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FORMAS DE GOVERNO
As formas de governo se referem à organização política para exercício do poder e atualmente são reduzidas a apenas duas: Monarquia e República. Assim, antes de compreendermos adequadamente as características e espécies dessas formas de governo, cabe-nos apresentar algumas classificações clássicas, com o propósito de compreendermos a posição histórica do problema das formas de governo, bem como trabalharmos algumas nomenclaturas relevantes para o estudo da Ciência Política.
CLASSIFICAÇÃO DE ARISTÓTELES
Aristóteles classifica as formas de governo a partir da quantidade de pessoas que podem exercer o poder: uma só, uma minoria ou uma maioria de pessoas; e ainda classifica o governo como justo ou injusto, conforme o exercício do poder busque o bem de todos (justo) ou o bem de grupos particulares (injusto).
Nesse sentido, estabelece a Monarquia, a Aristocracia e a República como respectivamente as formas justas de governo de um, de uma minoria ou da maioria, as quais podem se degenerar nas seguintes formas injustas, respectivamente: Tirania, Oligarquia e Democracia. A degeneração significa dizer que tais formas buscam interesses de grupos, mas não de todos. Curiosamente, a palavra democracia é colocada para designar o governo desvirtuado de uma maioria, uma vez que visa apenas ao favorecimento dos pobres, na leitura de Aristóteles. Assim, esquematicamente temos:
Repare que, para Aristóteles, é possível ao governo de um ou de uma minoria ser justo, o que é inconcebível para nós; afinal, sendo a democracia o governo do povo, pelo povo e para o povo, ela aparece na modernidade e se solidifica no contexto político ocidental como um valor quase absoluto e, portanto, qualquer forma de governo aristocrática ou monocrática parece a priori injusta aos nossos olhos. Isso, pois estamos preocupados com a forma; Aristóteles, por sua vez, preocupa-se com o fim (em grego, telos) e, portanto, sendo o governo exercido no proveito de todos, não importa a quantidade de governantes.
O mesmo argumento deve ser utilizado para justificar o fato de Aristóteles apontar a democracia como sendo a forma desvirtuada do governo da maioria. Ele se preocupa com a finalidade e considera injusto o governo que exerce o poder somente em favor das massas e dos pobres. Vale ressaltar ainda que Aristóteles e seu professor Platão possuem especial desprezo pela democracia ateniense que, como se sabe, condenou Sócrates à morte.
CLASSIFICAÇÃO MODERNA: MONARQUIA E REPÚBLICA
Uma classificação notável acerca das formas de governo está em Montesquieu, que logo no primeiro capítulo do clássico Do Espírito das Leis, nos diz que “existem três espécies de governo: o Republicano, o Monárquico e o Despótico” e conclui dizendo que o “governo republicano é aquele em que o povo, como um todo, ou somente uma parcela do povo, possui o poder soberano; o Monarquia é aquele em que um só governa, mas de acordo com leis fixas e estabelecidas, enquanto, no governo despótico, uma só pessoa, sem obedecer a leis e regras, realiza tudo por sua vontade e seus caprichos”.
A classificação de Montesquieu, portanto, aponta para duas formas de República: as democráticas e as aristocráticas (Assim, a república pode se caracterizar como uma democracia, quando o povo possui o poder soberano ou como uma aristocracia quando o poder está nas mãos de apenas uma parte do povo); para a Monarquia limitada por leis; e, por fim, para o modelo despótico, ilimitadamente exercido por um só (um só, sem lei e sem regra, impõe tudo por força de sua vontade e de seus caprichos).
Maquiavel, por sua vez, logo no início de sua mais brilhante obra, O Príncipe, diz que: “Todos os Estados, todos os domínios que têm havido e que há sobre os homens, foram e são repúblicas ou principados”. Com isso, ele acaba por perfazer a moderna divisão entre formas de governo monárquicas e republicanas.
Quanto à natureza ilimitada do governo despótico, cumpre dizer que se apoia geralmente na força ou na ameaça do uso da força, com toda complexidade cultural e social que engendra em sua formulação e manutenção em diferentes períodos históricos. De toda forma, os regimes despóticos se apoiam sobre Monarquias e sobre Repúblicas indistintamente, posto que a forma é apenas o conjunto de instituições e estruturas juridicamente previstas que serão transpostas pela fraude, violência ou por intrincados jogos de poder com mera pretensão de legalidade. Assim, do ponto de vista estrutural, não consideramos que exista atualmente uma forma de governo despótica com natureza própria, mas apenas Monarquias e Repúblicas apropriadas por um déspota – atualmente referido como ditador.
Feitos os apontamentos necessários sobre as diferentes classificações das formas de governo, iremos apresentar a seguir as características e formas de Monarquias e Repúblicas, as quais serão apresentadas em suas formulações clássicas – ou, se se prefere, ideais – de tal modo que a análise detalhada de determinados casos pode nos conduzir a variações dos conceitos que serão expostos adiante.
Monarquia
Etimologicamente, Monarquia advém do grego monos (um) e arkhein (mando, poder). Trata-se, portanto, da forma de poder centralizada nas mãos de um só, o chamado Monarca (título genérico que engloba Rei, Rainha, Príncipe, Imperador etc.). Do ponto de vista histórico, verificamos diferentes formas de Monarquia, conforme analisadas a seguir.
Quanto às características da forma monárquica de governo, temos a vitaliciedade, sendo a Monarquia a forma de governo cuja chefia do Estado é conferida a um Monarca de forma vitalícia.
No que tange aos critérios para investidura no cargo de monarca, há algumas variações. Via de regra, a investidura no cargo de monarca se caracteriza pela hereditariedade. Entretanto, pode-se apontar o Monarca também por eleição ou cooptação.
A hereditariedade consiste na maneira mais comum de investidura. Trata-se da transferência de poder por meio do critério da consanguinidade, ou seja, torna-se monarca aquele que figura em primeiro lugar na linhagem sucessória do Monarca falecido. As peculiaridades da transferência do poder por critério de hereditariedade encontram-se em tradições, costumes e até mesmo no próprio texto constitucional.
A eletividade como forma de investidura no posto de Monarca é exceção à regra, que é a hereditariedade. Entretanto, a Santa Sé, como se sabe, aponta seu Monarca – o Papa – por meio de eleição realizada pelo Colégio de Cardeais.
Por fim, a cooptação é a forma de investidura no posto de Monarca que decorre de ato de vontade de um Monarca, que confere o trono a um indivíduo que não figura como próximo na linhagem sucessória. Trata-se de modalidade pouco comum, mas com algumas ocorrências históricas, notadamente na dinastia antonina do Império Romano (138-192 d.C.).
Destacamos, ainda, que a Monarquia, como forma de governo, apresenta-se a partir de diferentes fatores históricos e culturais, que resultam em nomenclaturas distintas a seus monarcas (Príncipe, Rei, Emir, Grão-duque etc.). Nesse sentido, são exemplos de monarquias atuais a Espanha (reino), a Noruega (reino), Mônaco (principado), Kuwait (emirado), Brunei (sultanato) e Japão (império).
Formas de Monarquia
As diferentes formas de Monarquia que serão aqui analisadas a seguir referem-se a momentos históricos em que se buscou limitar os poderes absolutos dos monarcas e, portanto, temos de separar as formas de Monarquia em ilimitada (absolutista) e limitada (constitucional).
A forma ilimitada é a conhecida Monarquia absolutista, a qual consiste na mais antiga e com diversos exemplos na Idade Média. Trata-se da consolidação de todos os poderes do Estado nas mãos do monarca, que governa a partir de seu arbítrio, sem qualquer limitação, seja por um órgão legislativo, seja por um texto legal.
Já a forma limitada consiste na Monarquia constitucional, que por sua vez se caracteriza pela limitação dos poderes do monarca por um texto jurídico escrito – a constituição. Nesse caso, temos Monarquias constitucionais puras e Monarquias parlamentaristas.Na Monarquia constitucional pura, o monarca exerce a função de Chefe de Estado e de Chefe de Governo cumulativamente. Dessa forma, permanece uma centralização dos poderes na figura do monarca, que representa o Estado, mas que também é o responsável pelo governo (assuntos internos de efetiva gestão pública); entretanto, inobstante haja tal centralização, o monarca está sujeito às limitações impostas pela constituição.
A Monarquia parlamentar (ou parlamentarista) representa uma forma limitada de Monarquia, em que há limitação por texto constitucional e, ainda, o monarca exerce apenas a função de Chefe de Estado e a Chefia de Governo fica a cargo de um Primeiro-Ministro eleito pelo Parlamento. Assim, teremos o monarca exercendo, via de regra, apenas funções de representação do Estado (cerimoniais) e de chefia das forças armadas (atribuições de um Chefe de Estado), sem a possibilidade de se envolver em assuntos internos e de efetiva gestão, os quais serão conduzidos pelo Primeiro-Ministro (Chefe de Governo). Nesse contexto, podemos reproduzir a clássica frase: “O Rei reina, mas não governa”.
Evidente que os poderes efetivos reservados a cada monarca dependerão da constituição de cada Estado. Como regra, nas Monarquias parlamentaristas atuais, os monarcas possuem poderes que ficam restritos à representação do Estado, à chefia das forças armadas e ao poder de dissolver o Parlamento em casos específicos. Entretanto, no contexto atual, a interferência de monarcas na condução da política interna ou externa dos Estados democráticos ocidentais é bastante diminuta, sendo o Parlamento o responsável pelo governo. No pano de fundo dessa questão está a formação democrática do Parlamento por meio de eleições e a forma tradicional, porém não democrática, pela qual o monarca está no poder.
Argumentos favoráveis e contrários à Monarquia
Não há hoje movimentos monarquistas com relevante peso político; de tal modo que as mudanças de forma de governo dos últimos dois séculos foram majoritariamente de Monarquias para República e raramente o inverso. Com efeito, a República figurou historicamente como forma mais alinhada aos ideais democráticos, sendo a Monarquia inapta para fazer valê-los em sua plenitude. Nesse sentido, é notório que os poucos movimentos monarquistas existentes possuem pouco apreço pela democracia e frequentemente se sustentam numa visão romantizada do modelo monárquico.
Independentemente do anacronismo inerente à forma monárquica, vamos neste item verificar os principais argumentos favoráveis e contrários a respeito de sua utilização, com o propósito de reforçar nossa compreensão acerca do tema.
Os argumentos favoráveis à forma monárquica que costumam ser levantados são os seguintes: (1) o monarca exerce um posto suprapartidário, de modo que fica acima de qualquer conflito entre os partidos, podendo figurar como aquele que pensa exclusivamente no bem do Estado num eventual momento de crise ideológica interna; tem-se nele, portanto, um fator de unidade do Estado; (2) o fato de o monarca ser, via de regra, previamente determinado por meio da linhagem sucessória torna a disputa pelo trono inexistente, gerando assim menos conflitos pelo poder; e (3) somando esses dois argumentos, aponta-se que a Monarquia proporciona maior estabilidade às instituições; (4) o monarca é alguém que desde o nascimento recebe estudos e treinamento para assumir seu cargo e, portanto, corre-se menos risco de que alguém despreparado assuma o poder.
Dentre tais argumentos, entendemos que o último (item 4) é frágil em virtude dos muitos exemplos históricos de monarcas que não realizaram gestões hábeis de seu reino. Já quanto aos demais argumentos, entendemos que a referida estabilidade da monarquia a deixa, de fato, menos suscetível a golpes de Estado, notadamente pelo critério de transferência do poder ser previamente determinado – embora tal critério seja manifestadamente injusto e antidemocrático.
Já os argumentos contrários à Monarquia são: (1) o fato de o Chefe de Estado ser determinado por critério de sucessão (consanguíneo) baseia-se na ideia de desigualdade de nascimento – uns nascem para ser reis, outros nunca o serão; (2) é mais adequado que a estabilidade das instituições repouse na ordem jurídica do que em pessoas; e (3) a ausência de voto direto para a chefia de Estado é inaceitável à luz dos princípios democráticos, isto é, a Monarquia é antidemocrática pelo simples fato de apontar um Chefe de Estado por critérios de sucessão hereditária e não pelo voto popular.
República
A República (res + publica = coisa pública) representa a forma de governo mais alinhada aos ideais democráticos, notadamente defendidos no Iluminismo e que foram amplamente utilizados na estruturação dos Estados constitucionais modernos. Salvo aqueles Estados que, por questões históricas e culturais próprias, mantiveram a forma monárquica, limitando-a com um Parlamento forte e assim persistem até hoje, a grande maioria (cerca de três quartos) dos Estados atuais utiliza a forma republicana.
Historicamente, o termo foi utilizado na classificação de Aristóteles e também na República romana, mas é importante destacar que a ideia de República mencionada em textos da Antiguidade está relacionada com o próprio Estado, de modo que sua utilização naquele período histórico não representa com fidelidade o conceito moderno de República que vamos expor neste item. Com efeito, o conceito de República que temos em mente é aquela forma de governo que nasce das lutas contra o modelo monárquico absolutista, com vistas a possibilitar de forma mais ampla a efetivação da soberania popular. Assim, a ideia de um governo republicano repousa, portanto, na participação popular que daria vida à teoria da soberania popular.
Diante disso, temos que a República será precisamente a forma de governo marcada pela eletividade dos líderes políticos, especialmente no caso do Chefe de Estado que, conforme vimos, é cargo vitalício e preenchido por critério de hereditariedade no modelo monárquico. Ainda, a República simboliza o advento do governo das leis e do povo, em detrimento do governo de pessoas; afinal, nos modelos monárquicos absolutistas havia uma concentração de poderes na figura do monarca, de tal modo que os atos públicos eram decorrentes da vontade individual do monarca, no que difere substancialmente o modelo republicano, integralmente burocratizado por regras que independem das pessoas que vão cumpri-las.
De toda sorte, as características dessa forma de governo dependem, em especial, do sistema de governo utilizado (parlamentarista ou presidencialista), pois diferentemente da Monarquia, que comporta apenas o sistema parlamentarista, a República pode ser tanto parlamentarista quanto presidencialista. De toda forma, as características gerais da República consistem na eletividade e na temporalidade do mandato do Chefe de Estado, sendo pontos opostos à hereditariedade e à vitaliciedade que caracterizam o modelo monárquico.
Formas de República
Diante da clássica passagem de Montesquieu mencionada anteriormente, as repúblicas podem ser aristocráticas ou democráticas.
A República aristocrática é aquela em que um pequeno grupo governa e a maioria da população é excluída de participação política. Via de regra, o governo fica adstrito à classe nobre ou aos possuidores de terras (oligarquia). A lógica é a de que o governo deve ser exercido pelos que são supostamente melhores, mais aptos.
Na prática, as aristocracias se fazem por meio da imposição de restrições no direito de votar e ser votado, limitando assim o acesso aos postos de governo, que ficam restritos aos que possuem determinadas características. Normalmente, estamos falando de detentores de títulos (nobres) ou de possuidores de terras ou de determinada renda.
A República democrática, por sua vez, é aquela em que há o sufrágio universal e, portanto, todos podem votar e ser votados sem restrições discriminatórias e infundadas. Trata-se da maior expressão dos ideais democráticos, os quais tentam ser efetivados nos últimos séculos.No caso brasileiro, o artigo 1º de nossa Constituição Federal de 1988 deixa clara a forma republicana e federativa de nosso Estado, apontando-o, também, como Estado democrático de Direito, sendo a República Federativa do Brasil constituída formalmente como república democrática. Entretanto, é importante salientar que a forma republicana, embora praticamente inquestionável por aqui, não é protegida contra emenda constitucional, tal como é a forma federativa (conforme art. 60, §4º, I) e há, pelo menos teoricamente, a possibilidade de uma mudança de forma de governo para o modelo monárquico. Sobre isso, vale lembrar que, em 1993, foi realizado plebiscito para determinar a forma e o sistema de governo do País, sendo que 13,4% dos votos foram favoráveis à forma monárquica e 86,6% favoráveis à forma republicana. Ainda, 30,8% votaram pelo sistema parlamentarista e 69,2% pelo presidencialista. Diante da realização desse plebiscito, há os que entendem não ser mais possível alterar a forma e o sistema de governo (ante a decisão já tomada do povo) e os que, como nós, compreendem que é possível a mudança de ambos (forma e sistema de governo), mas condicionada à aprovação em plebiscito que, posterior, se sobreporia sobre o já realizado em 1993, refletindo uma mais atualizada manifestação da vontade popular, a qual é soberana, salvo se estivermos diante de matéria protegida por cláusula pétrea, o que não é o caso.
Argumentos favoráveis e contrários à República
É evidente que a análise de argumentos favoráveis e contrários à República consiste em compará-la com a Monarquia. Nesse sentido, os argumentos contrários à República, costumeiramente utilizados pelos monarquistas, podem ser assim sintetizados: (1) a estabilidade de diplomas jurídicos é inferior àquela da Monarquia, fundada na figura do monarca; (2) a elegibilidade não garante a aptidão dos representantes do povo, como se supõe; (3) o regramento jurídico e a descentralização de poderes da República impedem a eficiência estatal; e (4) todos os argumentos somados conduzem a uma menor estabilidade da República que, portanto, consiste numa forma de governo mais suscetível a golpes de Estado. Nesse sentido, um dado curioso foi utilizado durante a campanha monarquista feita no contexto do mencionado plebiscito de 1993; tratava-se de se comparar a quantidade de Constituições e de golpes de Estado verificados na história brasileira no período monárquico e no período republicado para se concluir que a Monarquia é mais estável que a República.
Já os argumentos favoráveis à forma republicana podem ser reduzidos aos seguintes: (1) a estabilidade não deve repousar sobre pessoas, mas sobre regras, ou seja, sobre um ordenamento jurídico aplicado de forma impessoal, sendo assim muito mais estável que a Monarquia, que sustenta sua estabilidade em fatores pessoais; (2) a eletividade é critério de seleção muito mais justo e eficiente do que a hereditariedade que, em suma, sustenta-se na desigualdade de nascimento dos indivíduos; e (3) a República é a única forma de governo que se coaduna com os princípios democráticos, notadamente com as ideias de Estado de Direito, tripartição dos poderes e, é claro, igualdade formal de todos os indivíduos.
Por fim, vale apenas ressaltar que, de fato, a República é a forma de governo da democracia e nasce em oposição à tirania típica dos modelos monárquicos do Antigo Regime. Como dito anteriormente, apenas alguns poucos Estados democráticos atuais mantêm a forma monárquica (e a maioria deles está na Commonwealth of Nations) e esse fato se deve a fatores históricos e culturais específicos.
· Filmografia
Elizabeth – Reino Unido, 1998;
O discurso do Rei – Reino Unido, 2004;
O homem que não vendeu sua alma – Reino Unido, 1966;
The Crown (série) – Reino Unido/EUA, 2016;
QUESTÕES
1. Quanto à clássica classificação de Aristóteles sobre as formas de governo, assinale a opção correta:
a) A monarquia, governo injusto de um só, pode se degenerar e se tornar uma tirania.
b) A aristocracia, governo justo de poucos, pode se degenerar e se tornar uma tirania (oligarquia), governo injusto de poucos.
c) A monarquia, governo justo de um só, pode se degenerar e se tornar uma tirania, governo injusto de um só.
d) A democracia, governo justo de uma maioria, pode se degenerar em aristocracia (democracia), governo injusto de uma maioria.
2. Quanto às diferentes formas de monarquias verificadas ao longo dos últimos séculos, assinale a opção correta:
a) Na monarquia absolutista (parlamentarista), o Rei governa sem constituição, mas limitado por um Parlamento (Poder Legislativo).
b) Na monarquia constitucional parlamentarista, o Rei é apenas Chefe de Estado, enquanto o Chefe de Governo é um primeiro-ministro eleito pelo Parlamento.
c) Na monarquia constitucional pura, o Rei governa arbitrariamente, sem quaisquer limites (limitado pela Constituição, mas centraliza as funções de chefe de Estado e chefe de governo).
d) Na monarquia constitucional parlamentarista, o Rei é Chefe de Estado e Chefe de Governo, mas depende do Parlamento para governar.
3. “A eletividade é critério de seleção muito mais justo e eficiente do que a hereditariedade.” Quanto a essa afirmação, podemos concluir que:
a) Trata-se de uma crítica monarquista à eletividade da forma de governo republicana.
b) Consiste em uma defesa da monarquia, em detrimento da forma republicana de governo.
c) Trata-se de uma defesa da eletividade característica da forma republicana, em detrimento da hereditariedade, forma pela qual se transmite o poder em formas monárquicas de governo.
d) Trata-se de ressaltar a importância da transmissão de poder por meio da hereditariedade, traço fundamental das repúblicas.
Gabarito
1. “C”; 2. “B”; 3. “C”.

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