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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY 
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM FUNDAMENTAL 
NÚCLEO DE PESQUISA DE FUNDAMENTOS DO CUIDADO DE 
ENFERMAGEM-NUCLEARTE 
 
 
 
 
 
 
 
O ENFERMEIRO E O PACIENTE EM HEMODIÁLISE CONTÍNUA NA UTI: 
O MANEJO DA TECNOLOGIA NA PERSPECTIVA DA SEGURANÇA 
 
BIANCA RIBEIRO PORTO DE ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2016 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY 
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM FUNDAMENTAL 
NÚCLEO DE PESQUISA DE FUNDAMENTOS DO CUIDADO DE 
ENFERMAGEM-NUCLEARTE 
 
 
 
 
O ENFERMEIRO E O PACIENTE EM HEMODIÁLISE CONTÍNUA NA UTI: 
MANEJO DA TECNOLOGIA NA PERSPECTIVA DA SEGURANÇA 
 
Dissertação de Mestrado vinculada ao 
Núcleo de Pesquisa de Fundamentos do 
Cuidado de Enfermagem – NUCLEARTE, 
apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
e Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna 
Nery; como parte dos requisitos necessários 
à obtenção do título de Mestre em 
Enfermagem 
 
 
 
Orientador: Prof.º Dr.º Rafael Celestino da Silva 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2016 
 
CIP - Catalogação na Publicação
Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os
dados fornecidos pelo(a) autor(a).
R553e
Ribeiro Porto de Andrade, Bianca 
 O ENFERMEIRO E O PACIENTE EM HEMODIÁLISE
CONTÍNUA NA UTI: O MANEJO DA TECNOLOGIA NA
PERSPECTIVA DA SEGURANÇA / Bianca Ribeiro Porto de
Andrade. -- Rio de Janeiro, 2016.
 165 f.
 Orientador: Rafael Celestino da Silva Celestino
da Silva.
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery,
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2016. 
 1. Unidades de Terapia Intensiva. 2. Cuidados
de Enfermagem. 3. Tecnologia Biomédica. 4. Segurança
do Paciente. 5. Diálise Renal. I. Celestino da
Silva, Rafael Celestino da Silva, orient. II.
Título.
O ENFERMEIRO E O PACIENTE EM HEMODIÁLISE CONTÍNUA NA UTI: 
MANEJO DA TECNOLOGIA NA PERSPECTIVA DA SEGURANÇA 
Bianca Ribeiro Porto de Andrade 
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Escola de 
Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem. 
 
APROVADO POR: 
__________________________________________ 
Presidente: Prof.º Dr.º Rafael Celestino da Silva - Orientador 
__________________________________________ 
1ª Examinadora: Prof.ª Dr.ª Sandra Regina Maciqueira Pereira. 
__________________________________________ 
2ª Examinadora: Prof.ª Dr.ª Juliana Faria Campos 
__________________________________________ 
1ª Suplente: Prof.ª Dr.ª Silvia Tereza Carvalho de Araújo 
__________________________________________ 
2º Suplente: Prof.ª Dr.ª Francis Valéria Costa e Silva 
 
Rio de Janeiro 
2016 
 
DEDICATÓRIA 
“Em caminhos tortuosos me arrisquei, entre lágrimas e sangue caminhei, chorando e 
sangrando, mas em meio a luta tive Fé, me agarrei em seus ensinamentos, palavras de 
amor, mesmo que essas estivessem somente em meu coração, onde eu te sentia a todo 
instante. Em meu ventre, também havia algo maior ao qual me ajudou a amenizar toda 
a falta que me fizeste sentir, e assim fui caminhando, cada dia ultrapassando meus 
limites, pensando somente se teriam orgulho de mim, meu Vô Nice (in memória), 
minha filha!!” 
Dedico essa dissertação a vocês! 
Agradecimentos…. 
-Agradeço em primeiro a Deus por esta etapa concluída, de onde recebi força quando 
sentia-me fraca, e apoio quando pensava em desistir. “Para Ele toda a Glória e Honra”! 
-Ao meu esposo Gilmar, que imensuravelmente me apoiou em todos os momentos, me 
apoiando e me ajudando em tudo. Te amo demais. 
-Profº Rafael Celestino da Silva, Amado orientador e amigo, obrigada por toda 
paciência, por compreender minhas dificuldades e mesmo assim, sempre acreditando 
que eu venceria. Desde a graduação me acompanhou e sempre auxiliou meu 
crescimento, me apoiando e ajudando. São mais de dez anos juntos, atravessando esses 
obstáculos encontrados no caminho e a vitória proporcionada pela perseverança. 
-A minha mãe Cátia e Vó Landa, por todas as dificuldades que passaram para que eu 
realizasse esse sonho. Queria dizer que amo vocês e agradeço a Deus por ser filha de 
vocês. 
-A minha irmã Glaucia por sempre acreditar em mim e estar ao meu lado!! 
- A minha amiga Rute, sempre dizendo palavras de incentivo. 
-A minha amiga Ana Claudia, por sempre acreditar em meu potencial e me acarinhar 
quando eu precisava. 
-A minha amiga, cumadre “irmã de coração” Nathália, que consolou meu choro, que 
ficou diversas madrugas acordada me auxiliando. Por todas nossas brigas, por todas 
nossas lágrimas, por toda cumplicidade…. Meu muito obrigada!! 
-A família “Bacaninhas” pela torcida, que direta ou indiretamente contribuíram para que 
este sonho se realizasse. 
-Aos meus Mestres da UCB que sempre acreditaram que eu conseguiria. 
-Aos meus companheiros do Pró Cardíaco, pela oportunidade de pertence a essa equipe. 
-Aos demais colegas, que me ajudaram nos plantões e sempre me incentivaram. 
RESUMO 
ANDRADE, Bianca Ribeiro Porto. O enfermeiro e o paciente em hemodiálise 
contínua: manejo da tecnologia na perspectiva da segurança. Rio de Janeiro, 2016. 
Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola de Enfermagem Anna Nery, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2016. Orientador: Prof.º Dr.º Rafael Celestino 
da Silva. 
A hemodiálise contínua é uma terapia crescente empregada na Unidade de Terapia 
Intensiva, estando o enfermeiro diretamente inserido neste processo complexo, 
especialmente quanto ao manejo da tecnologia aplicada a este cuidado. Entretanto, 
questiona-se o seu saber/conhecimento para o manejo desta tecnologia e as repercussões 
que traz à segurança do paciente. Os objetivos da pesquisa são: Descrever o manejo da 
tecnologia de hemodiálise contínua aplicada ao cuidado do paciente na Unidade de 
Terapia Intensiva pelo enfermeiro; Analisar tal manejo quanto às repercussões na 
segurança do paciente; Discutir a segurança do cuidado de enfermagem ao paciente que 
utiliza tecnologia de hemodiálise contínua na Unidade de Terapia Intensiva, 
particularmente quanto à atuação do enfermeiro frente a tais tecnologias. Pesquisa de 
campo, qualitativa, de cunho exploratório, realizada com 23 enfermeiros atuantes no 
cuidado ao paciente que encontra-se em hemodiálise contínua na Unidade de Terapia 
Intensiva de um hospital privado do município do Rio de Janeiro. Realizou-se entrevista 
a partir de um roteiro semiestruturado e observação das práticas de cuidado destes 
profissionais quanto ao manejo da tecnologia de hemodiálise contínua, que totalizaram 
130 horas. Os dados de entrevista foram submetidos à análise de conteúdo temática e os 
de observação analisados a partir de sua descrição densa. Os resultados foram 
organizados em três categorias: a primeira delas abarca as diferentes atividades 
desempenhadas pelo enfermeiro no manejo da hemodiálise nas fases de 
preparo/planejamento e de monitorização/acompanhamento, as quais ocorrem a partir 
da interface que estabelece com a tecnologia e da aplicação de conhecimentos 
especializados no campo da nefrologia. Tais atividades são feitas dentro de um modelo 
colaborativo de nefrointensivismo em que enfermeiros da própria unidade com expertise 
no cuidado ao paciente submetido à hemodiálise contínua colaboram com a atuação dos 
enfermeiros responsáveis pelo cuidado direto a este paciente. Todavia, ambos também 
responsabilizam-se pelo cuidado de pacientes que não se encontram em hemodiálise no 
setor, acumulando outras funções assistenciais. A segunda categoria trata da 
qualificação dos enfermeiros para o manejo da hemodiálise contínua, demonstrando as 
lacunas na formação ao nível da graduação e da pós-graduação, bem como no 
treinamento fornecido pela instituição; alémdo efeito da inexperiência na atuação do 
enfermeiro, que produz a vivência dos sentimentos de medo e insegurança. Tais 
lacunasimplicam no enfrentamento de dificuldades quando da necessidade de manusear 
a hemodiálise contínua. Essas dificuldades se materializam durante a realização de 
procedimentos como: devolução do sangue ao paciente, calibração das balanças, 
montagem do sistema, interpretação do significado dos alarmes, as quais geram a 
ocorrência de incidentes que comprometem a segurança do paciente, temática abordada 
na terceira categoria de análise. Em face desses resultados e à luz dos conceitos 
aplicados no estudo é preciso pensar nestas condições latentes que incidem na atuação 
profissional, para que não ocorram erros que possam comprometer a segurança do 
paciente crítico. Assim, recomenda-se a adoção de barreirasque favoreçam a cultura de 
segurança do hospital quanto ao emprego desta tecnologia, quais sejam: 
aperfeiçoamento do modelo de inserção dos enfermeiros inexperientes nesta assistência, 
com o uso da simulação na sua formação, implementação de checklists, revisão do 
modelo colaborativo de hemodiálise contínua e da organização do trabalho dos 
enfermeiros. 
 
Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva; Cuidados de Enfermagem; Tecnologia 
Biomédica; Segurança do Paciente; Diálise Renal. 
 
 
 
ABSTRACT 
ANDRADE, Bianca Ribeiro Porto. The nurse and the patient on continuous 
hemodialysis: management of technology from the perspective of safety. Rio de Janeiro, 
2016. Dissertation (Master in Nursing). Anna Nery School of Nursing, Federal 
University of Rio de Janeiro, 2016. Advisor: PHd Professor Rafael Celestino da Silva. 
Continuous hemodialysis is an increasing therapy used in the Intensive Care Unit, and 
the nurse is directly involved in this complex process, especially regarding the 
management of the technology applied to this care. However, their known/knowledge is 
questioned for the management of this technology and the repercussions it gives to the 
patient's safety. The objectives of the research are: To describe the management of 
continuous hemodialysis technology applied to the care of the patient in the Intensive 
Care Unit by the nurse; To analyze even the management as to the repercussions on 
patient’s safety; To discuss the safety of nursing care to the patient that needs 
continuous hemodialysis technology in the Intensive Care Unit, specially regarding the 
nurses' performance related to such technologies. Field research, qualitative, of an 
exploratory nature, performed with 23 nurses working in the care of the patient who is 
undergoing continuous hemodialysis at the Intensive Care Unit of a private hospital in 
the city of Rio de Janeiro. An interview was conducted from a semi-structured script 
and observation of the care practices of these professionals regarding the management 
of continuous hemodialysis technology, which totaled 130 hours. The interview data 
were submitted to the analysis of thematic content and the observation data analyzed 
from its dense description. The results were organized in three categories: the first one 
covers the different activities performed by the nurse in the management of 
hemodialysis in the preparation/planning and monitoring/follow-up phases, which occur 
from the interface that establishes with the technology and the application of Expertise 
in the field of nephrology. Such activities are done within a collaborative model of 
nephrointensivism in which nurses from the unit itself with expertise in patient care 
undergoing continuous hemodialysis collaborate with the nurses responsible for direct 
care of this patient. However, both also take responsibility for the care of patients who 
are not in hemodialysis in the sector, accumulating other care functions. The second 
category deals with the qualification of nurses for the management of continuous 
hemodialysis, showing the gaps in training at undergraduate and postgraduate level, as 
well as in the training provided by the institution; besides the effect of inexperience on 
the nurse's performance, which produces the experience of feelings of fear and 
insecurity. Such gaps imply the coping of difficulties when the need to handle 
continuous hemodialysis. These difficulties materialize during the performance of 
procedures such as: returning the blood to the patient, calibrating the scales, setting up 
the system, interpreting the meaning of the alarms, which generate incidents that 
compromise patient safety, the subject addressed in the third category of analysis. In 
view of these results and in light of the concepts applied in the study, it is necessary to 
think about these latent conditions that affect the professional performance, so that there 
are no errors that could compromise the safety of the critical patient. Thus, it is 
recommended to adopt barriers that favor the safety culture of the hospital regarding the 
use of this technology, such as: improving the insertion model of inexperienced nurses 
in this assistance, using simulation in their training, implementation of checklists, 
review of the collaborative model of continuous hemodialysis and the organization of 
nurses' work. 
Keywords: Intensive Care Units; Nursing Care; Biomedical Technology; Patient 
Safety; Renal Dialysis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RESUMEN 
ANDRADE, Bianca Ribeiro Porto. El enfermero y el paciente en hemodiálisis continua: 
manejo de la tecnología desde la perspectiva de la seguridade. Rio de Janeiro, 2016. 
Disertación (Maestría en Enfermería). Escuela de Enfermería Anna Nery. Universidad 
Federal del Rio de Janeiro, 2016. Orientador: Profesor Doctor Rafael Celestino da Silva. 
La hemodiálisis continua es una terapia creciente empleada en la Unidad de Terapia 
Intensiva, estando el enfermero directamente insertado en este proceso complejo, 
especialmente en cuanto al manejo de la tecnología aplicada a este cuidado. Sin 
embargo, se cuestiona su saber/conocimiento para el manejo de esta tecnología y las 
repercusiones que trae a la seguridad del paciente. Los objetivos de la investigación son: 
Describir el manejo de la tecnología de hemodiálisis continua aplicada al cuidado del 
paciente en la Unidad de Terapia Intensiva por el enfermero; Analizar tal manejo en 
cuanto a las repercusiones en la seguridad del paciente; Discutir la seguridad del 
cuidado de enfermería al paciente que utiliza tecnología de hemodiálisis continua en la 
Unidad de Terapia Intensiva, particularmente en cuanto a la actuación del enfermero 
frente a tales tecnologías. Investigación de campo, cualitativa, de cuño exploratorio, 
realizada con 23 enfermeros actuantes en el cuidado al paciente que se encuentra en 
hemodiálisis continua en la Unidad de Terapia Intensiva de un hospital privado del 
municipio de Rio de Janeiro. Se realizó una entrevista a partir de un itinerario 
semiestructurado y observación de las prácticas de cuidado de estos profesionales en 
cuanto al manejo de la tecnología de hemodiálisis continua, que totalizaron 130 horas. 
Los datos de entrevista se sometieron al análisis de contenido temático y los de 
observación analizados a partir de su descripción densa. Los resultados se organizaron 
en tres categorías: la primera de ellas abarca las diferentes actividades desempeñadas 
por el enfermero en el manejo de la hemodiálisis en las fases de 
preparación/planificación y de monitoreo/seguimiento, las cuales ocurren a partir de la 
interfaz que establece con la tecnología y la aplicación de la tecnología de 
conocimientos especializados en el campo de la nefrología. Tales actividades se realizan 
dentro de un modelo colaborativo de nefrointensivismo en el que enfermeros de la 
propia unidad con experiencia en el cuidado al paciente sometido a la hemodiálisiscontinua colaboran con la actuación de los enfermeros responsables por el cuidado 
directo a este paciente. Sin embargo, ambos también se responsabilizan por el cuidado 
de pacientes que no se encuentran en hemodiálisis en el sector, acumulando otras 
funciones asistenciales. La segunda categoría trata de la calificación de los enfermeros 
para el manejo de la hemodiálisis continua, demostrando las lagunas en la formación a 
nivel de la graduación y del posgrado, así como en el entrenamiento proporcionado por 
la institución; además del efecto de la inexperiencia en la actuación del enfermero, que 
produce la vivencia de los sentimientos de miedo e inseguridad. Estas lagunas implican 
el enfrentamiento de dificultades cuando la necesidad de manipular la hemodiálisis 
continua. Estas dificultades se materializan durante la realización de procedimientos 
como: devolución de la sangre al paciente, calibración de las balanzas, montaje del 
sistema, interpretación del significado de las alarmas, las cuales generan la ocurrencia 
de incidentes que comprometen la seguridad del paciente, temática abordada en la 
tercera categoría de análisis. En vista de estos resultados ya la luz de los conceptos 
aplicados en el estudio es preciso pensar en estas condiciones latentes que inciden en la 
actuación profesional, para que no ocurran errores que puedan comprometer la 
seguridad del paciente crítico. Por lo tanto, se recomienda la adopción de barreras que 
favorezcan la cultura de seguridad del hospital en cuanto al empleo de esta tecnología, 
que sean: perfeccionamiento del modelo de inserción de los enfermeros inexpertos en 
esta asistencia, con el uso de la simulación en su formación, implementación de 
checklists, revisión del modelo colaborativo de hemodiálisis continua y la organización 
del trabajo de los enfermeros. 
Palabras clave: Unidades de Cuidados Intensivos; Atención de Enfermería; Tecnología 
Biomédica; Seguridad del Paciente; Diálisis Renal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 
1.1 A complexidade da assistência de enfermagem na terapia intensiva e seus 
nexos com a aplicação de tecnologias no cuidado 
Pág. 16 
1.2 A atuação do enfermeiro face às tecnologias: o caso do cliente sob uso de 
terapia dialítica 
Pág.21 
1.3 A segurança do usuário na UTI relacionada com o uso dos equipamentos Pág.25 
1.4 Objeto de investigação Pág.31 
1.5 Objetivos Pág.31 
1.6 Relevância e Contribuições Pág.32 
 
 CAPÍTULO II: BASES CONCEITUAIS Pág.40 
2.1 A incorporação da tecnologia no âmbito do cuidado em saúde e no de 
enfermagem: o caso dos cuidados intensivos 
Pág.43 
2.2 O cuidado de enfermagem ao cliente sob uso de terapia renal substitutiva 
contínua 
Pág.50 
2.3 A segurança do paciente: uma preocupação atual. 
 
 CAPÍTULO III: REFERENCIAL METODOLÓGICO 
3.1 Tipo de estudo Pág.55 
3.2 Campo da Pesquisa Pág.56 
3.3 Participantes Pág.60 
3.4 Produção de dados Pág.62 
3.5 Análise e Interpretação dos dados Pág.66 
3.6 Aspectos éticos Pág.69 
 
 CAPÍTULO IV: A atuação do enfermeiro no manejo da tecnologia de 
hemodiálise contínua 
 
Pág.71 
 
 CAPÍTULO V: Qualificação profissional e seus nexos com a atuação 
do enfermeiro no manejo da tecnologia de HD continua 
 
 
5.1 Formação profissional do enfermeiro para atuação no cuidado ao paciente 
em HD contínua 
Pág.96 
5.2 Influência da experiência no cuidado ao paciente sob uso de tecnologia 
de hemodiálise contínua. 
Pág.111 
 
 CAPÍTULO VI: As repercussões da atuação do enfermeiro na 
segurança do paciente em uso da tecnologia de hemodiálise contínua. 
Pág.126 
 
 CAPÍTULO 7: CONSIDERAÇÕES FINAIS Pág.134 
 
 REFERÊNCIAS 
 
Pág.147 
 APÊNDICE 1: Roteiro de observação sistemática Pág.156 
 APÊNDICE 2: Roteiro de entrevista semiestruturada Pág.158 
 APÊNDICE 3: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Pág.160 
 APÊNDICE 4: Planilha de Temas Pág.161 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Lista de Ilustrações 
 
 
Figura 1 Ilustração da modalidade ultrafiltração lenta e contínua Pág.34 
 
Figura 2 Ilustração da modalidade hemodiálise veno-venosa contínua Pág.35 
 
Figura 3 Ilustração da modalidade hemodiafiltração veno-venosa contínua Pág.35 
 
Figura 4 Ilustração da modalidade hemodiafiltração veno-venosa contínua Pág.36 
 
Figura 5 Equipamento de hemodiálise contínua utilizado no cenário de estudo Pág.46 
 
Figura 6 Fluxograma da categoria temática 1 Pág.63 
 
Figura 7 Fluxograma da categoria temática 2 Pág.84 
 
Figura 8 Fluxograma da categoria temática 3 Pág.113 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 
1.1. A complexidade da assistência de enfermagem na terapia intensiva e seus nexos 
com a aplicação de tecnologias no cuidado 
A criação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) emergiu da necessidade do 
atendimento aos pacientes em estado crítico que careciam de assistência e cuidados contínuos 
de médicos e enfermeiros. Florence Nightingale é considerada uma precursora desta 
assistência especializada no século XIX durante a guerra da Criméia, a partir de sua 
preocupação com os indivíduos mais graves, selecionando-os e acomodando-os de forma a 
favorecer a sua observação constante e o cuidado imediato dos enfermeiros (LINO, 2011).
No Brasil, a implantação das Unidades de Terapia Intensiva remonta a década de 50, 
a partir da aplicação do modelo norte-americano de cuidado intensivo. Na década de 70 
ocorre a sua expansão como reflexo do processo de industrialização do Brasil, que gerou a 
absorção de novos recursos tecnológicos para o diagnóstico e tratamento (LINO, 2011). 
Backes et al. (2015) consideram que atualmente a Unidade de Terapia Intensiva é 
tida como um ambiente que concentra pacientes em estado grave, em condições recuperáveis, 
que exigem assistência médica e de enfermagem permanente e especializada. Nesta medida, 
difere de outros ambientes do hospital, compreendendo a atenção a pacientes sujeitos à 
instabilidade de funções vitais e com alto risco de morrer que necessitam de técnicas e 
tecnologias especiais para diagnóstico e tratamento. 
Em suma, o papel destas unidades, que concentram recursos humanos e materiais 
especializados é o restabelecimento da saúde/vida, associando equipamentos avançados, 
cuidados intensivos de enfermagem e medicina “intensivista”. Constitui-se, assim, em um 
território caracterizado por linguagens e ações próprias, incompreensível para aqueles que não 
estão familiarizados com este contexto, onde os profissionais de saúde sofisticam-se a cada 
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dia e no qual, para manter a vida e recuperar a saúde, os pacientes são acoplados a 
equipamentos que realizam momentaneamente suas funções vitais (SILVA et al., 2006). 
No âmbito do cuidado intensivo de enfermagem este arsenal de equipamentos é uma 
ferramenta que auxilia na sua realização à medida que possibilita a melhoria da sua qualidade 
e, ao mesmo tempo, minimiza o período gasto para realização de alguns procedimentos. Por 
outro lado, também significa um desafio para o enfermeiro, já que, além dos cuidados diretos 
destinados aos pacientes em estado crítico, considera-se de fundamental importância o 
conhecimento, por parte deste profissional, do manuseio de tais equipamentos, o que necessita 
de um aprendizado contínuo para que o mesmo mantenha-se atualizado.
Os cuidados que estão voltados para os equipamentos são primordiais para a 
adequação da terapêutica a ser instituída, os quais envolvem leitura e interpretação dos dados 
fornecidos, controle do funcionamento, treinamento prático. Afirma-se, pois, que o impacto 
da tecnologia gera mais uma atribuição para o enfermeiro intensivista: requer compreensão do 
funcionamento dos equipamentos e interpretação dos dados observados para garantir a 
confiabilidade dos resultadose conduzir as ações de cuidar (RIBEIRO; SILVA; FERREIRA, 
2016). 
Esta característica, em especial, reveste o cuidado intensivo de enfermagem de 
complexidade, principalmente pelo fato destes equipamentos aplicados aos pacientes em 
estado crítico exercerem diversas funções vitais para eles, assim como a monitorização 
contínua e invasiva do seu equilíbrio orgânico. Desta feita, lidar, manusear, vigiar e intervir 
frente a eventualidades com rapidez, a fim de solucionar problemas clínicos sem causar danos 
aos pacientes torna a atuação do enfermeiro intensivista repleta de dificuldades (MENDES et 
al., 2014). 
Há de se destacar que, no âmbito da assistência de enfermagem na terapia intensiva, 
as tecnologias integram-se ao ato de cuidar e a relação que o enfermeiro estabelece com os 
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pacientes (SALVADOR; OLIVEIRA et al., 2012). Portanto, são instrumentos da atuação 
profissional dentro dessas unidades, trazendo influências significativas no modo como o 
cuidado é realizado, considerando a acelerada incorporação de novos equipamentos neste 
ambiente. 
Sobre a relação entre o cuidado de enfermagem e a tecnologia, Rocha et al. (2008) 
referem que o cuidado realizado pela enfermagem é um processo que envolve e desenvolve 
ações, atitudes e comportamentos que se fundamentam no conhecimento científico, técnico, 
pessoal, cultural, social, econômico, político e psicoespiritual, buscando a promoção, 
manutenção e/ou recuperação da saúde, dignidade e totalidade humana. 
Tais autores (op.cit.) propõem a junção dos termos cuidado e tecnologia, ou seja, 
defendem que a tecnologia refere-se a conhecimentos e instrumentos que fundamentam e 
delimitam modos sistematizados de saber-fazer o cuidar. Portanto, a tecnologia e o cuidado se 
aproximam quando resultam num cuidado de enfermagem sistematizado, organizado 
cientificamente, proporcionando a manutenção da vida com conforto e bem estar e 
contribuindo com uma vida saudável ou uma morte tranquila. 
Acerca do escopo conceitual da tecnologia, evidencia-se que houve diversas 
modificações e interpretações ao longo da história, sofrendo adaptações segundo o contexto 
histórico. Conforme é bem estabelecido na literatura seu conceito original é oriundo do grego, 
onde o termo tecno (techné) significa saber fazer e o termo logia (logus) significa razão e, a 
junção desses termos é traduzida por razão do saber fazer (VERASZTO et al., 2008). 
Avançando em seu significado original, na atualidade este abrange diversos 
conhecimentos e práticas que vão além do entendimento de maquinários e equipamentos, ou 
seja, abarca tanto as chamadas tecnologias de produto quanto as de processo, o que possibilita 
que este significado esteja voltado para o cuidado de enfermagem (ROCHA et al., 2008). 
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Ao buscar assentar o conceito de tecnologia no campo da enfermagem Koerich et al. 
(2006) o estabelece como “um conjunto de conhecimentos (empíricos e científicos) 
sistematizados, em constante processo de inovação, os quais são aplicados pelo profissional 
de enfermagem em seu processo de trabalho, para o alcance de um objetivo específico”.
Uma acepção bem aceita deste termo é oriunda da classificação proposta por Mehry 
das tecnologias, que as agrupou na saúde em leves (relações), leve-dura (saberes estruturados) 
e dura (maquinários tecnológicos) (MEHRY et al., 2006). Já nas normas e diretrizes nacionais 
tecnologia em saúde refere-se a: “medicamentos, equipamentos e procedimentos técnicos, 
sistemas organizacionais, informacionais, educacionais e de suporte e programas e protocolos 
assistenciais por meio dos quais a atenção e os cuidados com a saúde são prestados à 
população” (BRASIL, 2011, pg. 28). 
No caso do estudo em tela o foco centra-se nas tecnologias representadas pelos 
equipamentos contidos dentro da Unidade de Terapia Intensiva. Segundo a ANVISA 
equipamento médico-assistencial é definido como: 
“equipamento ou sistema, inclusive seus acessórios e partes de uso ou aplicação 
médica, odontológica ou laboratorial, utilizada direta ou indiretamente para 
diagnóstico, terapia e monitoração na assistência à saúde da população, e que não 
utiliza meio farmacológico, imunológico ou metabólico para realizar sua função 
principal em seres humanos, podendo, entretanto, ser auxiliado em suas funções por 
tais meios (BRASIL, 2010, p.79). 
Dentro desta definição está o equipamento eletromédico, que é considerado 
“equipamento elétrico destinado a diagnóstico, tratamento ou monitoração do paciente (...) 
que estabelece contato físico ou elétrico com e/ou fornece energia para o paciente, ou recebe a 
que dele provém, e/ou detecta esta transferência de energia” (ANVISA, 2012, pg. 1). 
À luz destes conceitos e no interesse desta pesquisa tecnologia será entendida como 
relacionada aos equipamentos, especificamente os eletromédicos que fornecem suporte à vida 
do paciente na UTI, os quais abarcam um conjunto de saberes que orienta a sua utilização e 
domínio. A partir da apreensão destes saberes, o profissional conduz a prática do manuseio 
���
�
adequado de tais equipamentos no âmbito do cuidado, contribuindo na recuperação do 
paciente.
Tomando como referência este conceito e amparando-se em diversos autores 
interessados no estudo das tecnologias, inclusive em nível internacional, reitera-se a dimensão 
tecnológica das práticas de cuidado da enfermagem neste cenário (FUNK, 2011; 
SCHWONKE, 2011; SILVA, 2009; KENDALL-GALLAGHER; BLEGEN, 2009). Isto 
porque a utilização de tais recursos pode colocar o paciente em risco se eles não forem 
corretamente “vigiados”. Logo, é preciso “assistir” e cuidar dos equipamentos, com o 
propósito de manter a vida dos pacientes em estado crítico. 
Diante disso, é possível afirmar que duas vertentes do cuidado intensivo se 
delineiam: uma relacionada ao paciente, que necessita de assistência integral, considerando 
sua condição crítica de estar hospitalizado dentro de uma UTI. A outra voltada ao lidar com as 
tecnologias ligadas a tal paciente que vivencia um momento de instabilidade clínica. Então, 
frente a este contexto acentuam-se as responsabilidades do enfermeiro para promover um 
cuidado qualificado, no que tange o manuseio com segurança desse aparato tecnológico 
(PRATA, 2011; SALVADOR et al., 2012). 
Esta responsabilidade no manuseio seguro da tecnologia justifica-se pelo grau de 
interdependência que há entre as práticas de cuidar e as tecnologias empregadas na UTI, uma 
vez que estas são determinantes para as intervenções aplicadas pelo enfermeiro, tendo como 
referência sua interpretação das informações enviadas pelos equipamentos. De fato, a 
compreensão desta linguagem tecnológica é decisiva para as tomadas de decisão e para que 
seja traçado o plano de cuidados, fornecendo assim subsídios para um atendimento imediato e 
seguro (SILVA; FERREIRA, 2015). 
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1.2 A atuação do enfermeiro face às tecnologias: o caso do paciente sob uso de 
hemodiálise contínua 
Dentre as tecnologias presentes na UTI, a de reposição renal contínua, denominada 
hemodiálise contínua, é uma das mais frequentes, sendo o seu manuseio comumente atribuído 
como função do enfermeiro. Para Silva et al. (2010), a hemodiálise contínua trata-se de um 
processo complexo e composto de etapas sucessivas que resulta na homeostasia 
hidroeletrolítica e ácido-básica do paciente com insuficiência renal aguda, quando as 
comorbidades o impuseram instabilidade hemodinâmica. 
Assim, quando o paciente é acometido pela insuficiência renal aguda há a 
necessidade de iniciar a terapia de hemodiálise contínua, que é o tratamento frequentemente 
utilizado dentro da Unidade de Terapia Intensiva, com o objetivo de proporcionar uma 
estabilidade metabólica a esse paciente (SCHEFOLD et al., 2014). 
Esta afirmativa é corroborada por Rewa et al (2015), para os quais a hemodiálise 
contínua é a forma predominante usada para pacientes críticos com instabilidade metabólicaou hemodinâmica, sendo sua utilização cada vez maior. A mesma constitui uma tecnologia 
complexa, que exige muitos recursos e requer treinamento especializado por parte dos 
profissionais de saúde.
Sobre a lesão renal aguda (LRA), tem sido definida como uma diminuição inesperada 
da taxa de depuração glomerular a partir de diferentes critérios diagnósticos, dentre os quais 
os mais aceitos se baseiam na diminuição do débito urinário e na elevação da creatinina sérica 
(LEVI et al., 2013; PINTO et al., 2012). 
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (2014) a Sepse é responsável por mais 
de 50% dos casos LRA no mundo. Nos pacientes internados em UTI a LRA tem etiologia 
multifatorial: isquêmica e/ou nefrotóxica. Peixoto et al. (2013) também corroboram que o 
	
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agente principal causador da LRA no cenário da UTI é o choque séptico, além de outras 
causas como o choque cardiogênico, grandes cirurgias, hipovolemia e a nefrotoxicidade. 
Após a organização dos sistemas de classificação RIFLE – 2004 (acrônimo risk, 
injury, failure, loss and end stage), houve uma tentativa de padronização dos conceitos que 
permeiam a caracterização da LRA. Desta feita, a LRA ocorre mediante o aumento da 
creatinina sérica maior que 50% ou 0,3 mg/dl em pacientes com função renal normal, ou 
diurese abaixo de 0,5 ml/kg/h em um prazo maior do que 6 horas (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2014).
Classicamente a etiologia da LRA compreende os mecanismos pré-renal, renal e pós-
renal. A LRA pré-renal deriva de um estado de diminuição da perfusão renal, sem 
comprometimento celular, sendo reversível através da correção do fator desencadeante. A 
intrínseca ou renal pode apresentar uma subclassificação de acordo com a estrutura acometida 
(túbulos, glomérulos ou interstício), e define-se essencialmente como insulto isquêmico ou 
tóxico aos túbulos renais, denominado necrose tubular aguda (NTA). Este evento quando 
glomerular é reconhecido como glomerulonefrite aguda, e caracteriza-se por um processo 
intersticial com inflamação e edema. Já a LRA pós-renal resulta de uma obstrução do trato 
urinário (BUCUVIC, 2009; DESSEN, 2001).
Quanto mais precoce a identificação da LRA menores serão os agravos por ela 
determinados. Isto porque no cenário da UTI esta condição é veiculada nos estudos com taxa 
de incidência e de mortalidade variando até 70%, o que retrata sua magnitude epidemiológica 
e explica o motivo pelo qual esta situação clínica tem causado grande perturbação 
(GALLAGHER et al., 2014; PONCE et al., 2013). 
 Do contingente dos pacientes com lesão renal aguda, 70% recebem terapia de 
substituição renal, intermitente ou contínua, sendo a HD contínua a mais comum naqueles 
com instabilidade, o que mostra a sua frequência nos pacientes críticos (BOURBONNAIS et 
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al., 2016). Este dado é reiterado por Bernardina et al. (2007), que apontam que de 49% a 70% 
dos pacientes que apresentam LRA serão submetidos ao processo dialítico. Nestes casos a 
hemodiálise passa a exercer temporariamente a função do rim, com o objetivo de remover do 
sangue as sustâncias tóxicas pelo processo de filtragem e depuração. 
Especificamente a hemodiálise contínua, tal técnica de substituição da função renal 
realiza a depuração do sangue e a remoção do excesso de fluidos e líquidos de maneira 
contínua, provocando menos complicações e trazendo mais segurança ao paciente por ser 
mais próxima da função renal normal (ALLEGRETTI, 2015; ROMERO-GARCÍA et al., 
2013). Além disso, permite um controle ideal do balanço hídrico e auxilia outras medidas de 
suporte como: nutricional, ventilatório e hemodinâmico, proporcionando impactos 
hemodinâmicos menores do que outros métodos de hemodiálise (ALLEGRETTI, 2015). 
Vale destacar que, embora inicialmente a equipe médica tenha assumido a 
responsabilidade pela condução de todo este processo dialítico, com o decorrer do tempo a 
enfermagem passou a participar ativamente deste processo. Na atualidade o enfermeiro tem 
tido um papel chave na realização da hemodiálise contínua, sendo responsável pelo paciente, 
maquinário e monitorização, contribuindo para a segurança e eficácia do tratamento 
(BALDWIN, FEALY; 2009). 
Entretanto, este papel do enfermeiro na gestão da hemodiálise contínua encontra-se 
atualmente em discussão mundialmente. Algumas unidades de cuidados intensivos têm feito 
uma colaboração com as unidades de diálise para que os enfermeiros deste setor possam 
auxiliar durante a hemodiálise contínua. Geralmente tem-se feito essa colaboração para cuidar 
da técnica e de aspectos do tratamento dialítico. Outras UTI recomendam que os enfermeiros 
da unidade tenham total domínio com relação à hemodiálise contínua. Há também a defesa de 
que os enfermeiros da unidade de diálise possuem conhecimentos técnicos e especializados 
que lhes permitem ter melhor manejo com a hemodiálise contínua (RICCI et al., 2015). 
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Na Itália, por exemplo, segundo Ricci et al. (2015), não existe protocolo padronizado 
para a gestão da hemodiálise contínua na UTI, pois cada unidade adota seus meios conforme 
os recursos locais. Acerca deste aspecto, D’ávila (2012) descreve os 3 modelos de atuação do 
enfermeiro diante do emprego da hemodiálise contínua. 
O modelo em que o enfermeiro especialista em nefrologia é o protagonista na 
condução da terapia, o qual tem como vantagem a sua compreensão das técnicas de 
hemodiálise contínua, fornecendo um segundo profissional para o cuidado. Entretanto, tem 
como desvantagem o número de profissionais e os posteriores conflitos com o enfermeiro da 
Unidade de Terapia Intensiva. 
O segundo modelo é aquele que é conduzido pelo enfermeiro da Unidade de Terapia 
Intensiva, tendo como vantagem o início precoce do tratamento, a facilidade de avaliação 
hemodinâmica do paciente e a eliminação de conflitos. Já o modelo colaborativo é aquele que 
conta com a participação do enfermeiro nefrologista e o enfermeiro da Unidade de Terapia 
Intensiva, proporcionando intercâmbio de conhecimentos (D’ÁVILA, 2012). 
Tal autora (op.cit) ressalta que dentre os 3 modelos o que se mostra com mais 
vantagem é o modelo organizado a partir da atuação do enfermeiro da Unidade de Terapia 
Intensiva, particularmente pelo fato deste profissional conhecer melhor as condições do 
paciente, seu tratamento, assim como sobre o manuseio dos demais equipamentos presentes. 
Este modelo proporciona mais vantagens do que desvantagens, o que sugere que a 
hemodiálise contínua seja competência absoluta do enfermeiro da Unidade de Terapia 
Intensiva, mediante a realização constante de treinamentos e atualizações (D’ÁVILA, 2012). 
Por outro lado, para Golestaneh et al. (2012) a manutenção, educação continuada, 
competência e garantia de qualidade da terapia, políticas e procedimentos são atribuições da 
enfermeira da diálise ou nefrologista, pois a maior parte da responsabilidade recai sobre a 
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enfermeira da UTI, que é responsável em iniciar a terapia, monitorar, solucionar problemas 
usando muito suporte automatizado, o que resulta muitas vezes em erro durante o manejo. 
No caso da pesquisa em tela, a problemática emerge a partir do modelo de 
hemodiálise contínua que é conduzido pelo enfermeiro da UTI em colaboração com o 
enfermeiro nefrologista. O papel desempenhado por este profissional no tratamento engloba 
além do preparo e conexão do paciente ao equipamento de hemodiálise, revisão da prescrição 
a ser utilizada, monitoramento dos parâmetros hemodinâmicos, dos exames, cuidados com o 
cateter, preparo e administração das soluções e o acompanhamento e monitorização do ultra-
filtrado, assim com a prevenção da coagulação do filtro (BALDWIN; FEALY, 2009).
Particularmente quanto à tecnologia empregada, a de hemodiálise, a adoção deste 
modelo implica na necessidade de manejo de tal tecnologia pelo enfermeiro da UTI, o que 
demanda de preparo e capacitação continuada por este profissionalpara que não ocorram 
erros durante este manejo que possam comprometer a segurança do paciente crítico. 
Todavia, no cenário de trabalho de inserção da pesquisadora, a adoção de tal modelo 
de atuação na condução do processo hemodialítico na assistência aos pacientes na UTI levou 
à observação exploratória de situações que trouxeram à tona a reflexão sobre o 
manejo/utilização de tais tecnologias pelos enfermeiros da UTI e os riscos imbricados à 
segurança do paciente, principalmente quanto aos eventos adversos oriundos deste manejo. 
Esta inquietação mobilizou a pesquisadora para o maior aprofundamento desta problemática. 
1.3 A segurança do paciente na UTI relacionada ao uso dos equipamentos 
Considerando então o emprego da tecnologia de hemodiálise no âmbito das práticas 
de cuidado da enfermagem na terapia intensiva, reconhece-se que, neste caso, existe uma 
linguagem tecnológica objetivada na amplificação dos sinais que emanam do corpo do 
paciente por meio deste equipamento e que se traduzem em códigos de manipulação. 
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O enfermeiro há que observar e entender estes códigos emitidos, de modo a 
direcionar o cuidado aos pacientes sem prejuízos a eles. Para evitar o manuseio equivocado 
deste equipamento, se releva a observação rigorosa, a tradução/interpretação correta desta 
linguagem, já que erros podem trazer danos e causar a morte do paciente, sendo fato, pois, 
importante observar a linguagem tecnológica para o cuidado de enfermagem com segurança 
(SILVA; FERREIRA, 2015). 
Assim, em vista dos riscos envolvidos no emprego das tecnologias, acentuam-se as 
preocupações no campo da segurança do paciente, a fim de prevenir a ocorrência de erros no 
seu manejo e minimizar os riscos à população. Isto porque a complexidade dos equipamentos 
eletromédicos que possibilitam maior eficácia do tratamento médico-hospitalar, traz como 
uma das consequências o aumento significativo de erros de operação. 
Em relatório publicado em 2002, a Food and Drug Administration (FDA) estimou 
que os erros associados à tecnologia concorrem para centenas e até milhares de mortes por 
ano (MATTOX, 2012). Além disso, uma revisão das notificações compulsórias de incidentes 
envolvendo equipamentos na França em 1998 mostrou 11% de incidentes severos e 2% de 
incidentes fatais (BEYDON, 2010).
Alguns estudos trazem evidências da ocorrência destes incidentes envolvendo o uso 
das tecnologias na terapia intensiva. Pesquisa buscou identificar a ocorrência de erros na 
utilização de equipamentos por enfermeiros que atuam na terapia intensiva, analisando-os à 
luz da teoria do erro humano de James Reason. Participaram oito enfermeiros e os dados 
foram coletados através de observação e entrevista. Os resultados evidenciaram a ocorrência 
destes erros, que foram categorizados como lapsos e deslizes, por falhas de memória e de 
atenção no manuseio das bombas infusoras, e como enganos, por falhas de planejamento 
durante a programação dos monitores (RIBEIRO et al., 2016) 
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Outro exemplo é durante o transporte do paciente crítico. Em revisão de literatura 
nesta linha do transporte do paciente tentou-se rastrear as complicações apresentadas pelos 
pacientes em estado crítico durante o transporte intra-hospitalar. Dentre os eventos adversos 
destacam-se o problema da equipe multidisciplinar de transporte e falha nos equipamentos 
(ALMEIDA et al., 2012). 
Nas causas dos eventos adversos referentes aos problemas na equipe está a falta de 
conhecimento e comunicação inadequada. Erros com base no conhecimento equivalem a 54% 
dos incidentes e dentre eles está o erro de preparação do equipamento. No que tange ao 
segundo item abrangendo as falhas nos equipamentos, estas foram categorizadas conforme a 
modalidade de aparelho, quais sejam: de ventilação (desconexão, cilindros vazios, bolsas com 
selamento inadequado); de infusão (término na bateria; do medicamento); de monitorização 
(mau funcionamento, término na bateria, interferência, mau funcionamento da linha arterial). 
Em suma, evidenciou-se que estes erros elencados foram cometidos pela equipe, situações 
que poderiam ser evitadas (ALMEIDA et al., 2012). 
Portanto, entende-se que a evolução torna a tecnologia indispensável na assistência 
que é realizada aos pacientes do sistema de saúde. Porém, pela sua complexidade há a 
possibilidade de ocorrência de eventos inesperados e/ou indesejados na utilização dos 
mesmos, gerando um risco inerente ao uso. Os resultados das pesquisas de suporte indicam 
que é preciso pensar no erro humano como uma das possibilidades de causa dos incidentes na 
atualidade. 
Particularmente no que se refere aos incidentes no processo hemodialítico, verifica-
se que muitos deles ocorrem pela falta de conhecimento do mesmo. As maiores ocorrências 
estão relacionadas ao acesso venoso central com 28% e aos equipamentos com 14,5%. 
Quanto aos equipamentos, o funcionamento da máquina de hemodiálise representa 32%, 
ilustrando os eventos adversos ligados à tecnologia (SOUZA et al., 2013). 
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Destaca-se ainda a investigação que teve como objetivo determinar se a quantidade, a 
gravidade e as causas dos incidentes relacionados a equipamentos usados em anestesiologia e 
cuidados críticos mudaram ao longo do tempo. Para alcançar tal objetivo avaliou-se uma base 
de dados de notificação francesa comparando-se o ano de 1998, com o de 2005-2006 
(BEYDON et al., 2010). 
Em 1998 foram identificados 1.004 incidentes, dos quais 20 (2%) eram fatais e 111 
(11%) severos. O uso inapropriado explicou 35% dos incidentes, muitos deles ocasionados 
pelo conhecimento clínico inadequado e denotavam a necessidade de maior educação sobre a 
segurança dos equipamentos. No caso de 2005-2006, a base de dados continha 2.065 eventos 
notificados em 2005 e 2.123 em 2006, o que totalizava 4.188 incidentes (BEYDON et al., 
2010). 
Acerca dos principais tipos de uso inapropriado responsáveis pelos incidentes 
severos sublinha-se: desfibriladores – má compreensão da mensagem mostrada pelo 
desfibrilador semiautomático; monitores - resposta imprópria a alarmes, falha na operação do 
dispositivo, alarmes silenciados; dispositivos de infusão - erro na taxa de infusão, desconexão 
e migração no leito vascular; ventilação – falha na montagem de válvulas ou tubos, falha na 
operação do dispositivo, compreensão deficiente dos modos de ventilação, silenciamento dos 
alarmes; diálise – uso inapropriado, manutenção deficiente, falha na assepsia, tratamento 
impróprio dos alarmes (BEYDON et al., 2010). 
Os autores concluem que ao longo de um período de 02 anos 76 pacientes morreram 
devido a incidentes relacionados a dispositivos e 197 foram vítimas de incidentes severos. Os 
erros humanos foram a razão de um terço dos incidentes em geral e a causa principal daqueles 
severos, mostrando que os incidentes em virtude do uso inapropriado aumentou entre os dois 
períodos estudados, e indicando a necessidade de intervenções educacionais (BEYDON et al., 
2010).
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Assim, quando não há um domínio no manejo de tal tecnologia pelo enfermeiro, 
particularmente quando ele atua diretamente frente ao paciente submetido ao processo de 
hemodiálise, isso implicará diretamente na segurança do cuidado prestado. 
Focalizando a situação problema
Diante dos aspectos apresentados, que apontam os riscos implicados no uso das 
tecnologias dentro da UTI e a necessidade do conhecimento para o seu manuseio adequado 
pelo enfermeiro, surgiu a inquietação para este estudo, cujo foco centra-se na questão da 
atuação do enfermeiro para o manuseio e interpretação da máquina de hemodiálise, 
considerando a necessidade de conhecimento especializado e preparo em face à segurança do 
paciente, já que são comuns problemas no cotidiano que envolvem o emprego desta 
tecnologia. 
A escolha para a abordagem desta temática tem assento ainda na formação 
acadêmica, quando a proximidade de temáticas relacionadas aoscuidados intensivos 
despertou o interesse da pesquisadora para o maior aprofundamento acerca da assistência aos 
pacientes críticos, através da monitoria universitária em terapia intensiva. Isso, por sua vez, 
foi o ponto de partida para a preferência em atuar profissionalmente nesta área, a fim de 
expandir seu conhecimento e prática sobre a complexidade dos pacientes da UTI. 
Após o período de formação, o ingresso em instituição hospitalar privada tendo como 
lócus de trabalho a UTI, reforçou a concepção acerca das exigências de destreza e 
conhecimento do profissional, em vista da complexidade dos pacientes hospitalizados. Neste 
contexto, pôde-se observar que muitos destes pacientes evoluíam com lesão renal aguda, 
fazendo com que necessitassem de tratamento com hemodiálise contínua. 
Esta vivência dentro da UTI permitiu visualizar a atuação do enfermeiro no processo 
de hemodiálise contínua. Esta atuação abarca desde o pedido dos materiais que serão 
utilizados em tal procedimento, até a montagem, instalação, manutenção do equipamento de 
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hemodiálise contínua, pedido e análise dos exames necessários para alterações nos 
paramentos pré-estabelecidos pelo nefrologista, assim como interpretação das informações 
produzidas pelo equipamento e identificação e intervenção sobre eventuais problemas com o 
seu funcionamento. 
Ressalta-se, no âmbito desta discussão, que o treinamento admissional em UTI deve 
ter seu espaço reservado, originando uma atuação coesa, humanizada e qualificada para a 
prestação do cuidado, sobretudo, sustentado por evidências científicas atualizadas (BUCCHI 
et al., 2011). 
Conforme as diretrizes da instituição para a admissão dos profissionais de 
enfermagem, durante os 3 meses iniciais o profissional deve atuar no turno de trabalho diurno, 
com o objetivo de passar por um processo de adaptação à realidade institucional no que tange 
aos procedimentos de rotina e atividades próprias ao setor de alocação, bem como realizar os 
treinamentos recomendados pela instituição. No que concerne às atividades assistenciais, 
neste período o desempenho do profissional recém-admitido geralmente é acompanhado por 
duas enfermeiras, uma enfermeira envolvida com os cuidados diretos aos pacientes, e outra 
considerada referência nas atividades diárias do setor, denominada enfermeira rotina.
Dentre os cursos oferecidos pela instituição para aperfeiçoamento profissional está o 
curso de manuseio do equipamento de hemodiálise contínua. Porém, as observações 
empíricas da pesquisadora a partir da sua inserção profissional participando da assistência ao 
paciente em hemodiálise contínua apontam que por diversas vezes há um descompasso entre 
o conhecimento que é exigido do enfermeiro para manejo de tal tecnologia e aquele 
apresentado pelo profissional, cujo domínio da linguagem tecnológica em algumas 
circunstâncias não se mostra tão eficaz para o encaminhamento e resolução das situações 
práticas, de modo a trazer benefícios ao cuidado que presta. 
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Esse descompasso se torna um conflito quando se pensa na interface entre a 
necessidade de conhecimentos atualizados para desempenhar um trabalho efetivo, a demanda 
tecnológica dentro da Unidade de Terapia intensiva e a segurança do paciente implicada na 
assistência neste cenário. 
Face à problemática delineada, que se estabelece na interface entre o manuseio das 
tecnologias na terapia intensiva, neste caso, em especial, relativa ao processo de diálise, o 
saber/conhecimento aplicado pelo enfermeiro no âmbito de sua atuação e as implicações na 
segurança do paciente tem-se a seguinte questão de pesquisa, norteadora da investigação. 
Como se dá o manejo da tecnologia de hemodiálise contínua aplicada ao cuidado do paciente 
na Unidade de Terapia Intensiva pelo enfermeiro e que implicações tal manejo traz à 
segurança do paciente? 
1.4 Objeto de investigação 
• Manejo da tecnologia de hemodiálise contínua aplicada ao cuidado do paciente na 
UTI pelo enfermeiro sob a ótica da segurança do paciente. 
1.5 Objetivos 
-Descrever o manejo da tecnologia de hemodiálise contínua aplicada ao cuidado do 
paciente na UTI pelo enfermeiro; 
-Analisar tal manejo quanto às repercussões na segurança do paciente;
-Discutir a segurança do cuidado de enfermagem ao paciente que utiliza tecnologia 
de hemodiálise contínua na UTI, particularmente quanto à atuação do enfermeiro frente a tais 
tecnologias. 
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1.6 Relevância e Contribuições 
 A lesão renal aguda continua a ser um problema desafiador nos países em 
desenvolvimento, seja por causa do atraso na procura aos cuidados de saúde seja pela falta de 
instalações, bem como de recursos estabelecidos em muitos países para apoiar os doentes com 
LRA (MAOUJOUD, et al., 2014). 
Na UTI a lesão renal aguda também é um desafio, podendo ser considerado um 
problema mundial, embora não existam estatísticas confiáveis sobre a epidemiologia em 
países em desenvolvimento (MAOUJOUD, et al., 2014). A hemodiálise contínua é cada vez 
mais utilizada na UTI como opção terapêutica à LRA e, apesar de ser um procedimento que 
requer um cuidado intensivo e de um alto valor tecnológico, continua ocorrendo variação na 
prática de sua aplicação (REWA et al., 2015). �
As indicações clínicas mais comumente citadas para hemodiálise contínua são: 
sobrecarga de fluidos, acidose metabólica, oligúria (débito de urina <200 ml/12 horas), anúria 
(débito urinário <50 mL/12 h), hipercalemia (K> 6,5 mEq/L), edema, encefalopatia urêmica, 
pericardite urêmica, neuropatia urêmica/ miopatia, concentração de sódio <115 ou> 160 
mEq/L), hipertermia e overdose de drogas com toxina filtrável (lítio, a vancomicina, 
procainamida, etc) (DUBE; SHARMA, 2009).
Com os crescentes avanços tecnológicos no âmbito do tratamento hemodialítico 
dentro da Unidade de Terapia Intensiva aumenta o grau de exigências destinadas ao 
profissional que conduz esta terapia, que deve saber detectar precocemente as alterações 
fisiológicas e implementar intervenções que sejam eficientes e livres de erros (PADILHA, 
2010).
Sobre estes erros/eventos adversos, em estudo realizado em uma UTI constatou-se a 
ocorrência de 152 eventos adversos. Destes, os que tiveram maior incidência estavam 
relacionados ao uso de cateter, sondas e drenos (35), à infecção hospitalar (24), à úlcera por 
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pressão (20), aos processos alérgicos (17), às complicações cirúrgicas (17), aos erros de 
medicação (14) (MOREIRA et al., 2015). Estes eventos identificados remetem a pensar sobre 
o impacto que este constante avanço tecnológico e a utilização de diferentes aparelhos 
diagnósticos e terapêuticos trazem para os profissionais que estão na assistência, como é o 
caso da equipe de enfermagem.
Quanto aos eventos adversos que ocorrem durante o tratamento de hemodiálise, em 
investigação de 708 possíveis causas destes eventos, 303 (42,8%) foram associadas ao próprio 
paciente, 205 (28,9%) ao profissional e 200 (28,3%) à organização do serviço (SOUZA, 
2013). 
Ressalta-se que na atualidade a valorização das metas de qualidade dos serviços de 
saúde prestados é grande, mediante o alcance da excelência nos resultados da assistência. O 
campo da segurança por meio da prevenção dos eventos adversos é um dos indicadores de 
qualidade, uma vez que tais eventos causam custos anuais que podem chegar a meio milhão 
de dólares (CLARO et al., 2011). 
Logo, espera-se que o enfermeiro esteja em incessante busca pelo conhecimento, 
qualificação e atualização, principalmente quanto às tecnologias empregadas neste cuidado, 
de modo que possa prestar uma assistência com foco na segurança e na qualidade do 
atendimento ao paciente. Nesta lógica, este estudo ao investir nas práticas de cuidado do 
enfermeiro trará elementos para pensar como esta assistência vem sendo realizada, gerando 
reflexões que perpassam a qualidade, o cuidado especializado e a segurança do paciente em 
estado crítico,vislumbrando a diminuição dos custos e satisfação integral do paciente. 
No que tange especificamente à segurança, a presente proposta vai ao encontro dos 
propósitos definidos pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente (BRASIL, 2014). Isto 
porque a promoção do uso seguro dos equipamentos é uma das metas do referido programa, 
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considerando a variedade de dispositivos, de fabricantes, de especificações técnicas do 
funcionamento e a necessidade de conhecimentos e atenção para o manejo destes. 
Uma vez que no âmbito desta política pública considera-se relevante os impactos da 
incorporação de tecnologias em ambientes de cuidado, sobretudo no que tange a possibilidade 
de se produzir eventos adversos ocasionados pelo seu manejo, ao conhecer como os 
enfermeiros lidam com elas e que repercussões isto traz a assistência tal estudo se alinha a 
esta preocupação. 
Toma-se também por referência os eixos do referido programa para destacar as 
prováveis contribuições do estudo no campo do ensino, pesquisa e assistência, quais sejam: o 
eixo 1- o estímulo a uma prática assistencial segura, através da elaboração e implantação de 
protocolos básicos; o eixo 2 – inclusão do tema segurança no ensino de graduação, pós-
graduação e educação permanente dos profissionais de saúde; o eixo 4 – que visa incrementar 
a pesquisa em segurança do paciente (BRASIL, 2014).
Desta feita, intenta-se contribuir para a prática assistencial no cenário da pesquisa na 
elaboração de instrumentos que direcionem a aplicação das tecnologias, com vistas a 
possibilitar o seu uso seguro pelos profissionais. Os dados produzidos pela pesquisa podem 
subsidiar a organização de instrumentos estruturados pelas enfermeiras gerentes da 
hemodiálise contínua, sob a forma de checklist, para a verificação diária durante as diferentes 
etapas da utilização da hemodiálise contínua, de modo a prevenir a ocorrência de erros por 
falhas de memória, atenção ou de planejamento. 
Cabe destacar que a instituição da pesquisa dispõe de um centro de treinamento, o 
qual é composto por uma equipe de enfermeiros da própria rede hospitalar, que disponibiliza 
treinamentos práticos aos enfermeiros sob diferentes temas relacionados ao cuidado. Com 
base nos resultados, o trabalho pode recomendar um modelo de qualificação que seja 
adequado às necessidades dos profissionais, buscando minimizar as dificuldades vivenciadas 
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no cotidiano diante da inovação da tecnologia de hemodiálise contínua aplicada em sua 
prática assistencial e da atualização constante requerida. 
Além disso, há o serviço de educação permanente que possui uma atuação mais 
próxima no dia-a-dia dos profissionais, agindo em loco. A partir das situações da assistência 
que implicam em riscos ao paciente, o pesquisador terá possibilidades de elaborar 
recomendações que podem ser utilizadas por este serviço para promover melhorias da 
assistência de enfermagem prestada a pacientes submetidos ao processo de hemodiálise 
contínua. 
No contexto do ensino, o conhecimento produzido fomentará o debate acadêmico 
entre docentes e discentes sobre a qualificação profissional para atuação do enfermeiro no 
cuidado ao paciente em hemodiálise em face da tecnologia que lhe é disponibilizada, 
sensibilizando-os para discussão da segurança no campo da formação, com o objetivo de 
minimizar as lacunas teórico- práticas que possam incidir na futura atuação profissional. 
Além disso, trará subsídios para melhor instrumentalizar o ensino de pós-graduação lato-
sensu em terapia intensiva em torno das tecnologias aplicadas ao cuidado crítico. 
A pesquisa em tela insere-se, ainda, na Agenda Nacional de prioridades de pesquisa 
em saúde, mormente no que se refere à subagenda da Avaliação de tecnologias e Economia 
em saúde, trazendo contribuições ao desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS). 
De acordo com a Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (2011), a 
avaliação de tecnologias compreende um processo contínuo de análise e síntese dos 
benefícios para a saúde, das consequências econômicas e sociais do emprego das tecnologias, 
considerando os seguintes aspectos: segurança, eficácia, acurácia, efetividade, custos, custo-
efetividade e aspectos de equidade, impactos éticos, culturais e ambientais envolvidos na sua 
utilização. 
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O objetivo desta avaliação é contribuir para a decisão no ambiente de incorporação e 
monitoramento da utilização das tecnologias em saúde, bem como fornecer informações a 
profissionais e pacientes sobre a segurança, benefícios e custos destas tecnologias. Nesta 
avaliação de tecnologias para subsidiar o processo decisório adota-se uma diretriz que 
considera os seguintes domínios: clínico (eficácia/segurança); admissibilidade (registro 
sanitário/cobertura assistencial); técnico (características técnicas/princípios de 
funcionamento); operacional (usabilidade, infraestrutura, armazenamento etc); econômico 
(custo total de propriedade); inovação (propriedade intelectual, capacidade de produção, 
patentes registradas). 
Sublinha-se o domínio operacional, que foca sua análise em variáveis que incidem na 
performance da tecnologia e de quem a utiliza. Uma destas variáveis está relacionada a fatores 
humanos e ergonomia, que abrangem informações acerca da habilidade, limitações e outras 
características humanas, as quais se diferenciam entre as pessoas em razão da experiência, 
formação, idade e familiaridade com a tecnologia. Assim, os projetos dos equipamentos 
devem ser coerentes com os limites e capacidades humanas.
A usabilidade é um dos fatores humanos que deve ser pensado quando do 
desenvolvimento do produto, incluindo aí a facilidade de uso, efetividade, eficiência e 
satisfação do usuário (profissional). A usabilidade é “a capacidade de um produto ser usado 
por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação 
em contexto específico de uso” (ISO, 1998). As medidas da usabilidade mais comumente 
usadas são: efetividade, eficiência e satisfação. A usabilidade envolve ainda, o conhecimento, 
a habilidade, a aprendizagem, a atitude, a flexibilidade etc. 
Tomando por referência o exposto acerca da avaliação de tecnologias em saúde, esta 
pesquisa ao investir a atenção sobre o manejo da tecnologia de hemodiálise pelos enfermeiros 
na UTI tem potencial, a partir de seus resultados, para contribuir para a avaliação desta 
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tecnologia no domínio da usabilidade, especialmente por fornecer informações como: dos 
riscos relacionados ao uso do equipamento, dificuldades de quem o opera; interface do 
operador com os equipamentos, erros de uso, dentre outros. 
Sobre a produção de conhecimento deste tema, há uma carência de estudos 
brasileiros que abarquem tal aspecto, conforme atesta a pesquisa realizada nas bases de dados 
Medline e Lilacs. Para tanto, utilizou-se os seguintes descritores, cruzados entre si através do 
emprego do operador bolleano and: Hemodiálise/Diálise Renal, Cuidados de Enfermagem, 
Unidade de Terapia Intensiva/terapia intensiva, Segurança do Paciente, Terapia de 
substituição renal. 
A pergunta que orientou a busca foi: Quais são as evidências científicas sobre a 
hemodiálise contínua e que interfaces podem ser estabelecidas entre estas evidências e a 
atuação do enfermeiro? Os critérios de inclusão previamente estabelecidos para seleção 
foram: texto completo, últimos 10 anos, presentes nas bases selecionadas, com público alvo 
adulto, em idioma português, inglês e espanhol e com nível de evidência forte. 
A partir utilização de tais filtros chegou-se a um quantitativo preliminar de 225 
artigos, os quais foram submetidos à leitura exploratória do título e resumo para verificar em 
que medida o manuscrito contribuiria para a compreensão da problemática proposta. Isto 
resultou na seleção de 15 artigos que se adequavam ao estudo, os quais foram analisados com 
base em instrumentoestruturado para coleta de dados. 
A análise crítica deste material revela dois grandes eixos em que se organizam os 
estudos: um relacionado à avaliação do emprego da hemodiálise contínua, abarcando: custo-
efetividade; impacto sobre a mortalidade dos pacientes; comparação da eficácia em relação 
aos métodos intermitentes; modos de aplicação da hemodiálise contínua. O segundo eixo 
tratou da organização da assistência na hemodiálise contínua na UTI. 
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Nesta medida, ganha realce o enfermeiro, cuja discussão situa-se: em torno da 
necessidade de conhecimento especializado e de sua capacitação/treinamento; do 
questionamento sobre o profissional responsável pela gestão da terapia; dos cuidados de 
enfermagem: com o paciente, a máquina e circuito de hemodiálise, voltados a prevenção de 
complicações, e o uso de protocolos clínicos. 
Muitos estudos eram de cunho teórico, de descrição das modalidades de hemodiálise 
e dos cuidados de enfermagem durante o processo hemodialítico, com poucas investigações 
de campo centradas na prática do enfermeiro no manejo da hemodiálise contínua. Além disso, 
não foram obtidas produções que estabeleciam articulações entre tal manejo e a questão da 
segurança do paciente; nem publicações nacionais que tratavam desta temática. Ademais, as 
pesquisas captadas mostram que ainda há o questionamento sobre qual o profissional 
responsável em manejar a hemodiálise contínua e o modelo a ser adotado, o que reforça a 
necessidade de investigações que tragam evidências sobre o modo de inserção do enfermeiro 
nesta assistência. 
Ressalta-se que as definições da prevalência geral dos erros relacionados à tecnologia 
e os danos causados pelos mesmos continuam pobres (MATTOX, 2012) e, por consequência, 
estes erros ainda não são bem compreendidos. Considera-se, pois, que os enfermeiros que 
atuam em ambientes de cuidados intensivos estão em uma posição única para contribuir com 
a avaliação pró-ativa dos riscos implicados às tecnologias aplicadas na atenção à saúde e no 
entendimento do como e por que os incidentes associados a elas ocorrem (WARD; 
CLARKSON, 2004), com o propósito de reduzir a sua incidência. 
No campo teórico, embora a temática tratada se refira ao cuidado de um paciente 
dentro do cenário especializado da UTI e as tecnologias que o medeiam, reconhece-se que há 
uma clínica do cuidado de enfermagem na terapia intensiva (SILVA; FERREIRA, 2015), que 
representa aquilo que os enfermeiros fazem nesta área de atuação para proporcionar o cuidado 
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intensivo aos clientes. Nesta clínica a tecnologia e os saberes especializados nelas imbricados 
modulam a interação que ocorre entre os seres humanos envolvidos, exercendo influência na 
execução das atividades assistenciais pelo enfermeiro ao paciente crítico, as quais expressam 
sua ciência e arte de cuidar (SILVA; FERREIRA, 2015).
Desta feita, a relação que o enfermeiro estabelece com tais tecnologias implica nas 
suas ações de cuidar ao paciente em face delas. Logo, importa a linha de pesquisa de 
“Fundamentos do Cuidado de Enfermagem”, especialmente o que tange aos cuidados 
fundamentais, técnicas e tecnologias no cuidado, já que quando se reporta ao cuidado, 
independentemente do cenário em que este se processa, os fundamentos do cuidado de 
enfermagem representam os alicerces que sustentam a assistência de qualidade do enfermeiro.
A pesquisa contribui para a construção do conhecimento do Núcleo de Pesquisa de 
Fundamentos do Cuidado de Enfermagem (NUCLEARTE) da EEAN/UFRJ, sobretudo nos 
estudos que já vêm sendo desenvolvidos pelos seus pesquisadores, principalmente aqueles 
que integram o Grupo de pesquisa “Representações e Práticas de cuidado em saúde e 
enfermagem”, de forma a proporcionar a produção de novos conhecimentos à comunidade 
acadêmica. 
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CAPÍTULO II: BASES CONCEITUAIS 
2.1 A incorporação da tecnologia no âmbito do cuidado em saúde e no de enfermagem: o 
caso dos cuidados intensivos 
 Numa breve análise histórica, observa-se que a tecnologia por volta do fim do século 
XVIII e início do século XIX passou a ser entendida como o uso de teorias, métodos e 
processos científicos para a resolução de problemas. Com o advento da Revolução Industrial e 
da Segunda Guerra Mundial foi incorporada à ciência, particularmente no campo da saúde, 
onde passa a ser utilizada de acordo com os princípios científicos, proporcionando o 
surgimento de equipamentos voltados para os cuidados de saúde da sociedade (ROCHA et al., 
2008). 
As transformações ocorridas no século XVIII e início do século XIX foram muito 
importantes para esta associação entre ciência e tecnologia, impulsionando o desenvolvimento 
e ampliação de estudos em busca de melhorias e criação de novos equipamentos com 
finalidades específicas para a saúde (MARQUES et al., 2010). 
No panorama atual os avanços tecnológicos na área da saúde têm se mostrado como 
um instrumento importante para o cuidado, considerando que seu significado não envolve 
somente máquinas e equipamentos, mas uma ampla e complexa rede instrumental que vai 
desde o uso de mecanismos eletrônicos, sua interpretação, modos de manuseio até o raciocino 
lógico do profissional para atuar juntamente a eles (MARQUES et al., 2010). 
Logo, nesta perspectiva, a tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que 
envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de 
problemas. É, pois, uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas de 
pesquisa (ROCHA et al., 2008). 
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Este entendimento leva a pensar que, no caso do cuidado, a inserção da tecnologia 
sempre esteve presente, mesmo não sendo evidenciada de forma clara, e que somente com os 
avanços dos conhecimentos científicos o termo tecnologia e cuidado foram interligados. Isto 
porque este profissional atua diretamente no cuidado ao paciente e tem contato mais amplo 
com o mesmo, aplicando no cotidiano do seu processo de trabalho um conjunto de 
conhecimentos sistematizados, baseado em um constante processo de atualização científica, 
de forma a trazer benefícios à sua saúde. 
Portanto, a tecnologia no cuidado é uma das bases que sustenta a atuação da 
enfermagem, de acordo com Arone e Cunha (2006), expressando a relação entre o seu saber e 
o saber fazer, fundamentada nos princípios de valorização da vida do paciente e respeito à sua 
individualidade. 
 No Brasil, em meados da década de 90, devido ao crescimento e incentivo da busca 
por bases específicas para a enfermagem e modelos conceituais para a sua prática, inicia-se 
um avanço do conhecimento de enfermagem. Tal busca de justificação científica para o 
cuidado de enfermagem gera o reconhecimento da representação tecnológica acerca deste 
cuidado (MARQUES et al., 2010). 
Paim (2008) relata que, foram diversas as referências nas primeiras edições oficiais da 
revista da Associação Brasileira de Enfermagem de improvisos e “pequenas- grandes-coisas” 
que vieram a proporcionar a resolução de questões difíceis para a prestação do cuidado, 
tornando-se posteriormente em novos saberes e trazendo valorização ética e técnica da 
profissão. 
 Como resultado desses “modos de fazer” foram inseridas algumas padronizações nos 
procedimentos de enfermagem. A demonstração de que as adaptações tecnológicas são 
constantemente utilizadas foi evidenciada desde a vinda das enfermeiras nightingaleanas ao 
Brasil, quando estas pioneiras em suas salas de técnicas buscavam melhorias baseadas em 
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princípios científicos e na relevância da arte de enfermagem. Ao aprimorarem seus 
conhecimentos com o objetivo de proporcionar conforto ao paciente que necessitava de 
cuidados, conciliavam conhecimentos científicos, as adaptações necessárias ao cuidado e 
conhecimentos empíricos para construção de novos processos de enfermagem e novas 
soluções criadas. Entretanto, à época a enfermagem não tinha um caráter de investigação 
tecnológica(PAIM, 2008). 
Com a imersão da enfermagem na investigação tecnológica, há uma transformação e 
início de um olhar diferenciado das formas tecnológicas imbricadas na atuação do enfermeiro 
(KOERICH, 2011). O enfrentamento atual é encontrar melhorias na qualidade e eficiência dos 
serviços, considerando a aplicabilidade prática da inserção da tecnologia no cotidiano da 
saúde. 
 Em se tratando das tecnologias centradas nos equipamentos, verifica-se, de um lado, 
que o enfermeiro em sua prática processa o cuidado mediante adaptações e transformações 
dos aparatos disponíveis, porém, sem disseminar estes recursos tecnológicos a ponto de 
transcender o local de origem, ficando restritos a um determinado “setor” ou “instituição” 
(PAIM, 2008). 
Por outro lado, estão expostos em sua atuação profissional às novas tecnologias, 
exigindo que ele as domine para aplicação no exercício profissional e melhoria na qualidade 
da prestação do cuidado. Especialmente no cenário da terapia intensiva essa exigência é mais 
evidente pela característica clínica do paciente, em que as máquinas são indispensáveis à sua 
sobrevivência. 
A incorporação deste tipo de tecnologias na Unidade de Terapia Intensiva é 
visualizada diariamente, como por exemplo, através dos sistemas eletrônicos de prescrições 
de medicamentos, que alertam aos profissionais durante o aprazamento sobre a ocorrência de 
interações medicamentosas; os monitores multiparâmetros, que sinalizam através de alarmes 
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sonoros/visuais mudanças clínicas e conduzem a intervenções rápidas e precisas; além de 
vários outros equipamentos disponíveis à beira leito, tais como: transdutores de pressão e 
fluxo, bombas de infusão, oxímetros, capnógrafos, monitores de débito cardíaco, ventiladores 
mecânicos. Tais aparelhos, os quais possuem interfaces com sistemas computacionais, 
armazenam dados eletrônicos que facilitam as tomadas de decisão, julgamento clínico e o 
planejamento da prática do cuidado (VIANA, 2011). 
Abrangem, assim, a tecnologia da informação, que pode ser aplicada para processar e 
armazenar todas as condutas e informações pregressas relacionadas ao estado clínico do 
paciente. Este tipo de sistema de informação, de acordo com Marin (2010), abarca um 
conjunto de elementos que tem por finalidade carrear dados para sustentar o planejamento e 
as decisões para a prestação de assistência ao paciente. 
Portanto, a dimensão tecnológica no contexto do cuidado em saúde impõe aos 
profissionais a necessidade de manejo e destreza no gerenciamento dessa tecnologia 
articulada ao cuidado, para melhoria na qualidade de sua assistência (PRATA, 2011). Quando 
o uso desta tecnologia é feito de forma adequada, influencia diretamente no cuidado na UTI, 
contribuindo com o seu êxito e segurança (SALVADOR et al., 2012). 
2.2 O cuidado de enfermagem ao cliente em hemodiálise contínua 
 A hemodiálise é definida como um processo de filtragem e depuração sanguínea que 
tem como objetivo a substituição das funções renais prejudicadas por uma lesão renal crônica 
ou aguda (FERNI, 2011). Nos casos de lesão renal aguda (LRA) sua indicação ocorre em 
virtude da redução abrupta da função renal que se mantém por períodos variáveis, resultando 
na ineficiência dos rins em exercer suas funções básicas de excreção e manutenção da 
homeostase hidroeletrolítica do organismo, isto é, os rins não conseguem eliminar o excesso 
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de água, sal, potássio, ureia, dentre outras substâncias do sangue (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2014). 
O princípio de purificação do sangue por meio de membranas semi-permeáveis 
durante a terapia de substituição renal baseia-se no entendimento dos mecanismos de 
transporte de fluidos e solutos através de tais membranas. Pode ser intermitente (realizado 
durante menos de 24 horas em cada período de 24 horas, de duas a sete vezes por semana) ou 
contínua (realizada continuamente, sem qualquer interrupção ao longo de cada dia) (DUBE; 
SHARMA, 2009).
 A hemodiálise intermitente é a mais eficiente, visto que uma grande quantidade de 
fluido pode ser retirada e as anormalidades de eletrólitos podem ser rapidamente corrigidas. 
No entanto, isto não é adequado em pacientes instáveis: 20-30% dos pacientes com lesão 
renal aguda que estão sendo hemodialisados tornam-se hipotensos, e estas alterações 
hemodinâmicas podem piorar a lesão renal pré-existente, aumentando a isquemia. A diálise 
peritoneal tem a vantagem de ser simples e rentável. As principais desvantagens de diálise 
peritoneal são: menor depuração de soluto, menor controle urêmico, risco de infecção 
peritoneal e obstrução mecânica pulmonar e cardiovascular (DUBE; SHARMA, 2009).
No que concerne às vantagens do uso da hemodiálise contínua sublinha-se: adequada 
para uso em doentes hemodinamicamente instáveis, controle de volume preciso, controle 
eficaz de uremia, hipofosfatemia, hipercalemia e acidose metabólica, melhor suporte 
nutricional, mais seguro para pacientes com lesões cerebrais e cardiovasculares, pode ser uma 
terapia adjuvante na sepse. As desvantagens da utilização de métodos contínuos são: despesas, 
anticoagulação (para evitar coagulação do circuito extracorpóreo), complicações da linha de 
inserção e sepse, risco de desconexão da linha, hipotermia e de depleção grave de eletrólitos 
(em especial, K + e PO4) (DUBE; SHARMA, 2009).
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Para que a hemodiálise contínua aconteça há a necessidade de um acesso venoso 
provisório, que é inserido, geralmente, em veia jugular externa, subclávia ou femoral. O 
cateter temporário de inserção percutânea, também denominado cateter venoso não 
tunelizado, é o dispositivo vascular de escolha, visto que apresenta vantagens como: 
praticidade, rapidez na implantação, uso imediato, é indolor durante a sessão de hemodiálise, 
produz baixa resistência venosa e é de retirada rápida e fácil (SILVA, 2010). 
O tempo de permanência deste dispositivo depende de vários fatores, como: 
localização, manipulação excessiva, tempo de internação do paciente, habilidade e destreza 
dos profissionais que o manipulam. O enfermeiro participa em várias etapas de implantação 
do cateter, desde o preparo do material para a punção até o momento da instalação, no auxílio 
durante o procedimento, assim como na identificação e registro das ocorrências pós-punção, 
na realização do curativo e sua manutenção e identificação de infecções (BALDWIN; 
FEALY, 2009). 
Além do cateter, o início do processo dialítico requer o uso da máquina de 
hemodiálise conectada ao paciente. Este aparelho permite a seleção da terapia dialítica a ser 
empregada, enviando informações ao profissional que orientam suas ações antes, durante e ao 
término da sua conexão ao paciente. 
O funcionamento da máquina de hemodiálise se dá através dos mecanismos de 
transporte, quais sejam: ultrafiltração (remoção de fluidos), difusão (remoção de solutos), 
convecção (remoção de solutos e fluidos) e adsorção (remoção de solutos). A indicação das 
modalidades de terapia a serem administradas depende da condição nefrológica e estado 
clínico do paciente. As modalidades são: ultrafiltração lenta e contínua (SCUF), 
hemofiltração veno-venosa contínua (CVVH), hemodiálise veno-venosa contínua (CVVHD), 
hemodiafiltração veno-venosa contínua (CVVHDF) (DUBE; SHARMA, 2009). 
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SCUF é uma terapia utilizada para retirada de grandes volumes de água. A retirada 
de água é realizada à medida que o sangue passa através do filtro, não utilizando fluido de 
substituição e nem reposição. A remoção é de 300 ml a 500 ml por hora (DUBE; SHARMA, 
2009). 
Figura 1: Ilustração da modalidade ultrafiltração lenta e contínua 
Fonte: Dirkes S., Hodge K. Continuous Renal Replacement Therapy in the Adult Intensive Care Unit 
History and Current Trends. Critical Care Nurse. v.27, n.2, pg.-61-81, 2007. 
CVVH é uma modalidade em que a membrana tem alta permeabilidade, com a 
finalidade de limpeza de resíduos. Quando

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