessem ao desenvolvimento capitalista industrial e à expansão urbana.
Desse modo, o Serviço Social brasileiro busca, nas concepções norte-ame-
ricanas, a base para o conhecimento e intervenção para a sua renovação, e, com 
3A perspectiva do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade
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isso, há um processo de racionalização da caridade e de organização da ajuda. 
As autoras que se destacaram nesse período foram Mary Richmond, nos Estados 
Unidos, e Balbina Ottoni Vieira, posteriormente, no Brasil. O Serviço Social 
norte-americano se confirmou em um contexto de transformações societárias, 
principalmente após a quebra da bolsa de Nova York, no ano de 1929, e com a 
inauguração da política keynesiana, que tinha como proposta nova modalidade 
de intervenção estatal sobre as expressões da Questão Social. No Brasil, essa 
influência aconteceria após a Segunda Guerra Mundial, no fim dos anos de 1930, 
quando ocorre a substituição da formação exclusivamente religiosa da vertente 
europeia para a norte-americana, que repercutiria diretamente nos currículos 
das Escolas de Serviço Social e na intervenção profissional.
A política keynesiana é uma teoria econômica do século XX que se baseia nas ideias 
do economista inglês John Maynard Keines, que defendia que o Estado deveria intervir 
na economia como meio para atingir o pleno emprego.
Suas principais ideias eram:
  intervenção do Estado na economia, principalmente nas áreas em que a iniciativa 
privada não teria capacidade ou não teria interesse em atuar;
  ser contra o liberalismo econômico;
  defender que o Estado deveria realizar medidas econômicas para assegurar o 
pleno emprego;
  dar ao Estado o papel de estimular a economia em momentos de crise e recessão 
econômica.
Essa política se enfraqueceu muito, nas últimas décadas, com o avanço do 
neoliberalismo.
Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade
Com a confi rmação da sociedade capitalista no Brasil, a partir da década 
de 1940, os assistentes sociais foram convocados a reformular suas práti-
cas profi ssionais, o que acabou por aproximar a categoria ao Serviço Social 
norte-americano. Considerava-se, nesse período, que o Serviço Social dos 
Estados Unidos se encontrava mais avançado em razão da sistematização da 
intervenção profi ssional, com a qual a população receberia ajuda por meio 
de uma prática moralizante e educativa, em que se considera que a pobreza 
A perspectiva do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade4
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está diretamente ligada a uma questão moral – o trabalho seria realizado com 
as famílias operárias, com o intuito de alcançar maior controle do indivíduo.
Destacou-se o congresso realizado em Atlantic City, em 1941, no Estados 
Unidos, o I Congresso Interamericano de Serviço Social, que tinha como objetivo 
estreitar os laços entre as principais escolas de Serviço Social brasileiras e as a 
grandes instituições, escolas e programas de bem-estar social norte-americanos. 
Essa parceria se consolidou a partir de um sistema de bolsas oferecidas para 
as assistentes sociais Nadir G. Kfouri (Serviço Social dos Casos Individuais) e 
Helena Iracy Junqueira (Organização Social de Comunidade e Administração 
de Obras) irem aos Estados Unidos para aprender sobre o Serviço Social norte-
-americano, experiência que impactou no currículo das escolas brasileiras.
Esse contexto fez com que as assistentes sociais brasileiras se aproximassem 
de autoras como Mary Richmond, que pauta sua ação profissional em uma 
análise médica da pobreza a partir de uma análise terapêutica, passível de 
diagnóstico e tratamento. Nessa proposta, as expressões da Questão Social, 
além de serem consideradas falta de moral, passam a ser vistas como uma 
doença que deveria ser tratada. Richmond foi primeira autora a fazer distinção 
entre assistência social, caridade, filantropia e Serviço Social. Em seu primeiro 
livro, publicado em 1917, Case Social Word? (Caso Social Individual ou ainda 
Serviço Social de Caso), verifica-se a preocupação em realizar uma prática 
profissional séria, competente e rigorosa. Essa obra oferece à profissão bases 
técnicas e formas de trabalhar com as quais os assistentes sociais passam a 
se reconhecer enquanto conjunto profissional.
No que se refere ao Serviço Social de Caso, sua proposta metodológica 
é de que a intervenção se realize com o foco no desenvolvimento de caráter 
para, assim, formar uma sociedade estruturada – nessa perspectiva, os sujeitos 
precisam ser ajustados para viver numa sociedade que é considerada perfeita. 
No Brasil, essa proposta é desenvolvida dentro de uma concepção cristã na 
qual os assistentes sociais deveriam buscar desenvolver a individualização, a 
autodeterminação, o não julgamento, a aceitação, o relacionamento, de modo 
que a Questão Social é um problema individual e moralizante.
Nesse tipo de intervenção, o primeiro contato do “cliente” ocorreria com 
base no plantão social, no qual o profissional realizaria um diagnóstico e pres-
creveria um tratamento para a superação do problema trazido pelo “cliente”. 
No diagnóstico, o assistente social realiza a significação dos incidentes, 
comportamentos e do histórico apresentado pelo sujeito; nessa fase, há uma 
preocupação por parte do profissional em realizar a interação causal entre 
as atitudes do indivíduo e os problemas que ele tem. O objetivo, no Serviço 
Social de Caso, é o desenvolvimento da personalidade a partir de ajustamen-
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tos conscientemente realizados pelo assistente social. As principais técnicas 
utilizadas nessa proposta de intervenção são entrevistas e relatórios.
O Serviço Social de Grupo tem como principal autora Gisella Konopka, 
assistente social e psicanalista alemã que desenvolveu o método no ano de 1935, 
propondo como intervenção o enfrentamento dos problemas sócias e pessoais combase na troca de experiências em grupo. A autora considerava que o trabalho em 
grupo ajudava os indivíduos a serem mais funcionais a partir da troca de experiência 
com os outros participantes do grupo (KONOPKA, 1972). O objetivo era ajudar 
os sujeitos a solucionar problemas pessoais, de relacionamento ou de ajustamento 
social e, assim, prepará-los para participar de maneira ativa e efetiva na sociedade. 
Além disso, buscava identificar possíveis líderes na comunidade e, dessa forma, 
capacitá-los para assumir responsabilidades civis e sociais na sociedade.
Ao utilizar o método Serviço Social de Grupo, o assistente social deveria 
atuar de forma preventiva, educativa e promocional, a fim de desenvolver não 
somente o “cliente”, mas também a comunidade. A intervenção consistia em 
duas etapas: o diagnóstico e o tratamento social dos membros e do grupo. Os 
princípios que caracterizam esse método são (KONOPKA, 1972):
  Individualização: reconhecimento de que cada membro e cada grupo é 
único e, por isso, precisam de técnicas diferentes para serem auxiliados.
  Aceitação de cada membro do grupo: reconhecimento das necessidades, 
motivações e personalidade de cada sujeito.
  Estabelecimento de uma relação que tenha por objetivo a ajuda.
  Estímulo de relações positivas e de cooperação no grupo.
  Flexibilidade no processo de grupo: respeito às determinações coletivas 
do grupo para que, assim, seja assumida coletivamente a responsabi-
lidade pelo andamento do grupo.
  Qualificação dos membros para que busquem realizar um processo 
grupal satisfatório.
  Avaliação permanentemente do processo grupal.
Segundo Konopka (1972), as técnicas para atuação dos assistentes sociais 
com grupos são duas: técnicas de procedimento, que seriam a fase de dar 
ajuda – identificação, objetivo profissional, estudo, diagnóstico, tratamento, 
seleção dos objetivos do grupo, etc.; e técnicas de interação, com aceitação 
dos membros, interpretação, planejamento, controle e interação.
Outro método utilizado no serviço social norte-americano foi o Serviço 
Social de Comunidade. A implantação desse método foi realizada por Jane 
Addams em Settlement Houses (Centros Comunitários). Nessa proposta, os 
A perspectiva do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade6
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assistentes sociais trabalham com temáticas como ação comunitária e mo-
bilização social. Foi um método amplamente difundido nos Estados Unidos 
por organizamos internacionais para o desenvolvimento das comunidades 
carentes em países subdesenvolvidos; no Brasil, surgiu entre as décadas de 
1950 e 1960 para a promoção do desenvolvimento econômico.
O Serviço Social no Brasil, utilizando o método de Comunidade, toma como 
responsabilidade fortalecer as comunidades, desenvolvendo o protagonismo 
das mesmas a partir de ações coletivas e integradas entre sociedade e Estado, 
como uma maneira de superar a pobreza e o subdesenvolvimento do país.
Essa proposta resultou na valorização dos assistentes sociais brasileiros, 
com a qual os profissionais passaram a se ver como agentes de transformação, 
o que levou à criação do Serviço Social Rural a partir da Lei n° 2.631 de 1952. 
Destaca-se a revisão curricular, realizada nesse mesmo período, para atender 
às exigências nacionais e internacionais. Até 1951, a literatura adotada para 
a formação dos assistentes sociais era toda produzida nos Estados Unidos – 
ênfase para a obra Community Organization (1948), de Wayne Mac Millen, 
como um dos textos adotados pelas escolas de Serviço Social (VIEIRA, 1989).
Os instrumentais utilizados no Serviço Social de Comunidade são: entrevista 
individual para conhecer os sujeitos da comunidade e suas principais demandas; 
dinâmica de grupo para que os indivíduos da comunidade se conheçam; reuniões 
para tomada de decisão dos moradores da comunidade; relatórios e diários de 
campo, observação, debates e seminários. No contexto de desenvolvimento, 
as Organizações Não Governamentais (ONG’S) foram os espaços de fortale-
cimento da comunidade como um todo, nos quais foram realizados cursos de 
enfermagem, cozinha, construção civil, entre outros. Organizava-se, também, 
prestação de serviços para idosos, mães, jovens, crianças, etc., além de reuniões 
com o propósito de atividades culturais e educacionais.
Apesar de ter sido um grande avanço para o Serviço Social Brasileiro ter se 
utilizado do Serviço Social norte-americano, destaca-se que este era baseado 
em uma atuação permeada pelo caráter conservador da teoria positivista, com 
orientação funcionalista e um caráter moralizador, a partir do qual o individuo 
deveria se ajustar à harmonia da sociedade.
Impacto do Serviço Social norte-
-americano no Brasil
O Serviço Social brasileiro passou a receber a infl uência norte-americana a 
partir de 1941, quando o Governo Getúlio Vargas estreitou suas relações com 
7A perspectiva do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade
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o governo norte-americano de Franklin Roosevelt, que tinha como metas o 
fortalecimento do capitalismo, a luta contra o comunismo e a hegemonia dos 
Estados Unidos em todo o continente americano. No que se refere ao Serviço 
Social, a infl uência se deu a partir das técnicas de atuação profi ssional e do 
aporte teórico do positivismo e do funcionalismo.
Foi em 1945 que o Serviço Social latino-americano passou a utilizar as 
técnicas funcionalistas originadas na Sociologia norte-americana. A partir 
dessa da influência norte-americana, chega ao Brasil o conhecimento técnico 
e científico para além da contribuição moralista e assistencialista da escola 
europeia, que não tinha uma escola científica sólida. O Serviço Social brasileiro 
passa a ter um caráter funcionalista e estruturalista de análise da sociedade e, 
assim, busca adequar os indivíduos “desajustados” à sociedade.
A concepção funcionalista pressupunha que o indivíduo deveria se integrar 
ao bom funcionamento da sociedade proposta pela classe dominante, a bur-
guesia. Nessa proposta, era enfatizado o trabalho em grupos e comunidade, 
utilizando a interação entre os sujeitos como proposta terapêutica. No Brasil, 
a teoria funcionalista ganhou espaço, pois respondia aos interesses da ordem 
e da lógica burguesa instaurada na sociedade civil e no Estado brasileiro.
As décadas de 1940 a 1960 se constituíram em um novo e amplo campo 
para os assistentes sociais, no qual instituições assistenciais públicas e grandes 
empresas (especialmente as indústrias) passaram a ter um crescente interesse 
no trabalho dos assistentes sociais, considerando que esses profissionais tinham 
habilidades para induzir mudanças na população em direção à estabilidade e 
à harmonia social em prol da sociedade dominante.
Nessa perspectiva, exigiu-se da profissão a qualificação e a sistematização 
de seu espaço sócio-ocupacional, para, assim, atender às novas configurações do 
desenvolvimento capitalista e de um Estado que começava a implantar as políticas 
públicas e sociais. Esse é o cenário no qual a categoria ganha espaço enquanto 
profissão e se insere na divisão sociotécnica do trabalho, reconhecendo-se como 
profissionais assalariados, o que coloca o Serviço Social brasileiro diante da 
matriz positivista, com perspectivas de ampliação dos seus referenciais técnicos.
Essa época foi denominada por Iamamoto e Carvalho (2003) como um 
arranjo teórico-doutrinário no qual se une o discurso humanista cristão ao 
aporte técnico científico de inspiração na teoria social positivista, reiterando, 
para a profissão, o caminho do pensamento conservador, amparado pela teoria 
das Ciências Sociais.
A perspectiva do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade8
C09_FUNDAMENTOSIII_perspectiva_ServicoSocial_caso_grupo_comunidade.indd 8 12/04/2018 17:15:25
IAMAMOTO, M. V. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social: ensaioscríticos. 
São Paulo: Cortez, 1992. 
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações sociais e o serviço social no Brasil: esboço de 
uma interpretação histórico-metodológica. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
KONOPKA, G. Serviço Social de grupo: um processo de ajuda. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Zahar, 1972.
SOUSA, R. Era Vargas: Estado Novo. 2018. Disponível em: <https://brasilescola.uol.
com.br/historiab/vargas.htm>. Acesso em: 12 abr. 2018.
Leituras recomendadas
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Serviço Social: direitos sociais e competências 
profissionais. Brasília, DF: CFESS/ABEPSS, 2009.
FORTI, V.; GUERRA, Y. (Org.). Ética e Direitos: ensaios críticos. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2013.
IAMAMOTO, M. V. A Questão Social no Capitalismo. Revista Temporalis, v. 2, n. 3, p. 
9-31, 2001.
IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação pro-
fissional. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003. 
REVISTA SERVIÇO SOCIAL E SOCIEDADE. São Paulo, n. 108, 2011. Disponí-
vel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0101-
-662820110004&lng=pt&nrm=is>. Acesso em: 12 abr. 2018.
SIMÕES, P. A profissionalização do serviço social: debate internacional. In: ENCONTRO 
ANUAL DA ANPOCS. 28., Caxambu, 2004. Artigos... São Paulo: ANPOCS, 2004. Disponível 
em: <http://www.anpocs.com/index.php/papers-28-encontro/st-5/st12-4/3980-
-jsimoesneto-a-profissionalizacao/file>. Acesso em: 12 abr. 2018.
VIEIRA, B. O. História do serviço social: contribuição para a construção de sua teoria. 5. 
ed. Rio de Janeiro: Agir, 1989.
VIEIRA, B. O. Serviço Social: Precursores e Pioneiros. Rio de Janeiro: Agir, 1984.
WANDERLEY, M. B. Metamorfoses do Desenvolvimento de Comunidade. São Paulo: 
Cortez, 1993.
YAZBEK, M. C. Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos do Serviço Social. 
In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Serviço Social: direitos sociais e compe-
tências profissionais. Brasília, DF: CFESS/ABEPSS, 2009. p. 143-164.
9A perspectiva do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade
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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
 
Dica do professor
No vídeo dessa unidade, serão apronfundados alguns aspectos do serviço social de grupo, mais 
especialmente sobre as ideias de Konopka.
Assista!
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/fc8bc91bbde6fcdabc33277c1e19753a
Na prática
No Brasil, o direito à moradia só passou a ser um direito social a partir da Emenda Constitucional nº 
26/2000, através de um Projeto de Lei, proposto à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, 
alterando o Artigo 6º da Constituição Federal de 1988. Entretanto, ainda hoje a moradia não é vista 
por muitas pessoas como um direito social. São necessários esforço político e mobilização da 
comunidade para que a habitação se consolide enquanto direito.
Através de uma prespectiva emancipadora, o assistente social deverá desenvolver com a 
comunidade propostas de desenvolvimento do território:
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Trajetória histórica do serviço social e políticas urbanas- retorno 
à práticas de apoio à remoção de moradores de favelas?
O artigo aborda trabalho do Serviço Social nas intervenções públicas em favelas, analisando os 
principais pontos de inflexão teórica e política na trajetória da profissão, em sua inserção no espaço 
urbano.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1427799038_ARQUIVO_SimposioNacionaldeHistoria2015.pdf

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