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Anais Eletrônico ISBN 978-65-5615-164-9 X Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica III Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação UNICESUMAR - Universidade Cesumar ⅼ Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação ICETI - Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA A RELAÇÃO DA DEPRESSÃO COM A POSTURA DE JOVENS DIAGNOSTICADOS COM OBESIDADE Nathan Ferreira Acencio¹; Leonardo Pestillo de Oliveira² ¹ Acadêmico de fisioterapia UNICESUMAR – Universidade Cesumar, Maringá/PR. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/UniCesumar). nathanfeac@gmail.com ²Orientador, PhD, Docente do Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde (PPGPS), UNICESUMAR – Universidade Cesumar, Maringá/PR. Pesquisador, Bolsista Produtividade em Pesquisa do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI). RESUMO Este estudo teve como objetivo analisar a relação da depressão com a postura de jovens diagnosticados com obesidade. Este estudo é descritivo, correlacional de caráter transversal. Os avaliados foram jovens diagnosticados com obesidade participantes do Grupo de Pesquisas em Educação Física, Fisioterapia, Esporte, Nutrição e Desempenho-GEFFEND. Para coleta de dados foi utilizado o questionário PHQ-9 para avaliação da depressão e a avaliação postural foi feita por meio de fotografias dos participantes em frente ao simetrógrafo, a avaliação postural foi feita através do instrumento de avaliação postural (IAP). 100% dos participantes apresentaram alterações posturais e 64.28% demonstraram quadro de depressão, porém não houve relação significativa entre a depressão e os desvios posturais. PALAVRAS-CHAVE: Ortopedia; Saúde Mental; Peso corporal. 1 INTRODUÇÃO A obesidade uma DNCT caracterizada por um alto acúmulo de gordura corporal, gerando prejuízos à saúde de seus portadores (OLIVEIRA et al., 2003). Esta condição está ligada a vários fatores internos e externos, como a genética, o metabolismo, a fisiologia, os hábitos alimentares e estilo de vida obesidade (OLIVEIRA et al., 2003). Segundo Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), cujo resultados foram divulgados pelo Ministério da Saúde, a obesidade alcançou, em 2018, 18,9% dos brasileiros e, o sobrepeso já é comum em mais da metade da população brasileira, sendo de 54% esta incidência. Em se tratando da juventude, o grupo jovem sofreu um aumento de 110% entre 2007 e 2017, sendo quase o dobro em relação as demais idades, que em geral aumentaram 60%. Levando em consideração o aumento do índice de obesidade e as influências desta DCNT na fisiologia e morfologia, identificamos uma interferência da obesidade na postura. Conforme o peso e massa corporal do indivíduo obeso aumenta, maior é a descarga de peso sobre estruturas esqueléticas, gerando um risco de deformações, desalinhamentos e desarmonia mecânica, este quadro dificulta um tratamento e trabalho que vise a correção do alinhamento e dos segmentos esqueléticos (BANKOFF, 2000). A postura é definida como uma posição ou ação do corpo em um momento estático ou dinâmico, onde os arranjos corporais se encontram em harmonia. Os ligamentos, articulações e músculos devem estar em perfeita sincronia para que haja uma boa postura (SANTOS et al., 2009). Esta boa postura, denominada postura padrão, enquadra curvaturas normais que são: lordose cervical e lombar, cifose torácica e sacral, além disso a postura padrão depende do correto alinhamento ósseo (PITA, 2000). A adolescência e juventude é marcada pelo crescimento e constantes mudanças emocionais, físicas e psicossociais, já que se trata de um momento de transição (AVANCI et al., 2007). Com essas inúmeras mudanças o indivíduo apresenta fragilidades, sendo que a saúde mental é um fator que Anais Eletrônico ISBN 978-65-5615-164-9 X Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica III Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação UNICESUMAR - Universidade Cesumar ⅼ Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação ICETI - Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA se sobrepõe nesta ocasião, um exemplo está citado no estudo de Lewinsohn (1993), os resultados desta pesquisa apresentam que a depressão chega a alcançar 20% da população adolescente, em alguns países. Além disso outro problema recorrente na população jovem é a depressão, esta é definida como uma síndrome psiquiátrica que se encontra prevalente na população geral, alcançando 3 a 5% dela (KATON, 2003). A depressão é um transtorno que envolve alterações de humor e vem se tornando cada vez mais frequente, envolvendo todas as faixas etárias (LAFER et al., 2000). Sendo assim, levando em consideração o alto índice de desvios posturais, depressão e obesidade na população jovem, este estudo tem como objetivo através da avaliação postural e de depressão identificar a relação desta síndrome psiquiátrica com as alterações posturais de jovens diagnosticados com obesidade. Através desta pesquisa espera-se encontrar uma influência emocional na causa de alterações posturais e uma grande incidência de desvios posturais desencadeados pelo sobrepeso e obesidade, com influência da depressão. 2 MATERIAIS E METODOLOGIA Este é um estudo de campo, descritivo correlacional de caráter transversal. Foi avaliado um grupo composto por 14 jovens participantes do Grupo de Pesquisas em Educação Física, Fisioterapia, Esporte, Nutrição e Desempenho-GEFFEND na UNICESUMAR de Maringá-PR. Para avaliação da depressão foi utilizado o instrumento PHQ-9, desenvolvido originalmente por Kroenke, Spitzer e Williams (2001) e validado para o Brasil por Santos et al. (2013). O PHQ-9 caracteriza-se por ser um instrumento de aplicação relativamente rápida, contendo 9 questões que avaliam a presença de cada um dos sintomas para o episódio de depressão maior, descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV). Os nove sintomas consistem em humor deprimido, anedonia (perda de interesse ou prazer em fazer as coisas), problemas com o sono, cansaço ou falta de energia, mudança no apetite ou peso, sentimento de culpa ou inutilidade, problemas de concentração, sentir-se lento ou inquieto e pensamentos suicidas. A frequência de cada sintoma nas últimas duas semanas é avaliada em uma escala Likert de 0 a 3 correspondendo às respostas “nenhuma vez”, “vários dias”, “mais da metade dos dias” e “quase todos os dias”, respectivamente. O questionário ainda inclui uma décima pergunta que avalia a interferência desses sintomas no desempenho de atividades diárias, como trabalhar e estudar. Como medida de severidade, a pontuação do PHQ-9 pode variar de 0 a 27, já que cada um dos 9 itens pode ser pontuado de 0 (nada) a 3 (quase todos os dias). Os resultados são divididos em diferentes níveis de severidade que são: sem depressão, depressão leve, depressão moderada, depressão moderadamente grave e depressão grave. Para avaliação postural foi levado em consideração apenas as curvaturas naturais da coluna cervical, torácica e lombar. A avaliação foi feita através de fotos, os participantes foram posicionados em frente a um simetrógrafo de 2 metros de altura, foi posicionada uma câmera a 2,70m de distância do indivíduo, sendo que a câmera foi posta em cima de um tripé a 1 metro de altura. Após realizadas as fotos, foi utilizado o Instrumento de Avaliação Postural (IAP) para detectar as possíveis alterações posturais: Hiperlordose (cervical e lombar), Hipercifose (torácica), retificação (cervical, torácica, lombar) e escoliose. Anais Eletrônico ISBN 978-65-5615-164-9 X Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica III Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação em DesenvolvimentoTecnológico e Inovação UNICESUMAR - Universidade Cesumar ⅼ Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação ICETI - Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA O GEFFEND é um projeto de extensão da Unicesumar em que ocorrem intervenções com foco na diminuição do peso corporal em diversas áreas da saúde. Os participantes realizam 3 vezes por semana atividade física, bem como intervenção psicológica (1 vez por semana), intervenção nutricional (2 vezes por semana) e intervenção fisioterapêutica (2 vezes por semana). Cada grupo de intervenção recebe as orientações por 12 semanas seguidas, computando 1 grupo no primeiro semestre e 1 grupo no segundo semestre do ano corrente. Na semana que antecede o início das atividades os participantes são submetidos a diversas avaliações correspondentes às áreas de intervenção (educação física, psicologia, fisioterapia e nutrição) além de exames laboratoriais. Na semana seguinte ao término das intervenções, estas mesmas avaliações ocorrem com o intuito de comparar os resultados do projeto. Para a pesquisa em questão, os dados foram coletados na primeira e última semana das atividades do grupo. Foram coletadas as informações de dois grupos, correspondentes ao grupo do segundo semestre de 2019 e primeiro semestre de 2020. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Unicesumar antes de serem realizadas as coletas dos dados, número de protocolo 26648619.2.0000.5539. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Após análise descritiva individual das variáveis, foram analisados os dados posturais apenas dos adolescentes que apontaram sinais de depressão. Segue a tabela de relação entre depressão e postura. Tabela 3. Porcentagem das alterações posturais dos indivíduos com depressão ALTERAÇÃO POSTURAL PORCENTAGEM Hiperlordose cervical 77.77% Retificação cervical 11.11% Hipercifose torácica 44.44% Retificação torácica 22.22% Hiperlordose lombar 22.22% Retificação lombar 22.22% Escoliose 44.44% Do grupo de adolescentes avaliados, que apresentaram depressão, foram detectados desvios posturais de hiperlordose cervical (77.77%), retificação cervical (11.11%), hipercifose torácica (44.44%), retificação torácica (22.22%), hiperlordose lombar (22.22%), retificação lombar (22.22%) e escoliose (44.44%). Relacionando estes achados com o total de avaliados detectou-se que 70% dos avaliados com hiperlordose cervical apresentaram depressão, 100% dos que possuem retificação cervical, torácica ou lombar também apresentaram quadro de depressão, 44.44% dos adolescentes com hipercifose torácica demonstraram sinais de depressão, 33.33% encontrados com hiperlordose lombar foram avaliados com sinais desse transtorno e 66.66% dos avaliados com escoliose tiveram a depressão constatada pelo teste, sendo um deles (25%) do tipo S invertido e 75% (3) do tipo C. Podemos pensar em vários fatores que podem interferir na postura dos avaliados. Além da individualidade de cada participante, o peso pode ser uma problemática que atue sobre as curvaturas naturais da coluna, porém não encontramos na pesquisa de Conti (2011) nenhuma demonstração de influência do peso nas alterações posturais, o que nos leva a analisar a possível Anais Eletrônico ISBN 978-65-5615-164-9 X Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica III Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação UNICESUMAR - Universidade Cesumar ⅼ Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação ICETI - Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA influência da depressão na postura do grupo avaliado. Pela presença de desvios posturais nos dois grupos tanto nos depressivos como não depressivos, não foi possível identificar uma influência relevante da depressão na postura. Outro estudo, como o de Carmo (2014) também chegou à conclusão de que não houve relação entre alteração postural e depressão no grupo avaliado. O estudo de Minghelli, Kiselova e Pereira (2011) é outro exemplo, a pesquisa não chegou a dados significativos que demonstrassem relação entre as alterações da coluna cervical com a DTM e a depressão. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados do presente estudo não permitiram encontrar uma relação entre a postura e a depressão dos jovens diagnosticados com obesidade. As avaliações posturais apresentaram altos índices de desvios no grupo, e, o teste PHQ-9, demonstrou uma grande frequência de depressão no grupo avaliado. Devido ao número pequeno de participantes e as limitações decorridas da pandemia, não foi possível uma coleta maior de dados o que não tornou a correlação de dados significativa para uma resposta conclusiva. O número de obesos, depressivos e adolescentes com alterações posturais vem crescendo nos últimos anos, porém são escassos os estudos na literatura atual que apresentem relações de tais variáveis, o que torna necessário maiores pesquisas na área para identificar possíveis influências emocionais no âmbito funcional e vice e versa para que seja possível promover tratamentos multiprofissionais e mais eficazes que proporcionem melhores resultados para indivíduos com quadros depressivos, alterações posturais ou obesidade. REFERÊNCIAS AVANCI, J. Q. et al. Fatores associados aos problemas de saúde mental em adolescentes. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 23, n. 3, p. 287-294, 2007. BANKOFF, A. D. P.; BARROS, D. D.; ZAMAI, C. A.; CRIVELLI, D. M.; CREMONESI, L. N.; FERRO, F. Análise postural: um estudo sobre assimetrias e desvios do sistema locomotor. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 23., 2000, São Paulo. Anais [...] São Paulo: Celafiscs, p. 143, 2000. CONTI, P. B. M. et al. 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