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ARNALDO_NISKIER_Na_Ponta_Da_Lingua

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Tiago Silva

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Prévia do material em texto

Apoio Institucional:
Projeto Editorial
Isio Ghelman
Ilustração
Félix Reiners
Produção Gráfica
PIC Comunicação
Apoio Institucional
Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE
FICHA CATALOGRÁFICA
N64n Niskier, Arnaldo
 Na ponta da língua : total / Arnaldo Niskier;
 ilustrações de Félix Reiners. - São Paulo : CIEE, 
 2009.
 623p. ; il.
 1. Língua Portuguesa - uso correto 2. Gramática
 portuguesa I. Niskier, Arnaldo II. Reiners, Félix 
 III. Título
CDU : 800.6 (81)
Entre aqueles que, por ofício ou arte, lidam diariamente com 
os mistérios e armadilhas da língua portuguesa, corre uma frase que, 
com certo toque de ironia, ilustra bem as dificuldades enfrentadas 
por quem pretende falar e escrever com clareza: o que fazer com um 
idioma em que se usa um “pois não” para dizer sim, e um “pois sim”, 
para dizer não?
Ironias à parte, é preciso reconhecer que dominar o português 
não é tarefa fácil, vários fatores conspiram para enfraquecer sua 
preservação e identidade do último idioma nascido do latim: a 
má qualidade do ensino; o baixíssimo índice nacional de leitura; 
a invasão de novas palavras e modos de expressão, intensificada 
pela globalização; o desprestígio entre seus próprios falantes; e 
– por último, mas não menos importante – o terror que desperta 
nos alunos, soterrados por milhares de regras, exceções, paradoxos 
e, agora, pelas mudanças introduzidas pela mais recente reforma 
ortográfica.
O CIEE sempre se preocupou com o tema, desenvolvendo 
cursos de educação a distância; colunas veiculadas na nossa 
revista Agitação e a série de livros Na ponta da língua reafirma sua 
confiança no interesse do estudante em compensar, com esforço 
pessoal, as reconhecidas deficiências de seu aprendizado e busca 
sempre auxiliá-lo nessa empreitada.
Este Na ponta da língua total, já adaptado à reforma 
ortográfica, mostra que cultivar o idioma pátrio pode ser nada 
complicado e até divertido. Com humor e domínio do tema, o 
professor Arnaldo Niskier oferece valiosas pílulas de conhecimento, 
explicando de maneira clara as normas da gramática, entremeadas 
com trechos de grandes escritores e curiosidades sobre a comunidade 
lusófona. 
Uma primeira 
palavra
Afinal, se o grande desafio é despertar no jovem o interesse pela 
língua portuguesa, contamos com um poderoso aliado: o estudante 
está cada vez mais consciente de que o domínio do próprio idioma 
é um valioso investimento para o sucesso na futura carreira, ao abrir 
uma enorme janela de possibilidades, pois propicia melhor qualidade 
de leitura, fortalece o espírito crítico e pavimenta novas perspectivas 
profissionais, ao melhorar a comunicação, tanto oral como escrita. 
Assim, caro leitor, percorra as páginas seguintes e divirta-se 
aprendendo. Ou, se preferir, aprenda divertindo-se – já que este é 
um clássico caso em que a ordem dos fatores não altera o resultado. 
Boa leitura. 
 
Ruy Martins Altenfelder Silva
Presidente do Conselho de Administração do 
Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE/SP e 
presidente do Conselho Diretor do CIEE Nacional.
“Oh! Bendito o que semeia livros ... / livros à mão cheia ... / 
E manda o povo pensar!” Este verso do nosso grande poeta Castro 
Alves, escrito há muitos e muitos anos, mantém-se mais atual do que 
nunca e reflete bem o pensamento e a filosofia que norteia as ações 
do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE: criar condições para 
o povo pensar, em especial as futuras gerações de profissionais, 
é o único caminho para o desenvolvimento de uma nação de fato 
independente.
É verdade que não é apenas o livro o único instrumento 
capaz de construir o conhecimento e solidificar as estruturas de um 
povo. Existe a oralidade, responsável por manter tradições seculares 
no seio de sociedades que sequer conheceram a forma escrita de 
expressão. E dentro dessa maneira de comunicação, atualmente os 
meios podem ser os mais variados, como os eletrônicos, onde se 
destacam a televisão, o rádio, o telefone, a Internet, entre muitos 
outros.
Mas o certo é que a base de todo o nosso conhecimento 
e inteligência aplicada está no registro escrito. Por mais que os 
arquivos sejam digitais, seu conteúdo inevitavelmente se consolida 
em relatórios escritos, documentos formalizados por meio da língua.
É por isso que o poeta Castro Alves complementou seus versos 
dizendo: “O livro caindo n’alma é germe – que faz a palma, é chuva 
– que faz o mar.” A escrita é uma semente que germina muito mais 
do que uma simples mudinha, transformando-se em árvore que 
dará novos frutos e sementes; muito mais do que uma simples gota, 
gera uma cachoeira com energia suficiente para romper obstáculos e 
esculpir novos caminhos, mesmo em solo árido e pedregoso.
E o livro, assim como qualquer outra forma de comunicação 
escrita, é dependente da constituição das regras gramaticais da 
língua que, no caso do português, são muitas e bastante complexas. 
Se o idioma inglês prescinde de acentos, o português os utiliza em 
profusão. Se em algumas línguas as opções linguísticas são poucas, 
no português elas são muitas e de estilos muito diferentes.
A beleza da língua
A atual reforma ortográfica do nosso idioma, que entrou em 
vigor recentemente, aboliu acentos e reduziu regras para tornar a 
língua portuguesa do poeta Olavo Bilac e de todos nós “menos inculta 
e mais bela”.
As regras que estão em vigor são apresentadas neste livro com 
a clareza e o estilo coloquial de Arnaldo Niskier, um acadêmico que 
ensina a língua sem academicismos. Apenas com aplicações práticas. 
Um livro que reúne o conteúdo de seus quatro volumes anteriores, 
acrescido de algumas novidades.
Uma publicação que daria ao próprio Olavo Bilac, se estivesse 
vivo, maiores motivos para justificar outros versos do soneto Língua 
Portuguesa: “Amo o teu viço agreste e o teu aroma / De virgens selvas 
e de oceano largo! / Amo-te, ó rude e doloroso idioma...”
Luiz Gonzaga Bertelli
Presidente Executivo do Centro de Integração 
Empresa-Escola – CIEE e presidente da Academia 
Paulista de História – APH.
Simplificação. Esta parece ser a palavra de ordem para as 
coisas do cotidiano mais recente. A sociedade, de maneira geral, 
busca formas de transformar a prática do dia a dia em algo menos 
complexo, mais direto e objetivo, com menos voltas e redemoinhos.
Quando a tecnologia e, dentro dela, mais especificamente a 
informática invadiu nosso ambiente, ficamos mergulhados em um 
mundo repleto de novas possibilidades e facilidades, envolto em 
uma propaganda que se mostrou, ao longo dos tempos, enganosa.
Trata-se da promessa de que, com a informatização dos meios 
de produção e de administração, o ser humano teria mais tempo 
livre para o lazer e o tão sonhado ócio. Surgiram até teorias sobre 
o ócio criativo, que deram conta de direcionar o tempo livre que 
teríamos para algo profundamente produtivo para o indivíduo e, 
consequentemente, para toda a sociedade.
Tudo isso aconteceria em decorrência da simplificação dos 
processos, que passariam a ser realizados com os recursos da 
tecnologia, muito mais ágeis e eficientes do que as mentes e as mãos 
humanas poderiam dar conta.
Mas a promessa não se concretizou. As inovações tecnológicas 
chegaram, se reinventaram, evoluíram, sem que o ócio se efetivasse 
na vida das pessoas. E é neste sentido que cabe uma reflexão 
importante: qualquer que seja a evolução ou a simplificação dos 
fatos da vida, ela dependerá sempre, e felizmente, das pessoas.
Pessoas que interagem e criam diferenciais por meio da 
língua, da comunicação. Este é o fator distintivo de todas as 
civilizações: a composição de uma língua própria, mantida em 
sua essência através dos tempos, mas renovada a cada dia como 
elemento vivo da sociedade.
Simplificar para 
renovar
Simplificação. Esta também foi uma das premissas para que a 
língua portuguesa, falada em diversos países ao redor do mundo, fosse 
reformada. Unificação. Outro motivo para que o idioma português 
recebesse algumas novas regras e pudesse ser comum atodos os seus 
“parlantes”.
No entanto, como uma nova ortografia encontra resistências 
nos cérebros adormecidos pela prática rotineira, o acadêmico Arnaldo 
Niskier encontrou uma forma de simplificar as novidades e relança 
agora um compêndio com as quatro edições de Na ponta da língua, 
atualizadas com as novas regras ortográficas.
Um trabalho de largo fôlego, que mais uma vez recebe total 
apoio institucional do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, 
uma instituição empenhada em simplificar a vida profissional do 
jovem estudante, oferecendo oportunidades de estágio em todo o 
Brasil e conhecimentos para aumentar sua empregabilidade.
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Presidente Emérito do CIEE e presidente da 
Academia Paulista de Educação – APE.
Introdução
Trata-se de uma feliz iniciativa do CIEE/SP. Com o grande 
sucesso que representou o lançamento, de forma parcelada, 
dos quatro livros, sob o título Na ponta da língua, distribuídos a 
estagiários e aprendizes, tornou-se necessária a edição, num só 
volume, dos cerca de 2.300 verbetes constantes desta série, o que 
ora fazemos com imenso prazer.
Aqui está consolidada esta colaboração ao aperfeiçoamento do 
uso da língua portuguesa, considerada pelo escritor José Saramago, 
prêmio Nobel de Literatura, como “muito linda”. Com a adoção do 
Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa, a partir 
de 2009, tornou-se mais imperiosa do que nunca a necessidade de 
dominar os seus conceitos básicos, como é o nosso propósito. Todos 
os verbetes aqui colocados obedecem aos postulados do Acordo, o 
que torna o seu uso oportuno e adequado.
Os jovens leitores irão reparar, nesta obra, que procuramos 
construí-la com frases correntes e uma pitada de bom-humor, 
como é do agrado do nosso público, constituído basicamente de 
estagiários e aprendizes, espalhados em todo o País.
O Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, que é uma 
entidade filantrópica, oferece esta colaboração ao sistema nacional, 
como forma também de valorização da língua portuguesa, hoje 
falada por 235 milhões de pessoas que constituem, em oito países, 
a comunidade lusófona.
Arnaldo Niskier
da Academia Brasileira de Letras – ABL e 
presidente do CIEE/Rio.
Fruta indigesta
“Comeu tanta jaboticaba que passou 
mal.”
A fruta já é pesada, escrita de maneira 
errada fica mais pesada ainda.
Frase correta: Comeu tanta jabuticaba que passou mal.
A língua portuguesa tem sofrido agressões vergonhosas. 
Não é o povo que fala do seu jeito peculiar, mas 
profissionais liberais, formados em nível superior, que não 
sabem se expressar, escrevem mal e são pouco afeiçoados à 
leitura. Quem não lê, como é sabido, dispõe de um vocabulário 
extremamente limitado. Ao lado do estímulo à leitura, com a 
valorização das bibliotecas públicas, 
infelizmente em número insuficiente, 
em nosso País, devemos contar com 
o apoio dos grandes veículos de 
comunicação de massa, como agora 
se faz, divulgando sem mistério os 
segredos da língua portuguesa.
11
X X X
Menoridade
Ainda não posso dirigir, 
pois sou menor.
Isso mesmo, ninguém 
é “de menor” e muito 
menos “de maior”. A 
preposição de nestes 
casos é totalmente 
dispensável. k
Exagero
“O aluno queria ter uma ortografia correta.”
Veja: Ortografia já quer dizer grafia correta, portanto “ortografia 
correta” é um pleonasmo, uma redundância.
3
Desrespeitoso
“Respondeu mal ao pai e depois ficou 
à sentir remorso.”
Não acredito nesse remorso. Quem 
usa acento grave indicativo de crase 
antes de verbo (“à sentir”) não é 
sincero.
Aprenda: não se craseia o a antes de 
verbo.
Período correto: Respondeu mal ao 
pai e depois ficou a sentir remorso.
Recomendação Médica
“O médico recomendou repouso durante a convalescência”
A palavra convalescência não faz parte do novo Vocabulário 
Ortográfico - Só há convalescença
Frase correta: O médico recomendou repouso durante a 
convalescença.
Andança inútil
“Chegava sempre atrasado ao 
trabalho porque ia de a pé.”
Merecia ser descontado. Não 
diga nem escreva: “ia de a 
pé”.
Frase certa: Chegava sempre 
atrasado ao trabalho porque ia 
a pé.
Atenção: também não se deve 
usar “de a cavalo” e sim a 
cavalo.
Acertando o 
feminino
Temos que acabar com os 
marajás e as maranis do serviço 
público.
Essa frase, que certamente já foi 
proferida por algum político em 
campanha eleitoral, apresenta o 
feminino correto de marajá, que 
é marani, e não “marajoa”, nem 
“marajoara”.
=
=
=
Tratar mal
O patrão costumava destratar seus empregados. João ficou zangado 
e quis distratar o contrato de trabalho.
Destratar é insultar, tratar mal.
Distratar é desfazer, romper (um contrato).
4
Situação problemática
“João ficou extático ao ver o seu estrato do banco.”
Pobre rapaz! Está tudo errado. As palavras todas inadequadas 
(extático / estrato) e, certamente, ele sem um tostão.
Observe:
Extático – êxtase, contemplativo
Estático – parado durante algum tempo
Estrato – estender para cima, tipo de nuvem
Extrato – documento bancário
Período correto: João ficou estático ao ver o seu extrato do banco.
Em Portugal, berço da nossa língua, certas palavras 
têm um significado. No Brasil, hoje com 183 milhões 
de habitantes, as mesmas palavras, além de serem 
pronunciadas de outra forma, também apresentam 
significado distinto. É o caso, para dar só um exemplo, da 
palavra rapariga. Recomenda-se cuidado, pois, ao recorrer ao 
dicionário, o chamado “pai dos burros”, quando se for examinar 
esta ou aquela palavra. Não se deve comer gato por lebre.
22
Uma corrida
“Corre o médico e o massagista 
para socorrer o jogador do 
Flamengo.” (TV Globo, 25/10/97).
Já não bastou a desgraça de o 
Flamengo ter perdido por 4x0 
do Internacional. O locutor 
global agrediu o idioma, 
deixando de usar corretamente 
o verbo: Correm o médico e o 
massagista...
R
G
Cuidado com a disenteria
Se o Severino pedir a “sua chefa” para sair mais cedo para ir à 
Maternidade porque sua mulher foi internada, não terá autorização, 
pois “a chefa”, só como piada. O certo é a chefe, ou o chefe.
A mulher de Severino deu à luz um menino saudável, isto quer dizer 
que nasceu um bebê. A mãe dá à luz, isto é, dá o bebê ao mundo.
Severino ficou tão nervoso que teve disenteria. Dor de barriga 
mesmo! Disenteria é uma palavra cuja grafia suscita dúvidas, até 
porque a maior parte das pessoas pronuncia o primeiro e com som 
de i. Mas não duvide, a grafia correta é disenteria.
Privilégio ou previlégio?
Conseguir um emprego hoje é um privilégio.
Escreva sempre assim, pois caso contrário ficará 
desempregado.
5
Fluminense
Já se conhece a verdadeira causa do rebaixamento do Fluminense 
F.C., do Rio de Janeiro, para a segunda divisão. Foi o cartaz afixado 
por sua torcida, na sede de Álvaro Chaves: “Parabéns presidente 
pelo seu trabalho. Pena que o senhor está sercado por pessoas que 
não merecem está ao seu lado.” O certo: “Parabéns, presidente, pelo 
seu trabalho. Pena que o senhor esteja cercado por pessoas que não 
merecem estar ao seu lado.” Se o português está ruim, imaginem o 
futebol.
TV Educativa
Uma professora de Vitória 
conversava com o apresentador 
do programa Um salto para 
o futuro, da TVE do Rio: “Por 
que ‘houveram’ tantas coisas 
no caminho?” Cheguei a passar 
mal. O nome do programa 
deveria mudar para “Um salto 
para o passado”. Isso é o que se 
chama ensinar errado.
Frase correta: Por que houve 
tantas coisas no caminho?
Cafajeste
Você é um cafajeste!
Calma, leitor, isto é apenas 
um exemplo. Se você quiser 
insultar alguém por escrito, 
escreva sempre cafajeste 
(com j); do contrário, o 
insulto sairá pela culatra.
Bacalhau
Há uma comida que faz o maior 
sucesso: é o bacalhau à Gomes de 
Sá, adorado pelos portugueses. 
Esse a é craseado, o que sempre 
acontece quando está implícita a 
expressão “à maneira de”. Se errar 
o acento, é indigestão na certa.
Educação pela TV
“Ó xente, my God, eu lhe ajudo.
Eu lhe amo.
Eu lhe respeito.”
Uma telenovela da Globo fez 
essa mistura infernal de inglês e 
uma equivocada regência verbal.Abusa-se do “lhe”, esquecendo-
se o pobre verbo transitivo direto. 
Quem ajuda, ajuda alguém. 
Quem ama, ama alguém. Quem 
respeita, respeita alguém. Assim, 
o certo é: Eu o ajudo. Eu o amo. 
Eu o respeito. O resto é ignorância 
propriamente dita.
a
a
a
A hora da fome
Meio-dia e meia é a hora do almoço. Jamais diga “meio-dia e 
meio”. Meio é advérbio (invariável), e meia é a metade, a metade 
da hora, isto é, 12 horas mais meia hora. Preste atenção para falar 
certo ou você não matará a fome.
6
Na residência paulista do Morumbi, encontrei uma vez 
o ex-presidente Jânio Quadros. Já havia abandonado 
a política. O ambiente era propício, por isso perguntei-
lhe sobre o que talvez tenha sido a sua frase mais famosa. 
Resposta: “A imprensa inventou o “fi-lo porque qui-lo”. 
Minha frase foi outra: “Fi-lo porque quis.” Nota-se que foi 
utilizada a ênclise (incorporação de um vocábulo átono ao que 
vem antes, pronunciando-se como um só).
33
dAcidente e 
incidente
O funcionário da fábrica sofreu 
um acidente. Todos os seus 
colegas lamentaram o incidente.
Preste atenção:
Acidente – desastre
Incidente – acontecimento, 
episódio
Perturbação
“Brigou com a mulher em 
casa e chegou ao trabalho 
meio pertubado.”
Cuidado! O certo é 
perturbado, senão a 
perturbação fica ainda 
maior.
Procurando tu
A música popular brasileira faz 
sucesso no mundo inteiro. Pena 
que determinadas letras agridam o 
vernáculo de forma tão frontal, como 
numa música bastante conhecida: 
“Morena diga, onde que tu tava, 
passei a noite procurando tu.”
O certo seria: “Morena, diga, onde 
você estava...”
Cuidado com a trombada
A Linha Amarela veio ao encontro das expectativas do povo 
carioca, já o obelisco construído no final de Ipanema foi de 
encontro à vontade dos moradores da Zona Sul do Rio de Janeiro.
Aprenda: ao encontro de significa a favor de, no mesmo sentido, e 
de encontro a significa no sentido oposto, contra.
7
Por amor ou desamor?
Observem o diálogo das personagens Fernando e Milena da novela 
Por amor, que foi transmitida, pela TV Globo, em 1997.
Fernando: “Aprendi que não se deve chegar muito perto do fogo.” 
Milena: “Adorei o comentário, entre eu e o fogo.”
Os pronomes eu e tu precedidos de preposição (a, entre, até, etc.) 
transformam-se em mim e ti. Deveria ter sido dito pela Milena: 
“Entre mim e o fogo”.
Há exceção quando funcionam como sujeito do verbo no infinitivo 
que se segue. Exemplo: Isto é para eu fazer.
Acertando no sorvete
“Aproveitando o calor, vá a uma 
sorveteria, peça um sorvete de 
frocos.”
Muito bem! Tanto faz frocos ou 
flocos. As duas palavras existem 
e constam tanto dos dicionários 
quanto do Vocabulário Ortográfico 
da Língua Portuguesa, da ABL.
Ultraje ao ouvido
A Sadia faz uma publicidade de lascar na televisão. 
Utilizando o conjunto Ultraje a Rigor, emprega o 
seguinte refrão: “A gente somos inútil”. Seríamos inúteis 
se ficássemos calados diante dessa triste concordância.
A gente é útil, falando corretamente a língua 
portuguesa.
Vem pra Caixa você também!
É um bom convite? Não! O certo é Venha para Caixa você também! 
ou Vem pra Caixa tu também! Os criadores da lamentável frase 
argumentam, simploriamente, que o vem é mais eufônico. Ora, se 
a nossa língua fosse se guiar apenas e tão somente pela eufonia 
para estabelecer suas regras, certamente, não teríamos os verbos 
abundar e disputar.
C
C
C
C
C
C
8
Você precisa 
saber
A expressão ipso facto 
significa por isso, pelo 
mesmo fato.
A greve do magistério 
causou, ipso facto, prejuízo 
aos alunos que perderam 
muitos dias de aula.
Um dia, recebi um telefonema do meu querido amigo 
Roberto Carlos. Ele queria saber se poderia usar, na 
mesma quadra de uma de suas composições, pronomes 
misturados da 2a e 3a pessoas. Mesmo sabedor da liberdade 
literária, que é dada aos poetas, disse ao nosso maior 
cantor que era preferível acatar a concordância pronominal, 
empregando em cada quadra um só tratamento. É isso aí, bicho. 
44
Mesmerizar
Quem não aprecia a revista 
Veja? Às vezes, entretanto, os 
seus redatores exageram. No 
número de domingo, 16/11/97 
(página 108), foi empregado 
o verbo mesmerizar com a 
maior tranquilidade. Procurei 
no Aurélio, no Caldas Aulete, 
no Antenor Nascentes, nada. 
Agora, já tem no novo 
Vocabulário Ortográfico.
Carne fraca
“A dona de casa comprou 
2 Kgs. de carne.”
Cuidado! O símbolo de 
quilograma escreve-se com 
letras minúsculas e sem o 
s de plural, nem ponto na 
abreviatura kg.
O mesmo se aplica a outras 
unidades de medida como: 6 
km, 25 cm, 10 t, 9 l, 153 m, etc.
Curiosidade
O poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, que foi 
apaixonado por Marília, conhecido pelo pseudônimo de Dirceu, 
era português, nascido na cidade do Porto, em 1744. Não chegou a 
casar com sua amada porque aconteceu a Inconfidência Mineira e 
ele foi condenado ao degredo (1792), morrendo, em Moçambique, 
em 1810.
Tráfego e 
tráfico
Quem viaja, não gosta 
de tráfego nas estradas.
Tráfico é de drogas, 
sempre desaconselhável.
\
9
Verbo querer
“Se eu quizesse ele voltava pra mim.”
Escrevendo deste modo, não! As diferentes formas do verbo querer 
são sempre escritas com s (quis, quisesse, quiseste, etc.).
Período correto: Se eu quisesse ele voltava pra mim.
Eu te amo você
A música com este verso pode 
ser gostosa e a cantora Marina 
excelente, mas os autores, em 
geral, precisam pensar um 
pouco mais na língua pátria e 
não esquecer a concordância. 
É uma tremenda paulada nas 
nossas cabeças. Não podemos 
e não devemos misturar os 
pronomes.
Obrigado ou obrigada?
As mulheres devem dizer obrigada, os homens obrigado.
O sexo de quem fala ou escreve é que determina o uso da palavra no 
masculino ou no feminino.
$ $ $
Plano real
O eminente político alertou a população sobre o perigo iminente 
de quebra da normalidade democrática, quando surgiram os 
problemas com a estabilidade da nossa moeda.
Cuidado ao usar as palavras eminente e iminente — elas são 
parônimas (têm grafia parecida). Preste atenção:
Eminente – célebre, notável, ilustre.
Iminente – aquilo que está para acontecer, próximo.
Infração ou 
inflação?
“As últimas notícias dos jornais 
têm deixado o Sr. Antônio 
preocupado com a infração do 
seu dinheiro.”
Errado, infração é violação de 
uma lei, transgressão.
O certo é inflação – 
desequilíbrio econômico, 
o bicho-papão da nossa 
economia.
10
A apresentadora Xuxa Meneghel explodiu de felicidade 
quando anunciou, na TV Globo, a gravidez sonhada. A 
primeira pergunta do Faustão foi se ela iria parar de fazer 
o seu programa. Resposta: “Só por uns tempos, para poder 
xuxar a criança, depois do nascimento.” Assim, ao lado do 
bebê, nasceu também mais um verbo na língua portuguesa. O 
xuxar certamente virá para ficar.
55
Cassetada
No programa Casseta e Planeta, da TV Globo, 
na Terça Nobre de 2/12/97, a atriz Maria Paula, 
falando sobre Nova Iorque: “É uma cidade que 
tem muitos arranha-céu”. Logo em seguida, 
colocou pior ainda: “muitos arranhas-céu”.
O plural de arranha-céu é arranha-céus.
A origem deste substantivo composto é a 
tradução do inglês sky-scraper, nome dado 
aos prédios muito altos. Faz-se o plural apenas 
da segunda palavra, céu, porque a primeira 
arranha é verbo e permanece inalterada.
Exceção: quando são dois verbos, o segundo 
vai para o plural.
Exemplo: O lambe-lambe tirava retrato na 
praça. O plural: Os lambe-lambes tiravam 
retrato na praça.
Raspadinha
Bigode se rapa ou se raspa?
Bigode se rapa, assim como barba, axilas, pelos em geral. O que se 
raspa é parede, porta, taco e, agora, até bilhete de loteria.
Você precisa saber
Escreva e diga:
Chegou aos dez (minutos) para as dez e não “às dez para as dez” 
porque se refere a minutos, portanto, não cabe às (feminino), que 
é usado no caso de horas.
11
12
Parada geral?
Na manhã de 2 de maio, o locutor de uma conhecida estação 
de rádio saiu-se com a seguinte pérola: “Se houver a greve dos 
caminhoneiros os postos de combustíveis serão prejudicados.”
Preste atenção: nas palavras compostas, nas quaishá preposição 
entre elas, somente a primeira deverá ser pluralizada.
O posto de combustível – os postos de combustível.
O comunicador deveria ter dito: Se houver a greve dos 
caminhoneiros os postos de combustível serão prejudicados.
Férias
Entrar em férias ou entrar de 
férias?
Para a língua portuguesa, 
tanto faz! Para o patrão, 
o importante é que você 
descanse e volte com bastante 
disposição para o trabalho.
Estupro
“O marginal foi preso por 
crime de estrupo.”
Além de ser um crime bárbaro, 
não existe a palavra “estrupo”. 
O nome do delito é estupro.
Frase correta: O marginal foi 
preso por crime de estupro.
z
Acidente doméstico
“A empregada queimou a tauba de passar roupa.”
Pudera! Até o ferro ficou com raiva. A palavra “tauba” não existe — 
é um vício de linguagem. O vocábulo certo é tábua.
Frase correta: A empregada queimou a tábua de passar roupa.
12
Cai não cai
“Quebrou a perna e precisou usar moletas.”
Não vai conseguir amparo para andar com “moletas”.
Esta palavra foi usada inadequadamente.
Veja:
Moleta – pedra de mármore para moer tinta; figura vazada no 
centro e forma de estrela
Muleta – bastão de apoio para os coxos
Período correto: Quebrou a perna e precisou usar muletas.
Houve um tempo, na educação brasileira, em que a 
utilização de antologias ajudava muito a valorizar a nossa 
literatura. Pequenas biografias, somadas umas às outras, 
compunham um harmonioso panorama dos nossos mitos. 
Ninguém saía da escola sem saber algo sobre os maiores 
escritores brasileiros e portugueses. As antologias sumiram. 
Perdeu com isso a nossa cultura.
13
66
Mau despertar
“Quando me acordei estava só.”
O verbo acordar, no sentido de despertar do sono, não é reflexivo.
O verbo acordar-se (reflexivo) significa estar de acordo.
Período correto: Quando acordei estava só.
O “h” da questão
“Os seus contos eram ilariantes.”
Escrever ilariante seria hilariante, se não fosse trágico.
Para quem não se lembra: hilariante significa engraçado, que 
produz alegria.
Preste atenção: não confunda hilariante com hilário (relativo a hilo 
e traficante de cavalos e burros) ou hilária (planta gramínea) – 
Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa de Caldas Aulete.
No Novo Aurélio – O Dicionário da Língua Portuguesa / Século XXI 
a palavra hilária é, também, uma planta, mas o vocábulo hilário 
aparece como sinônimo de hilariante.
E E E E E
13
Aniversário do vovô
Eram tantas as velas do bolo que 
o senhor pediu aos netos que 
assoprassem para ajudá-lo a apagá-las.
E os netos gostaram muito da ideia!
O verbo correto é assoprar ou soprar? 
Os dicionários registram os dois verbos 
com o mesmo significado: agitar com 
sopro, dirigir o sopro sobre o fogo para 
apagar ou avivar.
Portanto, já sabem: soprem ou 
assoprem as velas do bolo de seu 
aniversário.
Exportação/importação
O Brasil exporta milhões de sacas de arroz durante o ano.
O Rio de Janeiro importa carne da Argentina.
Aprenda:
Exportar é vender para fora de um município, estado ou país. 
Exemplo: Teresópolis exporta couve-flor para o município do Rio de 
Janeiro.
Importar é trazer de fora para um município, estado ou país. 
Exemplo: Os brasileiros importam produtos de beleza de Paris.
Entretanto, cuidado! Seria redundante dizer que “O Brasil importou 
petróleo de outros países”. Se importamos só pode ser de outro país, 
a não ser que se nomeie o país. Exemplo: Importamos petróleo da 
Arábia Saudita.
1 1 1
14
Maldade pura
“Não se deve assustar 
crianças pequenas 
com bichos-papão.”
“Bichos-papão”? 
Esses, sim, são 
capazes de assustar 
qualquer criança. 
O plural do nome 
composto bicho-
papão (substantivo 
+ substantivo) é 
bichos-papões, 
os dois termos são 
pluralizados.
Período correto: Não 
se deve assustar 
crianças pequenas 
com bichos-papões.
Indigestas
1 – “Geraldo comeu um sanduíche de mortandela 
na hora do recreio e passou tão mal que teve de 
voltar pra casa.”
Claro! O certo é mortadela. Mortandela, nem 
pensar, dá indigestão!
2 – “João pediu um mixto quente na lanxonete da 
esquina.”
Não foi atendido. Nem poderia...
O certo é misto-quente e lanchonete.
Diplomacia
O embaixador e a embaixatriz compareceram às festividades em 
homenagem ao Centenário da Academia Brasileira de Letras. A 
embaixadora da Polônia não pôde estar presente.
Veja: O substantivo masculino embaixador possui dois femininos 
com significados diferentes;
embaixatriz – é a esposa do embaixador.
embaixadora – é a mulher que exerce o cargo de embaixador.
)
)
)
)
Adentrar
Há muitos anos, o jornal paulista 
A Gazeta Esportiva tinha um 
cronista chamado Olímpicus 
que usava muito a expressão 
“os dois times adentraram o 
gramado”. Era esquisito, mas 
estava certo. O verbo adentrar é 
transitivo direto.
Hoje, a expressão está em 
desuso, mas de vez em quando 
ainda aparece um locutor 
esportivo que a utiliza. Questão 
de gosto.
Ascensão
“Ela buscava ascenção social, 
porque não queria ser uma 
excessão no grupo.”
Cuidado! Ela correu o risco 
de não ter sucesso. O certo é 
ascensão, com sc primeiro e s 
depois e exceção, com xc e ç.
Período correto: Ela buscava 
ascensão social, porque não 
queria ser uma exceção no 
grupo.
15
Pediram-me uma explicação para a diferença entre 
dicionário e vocabulário. O primeiro dá a palavra e o 
seu significado. O segundo dá a palavra ou o verbete 
apenas com a sua grafia, para que se saiba como é escrita. 
Em ambos os casos, a disposição é em ordem alfabética.
77
Xuxa e moela
“A história revela como ela se relacionou com os moradores 
daquele lugar e as lições que aprendeu.” (O Globo, de 25/12/97, 
em matéria sobre o especial de Xuxa na televisão.)
Trata-se de um erro relativamente comum, com o emprego do 
cacófato “como ela”.
Moela, diz o dicionário da ABL, “é o terceiro estômago 
das aves”. Deve-se evitar isso, ainda mais agora que a 
apresentadora está grávida.
Quanto ao cacófato, é o vício de locução que consiste no mau 
som resultante de duas palavras ou de sílabas ou letras de 
diferentes palavras.
Maktub
O escritor Paulo Coelho faz sucesso num jornal com a sua 
seção Maktub. Em árabe, a palavra significa “estava escrito”. 
Na seção de 25/12/97, o autor de Brida, escrevendo sobre os 
defeitos de um nosso amigo, iniciou a frase assim: “O julgamos 
com uma severidade que devíamos usar para nós mesmos.”
Há quem considere possível essa forma de expressão, mas 
não é a mais aconselhável. Não devemos iniciar uma frase 
com pronome pessoal do caso oblíquo. O correto seria: “Nós o 
julgamos com uma severidade...”
Telefonema
“O marido ficou aguardando 
a telefonema da mulher.”
Errado! A palavra telefonema 
é masculina. Espere sempre 
um telefonema, caso 
contrário correrá o risco de 
esperar sentado.
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16
Fubecada
Essa quem me contou foi o acadêmico Josué Montello. Havia uma 
reação muito grande contra o uso indiscriminado de palavras 
inglesas, em nossa língua. Chegou-se até a condenar o consagrado 
futebol, proveniente de football. Uns puristas queriam trocá-la por 
balípodo, outros por fubeca. Não deu pé, ficou mesmo futebol. 
Fubecada, hoje, quer dizer paulada, batida, choque.
Espanadô
Vejam o exemplo a seguir. Acredito 
que, na letra da música Nuvem 
de gafanhoto, de Guinga e Aldir 
Blanc, houve exagero. Nossa língua 
foi massacrada: “Aí, desse jeito, 
meu sinhô, viro um espanadô.” E 
mais adiante: “Os lambari num qué 
cardume pra se haver no avulso e a 
cobra d’água num impulso quer cortar 
os pulso.” Assim é um pouco forte.
Aposentadoria
O Sr. José conseguiu um diferimento do prazo para a quitação 
dos seus débitos para com a Previdência Social, e só depois o 
deferimento da sua aposentadoria.
Muito bem! O senhor mereceu a aposentadoria, pois usou as 
palavras diferimento e deferimento, adequadamente. Preste 
atenção: Diferimento – adiamento.
Deferimento – aprovação.
Convite
“Os noivos fizeram questão 
de entregar o seu convite de 
casamento em mãos.”
O casal correu o risco de ficar com 
a igreja vazia.
Você fica em pés? O certo é em 
mão. Ao escrever num envelope, 
coloque sempre em mão.
Assoprarou 
soprar
Fez aniversário? Parabéns! 
Comemore soprando ou 
assoprando as velas do 
bolo. As duas formas estão 
corretas. Cuidado só para 
não exagerar no vento. Pode 
atrair resfriado.
Comendo certo
“Paulo comeu um 
omelete.”
Cuidado! Coma uma 
omelete (substantivo 
feminino). O Paulo 
correu o risco de ter 
uma indigestão. E ainda 
por cima, a omelete faz 
mal ao colesterol.
2 2 2
@ @ @
17
Segundo o filólogo Antônio Houaiss, a língua 
portuguesa cresce toda noite. O Vocabulário Ortográfico 
da Academia Brasileira de Letras, por ele organizado, 
registra a existência de 350 mil verbetes. Numa nova 
edição, forçosamente, terá pelo menos mais 50 mil verbetes, 
contemplando sobretudo a parte técnica. Quem poderia 
pensar no verbo deletar, hoje tão popular, há 25 anos?
88
Despreparo a metro
“Motorista, quantos milímetros falta para chegar ao metro?”
Telecurso, TV Globo, 3/12/97, às 6h45min, ensinando a usar 
múltiplos e submúltiplos, mas esquecendo o português. 
Devemos cuidar sempre da concordância.
O certo é: “Motorista, quantos milímetros faltam...”
O amanhecer
“É verdade que às seis horas 
amanhece o dia?”
Não! Isto nunca aconteceu! 
Todos os dias, por volta das 
seis horas, amanhece.
“Amanhece o dia” é chover 
no molhado. Se você acha 
razoável “amanhecer a noite”, 
então, use à vontade esta 
redundância.
Água ruim
“Tomou um copo d’água 
saloba e não gostou.”
Cuidado, esta água mata! 
O certo é salobra, que 
significa com gosto de sal, 
meio repugnante.
Cuidado com a 
crase
“Comprei um carro à álcool.”
Atenção! Compre um carro a 
álcool.
Álcool é um substantivo 
masculino e não se usa crase 
antes de palavra masculina.
Exemplos: Ele anda a cavalo. 
Sem crase, pois cavalo é um 
substantivo masculino.
m m m m
18
Onde/ aonde/ de onde?
Onde está você?
Aonde você vai?
De onde (ou donde) você veio?
O uso de onde, aonde e de onde (ou donde) não é tão difícil.
Preste atenção: Com verbos que indicam permanência, como o verbo 
estar, usamos onde. (Exemplo: Onde eu estava fazia muito calor.)
Com verbos que indicam movimento, como o verbo ir, usamos aonde, 
quando se referir ao destino (Exemplo: Aonde você quer ir?). Com 
verbos que se referem a procedência, usamos de onde ou donde 
(Exemplo: De onde você saiu? Donde você surgiu?).
Cuidado para não errar
“Ele fez um grande erro, casando-se com aquela moça, tão mais 
nova.”
Erro não se faz, se comete.
Período correto: Ele cometeu um grande erro, casando-se com 
aquela moça, tão mais nova.
Não duvide!
“Posso escrever cincoenta?”
Não! Nem em cheques, 
nem em lugar nenhum. Use 
sempre cinquenta.
“Sicrano ou 
siclano?”
O correto é Sicrano e sempre 
com inicial maiúscula, assim 
como Fulano e Beltrano.
(
9
19
Sem confusão
Dona Ambrósia faz a melhor 
ambrosia que já comi.
Perfeito! Vamos entender:
Ambrósia – nome próprio 
feminino (antropônimo) e 
também nome de uma planta.
Ambrosia – doce de leite com 
ovos
Para D. Marcos Barbosa, tradutor de O pequeno 
príncipe, letras de música não se constituem em 
poesias. Ele defendia essa tese, completando com o 
pensamento que, por isso mesmo, não era obrigatório 
respeitar todas as regras gramaticais quando se tratava de 
dar letra a uma bonita música. Tudo seria válido na busca 
da rima. Nem todos os cultores da língua pensam assim. A 
maioria exige rigor em tudo.
99
Pretensiosa ou 
pretenciosa?
“Ana é considerada 
muito pretenciosa pelos 
vizinhos.”
A moça pode até ser muito 
vaidosa e convencida, mas 
pretensiosa é com s, pois 
é uma palavra derivada 
de pretensão. Pretensão e 
água benta...
Frase correta: Ana é 
considerada muito 
pretensiosa pelos 
vizinhos.
Muito próprio
Nome próprio deve ter acento gráfico?
Claro! Os nomes próprios estão sujeitos às mesmas regras dos 
nomes comuns.
20
Curiosidade
Conta-se que o doce ambrosia alimentava os deuses dos 
Olimpo e que é nove vezes mais doce que o mel, tornando 
imortais aquele que dele provassem.
Ambrosia é um substantivo comum feminino. Você já 
experimentou esse doce?
Desidratação
A personagem Branca, da 
novela Por amor (Rede Globo, 
1997), mandou a empregada 
providenciar nova rodada de 
sucos, porque, com aquele 
calor, as pessoas teriam 
“disidratação”.
Cuidado! O certo é 
desidratação (perda de água 
do corpo).
Quem sabe, ela errou porque 
estava desidratada?
Acordo
“A funcionária preferiu 
um acordo amigável 
com a empresa em que 
trabalhava.”
Atenção! Para ser acordo já 
é amigável. Basta escrever 
ou dizer acordo. Devemos 
evitar as repetições inúteis.
Marcelo, para com isso
De novo na novela Por amor, da Rede Globo, foi cometido um erro, 
já comentado por nós. Agora foi o personagem Marcelo: “Entre eu e 
ela”. O certo é: Entre mim e ela. Entre é uma preposição, exigindo o 
pronome na forma oblíqua tônica.
Princípio
A princípio significa no começo.
Em princípio significa em tese.
Vejamos dois exemplos:
As coisas iam muito bem a 
princípio. Depois é que se 
complicaram.
Só em princípio todos são 
iguais perante a lei...
Infinitivo
Pessoas recebem salário para trabalhar ou para trabalharem?
Tanto faz. O infinitivo regido de preposição (exceto a, que 
normalmente exige singular) pode variar ou não. O importante 
é que todos (principalmente os nossos políticos) trabalhem de 
maneira consciente, para que possamos ter um país bem melhor.
Colocar
É correto empregar o verbo 
colocar no sentido de colocar 
um problema, uma questão?
Não. Você deve expor uma 
questão. Deve apresentar um 
problema que venha a surgir.
Asseguro que, assim sendo, 
terá muito mais chance de 
resolvê-lo. Se você vier a 
“colocá-lo”, poderá esquecer 
o lugar e não encontrar mais a 
solução.
J
J
J
21
Nem sempre os neologismos são recebidos de 
braços abertos pelos puristas da língua. É natural 
essa resistência. Mas o progresso tem lá o seu preço. 
O novo dicionário de latim do Vaticano incluiu 15 mil 
neologismos, entre os quais play-boy (juvens voluptarii) 
e strip-tease (sui ipsius nuatores). Enquanto as coisas 
não melhoram, recomenda-se tomar uma dose de uísque 
(vischium). Modernidade é isso aí.
1010
Começou a começar
“A partir de” é uma expressão muito utilizada. O seu significado 
é “a começar de”.
É errado dizer que “o novo decreto começará a vigorar a partir da 
próxima segunda-feira”. Deixar assim é como se disséssemos que 
começou a começar. É muito começo, não é não?
Escrevendo 
corretamente
 
(com ss e ss).
 (com ss e 
x) – ano em que o mês 
de fevereiro tem 29 
dias.
 (com h) 
– sacrifício de pessoas.
Camisa furada
O Ministério da Saúde parece que não tem jeito de acertar. Está 
distribuindo à população 50 milhões de camisinhas para prevenir 
contra a AIDS, mas deixou passar um bárbaro erro de português 
nas embalagens: “Concerve em lugar fresco”, com c. Essa doença 
também é muito grave. O correto é conserve, com s.
v v v
22
Rui Barbosa
“O grande Rui foi, de fato, o Águia de Haia?”
Não! O notável baiano foi a Águia de Haia. É a águia que simboliza 
talento, perspicácia e inteligência.
“O águia” é cabra safado, velhaco e espertalhão – isto o Rui 
Barbosa, certamente, não foi.
Desastre de trem
“Severino chegou atrasado 
ao trabalho porque o trem 
descarrilhou em Paciência.”
Errado! Os trens descarrilam; 
de carril (trilho) só pode sair 
descarrilar, descarrilamento, 
ainda que certos dicionários 
registrem descarrilhar e até 
desencarilhar.
Convite errado
“Caso eu for ao cinema, vou 
convidá-lo.”
Não aceite o convite! Caso 
exige o verbo no presente ou 
no pretérito imperfeito do 
subjuntivo, e não no futuro.
Preste atenção: Caso eu vá ao 
cinema... ou Caso eu fosse ao 
cinema...
23
Lendo André Maurois (1885 – 1967)
Émile Salomon Wilhelm Herzog Maurois, conhecido como André, 
nasceu na França. Alcançou notoriedade principalmente pelas 
biografias literárias publicadas, romances, memórias de guerra 
e ensaios. Pertenceu à Academia Francesa. No Rio de Janeiro é 
homenageado, tendo um colégio estadual com o seu nome.
Entre suas principais obras citamos: Os silêncios do coronel Bamble, 
Climato, Olímpio ou a vidade Victor Hugo e Prometeu ou a vida de 
Balzac.
Ler é sempre altamente gratificante, mesmo sendo um ato solitário 
é um processo dinâmico. Certo estava André Maurois quando 
garantia que “a leitura de bom livro é um diálogo incessante: o livro 
fala e a alma responde”.
Respostas aos leitores
1 - Roberto Mauro (Rio de Janeiro/RJ)
Tanto faz: porcentagem ou percentagem — as duas 
palavras constam do Novo Dicionário Aurélio da 
Língua Portuguesa.
2 - Fábio Tubbs (Belo Horizonte/MG)
Fumar provoca diversos males à sua saúde. O uso da 
crase, antes de pronome possessivo, é facultativo. 
Os pronomes possessivos são: meu, teu, seu, minha, 
tua, sua, nosso, vosso, nossa, vossa e seus plurais.
3 - José Carlos (Angra dos Reis/RJ)
As palavras história e estória causam controvérsia. 
Estória aparece em diversos dicionários, inclusive 
no Houaiss, significando narrativa, ficção, conto e 
novela. Muitos filólogos não recomendam o uso do 
vocábulo estória, afirmando que história é tanto 
para fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, 
como, também, para narração, enredo, trama ou 
fábula.
4 - Maria Antônia (Friburgo/RJ)
Mesmo parecendo estranho, o verbo crer apresenta 
as formas: eu cria (Pretérito Imperfeito do Indicativo) 
e ele creu ( Pretérito Perfeito do Indicativo), etc. O 
verbo crer é irregular.
São irregulares os verbos de determinada 
conjugação que não acompanham o respectivo 
paradigma.
24
Palavras viram epidemia. A denúncia é do escritor 
e jornalista Ruy Castro, que acusa alguns jornalistas 
de infestar as suas matérias de expressões como ícones, 
emblemáticos e bagatelas, com ou sem razão. Rachel de 
Queiroz sugeria a busca da originalidade, em nossos textos, 
mesmo que seja só na aplicação de um ou outro adjetivo. O 
exagero é que incomoda – e deve ser evitado.
1111
Irritação justa
“José irritou-se quando 
ficou ao par do 
assunto.”
Claro! Jamais use ao 
par, a não ser no caso 
de câmbio. O correto é 
ficar a par do assunto.
Mulher bonita
“Maria é considerada uma 
tigresa pelos colegas do 
escritório.”
Perfeito! A forma tigresa é 
usada quando queremos 
fazer referência a mulher 
muito bonita e não à 
fêmea do tigre. Esta é 
tigre fêmea.
Molhado
“O patrão quer ‘enxugar’ a máquina 
administrativa da empresa.”
Com que toalha? Os jornalistas, 
também, são muito dados a “enxugar” 
isso e aquilo. O verbo enxugar não deve 
ser usado no sentido de resumir e suprir. 
Enxugar é secar, tirar a umidade. Não 
mude o sentido das palavras.
Somos todos intertrouxas?
A American On Line (AOL) , como provedora, teve 30 milhões de 
internautas. Pela fortuna de 166 bilhões de dólares, comprou a 
Time-Warner. Na campanha brasileira, falou em “mais maior” e 
“mais melhor”. Certamente, para fazer gracinha. É uma forma de 
deseducação que merece o nosso mais veemente protesto.
f f f
25
Nacionalidade ou naturalidade
Em uma das apresentações do Vídeo Show/TV Globo, fevereiro/98, a 
atriz e modelo Luana Piovani, paulista, referindo-se à sua mudança 
de sotaque, pois passou a viver no Rio: “Mudei de nacionalidade”. 
Como?!
Nacionalidade: país de nascimento, condição própria de cidadão 
de um país.
São Paulo é um estado e não um país, com todo o respeito aos 
paulistas e aos paulistanos.
Luana, mesmo sendo uma loura lindíssima, não tinha o direito 
de cometer tal gafe. Deveria ter dito: mudei de naturalidade 
(município ou estado de nascimento).
Não confundam nacionalidade com naturalidade.
Cuidado, Vanucci!
Fernando Vanucci, na TV 
Globo, na segunda noite do 
Carnaval de 98:
“A Imperatriz hoje está 
‘paroxítona’. MARAVILHOSA.”
Paroxítona agora virou 
adjetivo? Só mesmo o 
Vanucci.
Triste advogado
“O juiz não aceitou o 
mandato de segurança 
impetrado pelo advogado.”
Nem poderia! É terrível um 
advogado cometer tal erro.
Observe:
Mandato: missão, poderes 
políticos outorgados pelo 
povo a um cidadão, por 
meio de voto.
Mandado de segurança: 
garantia constitucional 
para proteção de direito 
individual líquido e certo.
Uma fera
A atriz Andrea Guerra, atuando 
como repórter no Baile das 
Panteras/ Carnaval 98:
“José Reinaldo, quantos anos já 
fazem que você promove esse 
baile?”
Certamente, faz muito tempo. O 
verbo fazer, quando usado para 
designar tempo, é impessoal, como 
o verbo haver. Portanto, o certo é: 
Quanto anos já faz...
É importante notar que, em caso 
de locução verbal, o verbo que 
acompanha o fazer também fica no 
singular.
Exemplo: Está fazendo dois anos 
que ela não brinca o Carnaval.
Código de trânsito
“Os motoristas vivem dando 
freiadas para não ser multados 
pelos controladores do trânsito.”
O certo é freada. Evite ser multado, 
respeitando a lei.
26
Na sociedade do conhecimento, em que vamos 
chegando, não se pode mais prescindir do emprego 
dos computadores. Também a internet passa a ser uma 
realidade do nosso cotidiano. Temos experimentado 
a alegria de receber uma imensa correspondência por 
intermédio da internet, como aconteceu com um diplomata 
brasileiro servindo em Assunção, Paraguai. Está empolgado com 
o que tem lido aqui, segundo ele, “material de primeira para quem 
deseja conhecer melhor a língua portuguesa”.
1212
Olha a confusão
“Marina saiu cedo da sua sessão de 
trabalho, pois não queria perder a 
cessão do filme Titanic, cujo ingresso 
foi uma seção da Rádio JB.”
Preste atenção para acertar sempre:
Seção (ou secção) – parte de um 
todo, segmento. Exemplo: Trabalho 
na seção de arquivo.
Sessão – período de tempo. Exemplo: 
Fui à sessão das 16h.
Cessão – é o ato de ceder. Exemplo: 
Ele conseguiu a cessão do auditório.
O período correto é: Marina saiu 
cedo da sua seção de trabalho, pois 
não queria perder a sessão do filme 
Titanic, cujo ingresso foi uma cessão 
da Rádio JB.
Hora certa
Só existe uma forma correta de 
abreviar as horas. Não esqueça que 
vivemos no Brasil, portanto, nada de 
cópias do horário estrangeiro.
Veja bem:
: abrevia-se com h, jamais “hs”.
Minutos: abrevia-se min, jamais “m” 
ou “mins”.
Exemplos: 20h30min; 8h; 21h50min.
Religião e 
cidadania
Faz-se muita confusão 
entre israelense e 
israelita. O primeiro é 
o cidadão do Estado de 
Israel. Israelita é o que 
pertence à religião judaica 
ou ao povo de Israel.
Assassinaram o 
caranguejo
“No coquetel em 
homenagem à conhecida 
escritora, ofereceram pitu, 
sururu e carangueijo.”
Um prato indigesto, pois 
caranguejo não tem i.
p p p p 
27
Haja vista
“Pedro foi demitido do 
trabalho haja visto seu mau 
comportamento.”
Cuidado! haja vista é o 
correto o substantivo vista 
fica sempre no feminino, 
como na expressão ponto 
de vista.
Coitada da Milena!
A personagem Milena, da novela 
Por amor, veiculada em 1998, pela 
Rede Globo, agrediu a língua pátria, 
quando disse em alto e bom som:
— “Não posso engordar uma grama 
sequer...”
Cuidado! Grama, substantivo 
feminino, é capim. Será que comer 
capim emagrece? A atriz tem, de 
fato, um corpo escultural, mas 
grama, quando se refere a peso, é 
um substantivo masculino.
Exemplo: Ana perdeu muitos 
gramas depois da caminhada.
Um frangaço
É boa ideia cada clube de futebol 
ter o seu boletim ou a sua revista 
interna. Ajuda na comunicação. 
Mas é preciso caprichar no idioma, 
como o Fluminense F.C não o fez. 
O seu boletim informativo engoliu 
verdadeiros frangaços, como a 
separação sucessiva do sujeito e do 
predicado por vírgulas indecorosas 
(“Os portadores de tickets, 
poderão...”).
De quebra, uma crase inoportuna:
“Aberto de terça-feira à domingo.”
Não se usa o acento grave, 
indicativo da crase, no a antes de 
substantivo masculino.
Exceção: aquele, aqueles, aquilo 
(pronomes demonstrativos) que, em 
razão de começarem por a, podem 
ser fundidos com a preposição a.
Adolescente 
irritante
“A adolescente irritava a 
mãe mascando, sempre, 
um chicletes.”
Certamente, a irritação da 
senhora era ainda maior, 
pois o certo é um chiclete. 
Igualmente: um chope, um 
clipe, um drope, e não: 
um chopes, um clipes, um 
dropes. Existe, ainda, a 
variante chiclé. Um chiclé, 
dois chiclés.
Erro grave
“Tadeu foi um dos que 
mais errouna prova do 
concurso público.”
Bem feito! A expressão 
um dos que exige o 
verbo no plural.
Período correto: Tadeu foi 
um dos que mais erraram 
na prova do concurso 
público.
w w w w w w w 
28
Foi assinado pelos oito países da comunidade lusófona 
o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Brasil e 
Portugal já se acertaram, inovando em aproximadamente 
400 palavras. Há algumas nações africanas que ainda 
resistem à ideia, mas pode ser que a diplomacia brasileira 
vença a “parada”.
1313
Televisão 
estranha
“Geraldo comprou uma 
televisão a cores, que vive 
dando defeito.”
Essa TV dará problemas! 
Você diz filme “a preto e 
branco”? O correto é: em 
cores, em preto e branco.
Tratamento certo
“Vossa Excelência estejais tranquilo, que o povo acredita em vós.”
Não pode haver tranquilidade com tal concordância pronominal. 
Os pronomes de reverência e de tratamento designam a segunda 
pessoa, mas levam o verbo para a terceira pessoa.
Frase correta: Vossa Excelência esteja tranquilo...
Para você recordar os pronomes de tratamento:
Você (tratamento familiar);
Senhor, senhora (tratamento cerimonioso).
Pronomes de reverência:
Vossa Senhoria (para funcionários públicos graduados);
Vossa Excelência (para autoridades);
Vossa Alteza (para príncipes);
Vossa Majestade (para reis);
Vossa Santidade (para o papa);
Vossa Eminência (para os cardeais);
Vossa Reverendíssima (para sacerdotes, em geral);
Vossa Magnificência (para reitor de universidade).
29
Gostando de ler
“Ele levantou os ombros, olhou para o papel, e tornou a recitar a 
composição, mas já então sem tremuras, acentuando as intenções 
literárias, dando relevo às imagens e melodia aos versos. No fim, 
confessou-me que era a sua obra mais acabada; eu disse-lhe que 
sim; ele apertou-me muito a mão e predisse-me um grande futuro” 
(Machado de Assis – Memórias póstumas de Brás Cubas).
Preferência 
duvidosa
“Eu prefiro mais a 
profissão de comissária 
de bordo.”
Não! “Prefiro mais” é 
errado. A força do prefixo 
(pre) dispensa o advérbio 
(mais).
Diga sempre: Prefiro a 
profissão de comissária 
de bordo. Prefiro sair 
sozinha. Prefiro comer 
carne branca. Nada mais!
Estranha 
quilometragem
Temos visto anúncios por 
aí, inclusive na televisão, 
sobretudo com a aprovação 
do novo Código Brasileiro 
de Trânsito, abreviando 
quilômetro desta forma: 
Km. Está errado. Repetimos 
para você lembrar sempre: 
o certo é km com k 
minúsculo. São convenções 
internacionais, que não 
podemos tropicalizar.
Tentativa inútil
“Dez anos são pouco tempo para se tentar recuperar uma floresta?”
Dez anos é muito pouco tempo para se reparar o mal que o 
Homem faz a si próprio, devastando as florestas.
Veja bem: o verbo ser fica no singular quando o predicativo é 
constituído por palavras como: muito, pouco, bastante, suficiente, 
nada, etc.
Para você relembrar:
predicativo – indica a qualidade, ou maneira de ser do sujeito 
– segue o verbo ser e seus sinônimos, ou um verbo intransitivo. 
Exemplo: A floresta foi muito devastada (predicativo).
c
: : : :
30
Ver direito
“Geraldo, eu não lhe vi na 
fila do cinema.”
Ainda bem! Quem diz: “eu 
não lhe vi” não merece 
mesmo ser visto.
O verbo ver é transitivo 
direto – quem vê, vê 
alguma coisa – não pede 
preposição, portanto deve 
ser usado com o pronome 
o e suas variações, e 
jamais com o pronome 
lhe.
O mesmo acontece com os 
verbos amar, adorar, etc.
Exemplos: Eu não o vi. Ela 
o ama.
Mortos sem sepultura
Um amigo, cheio de superstição, aproximou-se de mim e 
confidenciou que havia levado um susto, na véspera, quando o 
locutor de televisão falou em necropsia. Perguntou, desconfiado: 
“Não é necrópsia?”
Tive que explicar mais um mistério da língua portuguesa. Diz-se 
necropsia, pois não é acentuada. Entretanto, são aceitas as formas: 
autópsia e autopsia. Todas com o mesmo significado.
Observação: Os legistas preferem o termo necropsia, considerando 
a palavra autópsia inadequada, tendo em vista o significado 
do prefixo auto: próprio de si mesmo. Como um indivíduo pode 
dissecar o próprio cadáver? Não é de morte? Você escolhe uma 
forma ou outra.
Uma questão de 
distância
Este lápis é meu.
Esse lápis é meu.
Aquele lápis é meu.
Devemos tomar cuidado com os 
pronomes demonstrativos. Veja 
bem como usá-los:
Este(s), esta(s) e isto – referem-
se ao que está perto de quem 
fala (1a pessoa). Referem-se 
também ao tempo presente – 
este ano, esta semana;
Esse(s), essa(s) e isso – referem-
se ao que está próximo da 
pessoa com quem se fala (2a 
pessoa);
Aquele (s), aquela(s) e aquilo 
– referem-se ao que está longe 
tanto da 1a, quanto da 2a pessoa 
(pronome de 3a pessoa).
q
31
São feitos concursos para juízes, no Brasil inteiro, e 
os resultados têm sido lastimáveis. A reprovação em 
massa ocorre principalmente porque os candidatos 
não sabem nada de português, como se fosse possível 
exercer a profissão sem o domínio da nossa língua. Sou 
francamente favorável a que se exija o português nos bancos 
escolares, inclusive nas universidades. Está mais que na hora 
de reverter essa triste situação.
1414
Debate
“O debate será cara 
à cara?”
“Cara à cara?” Vai 
acabar em briga.
O certo é cara a 
cara (sem crase). 
Entre palavras 
repetidas, o a é, 
simplesmente, 
preposição. Não 
tem sentido, pois, 
o sinal indicativo 
de crase. Outros 
exemplos: gota 
a gota, frente a 
frente, etc.
32
Eleição
“Com o sistema das urnas eletrônicas, o escrutíneo dos votos é 
bem mais rápido.”
Será? Acho que “escrutíneo” atrapalha qualquer eleição. Eleição 
é coisa séria, não se pode errar. A ortografia é escrutínio (com 
io).
Período correto: Com o sistema das urnas eletrônicas, o 
escrutínio dos votos é bem mais rápido.
Gostando de 
ler
“Gosto muito de crianças 
/ Nunca tive um filho 
meu / Um filho!... não 
foi de jeito... / Mas trago 
dentro do peito / Meu 
filho que não nasceu.”
(Manuel Bandeira)
Injustiça
“Nada mais prazeiroso do que 
justiça para os inocentes.”
Tudo bem! Mas, “prazeiroso” é 
uma injustiça! Esta palavra não 
existe.
O certo é prazeroso (prazer + 
oso)
Em tempo: o sufixo oso se anexa 
a uma palavra para formar outra 
com a ideia de abundância.
Conceituação
Substantivo: é uma palavra variável com que nomeamos os seres da 
natureza em geral.
Ser é tudo que existe: Antônio, casa, sapato, Sol, etc.
Para entender melhor, acompanhe os exemplos de substantivos:
comum: livro, cadeira, homem, etc.
próprio: Brasil, José, Colégio Pedro II, etc.
simples: rádio, Bahia, lua, etc.
composto: grão-duque, beija-flor, aguardente, etc.
coletivo: alcatéia, esquadrilha, arquipélago, etc.
abstrato: amor, ciúme, paixão, etc.
concreto: madeira, menino, dedo, etc.
Qualidade?
“A ombridade é uma das maiores qualidades que se espera de um 
homem.”
Escrito deste jeito é defeito!
O certo é hombridade com h inicial e significa: nobreza de caráter, 
dignidade.
T T T
33
Triste realidade
“A criança de rua trás a amargura por traz dos seus olhos tristes.”
Não aumente a tristeza, acerte ao escrever!
O certo é: A criança de rua traz a amargura por trás dos seus olhos 
tristes.
Veja bem:
Traz com z é verbo trazer.
Trás com s é preposição e entra nas locuções prepositivas.
Exemplo:
Por trás, atrás, de trás.
O que é coletivo?
O empregado da fazenda usava a matilha para trazer o alavão, o 
fato e a manada de volta para o estábulo.
Veja bem: matilha (de cães), alavão (de ovelhas leiteiras), fato (de 
cabras) e manada (de bois) são substantivos coletivos.
Para você recordar:
Coletivo – “diz-se do substantivo que, no singular, designa várias 
pessoas, animais ou coisas”.
Exemplos:
Povo (coletivo de pessoas)
Esquadrilha (coletivo de aviões)
Boana (coletivo de peixes miúdos)
Cáfila (coletivo de camelos), etc.
Olha a hora!
“Otávio faltou ao trabalho hoje. Quando acordou já passavam das 
8h.”
Cuidado! Além de perder a hora, acordou mal.
O certo é: Quando acordou já passava das 8h.
Preste atenção: Com a expressão passar de, na indicação de horas, 
o verbo deve ficar no singular, não importando o número que 
determina as horas.
Exemplos:
Passavade 10h.
Passou de 5h.
Passará de 24h.
34
O acadêmico Afrânio Coutinho defende a existência de 
uma língua brasileira. Ele reclama que o País amadureceu 
e merece ter uma língua própria, que permitiria aceitar 
como válida a existência de pronomes átonos no início das 
frases (tipo “me ajude que eu preciso”). Mas, enquanto isso 
não acontece, vale mesmo é a língua portuguesa, em que essas 
agressões ao vernáculo são condenáveis.
1515
O susto
“A cozinheira levou um enorme 
susto quando o bujão de gás 
explodiu.”
Não é para menos! Com “bujão 
de gás” a cozinha poderia ir 
pelos ares. O certo é botijão 
de gás (recipiente de gás 
combustível).
Não confunda! A palavra bujão 
existe e significa rolha de 
madeira ou metálica, tampão.
Agressão desnecessária
“Não devemos agredir àqueles que, por ventura, discordem de 
nossas opiniões.”
Seria uma agressão dupla. O advérbio que significa por acaso é 
porventura (uma palavra só).
Observe: por ventura (separado) significa por felicidade.
Período correto: Não devemos agredir aqueles que, porventura, 
discordem de nossas opiniões.
O nome da flor
O admirável ator Sérgio Britto disse: 
crisantemo (sílaba tônica: te). 
Muita gente fala assim. O correto é 
crisântemo (palavra proparoxítona 
– acentuada – sílaba tônica: 
sân). Quem nos ensina é Antenor 
Nascentes. Vamos aprender?
Infeliz
“Espero que você seje feliz.”
Será muito difícil, pois “seje” 
e “esteje” são formas que 
não existem na nossa língua. 
O correto é seja e esteja.
Seja um amante da língua 
pátria.
35
Geladeira vazia
“Na geladeira tem leite, 
queijo e iogurte.”
Esta geladeira está é vazia! Na 
geladeira não tem.
O melhor é dizer: Na geladeira 
há leite, queijo e iogurte. O 
verbo haver é que funciona 
como sinônimo de existir.
Decoração malfeita
“Vou encarpetar a sala do meu 
novo apartamento.”
Garanto que não vai ficar bom.
O certo é: Vou acarpetar a sala 
do meu novo apartamento.
Não esqueça: você manda 
forrar a sala com carpete, logo 
acarpeta-a.
A perigosa concordância
“Precisam-se de digitadores.”
Errado! O certo é: Precisa-se de digitadores. Preste atenção! Quando 
há uma preposição entre o verbo e o elemento no plural, o verbo 
fica no singular.
Exemplos: Precisa-se de empregados.
Trata-se de pessoas educadas.
Assiste-se a bons vídeos.
Acabou-se com os doces no jantar.
Observação: Quando não houver a preposição entre o verbo e o 
elemento no plural, aí, então, o verbo fica no plural.
Exemplos:
Vendem-se casas.
Acabaram-se os doces.
Exagero
“Os organizadores da greve 
declararam que havia 1,5 milhões 
de pessoas que aderiram ao 
movimento.”
Cuidado ao escrever! O certo é: 1,5 
milhão.
Usamos milhões a partir de 2. 
Exemplos: 2,8 milhões; 9,7 milhões, 
etc. Mesmo utilizando os algarismos, 
devemos manter a correção da 
concordância.
Formidável?
O formidável incêndio 
matou dezenas de 
pessoas.
Calma, amigos. Eu não 
sou sádico, nem estou 
elogiando o incêndio. O 
sentido original (cada 
vez menos usado) da 
palavra formidável 
é: medonho, colossal, 
pavoroso.
> > > > >
. . . > >
36
Nós, brasileiros, gostamos de modismo. A língua 
portuguesa também é vítima desse hábito. Sempre se 
pronunciou Roraima (rãi), o estado da região Norte. Quando 
aquele estado estava em pauta, por causa do incêndio de 
grandes proporções, que lá ocorreu, ouvia-se nas rádios e TVs: 
Roráima (com som aberto no ai). Já não bastava o fogo?
1616
Ao Millor, com carinho
Millor Fernandes lançou o desafio para que se esclareça se a 
expressão à beça tem ou não crase. Beça é substantivo de gíria, 
encontrado no vocabulário oficial de Portugal. A locução à beça 
significa “muito”, “em grande quantidade”, “em grande cópia”. 
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia 
Brasileira de Letras, coloca a expressão com crase. O Aurélio 
também. Fico, modestamente, com eles.
Cuidado com a dengue!
“D. Sebastiana foi mordida pelo mosquito que causa a dengue.”
Devemos tomar todas as precauções contra o mosquito, mas 
mosquito tem dente? Claro que não! Mosquito, portanto, não dá 
mordidas, dá picadas.
3 3 3 3 3 3 
37
Crase indevida
“Dirigiu-se à Exma. Sra. Senadora 
com muita delicadeza.”
Não adianta a delicadeza, usando 
o acento grave indicativo de crase, 
antes de pronome de tratamento 
(“à Exma. Sra.”)
Jamais faça isso! Não cabe crase 
nesse caso.
Em tempo: também não se usa 
crase antes dos pronomes pessoais 
do caso reto: eu / tu / ele / ela / 
nós / vós / eles / elas.
Frase correta: Dirigiu-se a 
Exma. Sra. Senadora com muita 
delicadeza.
Descrição/discrição
“Otávio, ao depor na delegacia, usou descrição na discrição da 
briga dos vizinhos.” Que indiscrição! O certo é: Otávio, ao depor na 
delegacia, usou discrição na descrição da briga dos vizinhos.
Preste atenção:
discrição: sensatez, reserva ao falar, prudência.
descrição: é ato de descrever, exposição.
Defronte ou 
defronte de?
Espere-me defronte do 
banco.
Se você estiver “defronte 
ao” banco, talvez não 
consiga encontrá-la.
Preposição no meio
“As reuniões da empresa ocuparam todos os salões-de-convenções 
do hotel.” Nada disso! O plural de salão-de-convenção é salões-de-
convenção.
Veja bem: nos substantivos unidos por preposição varia somente o 
primeiro elemento.
Exemplos: Banana de pijama – bananas de pijama
Pão de mel – pães de mel
Dona de casa – donas de casa
Serviço militar
Roberto serviu no Exército e Ricardo na Marinha.
Muito bem! Todo jovem, na idade certa, tem que prestar o serviço 
militar. Jamais diga: “servir o Exército”, “servir a Marinha” ou 
“servir ao Exército”.
Com o sentido de prestar serviço militar, o verbo servir rege a 
preposição em.
Recordação: No (preposição em + artigo o).
Na (preposição em + artigo a).
Missa certa
Constantemente, no obituário dos 
jornais, aparecem participações 
de falecimento, convidando, em 
seguida, para “missa de sétimo dia”. 
Atenção, a missa é do sétimo dia e 
não “de sétimo dia” como aparece 
grafado. Falar e escrever bem a nossa 
língua não faz mal a ninguém.
O O O O O O O 
38
Com características de vocabulário universal, o 
historiador Sérgio Correa da Costa lançou o livro Palavras 
sem fronteira, inicialmente editado em francês. São cerca 
de três mil exemplares de determinada língua e que se 
encontram no uso comum de outra. Como aconteceu com o 
francês e o inglês. Há também a presença de palavras da nossa 
língua, como piranha, pirarucu, banana e inhame, hoje usuais 
em outros idiomas. Como curiosidade, o reconhecimento que 
ombudsman é palavra sueca e robot provém da língua checa.
1717
Outra vez concordância
Rádio CBN – numa madrugada de 98: “A dupla Jacqueline e Sandra 
conquistaram mais uma etapa do campeonato de vôlei de praia.”
Por favor! A dupla conquistou mais uma etapa e o locutor perdeu o 
campeonato da língua portuguesa. Foi derrotado pela concordância.
Abreviatura certa
“Ela mora na Rua Gal. 
Polidoro.”
Gal? Só a cantora! A 
abreviatura de general é Gen.
Triste comunicado
“O policial comunicou o 
delegado a fuga dos presos.” 
Assim não é possível! Você 
pode e deve comunicar algo 
(a fuga dos presos) a alguém 
(ao delegado), portanto é 
incorreto dizer: “comunicou 
o delegado”.
O certo é: O policial 
comunicou ao delegado 
a fuga dos presos (verbo 
comunicar: transitivo direto 
e indireto).
Obedecer é a 
questão
O verbo obedecer é hoje usado 
exclusivamente com regência 
indireta: obedecer ao pai, às 
leis, obedecer-lhe. Conquanto 
seja transitivo indireto, o verbo 
obedecer admite a construção 
passiva: “A lei foi obedecida.”
39
Gravidez animal
“As cadelas ficam 
prenhas?”
O dicionário do Aurélio 
diz que sim: forma 
popular-variante de 
prenhe. Prefira prenhe. 
Tanto as cadelas como 
as vacas, as éguas, 
as elefantas... ficam 
prenhes.
A dificuldade de um s
“O chassis do carro do Sr. Antônio está empenado.”
Coitado! Que prejuízo!
Use a palavra chassis (com s final) só se for plural. Exemplo: Os 
caminhões estavam com os chassis enferrujados.
No singular diga sempre: o chassi. Da mesma forma: o croqui, o 
lambri (para o singular)e os croquis, os lambris (para o plural).
Observe: a palavra sursis (suspensão condicional da pena) é assim 
grafada (com s final), por tratar-se de estrangeirismo, mas se 
pronuncia sursi e não sursis.
Reunião importante
“A diretoria fez uma reunião à portas fechadas.”
Cuidado! Para que a reunião seja perfeita, é melhor realizá-la a portas 
fechadas.
Preste atenção: antes de palavra no plural não se usa o a com o acento 
grave indicador de crase ( ` ). Exemplos: a pauladas, a cacetadas, etc.
Observação: o acento grave só aparece se existir as antes da palavra 
no plural, como em: às vezes, às claras, às escuras, etc.
A novela das 8
A linda atriz Cássia Kiss, a Isabel 
da novela Por amor (1998), saiu-
se com esta: “Leve para o Arnaldo 
dar a sua rúbrica”. A personagem 
agrediu a nossa língua.
O certo é rubrica – palavra 
paroxítona (acentuação tônica 
na penúltima sílaba – bri) e não 
proparoxítona (acentuação tônica 
na antepenúltima sílaba – ru).
Doença braba
14/1/98, programa Túnel do Tempo.
O ator Felipe Camargo observa que a sujeira nas praias está 
tornando a situação braba.
Braba ou brava? Tanto faz, contanto que você faça a sua parte no 
que tange à higiene. Povo civilizado é povo limpo.
m
40
Já vimos que o modismo é uma característica nossa: 
nas roupas, na comida, nos hábitos e até na língua 
portuguesa falada e escrita. Não use “a nível de”. Esta 
expressão não existe, o que existe, significando à mesma 
altura, é ao nível do mar. Sempre será possível, com um 
pouco de esforço, trocar o antipático modismo “a nível de”. 
Afinal, reunião “a nível de diretoria” é apenas uma forma 
incorreta de dizer reunião de diretoria.
1818
Idioma infartado
“Um noticiário de televisão 
informou a morte por 
infarte de um político.”
Você pode dizer enfarte 
ou infarto, entretanto a 
segunda forma é preferível.
Jamais use “infarte”. Você 
pode infartar!
Obra complicada
Foi publicado num jornal carioca: “Ainda está em obras os 
aposentos que serão de Sasha na casa da Xuxa...”
Se são obras no plural, como é que o verbo ficou no singular? 
Assim não há obra que resista.
Período correto: Ainda estão em obras os aposentos que serão de 
Sasha na casa da Xuxa.
Descanso 
merecido
Ao chegar em casa, coloco 
rapidamente meus chinelos 
ou minhas chinelas?
As duas formas estão 
corretas. O importante é que 
você fique livre dos sapatos 
que teve que usar o dia 
inteiro. Relaxar é bom!
Resfriado brabo
“José teve um resfriado 
tão forte que o médico 
recomendou uma radiografia 
da caixa toráxica.”
Não! A palavra certa é 
torácica, com c, e não com x. 
A letra x só entra em tórax.
Cuidado! Senão a cura do 
resfriado vai demorar.
41
Gastança
“O desperdiço do dinheiro público é um absurdo injustificável.”
Absurdo duplo! O correto é: O desperdício do dinheiro público é um 
absurdo injustificável.
Preste atenção: as duas formas existem, mas desperdiço é forma 
verbal (eu desperdiço - 1a pessoa do singular, do Presente do 
Indicativo do verbo desperdiçar) e desperdício (gasto ou despesa 
inútil, esbanjamento) é substantivo.
Dedo-duro
“André foi taxado de ‘dedo-duro’ 
pelos colegas.”
Nada disso! Taxado (com x) é 
o verbo taxar, no particípio, e 
refere-se a tributar.
O correto é: André foi tachado de 
“dedo-duro” pelos colegas.
Tachar (com ch) significa acusar.
Namoro rompido
André, tentando reatar o namoro, 
escreveu para a sua amada: 
“Mariana, ti gosto muito!”
Escrevendo desse jeito, não dá 
para a moça acreditar! O correto 
é: Mariana, gosto muito de ti. 
Para escrever bonito não precisa 
inventar. Quem gosta, gosta de 
alguém ou de alguma coisa.
Pedrada
TV Globo – Novela Era uma vez, maio/98. O grande ator Cláudio 
Marzo, o Dr. Xistos, atropelou o nosso vernáculo, num diálogo com a 
Bruna (Andréia Beltrão): “A dívida do seu pai é vultuosa”, e repetiu 
a pedrada, minutos depois. Vultuosa? O certo é vultosa.
Veja a diferença: Vultosa – de grande vulto, volumosa. Exemplo: 
despesas vultosas, dívida vultosa.
Vultuosa – atacada de vultuosidade (estado mórbido em que a face 
e os lábios se incham e avermelham muito).
Além de antipático, o Dr. Xistos merece ficar vultuoso, não?
Telemancada
Numa manhã de maio/98, na TV Globo, o Telecurso 2000 dava o 
endereço para os candidatos aos exames supletivos:
“Inscrições em Brasília na Secretaria Estadual de Educação – Palácio 
Burity.”
Secretaria Estadual em Brasília? Que estado? Brasília é capital, é o 
Distrito Federal ou o pessoal do Telecurso não sabe isso?
g g g
42
Só os adjetivos são suscetíveis de grau superlativo, 
pois só eles encerram ideia de qualidade, que pode ser 
elevada em sua significação. São errados superlativos como 
“tantíssimo”, por exemplo. Pelo mesmo motivo, a expressão 
“coisíssima nenhuma” é tolerada apenas em linguagem 
coloquial.
1919
Boas notícias?
“Fico no aguardo de boas 
notícias para breve.”
Se assim for, fique sentado 
para não se cansar.
O correto é: Fico ao aguardo 
de boas notícias para breve.
As pessoas ficam à espera e 
não “na” espera.
Cuidado com o 
colesterol
“Comer muito ovo cosido 
aumenta o colesterol?”
Se você escrever cosido com s, 
com certeza aumentará muito 
mais o seu colesterol.
Aprenda o certo: Comer muito 
ovo cozido aumenta o colesterol.
Cozido - com z, porque vem do 
verbo cozer (preparar alimentos 
ao fogo).
Coser - com s, significa costurar.
Nada bom
Isto é ruim!
Nunca é demais repetir: ruim 
(adjetivo que significa mau, 
perverso, estragado, preju-
dicial) é palavra oxítona, 
portanto diga sempre: ru-ím 
(o acento foi colocado para 
mostrar a pronúncia).
Viagra
TV Globo, Brasília, 27/5/98, às 6h 55min.
“Os homens não têm mais vergonha de encarar a impotência de 
frente.”
Existe outra maneira de encarar o assunto?
O verbo encarar já traz o elemento cara. Se não for de frente, 
como será?
�
�
43
Abaixo do nível
“Só pode ter dois palanques a nível estadual quem tem 50% das 
intenções de voto.”
Foram palavras do presidente nacional do PT, José Dirceu.
É incrível como os nossos políticos custam a entender que a expressão 
correta é em nível de. O que fazer, para mudar a situação?
Insistimos: Não use a expressão “a nível de”.
Brasil pentacampeão
Devagarinho, a seleção brasileira vai melhorando o seu desempenho. 
(junho/98)
Preste atenção: palavras oxítonas (acento tônico na última sílaba) 
recebem o sufixo zinho para formar o diminutivo. Exemplos:
Colar – colarzinho. Amor – amorzinho. Sofá – sofazinho. Café – 
cafezinho
No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABL, em 
relação a devagar, são admitidos os diminutivos: devagarinho e 
devagarzinho. Prefira usar devagarzinho.
Sem solução
“Ante ao exposto, espero 
uma solução rápida para 
o problema.”
Assim, não vai haver 
solução. Use ante o 
e nunca “ante ao”. 
Portanto, escreva: Ante 
o exposto, espero uma 
solução rápida para o 
problema.
Zoar
O verbo zoar é muito utilizado pelos 
adolescentes do Rio de Janeiro. Sair 
para zoar é frequentar festas, em geral 
de menores, onde há muito consumo 
de bebida. As festas costumam acabar 
em pancadaria, pois são caracterizadas 
pela violência. O verbo zoar é 
intransitivo e está no Dicionário do 
Aurélio, significando soar fortemente, 
ter som forte e confuso.
O bom cifrão
Dinheiro é coisa de que todo mundo precisa. Acerte ao escrever. 
No cifrão só existe um traço: $, apesar de muita gente usar dois. Há 
máquinas que só registram dois traços, porém não estão certos.
Veja: R$ 0,50; R$ 100,00
Observação: ao usar o símbolo do real não deixe espaço entre ele e o 
número. Isso evita a fraude.
 
44
A busca da rima é, às vezes, penosa. Por isso, nem sempre 
os melhores poemas são os que têm rima. Podem se bastar 
com o ritmo. Em tempo de Copa do Mundo, há um certo 
exagero no uso de expressões populares. A pior que existe por 
aí é o “Guenta que é penta”, usada na televisão. Como ninguém 
usa o verbo guentar, até porque ele não existe, resta reclamar da 
excessiva criatividade dos nossos redatores de publicidade.
2020
Advérbios
Mariana talvez concorde em casar com o Mário.
Para entendera dúvida da moça, aprenda: talvez é advérbio de 
dúvida.
Para saber mais:
Advérbios – são palavras invariáveis (não têm plural, nem gênero) 
que modificam os verbos, os adjetivos ou outros advérbios.
Tipos de advérbios:
de dúvida: talvez, quiçá, acaso, porventura, etc.
de intensidade: muito, pouco, bastante, assaz, etc.
de lugar: abaixo, acima, aqui, ali, cá, lá, etc.
de modo: bem, mal, assim, asperamente, delicadamente, etc.
de tempo: amanhã, hoje, cedo, tarde, agora, outrora, etc.
Irritação
“Joaquim anda um tanto 
quanto irritado com a filha 
adolescente.”
A forma correta é um tanto 
ou quanto.
Escreva certo para não 
aumentar a irritação 
do Joaquim e de todos 
aqueles que um tanto 
ou quanto não admitem 
erros na escrita da língua 
portuguesa.
45
Tristes salários
“Devido à precaridade de recursos, o governo nunca pode pagar o 
que os professores merecem e deviam receber.”
Escrevendo desse jeito, a situação dos professores ainda piora.
Devido à precariedade... é a forma correta.
Não são raras as confusões feitas com as terminações idade e iedade 
para formação de substantivos.
Usa-se idade quando o adjetivo termina simplesmente em ar.
Exemplos:
Elementar – elementaridade.
Singular – singularidade.
Preste atenção: a palavra precariedade vem de precário (que não 
termina em ar).
A palavra é intercomplementaridade e não “intercomplemen-
tariedade”, como se ouve por aí, porque vem da palavra 
intercomplementar (que termina em ar).
Usa-se a terminação iedade quando o adjetivo termina em ário, 
ório.
Exemplos:
Precário - precariedade.
Contraditório - contraditoriedade.
Semelhança
“Mariana é uma sósia perfeita da lindíssima Malu Mader.”
“Uma” sósia? Impossível! Se a moça, de fato, é parecida com a 
bonita e talentosa atriz, ela será um sósia de Malu Mader.
Cuidado! Sósia é substantivo sobrecomum (designa pessoas e tem 
um só gênero) e no caso deve ser usado sempre no masculino (o 
sósia, um sósia).
Outros substantivos sobrecomuns:
Um indivíduo, a criança, a pessoa, o cônjuge, etc.
Observação:
Alguns dicionaristas modernos incluem o substantivo sósia entre os 
comuns de dois gêneros, mas, pela sua origem, sósia é uma palavra 
masculina.
46
Gente educada
“O comprimento aos vizinhos faz parte da boa educação.”
Os vizinhos não vão gostar! A palavra certa é cumprimento.
Veja a diferença:
Comprimento – grafado com o é uma das três medidas de extensão 
(as outras duas são: largura e altura).
Cumprimento – escrito com u é o ato ou efeito de cumprimentar, 
uma saudação.
Verbo infeliz
SBT, Programa Márcia/Julho/98.
Na semana passada, a apresentadora Márcia falou em alto e bom 
som: “estrupar”
O verbo estuprar já é triste, ainda mais pronunciado erradamente.
Curto-circuito
Só pode ter havido um curto-circuito, na Rádio CBN. O seu locutor, 
no dia 7/6/98, às 12h25min, caprichou na notícia sobre o GP do 
Canadá:
“Trata-se de um ‘circuíto’”... (acento para mostrar a pronúncia do 
locutor).
Circuito, circuito, circuito, por favor!
Novela das seis
Novela Era uma vez (TV Globo)/julho/1998. Diálogo dos personagens 
Horácio (Marcos Frota) e Bruna (Andréia Beltrão) sobre a fortuna que 
ele iria receber num novo negócio:
“É milhões! É milhões! É milhões!” – disse o ator, atropelando a 
concordância.
Terrível, não? Quando haverá mais cuidado com os textos das 
novelas?
São milhões! São milhões! São milhões! de pessoas, inclusive 
crianças, que ficam ouvindo estas barbaridades.
47
Respostas aos leitores:
1. Elson da Costa e Silva (Rio de Janeiro/RJ).
A abreviatura de apartamento é ap ou apart, não 
sendo aceito “apto”, que como o próprio leitor 
colocou significa capaz, hábil.
2. Ana Maria Soares (Barbacena/MG).
Verbos defectivos são aqueles que não têm a 
conjunção completa. São três tipos:
Impessoais: usados só na 3a pessoa do singular – são 
as ações dos fenômenos da natureza: chover, nevar, 
ventar, trovejar, etc.
Unipessoais: indicam vozes ou ruídos peculiares a 
determinados animais: cacarejar, latir, miar, coaxar, 
etc.
Não têm algumas formas: para evitar confusão com 
outros verbos (falir – não tem a 1a pessoa do singular 
= ao verbo falar) ou por eufonia. Exemplo: abolir.
48
O Brasil estreou com o pé direito, na Copa do Mundo na 
França, derrotando a Escócia por 2 a 1. Mas houve muita 
agressão ao vernáculo por parte da crônica esportiva, 
como, aliás, era esperado. Desde a expressão “estrea 
vitoriosa” até o uso indiscriminado de palavras inglesas, 
assistiu-se a um verdadeiro festival. No caso de “estrea”, lembro 
de uma consulta que fiz ao filólogo Antenor Nascentes sobre o 
nome “Andreia”. Disse-me ele: “Andrea é nome próprio masculino 
e não é português. Na nossa língua, use a palavra Andreia, com i 
como estreia”. Nunca esqueci a lição do mestre.
2121
Kilt/saiote
Os escoceses são grandes 
torcedores de futebol. 
Usaram em Paris, na 
Copa do Mundo, trajes a 
caráter, ou seja, vestiram 
os seus saiotes tradicionais 
e tocaram as gaitas de 
fole. A nossa imprensa 
escreveu muito sobre os 
“kilts coloridos”. Se existe 
a palavra saiote, por 
que utilizar kilt? Só para 
demonstrar erudição?
Bebeto e o corner
O atacante Bebeto foi encarregado pelo técnico Zagallo (ele escreve 
com dois eles, o que se há de fazer?) de bater todos os escanteios 
que nos fossem favoráveis. E foram muitos. Os locutores abusaram 
da palavra inglesa “corner”. É certo que aportuguesamos a palavra 
football, que virou mesmo futebol. Balípodo não colou. Mas para 
corner existe escanteio. Vamos jogar pra escanteio a palavra 
corner?
49
Expressão meio torta
Gosto muito do estilo do locutor paulista Sílvio Luiz, do SBT. Ele é 
bastante espirituoso, além de impor um certo respeito em virtude dos 
seus cabelos brancos. Só não dá para concordar com o que disse:
—“A bola chegou à área meia torta...”
Se a meia estiver torta, você endireita. Se for bola, é meio torta. O 
Sílvio Luiz deveria ter desentortado essa.
Vale recordar: Meio é advérbio e advérbio é palavra invariável.
Meia – substantivo (usada com sapato) ou significando metade (meia 
hora).
Que império era 
esse?
Logo depois, o mesmo 
profissional da televisão, cheio 
de empolgação, anunciou que 
“estão tristes os torcedores do 
país do Sol nascentes”.
Quantas vezes ele acha que 
o Sol nasce, todos os dias? 
Usou o plural (nascentes) 
indevidamente.
Deveria ter dito: Estão tristes 
os torcedores do país do Sol 
nascente.
Assassinaram os camarões
O jogo foi fraco e não passou de 1 x 1. Áustria e Camarões estrearam 
com o pé esquerdo na Copa. Um locutor carioca, de início 
empolgado com a atuação dos craques africanos, chamava-os 
indistintamente de camarônicos, camaroneiros, camaroneses e 
camaronenses. É muita imaginação.
Os adjetivos pátrios que nomeiam a pessoa nascida em Camarões 
são: camaronês e camaronenses. O resto é assassinato da língua 
portuguesa.
Em tempo: camaroneiro é barco de pesca de camarões.
A falta de Romário
Dunga, na TV Globo, falando 
sobre a sua amizade com 
Romário:
— “É um amigo para o resto da 
vida. Faz muita falta. Gostaria 
que ele estivesse com nós 
agora.”
Seria tão mais eufônico se o 
capitão da equipe brasileira 
tivesse utilizado a forma 
conosco (pronome pessoal 
do caso oblíquo). Como disse, 
equivaleu a um chute na canela.
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50
Menos 
audiência
Que Romário é um craque 
(palavra aportuguesada 
do inglês), ninguém 
duvida. Mas, é claro, 
ninguém imagina que 
ele seja bom em tudo. Os 
comentários do artilheiro, 
na Rede Globo, vez por 
outra resvalam na falta 
de familiaridade com o 
nosso idioma, como na 
repetição do abominável 
“menas” em lugar de 
menos, tão mais simples e 
correto.
Atenção, Romário, menos 
é um advérbio, portanto, 
palavra invariável e, se 
você não corrigir isso 
provocará menos sucesso 
na líder de audiência.
Um erro cheio de superstição
Falar de improviso não é para qualquer um. Tem os seus mistérios 
e as suas dificuldades. O locutor de Japão x Croácia, na TV Globo, 
anunciou pomposamente: “Hoje, Pelé falará sobre a ‘supertição’ no 
futebol”. Tenho plena convicção de que o Rei do Futebolfalou sobre 
a superstição, com s e tudo.
51
Agressão
“À saída do jogo, o 
rapaz foi agredido pelos 
assaltantes de forma 
crucial.”
A violência é terrível e 
tem que ser resolvida 
pelas autoridades. Cabe 
a nós lamentar e escrever 
corretamente. A palavra 
“crucial” está colocada 
de maneira inadequada. 
A palavra adequada é 
cruciante.
Observe: 
Crucial – que tem forma 
de cruz e, também, difícil, 
árduo, capital.
Cruciante – torturante
Frase correta “À saída do 
jogo, o rapaz foi agredido 
pelos assaltantes de forma 
cruciante.
Não tem muito cabimento o que o locutor 
Cléber Machado fez, na Copa do Mundo. Chamar o 
maranhense Oliveira, que se naturalizou belga, de 
“Oliverrá”, francamente, foi um exagero. O nome dele 
não foi naturalizado. Já imaginaram se o Zico tivesse o seu 
nome vertido para o japonês? Ou se o Donato, naturalizado 
espanhol, passasse a ser o “Don Ato”?
2222
Pelo meio
Numa Copa do Mundo, com 32 países, foram muitos jogos e 
as emissoras de rádio e televisão obrigaram-se a um enorme 
desdobramento, para cobrir tudo o que fosse possível. Na 
partida Holanda x Coréia do Sul, o comentarista do SBT 
caprichou na ausência do plural:
“Eles entra pelo meio... “
Uma forma bastante singular de cortar o plural.
O correto é: Eles entram pelo meio.
Um boteco 
esquisito
Até o Ratinho foi parar 
em Paris, para cobrir a 
Copa do Mundo.
Pensando bem, por 
que não? Só que ele 
armou um boteco 
esquisito, na capital 
francesa: “Botéco do 
Ratinho”, com acento 
e tudo. É claro que 
demos o teco nesse 
boteco.
Por que o acento? 
Não há regra de 
acentuação que o 
justifique.
x x x
52
Gol contra do Romário
Grande atleta, goleador de primeira, Romário deu diversos chutes 
na língua portuguesa, como comentarista da Rede Globo. No Brasil x 
Dinamarca, saiu-se com esta pérola: “Agora é diferente. É uma Copa 
do Mundo aonde que o Brasil...”
Seria muito mais fácil ter dito: “É uma Copa do Mundo em que o 
Brasil...” É claro que não se exigia nem se exige dele ser bom em 
tudo, mas não custava nada caprichar um pouco mais. Inteligência 
ele tem – e muita.
Gol contra
Cissa Guimarães é uma 
simpatia, além de muito 
inteligente. Filha de professor. 
Só que, no afã de falar o que 
o povo gosta de ouvir, iniciou 
o sorteio de mais um carro Gol 
com a seguinte frase:
“Oi, gentem, são uma hora da 
tarde!”
Está bem que ela criou um 
neologismo (gentem), mas 
ficaria melhor se dissesse “é 
uma hora da tarde”. Soaria 
gostoso e correto aos nossos 
ouvidos.
Entorse
No jogo contra a Dinamarca (Brasil 3 x 2), o Ronaldinho levou um 
pontapé por trás. Pura covardia, o que não o impediu de dar dois 
passes geniais para Rivaldo e Bebeto. Mas na hora de contar o que 
houve, o locutor caprichou:
“Parece que ele sofreu um entorse.”
Errado. O que ele sofreu, mas continuou no jogo, foi uma entorse. 
Entorse é um substantivo feminino.
Um espinho no 
caminho
Eu vou, tu vais, ele vai. 
Presente do indicativo do 
verbo ir. Dunga fez uma frase, 
na TV Globo (4/7/98), em 
que se machucou: “Tu não 
vai querer colher rosa, sem se 
machucar no espinho”. Esse 
espinho ficou atravessado.
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53
Ventos muito fortes
A Televisão Francesa caprichou na 
imagem: “Ventos hoje de 11 Kmh.”
Uma convenção internacional, reunida 
em Sèvres, na França, estabeleceu 
padrões que, pelo visto, a sua televisão 
não tomou conhecimento. Foi lá que 
se definiu o que é o metro. No caso, 
a velocidade é medida por km/h 
(quilômetros horários).
É sempre bom repetir:
Escreva sempre km, m, h, etc. com 
letra minúscula e sem plural. Não 
existe: kms, ms, hs, etc.
Larga mesmo
Na minha opinião, Júnior é um dos maiores jogadores brasileiros de 
todos os tempos. Gosto de vê-lo brilhar, apesar da idade, no futebol 
de areia. Classe é classe. Só que, como comentarista, na Copa do 
Mundo, arranjou um jeito original de espinafrar o juiz que ficava em 
cima do muro:
“Parece uma largatixa!”
O que é isso, amigo? O pequeno sáurio chama-se lagartixa.
De cabelo em pé
Quem zela pela língua portuguesa ouviu as transmissões esportivas 
de cabelo em pé, como se costuma dizer. Fomos espectadores ou 
expectadores dessas barbaridades?
O espectador é aquele que vê, que assiste à...
O expectador é o que está na expectativa de..., à espera de...
Portanto, o certo, no caso, é espectador.
Ficamos na expectativa que acerte sempre o uso destes vocábulos.
54
É preciso cuidado com certas invenções de palavras que 
se constituem, na verdade, em interpretações individuais 
do vernáculo. Nisso se inclui o “imexível” do ex-ministro 
Antônio Magri e, mais recentemente, em plena Copa do 
Mundo, o “indescrezível” do capitão Dunga, depois da linda 
vitória sobre a Dinamarca. Certamente, foi uma sensação 
muito esquisita do grande jogador. Será que ele não quis dizer 
indescritível?
2323
Não foi culpa do 
juiz
Quando se começou a tentar 
explicar a derrota do Brasil para 
a França, na final da Copa do 
Mundo, o comentarista Arnaldo 
César Coelho, da TV Globo, 
apitou, desafinando:
“O juiz marroquino passou 
desapercebido”.
Vale recordar: desapercebido – 
desprevenido.
despercebido – não percebido.
Frase correta: O juiz marroquino 
passou despercebido.
Curiosidade
A capoeira é originária de Angola, na África, e era uma forma 
de luta entre os negros. Atualmente é muito praticada e os seus 
componentes demonstram capacidade de ataque e defesa sem, 
contudo, atingir, efetivamente, os adversários. A destreza vale 
muito mais do que a força muscular. O berimbau de barriga é 
o instrumento musical que acompanha os capoeiristas, sendo a 
dança muito comum na Bahia.
55
56
Pegadinha 
do Faustão
Dia de decisão da 
Copa do Mundo, 
todo mundo 
nervoso, inclusive 
o Faustão. Ele 
disse para o 
goleiro Barbosa, 
da Copa de 50:
“Esperamos que o 
Taffarel hoje esteje 
inspirado.”
O verbo estar, 
no Presente do 
Subjuntivo, é que 
eu esteja, que tu 
estejas, que ele 
esteja...
O “esteje” do 
Faustão foi um 
autêntico gol 
contra do grande 
apresentador. 
Talvez fosse o 
começo do 3 a 0.
Novela
Júlia, jornalista, personagem interpretada 
pela atriz Débora Bloch, na novela 
Andando nas nuvens (Rede Globo/ 
outubro/99), não podia dizer, mas disse: 
— “Isto não é ‘com nós’.” Terrível não? 
Conosco, Júlia, uma jornalista não pode 
desconhecer o uso dos pronomes pessoais 
do caso oblíquo.
Romário
Quando tentou explicar a má atuação 
de Ronaldo, na decisão da Copa, o 
artilheiro Romário comentou: “Algumas 
coisas da seleção precisam ser melhores 
explicadas”.
Houve um exagero na frase do Romário. 
Bastaria dizer: Algumas coisas precisam 
ser melhor explicadas.
Soaria muito melhor aos nossos ouvidos.
Galvão Bueno
Sem dúvida, Galvão Bueno comandou com muita competência as 
transmissões da Rede Globo na Copa. O que não impediu que errasse 
na partida final. Preocupado, quando ainda estava zero a zero, 
saiu-se com esta: “Está chegando facilmente os franceses...”
Estão chegando deveria ter dito. Mas, desculpamos o grande 
locutor, pois todo mundo ficou nervoso naquele jogo que acabou 
com o nosso sonho de alcançar, em Paris, o pentacampeonato.
7 7 7
56
57
Hora extra
“Para melhorar o orçamento, José resolveu fazer algumas horas extra.”
Não vai dar certo!
O correto é: horas extras.
Preste atenção: Quando se usam prefixos sozinhos, eles se comportam 
como nomes comuns, portanto variáveis, então, deve-se escrever:
Os prós e os contras;
Os micros;
As mínis;
Atividades extras, etc.
Troca-troca
“O cavaleiro dirigia seu carro em alta velocidade, desrespeitou o 
guarda e foi parar na sela da delegacia.”
Tudo errado! Respeite o Código Brasileiro de Trânsito e veja o 
significado correto das palavras:
Cavaleiro: indivíduo que anda a cavalo
Cavalheiro: senhor
Sela: arreio de cavalgadura
Cela: aposento de prisioneiro em delegacias ou penitenciárias ou de 
frades e freiras num convento.
Período correto: O cavalheiro dirigia seu carro em alta velocidade, 
desrespeitou o guarda e foi parar na cela da delegacia.
O penta não veio
“O rendimento da Seleção Brasileira deixou muitoà desejar.”
Nossa derrota foi terrível! Já que não acertamos no futebol, 
acertemos no Português.
Preste atenção: O rendimento deixou muito a desejar. Não pode 
haver o acento grave indicador de crase antes de verbo porque 
nesta situação o a é preposição ou pronome pessoal oblíquo, não 
havendo, portanto, a fusão de dois a [a (artigo) + a (preposição) = à].
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57
Frequentemente, ouvimos pessoas ilustres e locutores 
de rádio e televisão pronunciando “récorde”, embora 
se grafe recorde. Nos dicionários a palavra consta como 
paroxítona, isto é, sem acento, portanto devendo ser 
pronunciada recórde. Não devemos nos acanhar em falar 
diferente, o importante é falar certo. A língua portuguesa 
agradece...
58
2424
Carrasco
“Aquela professora se tornou uma carrasca para com os alunos.”
Ela se tornou um carrasco e não uma carrasca.
Carrasco é substantivo sobrecomum, isto é, apresenta um só 
gênero gramatical para designar pessoas do sexo masculino ou 
do sexo feminino.
Outros substantivos sobrecomuns: pessoa, vítima, cônjuge, 
indivíduo, criança, criatura, apóstolo.
Relâmpagos
“O temporal era tão grande 
que o céu todo relampiava.”
O céu não “relampiava” e 
sim relampeava.
O verbo é relampear e não 
“relampiar”.
Aliás, relampear tem outras 
formas que podem ser 
empregadas:
Relampejar, relampaguear, 
relampadejar, relampadear 
e lampejar.
58
Família reunida
“Aos domingos, à noite, ceiamos todos juntos.”
Todos passam bem depois dessa refeição? A forma verbal 
“ceiamos” é indigesta. O verbo cear apresenta um i nas formas 
rizotônicas.
Revendo o presente do indicativo do verbo cear: ceio / ceias / 
ceia / ceamos / ceiais / ceiam.
Frase correta: Aos domingos, à noite, ceamos todos juntos.
59
A grande diferença
“É isso que me difere de você!”
Assim, a diferença vai ficar cada vez 
maior. O correto é: É isso que me 
diferencia de você. Observe:
Diferir significa ser diferente e não 
tornar diferente.
Namorar certo
“Namoro com a Cláudia 
há dois anos.”
Errado! O certo é: 
Namoro a Cláudia.
Quem namora com 
acaba não casando.
Repetência
“Os alunos que estão com notas baixas correm o risco de repetir de 
ano.”
O risco torna-se muito maior escrevendo assim. Repetir o ano é a 
forma correta.
Outra vez o perigo
“Antônio tem certeza que vai passar de ano.”
Se escrever assim, o Antônio será reprovado!
Passar o ano é o certo, embora quase todos digam passar “de” ano.
Botando banca
“Este livro é encontrado nas 
principais bancas-de-jornais.”
Errado! O plural de banca-de-
jornal é bancas-de-jornal.
Preste atenção: o substantivo 
composto, cujos nomes são 
ligados por uma preposição, 
somente o primeiro termo vai 
para o plural. Exemplos:
Cama de casa / camas de 
casal.
Jornal de bairro / jornais de 
bairro.
Pão de queijo / pães de 
queijo.
Furacão
No último capítulo da 
excelente série Hilda Furacão 
apareceu estampado num 
cartaz: “Fronteira à 100 m.”
Por favor! Jamais usem o 
acento grave indicativo de 
crase antes de numeral. O 
certo é: Fronteira a 100 m. A 
exceção é para o à ou às antes 
das horas.
Exemplos:
Às 10h30min
À 1h
Às 12h
K 
K 
K 
K
59
Um decreto, assinado em Portugal, modificou 
algumas regras da ortografia da língua portuguesa, 
que foram mudadas nos países lusófonos, isto é, 
aqueles cujo povo tem como língua nacional o português. 
Desde 1992 esse assunto é discutido exaustivamente. 
Dependerá de cada presidente determinar a data para que 
isso aconteça, em cada um dos lugares. Esperemos pelo Novo 
Acordo Ortográfico.
2525
Outra de novela
Na novela Torre de Babel veiculada pela TV Globo em 1998, 
Ângela, personagem de Cláudia Raia, saiu-se com a seguinte 
pérola: “Eu sabia que haviam complicações.”
Convém esclarecer, mais uma vez, que o verbo haver é impessoal 
e, portanto, fica na terceira pessoa do singular, quando significa: 
existir, acontecer e fazer (indicando tempo decorrido).
A atriz deveria ter dito: Eu sabia que havia complicações.
Todo o cuidado é pouco quando falamos para milhões de 
espectadores.
Amizade
“O amigo que mais gosto é Pedro.”
Garanto que Pedro não acredita nessa amizade.
O verbo gostar (quem gosta, gosta de) é transitivo indireto, 
isto é, precisa da preposição de.
Observe:
A presença do pronome relativo (que) atrai a preposição para 
antes dele.
Período correto: O amigo de quem mais gosto é o Pedro.
60
Preocupações justas
1. “D. Geralda está muito preocupada porque os vizinhos 
‘destorceram’ os fatos que ela contou.”
O certo é: D. Geralda está muito preocupada porque os vizinhos 
distorceram os fatos que ela contou. Veja bem:
Distorcer – desvirtuar, mudar o sentido.
Destorcer – endireitar, desfazer torcedura.
2. “O tráfego da Avenida Brasil preocupa os engenheiros de 
trânsito porque não está fruindo bem.”
O correto é: O tráfego da Avenida Brasil preocupa os engenheiros de 
trânsito porque não está fluindo bem. Veja bem:
Fluir – correr (líquido); passar (tempo); escoar (tráfego).
Fruir – desfrutar, gozar.
Afirmação errada
“Ao fazer tal afirmativa, ela não estava de toda errada.”
Estava totalmente errada! O certo é: Ao fazer tal afirmativa, ela não 
estava de todo errada.
Observe: a expressão de todo é uma locução adverbial, portanto 
invariável. Significa: totalmente, completamente.
Aberto ou fechado
Veja a pronúncia certa das palavras:
Algoz – fale sempre com o o fechado (algôz) como na palavra impôs.
Torpe – fale sempre com o o fechado (tôrpe).
Obeso – fale sempre com o e aberto (obéso).
Obsoleto – fale sempre com o e aberto (obsoléto).
Coeso – fale sempre com o e aberto (coéso).
Atenção: as palavras acima não são acentuadas, o acento foi colocado 
para ajudar o entendimento da pronúncia correta. A única que é 
acentuada é impôs.
Retorno às aulas
Docentes e discentes já voltaram às escolas para o retorno às aulas.
Preste atenção nas palavras:
Docente – relativo a professores.
Discente – relativo a alunos.
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61
Respostas aos leitores
1. Rosa M. Lessa (Rio de Janeiro/RJ)
Os diminutivos com os sufixos zinho e zito fazem o 
plural da seguinte forma: o plural da palavra original 
sem o s + o plural do sufixo (zinhos ou zitos). 
Exemplos:
Papel + zinho — papéi + zinhos = papeizinhos.
Flor + zinha — flore + zinhas = florezinhas.
Botão + zinho — botõe + zinhos = botõezinhos.
2. Anna Maria de Bethencourt (Rio de Janeiro/RJ)
Jamais use o pronome pessoal do caso reto eu em 
Você precisa 
saber
O verbo constituir é 
transitivo direto. Exemplo: 
Esses parágrafos constituem 
o núcleo da obra.
O verbo constituir-se 
rege a preposição em: Esses 
parágrafos constituem-se 
no núcleo da obra.
O verbo implicar, no 
sentido de envolver ou 
ter como consequência, 
é transitivo direto, isto 
implica dizer que não aceita 
a preposição em, ou seja, 
isto implica aquilo e não 
naquilo.
Tempo de eleição
“Chegou a hora do povo 
decidir quem será o nosso 
presidente.”
É uma decisão séria e 
precisa ser tomada com 
cuidado. Comece pela frase 
certa: Chegou a hora de o 
povo decidir quem será o 
nosso presidente.
Observe: o povo é o sujeito 
do verbo decidir e o 
sujeito nunca é regido de 
preposição, logo não cabe a 
contração da preposição de 
+ o artigo o = do, bastando 
o artigo o antes de povo.
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�
62
fim de frase, neste caso use o pronome oblíquo mim. 
Exemplos:
Para eu fazer.
Para eu levar.
Este bordado foi feito por mim.
Ela trouxe o presente para mim.
Observe, entretanto, outras situações em que o mim 
não está no final da frase:
É fácil para mim aceitar as novas regras (para mim 
completa o sentido de fácil).
Depois da preposição entre devemos utilizar o 
pronome mim. Exemplos:
Entre mim e ti há uma grande amizade.
Entre mim e ele só restou a tristeza.
3. José Jacintho Figueroa (Rio de Janeiro/RJ)
Toda vez que você puder substituir mau por bom o 
mau é com u. Quando você puder substituir o mal 
por bem, o mal é com l. Exemplos:
Ele é um mau (bom) funcionário.
Ele foi mal (bem) no concurso.
Atenção:
Mal como advérbio é invariável.
Mal (substantivo) tem o plural: males.
Mau é adjetivo e o plural é maus.
Exemplos:
A inveja éo mal (substantivo) de todos os tempos.
Todos sofrem os males (substantivo) deste tempo.
Ele não é mau (adjetivo) professor.
Eles são maus (adjetivo) alunos.
Todos se saíram mal (advérbio) nas provas.
63
Vocês já devem ter observado, diversas vezes, a 
palavra sic em declarações de alguém nos jornais, 
onde aparece entre parênteses (sic). É uma palavra de 
origem latina e significa: assim, deste modo. A colocação 
do (sic) serve para mostrar ao leitor que foi desse modo 
que a pessoa falou.
2626
Dívida
“A dívida do Soares aumentou de tamanho.”
Claro! Escrevendo assim, a dívida ficará ainda maior.
O verbo aumentar pede a preposição em e não “de”.
Escreva: A dívida do Soares aumentou em tamanho.
Término do namoro
“Antônio deixou a namorada porque não queria ser um 
impecilho à sua vida.”
O rapaz fez bem, escrevendo desse jeito, seria de fato um 
estorvo na vida da moça.
A palavra não é “impecilho”. A palavra certa é empecilho, que 
significa: impedimento, obstáculo, empeço, estorvo.
Semelhança
“A menina correu tanto que 
chegou esbaforida, porque 
estava espavorida com medo 
do pivete que a assaltou.”
A frase está perfeita.
Veja as palavras: esbaforida 
e espavorida são parônimas, 
isto é, têm sons semelhantes 
e significados diferentes:
Esbaforida – ofegante, com a 
respiração entrecortada pelo 
cansaço ou pela pressa.
Espavorida – cheia de pavor, 
apavorada, aterrada.
64
Remédio
“O médico receitou 
uma pomada para uso 
esterno.”
Assim não cura o 
machucado. Escreva 
externo e veja a diferença:
Externo – exterior, do 
lado de fora.
Esterno – osso dianteiro 
do peito.
Incerteza
“Joana preocupa-se, pois 
considera o seu futuro 
bastante inserto.”
Desse modo, o futuro da 
moça será muito triste. A frase 
correta é: Joana preocupa-se, 
pois considera o seu futuro 
bastante incerto.
Incerto – cheio de dúvidas.
Inserto – inserido.
Eleição
“Meu vizinho participará do próximo preito eleitoral, como 
candidato a deputado estadual.”
Assim, certamente não será eleito. Pleito é o termo correto.
Veja a diferença entre as palavras:
Pleito – demanda, disputa, luta.
Preito – homenagem.
Novela
Novela Meu bem querer, TV Globo, setembro/98. O ator Cláudio 
Correia e Castro, que fez o papel de um padre na novela das 7h, 
falou: “Ele só deu uma ou duas telefonemas.”
Cuidado! Telefonema é uma palavra masculina, logo o certo é: um 
ou dois telefonemas
Café da manhã perigoso
“João gosta de ovos mechidos no café da manhã.”
Assim o rapaz começa mal o dia. Preste atenção: o correto é ovos 
mexidos. Depois da sílaba me inicial usa-se x e não ch. Exemplos:
Mexer
Mexicana
Mexerica
Mexilhão, etc.
Exceção única: mecha e seus derivados que são escritos com ch.
U
65
66
Respostas aos leitores
1. Celeste Antunes Dias (Conceição de Macabu/RJ)
A palavra arroz tem plural sim! É arrozes. Não é 
comum, mas é o certo. Exemplo: arroz-doce — 
arrozes-doces.
2. Simoni de Alcântara (Rio de Janeiro/RJ)
O verbo polir pode ser usado no presente do 
indicativo e no presente do subjuntivo, por mais 
estranho que pareça. Veja:
Pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem (presente/
indicativo).
Pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam (presente/
subjuntivo).
Cuidado para não confundir o verbo polir com o 
verbo pular, pois têm formas comuns. Exemplos:
Pule (verbo polir – 3a pessoa do singular do presente 
do indicativo).
Pule (verbo pular – 1a e 3a pessoas do singular do 
presente do subjuntivo).
Pula (verbo polir – 1a e 3a pessoas do singular do 
presente do subjuntivo).
Pula (verbo pular – 3a pessoa do singular do presente 
do indicativo).
Somente pelo sentido da frase você saberá, nestes 
casos, se o verbo é polir ou pular.
66
Um dispositivo legal permitiu que a Academia Brasileira 
de Letras lançasse no mercado o seu Vocabulário 
Ortográfico da Língua Portuguesa, em 1998, esgotado desde 
1985. Isso foi feito, numa coedição com a Imprensa Nacional, 
dispondo o documento de cerca de 360 mil verbetes, 6.242 dos 
quais novos. O VOLP é polêmico – e é isso exatamente que se 
deseja, para que ele possa ser aperfeiçoado pela ABL a cada ano.
67
2727
Vocabulário ou 
dicionário?
Até Machado de Assis, no conto 
intitulado “Dicionário”, fez confusão 
entre os termos. Mas é preciso 
esclarecer: o vocabulário traz apenas 
a grafia correta da palavra e a sua 
categoria gramatical; o dicionário, 
mais completo, traz a palavra, 
a categoria gramatical e o seu 
significado. O mais novo Dicionário 
do Aurélio, que é o mais famoso de 
todos, contém 435 mil verbetes.
Palavras estrangeiras
Há inúmeros vocábulos de origem estrangeira hoje adotados pelo 
Vocabulário da Academia. A explicação (lógica) da Comissão de 
Lexicografia da ABL, constituída de eminentes filólogos, é bem 
simples: nos tempos de globalização, como desconhecer expressões 
que são usuais, como hardware, software, internet, intranet e 
output?
Por que deletar
Dentro desse critério, a palavra deletar, que já constava de 
diversos dicionários, encontrou guarida no VOLP. Não foi o caso 
de “printar”. Ela não foi acolhida pelos brasileiros porque pode 
ser simplesmente substituída por imprimir. “Se há uma boa 
palavra em nossa língua, com o mesmo significado, por que forçar 
a situação?”, explicou-nos o professor Antônio José Chediak, 
coordenador-geral do trabalho trazido a lume.
67
A presença do hebraico
Sabe-se que o Imperador D. Pedro II, a poeta Cecília Meireles e muitos 
religiosos são fãs da língua original da Bíblia. Feito um criterioso 
levantamento pela Comissão de Lexicografia, com a ajuda do rabino 
Sérgio Margulies, chegou-se ao total de 16 palavras a serem inseridas 
no trabalho. Para uma comunidade de 140 mil membros, como é a 
israelita, o número não é dos mais expressivos. Entraram no primeiro 
VOLP verbetes como Chanuká (festas das luzes), bris (circuncisão), chalá 
(tipo de pão), tsedaká (uma boa ação, no ideal de justiça), gefiltefish 
(bolinho de peixe, doce ou salgado) e shofar (instrumento que é 
utilizado em cerimônias religiosas, especialmente para anunciar o ano 
novo judaico).
Palavras árabes
Da cultura árabe, o Vocabulário recebeu uma consistente 
colaboração, que vem desde a primeira edição, elaborada sob a 
direção do acadêmico Antônio Houaiss. Palavras como alcachofra, 
alface, armazém e alforria já se encontram há muito em uso 
na nossa língua. Um esclarecimento: o prefixo al, em árabe, 
corresponde ao nosso artigo definido o. Armazém, em português, 
constitui uma corruptela do al. É a voz do povo que fez assim.
A travessia
Um dos romances de maior êxito do escritor Carlos Heitor Cony é o 
que se intitula Pessach, a travessia. A palavra pessach, portanto, 
integra a literatura brasileira, por uma das suas penas mais 
brilhantes. Significa a festa da liberdade, que relembra a saída dos 
judeus do Egito, para a travessia de 40 anos no deserto. Foi nessa 
ocasião que Deus entregou a Moisés os 10 Mandamentos. Pessach 
passou a figurar no Vocabulário da Língua Portuguesa.
Casa x móveis
“Os móveis da casa de D. Sônia estão sem lustro.”
De fato, os móveis devem estar bem feios.
Veja a diferença:
Lustro – espaço de 5 anos
Lustre – brilho e, figuradamente, candelabro
Frase certa: Os móveis da casa de D. Sônia estão sem lustre.
68
Agradecimento
“Agradeci Joana pelo presente que me mandou.”
Errado! Agradeci a Joana é a frase correta.
Preste atenção: O verbo agradecer pede objeto indireto de pessoa 
e objeto direto de coisa. Quem agradece, agradece alguma coisa 
(objeto direto) a alguém (objeto indireto).
Para você recordar: os objetos indiretos vêm sempre acompanhados 
de preposição.
Resposta ao leitor
1. Valéria Fátima de Athaíde (Rio de Janeiro/RJ)
Para escrever o verbo visar é preciso que você pense 
sempre no sentido, pois, dependendo, muda a 
regência verbal.
Veja: no sentido de mirar é transitivo direto (não 
exige preposição).
Ex.: Ele visava o alvo e acertou no muro.
No sentido de dar visto é transitivo direto (não exige 
preposição).
Ex.: O gerente do banco visou o cheque.
No sentido de ter por objetivo é transitivo indireto(exige a preposição a).
Ex.: O aluno visava a uma universidade pública.
Q
69
Sei da dificuldade de inúmeras pessoas com 
palavras terminadas em são, ssão ou ção. Uma 
dica: todos 
os substantivos 
derivados dos verbos 
ter e torcer são escritos 
com ção. Vejam: reter 
– retenção; manter - 
manutenção; distorcer – 
distorção.
2828
Diálogo
“A moça disse ao namorado: não quero lhe falar.”
Nem o namorado vai querer falar com ela.
Atenção: Apesar de muito popularizada esta construção está 
errada. Nas locuções verbais em que o verbo principal estiver 
no infinitivo (falar) ou no gerúndio (falando) precedido de 
partícula atrativa (não) o pronome deve ser colocado antes do 
verbo auxiliar (quero) ou depois do verbo principal, mas nunca 
entre ambos.
O certo é: não lhe quero falar ou não quero falar-lhe.
Cansaço
“O empregado ficou prostado de 
tanto cansaço.”
Não é pra menos! A palavra 
“prostado” não existe. O correto 
é prostrado (particípio do verbo 
prostrar) – abatido, derribado, 
desfalecido, enfraquecido.
Situação difícil
“A situação estava grave 
e porisso ele chamou a 
mãe.”
Assim só agravará a 
situação. Não esqueça: 
Por isso é sempre 
separado.
Queda feia
“O menino caiu do muro e fraturou o omoplata.”
Coitada da criança, mas quebrou o osso errado.
A frase certa: O menino caiu do muro e fraturou a omoplata.
Omoplata é um substantivo feminino.
70
Compra certa
Antônia comprou duas blusas cor de rosa e duas camisas cor de carne.
Perfeito! A moça ficará elegante.
Preste atenção: cor de rosa e cor de carne são adjetivos compostos 
invariáveis e exceções à regra de que adjetivos que indicam cor 
devem concordar com o nome a que se referem. Exemplos:
Saias vermelhas.
Meias brancas.
Peças cor-de-rosa.
Biquínis cor-de-carne.
Outra exceção: os adjetivos turquesa e pastel, também, são 
invariáveis. Exemplos:
Maiôs turquesa.
Tons pastel.
Susto
“A moça grávida ficou 
impressionada ao ler sobre 
as crianças xipófagas.”
Claro! Não existe a palavra 
xipófagas, como se 
costuma dizer e escrever.
A palavra certa é: 
xifópagas (duas pessoas 
que nascem ligadas, 
geralmente, na altura 
do tórax, pelo apêndice 
xifóide).
Eleição
“Tempo de eleição é a hora da 
prova dos nove.”
Escreva corretamente: prova 
dos noves.
Os nomes dos algarismos, 
quando usados como 
substantivos, são flexionados 
em número, isto é, têm plural.
Estas novelas...
17/9/98 – Meu bem querer. O ator Lúcio Mauro, no papel de 
presidente da Câmara Municipal de São Tomás de Traz, ao empossar 
o Prefeito Inácio (Nuno Leal Maia) disse: “Ler a leitura”. Isto é uma 
redundância, um pleonasmo (excesso ou desperdício de palavras 
numa frase).
Será que foi por isso que o Prefeito Inácio morreu?
F
71
Respostas aos leitores
1. Leocádia Jacintha dos Santos (São Gonçalo/RJ)
O modo Imperativo Afirmativo é formado da seguinte 
maneira: tu e vós do Presente do Indicativo sem o s 
e as demais pessoas (você, nós, vocês) do Presente 
do Subjuntivo. Não se usa a 1a pessoa do singular. 
Exemplo:
vê tu
veja você
vejamos nós
vede vós
vejam vocês
2. Ana Maria Saraiva da Cunha Mendes (Rio de 
Janeiro/RJ)
O verbo gerir é irregular. No Presente do Indicativo 
o e do radical muda para i na 1a pessoa do singular. 
Veja:
eu giro – nós gerimos
tu geres – vós geris
ele gere – eles gerem
72
Para todos aqueles que se preocupam em escrever a 
nossa língua corretamente, o x e o ch são motivo de muitas 
dúvidas: enxarcado ou encharcado? Quando o en é prefixo, 
usado para se formar uma palavra derivada, respeita-se a 
grafia da palavra primitiva. Observe: enchente, enchimento 
(vêm de cheio), encharcar (vem de charco), enchocalhar (vem de 
chocalho), etc.
2929
Singular
“Nem um, nem outro 
candidato às próximas 
eleições compareceram ao 
debate.”
Muito feio! A falta e a escrita.
A expressão nem um, nem 
outro determina o verbo no 
singular.
Frase correta: Nem um, nem 
outro candidato às próximas 
eleições compareceu ao 
debate.
A salada
Marcos de Castro, ele mesmo um grande redator, reclama da 
salada em que se transformaram os nomes próprios em jornais, 
revistas e livros: “Há uma absoluta falta de critério, o que leva 
uns a escrever Ayrton Senna, outros Airton Senna”. Bem, para dar 
a nossa contribuição, já vimos Rui Barbosa com y e Antônio sem 
acento, como se não houvesse uma regra determinando isso tudo.
Angelical
A apresentadora de programas infantis, Angélica, da Rede Globo 
de televisão, aparece no vídeo, fazendo uma propaganda para 
divulgar o ensino no país, cometendo um deslize em nossa língua: 
“repetir de ano”.
Assim, a educação ficará cada vez pior.
Repetimos para você acertar sempre.
O correto: Repetir o ano.
73
Com quem fica a razão?
É preciso esclarecer que o indivíduo deve escrever o seu nome como 
foi registrado na certidão de nascimento. Não importa se foi com y 
ou i, com ou sem acento. Mas nós, quando o escrevermos, devemos 
respeitar as regras da ortografia, sob pena de virar bagunça.
Chuva
“Derrepente caiu um grande temporal e inundou a cidade.”
Deve ter sido uma grande enchente, por causa do “derrepente”. Esta 
palavra não existe. De repente – escreve-se separado.
Período correto: De repente caiu um grande temporal e inundou a 
cidade.
De repente, nunca mais se esqueça como se escreve de repente.
Queimadura
“O Sol emite raios infravermelhos e ultravioletas.”
Atenção! Assim é queimadura na certa.
Infravermelho: é flexionável, isto é, tem plural.
Ultravioleta: é invariável, não admite plural.
Diga, então: O Sol emite raios infravermelhos e ultravioleta.
Timidez
“João é tão tímido que nunca vai à 
festas.”
Não devemos usar crase quando um 
a está no singular, antes de uma 
palavra no plural, pois, nesse caso, 
o a é preposição, não havendo a 
(preposição) + a (artigo definido) = à.
Veja a diferença: Nunca vou às festas 
– ocorre o acento indicativo da crase, 
pois há a contração do a (preposição) 
+ as (artigo definido) = às.
Os bordéis 
e a 
confusão
O plural de bordel 
(prostíbulo, s.m.) 
é bordéis. Outra 
coisa é Bordéus, 
cidade francesa, 
que os franceses 
chamam de 
Bordeaux.
6
74
Respostas aos leitores
1. Geraldo da Cunha (Rio de Janeiro/RJ)
O termo carioca só deve ser empregado em relação 
à cidade do Rio de Janeiro. Quando se tratar do 
Estado do Rio de Janeiro, o adjetivo fluminense é que 
deve ser usado. Carioca e fluminense são adjetivos 
pátrios.
2. Olívio B. Cordeiro (Rio de Janeiro/RJ)
O estado nordestino é grafado com h. 
(sem h e com acento agudo) é o acidente geográfico.
Preste atenção: os derivados do nome do estado 
(Bahia) são grafados sem acento – baiano, 
baianidade.
75
Há muita gente escrevendo, hoje, sobre a língua 
portuguesa. Um dos melhores livros é A imprensa e 
o caos na ortografia, do jornalista Marcos de Castro, 
com quem trabalhei na redação da Manchete. Ele receia 
que o português possa se afundar como língua de cultura, 
advertindo: “Nenhuma língua vive se não tiver ortografia 
estável”.
3030
Porta errada
“José saiu apressado pela aquela porta.”
Perdeu tempo! É errada a construção “pela aquela” – pela é o 
resultado da combinação da preposição per (antiquada) com o 
artigo a, na forma arcaica la, e como não se emprega o artigo 
antes dos demonstrativos não devemos escrever “pela aquela”.
O certo é: José saiu apressado por aquela porta.
Neném
“Márcia é uma neném 
bonita.”
Deste jeito fica feia. Neném é 
um substantivo masculino. 
Já as palavras nenê e nené 
têm os dois gêneros. A frase 
correta: Márcia é um neném 
bonito.
76
Você precisa 
saber
A expressão latina ipsis 
verbis – com as mesmas 
palavras, textualmente.
Uma senhora pediu que 
suas determinações fossem 
escritas ipsis verbis no 
testamento que fizera.
Aterragem/aterrissagem 
O avião aterrou normalmente e os passageiros aplaudiram.
Parabéns para o piloto. Aplausos para a nossa língua.
Aterrar é verbo e indica o ato de um aeroplano descer à terra. O 
substantivo correspondente é aterragem.
A maioria das pessoas diz e escreve aterrissar e aterrissagem, o que 
também está certo.
Cuidado que “aterrisagem”não existe.
Vem de encontro
Numa entrevista radiofônica, a excelente atriz Eva Wilma falava 
sobre o seriado Mulher, como parte de uma ampla campanha de 
prevenção do câncer no colo do útero. De repente, ela confessou:
“Isso vem de encontro ao que penso sobre a matéria”.
Se foi de encontro, bateu. O certo é ir ao encontro.
Repetimos, neste livro, esta informação para que você jamais vá de 
encontro à língua portuguesa.
Projeto infeliz
“Enviamo-lhes o projeto para 
exame.”
Escrito assim, certamente, o 
projeto não agradou.
Enviamos-lhes é a forma 
correta. Os pronomes lhe e lhes, 
ao se juntarem, encliticamente 
(depois do verbo) a uma forma 
verbal, não produzem nenhuma 
alteração.
Nervosismo
“A tenção nervosa de Joana piorou, mesmo depois de tomar muitos 
calmantes.”
Não vai melhorar!
O certo é tensão (com s) que significa: qualidade ou estado do que 
é tenso, estado em que se é levado além de um limite normal de 
emoção.
Tenção – o mesmo que intenção, resolução
Intervir
“Meu pai queria que eu intervisse 
na briga dos meus irmãos.”
Não se meta em confusão! O 
verbo intervir é composto do 
vir e por ele se conjuga. Logo, o 
período correto é: Meu pai queria 
que eu interviesse (imperfeito do 
subjuntivo do verbo intervir) na 
briga dos meus irmãos.
Visse é o imperfeito do 
subjuntivo do verbo ver.
77
Respostas aos leitores
1. Fabrício T. Devanier (Caxambu/MG)
São chamados de anômalos os verbos de grandes 
irregularidades nos seus radicais, que são formados a 
partir de diferentes verbos.
Veja: o verbo ser é anômalo (muito irregular), 
originário das formas latinas sedere e esse. Exemplo:
sou, és, é, somos, sois, são.
O verbo ir também é anômalo, originário das formas 
latinas: ire, vadere e fugere. Exemplo:
irei, irás, irá
vou, vais, vá
fui, foste, foi
2. Roberto Lustosa de S. Campinho (Rio de Janeiro/RJ)
Devemos usar a palavra vitrina, pois vitrine é um 
galicismo (palavra ou expressão francesa usada na 
língua portuguesa ou em outra língua qualquer).
78
É surpreendente e altamente gratificante anunciar que 
a 5a edição do Vocabulário da Língua Portuguesa está 
praticamente esgotada. Assim se comprova o interesse do 
nosso povo pela língua portuguesa. Nova edição sairá em 
breve, com novas palavras.
3131
Benefício para a educação
Na primeira edição do Vocabulário Ortográfico da Língua 
Portuguesa havia verbetes ausentes, que hoje não poderiam estar 
de fora. Exemplo: teleducação, teleconferência, multimídia. 
Como a educação brasileira ficaria sem essas expressões, que 
configuram os termos básicos da educação a distância, hoje 
modalidade das mais utilizadas no mundo desenvolvido?
Vergonha
“A aluna apresentou o trabalho com 
grande espontaniedade.”
Ela deve ter ficado envergonhada, com 
o erro.
O certo é espontaneidade – qualidade 
de espontâneo, de livre vontade, 
naturalidade.
Lembre-se: a palavra 
“espontaniedade” não existe.
Agravante
“Havia um agravante, no 
acidente em questão: o 
motorista dirigia alcoolizado.”
Além de ter que pagar a 
multa, escrevendo deste jeito o 
acidente tornou-se mais grave.
Atenção: a palavra agravante, 
como substantivo, é do 
gênero feminino: Havia uma 
agravante é o correto.
Sempre alerta!
“As crianças estavam 
alertas.”
Cuidado! Alerta como 
advérbio é uma palavra 
invariável.
Escreva certo: As 
crianças estavam alerta.
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79
Situação difícil
“O médico estava preocupado porque a situação do doente parecia 
insolvível.”
Certamente, o paciente não ficará curado!
A frase correta é: O médico estava preocupado porque a situação do 
doente parecia insolúvel.
Observe:
Insolúvel – o que não pode ser resolvido, o que não tem solução.
Insolvível - o que não pode pagar.
Turismo infeliz
“A viajem a Foz do Iguaçu foi 
muito divertida.”
Não acredito! Deve ter sido bem 
aborrecida.
O correto: A viagem a Foz do 
Iguaçu foi muito divertida.
Viajem (com j) é a forma verbal 
da 3a pessoa do plural do 
presente do subjuntivo do verbo 
viajar.
Viagem (com g) é o substantivo.
A mesma paixão
Tanto o pai quanto o filho 
são loucos por futebol.
Ótimo! É uma paixão 
saudável.
Quando os elementos de 
um sujeito composto (pai 
e filho) estão ligados por 
tanto... quanto, o verbo 
vai para o plural.
Exame de saúde
“Apesar de o candidato não ter apresentado excelente desempenho 
físico, eu examinei-o e aprovei.”
Errado! O certo é: Eu examinei-o e 0 aprovei. Nas orações 
coordenadas [frases com conjunções coordenativas (e)], quando se 
usa a ênclise (pronome oblíquo depois do verbo), o pronome deve 
ser repetido.
h
h
h
80
Respostas aos leitores
1. Flávia Maria da Cunha Borges (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra nenhures existe, sim. É um advérbio de 
lugar, que significa em nenhum lugar, em nenhuma 
parte. É o oposto de algures.
2. Solange P. Mayor (Duque de Caxias/RJ)
Próclise é a colocação do pronome oblíquo antes do 
verbo. Podemos dizer que o pronome está proclítico.
Na nossa língua, usamos mais a forma enclítica, isto 
é, o pronome depois do verbo. Exemplos:
Não me pergunte nada – pronome antes do verbo – 
próclise.
Ele olhou-me assustado – pronome depois do verbo 
– ênclise.
Existe também a mesóclise: Ser-me-ia grato ler todo 
o jornal (pronome no meio do verbo).
3. José Luís F. Fernandes (Queimados/RJ)
Urgir é um verbo defectivo, que não pode ser 
conjugado em todas as pessoas. No caso, só se 
conjuga nas terceiras pessoas.
Veja: urge, urgem, urgia, etc.
Urgir – significa ser urgente.
81
A preocupação com a regência verbal é muito 
grande e o assunto merece atenção. Regência verbal 
é a relação que se estabelece entre os verbos e os seus 
complementos, podendo ligar-se a estes complementos 
das seguintes maneiras:
Diretamente – sem o auxílio de preposição, o complemento 
será o objeto direto e o verbo será transitivo direto.
Indiretamente – com o auxílio de preposição, o complemento 
será o objeto indireto e o verbo será transitivo indireto.
Não esqueçam que há verbos que pedem objeto direto (sem 
preposição) e objeto indireto (com preposição) na mesma frase. 
Veja: Maria 
ganhou um 
livro (objeto 
direto) do seu 
pai (objeto 
indireto).
3232
Coisas do coração
Numa discussão entre namorados, no Metrô/Estácio, outro dia, 
ouvi maravilhado a morena dizer ao rapaz:
— Você tem sido um cardisplicente.
Ele achou que era uma ofensa e quase brigou feio com ela, que 
se apressou a explicar:
— É isso mesmo. Você desdenha do próprio coração...
Acidente 
ecológico
“O acidente com o navio 
petrolheiro causou graves 
danos à costa brasileira.”
Não só sujou o mar, 
como, também, a língua 
portuguesa. Não existe a 
palavra “petrolheiro”. O 
correto é navio petroleiro.
Cidadão paulista
Fernando diz sempre que é um 
cidadão paulista e paulistano.
Ele está certo! Por quê? Porque 
nasceu na cidade de São Paulo 
(paulistano) e, logicamente, no 
Estado de São Paulo (paulista), 
portanto, tem direito aos dois 
adjetivos pátrios.
Se ele tivesse nascido em Bauru, não 
seria paulistano, somente paulista.
82
Eleição sofrida
No segundo turno, as emissoras de televisão capricharam na 
cobertura. E alguns repórteres não estiveram à altura dos cuidados 
devidos com a língua portuguesa. Um deles, empolgado com o 
primeiro resultado, que era o do Rio de Janeiro, saiu-se com esta: “A 
percentagem dos votos garantem a Garotinho a vitória”. Ele devia 
ser condenado a repetir: Garante, garante, garante.
Completamento
Há certas expressões que 
deixam a gente assustado. 
A Embratel, quando recebe 
uma ligação, dos Estados 
Unidos, coloca uma voz 
maviosa que nos diz: “Para 
o completamento da sua 
chamada...”
Primeiro, o susto; depois, 
a acomodação. A palavra 
existe e está registrada no 
Vocabulário Ortográfico da 
Língua Portuguesa. Só que 
é mesmo feia...
Polissemia
Há vários leitores solicitando o 
significado da palavra polissemia.
Resposta: é a propriedade que 
tem a mesma palavra de assumir 
significados diferentes.
Exemplos: Lúcia bateu a porta. 
(fechou).
Roberto bateu o carro. (trombou).
Meu coração bate rápido. (pulsa).
Vaidade
“Sônia é o tipo de mulher quevive preocupada com o seu 
vestiário.”
Não adianta! Assim, jamais será 
uma moça elegante.
A frase correta é: Sônia é o tipo 
de mulher que vive preocupada 
com o seu vestuário.
Veja a diferença:
Vestuário – é o traje, a 
indumentária, as roupas que 
usamos.
Vestiário – é um local para 
trocar de roupa. Existe, 
normalmente, em clubes, 
colégios, etc.
Felicidade para os 
mato-grossenses
Parece coisa pouca, mas 
não é: Uma revista semanal 
importante descobriu que a 
preposição que antecede o 
nome Mato Grosso é de, e não 
a contração do, como a grande 
imprensa insiste em usar.
Observe: O estado de Mato 
Grosso; os mato-grossenses 
vivem em Mato Grosso. 
(colaboração de CZ - leitor 
cuiabano).
83
Respostas aos leitores
1. Anália F. Sérvulo (Rio de Janeiro/RJ)
Mínimo é o superlativo absoluto sintético de 
pequeno.
Alguns adjetivos apresentam o superlativo absoluto 
sintético de forma irregular. Outros exemplos:
Grande – maior
Bom – ótimo
Mau – péssimo, etc.
2. Kátia Maria das Neves (São Gonçalo/RJ)
Palavra primitiva é aquela que serve de base para 
a formação de outras palavras, que chamamos de 
derivadas. Observe:
palavra primitiva palavras derivadas
Amor amoroso, desamor, etc.
Flor florista, floração, floreira, etc.
Calor calorento, caloroso, etc.
Pedra pedregulho, pedreira, etc.
3. Sebastião de Almeida Telles (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra privilégio é sempre com i. Eu sei que muita 
gente importante fala “previlégio”, mas não está 
certo. É inaceitável.
84
Hoje há uma vigilância cada vez maior em relação à 
língua portuguesa. Os próprios leitores não se contentam 
com soluções que não tenham lastro na gramática. Um 
deles nos telefonou, para duvidar de duas expressões, na 
crônica de João Ubaldo Ribeiro em O Globo. Saiu a palavra 
“pólipo”. O leitor prefere “polipo”. As duas formas estão 
corretas. A outra dúvida referia-se à palavra do cronista: “Estou 
despolipado”. (tiraram-lhe um pólipo do corpo). Aí é preciso 
esclarecer que se trata de uma inovação do escritor baiano. No 
futuro, quem sabe, poderá entrar no Vocabulário Ortográfico?
3333
Inverno na 
primavera
“O frio que atingiu o Sul do 
país obrigou o gaúcho a usar 
o ponche.”
Pobre gaúcho! Continuou com 
frio. A capa quadrangular, 
com uma abertura no meio, 
por onde se enfia a cabeça 
é poncho. Ponche é uma 
bebida, que geralmente leva 
frutas picadas.
Cachorro frio
“Marli comeu um cachorro-quente e a salchicha não lhe fez bem.”
Não é para menos! Deste jeito deve ter tido uma baita dor de 
barriga. O certo é salsicha. Preste atenção à grafia e à pronúncia 
desta palavra.
Mudança impossível
“Rogério mudou para a casa da sogra.”
Assim, se arrependerá. Para trocar de residência, ir morar em outro 
endereço, o verbo é pronominal: mudar-se, portanto o correto é: 
Rogério mudou-se para a casa da sogra.
O verbo mudar (intransitivo, isto é, sem complemento) significa 
transformar-se.
Exemplo: Ele mudou (está mudado).
| | | | |
85
Raiva inútil
“Quando Maria ficava furiosa nada a detia.”
Ficou furiosa à toa. O verbo deter está conjugado errado. O correto é 
nada a detinha.
Preste atenção: o verbo deter, nesta frase, tem que concordar com 
o tempo e modo do verbo ficar (ficava – pretérito imperfeito do 
indicativo).
Para você recordar o pretérito imperfeito do indicativo do verbo 
deter: detinha/detinhas/detinha/detínhamos/detínheis/detinham.
Pesca errada
“João resolveu dedicar-se à 
psicultura, pois mora perto de um 
entreposto de pesca.”
Não vai dar certo! A criação de peixes 
é piscicultura. A palavra “psicultura” 
não existe. Ninguém cria almas...
Área de lazer
“Os adolescentes fizeram um pedido, por escrito, ao síndico, 
reivindicando uma área para recriação.”
Escrevendo assim, não conseguirão. O certo é área para recreação 
(lazer). Veja a diferença:
Recriação – nova criação
Recreação – lazer
Exemplo: Pecado capital é recriação de uma novela antiga, que 
tinha o mesmo nome.
Saudade
“O general tinha 
saudade dos 
decretos-lei.”
Errado! O plural 
de decreto-lei é 
decretos-leis.
Pecado capital
Na novela global, num capítulo de novembro / 98, um diálogo entre 
Francisco Cuoco e Carolina Ferraz:
— “A partir do momento que lhe conheci, constatei que isso não 
poderia continuar assim.”
Ele ficaria feliz se tivesse dito a conheci, que é o certo. E poderia 
trocar o “constatar”, que é galicismo, por verificar. A emoção não 
deve sacrificar a razão.
L
86
Respostas aos leitores
1. Denise Ferreira dos Santos (Magé/RJ)
A pronúncia correta da palavra poça é fechada 
(pôça). Não se pode falar poça (póça) porque 
confundiria com possa (o verbo poder - 1a e 3a 
pessoas do singular do presente do subjuntivo).
2. Alberto Maria Ferreira (Rio de Janeiro/RJ)
Diabete ou diabetes – substantivo comum-de-dois 
gêneros, isto é, tem os dois gêneros (masculino e 
feminino).
Exemplos: A diabete é uma doença muito ingrata.
O diabetes é um distúrbio metabólico.
3. Sandra Falzer (Rio de Janeiro/RJ)
, em língua portuguesa, significa palavra 
em cuja formação entram elementos de idiomas 
diferentes.
Exemplo: biologia – bio (vem do latim e significa 
vida) + logia (vem do grego e significa estudo ou 
ciência) = ciência que estuda a vida.
87
Na Academia Francesa, não há dúvida: se você 
vai escrever uma carta, o tratamento é “Senhora 
Ministro”. Mas as mulheres, se assim o desejarem, 
podem se considerar “Ministras”, mesmo sabendo que 
cometem um erro linguístico. O veredito da Academia 
Francesa é claro: “O masculino é exigido para designar 
funções e cargos do serviço público e de todas as profissões 
regulamentadas”. Justificativa dos imortais franceses: “Herdeiro 
do neutro latino, o masculino tem um valor genérico ao nomear 
um sujeito de direito independente do sexo do indivíduo”. 
3434
Você precisa saber
A diferença de uma crase:
Matar a fome – é comer.
Matar à fome – é provocar a 
morte de alguém.
A diferença de uma vírgula:
Não tenha cuidado!
Não, tenha cuidado!
Futebol e cultura
Falar de improviso tem lá os seus riscos. Os locutores esportivos 
não têm outro jeito. Veja-se o que ocorreu com o premiado 
Galvão Bueno, nas semifinais do Campeonato Brasileiro de Futebol 
(dezembro/98):
“É sempre bom lembrar de que a Portuguesa, pelo retrospecto...”
Esse “de que” não é necessário. Bastaria a expressão lembrar que.
A nível de
Outra, na mesma data (6/12/98), quem cometeu foi o grande 
humorista Tom Cavalcanti, de quem somos admiradores. Não 
teve graça alguma ele dizer, com toda pompa:
“Não posso proclamar por quem eu torço a nível de Brasil.”
Mais de uma vez, já tratei neste livro, sobre a impropriedade 
da expressão “a nível de”. O correto é em nível de. Ele, que é 
cearense, deveria saber que “a nível de” é relativo ao mar. No 
Ceará há praias lindíssimas.
\ \ \ \ \ \
88
Esquecimento
Não houve quem não gostasse do filme Esqueceram de mim. Pelo 
sucesso, teve até sequência. Mas a língua portuguesa sofreu com a 
tragédia vivida pelo pequeno Macaulay Culkin. As formas corretas 
seriam: Esqueceram-se de mim ou Esqueceram-me. Não ia ficar tão 
bonito, mas seria o certo.
Uma confraternização esquisita
“Depois da vitória sobre o Vasco, no Japão, viu-se o lateral Roberto 
Carlos confraternizar-se com a torcida do Real Madri.”
Não existe isso. Confraternizar já indica reciprocidade. Portanto, o se 
é perfeitamente dispensável.
Derrota
“O Vasco perdeu do Real 
Madri.”
Escrevendo “perdeu do Real 
Madri” a derrota fica, até, 
maior e mais triste.
Prefira: perder para.
Frase certa: O Vasco perdeu 
para o Real Madri.
Coisas da pronúncia
Outro dia, foi o Max, da seleção brasileira de voleibol, que virou 
“Maquis” para os nossos comentaristas que cobriam o Campeonato 
Mundial. Com inveja, o pessoal do futebol agora inventou o “Alequis 
Alves”. Não seria tão mais fácil pronunciar Alex Alves?
É fantástico
No domingo, 22/11/98, a 
excelente jornalista Glória 
Maria disse para quem 
quisesse ouvir: “É torpe!” 
Só que ela pronunciou 
“tórpe” (com ó aberto). 
O certo é torpe (com ô 
fechado).
Grande ofensa
“João ficou triste porqueofendeu aos amigos.”
Os amigos se sentiram duplamente ofendidos. O verbo ofender é 
transitivo direto, isto é, não pede preposição.
Veja a frase correta: João ficou triste porque ofendeu os amigos.
}
}
}
}
89
As dúvidas em relação a nossa língua continuam 
e continuarão sempre. Há inúmeras palavras, cujas 
pronúncias são sempre questionadas. Récorde ou 
recorde? Recorde (sílaba tônica cor). Diga sempre 
necropsia, pudica, ibero e crisântemos. Nossos ouvidos 
agradecem.
3535
Pavor
“Ana ficou com hogerisa 
ao namorado.”
Coitado do rapaz! Nem 
vai saber que sentimento 
é este.
A palavra correta é 
ojeriza (sem h, com j e z) 
e quer dizer: má vontade, 
aversão, antipatia a 
pessoa ou coisa. Tenha 
ojeriza a escrever errado.
Confusão
“Os lutadores estavam no 
centro do rinque, enquanto os 
patinadores faziam suas evoluções 
no ringue.”
Não vai dar certo, vai ter gente 
machucada. Veja a diferença:
Ringue – é o tablado onde se 
realizam lutas de boxe e outras.
Rinque – é a pista de patinação.
Semelhança
“Os filhos são tal 
qual os pais.”
Assim, as crianças 
são completamente 
diferentes. A frase 
certa: Os filhos são 
tais quais os pais. 
É uma questão de 
concordância.
Serviço malfeito
“Algum de nós faremos o serviço.”
Certamente, o serviço sairá malfeito!
Veja a frase correta: Algum de nós fará o serviço.
Preste atenção: Quando o pronome indefinido está no singular 
(algum) o verbo concorda com ele (fará).
^
^
90
Avião perigoso
“O avião deu um voo 
razante.”
Cuidado! Assim, o avião 
pode cair.
Rasante vem de raso, é, 
portanto, com s.
Lembre-se: s entre 
vogais tem som de z.
Informação
O uréter é um dos dois canais que 
conduzem a urina dos rins à bexiga.
A informação está correta, mas 
prefira dizer ureter (palavra 
oxítona), apesar de alguns 
dicionários registrarem uréter (com 
acento por ser palavra paroxítona 
terminada em r).
Mau investimento
“O governo emite parte do dinheiro arrecadado, dos impostos, em 
educação.”
Pobre do povo! Emitindo dinheiro, a educação cada vez vai piorar 
mais.
Veja a diferença:
Emitir - lançar fora
Imitir - investir
Frase certa: O governo imite parte do dinheiro arrecadado, dos 
impostos, em educação.
Pedido errado
“O advogado alegou a existência de alguns atenuantes, para 
justificar o pedido de redução de pena de seu cliente.”
Claro que o juiz não vai conceder. A palavra atenuante, assim como 
agravante, é feminina, quando se trata de substantivo.
Frase correta: O advogado alegou a existência de algumas 
atenuantes, para justificar o pedido de redução de pena de seu 
cliente.
Grande culpa
“A culpa é minha. Não tem nada haver contigo.”
Escrevendo desse jeito, você passa a ser culpado em dobro.
O certo é: Não tem nada a ver contigo.
A confusão é compreensível, pois o h não tem som.
O sentido da frase aponta para o verbo ver precedido da preposição 
a. Percebe-se bem o verbo ver, trocando-se o a por que.
Veja: A culpa é minha. Não tem nada que ver contigo.
=
=
=
=
91
Houve época em que a arte da declamação tinha uma 
presença certa nos saraus literários do Rio de Janeiro. 
Depois, saiu de moda. A declamadora Rachel Stivelman, 
num belíssimo CD intitulado Poesia plural, tornou possível 
a apreciação de 28 poemas de autores como Fernando 
Pessoa, Vinícius de Moraes, Manoel Bandeira e Carlos 
Drummond de Andrade, entre outros, numa representação que 
nos enche de emoção. Por que não reviver essa arte tão bonita?
3636
Língua tupi
Nos séculos XV e XVII, a língua tupi era amplamente falada 
no Brasil, inclusive por escritores como o padre Antônio Vieira 
e Gregório de Matos. Assim, é natural que muitos acidentes 
geográficos tivessem nomes indígenas, como Paraná (mar), 
Pará (rio), Sergipe (rio do siri), Paraíba (rio ruim) e Pernambuco 
(mar com fendas). Ipanema, tão linda, é nome de lugar 
fedorento. Você sabia?
Com c ou com s?
“O violinista não participou 
do conserto porque seu 
violino estava no concerto.”
A frase foi escrita com as 
palavras trocadas.
O certo é: O violinista não 
participou do concerto 
porque seu violino estava no 
conserto.
Veja bem:
Concerto (com c) – obra 
musical para um ou vários 
instrumentos.
Conserto (com s) – é o ato ou 
efeito de consertar, colocar 
em bom estado o que está 
quebrado ou rasgado.
92
Descobrimento do 
Brasil
O desfile das escolas de samba 
é o ponto máximo do carnaval 
carioca. Entretanto, não se 
admite mais a versão de que 
a esquadra de Cabral chegou 
à nossa terra por acaso, em 
consequência de uma calmaria. 
Essa afirmação subestima 
não só o descobridor, mas, 
principalmente, o rei de 
Portugal, que teria sido o 
responsável pelas instruções 
dadas a Pedro Álvares Cabral.
Babel
Na novela Torre de Babel, 
que pôde ser assistida em 
1998, a pergunta foi feita 
objetivamente:
— “Nesse negócio só entrou as 
ações?”
Até o Jamanta sabia que se 
deve utilizar o plural. A frase 
correta:
— Nesse negócio só entraram 
as ações?
A confusão da Torre de Babel 
original parece que contagiou 
os autores da telenovela.
Carnaval
O Carnaval inspira diversas e bonitas licenças poéticas. Mas 
também enseja erros gramaticais e de história que convêm 
registrar, para que não virem regras oficiais. Já não se vai cobrar 
dos sambistas a colocação correta dos pronomes pessoais átonos, 
pois isso em música se libera. Mas há fatos que não devem merecer 
interpretações equivocadas. Depois para consertar, na escola, é uma 
grande dificuldade.
Só no plural
1.“Maria só gosta de dormir de bruço.”
Vai ter pesadelo! Para ter bons sonhos, Maria só deve gostar de 
dormir de bruços (sempre no plural).
2. “Alguém pode sofrer de hemorroida?”
Não! O sofrimento ficará ainda maior. A palavra certa é: 
hemorroidas (sempre usada no plural).
3. “João trabalhou tanto que ficou com olheira.”
Coitado do João! O correto é: olheiras, palavra também grafada só 
no plural.
93
Mensagem fajuta
“O chefe pediu que passasse cinco faxes.”
Garanto que as pessoas não receberam as 
mensagens. O correto é: O chefe pediu que 
passasse cinco fax.
Preste atenção: as palavras terminadas em x 
com valor de ks não variam em número, isto é, 
não mudam no plural.
Exemplos:
Um telex / dois telex.
A xérox (dicionários e o Vocabulário 
Ortográfico apresentam, também, xerox sem 
acento) / as xérox (as xerox).
O cóccix / os cóccix.
Sem acento
“O relatório que José apresentou omitiu vários ítens.”
Pior ainda! Omitiu, também, o conhecimento da regra de 
acentuação. A palavra itens não é acentuada.
Preste atenção: as palavras terminadas em em ou ens só têm acento 
tônico em dois casos:
1o) se forem oxítonas.
2o) se tiverem mais de uma sílaba.
Exemplos:
Item, itens, hifens, germem, etc. (não têm acento por causa do 1o 
caso) – são todas paroxítonas.
, bens, trem, trens, etc. (não têm acento por causa do 2o caso) 
– são todas monossílabas.
Além, alguém, ninguém, amém, etc. (são acentuadas) – todas são 
oxítonas e têm mais de uma sílaba.
Exceções em relação ao 2o caso:
Ele tem – eles têm.
Ele vem – eles vêm.
Para não confundir o singular com o plural, mesmo sendo 
monossílabos, os dois têm acento no plural.
X
94
Respostas aos leitores
1. Djanira Freitas Leão (Belo Horizonte/MG)
Vossa Majestade, Vossa Excelência, Sua Majestade e 
Sua Excelência são pronomes de tratamento e estão 
certos. Veja o uso desses pronomes:
Vossa Majestade e Vossa Excelência – quando nos 
dirigimos diretamente a pessoa.
Exemplos: Vossa Excelência já almoçou?
Vossa Majestade falará, agora, ao povo?
Sua Majestade e Sua Excelência – quando falamos da 
pessoa.
Exemplos: Sua Excelência, o Governador, fará, amanhã, 
uma entrevista coletiva.
Sua Majestade caiu doente.
2. Antônio Maria de O. Neto (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra arco-íris é um substantivo masculino 
invariável, isto é, não tem plural.
Exemplos: O arco-íris apareceu depois da chuva.
Ontem vi três arco-íris.
3. Lúcia Helena de Barcellos e Souza (Guadalupe/RJ)
Se você nasceu na capital de Santa Catarina 
(Florianópolis) é florianopolitana e esta palavra é um 
adjetivo, sim (adjetivo pátrio).
4. David Peruzzi Damasceno(Santo Antônio de Pádua/ 
RJ)
O plural do substantivo composto pôr do sol é pores do 
sol.
Veja: a regra diz que nas palavras ligadas pela 
preposição de e suas contrações só a primeira vai para o 
plural, logo a primeira palavra (pôr) assume o plural de 
um substantivo terminado em r (pores).
95
Todos os anos são anos da língua portuguesa. Foi o 
comentário que ouvimos, a propósito da campanha 
promovida pela Academia Brasileira de Letras, no 
sentido de fazer de 1999 “o ano da língua portuguesa”. 
É preciso valorizar o idioma, insistir para que se fale e se 
escreva melhor, a partir de ações educativas concretas.
3737
É fria
“A água se solidifica a zero graus centígrados.”
Garanto que não virou gelo.
O numeral zero deixa a palavra seguinte no singular.
Frase correta: A água se solidifica a zero grau centígrado. 
Defesa inglória
Observe: Há vários adjetivos terminados em neo (espontâneo, 
contemporâneo, etc).
Na formação dos substantivos derivados desses adjetivos, cai a 
vogal o e se junta o sufixo – idade, formando o ditongo – ei.
Exemplos: espontâneo – espontaneidade
contemporâneo - contemporaneidade
96
Batida feia
Um jornal carioca, 
entusiasmado com a 
assinatura do convênio 
de educação a distância 
com o Canadá, publicou 
que “este convênio veio 
de encontro ao grande 
interesse do Governador”.
Se é verdade, houve uma 
grande batida. O convênio 
veio ao encontro do. Se foi 
de encontro a, bateu.
Cuidado com a diferença:
Ao encontro de – em 
busca de; em favor de.
De encontro a – no 
sentido oposto a; em 
contradição com; contra.
Você precisa saber
A diferença entre os verbos:
Caçar – matar ou capturar animais. Exemplo: Caçar paca.
Cassar – tornar sem efeito ou nulo. Exemplo: Cassar o mandato.
A diferença entre as locuções ao invés de (ao contrário de) e em 
vez de (no lugar de).
Exemplos:
Ao invés de falar, ele se calou (falar é contrário de calar).
Em vez de comer espinafre, comeu repolho (houve apenas uma 
troca do espinafre pelo repolho).
As palavras terminadas em au fazem o plural acrescentando 
apenas s e as palavras terminadas em al fazem o plural em ais.
Exemplo:
Degrau - degraus.
Jornal – jornais.
Desculpa 
fajuta
“Desculpem a nossa 
falha técnica.”
Constantemente, 
ouvimos os locutores 
dizendo esta frase.
Não desculpamos, 
não! Quem desculpa, 
desculpa alguém, 
de alguma coisa. 
Sendo assim, a frase 
que deve ser dita 
após algum problema 
técnico é: Desculpe-
nos da nossa falha 
técnica.
~ ~ ~
x
x
x
97
Crime duplo
“De acordo com as leis que estão vigindo, roubar é crime.”
Roubar é muito feio e escrever errado, também!
O verbo é viger (segunda conjugação) e não “vigir”.
O correto é: De acordo com as leis que estão vigendo, roubar é crime.
Preste atenção:
Viger (estar em vigor, vigorar) é um verbo defectivo. Só é conjugado 
nas formas em que ao g segue-se o e. Exemplos: vige, vigem, etc.
Bimensal ou bimestral?
“Ana escreve duas vezes por mês para uma revista bimestral.”
Há alguma coisa errada com essa publicação.
Deve-se tomar muito cuidado com as palavras bimensal e 
bimestral. Elas têm significados diferentes.
Preste atenção:
 significa que aparece ou se realiza duas vezes por mês.
 quer dizer de dois em dois meses.
Se a Ana escreve duas vezes por mês a revista é bimensal e não 
bimestral.
Conceituação
Artigo é palavra variável, que se antepõe ao substantivo para 
indicar-lhe o gênero ou o número.
Há dois tipos de artigos:
Definido: o (os), a (as) – junta-se ao substantivo para indicar que 
se trata de um ser determinado entre outros da mesma espécie – já 
se sabe o que ou quem é.
Exemplo: O cantor foi muito aplaudido durante o show.
Indefinido: um (uns), uma (umas) – emprega-se para mencionar 
um ser qualquer entre outros da mesma espécie – não se sabe o que 
ou quem é.
Exemplo: Um cantor foi muito aplaudido durante o show.
Veja bem: O artigo definido também se usa com referência à 
espécie inteira. Exemplo: O limão é fruta ácida (isto é: todo limão).
98
Respostas aos leitores
1. Ângela F. Perault (Belo Horizonte/MG)
O uso do acento grave, indicativo da crase, antes dos 
pronomes adjetivos possessivos (minha, tua, sua, 
etc.) é facultativo, isto é, você pode usá-lo ou não.
Veja os exemplos: Não voltarei à/a tua sala.
Entregue o presente a/à minha mãe.
 2. Frederico Antunes da S. Filho (Niterói/RJ)
Pronome reflexivo é um pronome pessoal oblíquo 
que se refere ao sujeito de uma oração.
Exemplo: Ele se cortou (ele – sujeito)
3. Maria Antônia Ozires de Almeida (Rio de Janeiro/
RJ)
A letra w pode ser substituída por v ou u em palavras 
aportuguesadas.
Veja:
Suéter (do inglês sweater).
Sanduíche (do inglês sandwich).
Deve ser, entretanto, empregada em:
Abreviaturas e símbolos usados internacionalmente.
Exemplos: w (watt); kw (quilowatt).
Em nomes próprios estrangeiros:
Exemplos: Wagner, Darwin, etc.
99
O que é um Vocabulário Onomástico? Trata-se de 
uma coleção de nomes próprios. De acordo com a Lei 
no 5.765, de 1972, a Academia Brasileira de Letras tem 
a obrigação de lançar esse trabalho, o que foi feito ao 
correr do ano de 1999, graças a uma equipe especializada, 
sob a coordenação do professor Antônio José Chediak.
3838
Arrumação da casa
“D. Sônia mobilhou a casa, mas não ficou satisfeita.”
Pudera! Não existe o verbo “mobilhar”, o verbo é mobiliar.
A frase correta: D. Sônia mobiliou a casa.
Atenção para a sílaba tônica e o acento gráfico de algumas 
formas.
Para você recordar:
Eu mobílio / tu mobílias / ele mobília.
Propaganda 
enganosa
“A cartomante anunciava 
que podia advinhar o futuro 
de qualquer pessoa.”
Com todo o respeito, 
“advinhar” é impossível, 
pois esta palavra não se 
escreve assim. Adivinhar 
não tem d mudo, pois vem 
de divino.
Demais e de mais
Cuidado ao usar! São muito parecidas, mas são diferentes.
Preste atenção. Numa frase, toda vez que você puder substituir 
o demais por muito, escreva demais e se, ao contrário, 
substituir por de menos escreva de mais.
Exemplos: Comeu demais e teve dor de barriga. (Substitui-se o 
demais por muito, logo escreve-se demais).
No jantar havia convidados de mais. (Substitui-se o de mais 
por de menos, pois com a palavra muito não faz sentido, logo 
escreve-se de mais – separado).
100
Cuidado que 
a casa cai!
“É bom morar em 
casa germinada?”
É muito perigoso! 
Casa germinada 
deve estar cheia de 
germes.
Prefira morar em 
casa geminada – 
casa de paredes 
duplas, construídas 
duas a duas.
Penteado feio
“A avó da menina desfeava o cabelo da neta para fazer uma trança.”
Coitadinha! A criança vai ficar feia porque desfear é espalhar a feiura.
Período correto: A avó da menina desfiava o cabelo da criança para 
fazer uma trança.
Desfiar / é separar os fios.
Incompetência
“De um modo geral, os operários são 
competentes.”
Isto é uma incompetência!
Veja bem: De modo geral, os 
operários são competentes é o correto.
Não há necessidade do inconveniente 
artigo indefinido um (e suas flexões) 
antes de geral. Exemplos:
De maneira geral, e não de “uma 
maneira geral”.
De forma geral, e não de “uma forma 
geral”.
$
$
$
101
Curiosidade
O verbo xaropear significa aborrecer, amolar, chatear.
Xaropear os amigos é uma forma de afastá-los de você.
Perfumado
“Ganhou um perfume francês, quando aspirou-lhe ficou com dor de 
cabeça.”
Garanto que não é culpa do perfume. Foi a maneira de sentir o 
cheiro – “aspirou-lhe”. O verbo aspirar no sentido de sentir o odor é 
transitivo direto, portanto não admite complemento com o pronome 
oblíquo lhe – a ele.
Período correto: Ganhou um perfume francês, quando o aspirou 
ficou com dor de cabeça.
Respostas aos leitores
1. Francisco T. Fialho (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra cognome significa apelido, alcunha e pode 
ser usada, também, para indicar o nome de guerra 
ou pseudônimo de uma pessoa.
2. Celina de Almeida F. Pires (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra afim é um adjetivo e significa que 
apresenta afinidade, objetivos comuns, e diz-se de 
pessoa vinculada a outra por parentesco.
Exemplos: O cunhado é um parente afim.
Sempre tive ideias afins com meumarido.
3. Christianne P. Bastos (Rio de Janeiro/RJ)
As conjunções são sempre palavras invariáveis, isto é, 
não têm flexão de gênero, número e grau.
Na maioria das vezes ligam orações.
Exemplo: Não tenho medo de avião, porém 
(conjunção coordenativa adversativa) prefiro andar 
de ônibus.
102
“Um povo só começa a perder a sua independência, 
a sua dignidade, a sua existência autônoma, quando 
começa a perder o amor ao idioma natal.” O poeta 
Olavo Bilac escreveu e nós continuamos a lutar para que a 
língua portuguesa seja, de fato, um instrumento para nossa 
independência e autonomia. Temos certeza que uma nação cujo 
povo domine o seu idioma é mais forte e mais feliz.
3939
Espanta turista
Uma conhecida cidade serrana 
colocou no seu portal de entrada: 
“Sejam benvindos!”
Os visitantes se sentem mal. O 
correto é bem-vindos (duas palavras 
separadas por hífen). Benvindo 
(escrito junto) é nome de pessoa, 
portanto sempre com letra maiúscula. 
É bem-vindo o seu interesse em 
aprender sempre mais.
Tartufoar, um novo verbo?
O Governador Itamar Franco, na briga da moratória com o Governo 
Federal, criou um novo verbo: tartufoar. O substantivo tartufo 
existe. Quer dizer falso profeta, hipócrita. Mas o verbo, para 
caracterizar governadores que estão fingindo concordância para 
pagar as dívidas, começa agora a sua carreira. Será que vai pegar? 
Ou será tartufar?
Má colocação
“Sônia foi a cesta colocada num concurso, mas só aproveitaram 
três pessoas.”
Cesta é uma caixa, um recipiente e até um aro de ferro guarnecido 
com uma rede de malha usada nos jogos de basquete. Nunca uma 
colocação em um concurso.
Sônia foi a sexta colocada num concurso, mas só aproveitaram três 
pessoas – é o período correto.
Veja: cesta e sexta – palavras que têm a mesma pronúncia, 
porém com significados diferentes, são chamadas de homônimas 
homófonas.
103
Fiel ao português
Um diretor da Escola de Samba Gaviões da Fiel, feliz com a vitória no 
Carnaval de 99, conclamou a sua torcida à comemoração:
— “Haverá chops pra todo mundo.”
Não existe esse plural, popularizado em São Paulo. Mesmo que a 
cerveja role, o plural de chope é chopes. Se for diferente é porque 
entrou água.
Brasil
“O Brasil é um país que vai 
prá frente?”
Assim, não! Pra é redução de 
para + a, não tendo acento 
gráfico, porque se trata de 
palavra monossílaba átona.
Interdição justa
“A lanchonete foi interditada, ontem, porque o material usado para 
fazer os sanduíches estava deteriorizado.”
Já deveria ter sido interditada há muito tempo.
Não existe a palavra “deteriorizado” e nem o verbo “deteriorizar”.
A palavra certa é deteriorado, do verbo deteriorar.
Verbos abundantes
Diversos verbos têm particípio duplo. A forma regular, com a 
terminação do, deve ser acompanhada dos auxiliares ter ou haver. 
Já a forma irregular pede os auxiliares ser ou estar.
Veja os exemplos:
Verbo aceitar – aceitado (particípio regular) / aceito (particípio 
irregular).
Ela havia aceitado o presente do ex-namorado.
O presente do ex-namorado foi aceito por ela.
Verbo entregar – entregado (particípio regular) / entregue 
(particípio irregular).
O carteiro tinha entregado a correspondência.
A correspondência foi entregue pelo carteiro. W W W
104
Você precisa saber
A expressão latina ipsis litteris 
– com as mesmas letras, 
igualmente.
Só repita ipsis litteris o que for 
verdadeiro.
Respostas aos leitores
1. Carlos Alberto Brotto (Vila Velha/ES)
A palavra telefonema é um substantivo masculino, 
portanto você só pode dar ou receber um 
telefonema.
2. Brenda Apiacá (Niterói/RJ)
A frase correta: “Eles são de um time de gente 
sem vergonha que roubou a carne do churrasco e 
bebeu a cerveja.” Os verbos roubar e beber têm 
que concordar com um time de gente, portanto no 
singular.
3. Sônia Valéria dos S. Pinho (Magé/RJ)
A única maneira correta de escrever horas, usando 
o seu próprio exemplo é: 13h45min. Não se admite 
abreviar horas com “hs” e muito menos minutos com 
“m”, que é a abreviatura de metro, na qual também 
não se deve colocar s. Escreva sempre: 250 m, 1 m, 
etc.
105
Na literatura brasileira, o escritor João Ubaldo 
Ribeiro é um dos mais talentosos. Na crônica Ficando 
maluco devagarzinho, de 28/2/99, ele desafia os seus 
leitores de O Globo a me escrever, em virtude da frase: 
“... o povo não é como eu.” Com a ironia de sempre, ele 
afirma: “Digo é como eu. Cartas protestando contra este 
pronome aí devem ser dirigidas ao editor desta página, 
pelo amor de Deus, ou ao dr. Arnaldo Niskier, na Academia”. 
É claro que não há erro, mas apenas uma discreta indução 
antropofágica no “como eu”. Se ele tivesse escrito “que nem 
eu”, questão de gosto, não haveria qualquer dúvida. O estilo 
de João Ubaldo é primoroso. Não merece qualquer reparo.
4040
Luz fraca
“Meu avô teve que usar óculos 
cedo porque estudava a luz da 
lamparina.”
Claro! O velho lia quase no 
escuro.
À luz da lamparina é o correto. 
Nas locuções prepositivas com 
palavra feminina, coloca-se 
o acento grave indicador da 
crase sobre o a.
Outros exemplos: à força de, à 
míngua de, à custa de, à cata 
de, etc.
106
Perfumadíssimo
“A adolescente foi apanhada em fragrante, furtando um vidro 
de perfume.”
O ambiente deve ter ficado cheiroso, apesar de ato tão feio.
Observe:
Fragrante – com perfume, perfumado
Flagrante – evidente, apanhado no momento que comete a 
ação
Período correto: A adolescente foi apanhada em flagrante, 
furtando um vidro de perfume.
Chuvarada
“Os temporais, em São Paulo, têm 
causado verdadeiras cataclismas.”
O problema já é grande, 
escrevendo “cataclismas” ainda 
fica maior. Não existe esta palavra.
Preste atenção: cataclismos é 
um substantivo masculino que 
significa grandes inundações, 
dilúvio.
Frase correta: Os temporais, em São 
Paulo, têm causado verdadeiros 
cataclismos.
Mais chuva
“Ontem, choveu granito.”
Nunca choveu “granito”. 
Graças a Deus!
Ontem choveu granizo – é a 
frase correta.
Veja a diferença:
Granito – grão pequeno / 
rocha / sol ou calor forte após 
muitos dias de chuva.
Granizo – tipo de chuva na 
qual as gotas de água se 
congelam ao atravessar uma 
camada de ar frio, caindo sob 
a forma de pedras de gelo.
Sem perdão
“Perdoei Fernando da dívida.”
Não deveria! Escrevendo desta maneira, não merecia perdão.
O verbo perdoar é transitivo direto para coisa, pedindo objeto 
direto e transitivo indireto para pessoa, pedindo objeto indireto.
Frase correta: Perdoei ao Fernando a dívida.
Objeto indireto / objeto direto
Lembrete:
Objeto direto – sem preposição
Objeto indireto – com preposição
Beleza pura
“A bahia de Guanabara é linda.”
Ela continua linda e só ficará feia 
se escrevermos “bahia”. A frase 
correta: A baía de Guanabara é 
linda.
Bahia (com h) só o nome do 
estado; nos outros casos (mesmo 
em palavras derivadas do nome 
do estado) não se usa h.
Exemplo: Os baianos gostam de 
coco-da-baía.
107
Você precisa saber
Políndromo – é o termo 
usado para palavras ou 
expressões que são iguais 
lidas normalmente ou de trás 
para a frente.
Exemplos: ama; ata; Amor a 
Roma.
Respostas aos leitores
1. Luciana de Almeida Fraga (Rio de Janeiro/RJ)
O plural de escrivão é escrivães e o feminino é 
escrivã.
2. Fernando José Tobias (Rio de Janeiro/RJ)
Na frase: Já contei isto a você milhões de vezes a 
figura de linguagem usada é chamada de hipérbole. 
(exagero usado para chamar a atenção).
3. Fátima Pereira da Cunha (Mesquita/RJ)
Apraz é a 3a pessoa do singular do Presente do 
Indicativo do verbo aprazer (causar prazer, agradar, 
deleitar).
4. Jordão Antônio de C. Noronha (Barbacena/MG)
As conjunções, além de ligarem orações, ligam 
também termos da mesma função sintática.
Exemplos: Maria viajou, mas Pedro ficou no Rio (mas 
– conjunção ligando as duas orações).
Maria e Pedro viajaram (e – conjunção ligando os 
sujeitos Maria e Pedro, que são termos da mesma 
função sintática).
108
Quero prestar uma sentida homenagem a um dos meus 
maiores ídolos, no campo da filologia. A morte do Acadêmico 
Antônio Hoauiss foi um duro golpe, na luta emdefesa da língua 
portuguesa. O que de melhor se pode fazer, agora, é prosseguir 
nos seus sonhos pela valorização do nosso idioma e para que 
se implemente o Acordo Ortográfico de Unificação da Língua 
Portuguesa, reunindo as oito nações do mundo lusófono.
4141
Casamento feliz
“Maria casou com Jorge acerca 
de vinte anos e são felizes até 
hoje.”
Só acertou no marido! A língua 
portuguesa não está feliz, porque 
a locução prepositiva acerca de 
está mal colocada. O certo é: há 
cerca de.
acerca de – sobre, a respeito de
há cerca de – faz 
aproximadamente
Meu mal querer
Na novela Meu bem querer (99) todos os pares amorosos dizem: 
“Eu lhe amo”. Está errado!
Repetimos mais uma vez: o verbo amar é transitivo direto, 
portanto pede objeto direto.
O pronome pessoal do caso oblíquo lhe funciona como objeto 
indireto, portanto não cabe na frase que pede objeto direto.
Os pronomes pessoais do caso oblíquo que funcionam como objeto 
direto são o ou a.
Frase correta: Eu o amo / Eu a amo.
Tombo feio
TV Record, programa Note e anote, no último dia 3/3/99 – Ana 
Maria Braga, dando dicas de decoração para mesa de Páscoa: “As 
plantas devem ser cortadas em degrais.”
Terrível! O plural de degrau é degraus.
109
Economia difícil
“As medidas econômicas não 
agradaram a população.”
Claro! Estão todos preocupados.
Se o problema é tão sério, pelo 
menos acertemos, escrevendo 
certo: As medidas econômicas 
não agradaram à população.
Aprenda: no sentido de 
satisfazer, o verbo agradar é 
transitivo indireto, logo use 
agradaram à [a (artigo) + a 
(preposição) = à].
Velhice
“Quando as pessoas 
envelhecem ficam rabujentas?”
Claro que não! Principalmente, 
grafando dessa maneira. Não 
seja rabugento. Escreva esta 
palavra sempre com g.
Período correto: Quando as 
pessoas envelhecem ficam 
rabugentas?
Seriedade
“Mário é um homem seríssimo.”
Será mesmo? O grau superlativo absoluto sintético do adjetivo sério 
é seriíssimo e não “seríssimo”.
Preste atenção: para se fazer, corretamente, o superlativo absoluto 
sintético devemos acrescentar o sufixo – íssimo ao radical seri (que 
já termina em i), logo teremos: seri + íssimo = seriíssimo.
Assim será com todas as palavras cujo radical termine em i.
Exemplo: Comprei um cobertor maciíssimo. (macio – maci + íssimo 
= maciíssimo)
Recém-terminada
Num dos últimos capítulos 
da novela Meu bem querer 
(1999), uma atriz escorregou 
quando falou: récem-nascidos 
(acento colocado erradamente, 
para mostrar a pronúncia da 
pamonheira/vereadora).
A palavra é recém (vem de 
recente, que teve sua última 
sílaba (te) suprimida), oxítona, 
terminada em em, portanto 
devendo ser acentuada.
Sabatina do Senado
Ao ser questionado pelos senadores, 
uma autoridade federal disse: 
“Nunca quis prejudicar ao meu 
país”. Cometeu dois erros:
1o) Nunca quis – cacofonia 
(encontro de fonemas de diferentes 
vocábulos, originando uma terceira 
palavra, no caso caquis).
2o) O verbo prejudicar é transitivo 
direto, portanto não admite a 
preposição (ao = preposição a + 
artigo o).
Deveria ter dito: Nunca desejei 
prejudicar o meu país.
g
g
g
110
Respostas aos leitores
1. Josefa Fátima de Assis Gomes (Rio de Janeiro/RJ)
Traz (com z) é a 3a pessoa do singular do verbo 
trazer, no Presente do Indicativo. Não confunda com a 
preposição trás (com s e acento), que atualmente só se 
usa nas locuções adverbiais (para trás, por trás) e na 
locução prepositiva por trás de.
2. Dominique Matias de Souza (Barra da Tijuca/RJ)
Somente os pronomes indefinidos que são usados 
sozinhos são invariáveis. Aqueles que acompanham os 
substantivos variam de acordo com eles.
Exemplos:
invariáveis variáveis
Ele é tudo para mim. Outro dia eu o vi.
Alguém telefonou? Outros dias virão.
3. Marta Moreira (Rio de Janeiro/RJ)
A diferença entre folha e página é que numa folha há 
duas páginas.
4. Marisa Chaves (Teresópolis/RJ)
“... o mesmo número de turistas que esteve no 
Revéillon” é a frase certa. O verbo (esteve) deve 
concordar com o número de turistas. Você estava certa!
111
Às vezes pode ser coisa dos astros. No mesmo dia 
(19/3/1999), duas publicações do Rio descuidaram-
se no trato da língua portuguesa. Enquanto uma 
delas, comentando o êxito da série Chiquinha Gonzaga, 
lamentava que “houveram deslizes”, a outra contava a 
caçada a um jacaré de 80 quilos, no Recreio dos Bandeirantes: 
“Foi difícil, mas laçei o bicho”. Entre o “houveram” que deveria 
ser houve e o lacei com a cedilha, o abismo da falta de cuidado 
com a língua portuguesa. O que se pode fazer?
4242
Elevador 
enguiçado
“Este elevador não serve ao 
último andar.”
Assim, não sairá do térreo.
O verbo servir, no sentido de 
prestar serviço, é transitivo 
direto, isto é, pede objeto 
direto, complemento sem 
preposição.
Frase correta: Este elevador 
não serve o último andar.
Suave veneno / 1999
As novelas têm exagerado nas afrontas à nossa língua.
A Leonor, brigando com o marido, na novela:
— “Não foi eu quem começou.”
Desse jeito, o veneno não é nada suave. É mortal!
A 1a pessoa do singular (eu) do verbo ser, no pretérito perfeito 
do indicativo, é fui e não foi, que é a 3a pessoa do singular.
A frase que a atriz deveria ter dito é: Não fui eu quem começou.
Cuidado: Os verbos ser e ir são muito irregulares (anômalos), 
sendo que o pretérito perfeito, o pretérito mais que perfeito 
do indicativo e os tempos pretérito imperfeito e o futuro do 
subjuntivo são conjugados totalmente iguais. Você só poderá 
saber se é verbo ser ou ir pelo sentido da frase.
Exemplo: Não fui eu quem começou. (verbo ser)
Não fui ao cinema. (verbo ir)
(
(
(
(
(112
Má compreensão
“O texto da carta não estava 
intelegível.”
Nem poderia! A palavra 
“intelegível” não existe. A 
palavra certa é inteligível (que 
se compreende bem). Lembre-
se: inteligível é relativo a 
inteligência.
Bom parto
Todas as mulheres da minha 
família têm gravidezes felizes.
Ótimo! Melhor ainda porque o 
plural de gravidez foi escrito 
corretamente.
Lembre-se sempre: gravidezes 
é o plural de gravidez.
Falando certo
Veja como se pronunciam estas palavras:
Isto é ruim. (ruím – acento colocado para mostrar a pronúncia 
correta)
Diga sempre não aos tóxicos. (A pronúncia deste x não é ch e sim ks).
É sempre bom receber um dinheiro extra. (Êxtra – acento colocado 
para mostrar a pronúncia correta).
Não tinha subsídios para fazer a palestra. (A pronúncia correta é com 
som de ss e não z).
Grosseria
“O rapaz não se conformou com a 
estupideza da namorada.”
Nem ele, nem ninguém. Não 
existe a palavra “estupideza”.
Frase correta: O rapaz não se 
conformou com a estupidez da 
namorada.
Sofrimento exagerado
“Maria sofre muito quando a 
herpes a ataca.”
Coitada! O herpes é muito 
desconfortável e ainda piora se for 
chamado de “a herpes”.
Preste atenção: herpes é um 
substantivo masculino.
Frase certa: Maria sofre muito 
quando o herpes a ataca.
113
Ignorância!
“A senhora ficou descansada quando ouviu que o seu filho estava 
malferido.”
Pobre senhora! Como é triste desconhecer o significado das palavras, 
leva as pessoas a deduções erradas. Malferido não quer dizer com 
poucos ferimentos e, sim, ferido mortalmente.
Não deixe que dúvidas como essa impeçam a compreensão de um 
texto. Consulte sempre um dicionário.
Respostas aos leitores
1. Lia da S. Ramos Neta (Rio de Janeiro/RJ)
Não existe a forma “chego” como particípio do verbo 
chegar, somente chegado.
Exemplo: Ela havia chegado atrasada para o jantar.
Chego – é a 1a pessoa do singular do Presente do 
Indicativo do verbo chegar.
2. Carlos Antônio de A. Madeira (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra testemunha é um substantivo feminino, 
não existindo o seu masculino. Gramaticalmente 
conhecida como substantivo sobrecomum.
Exemplos: Antônio foi a testemunha principal do 
processo. (O substantivo Antônio é que nos diz que a 
testemunha foi do sexo masculino)
Maria era a testemunha mais aguardada no 
julgamento. (O substantivo Maria é que nos diz que a 
testemunha era do sexo feminino)
3. Dr. Magno Paranhos de Castro (Rio de Janeiro/RJ)
Solecismo é víciode linguagem – colocação 
inadequada de algum termo, contrariando a norma 
culta.
Exemplos: Me esqueci. (Em lugar de: Esqueci-me)
Não falou-me sobre o assunto. (Em lugar de: Não me 
falou sobre o assunto)
114
Com o ressurgimento da epidemia de cólera no Paraná, 
retornou a dúvida: a doença deve ser nomeada como 
palavra feminina ou masculina? O Vocabulário Ortográfico 
da Língua Portuguesa da ABL e o novo Dicionário do Aurélio 
registram-na como substantivo feminino e masculino. 
Entretanto, o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa 
de Caldas Aulete só faz referência à cólera como palavra feminina. 
O nosso saudoso Antônio Houaiss, em seu dicionário, admite que a 
palavra cólera seja masculina, somente em relação à doença. Vocês 
devem decidir como usá-la: o cólera ou a cólera. O importante, 
mesmo, é acabar com a epidemia.
4343
Horripilante
“O filme de terror provocou-me 
arripios.”
Que terror! A palavra “arripios” 
não existe.
Frase correta: O filme de terror 
provocou-me arrepios.
Arrepio – tremor resultante de 
frio, medo, etc.
Concordância verbal
Um quinto dos deputados 
presentes foi contra o projeto e 
quatro quintos dos deputados 
foram favoráveis.
O projeto foi aprovado. Ganhou a 
democracia e a língua portuguesa 
foi acatada. Com numerais 
fracionários (um quinto, quatro 
quintos, dois terços, etc.) o verbo 
deve concordar com o numerador 
da fração.
Exemplos:
Um décimo dos alunos saiu cedo.
No auditório, permaneceram três 
quartos dos ouvintes.
L
L
115
Crime sem 
solução
Nem um nem outro 
suspeito admitiu que 
havia praticado o 
homicídio.
Quanto a descobrir 
quem é o culpado, é 
problema da Polícia e 
da Justiça.
O período, entretanto, 
está escrito 
corretamente, pois a 
expressão nem um nem 
outro só admite o verbo 
no singular.
Regência verbal
Jos´aspira a uma vida digna.
Ótimo! Aspiração perfeita.
O verbo aspirar, no sentido de almejar, querer, é transitivo indireto 
(precisa da preposição a).
Atenção: Quando o verbo aspirar é usado no sentido de inspirar, 
sorver, é transitivo direto, portanto deve ser usado sem preposição.
Exemplo: Aspirava o ar seco daquela região.
Show do milhão... de erros
Sucesso de Ibope, o Show do milhão, de Sílvio Santos, exibe uma série 
impressionante de erros. A pergunta “Que sentido é usado para leitura 
no método braile”, se olfato, tato, paladar ou visão ficou sem resposta. 
Fora outras. Não custa, na próxima série, tomar mais cuidado.
Respeitabilidade geral
“Os Estados Unidos é respeitado por todas as nações do mundo.”
Cuidado! Quando o sujeito da oração é os Estados Unidos, o verbo 
ficará sempre no plural, pois o nome daquele país indica pluralidade.
Frase correta: Os Estados Unidos são respeitados por todas as nações 
do mundo.
À toa?
“Andei à-toa, procurando um livro. Descobri que está esgotado.”
Lamentável! Lamentável, também, o uso inadequado do hífen (à-toa). 
Preste atenção: à toa (sem hífen) é adjetivo e significa qualquer, sem 
importância.
À toa (sem hífen) é locução adverbial e significa em vão.
Período correto: Andei à toa, procurando um livro. Descobri que está 
esgotado.
+ + +
116
Respostas aos leitores
1. Susana da Veiga Sidônio (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra correta é pantomima (representação teatral 
em que a palavra é substituída por gestos e atitudes).
2. Celeste Maria Fonseca dos Santos (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra especímenes é também o plural de 
espécimen.
O outro plural é espécimens.
Cuidado, entretanto, com a pronúncia destas palavras.
São todas proparoxítonas (a sílaba tônica é a 
antepenúltima) e consequentemente acentuadas, o que 
certamente ajuda a pronunciá-las corretamente.
3. Marcos Tadeu J. Filho (Nova Iguaçu/RJ)
O superlativo absoluto sintético de magro é macérrimo.
Apesar de ser muito usada a forma magérrimo, ainda 
não conseguiu se impor à língua escrita.
117
O artigo 1o da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos determina: “Todos os homens nascem livres 
e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e 
consciência e devem agir em relação uns aos outros com 
espírito de fraternidade”. Fraternidade: amor ao próximo, 
harmonia, paz. É preciso saber o significado desta palavra e 
usá-la em todos os momentos.
4444
Etc. e tal
Há uma polêmica a respeito 
da vírgula (sim ou não) 
antes da palavra etc., que 
significa “e outras coisas”. 
O Vocabulário Ortográfico 
da Língua Portuguesa, 
elaborado pelo saudoso 
acadêmico Antônio Houaiss, 
adota a vírgula, enquanto 
outros autores dizem ser ela 
desnecessária. Ficamos, por 
hábito, com a versão do 
Vocabulário. Assim, pode 
servir de exemplo a frase: 
“Comprei na loja meias, 
camisas etc.”
Recado de sempre
“Os sábios falam porque têm o que dizer; os tolos, porque têm 
que falar.” (Platão)
i
i
118
Tentativas inúteis
“A mulher tentou todas 
as estratagemas possíveis 
para que o marido não a 
abandonasse.”
Garanto que ficou sem o 
esposo. Não há homem que 
suporte “as estratagemas” 
de uma mulher.
Esta palavra não é feminina e 
sim do gênero masculino: os 
estratagemas.
Período correto: A 
mulher tentou todos os 
estratagemas possíveis 
para que o marido não a 
abandonasse.
Pontuação culpada
Com a polêmica criada pelo Governo a respeito do que se pretende 
com o ponto e vírgula, no caso das aposentadorias, o assunto tem 
mesmo é que ser decidido no Supremo Tribunal Federal, onde são 
dirigidas as dúvidas sobre a nossa Constituição. A lei fala em tempo 
de contribuição e depois idade. Do jeito que se colocou o ponto e 
vírgula, segundo a Academia Brasileira, ele substitui a conjunção 
e. Portanto, as exigências são cumulativas. Mais um elemento para 
complicar a vida do nosso trabalhador. Eis o texto polêmico: “É 
assegurada a aposentadoria, no regime geral da Previdência Social, 
nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: 35 anos de 
contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher; 65 anos de idade, se 
homem, e 60 anos, se mulher”. Agora, é esperar a manifestação do 
Supremo. Enquanto isso, o trabalhador sofre.
Comemoração
“Quando o time de futebol 
do Flamengo faz um gol, 
os foguetes começam a 
espoucar.”
Vamos comemorar certo? O 
verbo “espoucar” não existe.
Frase correta: Quando o time 
de futebol do Flamengo 
faz um gol, os foguetes 
começam a espocar.
Espocar – estourar, explodir.
Duplo acerto
A professora chamou 
atenção dos alunos que 
estavam jogando os 
gizes pela janela da sala 
de aula.
Muito bem! A professora 
acertou duas vezes: 
corrigindo a atitude 
dos alunos e usando 
corretamente o plural da 
palavra giz (gizes).
Penteado feio
“No dia do casamento, a noiva foi ao cabelereiro para ficar bem 
arrumada.”
Coitada! Vai ficar feia. A palavra “cabelereiro” não existe.
Se você quer ficar com cabelos bonitos deve ir ao cabeleireiro.
Z
Z
Z
Z
Z
119
Respostas aos leitores
1. Domênico T. Salvatori (São Paulo/SP)
Jamais escreva ou diga rúbrica (acento colocado para 
mostrar a sílaba tônica, errada). A pronúncia certa é 
rubrica (palavra paroxítona e não proparoxítona).
2. Osvaldo A. Biasoti (Nova Iguaçu/RJ)
“O que é um clássico?” Se a referência é livro, 
trata-se dos que foram produzidos com base na 
Antiguidade greco-romana ou nos séculos XVI a 
XVIII, ou todos aqueles que modificaram a nossa 
visão do mundo, como afirma o escritor Ezra Pound. 
Exemplo: a Bíblia.
3. Jesuína Francisca da Silva (Rio de Janeiro/RJ)
O superlativo absoluto sintético de cruel é 
crudelíssimo e de doce é dulcíssimo.
O susto
“Pedro tirou um estrato da sua conta bancária e levou um enorme 
susto.”
Coitado! Jamais tire um “estrato” do banco – é impossível.
Num banco você só pode tirar: extrato.
Veja a diferença:
Extrato – aquilo que tirou de, que se extraiu de coisa extraída de 
outra.
Estrato – camada formada pelas rochas sedimentares.
Observe: o perfume é um extrato, pois é um produto industrial, uma 
essência aromática que se extrai de uma outra substância.
} } }
120
Machado de Assis tinha grande admiração por José 
de Alencar. Eles chegaram a conviver, no Rio de Janeiro, 
embora Alencar fosse bem maisvelho. Uma frase do autor 
de Iracema que era muito apreciada por Machado: “A língua 
é instrumento do espírito”. Quando todos acreditarem nisso, 
sem dúvida, teremos progredido.
4545
Diversão sadia
Ir ao circo é uma das 
formas de entretimento.
Sem dúvida! Vá ao circo 
e leve as crianças.
A palavra entretimento é 
muito usada. Se preferir, 
use entretenimento.
Ambas têm o mesmo 
significado: diversão, 
distração.
Passagem de autoridades
“Hoje, passarão nesta rua o prefeito e o governador.”
Garanto que não ficarão satisfeitos.
Frase correta: Hoje, passará nesta rua o prefeito e o governador.
Observe: Sujeito composto (o prefeito e o governador) e posposto, 
isto é, colocado depois do verbo (predicado verbal) leva este para 
o singular.
Curiosidade
O acordo que um 
país faz com a China 
e o Japão é chamado 
sino-nipônico.
121
Trabalhador doente
“A caixa toráxica do trabalhador da usina 
de asfalto ficou comprometida, segundo o 
pneumologista.”
A “caixa toráxica” deve ter prejudicado 
ainda mais o trabalhador, porque esta 
palavra está grafada erradamente.
O adjetivo que se refere a tórax é torácico.
Frase correta: A caixa torácica do 
trabalhador da usina de asfalto ficou 
comprometida, segundo o pneumologista.
Nem tanto!
“Ana é tão inteligente que se considera uma excessão.”
Nem tão inteligente assim! A palavra “excessão” é uma exceção.
Escreva sempre: exceção (com x, c e ç).
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa nasceu em 
13 de junho de 1888 ou a 13 de 
junho de 1888?
As duas construções estão 
corretas. Tanto faz. Você 
escolhe se quer usar a 
preposição em ou a antes de 
qualquer data.
Importante é relembrar o 
verso: “Tudo vale a pena se 
a alma não é pequena”, do 
famoso poeta português, 
Fernando Pessoa.
Grande esperança
“Há de existir pessoas honestas neste país.”
Pessoas honestas? Claro que existem, mas o verbo haver (há) está 
errado.
Frase correta: Hão de existir pessoas honestas neste país.
Preste atenção: Nas locuções verbais, se o verbo principal (existir) 
é pessoal, o auxiliar deve ser flexionado, de acordo com o sujeito. 
No caso, o sujeito está no plural (pessoas), logo hão de existir e 
não “há” de existir, porquanto existir é verbo pessoal. Se, porém, 
o verbo principal fosse haver, então diríamos: há de haver, pois 
pessoas passaria a objeto direto e não haveria sujeito, por ser o 
verbo haver impessoal, no sentido de existir.
Com ou sem 
preposição
João precisa repouso para 
poder trabalhar amanhã.
Ou seria: João precisa 
de repouso para poder 
trabalhar amanhã.
Tanto faz. O verbo precisar 
pode ser usado com ou sem 
a preposição (de).
O importante é que você 
descanse hoje para poder 
enfrentar mais uma semana 
de trabalho.
6
122
Respostas aos leitores
1. Natália Santos de Mesquita (Nilópolis/RJ)
Os verbos ter e haver podem e são conjugados 
independentemente. Eles são chamados de verbos 
auxiliares, quando unidos a outro verbo, chamado 
de principal, nos tempos compostos.
Exemplo: Eu havia falado com João.
2. Carla de Araújo T. Santé (Duque de Caxias/RJ)
O verbo é intransitivo quando não precisa de 
qualquer complemento. Ele sozinho se basta, dando 
a comunicação completa.
Exemplos: Ontem, choveu.
O avô do João morreu.
3. Fábio Pereira Cardoso (Rio de Janeiro/RJ)
Os pronomes classificados como indefinidos 
são aqueles que dão sentido vago ou exprimem 
quantidade indeterminada das coisas. Por isso têm 
esse nome.
Exemplos: Alguém esteve aqui.
Ele comeu uns sanduíches e saiu.
123
Olavo Bilac, grande poeta e muito conhecido pela 
maior parte dos brasileiros, sempre valorizou a nossa 
língua. São dele os versos: “Amo o teu viço agreste e o 
teu aroma/De virgens selvas e de oceano largo!/Amo-te, 
ó rude e doloroso idioma”. Queremos chamar a atenção 
dos leitores da importância de falar e escrever corretamente 
a língua portuguesa. Olavo Bilac, certamente, agradeceria.
4646
Curiosidade
Substantivos pátrios – 
Quem nasce em Juiz de Fora 
é juizforano, no Rio Grande 
do Norte é potiguar, em 
Jerusalém é hierosolimita e 
no Afeganistão é afegão.
Inapetência
“D. Maria destrinchou o 
frango assado, mas ninguém o 
comeu.”
Certamente porque a senhora 
usou um verbo inadequado.
Trinchar é o verbo correto, 
isto é, cortar em pedaços. 
Destrinchar ou destrinçar 
significam expor com 
minúcias, resolver, desenredar. 
Período correto: D. Maria 
trinchou o frango assado, mas 
ninguém o comeu.
Erro via internet
O leitor Danilo Gomes, de 
Blumenau, Santa Catarina, 
anotou o seguinte erro da 
apresentadora Ana Maria 
Braga (nota enviada via 
internet):
“O congestionamento 
nas estradas está muito 
grande, deixe para viajar 
amanhã. Hoje, prefira ficar 
aqui com nós.”
Assim não dá! Hoje, 
prefira ficar aqui conosco, 
deveria ter dito a simpática 
apresentadora.
Conosco - pronome pessoal 
do caso oblíquo.
Para sua reflexão
“A subida é cada vez mais custosa, mas também cada vez mais 
exaltante porque nos leva às alturas.” (Pio XII)
A A A
124
Regência verbal
Leo reparou no corpo da Valéria quando a conheceu na 
videolocadora.
O rapaz acertou duas vezes: na beleza da moça e no emprego do 
verbo reparar.
Reparar – no sentido de observar, é transitivo indireto (reparar 
em), logo o seu complemento (objeto indireto) deve ser precedido 
de preposição (no corpo).
Quando o verbo reparar for usado no sentido de consertar, é 
transitivo direto, e seu complemento (objeto direto) não precisa de 
preposição.
Exemplo: Leo reparou o carro para ir a Teresópolis. (o carro – objeto 
direto)
Se o rapaz emagrecer, ganhará um prêmio da namorada.
O rapaz acertou outra vez. Nesta frase, o verbo ganhar é transitivo 
direto e indireto.
Um prêmio – objeto direto (sem preposição).
Da namorada – objeto indireto (com preposição).
Pudicícia
“Sônia é uma moça púdica.”
Será mesmo? Cuidado com a palavra pudica, ela é paroxítona (a 
sílaba tônica é a penúltima – di) e não proparoxítona (a sílaba 
tônica seria a antepenúltima – pu).
Pudica – que tem pudor, recatada, tímida e envergonhada.
Você precisa saber
 Verbo defectivo é aquele ao qual faltam pessoas, tempos ou modos.
Exemplo:
Miar (e todos os outros verbos que determinam as vozes dos animais).
Ventar (e todos os outros verbos que determinam os fenômenos da 
natureza).
 Verbo impessoal é aquele que é empregado sem sujeito. São os 
verbos que indicam fenômenos da natureza; o verbo haver, indicando 
tempo (há 5 anos) e no sentido de existir (há pessoas) e o verbo fazer 
indicando tempo (faz oito anos).
125
Respostas aos leitores
1. Selma de Andrade Parente (Rio de Janeiro/RJ)
Substantivos epicenos são aqueles que têm um só 
gênero para determinar o sexo masculino e feminino 
dos animais e somente dos animais. Usa-se a palavra 
macho (para animais do sexo masculino) e fêmea (para 
animais do sexo feminino).
Exemplos: baleia fêmea, onça macho, cobra fêmea, etc.
2. Salvador Pereira da Silva Motta (Rio de Janeiro/RJ)
O subjuntivo é conhecido como modo da irrealidade, 
isto é, indica fatos problemáticos, irreais, duvidosos ou 
apenas possíveis.
Exemplo: Se eu fosse / quando você puder, etc.
126
O Rio de Janeiro recebeu 49 chefes de Estado, em 
junho de 1999, com as suas respectivas delegações. A 
cidade preparou-se para ficar mais bonita, limpa e segura 
e, assim, recepcionou os visitantes que participaram da 
Cimeira. Substantivo feminino, muito usado em Portugal, 
sua origem significa cúpula, que fica no cimo, no alto. Foi um 
encontro da cúpula dos dirigentes europeus, do Mercosul e do 
Caribe. Desejamos que grandes decisões tenham sido tomadas e 
que todos sejamos beneficiados.
4747
Apelo
Não cansamos de repetir: O verbo 
amar é transitivo direto, portanto não admite o pronome oblíquo 
lhe e sim o pronome oblíquo o.
Chega de dizer e cantar “eu lhe amo”.
Agora mesmo há uma música lançada pela magnífica Maria 
Bethânia, na qual ela repete diversas vezes esta frase. Até o verso 
da música soaria melhor se fosse eu o amo.
Para reflexão
“Nunca deixe que o Sol se ponha, sem que hajam desaparecido, 
também, os seus rancores.” (MahatmaGandhi)
127
Plural obrigatório
“Os Estados Unidos não participou 
da Cimeira.”
Claro que não! Foi um encontro 
dos dirigentes da América Latina, 
Comunidade Européia e Caribe.
A ausência americana, entretanto 
não justifica o verbo errado.
Quando o sujeito de uma oração 
for os Estados Unidos o verbo 
sempre deve ficar no plural.
Curiosidade e humor
A escritora inglesa Agatha Christie, que sempre escreveu romances 
policiais, tendo publicado uma grande quantidade de livros com 
tradução no mundo inteiro é responsável pela piada: “Um arqueólogo 
é o melhor marido que uma mulher pode querer; quanto mais velha ela 
fica, mais ele se interessa por ela”. Para você recordar:
Arqueólogo – especialista em arqueologia (ciência que estuda a vida e 
a cultura dos povos antigos por meio de escavações de corpos, objetos 
ou através de documentos, monumentos, etc., por eles deixados.
Por que Santo Antônio e São Pedro?
Principalmente na época das festas juninas e julianas, Santo 
Antônio, São João e São Pedro são homenageados pelos fiéis.
Entenda por que usamos Santo e São para nomear os santos.
Usa-se a forma Santo quando o nome começa por vogal ou h. 
Exemplo: Santo Inácio, Santo Agostinho, Santo Hilário, etc.
Usa-se a forma São quando o nome começa por consoante. 
Exemplo: São Benedito, São Cristóvão, São Judas Tadeu, etc.
Bom conselho
D. Joana aconselhou os netos a 
obedecer o Código Brasileiro de 
Trânsito, não dirigindo além da 
quilometragem determinada nas 
placas. A senhora acertou duas 
vezes: deu um bom conselho e 
acertou no complemento do verbo 
aconselhar. Observe: O verbo 
aconselhar pode ser construído 
com objeto direto ou indireto de 
pessoa (os netos / aos netos).
Pedido inútil
“Tobias vive reinvindicando 
aumento de salário ao gerente 
da fábrica em que trabalha.”
Coitado! Assim não vai 
conseguir. Não existe o verbo 
“reinvindicar”, portanto não 
existe “reinvindicando”. O 
verbo é reivindicar. Frase certa: 
Tobias vive reivindicando 
aumento de salário ao gerente 
da fábrica em que trabalha.
128
Você precisa saber
Os nomes dos dias da semana e os nomes dos meses do ano são 
sempre escritos com letra minúscula.
Observe: Ontem, foi segunda-feira, mês de novembro.
Respostas aos leitores
\
1. América F. de Souza (Rio de Janeiro/RJ)
 é um advérbio de tempo se classificado 
gramaticalmente, como você pediu.
As classes de palavras invariáveis são: preposição, 
advérbio, conjunção e interjeição.
2. Mário da Silva Fernandes (Rio de Janeiro/RJ)
Você não deve dizer “depois eu falo consigo”.
Consigo, se e si são pronomes reflexivos, isto é, 
referem-se ao próprio sujeito do verbo (na sua frase, 
eu é o sujeito).
129
Na novela das 7, da TV Globo (veiculada em 1999) – 
Andando nas nuvens – havia um personagem vivido 
pelo ator Taumaturgo Ferreira, que só mereceu elogios. 
Com excelente interpretação, ele fazia o papel de um 
cidadão galanteador, malandro e pernóstico, que só falava 
usando os verbos na segunda pessoa. Brilhante o texto 
sem qualquer derrapada. É difícil falar usando o pronome 
tu, principalmente para nós que estamos habituados no 
tratamento você. Sorte nossa! Nossos ouvidos foram brindados 
com a atuação do Átila.
4848
Doença errada
“O gado da fazenda pegou a 
epidemia de aftosa.”
Impossível! A palavra epidemia 
tem o radical grego demo, que 
significa povo.
Aftosa é doença própria de 
animais quadrúpedes, logo só 
podemos usar epidemia para 
doenças que dão em gente.
Esquecimento duplo
“Antônio chegou atrasado, pois esqueceu-se do compromisso 
com o João.”
Lamentável o esquecimento do Antônio. Falhou com o amigo e 
com a língua portuguesa.
Não se deve usar: “pois esqueceu-se”.
O pronome oblíquo se deve ficar proclítico, isto é, antes do 
verbo, porque a conjunção pois o atrai.
Frase correta: Antônio chegou atrasado, pois se esqueceu do 
compromisso com o João.
Curiosidade
Decassegui é o nome dado aos brasileiros que vão trabalhar no 
Japão.
130
Boa leitura
“Antônio acabou de ler um livro com duzentos e oitenta e cinco 
páginas.”
Ler é um ótimo passatempo, mas cuidado com o número de páginas. 
O numeral deve concordar com o substantivo páginas, que é 
feminino, plural.
Frase certa: Antônio acabou de ler um livro com duzentas e oitenta e 
cinco páginas.
Locução 
invariável
“Pedro chegou sorrateiramente 
de maneiras que ninguém o 
viu.”
Nem poderia! Desse jeito é 
impossível.
“De maneiras que” está errado.
O correto é: Pedro chegou 
sorrateiramente de maneira 
que ninguém o viu.
Não são pluralizadas as 
locuções conjuntivas.
Outras locuções conjuntivas 
que não variam: de forma que, 
de sorte que, de jeito que, etc.
Habitação
“O homem habita a Terra” ou 
“O homem habita na Terra”?
Tanto faz! Podemos habitar 
algum lugar ou em algum 
lugar. O importante é que o 
homem preserve essa Terra 
para que seus descendentes 
continuem habitando-a.
A beleza da atriz
“Malu Mader é a artista 
portadora das mais belas 
sombrancelhas da TV.”
Que maldade! A atriz não 
merece. Não existe a palavra 
“sombrancelhas”. O certo é 
sobrancelhas.
Frase correta: Malu Mader é 
a artista portadora das mais 
belas sobrancelhas da TV.
131
Doença de pele
“A eczema no rostinho do bebê 
não melhorou depois de ter 
colocado o remédio.”
Não há remédio que cure “a 
eczema”. Esta palavra é masculina 
– o eczema.
Período correto: O eczema no 
rostinho do bebê não melhorou 
depois de ter colocado o remédio.
Respostas aos leitores
1. Raphael Soares da S. Ramos (Rio de Janeiro/RJ)
Língua morta é aquela que já foi usada e que hoje 
não é mais falada por qualquer povo, de qualquer 
parte do mundo.
Exemplo: latim
2. Fabíola Pereira da Cunha (Rio de Janeiro/RJ)
O Imperativo Afirmativo do verbo fazer é feito da 
mesma forma que os demais (tu e vós do Presente 
do Indicativo, cortando o s e as demais pessoas do 
Presente do Subjuntivo).
Veja: faze tu
faça você
façamos nós
fazei vós
façam vocês.
3. Solônio Salles de A. Schimit (Rio de Janeiro/RJ)
Crase não é nome de acento e sim a junção do artigo 
a + a preposição a = à.
Devemos utilizar o sinal indicativo da crase quando 
houver necessidade do uso da preposição a e do 
artigo a. Para facilitar substitua o a por para a, 
fazendo sentido poderá ser usada a crase.
Exemplos:
Maria foi à cidade de Niterói (Maria foi para a 
cidade de Niterói).
Maria foi a Niterói (você não pode dizer Maria foi 
para a Niterói, logo não há crase).
132
Inegavelmente a televisão e a Informática são 
responsáveis pela introdução de novos termos na nossa 
língua. Os termos estrangeiros estão por aí, dominando 
a todos, dos adultos às crianças. É um tal de “micrar” 
(colocar no micro), “acessar” (ter acesso), “becapear” (salvar 
em disquete), etc. Já a TV importa termos que passam a ser 
usados pelo povo no seu dia a dia. Aqui sempre falamos em 
sinal de trânsito e hoje farol e semáforo são palavras difundidas 
pelos noticiários das diferentes regiões brasileiras, e que não são 
mais desconhecidas por aqui. Nada contra! É até saudável este 
intercâmbio linguístico. E os modismos? A velha Roraima (era 
falada com som anasalado) foi transformada em Roráima (acento 
colocado para mostrar a pronúncia). Será isto um progresso?
4949
Prato complicado
“Maria fez uma lasanha 
com creme de maizena 
e cobriu com mussarela, 
mas ninguém da sua casa 
gostou.”
Claro! Ela errou nos 
ingredientes. Preste 
atenção; o certo é: 
maisena (mesmo que na 
famosa caixa amarela 
apareça grafada com z) e 
muçarela (os zz do italiano 
“mozzarela” produzem c ou 
ç em português).
Tudo claro
“Seus motivos para tal atitude foram os mais claros possíveis.”
Não! Tudo escuro! O certo é: Seus motivos para tal atitude foram o 
mais claro possível.
Nas expressões: o mais possível / o menos possível / o melhor 
possível / o pior possível / o maior possível / o menor possível 
/ quanto possível, a palavra possível fica invariável, não 
importando a disposição dos elementos na oração.
133
Curiosidade II
Antônio Gonçalves Teixeira e Souza é considerado o pai do romance 
brasileiro, pois é oautor de O filho do pescador, primeiro romance 
publicado no Brasil. Nasceu em Cabo Frio, em 1812, e morreu 
tuberculoso, em 1861.
Casa de leis
“É atribuição da 
Câmara dos Deputados 
legisferar.”
Não é não! “Legisferar” 
não existe. A palavra 
certa é legiferar – fazer 
leis, legislar.
Frase correta: É atribuição 
da Câmara dos Deputados 
legiferar.
Excesso de preocupação
“A mãe da Ana está preocupada 
porque a menina vive sassaricando!”
A menina já é levada, e se vive 
“sassaricando”, ela jamais tomará 
jeito.
Preste atenção: a palavra correta 
é saçaricando (saracoteando, 
divertindo-se à larga).
Período correto: A mãe da Ana está 
preocupada porque a menina vive 
saçaricando.
Mistério descoberto
Descobri por que a 
comunicação por telefone não 
anda bem. A lindíssima Ana 
Paula Arósio vem pedindo na 
TV: “Faz um 21!” O Imperativo 
Afirmativo do verbo fazer 
na 3a pessoa do singular é 
faça (tirada do Presente do 
Subjuntivo) e na 2a pessoa 
do singular é faze (tirada 
do Presente do Indicativo, 
cortando o s).
Logo, não há beleza que 
justifique o erro.
O correto é: Faça um 21!
Curiosidade I
O tribunal condenou o uxoricida 
a vinte anos de prisão.
Claro! Quem comete um crime 
tem que pagar.
Preste atenção: uxoricida – 
aquele que mata a própria 
mulher [uxor (origem latina) 
– mulher casada / cida (origem 
latina) – aquele que mata].
Exemplos:
Homicida – aquele(a) que mata 
alguém
Inseticida – que mata insetos
V V V
134
V V V
Respostas aos leitores
1. Wellington N. Ferreira (São João de Meriti/RJ)
A palavra friorento existe, sim. Faz parte da classe 
gramatical dos adjetivos. Não é uma locução 
adjetiva. As locuções são formadas por mais de uma 
palavra. O adjetivo friorento é derivado de frio.
2. Flávio Serafim Gomes (Rio de Janeiro/RJ)
A mesóclise (pronome no meio), dependendo do 
local em que estamos ou para quem escrevemos, 
é uma construção aceitável. Se você considera 
pedantismo, não use.
Eis os exemplos:
Encontrar-me-ei amanhã com o juiz.
Ser-me-á impossível chegar cedo.
135
O leitor Nilson Marcelo Pereira da Silva, da Escola 
Técnica Visconde de Mauá, em Marechal Hermes, 
escreveu-nos sobre o Canal Futura, que começou 
uma aula de História com esta palavra na tela: 
“expancionista”. O rapaz ficou espantado e nós também. A 
palavra é expansionista, quem é adepto do expansionismo, 
tendência a se ampliar, se alargar. É preciso mais cuidado.
5050
Para reflexão
“Seria feliz se da minha boca 
em vez de vãs palavras saíssem 
chuvas e sementes.”
(Artur E. Benevides, da 
Academia Cearense de Letras)
Curiosidade oriental
 é planta em bandeja. Árvores e arbustos plantados em 
pequenas bandejas que os mantêm, com podas constantes, 
num tamanho mínimo. Uma prática milenar na China e no 
Japão, sendo que neste país há o bonsai mais antigo do mundo, 
com cerca de 1.500 anos.
A curiosidade maior é que os frutos dessas árvores minúsculas 
são de tamanho normal.
A palavra bonsai já consta do Vocabulário Ortográfico da 
Língua Portuguesa, da ABL.
Divergências
“Não devem haver divergências entre nós.”
Escrito desta maneira, haverá muitas divergências.
A forma “devem haver” está errada, pois se trata de locução 
verbal terminada pelo verbo haver, com sentido de existir, logo 
impessoal. Quando o verbo principal de uma locução verbal é 
impessoal, impersonaliza, também, o auxiliar, portanto deve 
haver e não “devem haver”.
Frase correta: Não deve haver divergências entre nós.
136
Você precisa saber
Escreva sempre: Dê-me o livro.
Não comece uma frase em língua escrita por um pronome 
pessoal do caso oblíquo. Agora, em linguagem oral, não se 
envergonhe de pedir: Me dê o livro. Neste caso, o correto seria 
artificial.
Há verbos que não podem ser totalmente conjugados, isto é, não 
existem algumas pessoas. São chamados de verbos defectivos. 
Exemplos:
Fenômenos da natureza (chover, ventar, etc.) só existem na 3a 
pessoa do singular – Ventou ontem. / Choverá amanhã?
Vozes de animais (latir, miar, etc.) só existem na 3a pessoa do 
singular – O gato mia.
Verbos: abolir, falir. Não se diz: eu “abolo”.
Algumas pessoas do verbo falir se confundem com o verbo falar.
É muita pobreza
Num domingo de setembro 
de 1999, a empregada do 
Sai de Baixo, a aplaudida 
atriz Márcia Cabrita, disse: 
“mendinga”. Que tristeza! 
Não existe esta palavra. O 
correto é: mendiga.
Será que foi de propósito?
X ou CH?
Cartaz de feira: “Xuxu barato!” 
Nem a Xuxa admitiria isto. Escreva 
sempre chuchu, senão o barato sai 
caro.
Refletindo
“Às vezes, ouço passar o vento; e 
só de ouvir o vento passar vale a 
pena ter nascido.”
(Fernando Pessoa)
Economizando palavras desnecessárias
 O assunto foi decidido no “âmbito” da família. Basta: pela família.
 O rapaz conseguiu um trabalho de “natureza” temporária. Basta: 
trabalho temporário.
 Maria está com problemas de “ordem” financeira. Basta: problemas 
financeiros.
N N N
n n n
137
Respostas aos leitores
1. Andréia P. Correia (Teresópolis/RJ)
Os pronomes são substantivos quando substituem o 
nome e adjetivos quando acompanham o nome.
Veja: Maria saiu. Ela não voltará cedo. (Ela é pronome 
substantivo porque está substituindo o nome Maria).
Pedro ama sua namorada. (sua é pronome adjetivo 
porque está acompanhando o nome namorada).
2. Ricardo Aleixo D. Barros (Nova Iguaçu/RJ)
Seu amigo tem razão. A frase: Ele não vai a festas 
sozinho está correta. Não se usa crase no a antes de 
palavras no plural.
3. João Paulo B. Rodriguez (Rio de Janeiro/RJ)
Na frase: Aluga-se casa, há voz passiva, sim! É a voz 
passiva sintética ou pronominal. Casa é alugada, é 
voz passiva analítica (verbo ser + particípio do verbo 
principal).
138
Nosso compromisso com o Timor Leste tem tudo a 
ver com o lado cultural. É um país de fala portuguesa 
e onde as milícias indonésias cometem um verdadeiro 
genocídio em virtude do que elas entendem que seja uma 
incompatibilidade de língua e de religião. O Brasil, dentro da 
Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa, tem a obrigação 
de liderar o movimento de defesa dos timorenses.
5151
Mau marceneiro
“Pedro cortou o dedo quando 
cerrava o tronco da árvore.”
O rapaz errou duplamente: abateu 
uma árvore e trocou o verbo.
Observe:
Cerrar – fechar.
Serrar – cortar.
Período correto: Pedro cortou o 
dedo quando serrava o tronco da 
árvore.
Mau pagador
“João não conseguiu saudar sua dívida na loja de eletrodomésticos.”
Por quê? Porque, além de caloteiro, feriu a nossa língua.
Veja a diferença:
Saudar – cumprimento.
Saldar – pagar.
Frase correta: “João não conseguiu saldar sua dívida na loja de 
eletrodomésticos.”
Caetano Veloso
Estamos preocupados com a situação vivida pelo povo do Timor 
Leste, que não pode se expressar livremente em português, é bom 
lembrar o excelente cantor Caetano Veloso. Caetano canta que 
“minha língua é minha pátria”. Façamos coro com ele.
j j j
139
Má amazonas
“A moça caiu da cela do 
cavalo.”
Claro! Ela deveria é ser presa 
numa cela.
Preste atenção:
Cela – aposento de presos, em 
penitenciárias, quarto dos frades 
ou de freiras, nos conventos.
Sela – assento sobre o que 
monta o cavaleiro.
Frase correta: “A moça caiu da 
sela do cavalo.”
Mal pegado
Novela Suave veneno, dia 14/9/98. A personagem interpretada pela 
excelente atriz Glória Pires saiu-se mal, soltando “ter pego”.
A Lavínia andava cheia de problemas, mas poderia não aumentar, 
agredindo a língua portuguesa.
O verbo pegar não é abundante, isto é, não admite dois particípios. 
A forma pego é a 1a pessoa do singular do presente do indicativo do 
verbo pegar. O particípio deste verbo é pegado.
Forma correta: ter pegado (no pretérito impessoal composto do 
modo infinitivo composto).
Má pianista
“A menina não tocava bem no 
piano de calda da sua avó.”
Nem poderia... calda só de doce. O 
piano tem cauda.
Frase correta: “A menina não 
tocava bem no piano de cauda da 
sua avó.”
Reprovação
A Unifenas (Universidade de 
Alfenas, MG) cresceu muito, 
menos nos cuidados com a 
língua. Fez um anúncio em 
que se refere aos seus “cinco 
câmpus”. Ora,se resolveu 
escrever em latim a palavra 
campus, o plural é campi. O 
melhor teria sido usar mesmo 
a língua portuguesa e ficar 
com campo/campos. Pra que 
sofisticar e errar o plural?
140
Respostas aos leitores
1. Renato dos Santos (Rio de Janeiro/RJ)
O século 21 só começou no dia 1o de janeiro de 
2001. É fácil entender: Se o século 1 foi do ano 1 
ao 100, o século 2 começou no ano 101 e, assim, 
sucessivamente.
2. Ivone Mollica (Rio de Janeiro/RJ)
O superlativo absoluto sintético de antigo é 
antiquíssimo (assim com acento agudo). Quaisquer 
outras formas não são recomendáveis.
3. Ana Maria T. Teixeira (Rio de Janeiro/RJ)
Não há como confundir a conjugação dos verbos ir e 
vir no Pretérito Imperfeito do Indicativo.
Veja:
Verbo ir
ia / ias / ia / íamos / íeis / iam.
Verbo vir
vinha / vinhas / vinha / vínhamos / vínheis / vinham.
141
O humorista Jô Soares ficou nervoso porque ouviu 
uma referência nossa à palavra empregabilidade, hoje 
muito utilizada por economistas e administradores. 
Disse que nunca ouviu nem leu esse termo em 
qualquer vocabulário. Informo que na quarta edição do 
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, o vocábulo 
empregabilidade apareceu em grande estilo. A Comissão de 
Lexicografia aprovou o seu emprego.
5252
Triplo acordo
João acorda cedo para trabalhar.
Ótimo! Hábito bastante saudável.
Preste atenção: O verbo acordar, no sentido de despertar do 
sono, não é reflexivo.
O verbo acordar-se (reflexivo) tem outros significados:
Acordar-se – recordar-se, lembrar-se.
Exemplo: Pedro não se acorda de ter visto o amigo na rua.
Acordar-se – estar acordado, estar combinado.
Exemplo: Patrão e empregado se acordaram sobre o aumento.
Divisão exata
“É pena não poder dividir esta 
fruta em duas metades iguais.”
Difícil, não? A cada uma de duas 
partes iguais em que se divide 
alguma coisa dá-se o nome de 
metade, logo as metades têm de 
ser iguais e sempre são duas.
Isto é conhecido como 
pleonasmo ou redundância.
Basta dizer: É pena não poder 
dividir esta fruta em duas 
metades.
Curiosidade
Gregório de Matos foi o primeiro grande poeta brasileiro. 
Nasceu em 1633, em Salvador, na Bahia. Seus poemas 
denunciam a ganância e a busca do prazer pelos poderosos. Por 
isso, ganhou o apelido de Boca do Inferno.
142
Tragédia pública
“A falta de médicos nos hospitais públicos é tão grande ao ponto de 
pessoas ficarem esperando mais de 12 horas para serem atendidas.”
Enquanto não se resolve o problema da saúde, vamos resolver a 
correção na escrita.
Não use “ao ponto de” e sim a ponto de, que é uma locução 
prepositiva.
Ganho ou ganhado?
Antônia havia ganhado um carro na Raspadinha, mas perdeu o 
bilhete.
Que azar! Só acertou no verbo ganhar. Com os verbos ter e haver você 
pode usar as formas ganhado ou ganho, pois ambas estão corretas.
O verbo ganhar é abundante, isto é, no modo infinitivo tem dois 
particípios.
Castigo
“Os maus políticos 
deveriam ter seus mandatos 
caçados.”
Assim seria castigo 
dobrado.
Caçar – é perseguir a tiro
Cassar – é fazer cessar os 
direitos políticos ou de 
cidadão.
Frase correta: Os maus 
políticos deveriam ter seus 
mandatos cassados.
Você precisa saber
Não se usa crase antes de palavra masculina, a única exceção é 
quando se subentender a expressão à moda de ou à maneira de.
Exemplos: Andei a cavalo (não pode haver crase porque cavalo é 
palavra masculina).
Escreve à Machado de Assis (à maneira de Machado de Assis).
Comprou uma cadeira à Luís XV (à moda de Luís XV).
Tombo desnecessário
“A secretária subiu na mezinha e 
caiu.”
Coitada! Levou um tombo e deu 
um tombo na língua portuguesa.
Preste atenção: Mezinha é termo 
usado em medicina.
Mesinha – diminutivo de mesa.
Frase correta: A secretária subiu 
na mesinha e caiu.
143
Respostas aos leitores
1. Leonardo José da S. Gomes (Rio de Janeiro/RJ)
Não tenha dúvida: o plural de hambúrguer é 
hambúrgueres. A palavra segue a regra geral: 
vocábulos terminados em r fazem o plural 
acrescentando es.
2. Pedro Paulo Affonso (Petrópolis/RJ)
O uso do acento indicador de crase é facultativo 
antes dos pronomes possessivos femininos.
Exemplos: Hoje dei um presente à/a minha mãe.
Saudamos à/a nossa professora.
3. Maria Antônia A. Marques (Rio de Janeiro/RJ)
Os verbos que não pedem preposição antes dos 
seus complementos são chamados transitivos 
diretos. Há também os transitivos indiretos (pedem 
preposição), transitivos diretos e indiretos (têm 
dois complementos – um com preposição e outro 
sem) e intransitivos (não pedem complemento).
Veja os exemplos:
Ela encontrou o livro. (Verbo transitivo direto.)
João acredita em Deus. (Verbo transitivo indireto.)
A criança ganhou a boneca da tia. (Verbo transitivo 
direto e indireto.)
Pedro morreu. (Verbo intransitivo.)
144
Temos batalhado muito para que a televisão ajude a 
criar o gosto pela leitura. É hora de elogiar o que fez a 
telenovela Terra Nostra. A bela Ana Paula Arósio afirmou 
num dos capítulos que aprendeu português nos livros do 
poeta Castro Alves. Isso ajuda. Parabéns à Rede Globo!
5353
Conceituação
Os substantivos variam em:
Gênero (masculino e feminino) – havendo, também, os 
substantivos:
Sobrecomuns (só um gênero para pessoas de ambos os sexos). 
Exemplos: a criança, a testemunha, a vítima, etc.
Epicenos (só um gênero para designar animais de um e outro 
sexo). Exemplos: a baleia, o tatu, a borboleta, etc.
Comuns-de-dois gêneros (uma só forma para os dois gêneros). 
Exemplos: o artista/a artista; o selvagem/a selvagem; o dentista/a 
dentista, etc.
Número (singular e plural). Exemplo: casa (singular) e casas 
(plural).
Grau (aumentativo e diminutivo, que se podem expressar 
analítica ou sinteticamente).
Exemplos:
Casarão: grau aumentativo sintético.
Casita: grau diminutivo sintético.
Casa grande: grau aumentativo analítico.
Casa pequena: grau diminutivo analítico.
145
Curiosidade
Etólogo é aquele 
que estuda o 
comportamento 
das espécies 
animais no seu 
meio natural.
Todos nós devemos 
ser um pouco 
etólogos.
Tacos soltos
“D. Rosa mandou fazer a calefação do piso de sua sala, para 
consertar os tacos soltos.”
Não pode ter dado certo. Será que pegou fogo nos tacos?
Observe:
Calefação – aquecimento
Calafetação – ação de calafetar, tapar, vedar.
Período correto: D. Rosa mandou fazer a calafetação do piso de sua 
sala, para consertar os tacos soltos.
Constatar
Se você pode evitar os chamados galicismos, por que não fazer? No 
editorial de um jornal carioca, lemos três vezes a palavra “constatar”, 
de origem francesa. Seria tão mais fácil usar, por exemplo, a palavra 
verificar. Ou se faz isso para demonstrar erudição?
Galicismo ou francesismo – estrangeirismo, palavra calcada no 
francês.
Temporal
“José não viajou por 
causa de que choveu.”
Errado! José não viajou 
porque choveu ou por 
causa da chuva.
Não existe “por causa 
de que”.
Herança paterna
“O imóvel foi doado aos filhos, mas 
em usofruto do pai.”
Coitado dos herdeiros, assim não 
terão nenhum benefício desse 
imóvel. O correto é usufruto (com 
u), não existe a palavra “usofruto”.
Usufruto – ato ou efeito de usufruir, 
desfrutar, gozar.
Para sua reflexão
“Gostar é provavelmente a 
melhor maneira de ter, ter 
deve ser a pior maneira de 
gostar.”
(José Saramago)
Você precisa saber
Tanto o molho de tomate 
quanto o molho de chaves 
devem ser falados com o tônico 
fechado (môlho).
- - - -
s s s s
146
Respostas aos leitores
1. Magdalena S. Soares (Rio de Janeiro/RJ)
O pronome Vossa Eminência (V. Ema) é usado para 
cardeais, logo não o use quando escrever para o 
Padre Marcelo, coloque no envelope: Ilmo. Sr./Padre 
Marcelo.
2. Maria Eugênia de A. A. Souza (Rio de Janeiro/RJ)
Você tem razão. Alguns diminutivos podem ser 
considerados pejorativos e graçola é um deles.
147
Há uma grande preocupação, no Brasil, com 
respeito ao aperfeiçoamento da língua portuguesa. 
O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB de São Paulo) 
apresentou à Câmara um projeto de lei prevendo 
inclusive multas para quem utilizar em excesso palavras 
estrangeiras, em especialanglicismos. A Academia Brasileira 
de Letras é muito respeitada, nesse instrumento legal. Vamos 
acompanhar de perto a discussão em torno da iniciativa 
parlamentar, que tem amplos méritos.
5454
Você precisa saber
A nossa língua sofreu inúmeras influências, inclusive temos 
palavras que são oriundas dos indígenas, os habitantes 
originais desta terra chamada Brasil. É o caso de pipoca, que 
vem do tupi pi’poka, significando estalando a pele do milho. 
Interessante, concordam?
Homem irado
“Todos comentam que 
Pedro é um homem 
irracível.”
Se ele souber, vai ficar 
mais irado ainda. 
Não existe a palavra 
“irracível”.
A palavra é irascível 
(pessoa que se irrita 
com facilidade). O sc de 
irascível é dígrafo.
Informática
Cobol é uma linguagem de computador, logo diga sempre: a 
cobol (no singular) e as cobóis (no plural).
Homenageando Djavan
“É um milagre tudo o que Deus criou pensando em você.”
148
O insubstituível Cabral
Faleceu o poeta João Cabral de Melo Neto (outubro/99). Deixou-nos 
a sua poesia – Morte e Vida Severina.
— O meu nome é Severino,/não tenho outro de pia. / Como há 
muitos Severinos, / que é santo de romaria, / deram então de me 
chamar / Severino de Maria; / como há muitos Severinos / com mães 
chamadas Maria, / fiquei sendo o da Maria /do finado Zacarias. 
/ Mas isso ainda diz pouco: / há muitos na freguesia, / por causa 
de um coronel que se chamou Zacarias / e que foi o mais antigo 
senhor / desta sesmaria. / Como então dizer quem fala /ora a Vossas 
Senhorias? / Vejamos: é o Severino da / Maria do Zacarias, / lá da 
serra da Costela, limites da Paraíba. / Mas isso ainda diz pouco: / 
se ao menos mais cinco havia / com nome de Severino / filhos de 
tantas Marias, / mulheres de outros tantos, / já finados, Zacarias, / 
vivendo na mesma serra / magra e ossuda em que eu vivia.
Sangue demais
“José teve uma hemorragia de sangue 
estomacal muito séria.”
Desse jeito, ele perdeu mais sangue 
ainda.
Hemorragia só pode ser de sangue.
Preste atenção: hemo (sangue) + ragia 
(derramamento) = hemorragia – 
derramamento de sangue.
Não escreva “hemorragia de sangue”, 
para não cometer um pleonasmo (uso 
de termos desnecessários numa frase).
Frase correta: José teve uma 
hemorragia estomacal muito séria.
Viva o dia!
Todo dia, João trabalha todo o dia, 
pois vive de biscate.
Observe:
Todo dia – significa qualquer dia.
Todo o dia – significa o dia inteiro.
s s s
149
Torcendo 
errado
“Um grupo de garotos 
torceu para o Vasco no 
jogo com o Flamengo 
na decisão da Copa do 
Brasil.”
Foi por isso que o clube 
de São Januário perdeu 
a Copa.
O verbo torcer, no 
sentido de torcedor, 
não aceita a preposição 
“para” e sim a 
preposição por e suas 
variações.
Frase correta: Um grupo 
de garotos torceu pelo 
Vasco no jogo com o 
Flamengo na decisão da 
Copa do Brasil.
Respostas aos leitores
1. Antônio Carlos de Jesus e Souza (Rio de Janeiro/RJ)
Grafemas são as letras, símbolos gráficos que 
formam as palavras, que constituem a base da língua 
escrita.
2. Marina D. da C. Sotero (Rio de Janeiro/RJ)
Você está certa. O sujeito oculto é hoje chamado 
de implícito na desinência verbal, por diversos 
gramáticos. Acho esta, inclusive, uma nomenclatura 
mais adequada – o pronome não aparece na frase, 
mas está implícito.
Exemplo: Iremos ao cinema às 18h. (Sujeito nós – 
implícito na desinência verbal).
3. Selma de A. A. Matozo (Friburgo/RJ)
A diferença entre as locuções adverbiais e as 
prepositivas é que estas sempre terminam com uma 
preposição e aquelas começam na maioria das vezes 
com uma preposição.
Exemplos:
à toa/às claras/de repente, etc. – locuções 
adverbiais
acima de/ além de/ a par de, etc. – locuções 
prepositivas
150
Às vésperas do último capítulo da novela Andando 
nas nuvens (1999), a adolescente Joana deu um recado 
para os jovens: — “Lendo se aprende a escrever”. No 
programa Sai de Baixo foi a vez do Miguel Falabela, através 
do personagem Caco Antibes, recomendando à empregada 
Neide Aparecida que ela deveria estudar português para não 
falar errado. É o poder da televisão, prestando um serviço à 
comunidade. Mais uma vez a Rede Globo está de parabéns.
5555
Você precisa saber
É melhor presentear alguém 
com um ramalhete ou 
ramilhete de flores. “Bouquet” 
é uma palavra importada da 
França – um estrangeirismo, 
conhecido como galicismo.
A pedra preta preciosa é 
ônix (acentuada porque é 
paroxítona, terminada em x) e 
não “onix” (oxítona).
Solidão
“Antônio e Maria vivem só.”
Bem feito! Cuidado com a palavra só. Ela é invariável quando o 
só (advérbio) puder ser substituído por somente (advérbio). Se a 
frase fizer sentido, substituindo-se o só por sozinho, ele é variável, 
isto é, faz plural: sós.
Frase correta: Antônio e Maria vivem sós.
Mau agouro
“A atitude do rapaz pronunciava algo ruim.”
Certamente! Escrevendo assim...
O verbo para esta frase não é pronunciar e sim prenunciar.
Veja a diferença:
Prenunciar – anunciar com antecedência.
Pronunciar – exprimir verbalmente, articular.
Frase correta: A atitude do rapaz prenunciava algo ruim.
151
Pagamento
“O tesoureiro pagou o funcionário, mas ele não ficou satisfeito.”
Cuidado com o verbo pagar. Ele é transitivo direto e indireto, isto é, 
ele pede complementos – paga-se alguma coisa (objeto direto) a 
alguém (objeto indireto, com preposição).
Período correto: O tesoureiro pagou ao funcionário, mas ele não 
ficou satisfeito.
Senão
“Não saia agora, se não você 
vai pegar o temporal antes de 
chegar a sua casa.”
Certamente, molhou-se todo. O 
correto é senão.
Senão (junto) é usado quando 
significa: caso contrário, mas 
sim, a não ser.
Não sendo assim, é que se usa 
se não (separado).
Nesta frase, o senão está no 
sentido de caso contrário.
Período correto: Não saia agora, 
senão (caso contrário) você 
vai pegar o temporal antes de 
chegar a sua casa.
Quadro feio
“A lindíssima moça pousou para o pintor. A tela não fez sucesso.”
Nem poderia. O verbo usado (pousou) está errado.
Veja a diferença:
Posou (verbo posar) – serviu de modelo.
Pousou (verbo pousar) – baixou, desceu à terra.
Período correto: A lindíssima moça posou para o pintor. A tela não 
fez sucesso.
b
b
b
152
Antipatia 
gratuita
Sempre me simpatizei 
com a Nair, mas ela 
jamais gostou de mim.
Já descobri o porquê 
de tanta antipatia. O 
verbo simpatizar não é 
pronominal, logo não 
admite ser acompanhado 
pelos pronomes oblíquos 
(“me simpatizei”).
Período correto: Sempre 
simpatizei com a Nair, 
mas ela jamais gostou de 
mim.
Respostas aos leitores
1. “Jean” – crispim@lutarc.com.br
Toda vez que puder substituir o “a” por existe ou 
tem, será há (verbo haver) e não a preposição a.
Logo: mais de um século.
2. Sofia Argentino A. Souto (Rio de Janeiro/RJ)
O superlativo absoluto sintético de nobre é 
nobilíssimo.
É aceitável nobríssimo, mas nunca “nobílimo”. Já o 
adjetivo fácil faz o superlativo facílimo.
Recomendamos a leitura
“A Carolina” é um poema que Machado de Assis dedicou à sua 
amada, quando da sua morte.
A Carolina
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
153
Nosso alfabeto voltará a ter oficialmente 26 letras, 
pois o k, o y e o w serão recolocados. Serão usados em:
 nomes próprios e seus derivados
 nomes de lugar e seus derivados
 siglas e símbolos
5656
Recomendação
Leia Dom Casmurro, 
obra-prima de Machado 
de Assis, publicada, pela 
primeira vez, em 1899, 
para conhecer e formar 
uma opinião em relação 
à personagem Capitu, 
filha de um modesto 
funcionário público e 
a “primeira amiga” de 
Bentinho, filho de um 
político e fazendeiro.
Comemoração 
perigosa
“Joãodisse que vai tomar 
toda a champanhe que 
ganhar no Natal.”
Além de passar mal, 
champanhe é uma palavra 
masculina porque se 
trata de um vinho. Beba o 
champanhe com moderação.
Período correto: João disse 
que vai tomar todo o 
champanhe que ganhar no 
Natal.
154
Sem seriedade
“Apesar dos avisos dos superiores 
o assessor tergiverça nos assuntos 
mais sérios.”
Isto não vai dar certo! Não 
há chefia que aguente quem 
“tergiverça”. Este verbo não é com 
ç e sim com s: tergiversar, que 
significa, em sentido figurado, 
ser evasivo, torcer a realidade dos 
fatos.
Frase correta: Apesar dos 
avisos dos superiores o assessor 
tergiversa nos assuntos mais 
sérios.
Economizando palavras 
desnecessárias
 Decisão de “alcance” internacional. 
Basta: decisão internacional.
 Crime de “característica” sexual. 
Basta: crime sexual.
 “Casos” de reprovação. Basta: 
reprovações.
Você precisa saber
O plural de cidadão é cidadãos, não se admitindo outra forma.
O verbo lembrar-se é transitivo indireto, isto é, seu complemento 
precisa de preposição; já o verbo lembrar é transitivo direto, isto é, 
seu complemento não precisa de preposição.
Exemplos: Lembrei-me do aniversário dele.
Lembrei o aniversário dele.
O correto é para eu fazer, porque o pronome pessoal do caso 
reto eu é o sujeito do verbo fazer, que está no Infinitivo. Jamais um 
pronome pessoal do caso oblíquo (mim) pode ser sujeito.
Filme duvidoso
“O filme não fez sucesso por 
causa do protogonista?”
Sem dúvida! A palavra 
“protogonista” não existe. O 
certo é protagonista.
Frase correta: O filme não 
fez sucesso por causa do 
protagonista?
Muita sede
“Pedro estava com tanta 
sede que mal podia esperar 
encontrar um bebedor.”
Coitado! Vai continuar com 
sede.
Preste atenção:
 – aquele que bebe
 ou bebedoiro – 
aparelho que fornece água.
Período correto: Pedro 
estava com tanta sede que 
mal podia esperar encontrar 
um bebedouro.
Preços altos
“Nos meses de festas, os 
comerciantes baixaram os preços.”
Além de não ser verdade, tome 
cuidado com o verbo. Caso haja 
complemento (objeto direto) na 
frase, use o verbo abaixar.
O verbo baixar deve ser sem 
complemento, isto é, verbo 
intransitivo – Os preços baixaram.
Frase correta:
Nos meses de festas, os 
comerciantes abaixaram os preços 
(objeto direto).
3 3 3 # # #
155
Respostas aos leitores
1. Maria José F. Santeiro (Rio de Janeiro/RJ)
O verbo assistir, no sentido de dar ajuda, dar 
assistência, é transitivo direto, isto é, o complemento 
é sem preposição, logo a frase correta é: Ele assistiu o 
paciente.
2. Nelson José de A. Ramos (Rio de Janeiro/RJ)
Toda a conjugação do verbo pôr é com s, jamais com 
z. Exatamente igual ao verbo querer (sempre com s).
Exemplo: pus, pusera, pôs, pusesse, etc.
156
A dupla Sandy e Júnior já vendeu mais de 6 milhões de 
discos. Uma conquista rara, se levarmos em conta a idade 
dos irmãos. Um dos seus êxitos é a música Imortal. Pena 
só que haja, na letra, uma confusão, que pode levar os fãs 
a não entender o correto tratamento entre mim e você. Não 
custa nada observar isso. A educação brasileira agradece.
5757
Excesso
“Se o rapaz beber 
demais é capaz de entrar 
em coma alcoólica.”
Coma é palavra 
masculina. O feminino 
(“coma alcoólica”) foi 
usado indevidamente.
Período correto: Se o 
rapaz beber demais 
é capaz de entrar em 
coma alcoólico.
Você precisa saber
Sente-se à mesa para almoçar ou jantar. Se você senta na mesa 
quer dizer que você se coloca sobre ela e não se deve comer em 
cima da mesa.
Todos os substantivos abstratos derivados de adjetivos devem ser 
escritos com z se usarem os sufixos ez e eza.
Exemplos: bela – beleza / macio – maciez / sórdido – sordidez / 
grande – grandeza
Derrapada na concordância
Aconteceu na novela Vila Madalena, no capítulo do dia 13/12/99. 
Disse uma excelente atriz: “De quem é estas cartas?”
Feio, não? A frase deveria ter sido: De quem são estas cartas?
Se acertasse na concordância, quem sabe teria melhor sorte na 
novela?
157
Time derrotado
“O time adentrou no gramado com ares de vencedor, mas acabou 
perdendo o jogo.”
Certamente! O verbo adentrar é transitivo direto, isto é, seu 
complemento é sem preposição.
Período correto: O time adentrou o gramado com ares de vencedor, 
mas acabou perdendo o jogo.
Mudança de 
combustível
“O motorista de táxi adaptou 
o motor do seu carro para 
combustível à gás.”
Acertou na economia e errou 
na colocação da crase.
Não se usa o sinal indicador 
de crase antes de palavra 
masculina.
Período correto: O motorista de 
táxi adaptou o motor do seu 
carro para combustível a gás.
Avós atrasados
“Eles saíram tão tarde, de 
formas que não chegaram a 
tempo de assistir ao casamento 
do neto.”
Lamentável! Escrevendo desse 
modo só resta lamentar... 
“De formas que” está 
errado, pois se trata de uma 
locução conjuntiva, portanto 
invariável: de forma que.
Período correto: Eles saíram 
tão tarde, de forma que não 
chegaram a tempo de assistir 
ao casamento do neto.
Maestro não foi 
batuta
Na minha querida Rede 
Vida de Televisão, o maestro 
Rafael Righini perdeu o 
ritmo. Anunciou assim o seu 
programa dominical: “Eu 
te convido, você não pode 
perder”.
Não deveria ter misturado os 
tempos verbais e os pronomes 
na mesma frase. Saiu do tom.
5
158
Faltosos
Um e outro funcionário 
faltaram ontem ao trabalho.
Se não fosse o problema da 
falta, estaria tudo certo.
A expressão um e outro admite 
o verbo no plural, o que é 
mais aceitável, e também no 
singular.
Observe no singular: Um e 
outro funcionário faltou ontem 
ao trabalho.
Respostas aos leitores
1. José Antônio T. Santos (São João de Meriti/RJ)
Na frase “Os rapazes saíram”, a classe gramatical 
do os é artigo definido, mas a função sintática é 
adjunto adnominal.
2. Ana Paula de Affonso G. Souza (Rio de Janeiro/RJ)
A palavra ínterim é acentuada porque é 
proparoxítona. Todas as proparoxítonas são 
acentuadas. Já as palavras item/itens não são 
acentuadas, pois não há motivo para tal.
3. Maria Antônia M. A. Diaz (Rio de Janeiro/RJ)
A diferença entre os tempos Pretéritos Perfeito 
e Imperfeito é que este se relaciona a fato não 
terminado ou que demorou a terminar e naquele o 
fato é passado e concluído, respectivamente.
159
Está bem próximo o 500o (quingentésimo – numeral 
ordinal) ano do descobrimento do Brasil. Os jesuítas 
introduziram uma didática nova, pioneira na missão 
católica, na qual tanto a língua quanto os costumes dos 
índios foram preservados. As gramáticas e catecismos eram 
em tupi-guarani. Em 1727, o rei D. João V proibiu, entre 
os colonos, o emprego da língua geral – o tupi. A bem da 
verdade, a língua portuguesa, ao ganhar novos termos (sabiá, 
Niterói, Ipanema, cipó, etc.), herdados do vocabulário indígena, 
ficou ainda mais expressiva. É nossa obrigação cultivá-la.
5858
160
O início de tudo
“Os portugueses conquistaram a 
simpatia dos índios, dando-lhes 
bujingangas.”
Cuidado! A palavra é bugigangas 
(com três g).
Período correto: Os portugueses 
conquistaram a simpatia dos índios, 
dando-lhes bugigangas.
Curiosidade
Literatura de cordel – é um nome 
que veio de Portugal, significando: 
folhas soltas, escritas e expostas 
à venda montadas em cordões ou 
cordéis. São impressas em papel 
ordinário, medindo cerca de 11 cm 
x 16 cm. Os temas tradicionais dos 
cordéis vêm através do romanceiro, 
como as narrativas de Malasarte, 
Carlos Magno, etc. Os folhetos de 
cordel são apresentados por poetas 
populares – cantadores – e têm 
grande importância para a literatura 
brasileira.
Má ideia
“D. Joana mandou 
enladrilhar a cozinha 
do seu apartamento.”
Não deve ter ficado 
satisfeita. Não existe 
o verbo “enladrilhar”. 
Cobrir com ladrilhos é 
ladrilhar.
Frase correta: D. Joana 
mandou ladrilhar 
a cozinha do seu 
apartamento.
? ? ?
/ / /
161
Dentes feios
“Pedro comprou um 
dentifrício com bicabornato, 
mas seus dentes não ficaram 
claros.”
Claro que não! Não existe 
a palavra “bicabornato”. A 
palavra é bicarbonato.
Período correto: Pedro 
comprou um dentifrício 
com bicarbonato,mas seus 
dentes não ficaram claros.
Ranking
Outro dia, o jornal Folha de S. 
Paulo fez o “ranqueamento” das 
universidades brasileiras. Logo 
depois, o Bom Dia, Brasil (TV 
Globo) colocou o estado da Paraíba 
em segundo lugar no “ranking da 
produção de abacaxis”.
Por que usar a palavra ranking ou 
ranqueamento?
Não seria mais fácil e lógico 
utilizar a palavra classificação? 
Essa mania de sofisticar a língua, 
sem necessidade, é um verdadeiro 
abacaxi.
Cuidado com o cigarro
Dê-me um maço de cigarros e uma caixa de fósforos.
Correto! O melhor é não fumar, mas se você fuma compre um maço 
de cigarros e uma caixa de fósforos.
Observe: Tanto a palavra maço quanto a palavra caixa determinam 
que há mais de um cigarro e mais de um fósforo, respectivamente.
A emoção do artista
Falando sobre os seus lindos filhos, Sandy e Júnior, cantores, no 
programa do Faustão, o pai, muito emocionado, disse:
— Muito obrigado a todo mundo aqui da Globo, que sempre nos 
apoiaram.
E agora? Certo ou errado?
O cantor usou a figura de sintaxe conhecida como silepse de 
número.
Preste atenção: Silepse é a concordância com a ideia e não com a 
palavra escrita. No caso, todo mundo dá ideia de plural, daí o uso do 
verbo apoiaram (no plural).
E a questão da eufonia? Ficaria melhor se o artista tivesse dito:
— Muito obrigado a todo mundo aqui da Globo, que sempre nos 
apoiou.
Respostas aos leitores
1. José Mário de O. Souza (Rio de Janeiro/RJ)
Antes de nome feminino de pessoa, o uso do acento 
grave indicador da crase é facultativo.
Exemplo: Dei o livro à/a Sônia.
2. Carlos Eduardo T. Jacinto (Petrópolis/RJ)
 é o nome dado aos erros na grafia, 
flexão, pronúncia ou significado de uma palavra. 
Cacoépia é apenas em relação à pronúncia errada.
Você precisa saber
Na numeração dos artigos de uma lei, deve-se usar os numerais 
ordinais até o 9 (nono). A partir do artigo 10, usam-se os numerais 
cardinais.
Exemplo: Artigo 23 e não 23o (vigésimo terceiro).
O feminino de anfitrião é anfitrioa ou anfitriã (pessoa que recebe 
os convidados em casa).
As palavras estrangeiras que têm equivalente na língua 
portuguesa devem ser grafadas na nossa língua.
Exemplo: futebol e não football.
Usa-se por quê (separado e com acento circunflexo) somente 
no fim de uma frase e por que (separado e sem acento) em frases 
interrogativas.
Exemplos: João chegou tarde, por quê?
Por que João chegou tarde?
7 7 7
162
A literatura pode e deve ser considerada uma arte. O 
escritor é um artista que usa a palavra no lugar das tintas 
e telas do pintor e dos instrumentos do músico. As primeiras 
manifestações da literatura, aqui no Brasil, ocorreram no 
século XVI, ficando conhecidas como quinhentismo. Refletiam 
as opiniões dos europeus sobre a nova terra recém-descoberta 
– literatura informativa. O primeiro texto deste tipo foi a carta 
de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, D. Manuel, relatando o 
descobrimento do Brasil. A seguir surgiu a literatura dos jesuítas cujo 
objetivo era catequizar 
os índios. O baiano 
Gregório de Matos foi o 
primeiro grande poeta 
brasileiro (1633/1696).
5959
Para reflexão
“A pintura é uma poesia que se vê e não se ouve e a poesia é uma 
pintura que se ouve e não se vê.”
(Leonardo Da Vinci)
Falar difícil
Não sabemos se é moda, mas o fato é que há uma certa tendência, 
hoje em dia, de falar difícil. Uma conhecida colunista, outro dia, 
elogiou as “características calipígias da cantora Simone”. Seria 
mais fácil escrever sobre suas belas nádegas. Pelo menos, era essa a 
intenção. Já o governador Itamar Franco chamou o atual presidente 
de anfótero (aquele que reúne em si qualidades opostas). Fernando 
Collor já tinha chamado Ulisses Guimarães de bonifrate (fantoche) 
e Leonel Brizola disse que “o povo brasileiro vai manifestar sua 
repulsa a essa arca de Noé, esse contubérnio”. Essa última palavra 
quer dizer camaradagem. Não seria melhor falar ao povo com mais 
simplicidade? Haveria certamente maior compreensão. A escumalha 
(ralé) agradece.
163
Quase... Quase
“Está próximo o quinto centenário da descoberta do Brasil.”
Não estrague a festa. Fale e escreva direito. A palavra “descoberta” 
está mal empregada.
Veja a diferença:
Descoberta – invenção (de coisa que não existia).
Descobrimento – ato de descobrir (coisa que já existia).
Frase correta: Está próximo o quinto centenário do descobrimento 
do Brasil.
Ano bissexto?
2000 é um ano que tem 366 dias. 
O último ano bissexto foi 1996. O 
astrônomo Alexandre Cherman, da 
Fundação Planetário da Cidade do 
Rio de Janeiro, explica a origem do 
termo bissexto:
“Na época em que Júlio César 
encomendou a reforma do calendário 
ao astrônomo grego Sosígenes (45 
a.C.), os meses eram divididos em 
três partes: “calendas”, “nonas” e 
“idos”. O primeiro dia de um mês 
era chamado “kalendae” (que deu 
origem ao termo calendário), e os 
demais eram contados de trás para 
a frente, num curioso e intrincado 
sistema. O dia 2 de janeiro, por 
exemplo, era “antediem IV nonas 
januarii”. Ao decidir incorporar um 
dia ao mês de fevereiro, Júlio César 
não criou um novo dia (assim como 
foi criado o dia 29 de fevereiro), mas 
preferiu repetir um dia já existente 
(algo como 28 de fevereiro e 28 
de fevereiro novamente). Este dia 
repetido, em latim, chamava-se “bis 
VI antediem calendas martis”, ou 
simplesmente “bissextum”.
Você precisa saber
Os verbos que indicam 
movimento mudam de sentido 
de acordo com a preposição 
usada (a ou para)
Exemplos: Vou a São Paulo 
(vou e volto).
Vou para São Paulo (vou 
de mudança ou por algum 
tempo).
A diferença entre:
Emergir – vir à tona
Imergir – mergulhar
164
a
a
a
Curiosidade
O feminino do 
substantivo varão, 
que significa 
homem, é varoa, 
virago ou ainda, 
segundo alguns 
gramáticos, 
matrona.
Conhecendo a poesia de Gregório de 
Matos
Esta poesia é um soneto, pois é composta de dois quartetos e dois 
tercetos.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
e na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Observe os quartetos: O primeiro verso do primeiro quarteto rima 
com o primeiro verso do segundo quarteto e assim sucessivamente.
E o vento levou...
Diálogo da dublagem do filme:
“Não pode ter passado desapercebido o meu amor por você...”
Repetimos, mais uma vez, a diferença entre as palavras 
desapercebido e despercebido porque elas continuam sendo 
questionadas pelos leitores.
Apesar de alguns dicionários registrarem as palavras desapercebido 
e despercebido como sinônimas, elas têm apenas o som parecido, 
isto é, são parônimas.Veja a diferença:
Despercebido – a que não se prestou atenção, que não se viu.
Desapercebido – desprevenido, desacautelado.
Teria ficado bem melhor se Clark Gable tivesse sido dublado assim:
“Não pode ter passado despercebido o meu amor por você...”
165
Quem afirmou foi o escritor José Saramago: “Não 
podemos permanecer no domínio das palavras vazias. 
É hora de fazer algo concreto para que livros brasileiros 
circulem adequadamente em Portugal, e vice-versa. A 
criação de uma bienal, a primeira das quais no Rio de 
Janeiro, seria um passo decisivo para que se estabelecesse 
a harmonia pretendida entre os escritores irmãos.” Este é 
igualmente o nosso pensamento. O que falta para implementar?
6060
Aluno difícil
“A professora vive brigando com José porque ele é muito 
irriquieto.”
Assim, José vai ficar mais levado ainda.
Não existe a palavra “irriquieto”. O vocábulo certo é irrequieto.
Período correto: 
A professora vive 
brigando com José 
porque ele é muito 
irrequieto.
Atraso feio
“D. Maria pediu ao marido que se 
apreçasse porque estavam atrasados 
para ocasamento da sobrinha.”
O casal não vai chegar a tempo! O 
verbo não é “apreçasse”.
Veja a diferença:
Apreçar – perguntar ou ajustar o 
preço.
Apressar – acelerar.
Período correto: D. Maria pediu ao 
marido que se apressasse porque 
estavam atrasados para o casamento 
da sobrinha.
Reflexão
“Assim como dizem 
que as guerras 
aproximam os povos, 
as discordâncias de 
ideias aproximam 
os amigos.” (Alceu 
Amoroso Lima 
– Harmonia dos 
contrastes)
166
Injustiça
“O censo de justiça 
daquele patrão é 
questionável.”
Claro que sim! Ele 
certamente é injusto.
Observe a diferença:
Censo – recenseamento
Senso – faculdade de 
julgar.
Frase correta: O senso 
de justiça daquele 
patrão é questionável.
Você precisa saber
É correto o uso da expressão 
a gente, mas o verbo 
obrigatoriamente deve ser usado no 
singular.
Exemplo: A gente vai à cidade.
Boa cozinheira
“D. Antônia tampou a panela do feijão para engrossar o caldo e 
apurar o sabor.”
Muito bem! Além de ser boa cozinheira, D. Antônia usou o verbo 
tampar corretamente.
Tampe só o que tem tampa – panelas, garrafas, caixas, etc.
Use o verbo tapar para tudo que não tem tampa – tape os ouvidos, 
tape os olhos, tape o buraco, etc.
Sentou mal?
“João não pôde se 
sentar no banco 
da praça porque 
o acento estava 
molhado.”
É impossível! Acento 
é um sinal gráfico ou 
tom de voz. A palavra 
certa é assento (com 
dois s) – lugar de se 
sentar.
Caso de doença
“O pai do José teve uma aneurisma e 
está internado no hospital.”
Já não basta a gravidade do 
caso? Aneurisma é uma palavra 
masculina.
Período correto: O pai do José teve 
um aneurisma e está internado no 
hospital.
u
167
u u u
Respostas aos leitores
1. Guiomar A. Alencar (Rio de Janeiro/RJ)
O preconceito quanto ao uso da locução a gente é 
descabido. Entretanto, use-a sempre com o verbo no 
singular.
Exemplos: A gente foi ao cinema, ontem.
Hoje, a gente vai dormir mais cedo.
2. José Luiz de C. Amaral (Rio de Janeiro/RJ)
Solecismo é o vício de linguagem. É o desvio das 
regras da norma culta em relação à sintaxe (parte da 
gramática que trata da disposição das palavras na 
frase e das frases no período).
Exemplo: Não abandone-me aqui sozinha – é um 
solecismo, pois o correto é: Não me abandone aqui 
sozinha (o não atrai o pronome oblíquo me).
3. Cândida Carlota de Oliveira (Rio de Janeiro/RJ)
Prefira escrever xampu (sem acento, pois é palavra 
oxítona terminada em u) que consta do Vocabulário 
Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia 
Brasileira de Letras. Shampoo é em inglês.
4. Arthur de F. Frazel (Rio de Janeiro/RJ)
Zero é um numeral cardinal, não havendo qualquer 
palavra que corresponda a ele como numeral ordinal, 
que inicia em primeiro.
168
Perfeição
A excelente Fátima 
Bernardes, a musa 
do penta, sempre 
irrepreensível, disse: 
“O Felipão recebeu 
muitas críticas do povo 
brasileiro.”
Perfeito! A palavra 
crítica é proparoxítona 
e continua acentuada.
Atenção: todas as 
palavras proparoxítonas 
são acentuadas.
A conquista, em 2002, do pentacampeonato de futebol 
teve um significado muito maior do que se imagina. Dois 
bilhões de pessoas assistiram à final pela televisão e assim 
tomaram conhecimento de que existe um país imenso, na 
América do Sul, que fala a Língua Portuguesa e pratica um 
futebol maravilhoso, a despeito de tudo. O mundo passou a 
conhecer mais o Brasil. Vocês já imaginaram a felicidade do povo 
lusófono com a nossa conquista?
X X X
Deslize do meu 
xará
O querido Arnaldo César 
Coelho mostrou por escrito: 
“O melhor da Copa, na minha 
opinião, foi ‘Cafú”.
Isso nosso capitão não 
merecia. O apelido do 
jogador é uma palavra 
oxítona terminada em u, 
não podendo, por isso, ser 
acentuada: Cafu.
Exame médico
“O médico examinou a 
caixa toráxica do jogador.”
Certamente, ficou 
preocupado. O nome do 
esqueleto do tórax não é 
escrito com x e sim com c – 
torácica.
Frase correta: O médico 
examinou a caixa torácica 
do jogador.
k
169
6161
170
Conquista nada fluida
Felipão, na TV Globo, após a vitória histórica de 2 x 0 sobre a 
Alemanha:
“Jogamos um futebol consistente e recebemos do Brasil fluídos 
positivos.”
O apresentador Luís Roberto, no Rio, gostou tanto que repetiu a 
palavra “fluído”...
Naquela hora valia tudo, mas fluído é o particípio do verbo fluir.
O que os brasileiros mandaram para a seleção foram fluidos – 
pronunciamos fluidos.
Homenagem a Felipão
1- O técnico do nosso time pentacampeão foi homenageado pelo 
apresentador Faustão, no programa do dia 11/8/2002. Felipão fez a 
seguinte declaração: “Tive uma certa ansiosidade.”
Se ele tivesse tido uma certa ansiedade (aflição, agonia) não teria 
sofrido tanto. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, 
da Academia Brasileira de Letras e os dicionários não registram a 
palavra “ansiosidade”, logo ela não existe.
2- Marcos Frota, que participou daquele Domingão do Faustão, fez o 
seguinte comentário sobre Felipão: “Ele tem honrabilidade.”
Todos os brasileiros sabem que Scolari é um cidadão honesto, 
honrado, isto é, observa os princípios que pautam os deveres da 
moral. Entretanto, ele não tem “honrabilidade” porque esta palavra 
também não faz parte do Vocabulário e dos dicionários.
O simpático ator deveria ter dito: Ele tem honradez (qualidade de 
honrado).
170
= = =
Time do futuro
“A seleção brasileira de juniores tem treinado diariamente.”
Muito bem! Assim, poderemos ficar esperançosos quanto ao sucesso 
da equipe nas copas futuras.
O plural de júnior é juniores, que se pronuncia juniôres (acento 
colocado para mostrar o som fechado na sílaba tônica da palavra).
171171
Excesso de barulho
“A senhora idosa não conseguiu dormir com a zuada das 
crianças, comemorando a vitória brasileira.”
Deve ter sido um barulho infernal, “zuada” é uma palavra 
inexistente.
O verbo é zoar (com o) que significa ter som forte e 
confuso, logo, da mesma forma: zoada e zoeira.
Frase correta: A senhora idosa não conseguiu dormir com 
a zoada das crianças, comemorando a vitória brasileira.
Desvio
O veterano locutor Sílvio Luís, que merece todo o nosso respeito, ao 
narrar na Band um jogo da última Copa do Mundo:
“A bola não desviou-se um milímetro.”
A partícula não atrai o pronome, obrigando a próclise.
O certo seria:
A bola não se desviou um milímetro.
Estamos conversados, grande Sílvio Luís?
f f f
172
O psicanalista Luiz Alberto Pinheiro de Freitas é o 
autor do livro Freud e Machado de Assis, no qual ele 
considera o personagem Bentinho, do famoso romance 
Dom Casmurro, um homossexual enrustido. O dr. Freitas 
afirma que “ele diz que Capitu ama Escobar, mas quem 
ama Escobar é ele. É Freud quem aponta para esse tipo 
de pessoa que o escritor percebeu, que tem uma paixão 
homossexual pelo outro, mas diz que é a mulher que tem. Não 
é nenhuma invenção minha. E Machado insinua isso em vários 
momentos do livro.” Segundo o próprio dr. Freitas, Machado 
de Assis antecipou aspectos que seriam estudados por Freud 25 
anos depois. Indiscutível a grandiosidade do nosso Bruxo do 
Cosme Velho. Machado de Assis era dono de uma criatividade 
poderosa. É importante lembrar que a primeira edição de Dom 
Casmurro foi em 1899.
172
Relendo Machado
“Quantos olhos, tantas vistas. Essa variedade é que torna 
suportável este mundo, pela satisfação das aptidões, das 
situações e dos temperamentos. O contrário seria o pior dos 
castigos.” (Machado de Assis – A Semana 1/1896)
R
6262
Selvageria
Atualmente são menos de 300 
aborígines que habitam o território 
nacional.
É lastimável, mas é verdade! Entretanto, 
aborígines ou aborígenes?
Tanto faz! Os dois termos constam do 
Vocabulário Ortográfico da Língua 
Portuguesa, da Academia Brasileira 
de Letras/1999 e significam indígenas, 
habitantes primitivos de um país.
O que importa é que preservemos 
os que restaram, resguardando seus 
hábitos e costumes, enfim a cultura 
indígena – não é favor! É atendimento 
a um dispositivo constitucional.
173173
Sem problemas
Não há mais qualquer problema 
entre mim e ti.
Ótimo! Perfeita a construção. 
Após umapreposição, devemos 
usar pronomes pessoais do caso 
oblíquo; só usamos pronomes retos 
após preposição, se o pronome for 
sujeito do verbo. (Não há diferença 
entre eu procurar a minha 
felicidade e tu procurares a tua).
Visão errada
“Quando eu ver tua irmã, 
falarei com ela.”
A moça não vai querer esse 
encontro. O verbo ver está 
conjugado errado. A 1a pessoa 
do singular (eu) do futuro do 
subjuntivo do verbo ver é vir 
e não “ver”.
Preste atenção à conjugação: 
vir, vires, vir, virmos, virdes, 
virem.
Período correto: Quando eu 
vir tua irmã, falarei com ela.
a
a
a
G
Difícil de entender?
O ano de 2002 foi o segundo ano do primeiro decênio do século XXI.
Perfeito! Não há motivos para quaisquer dúvidas.
Relembre: decênio (década) é o período de dez anos e estamos no 
decênio que começou no dia 1o de janeiro de 2001, data que também 
marcou o início do século XXI.
Curiosidade
Ao fenômeno que 
atribui à coisa 
(substantivo) fatos 
próprios de seres 
animados é conhecido 
por metagoge.
Exemplos: A Natureza 
sorriu / A árvore chora 
/ Os céus falam.
Punição justa
“O comportamento 
indevido do servidor 
implicou em suspensão por 
três dias.”
A punição seria mais justa 
se o complemento do 
verbo implicar estivesse 
correto. Este verbo, no 
sentido de acarretar, 
é transitivo direto, e o 
complemento, o objeto 
direto, não admite 
preposição.
Frase correta: O 
comportamento indevido 
do servidor implicou 
suspensão por três dias.
174174
K
Ovos perigosos
“As pessoas precisam evitar comer ovos estalados 
porque aumentam o índice de colesterol.”
Se o ovo é um perigo para o aumento da taxa de 
colesterol, o ovo “estalado”, então, faz muito mais 
mal. A forma correta é estrelado, em forma de estrela.
Período correto: As pessoas precisam evitar comer ovos 
estrelados porque aumentam o índice de colesterol.
Sucesso empresarial
“Os lucros da empresa de João treplicaram ano passado.”
Não acredito! O verbo treplicar não foi usado adequadamente.
Observe:
treplicar – responder a uma réplica (muito usado no Direito).
triplicar – três vezes mais, multiplicar por três.
Recordando: As palavras treplicar e triplicar são parônimas, isto é, 
têm forma semelhante e sentido diferente.
Frase correta: Os lucros da empresa de João triplicaram ano 
passado.
r
Final feliz
O rapaz estudou bastante para o concurso. Conseguiu bastantes 
livros para se preparar devidamente.
Com certeza foi aprovado. Quem estuda consegue realizar seus 
objetivos.
A palavra bastante, quando advérbio, é invariável; quando for 
adjetivo, concorda com o substantivo, isto é, tem singular e plural. 
Para você saber se o bastante é advérbio basta substituí-lo pelo 
advérbio muito (O rapaz estudou muito).
175
Um texto retirado da internet, publicado no jornal 
Correio Braziliense, é um alerta: “Se a frase de Monteiro 
Lobato sobre um ‘país ser feito com homens e livros’ 
estiver correta, estamos longe de constituir uma nação”. 
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) mostra gritante carência de bibliotecas públicas. Das 
5.506 prefeituras do país, 69% têm apenas uma. Nas localidades 
com até 20 mil habitantes (74,8% do total – 4.119 municípios) 935 
cidades não dispõem de qualquer biblioteca. Sem comentários!
dMomento lindo
O verso de uma letra da 
música “Emoções”, de Roberto 
Carlos, escorrega no pronome 
demonstrativo: “Quando eu 
estou aqui, eu vivo ‘esse’ 
momento lindo.”
Há estreita relação entre os 
pronomes pessoal do caso reto 
eu e o demonstrativo este, isto 
é, usa-se este em referência a 
seres que se encontram perto 
do falante (no caso eu).
Seria mais emocionante se o 
rei tivesse cantado: “Quando 
eu estou aqui, eu vivo este 
momento lindo.”
Malhando a língua portuguesa
No colégio Múltipla Escolha, onde tudo acontece na novela 
Malhação, da TV Globo, foi explicado aos alunos que o verbo amar 
é transitivo direto. Maravilha! Ficamos felizes porque se ouve 
muito “lhe amo” nas novelas, o que está errado.
Entretanto, quando o professor deu o exemplo do que explicara, 
estragou tudo: “eu amo a você”.
Deveria ter dito: eu amo você ou eu a amo.
6363
175
176176
Curiosidade
A frase “O sertanejo é, antes de 
tudo, um forte” foi escrita no 
jornal O Estado de S. Paulo por 
Euclides da Cunha, que se tornou 
famoso com a publicação do 
livro Os Sertões, em 1902, o qual 
foi composto pela coletânea de 
reportagens anteriores, naquele 
periódico.
Conhecendo nossos
escritores
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (1866-1909) nasceu em Santa 
Rita do Rio Negro, município de Cantagalo (RJ). Foi prosador, 
ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo, professor e poeta.
Desde cedo, Euclides da Cunha demonstrou inclinação para a 
literatura e começou escrevendo versos e crônicas para jornais. Seu 
livro mais famoso Os Sertões retrata uma raça sofrida e se tornou 
um documento decisivo na conquista da consciência brasileira, 
pois descreve a terra e a gente sertaneja. O escritor foi assassinado 
a tiros, no Rio de Janeiro, por Dilermando de Assis, que sentiu sua 
honra ultrajada. Obras do autor: Castro Alves e seu tempo (1907); 
Contrastes e Confrontos (Porto/Portugal 1909); Canudos (Diário de 
uma expedição 1939).
C
C
C
C
C
Comemoração
“Em 2002, o livro Os Sertões, 
de Euclides da Cunha, 
fizeram 100 anos.”
Assim, o grande escritor 
dispensaria qualquer 
homenagem.
O verbo fazer, no sentido de 
tempo decorrido (passado) 
ou seguido de condições 
meteorológicas, deve ser 
sempre usado no singular.
Frase correta: Em 2002, o 
livro Os Sertões, de Euclides 
da Cunha, fez 100 anos.
C
Decisão errada
“A moça comunicou o pai a decisão de que iria morar sozinha.”
Certamente, ele ficou preocupado.
O verbo comunicar no sentido de fazer saber, participar, é transitivo 
direto e indireto, isto é, você comunica algo a alguém, logo é 
incorreto dizer “comunicou o pai” e sim ao pai (objeto indireto).
Período correto: A moça comunicou ao pai a decisão de que iria 
morar sozinha.
177177
Faqueiro desfalcado
“D. Joana descobriu que faltavam diversas colherinhas do seu 
faqueiro de prata.”
Em faqueiro que se preza não há “colherinhas”.
1o– O diminutivo de colher é colherzinha.
2o – O plural de colherzinha é colherezinhas.
Período correto: D. Joana descobriu que faltavam diversas 
colherezinhas do seu faqueiro de prata.
Mau comportamento
“O rapaz cometeu um deslise imperdoável com a futura sogra.”
Quem comete um “deslise” não pode ser perdoado, pois esta 
palavra escrita com s é inadequada ao sentido da frase.
Observe:
deslise (verbo) – 1a e 3a pessoas do singular do presente do 
subjuntivo do verbo deslisar (tornar liso, plano).
deslize (substantivo) – desvio do bom caminho, falha, falta, quebra 
do bom procedimento.
Frase correta: O rapaz cometeu um deslize imperdoável com a futura 
sogra.
H
178
Com o avanço inexorável da internet, há uma 
tendência universal de valorização da língua inglesa, 
como instrumento de comunicação global. Hoje, de 
tudo o que sai na internet nada menos de 75% são 
escritos na língua de Shakespeare, o que revela um 
predomínio assustador. Sabem qual é a percentagem em 
português? Cerca de 0,8%. É preciso que haja uma reação.
Preferência 
duvidosa
As pessoas preferem ir de 
carro lanchar, utilizando o 
drive-thru (passar direto) 
e se empanturram de hot-
dogs (cachorros-quentes) e 
sundays (sorvetes). Não é o 
ideal nem para a saúde nem 
para a língua portuguesa.
Fim de 
romance
João dizia que estava 
in loving com a 
nova namorada.
Tenho certeza que 
esse namoro não foi 
duradouro. Se ele 
estivesse amando a 
moça, talvez o fosse.
Entrando na 
moda
A moça entrou na 
boutique (esta palavra 
vem do francês) para 
comprar um par de 
óculos coloridos porque é 
fashion. Garanto que se 
entrasse numa loja para 
comprar óculos coloridos 
porque estão na moda 
pagaria bem menos e 
respeitaria mais a língua 
portuguesa.
\
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178
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Aéreas
 Se as companhias de aviação não usassem o termo over-booking, 
será que não teríamos menos problemas com o excesso de venda debilhetes de passagem aérea?
 Por que quando viajamos de avião temos que fazer o check-in 
(registro de chegada) e check-out (registro de saída) nos balcões 
dos aeroportos?
 Por que quando um passageiro consegue transferir seu bilhete 
aéreo da classe econômica para primeira classe ou executiva usa-se 
o termo upgrade (estar melhorando, estar progredindo)?
$ $ $Uma corrida
No fim de semana fui 
testemunha de um fato que se 
tornou corriqueiro. O freguês 
de Ipanema pediu à delivery 
(empresa) que enviasse um 
moto-boy (menino), com a 
pizza (também não é palavra 
brasileira) calabresa bem 
quentinha. A explicação dele, 
pelo telefone, foi bem clara: 
“Rápido, estou morrendo de 
hungry!” Não seria melhor se o 
infeliz estivesse com fome?
Música, sempre música
A adolescente gosta de ouvir música no CD player.
Ai! Que saudade do tempo em que se ouvia rádio e se colocava um 
disco de vinil na vitrola. Não se discute a qualidade do som desses 
novos aparelhos, entretanto, preferiria que houvesse um termo em 
nossa língua para designá-lo.
Boa alimentação
Uma senhora contratou um 
personal diet, depois de ler 
uma reportagem da revista 
Veja, pois precisava emagrecer 
e não sabia que dieta seria 
mais indicada.
Bem feito! Não perdeu 1 
grama.
Se tivesse consultado um (a) 
nutricionista, certamente teria 
emagrecido.
180
Tenho sido muito perguntado sobre a língua 
portuguesa falada. Pode-se classificá-la em dois 
níveis: a culta ou padrão e a coloquial ou popular. 
As gírias são um exemplo de linguagem coloquial. 
É oportuno lembrar que a localização geográfica traz 
muitas diferenças no linguajar das pessoas. O falar de um 
nordestino e o de um gaúcho denunciam essa diferença, 
constituindo os dialetos (variedades regionais de uma língua) 
e os regionalismos ou falares quando as diferenças regionais 
não bastam para criação de um dialeto. Tenho sentido a 
preocupação das pessoas em falar bem e isso é ótimo.
Construção sólida
Antes de construir a casa 
foi feita terraplanagem ou 
terraplenagem no terreno?
Tanto faz. Ambos os termos 
são corretos, pois constam 
do Vocabulário Ortográfico 
da Língua Portuguesa, da 
Academia Brasileira de Letras.
O importante é que o terreno 
seja bem aplainado através 
de uma terraplanagem ou 
terraplenagem bem-feita.
Blusa feia
 “A moça não gosta mais da blusa preta porque ela está russa.”
Certamente a blusa deve estar horrível.
O adjetivo “russa” está mal colocado.
Veja a diferença:
russa – relativo à Rússia
ruça – desbotada
Período correto: A moça não gosta mais da blusa preta porque 
ela está ruça.
6565
180
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Sem freio
“O motorista não conseguiu freiar o carro.”
Não deve ter conseguido, também, evitar o acidente.
O verbo que designa usar o freio é frear (sem i) e não “freiar”. 
Estranho? Não obstante, correto.
Quando o acento tônico recai na raiz do verbo, isto é, nas formas 
rizotônicas, acrescenta-se o i (eu freio). Nas outras não se admite o i 
(nós freamos).
Frase correta: O motorista não conseguiu frear o carro.
Mais você
Com toda ênfase, uma simpática apresentadora de TV soltou essa 
pérola: “Houveram muitos motivos.”
Nem pude ouvir os motivos, o “houveram” machucou os meus 
ouvidos.
O verbo haver no sentido de existir ou no sentido de tempo 
decorrido deve ser usado sempre no singular.
Frase correta: muitos motivos.
Sem exclusividade
 “A moça declarou que tem o 
monopólio exclusivo do coração 
do namorado.”
Será verdade? Ela está 
exagerando, não deve ser bem 
assim. O monopólio (posse, 
direito ou privilégios) só pode 
ser exclusivo por definição, logo 
houve uma redundância, inútil.
Frase correta: A moça declarou 
que tem o monopólio do coração 
do namorado.
z
Pobres sogras!
Um outdoor da SINAF Seguros 
apresenta a seguinte frase: 
“Quando sua sogra for 
embora, você vai saber o 
valor que ela tinha.”
Que “ela tinha”? Será que a 
intenção, agora, é enlatar as 
sogras?
Deve-se evitar o cacófato 
(som desagradável ou palavra 
obscena proveniente da união 
das sílabas finais de uma 
palavra com as iniciais da 
seguinte). Q Q Q
182
Você precisa saber:
Salvo as exceções, usa-se x depois:
da sílaba en: enxaguar, enxame, enxuta, enxergar
da sílaba me: mexicano, mexer
de ditongos: faixa, peixes, caixa
182
Relendo Machado
“Andará a Terra com dores de parto, e alguma coisa vai sair dela, 
que ninguém espera nem sonha? Tudo é possível! Assim, podemos 
fazer uma astronomia nova; todos os planetas são filhos do 
consórcio da Terra e do Sol, cuja primogênita é a Lua, anêmica e 
solteirona. Os demais planetas nasceram pequenos, cresceram com 
os anos, casaram e povoaram o céu com estrelas.” (Machado de 
Assis – A Semana I/1894)
Respostas aos leitores
1 - Maria Antônia de Jesus Franco – Duque de Caxias/RJ
Plural de mau-caráter (mau com u em oposição a bom) é 
maus-caracteres. Pode soar mal, mas é o correto.
2 - Juscelino Avelar dos Santos – Deodoro/Rio
As formas caibo e caiba são as primeiras pessoas do 
singular do verbo caber, nos presentes do indicativo e 
subjuntivo, respectivamente.
3 - Pedro Affonso de M. Mattos – Copacabana/Rio
A palavra tênis é acentuada, atendendo à regra: 
paroxítona terminada em i e u seguidos ou não de s. 
Outros exemplos: lápis/táxi/bônus.
183
Soube, através da internet, que uma pesquisa realizada 
nos Estados Unidos mostrou que as mulheres falam o 
dobro dos homens. Enquanto nós usamos, em média, 1.500 
palavras por dia, elas usam no mínimo 3.000. A explicação 
também está na internet: elas falam muito porque precisam 
repetir as palavras, “até que os homens entendam”...
183
Curiosidade
Verso é uma linha de qualquer poesia. Um soneto é uma 
composição poética com 14 versos, sendo dois quartetos e dois 
tercetos. Qualquer poesia que tenha mais ou menos versos não 
pode ser chamada de soneto.
Boa promessa
O rapaz conseguiu manter a palavra dada à namorada: 
permaneceu abstêmio durante o carnaval.
Parabéns! Pôde brincar à vontade e cumpriu a promessa.
abstêmio – aquele que se abstém de bebidas alcoólicas.
Quaresma
“As quaresmeras da minha rua 
ainda não deram flores este 
ano.”
Pelo jeito, essa rua não ficará 
florida.
O nome da árvore não é 
“quaresmera”. A palavra 
certa é quaresmeira – árvore 
nativa do Brasil, cuja época de 
maior floração é justamente 
na quaresma, o que lhe valeu 
o nome.
Frase correta: As quaresmeiras 
da minha rua ainda não deram 
flores este ano.
E E E E E
6666
183
184184
Barata tonta
No intervalo de um jogo Corinthians x São Caetano (TV Record):
“Interrompemos a transmissão do jogo para anunciar que a polícia 
acaba de desbaratinar uma quadrilha de ladrões de automóveis...”
É impossível “desbaratinar” qualquer quadrilha, pois este verbo não 
existe. O verbo correto é desbaratar, que significa destroçar, vencer, 
derrotar, malbaratar, etc.
O locutor deveria ter dito: Interrompemos a transmissão do jogo 
para anunciar que a polícia acaba de desbaratar uma quadrilha de 
ladrões de automóveis...
Político assíduo
“O bom deputado deve estar sempre presente às seções do 
Congresso.”
No Congresso Nacional há diversas seções: Seção de Pessoal, Seção 
de Anais, Seção de Publicações, etc. Entretanto, a atuação política 
de um deputado não é nas “seções” do Congresso e sim nas sessões.
Observe:
seção – repartição, divisão.
sessão – tempo em que uma assembléia, um congresso, um corpo 
deliberativo ou consultivo se mantém em reunião, estudando, 
discutindo e resolvendo questões; espetáculo (sessão de cinema), 
etc.
Frase correta: O bom deputado deve estar sempre presente às 
sessões do Congresso.
1 1 1
Você precisa saber
Os substantivos derivados dos verbos terminados em itir são 
grafados com ss.
demitir – demissão
emitir – emissão
admitir – admissão
transmitir – transmissão
1 1 1
185185
Uma questão de 
pontualidade
“Sequer sair comigo você 
precisa ser pontual.”
Assim, nem chegando na hora. 
A palavra sequer (escrita junto) 
é um advérbio que significa 
pelo menos ou ao menos, 
o que não faz sentido neste 
período.
Observe: se quer (separado) é 
usado como caso queirae o se 
é uma conjunção condicional.
Período correto: Se quer 
sair comigo você precisa ser 
pontual.
))))
Relendo Machado
“Oh! Ainda agora me não 
esqueceram os discursos que 
ouvi, nem os artigos que 
li por esses tempos atrás, 
pedindo a eleição direta! A 
eleição direta era a salvação 
pública. Muitos explicavam: 
direta e censitária. Eu, pobre 
rapaz sem experiência, ficava 
embasbacado quando ouvia 
dizer que todo o mal das 
eleições estava no método; 
mas, não tendo outra escola, 
acreditava que sim, e esperava 
a lei.” (Machado de Assis – A 
Semana II / 1896)
Surpresa infeliz
“O rapaz não ficou feliz com a 
surpresa inesperada.”
Nem poderia. Toda surpresa 
é inesperada, caso contrário 
não seria surpresa – não há 
surpresa esperada. Mais um 
caso de redundância.
Frase correta: O rapaz não 
ficou feliz com a surpresa.
É preciso mudar
Pedro garante que não 
houve qualquer melhora na 
distribuição de renda.
Melhora ou melhoria? As 
duas palavras são sinônimas.
Precisamos, mesmo, que 
haja alguma melhora na 
distribuição de renda para o 
povo ter melhoria de vida.
186
É preocupante o descaso de diversos profissionais 
de diferentes áreas com a língua portuguesa. Alegam 
essas pessoas que a simples troca de um z por um s não 
muda o valor de uma petição advocatícia, a receita de 
um médico ou, ainda, o relatório de um administrador. 
Puro engano: um texto mal escrito abala a imagem do 
profissional que o escreveu e, sem dúvida, desqualifica o 
trabalho. Tenha cuidado com o que falar e escrever, pois sua 
imagem profissional estará sempre sendo avaliada.
186
6767
Sem esperança
Num capítulo, da novela Esperança, veiculada pela TV Globo, 
a personagem Beatriz, conversando com a mãe, D. Francisca, 
“mão de ferro”, sobre a falta do pai: “Fazem quatro anos que 
ele morreu...”
Já estou ficando sem esperança de que os textos das novelas 
respeitem a nossa língua. Afinal a moça era a “professorinha” 
do lugar e deveria saber que o verbo fazer no sentido de tempo 
decorrido ou seguido de condições meteorológicas deve ser 
sempre usado no singular.
Beatriz deveria ter dito: Faz quatro anos que ele morreu.
Questão de gosto
Você gosta de bala de tamarindo?
Tamarindo ou tamarino? Tanto faz, o gosto azedinho é o 
mesmo. Além destas duas formas, ainda existe tamarinho.
Sem flor
“A senhora colheu diversas 
hortências para enfeitar a casa, 
mas as flores logo murcharam.”
Claro! As flores enfeitam a 
casa e a vida da gente, mas 
“hortências” só enfeiam. A 
ortografia desta palavra é com s.
Período correto: A senhora 
colheu diversas hortênsias para 
enfeitar a casa, mas as flores 
logo murcharam.
>
187187
Mudança de vida
“O rapaz mudou-se para uma xácara e não conseguiu se adaptar à 
vida no campo.”
Não há quem aguente tal mudança, pois a palavra “xácara” foi 
usada indevidamente.
Observe:
xácara – narrativa popular em verso.
chácara – pequena propriedade campestre.
Período correto: O rapaz mudou-se para uma chácara e não 
conseguiu se adaptar à vida no campo.
Diplomacia
Uma edição da revista Veja 
publicou nas páginas amarelas: 
“Depois de um longo hiato de 
catorze meses, agora existe uma 
embaixadora americana em 
Brasília.”
Embaixadora está certo? Não é 
embaixatriz? A revista acertou.
Observe:
embaixadora – representante 
diplomática, mulher profissional 
da diplomacia.
embaixatriz – mulher de 
embaixador.
Ventania
“O vento zumbia tanto que assustou as crianças que brincavam no 
pátio da escola.”
Não é possível! Assim não era vento e sim uma nuvem de insetos. Os 
insetos zumbem, o vento zune.
Período correto: O vento zunia tanto que assustou as crianças que 
brincavam no pátio da escola.
Dúvida
A menina não sabia se 
aquela casa pendurada 
no teto do seu quarto 
era de marimbondo ou 
de maribondo.
Tanto faz, as duas 
formas são corretas; 
entretanto, mexer em 
casa de maribondo ou 
marimbondo não é boa 
coisa.
2 2 2
@ @ @
188188
É preciso cuidado!
“Me arrependo imensamente, porque acabei sendo presidente para 
ser ator de alguma maneira.”
Assim se pronunciou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 
no encontro com atores, lamentando não ter aceitado o convite de 
Glauber Rocha para participar do filme Terra em transe.
A frase de FHC apresentou duas impropriedades:
1a) – Sua excelência deveria ter tido cuidado em não iniciar uma 
frase com pronome oblíquo – Se tivesse dito: Arrependo-me teria 
dado um bom exemplo e a norma culta agradeceria, pois é inegável 
que ele é um homem de saber notório.
2a) – Alguma maneira – soou mal – cacófato desnecessário.
Respostas aos leitores
1 - Jacintho de A. Magalhães – Méier/Rio
Mesmo considerando pernosticismo, prefira dizer e 
escrever trezentos gramas de presunto. A palavra 
grama é masculina. Se uma quantidade maior de 
pessoas falar corretamente, vai chegar o dia em que as 
pessoas deixarão de olhar para você com desconfiança. 
Insista!
2 - Ana Maria Pedreira dos Santos – Mesquita/RJ
Não há erro em usar a gente. Cuidado apenas para não 
errar na concordância verbal: a gente vai, a gente foi, a 
gente chegou, etc. (os verbos sempre no singular).
3 - Edson de Almeida Alves – Flamengo/Rio
A locução prepositiva é a união de dois ou mais termos 
para representar uma preposição. Todas as locuções 
prepositivas terminam com uma preposição.
Exemplos: a par de / através de / a fim de, etc.
189
Há grande preocupação com as interferências 
estrangeiras na língua portuguesa. Lembro a influência 
da África, que com a chegada dos escravos ao Brasil, entre 
os séculos XVI e XIX, vindos de diversas tribos, cada uma 
delas com línguas diferentes, deram ao nosso idioma diversos 
substantivos como samba, maracatu (danças); cachaça, 
vatapá, quiabo (bebida e alimentos), além de adjetivos 
(macambúzio, caçula) e até verbos (batucar, xingar, cochilar). 
Não podemos negar essa realidade, mesmo sabendo que são 
vocábulos totalmente incorporados à nossa língua.
m m m m
6868
189
Crime terrível
“O crime de sequestro é 
considerado hodiondo.”
De fato, é um crime terrível, 
mas se for considerado 
“hodiondo”, fica pior 
ainda. Esta palavra não 
existe.
O vocábulo correto que 
significa horrendo, 
pavoroso, medonho é 
hediondo.
Frase correta: O crime de 
sequestro é considerado 
hediondo.
Nem tanto!!!
“Era conhecido como um advogado abalisado pelas petições 
apresentadas em juízo.”
Um advogado “abalisado” não deveria ser tão competente assim. A 
palavra correta é abalizado com z, do verbo abalizar, que ao pé da 
letra significa: marcado por balizas e também, notável, respeitável, 
idôneo.
Frase correta: Era conhecido como um advogado abalizado pelas 
petições apresentadas em juízo.
190190
Faça sua escolha
“Maria foi convidada para a primeira vernissage de um pintor 
desconhecido.”
Não há pintor que faça sucesso, apresentando seus trabalhos em 
“uma vernissage”.
Vernissage é uma palavra francesa masculina, que significa: 
recepção que precede a abertura de uma exposição de quadros.
Observe: O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABL, 
registra também o termo vernissagem, aportuguesado e, neste 
caso, como um substantivo feminino. Escolha: o vernissage ou a 
vernissagem.
Ruim de bola
Kleber Machado, num jogo São Paulo x Palmeiras (TV Globo):
“A bola sobrou e o palmeirense toca nela.”
Cacófato puro. Canela é boa com arroz-doce.
Relembrando:
Cacófato é o som e às vezes a palavra (até obscena) proveniente da 
união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte.
9 9 9
Inapetência
“O neto de D. Maria não quis comer bolachas com requejão, no 
café da manhã, alegando falta de apetite.”
A criança estava certa. Não existe a palavra “requejão”. Se lhe 
fosse oferecido requeijão, talvez o menino tivesse gostado.
Você precisa saber:
 O verbo hastear é irregular, isto é, o e do radical transforma-
se em ei nas formas rizotônicas: hasteio / hasteias / hasteia / 
hasteamos / hasteais / hasteiam.
 Não há vogal entre o g e o n na grafia correta do verbo impugnar.
191
( ( (
191
Videocassetada
Numa entrega de prêmios no Domingãodo Faustão, a bela 
assistente do apresentador escorregou, citando a premiação do 
telespectador “Naiscimento”.
Essa foi de morte!
É preciso tomar cuidado com a pronúncia do dígrafo sc, que soa 
como ci ou ce.
Exemplo: nascer (ce).
A moça deveria ter dito: Nascimento (ci).
Travessia inútil
“O rapaz vadiou o rio 
para cortar caminho.”
Garanto que não chegou 
ao lugar que queria.
Observe:
vadiar – ficar ocioso.
vadear – atravessar um 
rio (a pé ou a cavalo).
Frase correta: O rapaz 
vadeou o rio para cortar 
caminho.
Dá uma subidinha
A linda atriz e modelo Franciely Freduzeski, que atuava no 
programa Zorra Total, falando sobre os seus hábitos, deu o seguinte 
depoimento: “Como um pouco de tudo. As únicas restrições são 
carne vermelha e refrigerante que não como há muito tempo.”
Como pode ser tão linda “comendo refrigerante”? Refrigerantes e 
quaisquer outros líquidos são bebidos e não comidos.
192
Foi indiscutível o sucesso da novela O Clone e 
bastante relevante a abordagem feita pela autora 
sobre o sério problema das drogas. A mídia deu muita 
atenção ao assunto. Um jornal carioca publicou que o 
Nando, no final da história, seria salvo de overdose. Aí 
complicou... Segundo os médicos, ninguém sobrevive a 
uma overdose (dose excessiva). Por que o uso da palavra 
estrangeira para identificar uma situação tão grave?
192
6969
Queda inevitável
“O menino quase levou um 
tombo porque tropeçou no 
cardarço do seu tênis.”
Deveria ter caído. Qualquer 
“cardarço” leva uma pessoa 
ao chão, pois esta palavra 
não existe.
Período correto: O menino 
quase levou um tombo 
porque tropeçou no 
cadarço do seu tênis.
Escrevendo corretamente
 comissão (com ss) – grupo de pessoas com funções especiais, 
ou incumbidas de tratar de determinado assunto.
 sucesso (com c e ss) – acontecimento, conclusão, resultado 
feliz, bom êxito.
 assessor (com ss e ss) - auxiliar, assistente, ajudante.
193193
Subentendido
“José, criança pequena, não subtendeu a conversa dos pais.”
Nem poderia... O verbo está mal colocado, não é “subtender” e sim 
subentender.
Veja a diferença:
subentender – perceber, entender o que não estava exposto ou 
bem explicado.
subtender – estender por baixo.
Frase correta: José, criança pequena, não subentendeu a conversa 
dos pais.
J 
J 
J
Remédio 
homeopático
“Os remédios da 
Homeopatia devem ser 
tomados gota à gota.”
Um remédio tomado 
“gota à gota”, 
certamente, não fará bom 
efeito.
Não se usa sinal grave 
indicativo da crase entre 
palavras repetidas.
Frase correta: Os remédios 
da Homeopatia devem ser 
tomados gota a gota.
Muita dor
“Um surto de cachumba 
maltrata as crianças de um 
bairro carioca.”
Caxumba, escrita com x, que 
é o correto, já é uma doença 
bastante dolorosa, se for 
escrita com “ch”, certamente 
maltratará muito mais. Se o 
surto for num determinado 
bairro da Zona Norte deve-
se escrever: “Caxumba no 
Cachambi”.
Galanteio infeliz
O rapaz querendo agradar a namorada disse que adorava o 
jeito hodierno de ser que ela sempre demonstrava.
A moça ficou ofendida, pensando que jeito hodierno era 
algum nome feio, palavrão até...
Coitado! Só quis falar difícil, hodierno é sinônimo de 
moderno, atual, relativo aos dias de hoje.
Seja hodierno, mas não exagere.
194194
Ator acarinhado
Entrevista dada pelo ator Tiago Lacerda ao Faustão, na TV Globo: “A 
minha vida mudou muito. O carinho das pessoas aumentaram...”
Não é carinho demais? O verbo (aumentar) precisa concordar com o 
núcleo do sujeito (O carinho).
O rapaz deveria ter dito: A minha vida mudou muito. O carinho das 
pessoas aumentou.
A gente ou agente?
“O senhor idoso falou com agente sobre a situação política da 
Argentina.”
Garanto que ninguém entendeu. Agente só se for secreto, pessoa 
de confiança que se encarrega de missões sigilosas, diplomáticas, 
políticas, etc.
Frase correta: O senhor idoso falou com a gente sobre a situação 
política da Argentina.
Relendo Machado
“Um economista apareceu esta semana lastimando 
a sucessiva queda de câmbio e acusando por ela o 
ministro da Fazenda. Não lhe contesta inteligência, 
nem probidade, nem zelo, mas nega-lhe tino e, 
em prova disto, pergunta-lhe à queima-roupa: 
Por que não vende a Estrada Central do Brasil? A 
pergunta é tal que nem dá tempo ao ministro para 
responder que tais matérias dependem de estudo, 
em primeiro lugar, e, em segundo lugar, que ao 
Congresso Nacional cabe resolver por último.”
(Machado de Assis – A Semana II/1896)
195
Rebate falso
“Adolescentes fizeram uma bomba 
caseira, usando o dinamite que furtaram 
de uma obra de desmonte a fogo.”
Ainda bem! Bomba feita com “o 
dinamite” não oferece qualquer perigo.
Este substantivo é feminino – a dinamite.
Período correto: Adolescentes fizeram uma 
bomba caseira, usando a dinamite que 
furtaram de uma obra de desmonte a fogo.
O escritor Deonísio da Silva escreveu De onde vêm as 
palavras – Frases e curiosidades da Língua Portuguesa 
publicados pela Editora Mandarim. São dois volumes 
muito interessantes, nos quais o autor explica não só a 
origem das palavras, como também informa os leitores 
sobre expressões muito usadas e que a maioria desconhece o 
significado. Exemplo: Bateu as botas: “morreu, é uma variante 
das tradicionais esticou as canelas, abotoou o paletó, partiu 
desta para melhor. O curioso, porém, é que se aplica apenas a 
morto adulto, do sexo masculino, que tenha o costume de andar 
de botas ou ao menos calçado”. É dele essa explicação.
Perfume inodoro
“A menina ganhou um perfume do namorado, mas não gostou da 
flagrância.”
Nem poderia. Esse perfume não tem cheiro. A palavra flagrância foi 
usada indevidamente.
Observe:
flagrância – momento em que se verifica um ato flagrante; 
substantivo pouco usado, derivado do verbo flagrar, que significa 
surpreender e também se consumir em chamas, arder.
fragrância – perfume, cheiro, odor.
Período correto: A menina ganhou um perfume do namorado, mas 
não gostou da fragrância.
7070
195
196196
Relendo 
Machado
“Qualquer um de nós teria 
organizado este mundo 
melhor do que saiu. A 
morte, por exemplo, bem 
podia ser tão somente a 
aposentadoria da vida, 
com prazo certo. Ninguém 
iria por moléstia ou 
desastre, mas por natural 
invalidez; a velhice, 
tornando a pessoa incapaz, 
não a poria a cargo dos 
seus ou dos outros.”
(Machado de Assis – A 
Semana II / 1896)
Excesso de poder
“As novas diretoras da empresa estão se sentindo todas-poderosas.”
Elas estão enganadas. Não têm tanto poder assim.
Nos adjetivos compostos (todo-poderoso) só há flexão (de gênero 
e de número) no segundo elemento, isto é, o primeiro elemento é 
invariável.
Lembre-se sempre que a exceção acontece, apenas, com o adjetivo 
composto surdo-mudo, em que os dois elementos variam: surda-
muda / surdas-mudas / surdo-mudo / surdos-mudos.
Frase correta: As novas diretoras da empresa estão se sentindo todo-
poderosas.
`
Olhos bastante fechados
“A moça serrou os olhos, pois a sala estava muito iluminada.”
Coitada! Se alguém serrar os olhos, certamente irá perdê-los.
Observe:
serrar – é o ato de quem usa a serra, cortar.
cerrar – fechar.
Período correto: A moça cerrou os olhos, pois a sala estava muito 
iluminada.
Presença certa
“Um ou outro palestrante 
comparecerão ao seminário 
para falar sobre o tema 
combinado.”
É preferível que não haja 
palestra.
A expressão um ou outro exige 
o verbo no singular e fica fácil 
de se entender o porquê, pois 
o ou mostra que apenas uma 
pessoa comparecerá.
Período correto: Um ou outro 
palestrante comparecerá ao 
seminário para falar sobre o 
tema combinado.
197197
Deseducação
“Compareca a sua agencia para regularizacao de excesso sobre 
limite de credito ocorrido. Caso ja tenha regularizado pedimos, 
nao considerar este aviso.” O aviso a gente tem que desconsiderar 
porque há muito erros de português. A Caixa Econômica tem o 
Crédito Educativo. É hora de abrir inscrições internas. Observe: 
compareça – com cedilha (ç).
Antes de possessivo, o acento grave indicativo de crase é 
facultativo: à sua / a sua.
agência– palavra paroxítona terminada em ditongo deve ser 
acentuada.
regularização – com cedilha (ç) e til (˜).
crédito – acentuada porque é uma palavra proparoxítona e todos os 
vocábulos proparoxítonos são acentuados.
já – acentuada porque é um oxítono tônico.
pontuação – a vírgula colocada depois da forma verbal pedimos 
deveria estar depois da palavra regularizado.
não – com til (˜).
Texto correto: Compareça à sua agência para regularização de 
excesso sobre limite de crédito ocorrido. Caso já tenha regularizado, 
pedimos não considerar este aviso. Com quem ficou o saldo?
v v v
Insatisfação
“O dono da empresa esperava um superávite 
ainda maior do que a sua fábrica apresentou.”
Claro! Quem escreve “superávite” merece ter 
um deficit (em latim).
Para acertar, escreva: superávit.
Em tempo: superávit é diferença a mais entre 
receita e despesa e deficit é o antônimo de 
superávit.
Os dicionários registram superávit (com 
acento) e superavit (sem acento) porque é 
uma palavra latina. Registram, também, a 
palavra défice como sinônima de deficit.
Período correto: O dono da empresa esperava 
um superávit ainda maior do que a sua 
fábrica apresentou.
Você 
precisa 
saber
Antes de verbo 
não se admite 
o acento grave 
indicativo de 
crase, mesmo 
que este verbo 
faça parte de 
uma expressão.
Exemplo: O 
rapaz começará 
o curso a partir 
do próximo mês.
M M M
198
Há uma grande reação, na França, ao uso de 
palavras inglesas. Os franceses detestam o que 
chamam de “franglais”. Exemplo disso é a palavra 
gol, internacionalizada, mas que na França se chama 
“but” (pronuncia-se bit). Os brasileiros nem ligam, fiéis 
ao conselho do escritor Eça de Queiroz: “Um homem só deve 
falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra. 
Todas as outras, as deve falar mal, orgulhosamente mal, com 
aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro.”
Anexo certo
Segue anexa a ficha do aluno 
ou Segue em anexo a ficha 
do aluno. São frases corretas.
Observe: Anexo concorda 
em gênero e número com o 
termo a que se refere; já em 
anexo não varia.
É fria!
“A água se solidifica a zero 
graus centígrados.”
Garanto que não virou gelo.
O numeral zero deixa a 
palavra seguinte no singular.
Frase correta: A água se 
solidifica a zero grau 
centígrado.
Amizade
“O amigo que mais gosto é o Pedro.”
Garanto que o Pedro não acredita nesta amizade.
O verbo gostar (quem gosta, gosta de) é transitivo indireto, 
isto é, precisa da preposição de.
Observe: A presença do pronome relativo (que) atrai a 
preposição para antes dele.
Período correto: O amigo de que mais gosto é o Pedro.
f f f
7171
198
199199
Curiosidades
 A palavra vetérrimo existe. É o superlativo absoluto sintético de 
velho, entretanto é pouco usada.
 O adjetivo abacial significa de abade. Exemplo: A solidariedade 
abacial era esperada por todos.
Velhice
“Quando as pessoas envelhecem 
ficam rabujentas?”
Claro que não! Principalmente, 
grafando dessa maneira.
Não seja rabugento. Escreva 
esta palavra sempre com g.
Período correto: Quando as 
pessoas envelhecem ficam 
rabugentas?
Inapetência
“D. Maria destrinchou o frango 
assado, mas ninguém o comeu.”
Certamente porque a senhora 
usou um verbo inadequado.
Trinchar é o verbo correto, isto 
é, cortar em pedaços.
Destrinchar ou destrinçar 
significam expor com minúcias, 
resolver, desenredar.
Período correto: D. Maria 
trinchou o frango assado, mas 
ninguém o comeu.
Duplo acerto
A professora chamou atenção dos 
alunos que estavam jogando os 
gizes pela janela da sala de aula.
Muito bem! A professora 
acertou duas vezes: corrigindo 
a atitude dos alunos e usando 
corretamente o plural da palavra 
giz (gizes).
Respeitabilidade 
geral
“Os Estados Unidos é respeitado 
por todas as nações do mundo.”
Cuidado! Quando o sujeito 
de uma oração é os Estados 
Unidos, o verbo ficará sempre 
no plural, pois o nome daquele 
país indica pluralidade.
Frase correta: Os Estados Unidos 
são respeitados por todas as 
nações do mundo.
Planeta Terra
O homem habita a Terra? ou O homem habita na Terra?
Tanto faz! Podemos habitar algum lugar ou em algum lugar, o 
importante é que cuidemos do nosso planeta para que tenhamos 
condições de habitá-lo.
200
Numa entrevista ao jornal Folha Dirigida, o professor 
e gramático Evanildo Bechara, membro da Academia 
Brasileira de Letras, declarou que “o mau uso da língua 
portuguesa deve-se, na maioria das vezes, a deficiências 
culturais que também se manifestam em outros níveis”. 
A visão do mestre Bechara foi mais abrangente quando 
abordou que a crise não é do idioma e sim “da cultura das 
pessoas que falam a língua”.
Lágrimas de 
crocodilo
“Os olhos da moça umideceram, 
pois ela se emocionou com as 
palavras do namorado.”
Será? Não acredito na emoção 
dela. Os olhos “umideceram”? O 
verbo “umidecer” não existe. O 
verbo correto é umedecer, com 
e. Umedecer é tornar-se úmido 
(ligeiramente molhado).
Período correto: Os olhos da 
moça umedeceram, pois ela se 
emocionou com as palavras do 
namorado.
Sem moral
“Ele não tem idoniedade moral para opinar sobre assunto 
tão delicado.”
Não deve ter mesmo. Não existe a palavra “idoniedade”. 
A forma correta é idoneidade (qualidade de quem é 
idôneo; aptidão; competência; capacidade).
Período correto: Ele não tem idoneidade moral para 
opinar sobre assunto tão delicado.
S
p p p p 
7272
200
201201
Absurdo no domingão
O nosso querido Faustão, elogiando um cantor:
“Parabéns a Alexandre Pires, que faz um sucesso absurdo na 
Europa.”
Um sucesso pode ser absurdo? Até pode se for considerado uma 
quimera (sonho), uma utopia.
Entretanto, o significado mais comum desta palavra é: contrário à 
razão, disparatado, tolo, inepto e, certamente, o apresentador usou 
absurdo no sentido de enorme. Doeu nos ouvidos.
Conceito duvidoso
O suplemento da revista Veja 
(Veja Rio), a propósito de um bom 
restaurante no Leblon, publicou:
“No ano passado, garfou também 
o primeiro lugar na recém-criada 
categoria quilo.”
O verbo garfar (revolver ou rasgar 
com garfo) existe e é usado, 
também, como gíria, aí significando 
prejudicar, lesar.
No caso, o restaurante da zona sul 
carioca lesou os outros concorrentes? 
Ou a revista usou o verbo garfar com 
o sentido de ganhar? Não ficou claro 
para os leitores.
Bebida estrangeira
João gosta de tomar uma 
dose de whisky antes do 
jantar.”
Desde que João não exagere 
na bebida, tudo bem! 
Mas, já temos a forma 
aportuguesada: uísque.
Atenção: Mesmo que você 
prefira o produto importado, 
use a grafia nacional.
Frase preferível: João gosta 
de tomar uma dose de 
uísque antes do jantar.
Sem professores
“Faltava professores na 
escola do filho de D. Sônia.”
Assim, a criança ficará sem 
aula durante muito tempo.
Não há motivo para o verbo 
(faltava) da frase estar 
no singular, pois ele deve 
concordar com o sujeito 
(professores), que está no 
plural.
Frase correta: Faltavam 
professores na escola do filho 
de D. Sônia.
Fora de horário
“A adolescente ganhou um castigo 
porque chegou atrasada à escola.”
Não vai servir de lição “ganhar um 
castigo” porque o verbo ganhar dá 
sempre a ideia de receber alguma 
coisa boa (ganhou um prêmio). 
Prefira o verbo sofrer.
Período correto: A adolescente 
sofreu um castigo porque chegou 
atrasada à escola.
202
Agora é crime! Uma lei sancionada pelo Prefeito 
do Rio de Janeiro prevê pagamento de multa dos 
responsáveis pela grafia errada em placas, letreiros, 
faixas, etc. A nova lei, certamente, trará benefícios 
para todos nós se a língua portuguesa for efetivamente 
respeitada. Acreditamos que doendo no bolso haverá mais 
cuidado.
Vaidade feminina
Temos certeza que todas as 
mulheres capricham sempre 
na maquiagem quando vão a 
festas.
Maquiagem ou maquilagem? 
Tanto faz. As duas formas 
são corretas e estão no 
Vocabulário Ortográfico 
da Língua Portuguesa da 
Academia Brasileira de Letras. 
O que mais importa, neste 
caso, é que todas fiquem 
muito bem maquiadas (ou 
maquiladas).
Essa é de morte
Com as melhores intenções colocaram uma faixa naentrada do 
Cemitério S. João Batista, no Rio de Janeiro, com os seguintes 
dizeres: “Não coloque água em seus vasos e sim areia, para 
evitar a ploriferação de mosquitos Aedes aegypti (Dengue)”.
O nome do bandido do mosquito está escrito em latim e 
corretamente. Mas quem inventou “ploriferação”? Assim vai ser 
um perigo. Esta palavra não existe.
O vocábulo correto é proliferação, que significa multiplicação, 
reprodução.
A faixa correta: Não coloque água em seus vasos e sim 
areia, para evitar a proliferação de mosquitos Aedes aegypti 
(Dengue).
7373
202
203203
Relendo Machado
“A sorte é tudo. Os acontecimentos tecem-se como as peças de 
teatro e se representam da mesma maneira. A única diferença é 
que não há ensaios; nem o autor nem os atores precisam deles. 
Levantado o pano, começa a representação, e todos sabem os 
papéis sem os terem lido. A sorte é o ponto.” (Machado de Assis / A 
Semana I / 1894)
Muita visão
Com vistas a diminuir 
a violência urbana no 
Rio de Janeiro, a polícia 
teve seu contingente 
aumentado.
Com vistas ou com vista 
a? Tanto faz, as duas 
formas são corretas. O 
que interessa mesmo é 
que a atuação policial, de 
fato, tenha sucesso.
Paixão sem sabor
Na novela das seis, da Rede Globo, a personagem Diana, vivida pela 
atriz Letícia Spiller, declarando seu amor a Alexandre: “Você já sabe 
que eu te entreguei a minha vida a você”.
Nem dá para acreditar. Excesso e mistura de pronomes.
O verbo entregar é transitivo direto e indireto, isto é, a minha vida 
é o objeto direto e a você o objeto indireto. O pronome pessoal do 
caso oblíquo te é desnecessário nessa construção.
Diana deveria ter dito: Você já sabe que eu entreguei a minha vida 
a você.
c
 : : :
Disse-me-disse
“A vizinhança maldosa espalha 
que as mocinhas do condomínio 
não valhem nada.”
Mentira! Ainda mais usando o 
verbo valer erradamente: “não 
valhem”.
O verbo valer é irregular, 
entretanto o lh surge na 1a 
pessoa do singular do presente 
do indicativo e nas dela 
derivadas, logo a 3a pessoa do 
plural é: valem.
Período correto: A vizinhança 
maldosa espalha que as 
mocinhas do condomínio não 
valem nada.
204204
Mau 
policiamento?
Saiu publicado num jornal: 
“Para a governadora, via 
não está má policiada.”
Assim está péssima! O 
antônimo de má é boa.
Experimentem substituir, 
na frase acima, a palavra 
“má” por boa. Faz 
sentido? Agora usem bem, 
cujo antônimo é mal.
Período correto: Para a 
governadora, via não está 
mal policiada.
Convite infeliz
“O rapaz convidou Maria para ir 
ao cinema ao invés de convidar 
Joana.”
Certamente, foi ao cinema 
sozinho. A locução “ao invés de” 
significa ao contrário de. Usa-se 
só neste sentido.
Se usar sempre em vez de estará 
sempre certo, pois ela significa 
em lugar de, em substituição a, 
mas também é aceita no sentido 
de contrário de. Esqueça do “ao 
invés de”.
Período correto: O rapaz 
convidou Maria para ir ao 
cinema em vez de convidar 
Joana.q
V
Retorno ao lar
“Voltei à casa mais cedo porque estava com dor de cabeça.”
Quando cheguei “à casa”, a dor aumentara sensivelmente! Por quê? 
Pela colocação indevida do acento grave indicativo de crase.
Entenda: Neste caso não houve a fusão de a (preposição) + a 
(artigo). O a antes de casa é apenas preposição – Voltei para casa. 
Venho de casa.
Porém, em se tratando de casa, trazendo qualquer elemento, mesmo 
sendo a minha, há fusão da preposição com o artigo e a crase far-
se-á necessária. Vou à casa de praia, herança de meus pais.
Período correto: Voltei a casa mais cedo porque estava com dor de 
cabeça.
205
Quando a ideia é boa, merece registro. O Instituto 
Embratel 21, em associação com a Biblioteca Nacional, 
criou a Biblioteca Digital Multivisão, a partir de Guaratiba 
(RJ). Vai abastecer inicialmente 43 bibliotecas públicas 
equipadas com antenas para uso em banda larga. Moral da 
história: mais acesso ao conhecimento e a demonstração de que 
devemos mesmo caminhar para a automatização das bibliotecas 
públicas brasileiras. Sem contar na sua indispensável ampliação. 
Assim se divulgará melhor a língua portuguesa e os valores da sua 
literatura.
Comentário exagerado
Arnaldo César Coelho, ex-juiz e atual comentarista de futebol, 
estava tão excitado na decisão do campeonato, no jogo Santos x 
Corinthians, que deixou escapar: “a bola entrando pra dentro da 
área.”
Já pensaram se ela tivesse “entrado pra fora”? Com certeza, o 
Santos não teria alcançado a tão cobiçada vitória, que representou 
o título de Campeão Brasileiro.
Devemos ter cuidado ao falar, evitando as redundâncias. Bastava 
ter dito: a bola entrando na área.
7474
205
T T T
206206
Relendo Machado
“A organização social podia ser dispensada. Entretanto, é prudente 
conservá-la por algum tempo, como um recreio útil. A invenção de 
crimes, para serem publicados à maneira de romances, vale bem 
o dinheiro que se gasta com a segurança e a justiça públicas.” 
(Machado de Assis / A Semana I / 1893)
Deu no Domingão
1- Entrevistada pelo Faustão, Alexandra, mulher do Rogério do 
Corinthians, tentando minimizar a derrota do clube do marido: “O 
Corinthians veio de duas campanhas maravilhosas e conquistaram 
dois títulos no começo deste ano.”
E a concordância verbal?
A esposa do jogador deveria ter dito: O Corinthians veio de duas 
campanhas maravilhosas e conquistou dois títulos no começo deste 
ano.
2- O craque Robinho, do Santos, lá pelas tantas, respondendo a uma 
pergunta do apresentador: “A gente vamos...”
Não temos nada contra o uso da expressão a gente, mas, por favor, 
o verbo que a acompanha deve ser usado no singular.
A gente vai, Robinho. Nem campeão tem direito a isso. E ele é muito 
bom de bola.
3- O jogador Diego, forçado pelo Faustão a admitir que logo irá se 
casar, disse: “Robinho vai casar antes de eu”.
O pronome eu não está na função de sujeito, logo, deveria ter sido 
substituído pelo pronome oblíquo.
Diego, outro campeão do Santos, deveria ter dito: Robinho vai casar 
antes de mim.
4- Faustão, se referindo ao sucesso do cantor Daniel: “carreira tão 
belíssima”.
O superlativo absoluto sintético (belíssima) já diz tudo. Usa-se tão 
para o grau comparativo de igualdade (A carreira de Daniel é tão 
bela quanto a de Caetano Veloso).
Bastava dizer: Daniel tem uma carreira belíssima.
207207
Premiação
“O ex-Presidente americano recebeu o Prêmio Nóbel da Paz.”
Assim, parece até que ele não merecia a homenagem.
A palavra Nobel é oxítona (a sílaba tônica é a última, logo se deve 
pronunciar Prêmio Nobel sem acento porque não há regra que o 
justifique).
Frase correta: O ex-Presidente americano recebeu o Prêmio Nobel da 
Paz.
É fantástico!
Regina Casé, numa reportagem excelente sobre os motoristas que 
estão colocando insulfilme nos vidros dos carros para fugir dos 
assaltos, falou: “Vou te dar de graça...”
Não havia necessidade dessa redundância.
Ela deveria ter dito: É de graça! ou Vou te dar...
Pintando...
“O pintor não acabou o 
trabalho na casa de D. Sônia, 
porque ficou faltando dar 
mais uma mão de tinta na 
sala.”
Coitada da D. Sônia, não terá 
sua casa pronta tão cedo.
A palavra “mão” foi usada 
indevidamente.
Período correto: O pintor 
não acabou o trabalho na 
casa de D. Sônia, porque 
ficou faltando dar mais uma 
demão de tinta na sala.
208
No futebol, a televisão tem dado um show de 
desrespeito à nossa língua. Muitos cometeram 
muitos erros. Em compensação, o Faustão trouxe, da 
cidade paulista de Suzano, a Professora Magna e seus 
alunos, que, além do entusiasmo e credibilidade que dá à 
educação, demonstrou que quando as aulas vão ao encontro 
do interesse dos alunos a aprendizagem está garantida. Ela 
fez uma pesquisa entre as crianças de sua turma sobre o cantor 
preferido. Ganhou o Daniel. Então, desenvolveu um projeto em 
que passou a ensinar através das letras das músicas do artista 
escolhido. Foi um sucesso absoluto e certamente um exemplo a 
ser seguido.
Desfile infeliz
“A nova modelo não se 
sobressaiu no desfile.”
Essa moça jamais será uma 
estrela. Uma boa modelo “não 
se sobressai”.O verbo sobressair não 
é pronominal, portanto 
dispensa o pronome oblíquo.
Frase correta: A nova modelo 
não sobressaiu no desfile.
Relendo Machado
“Estava na redação do Diário 
do Rio, quando ali entrou um 
homem pequenino, magro, 
ligeiro. Não foi preciso que me 
dissessem o nome; adivinhei 
quem era. Gonçalves Dias! 
Fiquei a olhar, pasmado, com 
todas as minhas sensações e 
entusiasmos da adolescência. 
Ouvia cantar em mim a famosa 
Canção do Exílio.” (Machado 
de Assis – A Semana I – 1893)
Censura
“O rapaz taxou a namorada de 
desonesta.”
Além do verbo taxar estar 
empregado erradamente na 
frase, será que a moça merecia 
a ofensa?
Observe:
taxar (com x) – tributar, 
estabelecer taxa
tachar (com ch) – censurar, 
notar defeito
Frase correta: O rapaz tachou a 
namorada de desonesta.
7575
208
209209
Panela tricolor
Juca Kfouri, apresentador do programa Bola na Rede, da Rede TV, 
comentando o gol do Romário numa vitória do Fluminense sobre o 
Corinthians:
“Ele deu um tapa nela!”
Bola é que combina com futebol. Panela, não!
Devemos sempre evitar os cacófatos (som desagradável proveniente 
da união da última sílaba com a primeira sílaba da palavra 
seguinte).
O grande jornalista deveria ter dito: — Ele deu um tapa na bola.
Disque-mensagem
Em Teresópolis há um serviço de comunicação telefônica que 
se propõe as mais diferentes mensagens, desde felicitações de 
aniversários, pedidos de reconciliação, etc.
Num dos oferecimentos, aparece a proposta “obrigado pela 
estadia”.
Será que eles telefonam também para saber da carga e descarga de 
navios?
Observe:
estada – ato de estar, permanência, demora.
estadia – prazo concedido para carga e descarga de um navio no 
porto.
Há dicionários que consideram estas palavras sinônimas. Entretanto, 
quando quiser agradecer a alguém, onde esteve hospedado, prefira 
dizer: Obrigado pela estada.
> > > . . .
. . . > > > 
Incerteza
“Joana foi inserta na resposta que deu 
ao namorado.”
O rapaz não pode ter gostado. A palavra 
“inserta” foi usada inadequadamente.
Observe:
Inserta – introduzida, inserida
Incerta – imprecisa, não é certa
Período correto: Joana foi incerta na 
resposta que deu ao namorado.
210
Nem tão normal
Numa excelente apresentação de um dos programas Os Normais,
o ator Luís Fernando Guimarães, engraçado como sempre, assim se 
expressou:
“As coisas estão meio tensas entre eu e ela.”
Ela era a excelente atriz Fernanda Torres.
O sujeito desta oração é as coisas, logo o uso do pronome pessoal 
eu é indevido. Ele deve ser substituído pelo pronome oblíquo mim.
O ator deveria ter dito: As coisas estão meio tensas entre mim e ela.
Centenário?
Numa edição da tarde do Jornal RJ/TV/TV Globo uma repórter, 
congratulando-se com as atletas Adriana e Shelda, do vôlei de 
praia, fez menção às noventa e tantas medalhas conquistadas pela 
dupla e perguntou se chegariam ao “centenário”.
Claro que desejamos que elas cheguem a fazer 100 anos.
Entretanto, em relação às medalhas, poderão alcançar a 100a 
(centésima) – numeral ordinal.
Fica combinado assim?
Irritação irritante
O rapaz ficou tão irritado que xingou o amigo, mas se desculpou, 
dizendo: “Fiquei fora de si.”
Impossível! Como alguém pode ficar fora de si? Seria o mesmo que 
ficar fora de outra pessoa.
Os pronomes devem sempre combinar. Não xingue ninguém, mesmo 
que você fique fora de si.
Período correto: O rapaz ficou tão irritado que xingou o amigo, mas 
se desculpou, dizendo: Fiquei fora de mim.
210
211
A Academia Brasileira de Letras se dispõe a relançar 
alguns dos seus documentos básicos. Em boa hora. 
Quando presidi a casa, de 1998 a 1999, tive o privilégio, 
trabalhando com base no inesquecível filólogo Antônio 
Houaiss, de promover a segunda edição do Vocabulário 
Ortográfico, que não saía há 18 anos. Depois, foi a vez do 
minivocabulário, de muito sucesso. E com apoio no professor 
Antônio José Chediak, lancei o primeiro Vocabulário Onomástico da 
Língua Portuguesa (da ABL). Fico feliz com a continuidade que se 
anuncia.
Bomba no 
vestibular
“Mário não passou no 
vestibular, mas estava melhor 
preparado que os outros 
colegas.”
Isto não deve ser verdade. 
Qualquer verbo no particípio 
(preparado) não deve ser 
acompanhado de melhor 
(superlativo absoluto sintético 
de bom). Prefira, nestes casos, 
usar mais bem.
Período correto: Mário não 
passou no vestibular, mas 
estava mais bem preparado que os outros colegas.
3 3 3 3 3 3 
7676
211
Curiosidade
Vocabulário Onomástico é aquele que apresenta nomes próprios.
São registrados os nomes de pessoas (antropônimos) e os lugares 
(topônimos) entre outras nomenclaturas, como por exemplo
hierônimos (nomes que se referem a datas sagradas e conceitos 
religiosos – Alá / Natal / Pessach, etc.).
212212
Você precisa saber
As expressões “de maior” 
e “de menor” devem ser 
evitadas, pois ao omitirmos a 
palavra idade, o que estaria 
correto, o de é desnecessário. 
Diga sempre ele é de maior 
idade ou ele é maior; ele é de 
menor idade ou ele é menor.
Coitado do general
Uma placa indicativa de rua do 
centro de São Paulo apresenta o 
seguinte: “Rua Gal. Osório”.
Coitado do general.
A abreviatura correta de general é 
Gen. Em consideração e respeito 
ao herói da Guerra do Paraguai, 
a placa deveria ser mudada: Rua 
Gen. Osório.
O O O 
Prejuízo total
“A empresa que não tem grandes lucros investe menos, 
consequentemente não aumenta seus lucros, caindo assim num ciclo 
vicioso.”
É prejuízo na certa. A expressão “ciclo vicioso” está errada.
Período correto: A empresa que não tem grandes lucros investe 
menos, consequentemente não aumenta seus lucros, caindo assim 
num círculo vicioso.
Relendo Machado
“Eu não sou Deus, leitor; não criei este mundo, tanto que lhe 
acho algumas imperfeições, como a de nascerem as uvas verdes, 
para engano das raposas. Eu as faria nascer maduras e talvez já 
engarrafadas. Mas criticar obra feita não custa; Deus não podia prever 
que os homens não se limitassem a falsificar eleições e fizessem o 
mesmo com o vinho.” (Machado de Assis / A Semana II / 1897)
Muito trabalhoso
“O trabalho doméstico absolve todo o dia de uma dona de casa.”
Absolve? De fato o trabalho doméstico é tão duro que perdoa todos 
os pecados da dona de casa, mas não é este o caso.
Veja:
Absolver – perdoar, remir
Absorver – consumir, sorver, esgotar, exaurir.
Frase correta: O trabalho doméstico absorve todo o dia de uma dona 
de casa
213213
Açúcar amargo
Na propaganda de um grande show de Roberto Carlos, no Aterro do 
Flamengo, afirmava-se o seguinte:
“Em homenagem aos 90 anos do bondinho do Pão de Açucar.”
Acontece que a palavra açúcar é escrita assim, com acento. É 
palavra paroxítona terminada em r. Leva sempre acento, até para 
que o açúcar não fique amargo.
Respostas aos leitores
1- Daniel Francisco Dantas Lopes – Belo Horizonte/MG
Verbo rir é irregular, isto é, não segue o padrão dos 
verbos terminados em ir (3a conjugação) como partir, 
que é regular. Entretanto, a forma eu rio (1a pessoa 
do singular do presente do indicativo) é correta, não 
tendo nada a ver com o rio, acidente geográfico. São 
apenas palavras homônimas homófonas (mesmo som) 
e homógrafas (mesma grafia), mas com significados 
diferentes.
2- Paulo José de A. Santelmo – Campo Grande/Rio
A palavra costa existe e significa litoral, a costa 
brasileira, isto é, o mar que margeia o nosso país. 
Quando nos referimos à parte posterior do tronco 
humano, a palavra adequada é costas (sempre no 
plural).
3- Aldo Venino de M. Soares – Tijuca/Rio
A frase de Machado de Assis a que você se refere e 
que publicamos na coluna Na Ponta da Língua (“Os 
acontecimentos tecem-se com as peças de teatro e se 
representam da mesma maneira”) apresenta, de fato, 
um cacófato. Até o grande Machado de Assis cometeu 
os seus deslizes.
214
Os responsáveis pelas placas de sinalização de ruas e 
estradas deveriam se preocupar não só com a indicação 
correta dos locais, mas, também, com a ortografia. 
Vejam só: na entrada da cidade de São Paulo, há uma 
placa indicando a direção para“Pacaembú”. Todas as 
palavras oxítonas terminadas em i e u não são acentuadas. 
A única possibilidade é quando o i ou o u formam hiato com a 
vogal anterior, como é o caso de Grajaú. Lamentável! Assim se 
perde o caminho.
Relendo Machado
“O que mais me encanta na humanidade é a perfeição. Há 
um imenso conflito de lealdades debaixo do sol. O concerto 
de louvores entre os homens pode dizer-se que é já música 
clássica. A maledicência, antigamente uma das pestes da terra, 
serve hoje de assunto a comédias fósseis, a romances arcaicos.” 
(Machado de Assis / A Semana I / 1893)
Passagem 
preferencial
No meio do trânsito 
engarrafado, a ambulância 
tocava a sirena.
Sirena ou sirene? Tanto 
faz, as duas formas estão 
corretas (sempre com s) 
e os motoristas devem 
dar passagem, pois numa 
ambulância há sempre 
alguém, precisando de 
socorro imediato.
Você precisa saber
O verbo abolir é defectivo, isto é, tem a conjugação 
incompleta. Portanto, não se usa a forma “abulo”, devendo 
esta ser substituída por um sinônimo: elimino, suprimo, etc.
7777
214
215215
Atenção à crase
“A menina vai à aula de segunda à sexta, mas não tem tido bom 
aproveitamento.”
Certamente é o excesso de crases. A segunda crase é desnecessária 
(“de segunda à sexta”).
Observe: as expressões casadas sempre vêm acompanhadas de duas 
preposições ou de dois artigos. Se a primeira (de segunda) não 
tiver a preposição acompanhada do artigo a segunda não leva o 
acento grave indicativo da crase. Caso contrário (da primeira parte 
à última) a segunda palavra deve ser craseada.
Período correto: A menina vai à aula de segunda a sexta, mas não 
tem tido bom aproveitamento.
Sem amor
“Joana viu os namorados se abraçar 
e se beijar, mas não sentiu grandes 
amores entre eles.”
Certamente não há amor. Quando o 
infinitivo for pronominal ou exprimir 
reciprocidade é obrigatória a flexão 
verbal.
Período correto: Joana viu os 
namorados se abraçarem e se 
beijarem, mas não sentiu grandes 
amores entre eles.
Tempestade
“Apanhou tanta chuva que chegou enxarcado ao trabalho.”
Quem chega “enxarcado” vai ficar resfriado.
Observe: as palavras derivadas mantêm o x ou o ch das 
primitivas (charco / encharcado).
Período correto: Apanhou tanta chuva que chegou encharcado 
ao trablho.
Curiosidade
Os verbos que 
terminam em oer têm 
i e acento agudo na 3a 
pessoa do singular do 
presente do indicativo: 
O rapaz rói as unhas 
/ Dói a minha perna, 
mas não doem as 
minhas costas.
g
g
216
Bola fora
William Bonner, falando 
sobre o pênalti na vitória do 
Fluminense num jogo contra o 
Botafogo, no Jornal Nacional:
“O zagueiro colocou uma mão 
na bola...”
Mamão??? Era jogo de futebol 
ou feira?
Devemos sempre evitar os 
cacófatos.
Ele deveria ter dito: O zagueiro 
colocou uma das mãos na 
bola ou O zagueiro colocou a 
mão na bola.
m
216
Mal preso
“O rapaz prendeu o aviso no 
quadro mural com taxas.”
Garanto que o papel caiu. A 
palavra “taxas” (com x) está 
mal empregada.
Observe:
taxa – imposto
tacha – pequeno prego de 
cabeça larga e chata.
Frase correta: O rapaz prendeu 
o aviso no quadro mural com 
tachas.
m m m
Brincadeira sem graça
“O síndico fez um parquinho de recriação para as crianças do 
prédio.”
Nenhuma criança vai conseguir brincar num parquinho de 
“recriação”.
Observe:
recriar – criar novamente
recrear – divertir
Frase correta: O síndico fez um parquinho de recreação para as 
crianças do prédio.
217
Sou amigo e fã da Xuxa há muitos anos. Desde os 
tempos da Manchete, onde ela começou pelas mãos 
habilidosas de Maurício Sherman. Hoje, com enorme 
sucesso, sua responsabilidade aumentou. Por isso, ao lançar 
o vídeo Xuxa para baixinhos no 3, deveria tomar cuidado 
com a grafia das palavras. Há plurais discutíveis, uma profusão 
de porques de todo jeito e, numa cantoria, aparece um “ah, 
muleque” (escreve-se moleque). Sem contar que a sua vaquinha 
faz “mú”, que se escreve sem acento. A menos que seja um som 
diferente, ainda desconhecido.
Decepção
“O rapaz chegou cedo no 
cinema, mas a namorada não 
apareceu.”
Bem feito! Levou o “bolo” 
da moça. O verbo chegar 
pede a preposição a e não 
a preposição em, isto é, 
ninguém chega “no cinema”.
Período correto: O rapaz 
chegou cedo ao cinema, mas 
a namorada não apareceu.
Você precisa saber
As formas verbais aprazo e aprouve estão corretas. São do 
verbo aprazer: nas primeiras pessoas do singular do presente do 
indicativo e do pretérito perfeito do indicativo, respectivamente.
Esculacho
Transmissão da Rádio Globo/CBN:
“Com o 3o gol, a Ponte Preta 
esculachou o Flamengo.”
É uma boa ideia adotar a linguagem 
de marginais? Não podemos 
esquecer que crianças e adolescentes 
podem começar a repetir o que 
ouvem tanto no rádio quanto na TV.
7878
217
Relendo Machado
“Eu gosto de catar o 
mínimo e o escondido. 
Onde ninguém mete o 
nariz, aí entra o meu com a 
curiosidade estreita e aguda 
que descobre o encoberto.”
(Machado de Assis / A 
Semana II – 1900)
218218
Sem discussão
“O rapaz interviu na discussão, mas não lhe deram atenção.”
Ninguém daria atenção a quem “interviu”. Esta forma verbal está 
errada. O verbo intervir (tomar parte, colocar-se entre) é conjugado 
pelo verbo vir (vim/vieste/veio/viemos/viestes/vieram) logo, a 3a 
pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo é interveio.
Período correto: O rapaz interveio na discussão, mas não lhe deram 
atenção.
Ora, ora!
“Por hora, o rapaz não vai sair 
da empresa em que trabalha.”
Assim fica parecendo que ele 
tem hora marcada para deixar 
o emprego. Observe: 
por hora – espaço de tempo, 
60 minutos.
por ora – por enquanto.
Período correto: Por ora, o 
rapaz não vai sair da empresa 
em que trabalha.
Exagero
Uma coluna social de um jornal 
carioca agrediu a nossa língua 
com uma crase indevida: “a 
anfitriã ia de mesa em mesa 
cumprimentando à todos.”
Esta crase é um exagero. 
É preciso mais atenção à 
revisão dos textos. Não se 
usa o sinal grave, indicativo 
de crase, antes de pronomes 
indefinidos (todos), logo o 
correto seria estar escrito... 
cumprimentando a todos.
Falta de cuidado
Encontramos espalhadas pela cidade as placas: “Obras à 200m, 
Obras à 100m, Obras à 50m”.
A prefeitura do Rio não podia evitar tanta crase errada? Ou temos que 
torcer para que a obra acabe logo, a fim de evitar a nossa vergonha?
Recordando: não se usa o acento indicativo de crase antes dos 
numerais. Exceção para as horas: às 9h / às 17h, etc.
Aconteceu no Fantástico
A excelente jornalista Glória Maria, num dos programas do Fantástico, 
conseguiu complicar a expressão receptação de mercadorias, pois 
exclamou: “recepciação” de mercadorias. Muito mais difícil, não?
Em tempo:
receptação – o crime de comprar, receber ou ocultar 
conscientemente produtos de crime.
receptador – aquele que recepta, receptor, encobridor.
 g g g
 g g g
219
Na novela das seis, Sabor da paixão, da TV Globo, 
foi criado um personagem analfabeto. Louvável e 
corajosa atitude, pois o analfabetismo é, ainda, uma triste 
realidade entre nós. Entretanto, o rapaz foi alfabetizado na 
decorrência dos capítulos e ficou muito feliz. Isto é bom, pois 
mostrou que sempre é tempo para aprender.
219
7979
Você precisa saber
Encontro consonantal 
perfeito ou próprio acontece 
quando as consoantes estão 
numa mesma sílaba (fra-se/
ca-pri-cho) e imperfeito 
ou impróprio quando as 
consoantes estão em sílabas 
separadas (cos-ta/sub-lin-
gual).
Fora de 
julgamento
“Os foras da lei merecem 
ser julgados e punidos.”
Assim, não merecem nada. 
Esta expressão (fora-da-lei) 
é invariável, isto é, não tem 
singular nem plural.
Período correto: Os fora da 
lei merecem ser julgados e 
punidos.
Curiosidade
A palavra hircino só pode 
ser usada em relação a bode, 
portanto barba hircina é uma 
locução adjetiva que significa 
barba de bode. Considerar a 
barba de alguém hircina não 
é nada gentil. Pode dar bode!
Relendo Machado
“Quem nunca invejou, não sabe o que é padecer. Eu sou uma 
lástima. Não posso ver uma roupinha melhor em outra pessoa, 
que não sinta o denteda inveja morder-me as entranhas. É uma 
comoção tão ruim, tão triste, tão profunda, que dá vontade de 
matar. Não há remédio para esta doença.” (Machado de Assis – 
Bons Dias! Notas Semanais – 1889)
�
�
220220
Ave em extinção
“As ararinhas estão em extinção porque não vivem mais no seu 
habitat natural.”
Até as aves não aguentam tal pleonasmo (redundância): “habitat 
natural”.
Em tempo: habitat – lugar específico com características ecológicas, 
habitado por um organismo ou uma população. Em alguns 
dicionários esta palavra aparece acentuada (hábitat). O Vocabulário 
Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia 
Brasileira de Letras registra apenas 
a forma latina, sem acento 
(habitat).
Período 
correto: As 
ararinhas 
estão em 
extinção 
porque não 
vivem mais no 
seu habitat.
Vampiromania
Num capítulo da novela Beijo do vampiro/TV Globo, o Promotor 
(ator Marco Ricca) irritado, para a cunhada cega (Júlia Lemmertz): 
“Eu te pedi pra você não estragar o nosso passeio.”
Não há irritação que permita a mistura de pronomes, principalmente 
quando se trata de um personagem (Promotor Público) que deveria 
falar corretamente a língua portuguesa.
Fala recomendável: Eu lhe pedi pra você não estragar o nosso 
passeio ou Eu te pedi pra tu não estragares o nosso passeio (a 2a 
pessoa é pouco usada entre nós).
221
 
221
 
Sem revisão
Um jornal carioca publicou o seguinte: “Na 
história da sua vida ainda vai aparecer 
essas três marcas.” Por onde anda o revisor 
que permitiu isso? É preciso atenção na 
concordância verbal.
Frase correta: Na história da sua vida ainda 
vão aparecer essas três marcas.
Conhecendo nossos escritores
Henrique Maximiano Coelho Neto – (1864/1934)
Filho de comerciante português com uma índia civilizada, nasceu na 
cidade maranhense de Caxias, passando a viver no Rio de Janeiro a 
partir dos seis anos de idade. Aqui estudou nos colégios São Bento 
e Pedro II. Iniciou o curso de Direito em São Paulo, transferindo-se 
para Recife, mas não chegou a concluí-lo. Participou de atividades 
abolicionistas e, em 1886, iniciou-se no jornalismo. Casado com 
Maria Gabriela Brandão (Gaby), teve com ela 14 filhos. Foi membro 
da Academia Brasileira de Letras.
Maldade
“Pedro insiste em destorcer tudo que sua irmã diz.”
Esquisito isto!
Atenção aos dois verbos:
Destorcer – tornar direito
Distorcer – mudar o sentido
Período correto: Pedro insiste em distorcer tudo que sua irmã diz.
222
Numa sessão da Academia Brasileira de Letras, o 
imortal Evanildo Bechara, grande filólogo brasileiro, 
apresentou moção de crítica aos parâmetros curriculares 
nacionais, elaborados pelo MEC. A razão: o desprezo 
demonstrado pela norma culta da língua portuguesa. Ali 
existe uma defesa exagerada da linguagem popular, o que 
deve causar grandes embaraços aos professores de Português. 
O assunto será tratado de forma rigorosa pela ABL.
Eleições
Desejamos serem os candidatos 
mais éticos e respeitosos na 
propaganda política.
Perfeito! Não só a mensagem, 
mas também a flexão do 
infinitivo.
Observe: O infinitivo deve ser 
flexionado quando os sujeitos 
forem diferentes. O sujeito do 
verbo desejamos é nós (oculto) 
e o de serem é os candidatos.
Zorra total
Numa noite de sábado, uma 
linda moça morena, instigada 
a tirar a roupa para passar 
no detector de metais, disse 
que sua saia era enfeitada de 
“losângulos”.
Coitada! A atriz fez uma 
“zorra” com a nossa língua. 
Não existe essa palavra. As 
figuras geométricas que 
enfeitavam a saia eram 
losangos.
8080
222
Encontro da 
saudade
“Os ex-alunos costumavam 
reunirem-se uma vez por 
ano.”
Escrito assim, acredito que 
muitos faltaram ao encontro.
Nas locuções verbais (dois 
verbos juntos) não se 
flexiona o que estiver no 
infinitivo.
Frase correta: Os ex-alunos 
costumavam reunir-se uma 
vez por ano.
Curiosidade
A locução adjetiva asas 
papilionáceas significa asas 
de borboleta. Normalmente, 
não é usada – é mais uma 
curiosidade.
223223
Você precisa saber
Diz-se que uma oração sem sujeito é aquela que traz um verbo 
impessoal (sempre usado na 3a pessoa do singular).
Verbos impessoais: todos os que indicam fenômenos da natureza 
(chover, anoitecer, ventar, entardecer, etc.) e os verbos haver (no 
sentido de existir, acontecer), fazer, estar e ser (no sentido de 
tempo).
Exemplos: Choveu muito / muitas crianças / Fazia calor / 
Estava quente / Era verão
Relendo Machado
“Trata-se de mudar a capital do Rio de Janeiro para outra cidade 
que não fique sendo um prolongamento da Rua do Ouvidor. A 
questão é escolher entre tantas cidades. A ideia legislativa até agora 
é Teresópolis; assim se votou ontem na assembléia. Em verdade, 
Teresópolis está mais livre de um assalto, é fresca, tem terras de 
sobra, onde se edifiquem para oficiar, para legislar e para dormir.” 
(Machado de Assis – A Semana I/1893)
Sem cal
“O cal usado para limpar o muro foi 
insuficiente.”
Usando “o cal”, certamente o muro ficou, 
ainda, mais sujo. Preste atenção: A palavra 
cal é um substantivo feminino, não 
permitindo o uso do artigo definido o.
Frase correta: A cal usada para limpar o 
muro foi insuficiente.
Fim de romance
“O rapaz que simpatizávamos tanto 
terminou o namoro com a filha da vizinha.”
Lamentável, mas o verbo simpatizar 
é transitivo indireto, portanto exige a 
preposição com na construção das orações 
(“que simpatizávamos tanto”) em que ele 
aparece. Período correto: O rapaz com que 
simpatizávamos tanto terminou o namoro 
com a filha da vizinha.
Turismo
“No Rio de Janeiro, 
o Passo Imperial, na 
Praça XV, é um lugar 
que deve ser visitado 
por todos.”
Claro, mas escrito 
desse jeito, o turista 
passará bem longe. 
Observe:
passo – 1a pessoa 
do singular do verbo 
passar / maneira de 
andar.
paço – palácio real ou 
episcopal.
Período correto: No 
Rio de Janeiro, o Paço 
Imperial, na Praça XV, 
é um lugar que deve 
ser visitado por todos.
224
A televisão veiculou a campanha do teste do 
pezinho. Entretanto, o médico que passava a 
mensagem da importância desse exame, dizia que ele 
é “gratuíto” (acento colocado para mostrar a pronúncia 
errada do locutor). A ideia foi ótima, pois esclarece a 
opinião pública da necessidade de levar os bebês para fazer 
o teste. O que não foi bom foi a falta de respeito pela nossa 
sofrida língua portuguesa. Já imaginaram se a televisão fosse 
mais atenta, quantas pessoas poderiam aprender que a palavra 
é gratuito (túi), gratuitamente?
Desobediência
“As crianças pulavam na 
sala. Mandei-as sentarem, 
mas continuaram pulando.”
Assim, ninguém merece ser 
obedecido.
Observe: Quando depois do 
verbo principal (mandei) 
houver um pronome oblíquo 
(as) use o infinitivo no 
singular.
Período correto: As crianças 
pulavam na sala. Mandei-as 
sentar, mas continuaram 
pulando.
Estrada difícil
“O rapaz enfrentou uma enorme serração, na serra de 
Teresópolis, ao voltar para o Rio de Janeiro.”
Coitado! Deve ter “cortado um dobrado”, pois “serração” vem 
de serra (verbo serrar, cortar), o que não dá sentido à frase. A 
palavra adequada é cerração (com c), do verbo cerrar (fechar).
Frase correta: O rapaz enfrentou uma enorme cerração, na serra 
de Teresópolis, ao voltar para o Rio de Janeiro.
8181
224
225225
Relendo Machado
“É minha opinião que não se 
deve dizer mal de ninguém, 
e ainda mesmo da polícia. 
A polícia é uma instituição 
necessária à ordem e à vida 
de uma cidade.” (Machado de 
Assis – A Semana II – 1896)
Benjamin Constant: escola de ou para 
cegos?
Um candidato à presidência da República, no Rio, foi inquirido se, 
eleito, daria um bom aumento de salário aos professores do Instituto 
Benjamin Constant, órgão do Governo Federal.
Esse candidato, na frente dos presentes, perguntou, assustado, a um 
assessor: “O que é isso?”
Foi-lhe dada a resposta:
“É uma escola de cegos.”
Pergunta-se: de cegos ou para cegos?
É claro que a resposta é a segunda afirmativa. E que isso não impeça 
o aumento.
Você precisa saber
As expressões em frente de 
e defronte de são sinônimas, 
isto é, ambas significam diante 
de,frente a frente. Exemplo: 
“Parei o carro em frente do (ou 
defronte do) mercado.”
�
Ajuda desnecessária
“A filha veio ajudar-lhe a fazer a limpeza da casa.”
Não precisava.
O verbo ajudar, no sentido de prestar ajuda, é transitivo direto, seu 
complemento, objeto direto, não precisa de preposição, e, no caso 
de pronome oblíquo, não se usa o “lhe” e sim o/a.
Frase correta: A filha veio ajudá-la a fazer a limpeza da casa.
226226
Mudança de vida
Num capitulo da novela Esperança, a lindíssima atriz Ana Paula 
Arósio, encarnando a personagem Camille, no dia seguinte à sua 
chegada ao cortiço para viver com o marido, confessou à Nina: 
“Estou meia perdida.”
Se ela estava “meia perdida” não conseguiria se adaptar à pobreza 
do lugar.
A moça deveria ter dito: Estou meio perdida, pois meio é advérbio, 
portanto, palavra invariável.
Curiosidade
A palavra pigérrimo existe, sim. É o superlativo absoluto sintético do 
adjetivo preguiçoso.
Noivo atrasado
“Deu oito horas e o 
noivo da jovem não 
chegou.”
Acredito que o rapaz 
não virá. Ao contrário 
dos verbos fazer e 
haver, que não variam 
quando indicam tempo, 
o verbo dar concorda 
com o número de horas, 
a menos que se use a 
palavra relógio como 
sujeito (O relógio deu 
oito horas).
Período correto: Deram 
oito horas e o noivo da 
jovem não chegou.
Sem conhecimento
“A adolescente disse para o 
rapaz que não lhe conhecia.”
É verdade! Escrito assim é 
impossível.
É um erro muito comum a troca 
do pronome o (e variações) por 
lhe. Devemos ter em mente 
que o pronome oblíquo o deve 
ser usado como objeto direto 
(conheço-o) e o lhe como objeto 
indireto. Tudo depende da 
regência do verbo.
Período correto: A adolescente 
disse para o rapaz que não o 
conhecia.
227
Os responsáveis pela programação de um canal de 
televisão deveriam se preocupar com mensagens também 
positivas, haja vista a penetração e o envolvimento desse 
meio de comunicação com o povo em geral. Parabéns ao 
autor do texto da novela Desejos de Mulher quando colocou 
Renato, personagem do excelente ator Cássio Gabus Mendes, 
incentivando o filho adolescente a ler Machado de Assis. Um 
exemplo a ser seguido.
Relendo Machado
“Tantas pessoas têm já visto o bacilo vírgula e toda a mais 
pontuação bacilar, que não se me dá dizer que o vi também. Um 
homem capaz não pode existir sem ter visto, uma vez que seja, 
essa extraordinária criatura. Quero crer que todas essas vírgulas 
que vou deitando entre as orações, não são mais que bacilos, já 
sem veneno, temperando assim a patologia com a ortografia – ou 
vice-versa.” (Machado de Assis – A Semana I – 1894)
Estudo errado
“O rapaz estudou tanto à noite que 
ficou com olheira.” Ninguém fica 
com “olheira”, porque estudou. A 
palavra “olheira” não existe, ela só 
deve ser usada no plural: olheiras.
Período correto: O rapaz estudou 
tanto à noite que ficou com 
olheiras.
x x x
8282
227
Contra o povo
Na excelente novela Porto dos Milagres, veiculada pela Tv Globo, a 
vice-prefeita Epifânia, personagem representada pela atriz Cláudia 
Alencar, que exerceu o cargo de prefeita durante a viagem de félix 
a Salvador, resolveu fazer bonito, dizendo: “ Quero ir de encontro 
às necessidades do povo”. Coitado do povo! Se a prefeita fosse 
“de encontro às necessidades do povo” não teria conseguido a 
simpatia das pessoas. Bateria feio: Observe a diferença:
de encontro à - contra / ao encontro de – a favor
Frase correta: Quero ir ao encontro das necessidades do povo.
228228
Coração de estudante
Num capítulo da novela, o Prefeito da cidade, querendo incentivar o 
então futuro genro a ingressar na carreira política, disse: “Eu ensino 
você.” Neste caso, o verbo ensinar é transitivo indireto, isto é, seu 
complemento pede preposição ou pronome oblíquo. O sogro deveria 
ter falado: Eu ensino a você ou Eu lhe ensino. Está ensinado?
Desanimação
A grande atriz Glória Pires, 
que tão bem interpretou 
o papel de Júlia na novela 
Desejos de mulher, falou 
para o Chico: “Vamos se 
animar?” Fica difícil! A 
forma verbal vamos (1a 
pessoa do plural) exige 
também o pronome 
pessoal do caso oblíquo 
da 1a pessoa do plural: 
nos. Júlia deveria ter dito: 
Vamos nos animar?
Curiosidades
Usam-se os termos:
Apócrifo – para os textos que não se 
conhece o autor.
Ateu – para aquele que não acredita 
em Deus.
Agnóstico – para aquele que não 
acredita em nada.
Escrevendo corretamente
Palavras com s com som de z:
casado – mausoléu – pêsames
Observe: o s entre duas vogais tem 
som de z.
Você precisa saber
 Os adjetivos bom, mau, grande e pequeno apresentam os 
graus superlativo e comparativo de forma especial, daí ótimo, 
péssimo, máximo e mínimo (superlativo absoluto sintético das 
palavras acima) e melhor, pior, maior e menor (comparativo de 
superioridade).
 Nem para dar ênfase use a forma verbal há (verbo haver), no 
sentido de tempo, com atrás, logo a frase: “Há vinte anos atrás” 
é redundante, isto é, repetição desnecessária. Você deve dizer: 
vinte anos ou Vinte anos atrás.
Mantenha a calma
Rubinho Barrichelo, depois de obter um 2o lugar no GP da Inglaterra: 
“Se você não manter a calma, acaba se dando mal.”
Quando ele acertar no verbo, talvez consiga chegar ao alto do 
pódio. Nosso bom piloto deveria ter dito: Se você não mantiver a 
calma acabará se dando mal (no futuro). Ou, então: Se você não 
mantém a calma acaba se dando mal (no presente).
229
Em 2002 comemorou-se os 80 anos da Semana de Arte 
Moderna – um festival que aconteceu em São Paulo, em 
1922 – que marcou o movimento de renovação da cultura 
brasileira. Mário de Andrade e Graça Aranha (escritores), 
Anita Malfatti e Di Cavalcanti (pintores), Ronald de Carvalho 
e Guilherme de Almeida (poetas) e Villa-Lobos (músico) foram, 
entre outros, os principais mentores do movimento. Registramos, 
aqui, a nossa homenagem aos responsáveis pelas novas propostas 
para a arte e sua função social na vida dos brasileiros.
Doença 
maldita
“Há muitos doentes 
graves em decorrência 
da epidemia de dengue 
que assola o nosso 
estado.”
Que tristeza! Os doentes 
não são graves e sim 
o estado deles é que é 
grave.
Período correto: Há 
muitos doentes em 
estado grave em 
decorrência da epidemia 
de dengue que assola o 
nosso estado.
Relembrando a semana de arte moderna
“Que importa que o homem amarelo ou a paisagem louca, ou o 
gênio angustiado, não sejam o que se chama convencionalmente 
reais? O que nos interessa é a emoção que nos vem daquelas cores 
intensas e surpreendentes, daquelas formas estranhas inspiradoras 
de imagens que nos traduzem o sentimento patético ou satírico do 
artista.” (Graça Aranha – Conferência de inauguração da Semana 
de Arte Moderna – Teatro Municipal, 13/02/1922 – São Paulo)
8383
229
G
Sem abrangência
“José procurou fazer uma pesquisa 
abranjente sobre a epidemia de 
dengue.”
Não conseguiu! Não é possível fazer 
uma pesquisa “abranjente”, pois esta 
palavra está escrita erradamente. A 
palavra correta é abrangente (com g).
Frase correta: José procurou fazer 
uma pesquisa abrangente sobre a 
epidemia de dengue.
230
Um pouco de incompreensão
“O rapaz não foi compreensível com a irmã quando ela brigou com 
o namorado.”\ Coitada da moça! Ela estava precisando de apoio.
Observe:
compreensivo – quem tem a capacidade de compreender.
compreensível – aquilo ou aquele que pode ser compreendido.
Período correto: O rapaz não foi compreensivo com a irmã quando 
ela brigou com o namorado.
Curiosidade
A locução adjetiva 
(duas ou mais 
palavras com valor 
de adjetivo) garra 
aquilina significa 
garra de águia.
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Implicância?
Claro que não! Ser bom motorista 
implica conhecer as normas de trânsito.
Perfeito! O verbo implicar, no sentido 
de envolver ou ter como consequência, 
é transitivo direto, isto implica dizer 
que ele não aceita a preposição “em”, 
ou seja, isto implica aquilo e não 
“naquilo”.
Uma questão de pronúncia
A Directv (TV por satélite) anunciou no canal 
509 (TNT): “Aqui você vê os melhores róstos 
(acento colocado para mostrar a pronúncia 
errada)do mundo do cinema.” Só pode 
falar assim quem for muito cara de pau...
A primeira sílaba da palavra rostos é 
fechada.
Bom princípio
Principiou a escrever o 
livro ontem de manhã.
Ótimo! O verbo 
principiar antes de 
verbo no infinitivo 
(escrever) exige 
preposição, sendo a 
mais frequente o a 
(a escrever) e mais 
raramente o por ou o de.
Antes de andar
“O bebê começou a gatinhar, vivia o dia inteiro no chão.”
Viver de gatinhas, tudo bem! “Gatinhar”? Esse verbo não existe.
O verbo é engatinhar, que significa andar com as mãos pelo chão.
Período correto: O bebê começou a engatinhar, vivia o dia inteiro 
no chão.
231
Qualquer pessoa que ligar para NET(TV a cabo) ficará 
muito tempo aguardando, apesar da informação que 
a espera será em torno de um minuto. Ouve-se a mesma 
mensagem dezenas de vezes e o pior: fica-se sabendo que 
farão “ações relâmpagos”. Explicada a demora, não? Nas 
palavras compostas de dois substantivos, quando o segundo 
limita ou explica o significado do primeiro, só este é pluralizado 
(ações relâmpago). É o caso também de cavalo-vapor/cavalos-
vapor, caneta-tinteiro/canetas-tinteiro, etc.
Corrida inútil
“O rapaz vive correndo atrás do prejuízo, mas sua vida continua 
difícil.” E continuará difícil por muito tempo ainda.
Não se deve “correr atrás do prejuízo”. Quem vai querer “pegar” 
o prejuízo? Deve-se correr atrás do lucro, para acabar com o 
prejuízo. Prefira dizer ou escrever: O rapaz vive correndo atrás do 
lucro, mas sua vida continua difícil.
Tenor na área
“O tenor cantou uma área da 
ópera Aída, mas não foi muito 
aplaudido.”
Não podia ser diferente. A 
palavra “área” atrapalhou a 
apresentação do artista.
Observe:
Área – superfície
Ária – peça de música para 
uma só voz
Recordando: As palavras 
área e ária são homônimas 
homófonas, isto é, têm 
pronúncia igual, mas grafia e 
sentido diferentes.
Período correto: O tenor cantou 
uma ária da ópera Aída, mas 
não foi muito aplaudido.
8484
231
232
Conhecendo nossos escritores
Luís Carlos Martins Pena (1815/1848) era carioca. Desde cedo 
demonstrou vocação artística. Aprendeu pintura, escultura e 
arquitetura na Escola Imperial de Belas Artes. Falava fluentemente 
o francês, o inglês e o italiano. Deixou-nos 26 peças teatrais (20 
comédias e 6 dramas). Faleceu quando voltava ao Brasil, sendo 
sepultado em Lisboa.
Principais obras: O juiz de paz da roça (comédia); Os irmãos 
das almas (comédia); O cigano (drama); O noviço (comédia) e O 
caixeiro da taverna (comédia).
Lendo Martins Pena
“No mundo a fortuna é para quem sabe adquiri-la. Pintam-na 
cega... Que simplicidade! Cego é aquele que não tem inteligência 
para vê-la e a alcançar. Todo homem pode ser rico, se atinar com 
o verdadeiro caminho da fortuna. Vontade forte, perseverança e 
pertinácia são poderosos auxiliares.” (primeira fala do personagem 
Ambrósio da peça O noviço – Martins Pena)
Goleada
“O rapaz foi assistir o jogo do 
América e o time perdeu.”
O time deu azar? Não! O 
complemento do verbo assistir 
é que foi o culpado. Este verbo, 
no sentido de presenciar, é 
transitivo indireto, isto é, seu 
complemento (objeto indireto) 
precisa de preposição.
Período correto: O rapaz foi 
assistir ao jogo do América e o 
time perdeu.
Aliás, como torcedor do AFC, 
gostaria que ele parasse de 
perder.
Grande perda
“O América perdeu do 
Flamengo com o resultado de 
3x0.”
Vermos nosso time perder é 
triste, mas pelo menos vamos 
ganhar na língua portuguesa: 
prefira perder para e não 
“de”.
Frase correta: O América 
perdeu para o Flamengo com 
o resultado de 3x0.
K 
K 
K 
K
232
z z z
233233
Plural de diminutivo
O plural do substantivo diminutivo pastelzinho é pasteizinhos e não 
“pastelzinhos”.
O plural dos diminutivos é assim:
1) faz-se o plural do substantivo na forma normal – pastéis
2) corta-se o s – pastei
3) Coloca-se o sufixo zinhos – pasteizinhos (sem acento, pois não 
há na palavra qualquer razão para o acento).
Nada inocente
Márcio Garcia, que comandava muito bem o programa Gente 
Inocente, disse num domingo:
“Acabou as férias!”
O eterno problema da concordância verbal. Quando conseguiremos 
a concordância daqueles que entram nas nossas casas através da 
TV, sobre a importância de falar corretamente a língua portuguesa?
O verbo desta frase (acabou) precisa concordar com o sujeito (as 
férias).
O apresentador deveria ter dito: — Acabaram as férias!
Curiosidade
Redondilhas são versos 
de cinco ou sete sílabas 
poéticas, sendo estes 
chamados de redondilha 
maior e aqueles de 
redondilha menor.
? ? ?/ / /
Você precisa saber
Alguns verbos que têm duplo 
particípio:
acender – acendido – aceso
eleger – elegido – eleito
exaurir – exaurido – exausto
isentar – isentado – isento
romper – rompido – roto
234
O programa Fantástico, da TV Globo, que entra em 
nossas casas todos os domingos, apresenta um quadro 
muito interessante: “Me leva Brasil”, comandado por 
Maurício Kubrusly. Entretanto, o pronome pessoal do caso 
oblíquo me começando a frase é lamentável. Concordo: 
escrever Leva-me Brasil, que seria o correto, ficaria muito 
esquisito. Falar tudo bem, mas deixar escrito é péssimo. Que 
tal arranjar outro título? Imaginação não falta.
234
8585
Falta de respeito
“As pessoas fizeram tanto borborinho dentro da igreja que até o 
padre lhes chamou atenção.”
As pessoas erraram duplamente:
1o) Igreja é um lugar de respeito, não de falatórios.
2o) A palavra que demonstra o som confuso causado pelas 
pessoas é burburinho, pois o vocábulo “borborinho” não 
existe.
Período correto: As 
pessoas fizeram tanto 
burburinho dentro da 
igreja que até o padre 
lhes chamou atenção.
Curiosidade
O adjetivo pátrio ludovicenses denomina as pessoas naturais, 
isto é, nascidas em São Luís, capital do Maranhão. Por quê? 
Porque Luís veio de Ludovico – Ludwig (germânico) e quem 
nascesse em S. Ludovico seria ludovicense e, assim, também 
quem nasce em S. Luís.
235235
Relendo José de 
Alencar
“Seus olhos já não têm aqueles 
fulvos lampejos, que despedem 
nos salões, e que, a igual do 
mormaço, crestam. Nos lábios, 
em vez de cáustico sorriso, 
borbulha agora a flor d’alma a 
rever os íntimos enlevos.” (José 
de Alencar – do romance Senhora 
– pág. 16/Coleção Livros – O 
Globo)
Entendendo José 
de Alencar
Fulvos lampejos – 
amarelados (fulvos) clarões, 
brilhos, centelhas (lampejos)
Crestam – queimam de leve, 
tostam
Cáustico sorriso – irônico, 
mordaz sorriso
Enlevos – encantos
Conhecendo nossos escritores
José Martiniano de Alencar (1829/1877) nasceu na cidade de 
Mecejana, no Ceará. Desde cedo aprendeu a gostar de ler, a sós 
ou em voz alta nos serões familiares, quando através dos mais 
diferentes tipos de textos desenvolveu mais a sua imaginação, já 
sendo ele por natureza uma pessoa imaginativa, sentimentalista 
e taciturna. Desde os 13 anos já se dedicava à narrativa histórica, 
sempre se aplicando em aumentar a sua cultura literária. Leu 
sempre os grandes autores estrangeiros, os romances famosos, 
os historiadores, os cronistas brasileiros, etc. Concluído o curso 
jurídico, em Olinda / PE, fixou residência no Rio de Janeiro onde 
passou a exercer a advocacia e a escrever para a imprensa. A partir 
de 1851 começou a fase mais intensa da produção intelectual de José 
de Alencar. Teve participação na política nacional como deputado-
geral pelo Ceará e Ministro da Justiça. Em 1857 publicou O Guarani, 
romance histórico que obteve grande sucesso e popularidade àquela 
época e sempre. Outras obras do escritor: Cinco minutos (1860); 
Lucíola (1862); A pata da gazela (1870); Senhora (1875).
236
Casa dos Artistas III
Sílvio Santos referindo-se a vaca 
Paloma, que vivia na Casa dos 
Artistas disse que ela estava “meia 
murcha”. Meia é sinônimo de 
metade.
Será que somente metade do 
animal estava triste?
O apresentador deveria ter dito: 
meio murcha, pois a palavra meio, 
gramaticalmente classificada, é 
advérbio, logo invariável.
Fã de Timóteo desliza
Quando a moça saiu da Casa dos Artistas III, falou ao Sílvio Santos 
sobre o seu sucesso, depoisde ter participado do programa:
“Um rol de oportunidade que se abriram.”
O verbo (abrir) deveria ter concordado com a expressão rol de 
oportunidade, isto é, ficar no singular: Um rol de oportunidade que 
se abriu.
Fale, Luísa Ambiel
A linda moça, que foi atração na banheira do Gugu, e na Casa dos 
Artistas III. São dela as seguintes observações:
1 – Alguns artistas “fala”...
Luísa esqueceu que o verbo deve, obrigatoriamente, concordar com 
o sujeito.
Correto: Alguns artistas falam...
2 – Referindo-se a uma observação de outra participante da Casa, 
Carola, perguntou: Por que a boca dela é melhor que a do Sérgio?
Deve-se evitar a cacofonia, isto é, o som desagradável (cadela) 
proveniente da união das sílabas finais de uma palavra com as 
iniciais da seguinte.
Você precisa saber
A palavra cônjuge é um 
substantivo sobrecomum, 
isto é, nome que tem somente 
um gênero, para determinar 
pessoa do sexo masculino e 
feminino. Portanto, diga e 
escreva sempre: o cônjuge, 
tanto para o marido quanto 
para a esposa. Não existe “a 
cônjugue”.
237
A veneração dos heróis e o respeito aos símbolos da 
nossa história parece que se encontram em pleno declínio, 
não se sabe exatamente com que vantagem. A televisão 
aberta tem colaborado (e muito) para que isso aconteça, 
quando o ideal é que fizesse exatamente o contrário. Por que 
não tentar reverter essa situação, a partir mesmo do processo de 
valorização da nossa língua e da nossa literatura?
Cegueira
“Geralda vive falando mal dos outros, mas não encherga os seus 
próprios defeitos.”
Além de faladeira, quem não “encherga” deve ser cega. O verbo é 
enxergar (com x).
Período correto: Geralda vive falando mal dos outros, mas não 
enxerga os seus próprios defeitos.
Jogo de xadrez
“O rapaz colocou o rei do adversário em xeque, movendo o seu 
próprio pião.”
Será que conseguiu ganhar o jogo? Não acredito! Não existe “pião” 
no jogo de xadrez. Observe:
pião – brinquedo
peão – peça do jogo de xadrez / trabalhador (peão de obra).
Período correto: O rapaz colocou o rei do adversário em xeque, 
movendo o seu próprio peão.
8686
237
238238
Você precisa saber
A forma verbal tenho sido amado é um tempo composto 
(pretérito perfeito composto do indicativo) da voz passiva 
e é formado pelos verbos auxiliares ter ou haver (tenho ou 
hei) + o verbo ser no particípio (sido) + particípio do verbo 
principal (amado).
Situação difícil
“A vida de Paulo está cada vez pior e o rapaz quer reverter essa 
situação.”
Não vai conseguir melhorar de vida. O verbo reverter está mal 
empregado. Ele deveria ter usado o verbo inverter.
Observe:
reverter – voltar ao ponto de partida.
inverter – virar em sentido contrário.
Período correto: A vida de Paulo está cada vez pior e o rapaz quer 
inverter essa situação.
Muito tempo
“Devem fazer vinte anos que minha mãe vive fora do Brasil.”
Escrito assim não dá para acreditar.
O verbo fazer quando designa tempo é impessoal, isto é, não 
há sujeito na oração, logo fica invariável, devendo ser usado no 
singular.
O mesmo deve acontecer quando o verbo fazer estiver junto com 
outro verbo, desempenhando o papel de um só verbo, formando o 
que se chama de locução verbal (verbo dever é o auxiliar e o verbo 
fazer o principal).
Neste caso os dois verbos devem ficar no singular.
Período correto: Deve fazer vinte anos que minha mãe vive fora do 
Brasil.
U
239239
Telefonema esperado
Antônio falou para a namorada: “Estou no aguardo de seu 
telefonema.”
Pode ser que a moça desista de ligar.
Prefira usar a forma aguardando e não “no aguardo”.
Período correto: Antônio falou para a namorada: “Estou 
aguardando seu telefonema.”
Recordando: a palavra telefonema é masculina (o telefonema / um 
telefonema).
Curiosidade
Antero de Quental (1842/1891), 
poeta português do século XIX, 
apesar de herdeiro de grande 
fortuna, que lhe permitiu viver 
dos rendimentos, foi acometido 
de psicose maníaco-depressiva, 
que o levou ao suicídio. Suas 
principais obras: a 1a edição dos 
Sonetos de Antero (1861); Odes 
modernas (1865) e Primaveras 
românticas (1872).
Lendo Quental
“Na mão de Deus, na Sua 
mão direita,
Descansou afinal meu 
coração.
Do palácio encantado da 
ilusão
Desci a passo e passo a 
escada estreita.”
(Antero de Quental – do 
soneto Na mão de Deus)
j
Sem qualidade
“A moça foi convidada 
para um coquitel, mas 
não gostou do que foi 
servido.”
Nem poderia gostar! 
Num “coquitel” o 
serviço jamais seria 
bom, pois essa palavra 
não existe.
Período correto: A 
moça foi convidada 
para um coquetel, mas 
não gostou do que foi 
servido.
Fala inútil
A mãe disse à filha adolescente, que fala 
ao telefone durante muito tempo: “Isto é 
desperdício de dinheiro.”
Assim, a menina não lhe dará ouvidos.
Observe:
desperdiço – é a 1apessoa do singular 
do presente do indicativo do verbo 
desperdiçar.
desperdício – substantivo – ato ou efeito 
de desperdiçar, esbanjamento.
Período correto: A mãe disse à filha 
adolescente, que fala ao telefone durante 
muito tempo. “Isto é desperdício de 
dinheiro.”
240
O meu amigo Ernane Galvêas é um estudioso da 
educação brasileira, a par de ser o economista 
consagrado e por todos admirado. Ele me recomendou a 
leitura do livro História da educação no Brasil, de Otaíza 
de Oliveira Romanelli (Editora Vozes), o que fiz com muito 
prazer. Deu para perceber, nele, uma grande preocupação 
com o que a antiga lei brasileira chamava de “Comunicação e 
Expressão”, hoje “Códigos e Linguagens”.
Preferência duvidosa
“Prefiro mil vezes mais pizza 
calabresa.”
Duvido! Quem prefere alguma 
coisa não precisa dizer “prefiro 
mais”, “mil vezes” ou “prefiro 
mil vezes mais”. A ideia de 
superioridade já está contida no 
verbo preferir.
Frase correta: Prefiro pizza 
calabresa.
Ortografia
Ele é adepto da meditação transcendental.
São muitos n? Não importa, é a grafia correta.
Recordando: a palavra ortografia significa escrever 
corretamente os vocábulos, logo não se deve dizer “ortografia 
correta”, pois seria uma redundância.
Violência
A maioria das autoridades policiais lutam contra a violência 
urbana ou A maioria das autoridades policiais luta contra a 
violência urbana? Tanto faz! O que importa é lutar até acabar 
ou diminuir, consideravelmente, esse grande problema social.
Observe: Os chamados coletivos partitivos (expressões que 
designam parte de um todo) como a maioria, a maior parte 
de, etc., admitem as duas concordâncias, isto é, o verbo pode 
aparecer tanto no plural quanto no singular. Entretanto, a 
segunda forma soa melhor aos nossos ouvidos.
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Fratura do fêmur
“O rapaz sofreu uma fratura femural em decorrência do acidente de 
moto.”
Coitado! Uma fratura “femural” deve doer muito mais.
Apesar do substantivo fêmur (osso da coxa) ser escrito com u, o 
adjetivo relativo a fêmur é femoral (com o).
Frase correta: O rapaz sofreu uma fratura femoral em decorrência do 
acidente de moto.
Curiosidade
Não se deve escrever “e, etc.” 
porque etc. é uma abreviatura 
da expressão latina et coetera, 
que quer dizer: e outras 
coisas. Escrevendo assim fica 
“e e outras coisas” (repetição 
desnecessária).
Casamento duvidoso
“Falta seis meses para o casamento de Maria.”
Assim, é capaz de não haver casamento.
Como o verbo (faltar) vem antes do sujeito, dá a impressão que 
não varia. Entretanto, o verbo faltar é regular e como tal deve ser 
flexionado normalmente.
Frase correta: Faltam seis meses para o casamento de Maria.
Relendo 
Machado
“A poesia, meus amigos, 
está em tudo. Na guerra 
como no amor.” (Machado 
de Assis – A Semana 
I/1896)
b
Injustiça
“Joana ficou ofendida ao ouvir tantos opróbios do namorado.”
Escrevendo assim, a moça ficou uma “fera”. A palavra “opróbio” 
não existe. O vocábulo correto é opróbrio (injúria, desonra).
Período correto: Joana ficou ofendida ao ouvir tantos opróbrios do 
namorado.
Você precisa saber
Use sempre letra maiúscula quando escrever os nomes das regiões 
brasileiras: Norte, Nordeste, Sul, etc.
Vivemos na Região Sudeste.
242
Quando estive em Cuiabá, visitando o governadorDante de Oliveira, dele recebi como presente o livro 
As construtoras da nação: professoras primárias na 
Primeira República. Um belíssimo estudo da especialista 
Lúcia Muller, que fez doutorado na UFRJ, demonstrando 
largamente o sacrifício e a dedicação dos mestres à escola 
pública, desde os primeiros tempos do século passado. E 
como foram amorosas no trato da língua portuguesa.
Perigo
“Pedro tomou o remédio 
em demasia porque não 
usou o conta-gota.”
Não adiantaria ele 
usar o “conta-gota”. O 
substantivo composto 
correto é conta-gotas. A 
nossa língua só admite 
conta-gotas, tanto para 
o singular quanto para o 
plural.
Curiosidade
A palavra espuriedade é um substantivo derivado que 
determina a qualidade de espúrio (suposto, hipotético, 
adulterado, modificado, ilegítimo).
Dinheiro fácil
“José recorreu ao amigo quando ficou sem dinheiro.”
Perfeito! Certamente, o amigo emprestou dinheiro a José porque 
ele não agrediu a língua portuguesa.
Observe: o verbo recorrer, no sentido de pedir ajuda, deve ser 
acompanhado da preposição a: recorrer a (recorreu ao amigo).
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242
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Conhecendo nossos escritores
Mário de Andrade Quintana (1906/1994) – Gaúcho, da cidade 
de Alegrete, estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, mas não 
terminou o curso. Foi poeta, contista, cronista, jornalista e tradutor. 
Seu primeiro livro publicado foi A rua dos cataventos (1940), uma 
coletânea de sonetos. Recebeu inúmeros prêmios literários, inclusive o 
Prêmio Machado de Assis, da ABL (1980). Faleceu em Porto Alegre.
Principais obras: Canções (1945); Sapato florido (1947); Poesias (1961); 
Na volta da esquina (1979); Esconderijo do tempo (1980) e Baú dos 
espantos (1987), entre outros.
Sucessão
“José sucedeu o antigo chefe 
do departamento financeiro da 
empresa na qual trabalha.”
Não vai dar certo! O verbo 
suceder no sentido de substituir 
é transitivo indireto, logo seu 
complemento exige preposição, 
não sendo adequada a forma “o 
antigo chefe”.
Período correto: José sucedeu ao 
antigo chefe do departamento 
financeiro da empresa na qual 
trabalha.
Sucesso verdadeiro?
“O sucesso nos estudos implica 
em dedicação e persistência.”
Assim, não dá para acreditar.
O verbo implicar no sentido 
de acarretar, pressupor, 
trazer como consequência, 
é transitivo direto, isto é, 
não é recomendável o uso da 
preposição em, nem qualquer 
outra.
Frase correta: O sucesso nos 
estudos implica dedicação e 
persistência.
“Talherar”
Num conhecido restaurante do Rio de Janeiro, o freguês pediu uma 
faca ao garçom. Resposta:
“Tenha calma! Só vamos talherar a sua mesa depois do pedido.”
“Talherar?” O freguês, certamente, não teve seu pedido atendido, 
pois esse verbo não existe, isto é, não consta do Vocabulário 
Ortográfico da Língua Portuguesa da ABL, nem de qualquer 
dicionário.
Já pensaram se a moda pega?
F
Lembrando Quintana
“O passado nunca conhece o seu lugar. O passado está sempre 
presente.” (Mário Quintana)
244
Cada vez é maior o número de pessoas que fica mais 
tempo diante da televisão. Numa cidade francesa 
(Cannes), realiza-se todo ano o Mercado Internacional 
de Programas de Televisão, resultando a apresentação do 
estudo para medir a audiência televisiva. No continente 
americano, o Brasil ocupa o 3o lugar, os Estados Unidos 
ficaram em primeiro, sendo o segundo lugar dado ao México. 
Aqui, a assistência média nacional de TV, por pessoa, é de 3h 
49min, diariamente. Já pensaram na responsabilidade daqueles 
que fazem a nossa televisão?
Sem fome
“Precisam-se de colaborações 
para acabar com a fome.”
O problema é sério, mas a 
concordância verbal, agredindo 
a língua portuguesa, também é 
um problema sério. A partícula 
se não é pronome apassivador, 
isto é, não há voz passiva e, 
sim, indeterminação do sujeito: 
Quem precisa de colaborações? 
Alguém. De colaborações (no 
plural) é objeto indireto e não 
sujeito, logo o verbo fica no 
singular.
Período correto: Precisa-se de 
colaborações para acabar com 
a fome.
Negócio demorado
“Aluga-se casas, na Região dos Lagos, para a temporada de 
verão.” Garanto que o locador não conseguirá alugar essas 
casas. A concordância verbal está errada. O sujeito (casas) no 
plural exige, também, o verbo no plural (alugam). A partícula 
se (aluga-se) mostra a voz passiva: casas são alugadas.
Frase correta: Alugam-se casas, na Região dos Lagos, para a 
temporada de verão.
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Você precisa saber
A nomenclatura sujeito indeterminado é assim nomeado em todas 
as gramáticas, quando não se sabe determinar o sujeito de uma 
oração. Há duas maneiras de se indeterminar o sujeito: 1o – verbo na 
3a pessoa (singular ou plural) – Dizem que você não gosta mais de 
mim; 2o – o pronome se junto ao verbo – Vive-se mal sem saúde.
Inválido
“Não valhes o que comes!”
Nem o que escreves! Não existe a forma verbal “valhes” do verbo 
valer, que é irregular.
Não vale escrever a 2a pessoa do singular do presente do indicativo 
do verbo valer com lh.
Recordando o presente do indicativo: valho / vales / vale / valemos 
/ valeis / valem.
Período correto: Não vales o que comes!
Sem medo
“As plantas medraram no solo fértil.”
Perfeito! Não pense que as plantas tiveram medo do chão.
Nesta frase, o verbo medrar significa crescer, vingar, entretanto, 
este verbo também pode significar ter medo (Ele medrou (teve 
medo) quando foi assaltado por três homens).
Relendo Machado
“O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede. 
Conheço um que já devorou três gerações da minha família.” 
(Machado de Assis)
6
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O clone
Na novela das 8, que fez muito sucesso, Deusa, a mãe do Leo, 
repreendendo o filho que passara a noite fora de casa: “Você está 
querendo deixar a gente nervoso.”
Que perigo! Uma clonagem errada da língua portuguesa?
A palavra nervoso é um adjetivo (masculino) que tem que concordar 
com o substantivo gente (feminino).
A mãe do clone deveria ter dito: Você está querendo deixar a gente 
nervosa.
Mau começo
No primeiro capítulo da novela Desejos de mulher, veiculada pela 
TV Globo, apareceu, escrito na telinha: “Segunda-feira 22 hs”, “No 
mesmo dia 8:40 hs.”
Por que imitar o povo americano que registra as horas, usando dois 
pontos para separar os minutos?
Por que colocar hs? Esta abreviatura não existe.
Aqui no Brasil é assim: 22h / 8h40min.
Como contribuir?
“Os bons cidadãos devem contribuir com o crescimento do país.”
Escrevendo assim, a contribuição é dispensada.
Observe:
contribuir com – expressar o valor, diz o tipo de ajuda: (O cidadão 
contribuiu com cem reais para o orfanato).
contribuir para – cooperar, ajudar, colaborar.
Frase correta: Os bons cidadãos devem contribuir para o crescimento 
do país.
247
O sucesso das Escolas de Samba, no Carnaval brasileiro, é 
incontestável. No Rio de Janeiro, milhares de pessoas foram 
ao Sambódromo para torcer por suas escolas preferidas. Em 
2002, fiquei muito feliz com os temas escolhidos, pois além 
de homenagearem coisas nossas, a Unidos da Tijuca trouxe 
um enredo que, particularmente, me encantou: “O Sol brilha 
eternamente sobre o mundo de Língua Portuguesa.”
Unidos da Tijuca
Ao relembrar os Países cujos povos falam a nossa língua, a escola 
ressaltou, inclusive, a luta do Timor Leste “pela liberdade de 
expressão”. O samba-enredo deixou uma lição para todos nós, 
no belíssimo verso: “A minha língua é minha Pátria, é minha fé!” 
Parabéns aos autores: Haroldo Pereira, Valtinho Júnior e Wantuir, 
este também o intérprete.
Vencedora
A Estação-Primeira, a nossa 
querida Mangueira, mereceu 
o primeiro lugar daquele 
carnaval. Fez um belíssimo 
desfile com um tema que lavou 
a nossa alma: “Brazil com z 
é pra cabra da peste. Brasil 
com s é Nação do Nordeste”. 
Ousamos completar: Chega 
de escreverem Brasil com z no 
exterior. Brasil é sempre com s.
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247
Salgueiro
Nosso povo precisa 
retomar a esperança 
que consagrou o 
temperamento alegre do 
brasileiro. O Salgueiro, 
com sua bateria 
iluminada, cantou o 
samba-enredo: “Asas de 
um sonho. Viajando com o 
Salgueiro, o orgulhode ser 
brasileiro.”
248248
Império Serrano
O samba-enredo Aclamação 
e Coroação do Imperador 
da Pedra do Reino: Ariano 
Suassuna fez justiça ao 
homenagear o nosso 
grande escritor e membro 
da Academia Brasileira de 
Letras. Suassuna é o autor de 
O auto da compadecida e de 
O santo e a porca, peças de 
muito sucesso.
Curiosidades carnavalescas
A origem do vocábulo carnaval é duvidosa, segundo Antenor 
Nascentes – “primitivamente designativo da terça-feira gorda, 
tempo a partir do qual a Igreja suprime o uso da carne.” Teria vindo 
do Latim: Carne, vale! (Adeus, carne!) que, modificado, chegou a 
Carnaval.
entrudeiro – é sinônimo de carnavalesco.
entrudo – antigo folguedo carnavalesco, oriundo de Portugal, que 
consistia em lançar água, com limões de cheiro e outros meios, uns 
nos outros.
Você precisa saber
Os numerais que designam o ano não devem ter as classes 
separadas por um ponto nem por intervalo, como acontece com os 
demais. Exemplo: Mais de 2.000 pessoas compuseram as alas da 
Escola-Campeã de 2002.
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Respostas aos leitores
1- Roberto Luís da Silva – Copacabana – Rio
O jornal O Globo está corretíssimo. O plural da 
palavra refrão é refrãos, conforme você leu.
Existe, também, a forma refrães, entretanto não está 
correto, exatamente o plural defendido por você: 
“refrões”, que não existe.
2- Carlos Eduardo Moreira – Tijuca – Rio
A locução é através de. Nunca use somente “através”.
Exemplo: Soube da notícia através de seu telefonema 
e não “através seu telefonema”.
3- Josélia Maria da F. Santino – Belford Roxo/RJ
A forma verbal “reteu” não existe. O verbo reter é 
derivado do verbo ter e deve ser conjugado como 
se fora o próprio verbo ter, logo a forma correta é 
reteve (3a pessoa do singular do pretérito perfeito do 
indicativo)
Recordando: retive / retiveste / reteve / retivemos / 
retivestes / retiveram
250
Em 2008 foi comemorado o centenário de morte 
do grande Machado de Assis. Que tal começarmos a 
homenageá-lo, lendo os seus livros?
Sugerimos que comecem por Dom Casmurro, que conta a 
história de Capitu, personagem tão conhecida e discutida.
Leiam, leiam sempre!
Muita chuva
“Diversos estados brasileiros sofreram as consequências das 
cataclismas.”
As chuvas causaram muitos danos, mas com “as cataclismas”, 
certamente, houve danos, até, na língua portuguesa. Esta 
palavra é um substantivo masculino – cataclismo (inundação, 
dilúvio).
Frase correta: Diversos estados brasileiros sofreram as 
consequências dos cataclismos.
Curiosidade
Antífrase é a 
nomenclatura dada para 
a maneira de se falar, 
usando palavras que têm 
sentido contrário ao que 
realmente se pensa. A 
antífrase pode exprimir 
ironia ou escrúpulo de 
dizer o que se sente.
Exemplo: Aquela moça é 
linda! (ironia – acha-se 
que é feia).
Visão errada
“Ao meu ver, José errou nos cálculos da conta da feira.”
Com certeza! O erro começou na expressão “ao meu ver”. 
Prefira dizer e escrever: a meu ver.
Frase correta: A meu ver, José errou nos cálculos da conta da 
feira.
& & &
9191
250
251251
Mais e melhor
Há mais pessoas más no mundo do que se possa imaginar, mas 
ainda existe muita gente boa.
O período é verdadeiro e o uso das palavras mais, más e mas está 
perfeito.
Observe:
mais – advérbio de intensidade.
más – adjetivo, antônimo de boas.
mas – conjunção coordenativa adversativa que designa oposição.
Você precisa saber
Usar corretamente aonde – onde.
aonde – com verbos que indicam 
movimento. São eles: ir, levar, chegar, 
dirigir-se – Aonde eles irão amanhã?
onde – com ideia de lugar, lugar 
físico – Onde você estuda? Maria foi à 
cidade onde você cresceu.
Mal acabado
O grafite da lapiseira 
acabou e a moça não 
pôde terminar o texto 
que estava escrevendo.
Com “esse grafite”, 
não há lapiseira que 
aguente.
A palavra grafite é 
feminina.
Período correto: A 
grafite da lapiseira 
acabou e a moça não 
pôde terminar o texto 
que estava escrevendo.
Sem condições
“João demonstrou ser inepto para a função que lhe foi confiada na 
empresa.”
Não é verdade! O rapaz pode até não ter a aptidão necessária, mas 
não é um idiota. O termo “inepto” está usado indevidamente.
Observe:
inepto – sem inteligência, idiota.
inapto – falta de aptidão para algo.
Período correto: João demonstrou ser inapto para a função que lhe 
foi confiada na empresa.
h
h
h
Relendo Machado
“O adjetivo é a alma do idioma, a 
sua porção idealista e metafísica. O 
substantivo é a realidade nua e crua, é 
o naturalismo do vocabulário.”
(Machado de Assis – Contos escolhidos 
– Teoria do medalhão)
2 2 2
252
É verdade que existem inúmeras diferenças entre 
a língua portuguesa usada aqui entre nós e aquela 
falada e escrita em Portugal. O Vocabulário Ortográfico 
da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de 
Letras, por exemplo, já registra a palavra mouse, mas 
os portugueses preferem usar o vocábulo rato (tradução 
do inglês mouse). Lá, o telefone celular é conhecido como 
telemóvel e os arquivos são 
ficheiros. O registro vale 
apenas como curiosidade 
– falamos a mesma língua 
– isto é, nada impede que 
nos entendamos muito 
bem com nossos irmãos 
lusitanos.
Erro histórico
“O menino ficou impressionado quando leu que Tiradentes, o 
herói da Inconfidência Mineira, foi decaptado.”
Não poderia ser diferente. Aqui houve uma dupla injustiça: com 
o nosso alferes que não morreu “decaptado” e com a língua 
portuguesa porque não existe o verbo “decaptar”. O verbo 
correto é decapitar (degolar, cortar a cabeça).
Período correto: O menino ficou impressionado quando leu que 
Tiradentes, o herói da Inconfidência Mineira, foi decapitado.
Relendo Pessoa
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser 
nada.
À parte disso, tenho em 
mim todos os sonhos 
do mundo.” (Álvaro de 
Campos – heterônimo de 
Fernando Pessoa – poema 
Tabacaria)
Curiosidade
Fernando Pessoa (1888/1935) 
criou os heterônimos, isto 
é, inventou personagens 
que tinham estilos literários 
diferentes, biografias próprias 
e obra paralela à dele, portanto 
não foram meros pseudônimos. 
Alberto Caiero, Ricardo Reis 
e Álvaro de Campos foram os 
heterônimos mais importantes do 
grande poeta português.
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252
253253
Você precisa saber
Usar porque, por que, porquê e por quê.
Porque (junto e sem acento) é a conjunção subordinativa causal que 
inicia as orações subordinativas adverbiais causais: José não veio 
porque estava doente.
Por que (separado e sem acento)
Nas frases interrogativas diretas ou indiretas: Por que você chorou? 
(interrogação direta); Gostaria de saber por que você chorou 
(interrogação indireta)
Quando é antecedido da palavra razão, motivo ou causa ou quando 
equivale à expressão o motivo pelo qual ou a razão pela qual: Não 
sei a razão por que ele chorou.
Porquê (junto e acentuado) quando for substantivo, sempre 
antecedido dos artigos definido (o) e indefinido (um): Sei o porquê 
do choro dela; Há sempre um porquê para alguém chorar.
Por quê (separado e acentuado) no final das frases ou períodos: 
Você chorou por quê?; Ela chorou. Por quê?
Curiosidade
A palavra guaraná 
é um substantivo 
masculino, portanto 
peça um guaraná, 
dois guaranás, mas 
uma Coca-Cola.
3 3 3
Convite recusado
“Convidou os amigos a visitar a 
instância em que vivia com a família.”
Claro que os amigos declinaram do 
convite.
Quem quer visitar uma “instância”?
Observe:
Instância – foro, juízo, o que é 
solicitado.
Estância – lugar, moradia, residência, 
fazenda.
Período correto: Convidou os amigos a 
visitar a estância em que vivia com a 
família.
254254
Saída inútil
“Carlos saiu do Brasil afim de estudar no exterior.”
Certamente, não vai gostar da experiência. A expressão correta é “a 
fim de”, isto é, deve ser grafada separadamente.
Observe:
a fim de – para, no sentido de finalidade.
afim – ligação, proximidade, no sentido de afinidade.
Período correto: Carlos saiu do Brasil, a fim de estudar no exterior.
Correspondência infeliz
A moça escreveu para o namorado: “Pra mim relembrar 
sempre de você”.
Que tristeza! O pronome pessoal do caso oblíquo“mim” 
foi tão mal colocado que o rapaz preferiria, até, ser 
esquecido.
“Mim” não pode relembrar nada, isto é, “mim” não 
pode exercer a função sintática de sujeito.
Período correto: A moça escreveu para o namorado: “Pra 
eu relembrar sempre de você”.
Sem segurança
O locutor de uma emissora confundiu-se e lá pelas tantas disse: “... 
impetrou mandato de segurança.” A palavra “mandato” não foi 
usada adequadamente.
Observe a diferença:
mandato – missão, delegação, função, representação delegada 
pelo povo ou por uma classe de cidadãos (O mandato do nosso 
presidente é de quatro anos).
mandado – ato de mandar, incumbência, mandado judicial.
O locutor deveria ter feito referência a mandado de segurança.
255
A importância da internet é irrefutável; entretanto, o 
Brasil ocupa o triste quadragésimo terceiro lugar de uma 
lista de 72 países, em termos de acesso ao milagre virtual, 
ganhando apenas da África. É claro que a necessidade do 
computador e da internet na educação hoje é primordial, pois 
o seu advento passou a modificar a capacidade de aprender, 
de pensar e de criar das pessoas. Como tudo isso deve acontecer 
na escola, esses equipamentos não podem ser objetos de luxo de 
uma elite privilegiada e, sim, precisam ser considerados recursos 
didáticos prioritários dentro das nossas escolas. Cadê recursos pra 
isso tudo?
Preocupação 
dividida
A personagem Edna, interpretada 
pela excelente atriz Nívea Maria, 
da novela O clone, dividiu ao 
meio sua preocupação, quando 
disse: “Estou meia preocupada...”
Meia significa metade (meia 
garrafa de vinho, meio-dia e 
meia) ou serve para usar no pé 
(Ela perdeu um pé da sua meia 
de lã).
Na citação da atriz, a palavra 
adequada é um advérbio (meio), 
portanto, invariável.
Ela deveria ter dito: Estou meio 
preocupada.
Você precisa saber
O verbo reaver significa: haver de novo, recuperar e segue a 
conjugação do verbo haver, mas sem o h. É irregular e defectivo 
(não é conjugado em todas as pessoas). Lembre-se: só apresenta 
as formas em que mantém o v, como: reavi, reouve, reaverei, 
etc. Observe: não se conjuga no presente do subjuntivo nem no 
imperativo negativo.
9393
255
256256
Casa dos Artistas
Num dos programas de maior sucesso do SBT, Alexandre Frota, um 
dos participantes, tropeçou na língua portuguesa quando mandou 
um recado para sua mulher: “Daqui a pouco vamos se ver.”
Se o rapaz usou a forma verbal vamos (1a pessoa do plural do 
presente do indicativo do verbo ir) não poderia ter usado o se 
(pronome pessoal do caso oblíquo) que é da 3a pessoa e sim nos (1a 
pessoa do plural).
Alexandre deveria ter dito: Daqui a pouco vamos nos ver.
Relendo Machado
“Quando outro dia fui a enterrar o nosso velho 
livreiro, vi entrar, já acabada a cerimônia e 
o trabalho, um bando de crianças que iam 
divertir-se. Iam alegres, como quem não pisa 
memórias nem saudades. As figuras sepulcrais 
eram, para elas, lindas bonecas de pedra.”
(Machado de Assis – A Semana I/1896)
Absurdo no ar
EUA em guerra
Uma edição de O Jornal da Ponte que foi entregue aos passageiros 
que faziam o percurso aéreo Rio – S. Paulo trazia a seguinte 
manchete: “Oposição dizem ter localizado paradeiro de mulá Omar.”
A notícia era importante, mas escrita assim perdeu até a veracidade.
A concordância verbal “foi pelos ares” na guerra contra a língua 
portuguesa.
Manchete correta: Oposição diz ter localizado paradeiro de mulá 
Omar.
L
257
Nada inocente
O ator Maurício Mattar, no programa Gente Inocente (TV Globo): 
“A gente deve permanecer sempre com um sorriso no rosto.”
E ele queria um sorriso em que outro lugar?
Sorria sempre, mas evite ser redundante.
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257
Curiosidade
As palavras monorema e direma são termos propostos pelo 
gramático alemão Sechehaye. A primeira serve para designar a frase 
de uma só palavra e a segunda é usada para a oração composta de 
duas palavras.
Exemplo:
Sonho. Ele? Fala! (monoremas).
Tu saíste? / Ele viajou (diremas).
Anormal
O Rui, personagem do engraçadíssimo Luís Fernando Guimarães, no 
programa Os Normais, saiu-se com a seguinte frase: “Eu arreio as 
calças.”
A forma verbal “arreio” é a 1a pessoa do singular do verbo arrear, 
que significa pôr arreios em. O verbo adequado seria arriar (descer, 
baixar).
Se foi mais uma brincadeira do Rui, dessa vez ele exagerou. Deveria 
ter dito: Eu arrio as calças.
u
Badalação
“Os sinos da capela suaram para avisar a chegada 
do prefeito.”
Será que os sinos sentem calor?
Só assim se explicaria eles “suarem”. O verbo “suar” 
é inadequado a esta frase. O verbo correto é soar.
Frase correta: Os sinos da capela soaram para avisar 
a chegada do prefeito.
258
As notícias sobre a educação brasileira são 
alarmantes: o resultado do ENEM (Exame Nacional do 
Ensino Médio) de 2001 mostrou que o aproveitamento 
dos alunos piorou em relação ao ano de 2000; o Brasil foi o 
último colocado entre 32 nações no Programa Internacional 
de Avaliação de Alunos; um cidadão analfabeto, inscrito pelo 
programa Fantástico da rede Globo de Televisão, no vestibular 
de Direito de uma universidade carioca, não só foi aprovado 
como ficou classificado em 9o lugar e aquela mesma pessoa foi 
aprovada no vestibular de Letras de outra universidade do Rio 
de Janeiro, e também passou. O que mais poderia faltar? O MEC 
mexeu nos exames de seleção – e fez muito bem.
Calor excessivo
“A moça soou tanto a blusa que 
até manchou o tecido.”
Garanto que a mancha vai custar a 
sair. Não há calor que justifique o 
emprego desta forma verbal (soou 
– verbo soar).
Observe:
soar – emitir ou produzir som, 
ecoar – Os gritos de raiva da moça 
soaram quando viu sua blusa 
manchada.
suar – transpirar.
Período correto: A moça suou tanto 
a blusa que até manchou o tecido.
Muito tempo
“Vão fazer dezoito anos que Maria saiu do Brasil.”
Garanto que as pessoas não têm saudades dela.
O verbo fazer, designando tempo ou fenômenos da natureza, é 
impessoal, isto é, não tem sujeito, logo, fica invariável. Deve ser 
usado somente no singular.
Nada muda esta regra, caso o verbo fazer venha acompanhado 
de outro verbo: permanecem ambos no singular.
Período correto: Vai fazer dezoito anos que Maria saiu do Brasil.
\ \ \ \ \ \
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258
259259
Sem solução
“Devem haver soluções adequadas a cada problema apresentado 
pelos funcionários da empresa.”
Fica difícil de acreditar! Assim os funcionários continuarão tendo 
problemas.
O verbo haver, no sentido de existir, é exatamente como o verbo 
fazer, já explicado, isto é, impessoal.
O mesmo acontece quando o verbo haver se apresenta com outro 
verbo, formando uma locução verbal: os dois devem ficar no 
singular.
Período correto: Deve haver soluções adequadas a cada problema 
apresentdo pelos funcionários da empresa.
Curiosidade
Os verbos considerados 
anômalos (muito irregulares) 
são aqueles que mudam de 
radical. Esta nomenclatura é 
usada para os verbos ser e ir.
Observe as mudanças de 
radical na conjugação destes 
verbos: ser (sou, fui, era) e ir 
(vou, fui, ia).
Você precisa saber
Os autores têm posições 
diferentes entre as expressões 
haja vista e hajam vista, 
sendo que a maioria opta pela 
invariabilidade, isto é, prefere 
haja vista. Entretanto, todos 
concordam que não existe a 
expressão “haja visto”.
}
}
}
}
Queda fatal
“O passarinho caiu do puleiro e quebrou a asa.”
Certamente, porque estava pousado no lugar errado: no “puleiro”. A 
palavra é poleiro e deve assim ser pronunciada po-lei-ro.
Período correto: O passarinho caiu do poleiro e quebrou a asa.
260260
Valor da assiduidade
“Um e outro menino assíduo passará na prova final.”
Possivelmente, haverá repetência!
O substantivo (menino) que segue um e outro fica no singular, 
porém o adjetivo (assíduo) e o verbo (passará) devem ser colocados 
no plural. Entretanto, não havendo adjetivo, tanto faz.
Frase correta: Um e outro menino assíduos passarão na prova final.
Quase 
antipatia
“José simpatizou-se 
com a nova vizinha.”
Certamente, a 
recíproca não foi 
verdadeira.
O verbo desta frase 
(simpatizar) não 
apresenta a formapronominal.
Frase correta: José 
simpatizou com a 
nova vizinha.
Relendo Machado
“Tudo é bacilo no homem, o que está dentro do homem, no homem 
e fora do homem. A Terra é um enorme bacilo, com os planetas e as 
estrelas, bacilos todos do infinito e da eternidade.” (Machado de 
Assis – A Semanna I/1896)
261
Em 9 de dezembro comemora-se o Dia Nacional do 
Fonoaudiólogo. Trata-se de uma classe que presta 
relevantes serviços a quem apresenta problemas da fala 
(fonação) e da audição. Na educação, a atuação desses 
profissionais é muito importante, facilitando o processo de 
aprendizagem, pois a dificuldade da fala e da audição é uma 
barreira enorme em qualquer etapa do ensino.
Esquecimento
“O rapaz esqueceu de depositar o 
xeque na conta da sua irmã.”
Esse “xeque” estava sem fundos, 
pois esta palavra escrita com x era 
inadequada ao sentido da frase.
Observe:
xeque – risco, perigo, lance no 
jogo de xadrez, soberano árabe.
cheque – documento bancário.
Frase correta: O rapaz esqueceu de 
depositar o cheque na conta da 
sua irmã.
Reação justa
“Cerca de quatro mil pessoas vaiou o cantor que atrasou o início 
do espetáculo.”
Vaia merecida, foi um desrespeito com o público. Entretanto, o 
verbo (vaiou) colocado no singular também é um desrespeito à 
língua portuguesa.
Quantidade aproximada (cerca de) expressa por palavra no plural 
(pessoas) leva o verbo para o plural.
Período correto: Cerca de quatro mil pessoas vaiaram o cantor que 
atrasou o início do espetáculo.
Você precisa saber
A 3a pessoa do plural do presente do indicativo do verbo prever 
não é mais acentuada. Este verbo segue a conjugação do verbo 
ver, logo a forma correta é preveem.
Recordando: vejo / vês / vê / vemos / vedes / veem
prevejo / prevês / prevê / prevemos / prevedes / preveem
9595
261
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Grande perda
“Houve perca total das mercadorias da loja do sr. Antônio 
porque o incêndio não foi apagado a tempo.”
Além do lamentável acidente um lamentável erro de português: 
“perca” é o verbo perder na 3a pessoa do singular do presente 
do subjuntivo, não cabendo na construção deste período. A 
palavra correta é o substantivo perda.
Período correto: Houve perda total das mercadorias da loja do 
sr. Antônio porque o incêndio não foi apagado a tempo.
^
^
Sem conclusão
“João foi ao hospital – estava com muitas dores nas costas – o 
médico pneumologista concordou com a opinião do outro médico, 
isto é, retificou o diagnóstico do colega.”
Coitado do rapaz! Os médicos que o examinaram estão ou não de 
acordo?
O verbo retificar foi usado indevidamente, o verbo que dá sentido a 
frase é ratificar.
Observe: retificar – corrigir, emendar
ratificar – confirmar.
Período correto: João foi ao hospital – estava com muitas dores nas 
costas – o médico pneumologista concordou com a opinião do outro 
médico, isto é, ratificou o diagnóstico do colega.
Antipatia gratuita
“A senhora antipatizou-se comigo sem qualquer motivo.”
Acho que sei o porquê.
O verbo antipatizar não é pronominal, logo não admite o pronome 
oblíquo se e sempre vem acompanhado da preposição com – A 
senhora antipatizou com ele.
Frase correta: A senhora antipatizou comigo sem qualquer motivo.
263
Pasmo ou pasmado?
“Os delegados ficaram pasmados com a violência urbana de 
São Paulo.”
Pasmado ou pasmo? Tanto faz, as duas formas existem. O 
que interessa é que, além de espantadas, as autoridades 
tomem as devidas providências.
=
=
=
=
263
Relendo Machado
“Li, que um condenado à morte, perguntando-se-lhe, na manhã 
do dia da execução, o que queria, respondeu que queria aprender 
inglês. Há de ser invenção; mas achei o desejo verossímil, não 
só pelo motivo aparente de dilatar a execução, mas ainda por 
outro mais sutil e profundo. A língua inglesa é tão universal, tem 
penetrado de tal modo em todas as partes deste mundo, que 
provavelmente é a língua do outro mundo. O réu não queria entrar 
estrangeiro no reino dos mortos.” (Machado de Assis – A Semana 
I – 1896)
Charlatanice?
Com o título de Picaretagem 
intelectual, um jornal 
publicou o término de uma 
revista que era veiculada 
há 11 anos. No texto da 
reportagem aparece 
a palavra charlatões, 
informando aos leitores 
que foi assim que a referida 
revista ganhou a capa 
da Time. Charlatões ou 
charlatães?
Tanto faz! As duas formas 
são corretas, isto é, o 
vocábulo charlatão 
apresenta os dois plurais: 
charlatões ou charlatães. Só 
é feio fazer charlatanice.
Inoportuno 
“A intempestiva intervenção do 
deputado acalmou os ânimos dos 
debatedores.”
Isto é impossível! Não há ânimo que 
se acalme com uma intervenção 
intempestiva.
Observe:
intempestiva – inoportuna
tempestiva – oportuna
Não confunda, também, tempestivo 
com tempestuoso, que significa 
violento.
Não seja tempestuoso, lembre-se 
sempre que precisamos aproveitar 
os momentos tempestivos para dar 
uma opinião.
Frase correta: A tempestiva 
intervenção do deputado acalmou os 
ânimos dos debatedores.
4 4 4
264
Em 31 de outubro de 1902, nasceu, em Itabira do 
Mato Dentro/MG, Carlos Drummond de Andrade, 
que foi um dos nossos maiores poetas. Faleceu no Rio 
de Janeiro. Em 2002 comemorou-se o seu centenário. 
Drummond faz parte da história contemporânea que ele 
tão bem deixou registrada na sua prosa e nos seus versos. 
Foi sempre ao encontro da experiência coletiva, participando 
e se solidarizando social e politicamente, demonstrando a sua 
mais íntima compreensão da vida das pessoas.
264
Relendo Drummond
“Ficou um pouco de tudo no pires de porcelana, dragão 
partido, flor branca, ficou um pouco de ruga na nossa testa, 
retrato. E de tudo fica um pouco. Oh! Abre os vidros de loção e 
abafa o insuportável cheiro da memória.” (Carlos Drummond de 
Andrade/ Resíduo)
9696
Uma salada complicada
“D. Antônia preparou uma 
salada de folhas verdes, mas 
o alface já estava velho, meio 
amarelado.”
Garanto que essa salada 
não ficou boa. Além da má 
qualidade da verdura, alface 
é um substantivo feminino, 
devendo, neste período, 
ser antecedido pelo artigo 
definido a, e os adjetivos que o 
qualificam, obrigatoriamente, 
também devem estar no 
feminino (velha / amarelada).
Vale recordar: meio é um 
advérbio, isto é, uma palavra 
invariável (meio amarelada).
Período correto: D. Antônia preparou uma 
salada de folhas verdes, mas a alface já 
estava velha, meio amarelada.
265265
Submissão
O verbo submeter tem diversos significados: no sentido de 
subjugar, dominar, vencer ele é transitivo direto (O Talibã submetia 
(subjugava) os afegãos / Os Estados Unidos submeterão (dominarão, 
vencerão) os terroristas. Já no sentido de subordinar, de apreciação, 
de sujeitar-se, de obedecer, o verbo submeter é transitivo direto e 
indireto (O governo americano submeteu (apreciação) sua atuação 
ao povo sobre o ataque aos terroristas.)
Apresentação ruim
“A aluna recebeu nota baixa porque apresentou o trabalho mal e 
porcamente.”
Coitada da estudante! A expressão “mal e porcamente” é muito 
usada, entretanto a palavra “porcamente” é decorrente de 
uma invenção popular que acabou sendo incorporada à nossa 
linguagem. A palavra original dessa expressão é parcamente, que 
significa: moderadamente, sem brilho.
Certamente, dizer ou escrever mal e parcamente é bem mais suave.
De novo...
“O cachorrinho irriquieto atravessou 
a rua e foi atropelado.”
Como é complicada a troca de uma 
vogal! Viram?
Desta vez a vogal trocada foi o i – 
“irriquieto”.
A palavra correta é irrequieto. 
Cuidado, também, ao pronunciá-la: 
ir-re-qui-e-to.
Período correto: O cachorrinho 
irrequieto atravessou a rua e foi 
atropelado.
266266
E o acento?
No RJTV/TV Globo, foram levantadas as 
mudanças necessárias nas clínicas de cirurgia 
plástica e apareceu escrito na telinha, como 
recomendação: “centro cirurgico adequado”.
Assim mesmo: “cirurgico”, sem acento – 
inaceitável!
Vale recordar: todas as palavras 
proparoxítonas são acentuadas, sem exceção, 
portanto, cirúrgico, que é proparoxítona (a 
sílaba tônica é a antepenúltima) deveria ter 
sido grafada com acento – centro cirúrgico 
adequado.Muito trabalho
“Mário trabalhou no final de semana, mas não recebeu as horas-
extra.”
Nem vai receber, porque quem espera “horas-extra” não merece ser 
pago, pois errou duplamente.
Observe:
1o a expressão hora extra é sem hífen;
2o as duas palavras vão para o plural, isto é, extra concorda com o 
termo hora: horas extras.
Período correto: Mário trabalhou no final de semana, mas não 
recebeu as horas extras.
X
Você precisa saber
Galicismo é o nome dado a palavra ou expressão francesa usada na 
nossa língua ou em outra língua qualquer.
Exemplo: abat-jour.
267
A trova é uma forma de composição poética, ligeira, mais 
ou menos popular. A trova é composta de uma quadra, 
isto é, de quatro versos de sete sílabas (heptassílabos). 
Geralmente, o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo 
com o quarto. José de Anchieta e Casemiro de Abreu foram 
exímios trovadores. E você, já escreveu uma trova? Tente, é fácil!
A vingança do 
vizinho
“Carlos ficou indignado com o seu 
vizinho, pois jamais pensou em 
retalhação.”
Muito feia a atitude do vizinho. 
Entretanto, a palavra retalhação foi 
usada indevidamente.
Observe:
retalhação – ato de retalhar, 
despedaçar, rasgar.
retaliação – desforra, vingança, 
represália.
Período correto: Carlos ficou 
indignado com o seu vizinho, pois 
jamais pensou em retaliação.
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267
Trova para os 
leitores
Esta trova é em homenagem
Ao leitor que, com presteza,
Busca a perfeita linguagem,
Ama a língua portuguesa.
Última oportunidade
Os professores grevistas, das universidades federais, receberam um 
ultimato do governo.
Ultimato ou ultimátum?
Tanto faz! O importante mesmo é que esse tipo de impacto seja 
sempre resolvido da melhor maneira para os docentes e discentes.
As duas formas existem e constam do Vocabulário Ortográfico da 
Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras.
Relembrando:
docentes – professores
discentes – alunos
ultimato – declaração final e irrevogável para satisfação de certas 
exigências.
268268
Bola fora
Leila (do voleibol) na TV: 
“A empatia foi instantânea 
entre eu e a Sandra.” Ela é 
linda, jogadora formidável, 
mas precisa cuidar melhor da 
língua portuguesa. O certo 
é: Entre mim e a Sandra. O 
pronome eu deve ser usado 
na função de sujeito e nessa 
frase o sujeito é a empatia.
Sempre atrasado
“O rapaz disse que chegaria transantontem de São Paulo, mas 
não chegou.” Nem chegará tão cedo! Ninguém pode chegar 
“transantontem”, pois esta palavra não existe. O advérbio correto é 
trasantontem e até tresantontem.
Período correto: O rapaz disse que chegaria trasantontem de São 
Paulo, mas não chegou.
Filhas da mãe
O personagem D. Geralda, dona do Centro Espírita, num capítulo 
de uma das novelas das sete, TV Globo, dando uma justificativa à 
Rosalva, sua vizinha: “— Voltei meia cansada de Lindóia.”
Será que a senhora ficou apenas com a metade (meia) do corpo 
cansado?
O termo correto é meio, advérbio e, portanto, palavra invariável.
D. Geralda deveria ter dito: Voltei meio cansada de Lindóia...
Você precisa saber
A 3a pessoa do plural do presente 
do indicativo do verbo vir é vêm. 
A forma verbal veem é do verbo 
ver. As únicas formas iguais dos 
verbos vir e ver são as do futuro 
do subjuntivo do verbo ver e 
do infinitivo pessoal do verbo 
vir, que assim se conjugam: vir 
/ vires /vir / virmos / virdes / 
virem.
Curiosidade
Quem nasce em Salvador, 
capital da Bahia, é 
salvadorense, entretanto, 
alguns baianos gostam 
de ser nomeados 
soteropolitanos.
Doença séria
“Um conde, já idoso, faleceu de 
efisema.”
Com “efisema” o nobre deve ter 
morrido mais rápido.
Esta doença não existe, a 
palavra correta é enfisema.
Frase correta: Um conde, já 
idoso, faleceu de enfisema.
269
Quem lê está sempre bem informado. Sabe de tudo 
que acontece à sua volta e também no mundo, em geral. 
A leitura é um dos maiores lazeres que se tem a qualquer 
hora e em qualquer lugar. Leia jornais, revistas e livros. Leia 
tudo e leia muito.
Igual ou iguais?
TV Globo, jogo São Paulo x Vélez, em Buenos Aires:
“Com esse empate, no 1o tempo, os dois times estão rigorosamente 
igual.”
Esse jogo não pode ser 1 a 1, como diz a música popular.
E, não custa nada ter cuidado com a concordância: os dois times 
estão rigorosamente iguais.
Curiosidade
O coletivo de 
fogos de artifício 
é girândola. 
Farândola, 
também, é um 
substantivo 
coletivo, mas de 
maltrapilhos.
Sem retorno
“Hoje cedo, Pedro foi para a casa da namorada e voltará à tarde.” 
Escrevendo assim, ele não retornará tão cedo.
Observe: As preposições a ou para sempre acompanham o verbo 
ir. O verbo ir empregado no sentido de não demorar, de retorno 
rápido deve ser acompanhado da preposição a. Já a preposição 
para acompanha o verbo ir quando o sentido for de demorar, de 
fixar residência.
Período correto: Hoje cedo, Pedro foi à casa da namorada e voltará 
à tarde.
Atenção: o sinal grave indicativo da crase foi usado (à casa) porque 
houve a contração da preposição a com o artigo definido a.
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Não é fantástico?
O então Ministro da Saúde, José Serra, falando ao Fantástico sobre 
o terror da bactéria antraz, querendo nos tranquilizar: “Estamos 
alertas!”
Assim, ficaremos mais preocupados. A palavra alerta é um advérbio, 
logo invariável – Estamos alerta! Deveria ter dito Sua Excelência.
Entretanto, observe: A palavra alerta pode ser usada como 
substantivo (O alerta foi dado) e como adjetivo (A criança alerta 
tudo percebe). Nestes casos, a palavra alerta é variável (Os alertas 
foram dados / As crianças alertas tudo percebem).
Alerta permanece invariável, também, quando é usada como 
interjeição: Alerta! Determinou o ministro às autoridades sanitárias.
Sem quitação
“Os garotos estão quite 
com o amigo, pois já 
pagaram toda a dívida 
contraída.”
Não pode ser verdade! 
A palavra quite deve 
concordar com a pessoa a 
que se refere (os garotos 
estão = eles estão é a 3a 
pessoa do plural).
Período correto: Os 
garotos estão quites com 
o amigo, pois já pagaram 
toda a dívida contraída.
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Você precisa saber
Condes, duques, reis, príncipes, 
etc. são títulos de nobreza 
muito raros atualmente, mas 
ainda existem: a rainha da 
Inglaterra é um exemplo.
Os pronomes usados para essas 
pessoas são os pronomes de 
tratamento, assim usados:
Vossa Majestade – V.M. – reis / 
imperadores
Vossa Alteza – V.A. – 
príncipes, duques, condes
Vossa Excelência – V.Exa – 
altas autoridades em geral
Presença dispensável
“Diversos grãos-duques compareceram às festividades no centro da 
praça.”
Uma tristeza! Certamente, nem foram notados.
Ninguém reverencia “grãos-duques”.
Os substantivos compostos cujo primeiro termo é grão pluralizam 
somente o segundo: grão-duques.
Frase correta: Diversos grão-duques compareceram às festividades 
no centro da praça.
271271
Viagem 
cancelada
“Ou o presidente da 
empresa ou o seu vice 
viajarão para representar 
a instituição no congresso 
em São Paulo.”
Assim, será melhor cancelar 
a viagem.
Havendo ideia de exclusão, 
isto é, apenas um deles 
viajará, o verbo deve 
concordar com o que 
estiver mais próximo (o seu 
vice), logo deve ficar no 
singular.
Período correto: Ou o 
presidente da empresa 
ou o seu vice viajará para 
representar a instituição no 
congresso em São Paulo.
Insucesso geográfico
Num programa Domingão do Faustão, o cantor Alexandre Pires 
estava feliz, anunciando o sucesso de suas músicas no exterior: “na 
Espanha, na Europa, no México...”
Será que a Espanha não pertence mais à Europa?
Será que o rapaz pensa que a Europa é um país?
Nada disso! A Espanha é um país europeu, isto é, fica na Europa, 
que é um continente.
;;;
Relendo 
Machado
“Cá fora esperava-nos a 
noite, felizmente tranquila 
e fomos todos para casa, 
sem maus encontros, que 
andam agora frequentes. 
Há muito tiro, muita 
facada, muito roubo. A 
impunidade é o colchão 
dos tempos; dormem-se aí 
sonos deleitosos.”
(Machado de Assis – A 
Semana II/1896)
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272
Tenho sido questionado por professores sobre a 
linguagem usada na internet, pois estão preocupadosque os símbolos (O:) = anjo; :) = feliz) e as abreviações 
erradas possam prejudicar a gramática. Entendo 
que o objetivo de tais sinais seja tornar mais rápida a 
comunicação. Entretanto, é preocupante se este recurso 
extrapolar o meio virtual. E mais: qual a vantagem de escrever 
“poizeh” para dizer pois é? Será que não há um descuido 
exagerado com a nossa língua?
Isto é normal?
Numa noite de sexta-feira, 
no programa Os Normais, de 
enorme sucesso, a personagem 
Vani, interpretada pela grande 
atriz Fernanda Torres cometeu 
um erro feio de concordância 
verbal, quando perguntou ao 
médico que atendia o seu noivo, 
que estava com dor no peito.
“Tudo isso é gases?” Nada 
normal, não?
A simpática Vani deveria ter 
dito: Tudo isso são gases?
Colaboração de leitor (Carlos Augusto/Rio)
“Na Av. Rodrigues Alves, próximo à Rodoviária Novo Rio, pista 
de subida, havia pelo menos dez placas de aviso de obras da 
Prefeitura/Rio:obras “à 500m, à 300m, à 200m, à 100m, à 50m.” 
Na Av. Brasil, pista de subida, entre Vila Kennedy e Campo 
Grande: mais ou menos dez placas da Prefeitura/Rio, também 
de aviso de obras do viaduto da Estrada da Posse: retorno 
“à 1.000m, à 500m, à 300m, à 200m, à 100m, à 50m (placas 
duplas)”
Pode, Prefeito?
Observe a regra: nunca use crase antes de numeral cardinal 
(exceção às horas. ex.: às 9h).
Exemplo: O Clube fica a 200km da capital – A oficina fica a 
50km do centro.
9999
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273273
Você precisa saber
A mesóclise (pronome átono dentro de um verbo) só pode acontecer 
nas formas do futuro do presente e do futuro do pretérito do 
indicativo. Entretanto, quando for exigida a próclise não se admite 
a mesóclise.
Exemplo: farei – fá-lo-ei; veria – ver-te-ia
Conhecendo nossos escritores
Graciliano Ramos (1892/1953), alagoano da cidade de Quebrângulo, 
além de jornalista e escritor, foi prefeito do município de Palmeira 
dos Índios (AL) e dedicou grande parte de sua vida à educação, 
tendo, inclusive, fundado uma escola. Problemas de divergências 
políticas levaram-no a ser demitido e preso na Penitenciária de 
Ilha Grande (RJ), em 1936, onde escreveu Memórias do cárcere, 
publicado em 1954, após sua morte.
Obras publicadas: Caetés (1933); S.Bernardo (1934); Angústia (1936); 
Vidas secas (1938); Viventes de Alagoas (obra póstuma, 1960).
Droga é droga!
“Os que querem que a maconha seja discriminada, isto é, que o seu 
uso deixe de ser crime, estão completamente enganados.”
Essas pessoas estão duplamente erradas:
1o – maconha é droga, faz muito mal à saúde e a sua compra e o seu 
uso precisam continuar a ser crime.
2o – o verbo discriminar foi usado indevidamente.
Observe:
Discriminada – (verbo discriminar) – diferençada, separada, 
distinguida.
Descriminada – (verbo descriminar) – absolvida de crime, 
inocentada.
Atenção: a palavra descriminalização (= descriminação) existe, 
pois consta do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da 
Academia Brasileira de Letras.
Período correto: Os que querem que a maconha seja descriminada, 
isto é, que o seu uso deixe de ser crime, estão completamente 
enganados.
W W W
] ] ]
274
Relendo Graciliano Ramos
“Eu devia ter quatro ou cinco anos, por aí, 
e fiquei na qualidade de réu. Certamente 
já me haviam feito representar esse papel, 
mas ninguém me dera a entender que se 
tratava de julgamento. Batiam-me porque 
podiam bater-me, e isto era natural. Foi 
esse o primeiro contato que tive com a 
justiça.”
(Graciliano Ramos – Um cinturão/In 
Infância/1981)
274
Bebê pesado
Faustão, em um de seus 
programas, fez referência 
a um bebê que nasceu 
pesando “três quilos e 
novecentas gramas”.
Pegou mal! A palavra 
grama (medida de peso) 
é masculina. A grama 
(feminina) só o vegetal, 
capim.
Um bebê só pode pesar 
três quilos e novecentos 
gramas.
Curiosidade
No antigo Sião o rei presenteava um súdito cuja situação estava 
ruim com um elefante branco, animal sagrado e como tal não podia 
exercer qualquer tipo de trabalho. Presente de rei não podia ser 
nem vendido nem dado a ninguém. O infeliz que já estava com 
dificuldades via sua vida piorar cada vez mais, pois o elefante tinha 
que ser alimentado, tratado, etc.
A frase é um elefante branco é muito usada para designar coisas 
improdutivas, que não servem para nada. Não dê a um amigo um 
presente que seja um elefante branco. Prefira os livros.
Português inocente
No excelente programa Gente 
Inocente, que era transmitido 
pela TV Globo, houve o 
concurso de novos cantores. A 
cada voto que uma estreante 
recebia do júri, a jovem 
Luciana agradecia:
Obrigado!
Assim, ela não estava 
agradecendo direito. O certo, 
sendo uma linda menina, era 
dizer “Obrigada!” Não custa 
nada reparar nisto.
Você precisa saber
Para que haja um tritongo é 
necessário que as três vogais 
estejam na mesma sílaba, caso 
contrário há o ditongo (duas 
vogais na mesma sílaba).
Observe:
Paraguai (três vogais na mesma 
sílaba) tritongo.
Mai-as (três vogais em sílabas 
separadas) ditongo.
275
Numa visita à cidade paulista de Bauru, para uma 
conferência, serviu de pretexto para conhecer um 
curioso protesto, sobretudo de professores, em relação ao 
novo Dicionário Houaiss. Reclamaram que o verbete sobre 
o famoso “sanduíche bauru” está errado – e isso eles não 
admitem. Uma dica para a próxima edição.
Sentimento ruim
“Há políticos que nutrem ódio fidalgal 
pelos seus opositores.”
Se esses políticos, de fato, sentissem 
“ódio fidalgal” seria mais fácil 
resolver os problemas. Entretanto, na 
realidade, o adjetivo “fidalgal” foi 
mal empregado. O sentimento de ódio 
expresso por eles é outro: figadal.
Observe:
Fidalgal (diz respeito a fidalgo) – 
cortês, educado, cavalheiro.
Figadal (adjetivo derivado da 
palavra fígado) – sentimento hostil, 
profundo, intenso.
Período correto: Há políticos que 
nutrem ódio figadal pelos seus 
opositores.
Televisiva
Um programa do Faustão, 
veiculado num domingo 
de 2001, apresentou 
a opinião de diversas 
atrizes sobre o jogador 
de futebol detentor das 
pernas mais bonitas. 
Mônica Carvalho falou: 
“As pernas mais bonitas é 
a do Raí!” Será que o Raí 
só tem uma perna? Então, 
as pernas mais bonitas 
são as do Raí!
Não custava nada a 
moça prestar atenção à 
concordância verbal.
100100
275
Namoro proibido
“A mãe da jovem nunca concordou 
com aquele namoro e nem 
concordará agora.”
Que mãe exagerada! Não há 
necessidade de usar e nem, pois a 
conjunção nem já corresponde a e 
não, logo, houve redundância na 
colocação do e antes do nem.
Período correto: A mãe da jovem 
nunca concordou com aquele 
namoro, nem concordará agora.
276276
Canto desafinado
“O gorgeio dos pássaros 
incomodava as pessoas.”
Impossível! O canto dos 
pássaros é sempre agradável. 
O que incomodou foi o 
“gorgeio”, que está escrito 
com g e é com j. Frase correta: 
O gorjeio dos pássaros 
incomodava as pessoas.
Andando para trás
“José não consegue engatar a marcha à ré do carro.”
Certamente, a crase indevida é que está impedindo o rapaz de dar a 
marcha a ré, sempre sem crase, ou o carro não pega.
Dando tempo ao 
tempo
Marcos Míon, no programa Os 
piores clips da MTV, declarou 
a respeito do Roni Von: “Galã 
atemporal de todos os tempos”. 
O rapaz queria dizer que o 
artista permanecia bem, apesar 
da passagem do tempo. Ficou 
feio e nem pareceu elogio.
Conhecendo nossos escritores
A cidade mineira de Codisburgo foi o berço do menino João Guimarães 
Rosa (1908/1967) – escritor que revolucionou a prosa de ficção 
brasileira. Formou-se em Medicina, apresentando-se como médico 
voluntário da Força Pública na Revolução de 32. Estudou diversas 
línguas (holandês, inglês, francês, russo, alemão, grego, latim, sueco e 
japonês) o que o ajudou na carreira diplomática. Eleito para Academia 
Brasileira de Letras em 1963 só tomou posse quatro anos após, 
porque ele tinha medo de não aguentar a emoção – 72 horas após 
a solenidade, faleceu. Principais obras: Sagarana (Venezuela/1944); 
Grande Sertão: Veredas (1956) e Corpo de Baile (1956).
Você precisa saber
Os verbos que denominam as vozes 
dosanimais: latir, miar, cacarejar, 
etc. são defectivos unipessoais, isto 
é, são conjugados apenas nas 3as 
pessoas do singular e do plural. 
Late / latem; Miava / miavam; 
Cacarejou / cacarejaram.
Informação correta
O rapaz informou-a de que o 
namoro terminou.
A notícia pode ser triste, mas a 
regência do verbo informar está 
perfeita. Observe: O verbo informar 
pede objeto direto de pessoa 
(informou-a) e objeto indireto de 
coisa (de que o namoro) ou vice- 
versa: objeto indireto de pessoa 
(informou-lhe) e objeto direto de 
coisa (que o namoro).
277
O dia 11 de setembro de 2001 foi um marco – o atentado 
terrorista nos Estados Unidos – negativo, indefensável e 
inesquecível para a humanidade. Considero, entretanto, 
relevante relembrar a palavra fraternidade, de origem 
latina (fraternitate), que significa união ou convivência como 
irmãos, harmonia, concórdia, paz. Não é oportuno?
Brinquedo infeliz
“O rapaz comprou três aviãozinhos de pilha para o filho, mas o 
menino não gostou dos brinquedos.”
Nem poderia. Nenhuma criança gostaria de brincar com 
“aviãozinhos”.
O plural da palavra aviãozinho faz-se da seguinte maneira:
plural de avião (forma normal) – aviões
corta-se o s – aviõe
acrescenta-se o sufixo zinhos, indicador do diminutivo – 
aviõezinhos.
Observe: aviãozinho de pilha – aviõezinhos de pilha (só a 1a 
palavra vai para o plural, porque é um substantivo composto 
ligado por preposição (de)).
Período correto: O rapaz comprou três aviõezinhos de pilha para o 
filho, mas a criança não gostou dos brinquedos.
Aula de mestre
“Apesar da maestria 
da aula, os alunos não 
entenderam o que o 
professor ensinou.”
Certamente não prestaram 
a devida atenção ao 
mestre. Uma aula dada 
com maestria é uma aula 
de qualidade. Será que 
os alunos prefeririam a 
palavra mestria? Tanto 
faz: maestria e mestria 
são palavras sinônimas.
101101
277
278278
Uma “xuxada”
Xuxa, numa aparição no 
Domingão do Faustão, deu 
apoio à campanha contra o 
câncer de mama. Ótimo!
Ficou faltando, entretanto, o 
apoio à língua portuguesa, 
pois a “rainha dos baixinhos” 
começou, assim, sua 
mensagem:
“Gente, vamos se unir...”
A apresentadora deveria 
ter dito: “Gente, vamos nos 
unir...” ou “A gente vai se 
unir...”
Curiosidade
O emprego de termos estrangeiros é barbarismo, sim, mas não 
apenas isso. Qualquer erro de escrita (cacografia) também é 
barbarismo.
Você precisa saber
Os verbos regulares têm a primeira pessoa do plural dos tempos 
presente e pretérito perfeito do indicativo absolutamente iguais. 
Só o sentido da frase pode mostrar se o tempo é o presente 
(atualidade) ou o pretérito perfeito (passado).
Exemplo:
Nós cantamos juntos todos os dias (presente).
Nós cantamos juntos no Natal de 1999 (passado).
Mentira
“O gerente atingiu aos 
índices determinados pela 
diretoria.”
Não deve ser verdade! O 
verbo atingir é transitivo 
direto, isto é, não admite 
preposição acompanhando 
seu complemento. Portanto, 
o objeto direto não é “aos 
índices” e sim os índices.
Frase correta: O gerente 
atingiu os índices 
determinados pela diretoria.
g
g
g
f f f
279279
Assertividade
Assertividade. Você já ouviu esta palavra? Trata-se de um termo 
da psicologia social, que significa a habilidade que cada um de nós 
deve desenvolver para afirmar e assumir as suas próprias opiniões, 
os seus pensamentos e as suas crenças perante os outros. Lembre-se 
que podemos fazer tudo isso com delicadeza, sem ferir as pessoas. 
Você tem sido assertivo? Tente! Será mais feliz.
Infelicidade
“Não namorou tão pouco casou com a mulher que amava.”
Coitado! Deve ter sofrido muito. A expressão tão pouco foi usada 
indevidamente.
Observe a diferença:
tão pouco (separado) – muito pouco.
tampouco (junto) – nem.
Período correto: Não namorou tampouco casou com a mulher que 
amava.
Entrega demorada
“João comprou uma televisão, em cores, a vista, mas ainda não 
recebeu o aparelho em sua casa.”
Assim,vai custar muito a receber a TV.
As locuções adverbiais têm o a inicial acentuado, isto é, levam o 
acento grave indicativo da crase.
Recordando: as locuções prepositivas iniciadas por a também têm 
crase:
à custa de
à beira de
à maneira de, etc.
Período correto: João comprou uma televisão, em cores, à vista, mas 
ainda não recebeu o aparelho em sua casa.
280
A novela das sete, Filhas da mãe, da TV Globo, 
apresentou uma atriz que falava muito errado. Aurora, 
a personagem interpretada pela atriz Cláudia Ohana, 
demonstrou vontade de ter aulas de português para falar 
corretamente a nossa língua. Ficou satisfeita em saber que 
deve dizer ignorante e não “ingnorante”, ao ser corrigida 
pelo personagem do ator Diogo Vilela. A televisão prestou um 
serviço à população, mostrando que as pessoas gostam de se 
expressar de maneira certa.
Carnaval fora de época
“Um grupo de moças e rapazes foi a 
um micareta em Teresópolis.”
Certamente não se divertiram. 
Micareta – termo usado na Bahia – 
significa carnaval fora de época, é 
uma palavra feminina.
Frase correta: Um grupo de moças 
e rapazes foi a uma micareta, em 
Teresópolis.
Você precisa saber
1. Há diferença entre as expressões 
e , isto é, esta significa , e aquela 
significa , .
Exemplos:
 sou contra o aborto, porém em caso 
de estupro é uma solução admitida 
pela lei. (a princípio = inicialmente, 
no começo).
, somos todos filhos de Deus (em 
princípio = antes de tudo).
2. Use sempre para dizer que está 
ciente e jamais “ao par”. A expressão 
ao par só é admissível para câmbio.
(
(
(
(
(280
102102
Curiosidade
Monossemia é a 
palavra que tem um só 
significado. Exemplo: 
sapato.
Polissemia é 
exatamente o oposto 
– vários sentidos 
para uma mesma 
palavra. Exemplo: cabo 
(acidente geográfico / 
de vassoura / patente 
militar).
281281
Relendo Machado
“Esta semana furtaram a um senhor que ia pela rua mil debêntures; 
ele providenciou de modo que pôde salvá-los. Confesso que não 
acreditei na notícia, a princípio; mas o respeito em que fui educado 
para com a letra redonda fez-me acabar de crer que se não fosse 
verdade não seria impresso. Não creio em verdades manuscritas.” 
(Machado de Assis – A Semana I/1896)
Educação familiar
“Se os pais não conterem os filhos terão a tristeza de vê-los adultos 
mal educados.”
Assim, certamente, os filhos darão muito desgosto a seus pais.
A forma verbal “conterem” está mal empregada. O verbo conter é 
derivado do verbo ter, devendo, portanto, seguir a sua conjugação. 
A frase dá ideia de futuro incerto, logo o tempo deve ser o futuro do 
subjuntivo e não o presente pessoal do infinitivo.
Lembre-se: tiver/contiver; tiveres/contiveres; tiverdes/contiverdes, 
etc.
Período correto: Se os pais não contiverem os filhos terão a tristeza 
de vê-los adultos mal educados.
Mau gosto
“Joana não gostou das roupas 
vermelhas-sangue que sua prima 
comprou.”
A prima de Joana não ficará 
elegante usando roupas 
“vermelhas-sangue”.
A palavra composta formada 
por um adjetivo (vermelho) 
e um substantivo (sangue) é 
invariável, isto é, não muda em 
gênero nem em número.
Período correto: Joana não gostou 
das roupas vermelho-sangue que 
sua prima comprou.
282
Excesso de problemas
“O rapaz reclamou, pois suas dificuldades 
financeiras quadriplicaram.”
Coitado! Terá, ainda, muitos problemas 
financeiros.
O verbo “quadriplicar” não existe. O verbo 
certo é quadruplicar (tornar quatro vezes 
maior).
Período correto: O rapaz reclamou, pois suas 
dificuldades financeiras quadruplicaram.
Consequência desastrosa
“O rapaz é manco, puxa uma perna depois que sofreu o acidente.”
Muito triste! Mas “puxar uma perna” seria pegá-la com as mãos e 
arrastá-la.
Quem é manco puxa de uma perna.
Período correto: O rapaz é manco, puxa de uma perna depois que 
sofreu o acidente.
282
283
Uma língua se enriquece quando possui dicionários 
de boa qualidade. Sob esse aspecto, não podemos nos 
queixar. Temos, como é o caso do Aurélio, trabalhos 
de primeira ordem. A existência de outros dicionários é 
democrática, não traz mal nenhum à língua portuguesa. Ao 
contrário.Assim, repetimos mais uma vez uma frase lapidar do 
mestre Antônio Houaiss: “Dicionários? Quanto mais, melhor.” Foi 
com esse pensamento que demos boas-vindas à nova edição do 
dicionário Houaiss.
Amor duvidoso
“O rapaz vive chamando a namorada 
de benzinha.”
A moça deve duvidar do amor 
dele. A palavra “benzinha” não 
existe. O termo correto é benzinho, 
substantivo masculino, conforme 
consta no Vocabulário Ortográfico 
da Língua Portuguesa, da Academia 
Brasileira de Letras.
Frase correta: O rapaz vive chamando 
a namorada de benzinho.
Casa da mãe Joana
A origem da expressão casa da 
mãe Joana data do século XIV. 
Joana, condessa de Provença e 
rainha de Nápoles, viveu em meio 
a grandes confusões, escondendo-
se na cidade de Avignon, onde 
regulamentou os bordéis, em 1347. 
À época, casa da mãe Joana era 
sinônimo de prostíbulo. Hoje, 
a expressão é usada para fazer 
referência a um lugar no qual 
ninguém manda nem organiza.
Você precisa saber
Jamais use a forma verbal 
“tinha chego”, pois o correto 
é tinha chegado, um tempo 
composto, isto é o verbo 
conjugado é o auxiliar (ter) 
e o verbo principal (chegar) 
vai para o particípio que é 
chegado. A forma chego 
é a 1a pessoa do singular 
do presente do indicativo 
do verbo chegar, que não 
é um verbo abundante, só 
admitindo, portanto, um 
único particípio.
L
L
103103
283
284284
CBN privilegiada
Um correspondente internacional da CBN, comentando o poderio 
atual das mulheres disse que era um “previlégio”.
Será que a distância fez o repórter esquecer a língua pátria? A 
palavra é privilégio, sempre com i na primeira sílaba.
Falar e escrever corretamente não é privilégio e sim uma obrigação 
de todos os profissionais da imprensa.
Mala sem jeito
“João comprou um carro novo com 
um enorme porta-mala.”
O “porta-mala” pode até ser grande, 
mas garanto que não é jeitoso. Este 
substantivo composto só deve ser 
usado no plural, mesmo em frases no 
singular.
Frase correta: João comprou um carro 
novo com um enorme porta-malas.
Escorregando com a Argentina
Um locutor de rádio soltou a seguinte pérola: “os argentinos devem 
irem em frente...”
A situação daquele povo está dificílima, falando assim, piora tudo.
Deve haver cuidado com a locução verbal: os argentinos devem ir 
em frente... seria o correto.
Radiografia
“A jovem tossia tanto que sua 
mãe levou-a ao médico para 
fazer um raio X do pulmão.”
Coitada! Isto não existe. Vai 
continuar tossindo...
Os raios X foram descobertos 
por um físico alemão e 
estes sim são utilizados nas 
radiografias.
Lembre-se sempre: os raios X.
Curiosidade
A palavra mequetrefe, que 
é escrita também, assim, 
em espanhol, serve para 
determinar um sujeito 
imprestável, uma pessoa 
inconveniente. Tanto na 
Espanha como entre nós há 
muitos mequetrefes. E você, 
conhece algum mequetrefe?
Preferência duvidosa
Dizia o rapaz: — “Prefiro mais as 
louras do que as morenas.”
Prefiro que ele fique sozinho.
“Preferir mais” é um pleonasmo, 
uma redundância descabida. 
O verbo preferir já diz toda a 
preferência.
O rapaz deveria dizer: — Prefiro as 
louras do que as morenas / Prefiro 
as louras às morenas.
285
Um repórter do Fantástico procurou-me com uma 
pergunta insólita: “Existe a palavra enganosidade?”. 
Disse-me que havia entrevistado diversas pessoas e 
algumas delas manifestaram dúvida. Lembrei uma frase 
do acadêmico Antônio Houaiss: “A língua portuguesa cresce 
à noite.” E completei: “Essa palavra não existe, não está no 
Vocabulário da ABL. Só se nasceu ontem à noite...”
Curiosidade
Diacrítico é um sinal 
ortográfico que dá às 
letras um valor fonográfico 
especial. Por exemplo, o 
acento circunflexo é um 
sinal diacrítico.
Você precisa saber
A palavra aspereza é um 
substantivo derivado do adjetivo 
áspero, ao qual foi acrescentado 
o sufixo eza. Os vocábulos 
formados com o sufixo ez 
(timidez – tímido e ez) também 
são escritos com z.
Porto dos milagres
Alfeu, o marido da Socorrinho, personagem da novela das oito, 
que foi veiculada pela TV Globo, acusando a cunhada Genésia:
“Ela tirou uma quantia vultuosa do caixa da loja.”
Ele é que deveria ter ficado com as faces vermelhas de vergonha 
pelo comportamento da mulher.
Observe:
vultuosa – congestão da face, atacada e vultuosidade, 
vermelhidão.
vultosa – muito grande, polpuda.
Frase correta: Ela tirou uma quantia vultosa do caixa da loja.
i
i
104104
285
Muito frio
“Lá, no Sul do Brasil, fazem 
invernos terríveis.”
Escrito assim, não há cobertor 
que dê jeito.
O verbo fazer seguido de 
condição meteorológica fica 
sempre no singular.
Frase correta: Lá, no Sul do 
Brasil, faz invernos terríveis.
286286
Você precisa saber
1. A expressão “ganhe grátis” é redundante. Deve-se substituir, 
neste caso, o verbo ganhar pelo verbo receber.
2. São aceitas as duas grafias e as duas pronúncias: hieróglifo ou 
hieroglifo (a primeira acentuada (proparoxítona) e a segunda 
(paroxítona) sem acento).
3. A palavra irascível tem o dígrafo sc que deve ser pronunciado 
como se fora um c, isto é, da mesma forma que se pronuncia nascer, 
crescimento, etc.
E o chapéu?
Raul Gil disse a um 
candidato aos prêmios do 
seu programa:
“Se você acertar, continua. 
Se errar, o R$ 8.500,00 é 
meu.”
Com essa concordância, 
vamos tirar o chapéu do 
popular apresentador.
O certo: “... se errar, os 
R$ 8.500,00 serão meus.”
Criança esperança
O Didi, que há muitos anos está à frente dessa meritória campanha, 
que recolhe fundos para crianças carentes, escorregou quando deu a 
informação: “Recebemos, até agora, trezentas mil telefonemas.”
Repetiremos sempre: a palavra telefonema é masculina. A 
esperança que todos aprendam justifica a nossa insistência.
Renato Aragão deveria ter dito: Recebemos, até agora, trezentos mil 
telefonemas. E não é pouco.
287287
Respostas aos leitores
1. Ricardo Tanto H. Fontes – Tijuca/Rio
Prefira usar o particípio irregular com os verbos de 
ligação (ser, ficar, permanecer, etc) e o particípio 
regular com os verbos auxiliares (ter e haver).
Exemplo:
Eles foram salvos pelo médico.
O médico havia salvado os rapazes.
2. José Maria de Aguiar P. Souza – Cachambi/Rio
As formas verbais do verbo pôr citadas: púnhamos, 
puséramos, puséreis e poríeis são acentuadas porque 
são palavras proparoxítonas e todos os vocábulos 
deste tipo são acentuados. Ainda há outras pessoas do 
verbo pôr que são proparoxítonas e consequentemente 
acentuadas, como púnheis, poríamos, puséssemos e 
pusésseis.
3. Alberto N. de Almeida – Bairro Jabour/Rio
A frase: O espectador interveio na apresentação do 
autor é a correta. O verbo intervir é da família do verbo 
vir, seguindo exatamente a conjugação deste. Não 
existe a forma verbal “viu” na conjugação do verbo vir, 
logo não existe, também, a forma “interviu”.
288
Conhecendo nossos escritores
Jorge Leal Amado de Faria (1912-2001), baiano, nasceu na 
Fazenda Auricídia, no município de Itabuna. Formou-se em 
Direito, mas não exerceu a profissão. Foi deputado federal 
por São Paulo (1945) e declaradamente assumiu o papel de 
comunista convicto, sendo, inclusive, exilado em diversas fases 
da sua vida. Foi um dos maiores escritores que o Brasil já teve, 
consagrado mundialmente. Além de prêmios e troféus, fez 
da arte de escrever a sua profissão, vivendo exclusivamente 
de direitos autorais. Publicou livros em 46 países e os teve 
traduzidos em 36 idiomas. Faleceu no dia 6 de agosto passado, 
em Salvador.
Principais obras: O país do Carnaval (1931); Jubiabá (1935); 
Terras do sem fim (1943); Gabriela, Cravo e canela (1958); 
Dona flor e seus dois maridos (1966); Tieta do agreste (1977) e 
Navegação de cabotagem (1992).
A morte de Jorge Amado, muito sentida por todos 
nós, deixou vaga a cadeira 23, que foi a de Machado 
de Assis, na Academia Brasileira de Letras. Surgiu, 
assim, uma oportunidade inédita: Zélia Gattai, também 
escritora, aceitando ser candidata foi eleita. É a primeira 
mulher a ocupar a cadeira deixada pelo marido.
Pressão alta
“A senhora passou 
mal e pediu ao 
médico que tirasse a 
sua pressão.”Não pode ter 
melhorado. Pressão 
não “se tira”.
Pressão se mede.
Período correto: A 
senhora passou mal 
e pediu ao médico 
que medisse a sua 
pressão.
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Aconteceu no caldeirão
1 – Luciano Huck, que apresenta o seu programa nas tardes de 
sábado, mais uma vez, escorregou quando disse: “Igual a eu”.
Ele quase se afogou no próprio caldeirão.
Uma dica simples e a mais fácil de todas: o pronome eu é usado 
como sujeito, isto é, geralmente sempre antes de um verbo.
O apresentador deveria ter dito: Igual a mim.
2 – Numa das brincadeiras de mímica um participante tentava 
passar para o outro grupo um determinado provérbio.
Luciano Huck disse que era uma “expressão idiomática”, como se 
nós falássemos inglês.
Provérbio – dito popular expresso em poucas palavras, como, por 
exemplo: “Quem tudo quer tudo perde”.
Curiosidade
Saber o século ao qual pertence um ano é simples: caso termine em 
00 (zero/zero) basta eliminar os zeros e teremos seu século.
Exemplos: 2000: século XX; 1900: século XIX.
Quando o ano não termina em 00 (zero/zero), aí, então, somamos 
1(um) ao número formado pelos algarismos da unidade de milhar e 
da centena simples e encontramos o século.
Exemplo: 1889: 18 + 1 = 19 - século XIX ; 2003: 20+1=21 - século XXI
Tentação
Sílvio Santos, apresentando o programa Tentação, gritou para as 
pessoas do auditório: “É só três pessoas.”
E a concordância verbal?
Sílvio, são só três pessoas.
Planeta Xuxa
A loura recebeu o Bonde do Tigrão e o seu principal vocalista assim 
se pronunciou sobre uma nova composição do grupo: “Nós se 
inspiramos.”
Não há inspiração que aguente!
O verbo na primeira pessoa do plural exige que, além do pronome 
pessoal do caso reto (nós), o pronome pessoal do caso oblíquo 
também seja da primeira pessoa do plural.
O cantor deveria ter falado: Nós nos inspiramos.
290
6
290
Aconteceu em Porto dos Milagres
1 – Adma (Cássia Kiss) dizendo ao filho Alexandre (Leonardo Brício): 
“Não o aborrece, tá?”
O verbo aborrecer foi conjugado erradamente no imperativo 
negativo, que é todo formado do presente do subjuntivo (não 
aborreças tu / não aborreça você, etc.).
Se a atriz tivesse falado corretamente (Não o aborreça, tá?) talvez o 
Félix não tivesse ficado tão encantado pela Rosa Palmeirão.
2- Alfeu, o marido de sobrinho, se referindo à mulher: “Subindo e 
descendo pelas escadas para perder algumas gramas”.
O grama, medida de peso, é palavra masculina.
Socorrinho perdeu a compostura ao incorporar a “Bela da Tarde”, 
mas não precisa perder nenhum grama.
O mal continua
O pronome lhe continua sendo usado indevidamente pelos atores e 
atrizes, na maioria das novelas.
Certamente, quem diz “eu lhe amo”, põe o amor em risco.
O verbo amar é transitivo direto, isto é, seu complemento (objeto 
direto), quando for pronominal, só podem ser os pronomes oblíquos 
o/a/os/as (você/vocês) e não lhe (a você).
Não há regionalismo que justifique tal agressão à língua 
portuguesa.
Pronunciando mal
O programa Domingão do Faustão acompanhou 
o caso da tutela de um menino que foi para um 
país asiático com o pai, que lá faleceu. As duas 
famílias reivindicavam o pátrio poder da criança.
Foi ouvido o ministro da Justiça que disse: “O 
governo vai dar um “adevogado”.
Somente um bom advogado (com d mudo) 
conseguiria resolver aquele impasse.
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O dia 20 de janeiro é feriado, pois se comemora o dia do 
patrono do Rio de Janeiro – São Sebastião. No dia 1o de 
março de 1565, Estácio de Sá fundou a cidade de S. Sebastião 
do Rio de Janeiro, que recebeu este nome em homenagem ao 
santo padroeiro, daí muita gente confundir essas duas datas.
Doeu nos ouvidos
Ana Paula Padrão é uma 
jornalista competente, 
mas escorregou numa 
apresentação do Jornal da 
Globo, aquele de fim de 
noite, quando soltou um 
“por cada”.
Este é um dos cacófatos 
que mais doem nos nossos 
ouvidos. Nem a beleza da 
moça minimiza um erro 
desses.
Relendo Machado
“No meio dos graves problemas 
sociais, cuja solução buscam 
os espíritos investigadores do 
nosso século, a publicação de 
um manual de confeitaria só 
pode parecer vulgar a espíritos 
vulgares. É a restauração do nosso 
princípio social. O princípio social 
do Rio de Janeiro, como se sabe, 
é o doce de coco e a compota de 
marmelos.” (Machado de Assis – 
Notas Semanais / 1878)
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Enfrentamento perigoso
“Alguém teria coragem 
de enfrentar um boi tão 
bravo?”
Ninguém!
Quando um pronome 
se refere a 3a pessoa, 
mas sem determiná-la 
precisamente, temos um 
pronome indefinido.
Nesta frase há dois 
pronomes indefinidos, 
com uma característica: 
ambos são invariáveis, isto é, não podem 
ser flexionados. (alguém e ninguém).
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Você precisa saber
Temos dois infinitivos: o pessoal e o impessoal, sendo este, 
simplesmente, o nome do verbo e não se flexiona. Já o infinitivo 
pessoal pode ser flexionado (para eu sair, para tu comeres, para ele 
viajar, etc.). O infinitivo pessoal é obrigatoriamente flexionado quando 
tem sujeito próprio e diferente do da oração principal do período. 
Exemplo: Esta é a última oportunidade de você e de seu pai viajarem 
a S. Paulo neste mês. (esta é o sujeito da primeira oração e você e de 
seu pai o sujeito da segunda oração, próprio da forma verbal viajarem 
que está na 3a pessoa do plural do infinitivo pessoal do verbo viajar).
Educação
“O senso escolar mostrou quantas crianças estão fora da escola.”
Excelente medida! Todos devem ajudar. Melhor ainda se a ortografia 
for respeitada. Observe a diferença:
senso – faculdade de apreciar, de julgar, entendimento.
censo – conjunto dos dados estatísticos dos habitantes de uma 
cidade, província, estado ou nação.
censo escolar – conjunto de dados estatísticos, tendo apenas como 
universo as pessoas em idade escolar.
Período correto: O censo escolar mostrou quantas crianças estão fora 
da escola.
Viva Alagoas
A linda Thereza Collor fez um belo poema sobre Alagoas. Entre 
outras coisas, ela elogia “o pôr do sol num “inegualável” complexo 
lagunar.” Está na revista Caras no 338. Tudo bem, mas o adjetivo 
correto é inigualável. Aí a paisagem alagoana ficará ainda mais 
bonita.
Curiosidade II
Plantação arundinácea 
significa plantio de cana.
j
Curiosidade I
Alguns femininos:
cônsul – consulesa
conde – condessa
alcaide – alcaidessa, alcaidina
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O que é latinidade? Apenas um estado de espírito? Não, 
podemos afirmar que latinos são os povos que herdaram 
de Roma os seus respectivos idiomas. Hoje, há cerca de 1 
bilhão de pessoas nessas condições, o que corresponde a 1/6 
da população mundial. É por isso que nasceu, com sede em 
Florença (Itália), a Academia da Latinidade.
Economizando palavras desnecessárias:
O rapaz conseguiu um trabalho de “natureza” temporária” Basta: 
trabalho temporário.
Maria está com sérios problemas de “ordem financeira”. Basta: 
problemas financeiros.
Resultado dos temporais
“Parecem eminentes novos 
deslizamentos nas encostas da estrada 
Rio-Teresópolis, caso as chuvas 
continuem”.
O fato é lamentável, principalmente, 
numa rodovia tão bem cuidada. 
Lamentável, também, o uso indevido 
da palavra eminente.
Observe: 
eminente – superior, excelente, ilustre, 
alto, elevado.
iminente – que ameaça acontecer 
breve, que ameaça cair.
Período correto: Parecem iminentes 
novos deslizamentos nas encostas da 
estrada Rio-Teresópolis, caso as 
chuvas continuem.
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Curiosidade
Polissíndeto é o uso excessivo de conectivos, ligando palavras ou 
períodos.
Mas não havia ventos e não havia chuva e não havia sol e não 
havia calor e não havia frio e a bem da verdade e não havia nada.
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A Casa das 7 Mulheres
Numa chamada de promoção de uma minissérie da TV Globo, 
a moça diz para o soldado: “Na paz ou na guerra jamais me 
permitirão que lhe namore.”
Esse namoro vai ser difícil! O verbo namorar é transitivo direto, isto 
é, seu complemento é um objeto direto, que não admite o pronome 
oblíquo lhe, próprio para objetos indiretos.
Observação: Há gramáticos que aceitam o verbo namorar como 
transitivo indireto, no sentido

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