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XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE GESTANTES ATENDIDAS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE COM ÊNFASE NA TOXOPLASMOSE Caio Henrique Hashimoto Pugliese1; Márcio Renan Fabene2; Vinícius Brito de Souza3; Fernanda Martins Silva3; Marcelle Mareze4; Patrícia Bossolani Charlo5. 1Acadêmico do Curso de Medicina, UNICESUMAR, Maringá-PR. Bolsista do PIBIC/UniCesumar, Maringá-PR. caiopugliese@hotmail.com 2Acadêmico do Curso de Medicina, UNICESUMAR, Maringá-PR. med.fabene@gmail.com 3Acadêmico do Curso de Enfermagem, UNICESUMAR, Maringá-PR. vinibritoenf@hotmail.com 4Coorientadora, Mestre, Doutoranda, Professora do Curso de Enfermagem na FATEC, Ivaiporã-PR. marcelle_mareze@hotmail.com 5Orientadora, Mestre, Professora do Curso de Medicina na UNICESUMAR, Maringá-PR. patricia.sanches@unicesumar.edu.br RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo averiguar o cumprimento das ações de vigilância previstas no programa Mãe Paranaense, levando em consideração o atendimento pré-natal das gestantes do município de Maringá. Para tanto utilizou-se uma abordagem quantitativa de caráter transversal, selecionando cento e quarenta e três gestantes aleatoriamente dentre dezessete Unidades Básicas de Saúde de Maringá previamente sorteadas, as quais responderam um questionário referente aos seus dados socioeconômicos, hábitos de vida e aspectos ambientais. Posteriormente esses dados foram analisados estatisticamente pelo programa EpiInfo do CDC de Atlanta. Os resultados obtidos possibilitaram averiguar que são fatores associados à maior incidência da toxoplasmose o baixo nível socioeconômico das gestantes, sua baixa escolaridade, a alimentação com vegetais e frutas cruas e contato com gato. Foi averiguada ainda a importância da manutenção e fomento à prevenção primária informando as gestantes sobre as maneiras como se contrai o protozoário, do rastreamento sorológico de T. gondii em gestantes durante os três trimestres gestacionais e após o parto em mãe e filho. Pode-se perceber que há deficiência no processo de educação em saúde das gestantes bem como da educação continuada dos profissionais da saúde da atenção primária no combate à toxoplasmose gestacional e congênita. Espera-se contribuir com a manutenção e fortalecimento dos programas de atenção à gestante. PALAVRAS-CHAVE: Cuidado pré-natal; Gravidez; Saúde pública. 1 INTRODUÇÃO A toxoplasmose humana resulta da ingesta de oocistos em água, alimentos contaminados, ingestão pela má higienização das mãos após contato com fezes de felinos em solo, areia, lixo, pois os oocistos podem ser disseminados por hospedeiros transportadores como moscas, baratas, e cistos em carnes malcozidas, e a transmissão transplacentária do Toxoplasma gondii em gestantes infectadas, o que causa agudamente a toxoplasmose congênita. As formas infectantes do parasito são oocisto presentes no solo e a forma cística presente em carnes malcozidas (VERONESI, 2015). De acordo com o caderno de atenção ao pré-natal toxoplasmose da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, é uma doença de notificação compulsória no Paraná desde 2003 como toxoplasmose não especificada, e em 2007 foi acrescido o campo gestante para diferenciar os casos ocorridos durante a gestação. Diante do contexto epidemiológico que se apresentava em todo o país o Ministério da Saúde, visando caracterizar a toxoplasmose gestacional e congênita por notificação de casos suspeitos instituiu as Portarias do Ministério da Saúde GM/MS no 2.472, de 31 de agosto de 2010, e GM/MS no 104, de 25 de janeiro de 2011, que tornaram a notificação de toxoplasmose gestacional e congênita obrigatória em unidades sentinelas. Trata-se de grupo de risco importante, pois a transmissão vertical acarreta maior gravidade para o feto, principalmente no início da gestação. O envolvimento fetal pode se manifestar com o aborto ou malformações (Wallon et al. 2018) (Dunn et al., 1999). A toxoplasmose congênita pode-se apresentar com formas XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 graves ou com sequelas graves tardias, mesmo em crianças assintomáticas ao nascimento (Capobiango et al., 2016). Crianças infectadas podem apresentar coriorretinite, calcificação cerebral e retardo mental (DUBEY et al., 2012). Exame sorológico é solicitado no primeiro atendimento de acordo com o Linha Guia do Mãe Paranaense, sendo repetido por trimestre se a gestante for suscetível (PARANÁ, 2019), a confirmação da suscetibilidade ou do diagnóstico de infecção aguda contribui para a diminuição da primo-infecção e da transmissão vertical e sequelas principalmente ao feto, já que permite a prevenção primária e o tratamento precoce (BRASIL, 2018) O protocolo de diagnóstico e tratamento, portanto, depende da confirmação da infecção materna que deve ser realizada por meio das determinações instituídas na Rede Mãe Paranaense, de forma que a infecção é considerada intercorrência clínica que eleva a estratificação de risco para alto risco (PARANÁ, 2019). A Rede busca implementar um conjunto de ações envolvendo a captação precoce da gestante, acompanhamento no pré-natal, realização de consultas e exames, estratificação de risco com atendimento especializado para as gestantes e crianças de risco, e garantir o parto em hospital vinculado ao risco gestacional (PARANÁ, 2019). A distribuição geográfica da toxoplasmose é mundial, estimando-se uma prevalência de infecção crônica variando de 10-75% na população de diversos países do mundo (BRASIL, 2018). O Brasil possui muitas áreas contaminadas com oocistos dificultando a indicação da fonte de infecção, mas entre as gestantes são fatores de risco para infecção baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade, o aumento da idade, manejo do solo e contato com gatos (Dubey et al., 2012). O estabelecimento de protocolos permite a coleta de informação epidemiológica para identificar a fonte de infecção e o modo de transmissão; identificar grupos vulneráveis à doença; identificar fatores de risco para o adoecimento; confirmar o diagnóstico e determinar as principais características epidemiológicas. O seu propósito final é orientar medidas de prevenção e controle para impedir a ocorrência de novos casos (BRASIL, 2017). As gestantes atendidas pela rede municipal de saúde responderam o questionário sócio epidemiológico. Dessa forma, este estudo objetiva caracterizar a frequência dos fatores associados à maior incidência da toxoplasmose das gestantes atendidas pelo sistema de saúde do município de Maringá/PR. 2 MATERIAIS E MÉTODOS A presente pesquisa foi realizada após autorização da Assessoria de Formação e Capacitação Permanente dos Trabalhadores de Saúde – CECAPS da Secretaria de Saúde do Município de Maringá, e do Comitê de Ética em Pesquisa da Unicesumar segundo parecer número 3.031.898. Pesquisa de abordagem quantitativo de caráter transversal com amostra de cento e quarenta e três gestantes atendidas em 17 Unidades Básicas de Saúde da cidade de Maringá. As 17 UBS foram escolhidas aleatoriamente no município, visando uma amostra homogênea da população. O município de Maringá se localiza na mesorregião norte central do Paraná, possui uma população estimada de 417.010 habitantes segundo o IBGE. Possui Vigilância em Saúde organizada em cinco gerências: Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental, Vigilância Sanitária, Promoção e Prevenção em Saúde e Vigilância de Zoonoses e Vetores. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é de 0,808. (IBGE, 2017). A pesquisa buscou averiguar o cumprimento das ações de vigilância previstas no Programa Mãe Paranaense do Estado do Paraná e na Rede Cegonha do Ministério da XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 Saúde, levando em consideração o atendimento pré-natal das gestantes no município de Maringá. A população do estudo foi de 143 gestantes atendidas na rede Municipal de Saúde de Maringá, em pré-natal,as quais foram entrevistadas e orientadas sobre a pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLCE), para a coleta de dados em instrumento simples e objetivo, sobre a detecção e associação dos fatores associados à infecção pelo Toxoplasma gondii. O questionário foi direcionado às gestantes contendo perguntas relacionadas aos hábitos de higiene dos alimentos, grau de instrução, renda familiar, moradia/saneamento básico e investigação sobre contato com gatos, hábitos e conhecimento sobre prevenção da toxoplasmose. Os dados coletados foram armazenados e analisados estatisticamente utilizando estatística descritiva, expressa sob a forma de frequência absoluta e relativa pelo programa EpiInfo versão 7.0 (CDC-Atlanta) (DEAN et al., 1994). 3 RESULTADO E DISCUSSÃO No período de estudo, foram avaliadas 143 gestantes, divididas em 17 UBS no município de Maringá, Estado do Paraná, conforme tabela 1, com idade mínima de 15 anos e máxima de 43 anos de idade, com média de 27,2 anos de idade. A maior parte das gestantes se considerava branca, era casada, residente da zona urbana, em 2a gestação, sem aborto prévio, já possuindo 1 filho, com 6 meses de amamentação, em 3o trimestre gestacional, não fazia uso de contraceptivo, estava com o esquema vacinal atualizado, primeira relação sexual aos 18 anos de idade, sem diabetes e hipertensão gestacional, com ensino médio completo, sem vínculo com programas sociais, sendo a renda do marido a principal fonte de sustento, com renda mensal média entre 1 salário mínimo e 3 salários mínimos, residindo em 3 pessoas na mesma residência, a maioria trabalha fora, o consumo de água é originado da rede pública, bem como o esgoto e lixo são coletados. A coleta de lixo ocorre a cada dois dias, sendo que o município apresenta coleta de lixo seletiva, na qual o reciclável é recolhido semanalmente. A maioria das gestantes não possui terreno baldio próximo à casa, não há áreas alagadas, não possui horta em casa, o preparo dos alimentos é feito pelas próprias gestantes, tem cão e não tem gato, com relação aos gatos, a maioria das gestantes que possuem, tem apenas 1 gato com até um ano de idade, e a maioria dos gatos saem de casa, não caçam ratos e não são alimentados com carne crua, quanto aos cães, a maioria não tem acesso à rua e não caçam ratos. A maior parte das gestantes não come carne crua ou malpassada, come verduras e legumes crus duas vezes por semana e as vezes em restaurantes. Com relação à toxoplasmose a maioria já ouviu falar, fez exame no primeiro trimestre tendo resultado negativo e recebeu orientação sobre a doença. O rastreamento sorológico da toxoplasmose e outras condições são preconizados desde a primeira consulta, nos três trimestres da gestação, se as gestantes forem suscetíveis, isto é, não apresentarem anticorpos contra o protozoário T. gondii, tanto no Programa Mãe Paranaense (PARANÁ, 2017) como na Rede Cegonha (BRASIL, 2018), esta de abrangência nacional é recomendado ainda a realização de sorologia no momento do parto ou durante o puerpério (BRASIL, 2018). A importância e relevância de se manter o programa de rastreamento durante a gestação reside nos dados de pesquisa realizada em âmbito nacional e que demonstram que a maioria dos casos de toxoplasmose é assintomática ou apresenta sintomatologia inespecífica e que a toxoplasmose congênita também pode ser assintomática ao XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 nascimento (Dubey et al., 2012), este mesmo estudo demonstrou prevalência sorológica de 32% em crianças de 0 a 5 anos, com sinais e sintomas podendo aparecer anos mais tarde, notadamente oculares, e neurológicas como hidrocefalia e retardo mental. Tabela 1: Caracterização das gestantes, hábitos alimentares, fatores de risco e aspectos ambientais relacionadas a toxoplasmose em gestantes atendidas no município de Maringá em 2018. Variável Frequência (%) Variável Frequência (%) Variável Frequência (%) (n=143) (n=143) (n=143) Aspectos sociais Hábitos Aspectos ambientais Local de moradia Lava a tábua após cortar carne Já ouviu sobre Toxoplasmose Sede Com água 9 (6,2) Sim 113 (79,1) Maringá 143 (100) Água e sabão 132 (92,3) Não 30 (20,9) Estado Civil Não lava 2 (1,4) Fez exame para Toxoplasmose Casada 54 (39,4) Come verduras e legumes crus Sim 91 (63,6) Solteira 31 (22,6) Todos dias 60 (41,9) Não 31 (21,6) União Estável 47 (34,3) 2 x/semana 62 (43,3) Não sabe 21 (14,6) Divorciada 5 (3,6) Não 21 (14,6) Resultado Raça Come carne crua ou mal passada Positivo 13 (9,3) Branca 65 (47,4) Sim 24 (16,9) Negativo 72 (51,8) Parda 53 (38,6) Não sabe 54 (38,8) Preta 13 (9,5) Não 118 (83,1) Fez tratamento Amarela 5 (3,6) Quibe Cru Sim 2 (1,5) Indígena 1 (0,7) Sim 17 (11,8) Não 132 (98,5) Sexo Não 126 (88,1) Orientação sobre Toxoplasmose Feminino 143 (100) Churrasco mal passado Sim 70 (49,3) Faixa etária Sim 39 (27,2) Não 41 (28,8) ≤ 18 6 (4,2) Não 104 (72,7) Não sabe 31 (21,8) ≥ 19 e ≤ 59 137 (95,8) Gripe na gestação Tem cachorro Escolaridade Sim 48 (33,5) Sim 88 (62,4) Fundamental 29 (20,2) Não 95 (66,4) Não 53 (37,6) Médio 79 (55,2) Há quanto tempo Tem gato Superior 35 (24,4) ≤ 1 mês 23 (50,0) Sim 21 (14,7) Renda familiar > 1 mês e ≤ 3 meses 12 (26,0) Não 122 (85,3) < 1 salário mínimo 9 (7,1) > 3 meses e ≤ 6 meses 11 (23,9) Gato sai de casa ≥ 1 e ≤ 3 salários mínimos 80 (63,4) Sim 14 (66,6) > 3 salários mínimos 37 (29,3) Não 6 (33,4) Fonte de Renda Gato na vizinhança Gestante 23 (16,7) Sim 62 (46,6) Esposo 101 (73,7) Não 71 (53,3) Família 13 (9,4) Fatores de risco associados à infecção por toxoplasmose, tais como idade acima de 18 anos e baixa renda (Mareze et al., 2019) puderam ser observados no presente estudo, indicando que são fatores associados à maior incidência da toxoplasmose também no município de Maringá. Outros estudos indicam que o nível educacional está diretamente relacionado como fator de risco para a infecção (Santos et al., 2015). Entre as gestantes, baixo nível XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 socioeconômico e educacional, além de contato com gatos foram considerados os mais importantes fatores de risco para a infecção por T. gondii (DUBEY et al., 2012). A vulnerabilidade da população estudada é alta, com 51,8% das gestantes com resultados negativos nos exames de primeiro trimestre e, portanto, são suscetíveis à infecção do protozoário. Entretanto, dados relativos aos exames nos segundo e terceiro trimestre não puderam ser observados, pois não havia anotação na caderneta gestacional, não obstante tenha previsão expressa no Manual Técnico da Gestação de Alto Risco, no Protocolo de Notificação e Investigação: Toxoplasmose Gestacional e Congênita, ambos no Ministério da Saúde, e ainda no Linha Guia da Rede Mãe Paranaense e no Caderno de Atenção ao Pré-natal: Toxoplasmose da Secretaria de Estado da Saúde do Estado do Paraná. O contato com gato são fatores possivelmente associados com a incidência de toxoplasmose (Wilking, 2016), outro estudo afirma que contato com gato é um dos fatores de risco mais importantes para a infecção pelo T. gondii (Spalding et al. 2003). Analisando os dados da pesquisa se observa que 46,6% (62) das gestantes que não tem gato estão expostas ao contato com animais da vizinhança. E como os gatos são os únicos animais que excretam oocistos, que chegam a sobreviver no solo por meses, e como projeta cerca de 25-50% dos gatos contaminados (Dubey et al., 2012) o ambiente em que as gestantes vivem pode ser conter inúmeros oocistos.O consumo frequente de vegetais crus também são fatores associados a uma maior probabilidade de infecção pelo T. gondii, sendo que 122 gestantes (85,2%) consomem todos os dias ou pelo menos duas vezes por semana. Como demonstrado por estudo recente (Branco, 2012), o consumo de hortaliças cruas pode aumentar a probabilidade de infecção pelo T. gondii. Seres humanos e animais não devem consumir carne crua ou malpassada, pois há um grande desafio em monitorar a infecção por toxoplasmose em animais destinados ao consumo humano (Bresciani et al., 2013). Algumas pesquisas têm mostrado a impossibilidade de qualquer teste sorológico que afirme a ausência de T. gondii na carne e garanta que carne malpassada possa ser consumida sem risco para as pessoas. (BRESCIANI et al., 2013). Ferreira et. al. (2018) correlacionou a presença de T. gondii em vegetais em propriedades rurais produtoras e a livre circulação de gatos nas áreas de cultivo, sugerindo relação direta entre contaminação dos vegetais e a presença dos animais. Esta constatação vai de encontro ao risco associado à maior incidência observado nesta pesquisa, em que as gestantes se alimentam ao menos duas vezes por semana com vegetais e frutas cruas e em restaurantes. Nesta perspectiva os hábitos alimentares, de vida e também a presença de animais de estimação direcionam a atenção à saúde da família para uma abordagem ampla, em que os profissionais de saúde devem estar atentos a todos os possíveis meios de transmissão, a forma como esta ocorre e proceder à orientação da população para evitar a contaminação. Essa prevenção primária precisa ser reforçada no âmbito do programa saúde da família. Estudo realizado no município de Maringá destaca que a educação em saúde é a única estratégia capaz de reduzir os riscos de exposição e prevenir a toxoplasmose na gestante, visto que não existe vacina e o tratamento não é 100% eficaz (BRANCO, 2012). O conjunto desses fatores que são considerados associados ao risco de infecção, mais a baixa informação tanto das gestantes que não recebem orientação adequada sobre prevenção, quanto dos profissionais da saúde com lacunas de conhecimento sobre as formas evolutivas do T. gondii, correta interpretação dos exames sorológicos e conduta adequada após diagnostico (Branco, 2012), torna-se evidente a necessidade contínua de investimento em educação em saúde para a população, notadamente gestantes vulneráveis à primo-infecção, bem como investimento em educação continuada para os XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 profissionais da saúde para a correta busca ativa e manejo dos casos em investigação e confirmados. 4 CONCLUSÃO Foi possível concluir com base no presente estudo que as gestantes de Maringá em sua maioria são brancas, casadas, já possuem um filho, completaram apenas o nível de escolaridade médio, não possuem diabetes e hipertensão gestacionais, tem renda média entre um e três salários mínimos, preparam o próprio alimento, possuem cão e não possuem gato, não comem carne crua ou malpassada e comem verdura e legumes crus ao menos duas vezes por semana e em restaurantes. Ainda, pode-se verificar que o baixo nível socioeconômico e educacional são importantes fatores associados a uma maior chance de serem infectadas pelo T. gondii, bem como uma parcela das gestantes estão em contato com gatos reforçando a possibilidade de infecção. Conclui-se também que há uma lacuna importante no acompanhamento da evolução da sorologia das gestantes, pois somente foram verificadas anotações referente à pesquisa sorológica de primeiro trimestre, portanto, sem anotações de segundo e terceiro trimestre, contrariando as recomendações tanto do programa Mãe Paranaense como da Rede Cegonha do Ministério da Saúde. REFERÊNCIAS BRANCO BHM, ARAÚJO SM, FALAVIGNA-GUILHERME AL – Prevenção primária da toxoplasmose Scientia Medica (Porto Alegre) 2012; volume 22, número 4, p. 185-190. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Notificação e Investigação: Toxoplasmose gestacional e congênita. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 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