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E-book 1
MANIFESTAÇÕES 
CULTURAIS RÍTMICAS E 
EXPRESSIVAS
Ana Roberta Almeida Comin
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3
O CORPO E O MOVIMENTO ���������������������������������4
O MOVIMENTO E A CULTURA AO LONGO 
DOS ANOS ����������������������������������������������������������������� 9
O MOVIMENTO NA CONSTRUÇÃO DA 
CULTURA BRASILEIRA �����������������������������������������20
O RITMO DE TUDO ������������������������������������������������29
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������������� 33
2
INTRODUÇÃO
Neste e-book você poderá aprender o conceito de 
corpo e sua incrível capacidade de gerar movimento. 
Será abordado o papel do movimento no desenvol-
vimento individual de cada um de nós e como ele 
influenciou o avanço da humanidade.
Além disso, você também vai aprender como o surgi-
mento das sociedades influenciou a cultura e a sua 
relação com o movimento, passando pela história 
até chegar nos dias atuais. Com destaque para a 
nossa cultura brasileira.
Por fim, analisaremos como o ritmo dita o compasso 
da vida, da fisiologia à arte, conectando o movimento 
à cultura.
3
O CORPO E O MOVIMENTO
Para começarmos, proponho a você o seguinte ques-
tionamento: o que é o corpo? Em princípio, em uma 
visão reducionista, podemos pensar que se trata de 
um conjunto de sistemas fisiológicos compostos 
por órgãos, ossos e tecidos diversos. Mas podemos 
julgar correta uma definição tão rasa? O conceito de 
corpo é amplo e a cada análise podemos ter uma 
resposta diferente.
O corpo pode ser descrito pela ciência como matéria, 
definido ainda por outras áreas como um conjunto 
de sistemas que trabalham harmonicamente visando 
ao equilíbrio e à preservação da vida. Essa dinâmica 
envolve desde diminutas células até estruturas ma-
croscópicas como órgãos, ossos, pele, músculos etc.
É interessante notar que o mesmo conceito é expli-
cado pela Psicologia de maneira bastante ampla e 
reflexiva. Freud pontuava que o corpo possui dois 
significados, um o corpo real, que podemos tocar e 
ver, que ocupa um espaço e é galgado na anatomia, 
e outro o corpo como princípio de vida e individua-
lização, com significados particulares ao indivíduo.
A relação entre o corpo e a mente produz uma visão 
única do indivíduo – a chamada imagem corporal, 
que pode ser compreendida como a forma com que 
o corpo se apresenta para o indivíduo, sendo esta 
relação única e subjetiva, uma vez que está ligada 
à percepção do próprio. No entanto, essa relação 
4
não é imutável, ou seja, ela pode mudar, uma vez 
que é construída com base em experiências vividas 
anteriormente e anseios futuros.
Esse corpo, dotado de dinamismo, conceitos intrínse-
cos e demandas próprias que envolvem a existência 
e a percepção, serve ainda de instrumento de lin-
guagem e expressão. Graças a complexas estrutu-
ras, o corpo é capaz de produzir algo fantástico que 
move a humanidade e permite a nossa evolução: o 
movimento.
Vencer a inércia faz do homem um ser único, uma 
vez que é capaz de empregar o corpo não somente 
em tarefas voltadas para a sobrevivência, mas tam-
bém em tarefas minuciosas que requerem destreza, 
cognição e treinamento. Enquanto os animais se 
movimentam de forma a buscar a preservação da 
vida, isto é, caçar, fugir de predadores e encontrar 
abrigo, nós seres humanos vamos além. Fazemos o 
uso do movimento na arte, no esporte, na recreação 
e em muitas outras situações. Mais do que isso, o 
movimento serve também para manifestar ideias e 
para expressar emoções e sentimentos.
O movimento é natural ao ser humano. O bebê movi-
menta-se dentro do ventre da mãe, sem ao menos ter 
visto o mundo de fora. Ao nascer, chora, agita braços 
e pernas, abre os olhos. Até o primeiro semestre de 
vida ele não compreende o seu corpo como uma 
identidade única, ele ainda acredita ser uma extensão 
de sua mãe.
5
A descoberta do bebê em relação a si e ao seu corpo 
e à sua desvinculação à ideia de “extensão da mãe” 
se dá através do movimento. Ao movimentar-se, a 
criança aprende a reagir a estímulos, expressar emo-
ções e desejos e firmar a sua identidade e o seu 
processo de descoberta do mundo.
Hoje em dia o movimento é altamente valorizado e 
reconhecido como parte fundamental do desenvol-
vimento infantil, sendo fortemente incentivado por 
médicos e entidades de saúde voltadas à criança. No 
passado, era comum que mães e pais aninhassem 
seus bebês em cueiros, popularmente chamados de 
“charutinhos” – técnica que consiste em enrolar a 
criança em mantas ou tecidos reduzindo a sua mo-
bilidade. Atualmente, reconhece-se que a prática não 
deve ser incentivada, uma vez que a diminuição da 
capacidade de movimento da criança aumenta as 
chances de morte por Síndrome da Morte Súbita 
Infantil, além de comprometer o seu desenvolvimento.
Figura 1: Bebê enrolado em um cueiro. Fonte: Maesdepeito
6
https://www.maesdepeito.com.br/wp-content/uploads/2017/02/31900741534_8fbc566df3_z.jpg
O movimento está ligado a processos biológicos, 
psicológicos e sociais, pois é por meio dele que so-
mos estimulados e nos desenvolvemos. É através do 
movimento que a criança explora o mundo e constrói 
conhecimentos através dessas experiências. Além do 
repertório motor, esse processo permite ganhos nos 
domínios cognitivo e afetivo, pois a criança passa 
a aprender a lidar com o outro e como estabelecer 
relações. Um exemplo disso são os jogos infantis. 
A criança, por meio do movimento, aprende a lidar 
com os colegas, a seguir regras, a realizar gestos 
específicos, além de experimentar os conceitos de 
ganhar e perder.
Até agora pudemos observar a importância do movi-
mento no desenvolvimento e na maturação de cada 
indivíduo. Mas, e quando pensamos na importância 
do movimento para o todo?
Vimos anteriormente que o movimentar-se estava 
ligado às atividades fundamentais de sobrevivência 
como a caça, por exemplo. Deixo aqui o seguinte 
questionamento: quando o ser humano passou a de-
dicar sua capacidade motora para outras finalidades?
7
Figura 2: Pintura rupestre representando o movimento. Fonte: 
Todamateria
Pinturas rupestres, isto é, representações artísticas 
que datam a chamada pré-história, feitas em superfí-
cies de cavernas, retratam o movimento e as expres-
sões corporais na forma de dança, além de outras 
situações cotidianas. Presume-se que a dança nesse 
período tinha função ritualística ligada às colheitas, 
chuvas, à caça, à fertilidade e a outros temas que 
permeavam a existência desses antepassados.
A evolução da humanidade mediante sua capacida-
de de movimentar-se e a ressignificação do corpo 
levaram ao surgimento das sociedades e da cultura, 
como veremos a seguir.
8
https://www.todamateria.com.br/o-que-e-danca/
O MOVIMENTO E A 
CULTURA AO LONGO DOS 
ANOS
Inegavelmente somos seres sociais. Graças ao inte-
lecto e à capacidade de interagir nós nos tornamos 
seres políticos, exploramos as relações sociais e 
estabelecemos a nossa convivência através da for-
mação de grupos.
Nos tempos primórdios essa aproximação entre in-
divíduos se deu mediante à noção de quão frágeis e 
vulneráveis éramos frente às ameaças que rondavam 
o meio ao qual estávamos inseridos. Isso nos apro-
ximou e foi o embrião do modelo que conhecemos 
hoje como “sociedade”.
O fator “estar junto” garantiu a proteção e a segu-
rança que eram necessárias e criou o sentimento de 
“unidade”, o que avançou para a busca de objetivos 
em comum que garantissem também o bem-estar 
do até então “ser indefeso”. Por exemplo, foi nesse 
período ainda na pré-história que o homem dominou 
as técnicas de agricultura e pecuária. Com isso, a 
maior parte desses grupos deixou de ser nômade 
para fixar suas raízes e desenvolver suas sociedades.
Além de fatores ligados à subsistência, o homem se 
organizou em sociedades não apenas por questões 
relacionadas à segurança, mas também por razões 
9
afetivas e biológicas. De fato, não fomos criados 
para vivermos sós.
A princípio, a organizaçãodas sociedades primitivas 
se baseava no uso da força. O mais forte ditava as 
regras e ficava sob sua cautela. E assim foi por muitos 
anos, até o surgimento do que hoje conhecemos por 
política, graças ao emprego da racionalidade para 
resolvermos questões naturais da convivência e a 
busca de meios para concretizar objetivos em comum.
Quando passamos muito tempo com alguém, é na-
tural que desenvolvamos muitos comportamentos 
em comum. Seja no modo de falar, nos gestos ou 
na forma de se vestir. Um exemplo claro é a nossa 
família. A família é a primeira amostra do que é a 
sociedade. Um conjunto de pessoas convivendo, 
dividindo ideais e deveres.
Pensando nesse exemplo, maximize essa ideia para 
milhares de pessoas. O produto que temos é a cultu-
ra de um determinado povo ou determinada região, 
que combina de forma abrangente os costumes, os 
comportamentos e as tradições, que em geral são 
transmitidas de geração para geração, seja por meio 
da oralidade ou da imitação.
A ideia de cultura, como pudemos observar, é bastan-
te ampla, o que permite incluir diversos componentes 
como a fé, a linguagem, a indumentária, as relações 
interpessoais, os valores, as crenças, a noção de 
tempo, a arte, o conceito de universo, os alimentos 
e tudo mais que tange o comportamento humano.
10
A cultura é fruto da história e da convivência entre 
pessoas de um determinado lugar, portanto cada 
uma delas possui diferentes nuances e conceitos 
próprios, o que nos faz resgatar a premissa de Claude 
Lévi-Strauss, um dos mais importantes antropólogos 
do século 20: não é possível estratificar ou hierarqui-
zar as culturas, ou seja, não existe melhor ou pior, 
mais ou menos avançada etc., cada uma é única, que 
surgiu e se estabeleceu com a sua própria identidade.
É neste vasto caldeirão que emerge do conceito de 
cultura que o movimento se destaca. Danças, rituais 
religiosos, combates, esportes, tudo é produto do 
movimento e suas manifestações. E isso não é um 
fenômeno recente.
Um forte exemplo do movimento como manifesta-
ção cultural é a própria origem do que hoje conhe-
cemos como Educação Física. Sua origem remete 
aos primórdios da civilização grega. Nessa cultura, 
sua fé politeísta era representada por diversos deu-
ses, como Apolo. Essa divindade, filha de Zeus com 
uma titã, representava o sol, a perfeição, a cura e a 
verdade. Sempre representado muito jovem, atlético 
e bonito, Apolo era considerado o patrono da ginás-
tica e de todos os espaços de prática. Portanto, o 
movimento era extremamente valorizado e difundido 
nessa cultura, juntamente ao culto do corpo ideal, 
sempre registrado de maneira forte e atlética, como 
Apolo. Além do fundo religioso, o movimento na for-
ma da ginástica também estava ligado ao culto ao 
corpo, à saúde e ao intelecto, o que fazia com que 
11
fosse adotado por todos – religiosos, soldados, in-
telectuais e demais cidadãos.
Figura 3: Representação em mármore do deus Apolo. Fonte: Wikipedia
A civilização grega antiga ruiu, mas seus valores fo-
ram perpetrados para a humanidade. A cultura do 
movimento desse povo deixou como herança tam-
bém o que hoje chamamos de Jogos Olímpicos, além 
da própria palavra “ginástica”, do grego gymnádzein 
(“treinar” ou “exercitar-se nu”), uma vez que o movi-
mento era amplamente utilizado em modalidades 
como as atuais: atletismo, hipismo, lançamento de 
disco, salto em distância, lançamento de dardo e luta.
12
https://pt.wikipedia.org/wiki/Apolo
Podcast 1 
Além do movimento empregado na ginástica e nas 
manifestações religiosas, o mesmo também con-
templava as artes. Os gregos da antiguidade foram 
exímios artistas no teatro e na dança. A dança era 
considerada um presente divino, útil para esquecer 
as mazelas terrenas, portanto era comum que pos-
suíssem uma para cada momento importante da 
sociedade. Então criaram danças militares, bailes que 
festejavam uniões, celebrações de batalhas, danças 
fúnebres e outras que marcavam nascimentos.
O movimento no teatro também era fundamental na 
sociedade grega com grandes estruturas dedicadas 
às encenações. Surpreendentemente, algumas des-
sas construções resistiram ao tempo, sendo possível 
visitá-las.
 
Figura 4: As ruínas do antigo anfiteatro na Acrópoles de Atenas, 
Grécia. Fonte: Todamateria
13
https://famonline.instructure.com/files/1063551/download?download_frd=1
https://www.todamateria.com.br/teatro-grego/
Você deve estar se perguntando qual é a importância 
de conhecermos a herança grega do movimento. 
A resposta é simples: praticamente todas as civili-
zações ocidentais posteriores beberam da cultura 
grega. Seja na arquitetura, na arte, na política, na 
filosofia, na medicina, na dança ou no esporte. A 
Grécia antiga deixou um legado vasto que podemos 
ver até mesmo nos dias atuais, como a própria ideia 
de democracia.
Finda a civilização grega clássica, houve a ascensão 
do Império Romano, que sobretudo manteve muitos 
preceitos gregos, como a cultura do movimento. Esse 
grandioso império ocupou territórios do que hoje co-
nhecemos como Europa, Ásia e África. Naturalmente, 
é de se pensar que tais regiões não foram cedidas 
gentilmente aos romanos, mas sim como frutos de 
muitas batalhas. Nessa época, as relações eram frá-
geis e tudo podia se tornar motivo para um confronto. 
Por esse motivo, os romanos possuíam um poderoso 
contingente militar, o qual era preparado por meio de 
treinamentos e ginástica. Além disso, os romanos 
mantiveram algumas tradições gregas como danças 
para marcar momentos importantes e o teatro. Não 
à toa, foi na Roma Antiga que a frase “mente sã num 
corpo são” surgiu, oriunda de um poema de Juvenal 
– do latim “mens sana in corpore sano”.
Uma clara demonstração da importância do movi-
mento para os romanos eram as apresentações fei-
tas por gladiadores em arenas, representadas em 
diversos filmes e encenações, além da lamentável 
política do Panem et circenses, ou a política do pão 
14
e circo, com a qual as elites controlavam os seus 
cidadãos – sobretudo os mais pobres, por meio de 
espetáculos gratuitos e a distribuição de trigo para 
se alimentarem, desviando assim as suas atenções 
de problemas sociais.
Apesar dos progressos das civilizações grega e ro-
mana, houve uma importante ruptura nesses ideais. 
O avanço do tempo trouxe um período histórico que 
não foi favorável ao corpo e ao movimento: a Idade 
Média.
Nesse momento da história, a Igreja Católica passou 
a exercer o controle e o domínio dos costumes, das 
artes e da vida cotidiana nas pessoas. A fé polite-
ísta e o culto à beleza do corpo foram fortemente 
reprimidos. Tudo agora era pautado na religiosidade 
e na moral. Ao menor sinal de um comportamento 
que fugisse às regras, a pessoa era delatada e se-
veramente punida.
A estruturação da fé cristã na unidade da Igreja 
Católica deixou de lado a dança e o movimento como 
formas de adoração. Logo, isso não era mais visto 
com bons olhos e deveria ser coibido.
Ainda assim, a dança recreativa era praticada so-
bretudo pelas classes mais baixas em momentos 
de celebração e festas, apesar dos apelos papais 
que a associava à indecência e à imoralidade. Com 
o enfraquecimento do regime feudal, no intuito de 
diferenciarem-se dos plebeus, os nobres adotaram 
danças diferentes ao som de outra métrica musical.
15
Uma forma bastante popular de entretenimento na 
época eram as apresentações de cavaleiros com 
espadas. Embora fossem necessários força, destreza 
e treinamento, a ginástica não era praticada, uma 
vez que a modalidade caiu no ostracismo graças 
à repressão da igreja. As manifestações corporais 
ficaram restritas ao treinamento militar com a pre-
paração física, a equitação, arco e flecha, esgrima, 
corrida e luta.
Como nem tudo dura para sempre, a Idade Média se 
encerrou, dando lugar a um novo período em que a 
cultura do corpo e do movimento ganharam outro sig-
nificado. A Idade Moderna foi um marco na história 
e trouxe à luz muitos conceitos e ideias esquecidos 
durante os anos de imposiçãoda Igreja Católica. É 
nesse momento histórico que acontecem as grandes 
navegações, o Renascimento e a reforma religiosa. A 
ciência ganha espaço, os fenômenos não são mais 
explicados por meio do sobrenatural e a cultura e a 
arte passam a ser valorizadas.
A exploração da ciência como meio de explicar fenô-
menos e acontecimentos da vida cotidiana levaram 
à evolução do conhecimento em diversas áreas do 
saber, inclusive na Educação Física.
Nesse cenário, o movimento é considerado parte 
importante da educação e da formação intelectu-
al de jovens, sobretudo da burguesia. A ginástica 
reaparece na forma de modalidades como o salto, 
a corrida, a natação, a luta, a equitação, o jogo da 
pelota, a dança e a pesca.
16
As danças também emergiram com força nesse pe-
ríodo, como o início do ballet. Nas artes também sur-
giram nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo, 
Caravaggio, dentre tantos outros. A cultura e o movi-
mento, até então, nunca haviam sido tão valorizados.
A exaltação do saber proposta na Idade Moderna foi 
fundamental para a construção dos valores atuais de 
cultura e movimento. Essa concepção permitiu que 
o período histórico seguinte estruturasse os conhe-
cimentos e os difundisse.
A chamada Idade Contemporânea é marcada pelo 
início da Revolução Francesa e perdura até os dias 
atuais. É nesse período que o conceito de movimento 
ganha outros contornos.
Se anteriormente a ginástica era praticada de forma 
empírica, isto é, sem se ter o conhecimento estrutu-
rado, agora ela é um campo do conhecimento reco-
nhecido e agrupado em quatro vertentes diferentes: 
a escola alemã, a sueca, a francesa e a inglesa. Cada 
uma com as suas práticas e particularidades. Surgem 
também acessórios para as rotinas de exercício e 
centros especializados no início do século 19.
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Figura 5: Movimentos calistênicos sendo reproduzidos em aula de 
educação física escolar em Porto Alegre nos anos 1930. Fonte: Acervo 
O Globo
Vale destacar-se que nesse período a ideia de “gi-
nástica” passou a ser enquadrada em rotinas de 
exercícios coreografados que visavam à saúde, a 
educação e o rigor, respaldados pela comunidade 
médica da época.
Além da ginástica, a expressão do movimento tam-
bém era encontrada em danças coreografadas e pe-
ças teatrais, dada a importância dos valores culturais 
vigentes.
Com o avanço dos anos, o movimento e a cultura se 
tornaram campos de estudo com milhares de estu-
diosos e pesquisadores dedicados a essas ques-
tões. A ginástica ganhou novas perspectivas, sendo 
empregada desde o preparo de um astronauta para 
ir ao espaço até a reabilitação de uma pessoa com 
lesão medular.
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https://acervo.oglobo.globo.com/incoming/educacao-fisica-no-brasil-20369943
https://acervo.oglobo.globo.com/incoming/educacao-fisica-no-brasil-20369943
A ginástica passou a ser classificada de acordo com 
o seu objetivo: condicionante, terapêutica, competi-
tiva, alternativa, demonstrativa, geral e laboral, cada 
uma com uma finalidade e caráter.
Saltando-se para os anos 1990, nessa década surgiu 
o conceito de cultura do movimento, proposto pela 
professora Elenor Kunz. Nele é proposto que o mo-
vimento não se reduz a um fenômeno meramente 
físico, ele transcende e toma significações culturais. 
A autora questiona que o movimento sempre foi en-
xergado como um ato mecânico, sem se contextu-
alizar o aspecto espacial e cultural que o envolve.
Hoje nossa cultura é altamente dependente do mo-
vimento, seja no esporte, nas academias, na dança 
ou nas representações, apesar dos crescentes índi-
ces de sedentarismo – algo totalmente contraintui-
tivo à nossa natureza. São as contradições da vida 
contemporânea.
Mediante a linha do tempo apresentada, vemos que 
o movimento é inerente ao ser humano e está entre-
laçada às suas manifestações culturais.
19
O MOVIMENTO NA 
CONSTRUÇÃO DA CULTURA 
BRASILEIRA
O Brasil é um país de dimensões continentais. Sendo 
o maior do Hemisfério Sul e o quinto dentre todo o 
globo. Nosso passado revela a influência de diferen-
tes países, o que se observa até mesmo nos dias 
de hoje, com o êxodo moderno de imigrantes que 
buscam em nosso território uma nova vida.
Antes da chegada dos portugueses e do processo 
de colonização, o movimento era a força motriz dos 
povos indígenas que aqui habitavam. Caçar, pescar, 
construir moradas e plantar eram substanciais para 
eles. Além disso, nadar em rios, manter cuidados 
coletivos e brincar também faziam parte da cultura 
dos indígenas. Tristemente, com o processo escra-
vagista, esses indivíduos perderam não somente a 
sua liberdade, mas também a sua identidade cultural, 
reprimida pelo homem branco.
Apesar disso, parte desta rica cultura resistiu à barbá-
rie e ao tempo e até hoje são elementos importantes 
da nossa identidade nacional, como pratos com aipim 
(ou mandioca), milho, açaí e peixes – um exemplo é o 
Tacacá, um prato tradicional do Pará que leva a goma 
de tapioca e o tucupi, ambos derivados do aipim.
Os povos indígenas também deixaram raízes na arte. 
As máscaras, o culto à natureza, as pinturas corpo-
rais e as danças ritmadas até hoje ecoam na nossa 
20
cultura. Na língua portuguesa também encontramos 
diversas palavras cuja etimologia remete aos primei-
ros habitantes do Brasil. Por exemplo, um famoso 
ponto da cidade de São Paulo, o parque do Ibirapuera 
significa, em tupi, “lugar que já foi mato” ou, ainda, o 
Rio Tietê – “caudal”, “volumoso” na mesma língua.
Os indígenas também contribuíram para o que hoje 
conhecemos por folclore. Graças às tradições orais, 
conhecemos as histórias de personagens como a sereia 
Yara, o boitatá, a caipora, o boto cor-de-rosa e o curupira.
As crianças para a aldeia eram de responsabilidade 
coletiva e usufruíam da liberdade de crescerem em 
meio à natureza. O movimento aparecia em diversas 
brincadeiras que ainda hoje fazem parte da infância 
dos brasileiros como a peteca e o cabo de guerra, 
típicos da nossa cultura.
Podcast 2 
Figura 6: Indígenas disputando cabo de guerra. Fonte: Escolaeducacao
21
https://famonline.instructure.com/files/1063552/download?download_frd=1
https://escolaeducacao.com.br/10-brincadeiras-indigenas/cabo-de-guerra-4/
O fim da escravidão indígena foi o resultado da soma 
de diversos fatores. Primeiramente, a cultura dos 
indígenas era baseada na subsistência e não na ex-
ploração predatória dos recursos naturais, o que con-
flitava com suas crenças. Depois, eram exímios co-
nhecedores da natureza, não raro aconteciam muitas 
fugas e conflitos. Por fim, a matança desses povos 
especialmente por doenças trazidas pelos europeus, 
nunca vistas até então.
A necessidade de mudanças na colônia e a pressão 
exercida pelos padres jesuítas contribuíram para o 
fim da escravidão indígena, mas infelizmente não 
para os seus ideais. E é nesse momento que a Europa 
volta os olhos para a África e começa um novo mer-
cado altamente lucrativo: a compra e a venda de 
pessoas negras escravizadas.
Essas pessoas escravizadas vindas do continente 
africano chegaram aqui em aproximadamente 1538 
e gradualmente substituíram a mão de obra indígena. 
Africanos de diferentes regiões, tribos e costumes 
eram capturados e trazidos para as Américas – lem-
brando que tristemente a escravidão não foi um pro-
cesso exclusivo do Brasil, apesar de nosso país ter 
sido um dos últimos a aboli-la.
Logo no transporte, realizado por navios insalubres 
e em péssimas condições, as pessoas eram sepa-
radas de seus grupos étnicos e limitadas a viverem 
entre desconhecidos, que, apesar de partilharem o 
mesmo continente de origem, não falavam a mesma 
língua. Tudo para dificultar a comunicação e evitar 
22
uma possível revolta. Muitos morriam durante a via-
gem através do oceano Atlântico, vítimas de doenças, 
maus-tratos e fome.
O trabalho rigoroso e forçado somado a diversos 
castigos físicos que iam de estupros a espanca-
mentos eram a rotina de milhões de pessoas cuja 
existência se resumiu a ser um produto nas mãos 
de seus feitores.
Como dito anteriormente,a África é um continente 
formado por diferentes povos, com linguagem, cos-
tumes e crenças diferentes. A vinda dessas pessoas 
ao Brasil (ainda que forçadamente) contribuiu de ma-
neira importante para a construção da nossa cultura.
A herança negra na gastronomia nos contemplou 
com a feijoada, o acarajé, o vatapá, o mugunzá, o 
caruru e a pamonha, além dos temperos como pi-
mentas, leite de coco e o azeite de dendê.
É natural para muitos frente a uma situação difícil 
recorrer à fé e à religiosidade para buscar conforto, 
amparo e esperança. Além de todo abuso físico e 
psicológico imposto pelo homem branco, os negros 
ainda eram obrigados forçosamente a converterem-
-se ao cristianismo. No entanto, muitos mantiveram 
suas tradições religiosas em segredo, originando o 
sincretismo religioso que temos em nosso país. O 
candomblé, a umbanda, o catimbó e a quimbanda 
são partes importantes da cultura brasileira que até 
hoje possuem milhões de fiéis e devotos.
23
No campo do movimento, a matriz africana deixou 
inúmeras contribuições. A capoeira teve como ori-
gem um ato de resistência, não apenas física, mas 
também uma forma de resguardar a identidade afri-
cana dessas pessoas. Como eram proibidos de pra-
ticarem qualquer tipo de luta, a música era utilizada 
como uma forma de disfarce, podendo assim ser 
praticada e facilmente confundida com uma dança 
ou coreografia. Na atualidade estima-se que 6 mi-
lhões de pessoas sejam praticantes da modalidade, 
sendo representada até mesmo por atletas de elite 
em competições internacionais de mixed matial arts 
(MMA).
Ao falarmos sobre a capoeira, é impossível não pen-
sarmos nas canções que acompanham os movi-
mentos, todas ritmadas e marcadas pelo som do 
berimbau. A matriz africana deixou contribuições 
importantíssimas na nossa música, que podem ser 
vistas e apreciadas até os dias de hoje. Desde instru-
mentos como o tambor, a cuíca, o agogô, o atabaque, 
a marimba e o próprio berimbau até ritmos musicais 
como o popular samba e as suas variações, o axé, o 
jongo, o maracatu, a congada e a umbigada. A últi-
ma trata-se de uma dança originária nos quilombos, 
na qual os pares tocam os seus umbigos ao som 
de uma música, com movimentos que festejam a 
fertilidade.
24
Figura 7: Grupo dançando a umbigada, dança de matriz africana ori-
ginada nos quilombos. Fonte: Globo
No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel fi-
nalmente assinou a lei que abolia a escravidão. 
Novamente, as elites se perguntavam quem seriam 
seus próximos trabalhadores. O racismo cerceou 
direitos básicos dos cidadãos negros, inclusive o di-
reito ao trabalho, uma vez que fazendeiros e donos de 
estabelecimentos passaram a ser favoráveis à vinda 
de imigrantes de diversos países para trabalharem 
em seus negócios.
A imigração europeia e asiática marca outra impor-
tante face na nossa cultura. Diversos países enfren-
tavam grandes crises, sem recursos ou perspectivas 
seus cidadãos se lançavam na aventura de recome-
çar a vida em um novo país junto de suas famílias. 
Vale lembrarmos que o governo brasileiro criou con-
dições particularmente favoráveis para que a propos-
25
https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2019/03/15/espetaculo-resgata-tradicao-e-mistura-danca-e-historia-em-bauru.ghtml
ta se tornasse atraente o bastante para convencer 
essas pessoas a largarem tudo por uma vida nova 
em solo brasileiro.
Grande parte dos japoneses imigrantes se instalaram 
no interior do estado de São Paulo para se dedicarem 
à agricultura. Trouxeram da ilha nipônica a sua arte, 
o hábito por chás e introduziram na dieta brasileira a 
soja, o arroz cateto, o feijão azuki, a couve japonesa, 
o pepino, a acelga, o nabo, o rabanete, a batata-doce 
e a cebolinha, além dos tradicionais pratos tão apre-
ciados nos dias de hoje.
A influência da colônia japonesa em nossa cultura, 
graças à sua presença maciça, rendeu-nos até mes-
mo famosos redutos com arquitetura típica, como é 
o caso do bairro da Liberdade, em São Paulo. Vale a 
nota de que antes da presença nipônica a região era 
palco de punições de pessoas negras.
No campo do movimento, a colônia japonesa contri-
buiu para a introdução e difusão do judô e posterior-
mente do jiu-jitsu, sendo atualmente o Brasil um dos 
principais representantes dessas práticas e o judô 
uma modalidade Olímpica desde o ano de 1964, nos 
jogos sediados na cidade de Tóquio.
O jiu-jitsu brasileiro, internacionalmente conhecido 
como brazilian jiu-jitsu, foi fruto do encontro de um 
imigrante japonês, conhecido como Conde Koma e 
um brasileiro, Carlos Gracie. Anos mais tarde o es-
porte seria regulamentado e difundido mundo afora.
26
Sobre a participação dos europeus na construção do 
que hoje entendemos por cultura brasileira, podemos 
destacar as festas juninas. Comemoradas anterior-
mente em território europeu como uma festividade 
pagã, a festa chegou ao Brasil com um tom religioso 
que foi desaparecendo com o tempo. Hoje ainda 
há a comemoração dos santos católicos São João, 
Santo Antônio e São Pedro, mas impera a celebração 
da figura do matuto do campo. A dança típica da 
comemoração é a quadrilha, cuja origem remete à 
França, que inspirou o restante da elite europeia, que, 
por sua vez, inspirou a nossa cultura ao chegar aqui.
Figura 8: Representação da quadrille que inspirou a nossa quadrilha 
junina. Fonte: Papodegordo
Uma constatação interessante: o futebol, a “paixão 
nacional”, uma das máximas manifestações de mo-
vimento em nosso país, foi não apenas criado, mas 
impulsionado por europeus. O seu início no Brasil se 
27
https://www.papodegordo.com.br/2009/06/27/historia-da-quadrilha-de-sao-joao/
deu em 1894, pelo jovem Charles Miller, filho de ingle-
ses que retornou a São Paulo após uma temporada 
de estudos na Europa. Já a difusão do futebol foi 
um fenômeno creditado aos imigrantes, sobretudo 
italianos. Em uma tentativa de promover a interação 
e a adaptação dessas pessoas surgiram diversas 
associações e clubes, nos quais muitos praticavam 
o futebol de várzea. Inclusive, nessa época, a própria 
seleção brasileira era composta em partes por filhos 
de imigrantes.
É importante destacar-se que a cultura é um com-
ponente dinâmico que sofre influências a todo mo-
mento. Indígenas, africanos e europeus constituíram 
a nossa identidade nacional, que está em constante 
construção.
As crises mundiais e demais conflitos trouxeram 
nos últimos anos uma leva de novos imigrantes de 
diversas partes do mundo, enriquecendo ainda mais 
a cultura brasileira. A internet também contribuiu 
com esse processo. Hoje uma música vinda de um 
país distante pode fazer sucesso e ganhar uma co-
reografia por aqui rapidamente.
28
O RITMO DE TUDO
Até agora discorremos sobre a cultura e o movimento 
sem entrarmos em um mérito importantíssimo, que 
cabe uma sessão somente a ele. O quicar de uma 
bola, as batidas do coração, o compasso de um re-
lógio, as estações do ano, o dia e a noite – tudo é 
ditado por um ritmo.
A começar pelo nosso corpo e o de tantos outros 
seres vivos. O chamado ritmo ou ciclo circadiano é 
um mecanismo que tem como principal função sin-
cronizar as funções fisiológicas dentro do período 
de 24 horas, de acordo com a luminosidade. Esse 
ritmo dita diversos processos biológicos como a 
temperatura corporal, o sono, a secreção de hormô-
nios, a função intestinal, a homeostase, dentre outros 
– inclusive somos dotados de genes responsáveis 
especificamente pelo controle do ritmo circadiano.
O ritmo está por todo lugar e ele pode ser compre-
endido como um som ou movimento coordenado 
ou uma repetição. É impossível pensar em ritmo e 
não o associar à música. O ritmo é o produto de 
uma repetição sonora, que cria um dos aspectos 
fundamentais da música.
Vimos anteriormente que a música é uma forma de 
manifestação cultural, assim como as expressões 
do corpo. Mas de que maneira o ritmo se encaixa 
nesse contexto?
29
Desde os tempos primórdios o homem se relaciona 
com o ritmo e os sons. Artefatos arqueológicosindi-
cam instrumentos sonoros tão antigos quanto as pin-
turas rupestres apresentadas no início deste e-book.
Seguir um ritmo é uma tendência natural do ser hu-
mano. Curiosamente, nossos ascendentes primatas, 
apesar da inteligência e semelhança, não conseguem 
identificar ritmos. Graças à evolução, nós seres hu-
manos conseguimos não somente acompanhar um 
ritmo, mas também o prever. Por exemplo, consegui-
mos prever os cliques de um metrônomo e podemos 
bater ou batucar com nossos dedos com precisão 
no ritmo ditado pelo aparelho. Sem essa capacidade 
de antecipação, precisaríamos ouvir o clique para 
então produzir uma resposta, o que invariavelmente 
nos deixaria atrasados em relação ao som. Macacos, 
mesmo que treinados, não conseguem antecipar a 
batida, um feito exclusivo de nós humanos.
30
Figura 9: O metrônomo é um instrumento que dita o andamento 
musical graças ao balanço de uma haste metálica. Fonte: Wikipedia
Sentir o ritmo de uma batida requer conexões entre 
diferentes partes do cérebro. Essa estrutura intrinca-
da em diversas partes responsáveis por diferentes 
funções é rara no reino animal. Isso se deve pelo 
fato de que o nosso cérebro possui neurônios que 
disparam na frequência exata do som ouvido, algo 
realmente complexo.
Ritmo e cultura se entrelaçam ao pensarmos em dife-
rentes sons e na musicalidade de cada região. Nessa 
pluralidade podemos pensar nos diferentes ritmos 
musicais que encontramos mundo afora e sobretudo 
no nosso país. É difícil pensar nesses elementos e 
31
https://en.wikipedia.org/wiki/Metronome#/media/File:Metronome_Nikko.jpg
não os associar à dança, um tema bastante rico que 
veremos futuramente.
O ritmo pode ser marcado de diferentes maneiras e 
está relacionado ao tempo musical. Pode ser mar-
cado por uma batida, como um instrumento de per-
cussão, com o próprio corpo, como o gesto de bater 
palmas ou pés, ou por meio de uma contagem – e é 
fundamental para a cadência do som.
Não à toa as músicas são classificadas de acordo 
com as batidas dadas dentro do período de um minu-
to, o que é popularmente chamado de batidas por mi-
nuto (BPM). Essa medida leva em conta o andamento 
do som, isto é, o grau de velocidade do compasso.
Músicas com maior BPM tendem a ser mais rápi-
das, enquanto um menor BPM representa o oposto. 
Interessante pensar na relação BPM da música com 
o BPM do nosso coração. Músicas com maior BPM 
tendem a aumentar a frequência cardíaca, uma vez 
que está ligada às emoções, sendo o contrário tam-
bém verdadeiro. Sons com menos BPM comumente 
levam a um estado de relaxamento ou tranquilidade, 
o que invariavelmente mantém uma frequência car-
díaca também mais baixa ou dentro da normalidade. 
Esse fenômeno é bastante revelador ao pensarmos 
na relação ritmo e fisiologia.
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste material pudemos aprender que o corpo e o 
movimento transcendem o aspecto físico e estão 
relacionados ao nosso desenvolvimento pessoal. 
E não somente, foi graças a ele que o homem pode 
evoluir quanto espécie e posteriormente sociedade.
Ainda nesse âmbito, as nossas necessidades pes-
soais nos fizeram procurar semelhantes e assim 
formamos as primeiras comunidades/sociedades. 
Ao longo do tempo, o valor e a compreensão do mo-
vimento foram mudando de acordo com a visão de 
diferentes culturas e povos. Os gregos, por exemplo, 
tinham no movimento um mote sagrado de adoração, 
além da sua finalidade de treinamento. Os romanos 
viam no movimento uma forma de preparar os seus 
soldados e ainda proporcionar entretenimento, como 
as apresentações de gladiadores. Na Idade Média, o 
movimento passou a ser desencorajado dadas as re-
gras de conduta moral e espiritual da Igreja Católica. 
Na Idade Moderna, tudo o que até então era coibido 
passou a ter outro valor – o movimento e os estudos 
a seu respeito eram desenvolvidos e praticados. Por 
fim, exploramos o movimento em tempos recentes 
até mesmo dentro do âmbito do pensar, com a cha-
mada “cultura do movimento”.
Pudemos aprender como cada povo contribuiu para 
a nossa ideia, concepção, cultura e prática do movi-
mento em nosso país, desde a caçada dos indígenas, 
33
passando pela influência dos negros escravizados e 
pelos europeus e asiáticos trabalhadores imigrantes.
Todo esse contexto foi costurado por um elemento 
fundamental: o ritmo. Estudamos como ele dita o 
mundo, desde fenômenos da natureza como as es-
tações do ano até a fisiologia cardíaca do homem, 
tudo possui um ritmo. Ainda, discutimos a incrível 
capacidade do cérebro humano de seguir e prever 
ritmos, para então acompanhá-los. Algo reservado 
unicamente à nossa espécie. Por fim, observamos 
também como o ritmo se faz presente na música na 
forma das batidas por minuto (BPM) e como isso 
pode nos influenciar.
34
SÍNTESE
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS 
RÍTMICAS E EXPRESSIVAS 
O corpo e o movimento
O movimento e a cultura ao longo dos anos
O movimento na construção da cultura brasileira
O ritmo de tudo
Referências 
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	Introdução
	O corpo e o movimento
	O movimento e a cultura ao longo dos anos
	O movimento na construção da cultura brasileira
	O ritmo de tudo
	Considerações finais

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