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Violação sexual mediante fraude (art. 215) Disciplina: Direito Penal IV Art. 215, CP: ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. - Pena: reclusão, de 2 a 6 anos. → Objeto Jurídico Tutela-se aqui a liberdade sexual de qualquer pessoa, homem ou mulher, ou seja, a liberdade de dispor de seu corpo, de consentir na prática da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso, sem que essa anuência seja obtida mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. → Elementos do tipo 1. Ação nuclear O tipo penal passou a reprimir a conduta de ter cópula vagínica ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante a obtenção fraudulenta de seu consentimento ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. 2. Meios executórios O delito tem como nota característica o emprego de fraude, assim, o agente obtém a prestação sexual mediante o emprego de meio enganoso, ou seja, meio iludente da vontade da vítima e não com o emprego de violência ou grave ameaça, motivo pelo qual ele é considerado delito de menor gravidade. - Assim, se não fosse empregada a fraude, a vítima jamais teria se prestado à relação sexual. Observação: o crime de violação sexual mediante fraude é incompatível não só com a violência real ou grave ameaça, mas também com a violência presumida. Dessa forma, o curandeiro que, a pretexto de curar os males de uma menina de 13 anos, mantém com ela conjunção carnal não responderá pelo crime em estudo, mas sim pelo delito de estupro de vulnerável. A conduta do agente tanto pode consistir em induzir a vítima em erro como em aproveitar-se do erro dela. Na primeira hipótese, o próprio sujeito ativo provoca o erro na vítima; já na segunda, a vítima espontaneamente incorre em erro, mas o agente se aproveita dessa situação para manter com ela conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso. 3. Sujeito ativo O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum), então, tanto o homem quanto a mulher podem praticar o delito em tela. 4. Sujeito passivo Qualquer pessoa pode ser vítima do crime em tela, ou seja, tanto o homem quanto a mulher podem ser sujeitos passivos do crime em questão. Observação: note-se que, se a vítima fosse maior de 14 e menor de 18 anos, e não fosse mais virgem, o agente respondia pelo crime de corrupção de menores (art. 218, CP). - Ademais, se a vítima for menor de 14 anos, ou pessoa com doença ou deficiência mental que retire o discernimento sexual ou que, por qualquer causa, tenha reduzida sua capacidade de resistência, haverá o crime de estupro de vulnerável. Violação sexual mediante fraude (art. 215) Disciplina: Direito Penal IV → Elemento subjetivo É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. - Ademais, se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. → Consumação e tentativa Consuma-se com a introdução completa ou incompleta do pênis na cavidade vaginal da mulher, no caso de conjunção carnal, ou com a prática de atos libidinosos diversos. - Ademais, a tentativa é possível. Assim, o crime será tentado se, por exemplo, um curandeiro, ao solicitar os favores sexuais de mulher rústica sob o argumento de que curará seus males, é surpreendido no momento em que está prestes a introduzir seu órgão genital na vagina da mulher. → Formas 1. Simples (art. 215, caput) Está prevista no caput do art. 215. 2. Qualificada Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. → Ação Penal A ação penal será pública incondicionada. Observação: os processos em que se apuram os crimes definidos neste título correrão em segredo de justiça. - Entretanto, apenas o estupro entra no rol de crimes hediondos. Importunação sexual (art. 215-A) Art. 215-A: praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. - Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, se o ato não constituir crime mais grave. → Objeto jurídico Tutela-se aqui a liberdade sexual de qualquer pessoa, homem ou mulher, ou seja, a liberdade de dispor de seu corpo, de consentir na prática da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso. → Elementos do tipo 1. Ação nuclear A ação nuclear está consubstanciada pelo verbo praticar (executar, realizar), sem a sua anuência (concordância, consentimento, permissão), ato libidinoso (outras formas de realização do ato sexual, que não a conjunção carnal. Exemplo, passar a mão nas partes íntimas, a masturbação direcionada ao sujeito ativo), com o objetivo de satisfazer a lascívia (desejo sexual) do próprio sujeito ativo ou de terceiros. - Ademais, o crime pode ser praticado por qualquer meio executório (forma livre). Observação: se o ato for praticado mediante violência ou grave ameaça contra a pessoa, o crime será o de estupro (art. 213, CP). Violação sexual mediante fraude (art. 215) Disciplina: Direito Penal IV 2. Sujeito ativo Trata-se de crime comum, portanto o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher. 3. Sujeito passivo Trata-se de crime comum, portanto o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher. → Elemento subjetivo É o dolo, exigindo-se a finalidade específica de objetivar satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. Ademais, não se admite a forma culposa. → Consumação e tentativa A consumação se dá no momento da prática do ato lascivo. - Ademais, por se tratar de crime plurissubsistente, a tentativa é admissível. → Ação penal O crime é de ação penal pública incondicionada.
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