RESUMO IMPÉRIO

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TEXTO 1
ENTRE HISTÓRIAS E HISTORIOGRAFIAS: ALGUNS TEMAS DO GOVERNO JOANINO
(VERSÕES SOBRE D. JOÃO): 
 A HISTÓRIA “OFICIAL” DESCREVIA DE UMA FORMA ROMANTIZADA AS ORIGENS DA NAÇÃO (PRODUÇÃO OITOCENTISTA), O QUE VEIO A MUDAR APENAS COM UMA NOVA PRODUÇÃO REALIZADA PELOS QUE DEFENDIAM A REPÚBLICA E CLARO, DESDENHAVAM DA MONARQUIA. 
 A VERSÃO QUE DEFENDE A REPÚBLICA NOS MOSTRA UMA VISÃO NEGATIVA EM VOLTA DE D. JOÃO E SUA FAMÍLA, POIS O DESCREVE COMO UM REI ACOVARDADO E GLUTÃO, COM UMA RAINHA INFIEL, UMA MÃE LOUCA E UMA FALTA DE PROGETO POLÍTICO PARA O PROGRESSO DO BRASIL. PORÉM, AUTORES COMO OLIVEIRA LIMA, COMBATEM ESSA VERSÃO DESDENHOSA DE D. JOÃO MOSTRANDO QUE NA VERDADE ELE ERA JUSTO E DIPLOMÁTICO EM VÁRIAS QUESTÕES. 
 
(IMPÉRIO): 
 AS PERSPECTIVAS CLÁSSICAS DA HISTÓRIA SOBRE O PERÍODO COLONIAL NO BRASIL NOS MOSTRAM UMA DUALIDADE E CONTRAPOSIÇÃO ENTRE A METRÓPOLE E A COLÔNIA. AS CONQUISTAS PORTUGUESAS SE ESTENDIAM DA AMÉRICA, ÁFRICA E ÁSIA, MAS O TERRITÓRIO DA AMÉRICA PORTUGUESA NÃO SE ENTENDIA COMO BRASIL, TENDO NA ÉPOCA VÁRIAS DENOMINAÇÕES COMO AMÉRICA PORTUGUESA OU TERRAS BRASILIENSES; ESTAS DENOMINAÇÕES AINDA SE CONFUNDIAM COM REGIÕES ESPECÍFICAS COMO BAHIA, RIO DE JANEIRO OU PERNAMBUCO, SEM NENHUM PROBLEMA POIS VOCÊ PERTENCIA AO IMPÉRIO E A LOCALIDADE ESPECÍFICA. A NOÇÃO DE IMPÉRIO ADOTADA PELOS PORTUGUESES ERA A MESMA DOS ROMANOS, OU SEJA, VÁRIAS TERRAS ACUMULADAS E DESCONTÍNUAS GOVERNADAS POR UMA AUTORIDADE FORTE E CENTRALIZADORA. 
 
(TRANSFERÊNCIA DA CORTE):
 
 A TRANSFERÊNCIA DA CORTE PARA A COLÔNIA NÃO FOI ALGO PENSADO DE ÚLTIMA HORA, POIS ESSA PROPOSTA HAVIA SURGIDO EM 1580 QUANDO A ESPANHA INVADIU PORTUGAL E FELIPE II UNIU AS DUAS COROAS, A TRANSFERÊNCIA É QUE FOI DE ÚLTIMA HORA. COM AS MUDANÇAS POLÍTICAS, ECONÔMICAS, URBANAS E ATÉ SOCIAIS POR CONTA DA PRESENÇA DO REI E SUA CORTE, O RIO DE JANEIRO FOI CHAMADO DE VERSALHES TROPICAL POR OLIVEIRA LIMA. O RIO DE JANEIRO SOFREU O PROCESSO DE METROPOLIZAÇÃO COM GRANDE PRESENÇA DE ESCRAVOS, MUITO NOTÁVEL DURANTE O BEIJA-MÃO, QUANDO D. JOÃO RECEBIA PESSOAS DAS MAIS VARIADAS CLASSES SOCIAIS EM AUDIÊNCIAS ONDE DEMONSTRAVA A SUA JUSTIÇA PATERNAL PARA COM SEUS SÚDITOS.
TEXTO 2
“VERSALHES TROPICAL” 
A POLÍTICA DA MONARQUIA NO NOVO MUNDO. 
 
 UMA PECULIARIDADE DA POLÍTICA NA AMÉRICA PORTUGUESA ANTES DA CHEGADA DA CORTE, ERAM AS DIFERENÇAS ENTRE O VICE-REI DAS TERRAS PORTUGUESAS E O VICE-REI DAS TERRAS ESPANHOLAS; ENQUANTO O PRIMEIRO ERA VISTO APENAS COMO UM ADMINISTRADOR, O VICE-REI NAS TERRAS ESPANHOLAS ERA TIDO COMO A IMAGEM DO PRÓPRIO REI DA ESPANHA.
 “NO TEMPO DO REI” NAS TERRAS PORTUGUESAS NA AMÉRICA, A AUDIÊNCIA COM O REI ERA ALGO A QUAL TODOS OS SÚDITOS TINHAM DIREITO, DESDE NOBRES A ESCRAVOS. EM VÁRIAS SITUAÇÕES UMA AUDIÊNCIA PODERIA OCORRER, FOSSE DURANTE OS PASSEIOS DO REI ATÉ EM SEUS MOMENTOS DE CAÇA. O QUE NÃO SIGNIFICAVA NECESSARIAMENTE QUE SEU PEDIDO PARA O REI FOSSE ATENDIDO, MAS AGORA HAVIA AQUELA FACILIDADE, POIS ANTES PARA SOLICITAR UMA AUDIÊNCIA COM O REI, O INTERESSADO DEVERIA OU FAZER UMA VIAJEM ATÉ PORTUGAL NA ESPERANÇA DE SER ATENDIDO OU CONTRATAR UM TERCEIRO PARA REPRESENTÁ-LO, O QUE CUSTARIA MUITO CARO E LEVARIA MUITO TEMPO, E PARA UM ESCRAVO ISSO ERA PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL DE ACONTECER. 
 PARA AVALIAR AS PETIÇÕES POPULARES D. JOÃO TINHA O AUXÍLIO DO INTENDENTE VIANA, QUE POR CONTA DE SUA EXPERIÊNCIA NA REGIÃO E SEU TRABALHO QUE IA ALÉM DOS MUROS DO PALÁCIO ELE ERA O MAIS CAPACITADO PARA AUXILIÁ-LO; O QUE LHE TORNAVA CONHECIDO PELO POVO POR FACILITAR OU DIFICULTAR A SOLUÇÃO DE UM PROBLEMA. O INTENDENTE AVALIAVA AS PETIÇÕES E CONSIDERAVA AQUELAS QUE NÃO FOSSEM CONTRA “A BOA ORDEM DAS COISAS”; O BEM PÚBLICO DEVERIA ESTAR ACIMA DOS INTERESSES PARTICULARES E O REI NÃO DEVERIA SER VISTO COMO UM TIRANO. 
 PARA OS ESCRAVOS NO RIO DE JANEIRO, A PRESENÇA DO REI VINHA LIBERTÁ-LOS DE SEU CATIVEIRO, POIS ATÉ TENTAVAM UMA CARTA DE ALFORRIA E TINHAM A AJUDA DE IRMANDADES RELIGIOSAS QUE PETICIONAVAM EM SEU NOME. APESAR VIANA RECOMENDAR QUE OS ESCRAVOS PROCURASSEM AS CORTES DE JUSTIÇA, ELES AINDA BUSCAVAM A AUTORIDADE MÁXIMA, ALEGANDO QUE SUA CONDIÇÃO OS DESQUALIFICAVA NA BUSCA DE UMA JUSTIÇA QUE BENEFICIAVA APENAS OS RICOS E PODEROSOS E QUE SEUS PROPRIETÁRIOS TANTO DESOBEDECIAM A LEI QUANTO OS MALTRATAVA.
 PARA NÃO DESTRUIR O DIREITO DOS PROPRIETÁRIOS E SUAVIZAR A SITUAÇÃO DOS ESCRAVOS, VIANA PROPÔS A CRIAÇÃO DE UM GABINETE EXCLUSIVO PARA ESTAS QUESTÕES, MAS ESSE PEDIDO NÃO FOI ACATADO. PARA VIANA, O BENEFÍCIO DE UMA CONCESSÃO REAL ERA DADO EM CASO DE MAUS TRATOS E BONS SERVIÇOS. 
TEXTO 3
ESBOÇO CRÍTICO DA RECENTE HISTORIOGRAFIA SOBRE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (C. 1980-2002)
 HÁ VÁRIOS ESTUDOS SOBRE O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, ONDE AINDA SE QUESTIONA SE A VINDA DA FAMÍLIA REAL TERIA ATRASADO OU DEFLAGRADO O PROCESSO DE INDEPEDÊNCIA. UM OUTRO TEMA EM DEBATE É A QUESTÃO NACIONAL, POIS O ESTADO TERIA VINDO ANTES DA NAÇÃO E NO 7 DE SETEMBRO O QUE SURGIU FOI APENAS UMA UNIDADE LUSO-BRASILEIRA. A NAÇÃO BRASILEIRA TERIA SURGIDO APENAS NO SÉCULO XIX; OU SEJA, O ESTADO LEVOU A FORMAÇÃO DE UMA NAÇÃO. 
 EM RELAÇÃO A UNIDADE TERRITORIAL, A PROVÍNCIAS TINHAM POUCAS LIGAÇÕES ENTRE SÍ. A UNIDADE COLONIAL ERA MANTIDA POR CONTA DA BUROCRACIA DE ESTADO METROPOLITANA E NÃO POR UMA “IDENTIDADE NACIONAL”.
 EM RELAÇÃO A PERIODIZAÇÃO SOBRE A INDEPENDÊNCIA, A “DATA PRECISA” MAIS UTILIZADA É AQUELA QUE DESCONSIDERA A INDEPENDÊNCIA COMO PROCESSO, CONCENTRANDO O FOCO EM SEU ASPECTO POLÍTICO, NO CASO O 7 DE SETEMBRO. 
 O CARÁTER DA INDEPENDÊNCIA É VISTO MAIS COMO UMA QUEBRA-DE-BRAÇO ENTRE D. JOÃO E AS CORTES PORTUGUESAS QUE LHE DERAM UM GOLPE AO LHE OBRIGAREM A ASSINAR UMA CONSTITUIÇÃO QUE REDUZIA SEUS PODERES E ORDENAVA SEU RETORNO IMEDIATO À PORTUGAL. O CONTRA-GOLPE DO REI SERIA A ACEITAÇÃO DE TAIS TERMOS, PORÉM DEIXARIA SEU FILHO COMO REGENTE NO BRASIL, O QUE COLOCAVA A SUPREMACIA PORTUGUESA EM RISCO POIS COM A MORTE DE D. JOÃO, D. PEDRO HERDARIA O TRONO E ISSO DEIXARIA PORTUGAL EM CONDIÇÃO DE “PERIFERIA” DE UM REINO CUJA SEDE ESTARIA NA AMÉRICA. 
 PODE-SE PENSAR QUE A INDEPENDÊNCIA FOI OBRA DAS ELITES SEM A PARTICIPAÇÃO POPULAR (UM MOVIMENTO DE ELITES PARA ELITES). DE ACORDO COM ESSA VERSÃO, D. JOÃO É CONSIDERADO O PRINCIPAL PROTAGONISTA, O QUE DESCONSIDERA A PARTICIPAÇÃO DAS CLASSES POPULARES (ESCRAVOS LIBERTOS, HOMENS LIVRES E POBRES). MAS QUEM ERA O “POVO” NESTE PROCESSO? PARA GLADYS RIBEIRO, O POVO ERA O “PARTIDO BRASILEIRO”. NESTE CASO É MUITO COMPLICADO DEFINIR QUEM ERA O “POVO”NESTE CONTEXTO. 
TEXTO 4
A VIDA POLÍTICA
 COM A TRANSFERÊNCIA DA CORTE PARA A AMÉRICA, A SITUAÇÃO DA ANTIGA METRÓPOLE SE TORNAVA CADA VEZ MAIS COMPLICADA, POIS COM A ABERTURA DOS PORTOS E O FIM DO EXCLUSIVO COMERCIAL, PORTUGAL SOFRIA COM A CONCORRÊNCIA DE OUTRAS NAÇÕES, PRINCIPALMENTE A INGLATERRA QUE DISPUNHA DE GRANDES VANTAGENS COMERCIAIS APÓS ACORDOS ASSINADOS COM OS PORTUGUESES. ALÉM DISSO, VÁRIOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS FORAM TRANSFERIDOS PARA A AMÉRICA COMO O OS TRIBUNAIS SUPERIORES LOCALIZADOS ANTES EM LISBOA. O QUE CENTRALIZAVA CADA VEZ MAIS O PODER NO RIO DE JANEIRO E QUE MAIS TARDE ELEVARIA A REINO UNIDO DE PORTUGAL E ALGARVES E FORMALMENTE EM SEDE DO IMPÉRIO.
 COM A MORTE DE D. MARIA, D. JOÃO DEVERIA ASSUMIR A COROA, MAS ONDE DEVERIA OCORRER A COROAÇÃO? NA AMÉRICA OU NA EUROPA? UM EVENTO COMO ESTE EXIGIRIA A PRESENÇA DAS CORTES DE PORTUGAL, MAS MESMO ASSIM D. JOÃO FOI COROADO NO BRASIL.O QUE ACIRROU AINDA MAIS OS ÂNIMOS DOS PORTUGUESES. 
 A REVOLUÇÃO VINTISTA PROPUNHA UMA REGENERAÇÃO POLÍTICA. SUBSTITUINDO AS PRÁTICAS DO ANTIGO REGIME PELAS DO LIBERALISMO. EXIGIA-SE A CONVOCAÇÃO DAS CORTES PARA A ELABORAÇAO DE UMA CONSTITUIÇÃO, O RETORNO DE D. JOÃO E A RESTITUIÇÃO DE PORTUGAL COMO CENTRO ADMINISTRATIVO DO IMPÉRIO. 
 COM O RETORNO DE D. JOÃO PARA PORTUGAL, FICOU NA AMÉRICA PORTUGUESA O SEU FILHO D. PEDRO, O QUE ASSEGURAVA UMA AUTORIDADECENTRAL SEDIADA NO RIO DE JANEIRO. VISANDO SUBMETER A ANTIGA COLÔNIA A SEU PODER, AS CORTES PORTUGUESAS EXIGIAM O RETORNO DE D. PEDRO A PORTUGAL E A TOTAL SUBMISSÃO DAS PROVÍNCIAS À LISBOA; O QUE NÃO AGRADOU A D. PEDRO QUE RESOLVEU PERMANECER E CONSTITUIR NO BRASIL UMA MONARQUIA PRÓXIMA DE SUAS CONCEPÇÕES, O QUE NÃO SIGNIFICAVA UM COMPROMETIMENTO DO PRÍNCIPE COM A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL.
 MESMO APÓS 7 DE SETEMBRO ALGUNS PROBLEMAS TINHAM DE SER RESOLVIDOS COMO A MANUTENÇÃO DA UNIDADE TERRITORIAL CENTRALIZADA NO RIO DE JANEIRO E O RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DO NOVO PAÍS. A UNIDADE TERRITORIAL SE MANTEVE DE FORMA PACÍFICA E PELA GUERRA POIS ALGUMAS PROVÍNCIAS SE MANTIVERAM FIÉIS A PORTUGAL; O RECONHECIMENTO INTERNACIONAL VEIO COM AS NEGOCIAÇÕES DIPLOMÁTICAS COM AS POTÊNCIAS EUROPÉIAS. COMO D. PEDRO ERA HERDEIRO DIRETO DO TRONO PROTUGUÊS, AINDA HAVIA O PROBLEMA QUE COM A MORTE DE D. JOÃO ELE SERIA O PRÓXIMO NA SUCESSÃO DO TRONO, MAS ISTO FOI RESOLVIDO COM O RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL POR D. JOÃO E A TRANSFERÊNCIA DA SOBERANIA DO TERRITÓRIO AMERICANO PARA D. PEDRO. 
 MAIS TARDE, POR CONTA DE ALGUMAS MEDIDAS AUTORITÁRIAS A OPOSIÇÃO E A IMPOPULARIDADE DE D. PEDRO CRESCERIAM A UM TAL PONTO QUE ELE SERIA OBRIGADO A ABDICAR O TRONO, DANDO INÍCIO AO PERÍODO DE REGÊNCIA E POSTERIORMENTE AO SEGUNDO REINADO COM PEDRO II.