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Revitalização do Obelisco da Serra das Araras

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RIO DE JANEIRO 
Setembro | 2018 
 
 
 
ii 
 
 
 
 
 
O Obelisco da Serra das Araras: revitalizando o Monumento Rodoviário – Piraí – RJ. 
 
 
 
Victor Filipe Moreira Monteiro 
 
 
Dissertação de Mestrado Profissional em 
Projeto e Patrimônio apresentada ao 
Programa de Pós-graduação em Arquitetura, 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
como parte dos requisitos necessários à 
obtenção do título de Mestre em Projeto e 
Patrimônio. 
 
 
Orientadora: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Setembro | 2018 
iii 
 
O Obelisco da Serra das Araras: revitalizando o Monumento Rodoviário – Piraí – RJ. 
 
Victor Filipe Moreira Monteiro 
 
Orientadora: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
Dissertação de Mestrado Profissional em Projeto e Patrimônio submetida ao 
Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 
da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos 
necessários à obtenção do título de Mestre em Projeto e Patrimônio. 
 
Aprovada por: 
 
 
 
____________________________________________ 
Profª. Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
 
____________________________________________ 
Profª. Andrea Borde 
 
 
____________________________________________ 
Profª. Cláudia Nóbrega 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Setembro | 2018 
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Dedico esse trabalho aos meus pais Rosalina e Manuel, meu irmão Pedro, minha 
esposa Daniela, meu filho Vicente e toda a minha família que, com muito apoio e 
carinho, sempre acreditaram em mim e não mediram esforços para que eu chegasse 
até esta etapa de minha vida. 
v 
 
Agradecimentos 
À Deus, pela bênção de cada dia e por ter guiado o meu caminho durante a 
execução deste trabalho. 
À FAU | UFRJ por ter me acolhido durante esses dois anos de muito trabalho; por 
estar entre os melhores e pelas inúmeras portas que se abriram e as que ainda irão 
se abrir para o meu futuro profissional. 
À professora Dra. Rosina Trevisan M. Ribeiro, pela orientação, apoio, paciência e 
inspiração para seguir em frente. 
Ao INEPAC pela disponibilidade de seu acervo, contribuindo com o desenvolvimento 
deste trabalho. 
À Arquiteta Isabel Balleste, da EF Arquitetos Associados, pela grande cooperação 
no envio de materiais gráficos e fotografias. 
Ao Arquivo Municipal de Piraí e ao Sr. Zé Maria, pelo aclaramento de seu vasto 
conhecimento a respeito do Monumento Rodoviário e estórias que o envolvem. 
Aos membros da banca de Qualificação e Defesa de Mestrado, Professoras Rosina 
Trevisan, Claudia Nóbrega e Andrea Borde, pela assistência e sugestões a fim de 
contribuir para a realização deste projeto. 
Aos professores do Mestrado Profissional em Projeto e Patrimônio, por 
compartilharem seus conhecimentos e experiências profissionais. 
Aos companheiros do MPPP2016, em especial à Cristiane e Rodrigo, pela parceria, 
amizade, convívio e por deixarem essa jornada mais divertida com muito café e bolo 
de chocolate. 
Aos amigos e familiares que contribuíram direta e indiretamente desde a 
estruturação da proposta de estudo à finalização dessa Dissertação. 
Aos meus pais, irmão e familiares por serem um belo exemplo a seguir e por formar 
uma base sólida para o meu crescimento pessoal e profissional sempre com muito 
respeito, educação, carinho e amor. 
À minha querida e amada esposa, companheira, minha musa inspiradora, por 
acreditar e me apoiar incondicionalmente. 
Ao meu pimpolho, meu melhor amigo. Embora miúdo, foi gigante em vários 
momentos sendo o porto seguro do papai, deixando esse trabalho mais leve e 
divertido com o Mickey chamando o toodles a todo instante. 
E por fim, ao Monumento Rodoviário, companheiro dessa aventura, por ter me 
escolhido sua vítima do “vírus do patrimônio”. Com você aprendi a ter um respeito 
maior pela nossa história, tão importante para a nossa prosperidade. Agradeço pelas 
oportunidades que me apresentou, pela vista de tirar o fôlego do seu ponto mais 
alto, pelo carinho com que nos recebeu, eu e meu irmão, Pedro, nos dias de 
levantamento e nos que fui com a minha família apenas para dar um “oi”. 
vi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monteiro, Victor Filipe Moreira 
 O Obelisco da Serra das Araras: Revitalizando o Monumento Rodoviário 
– Piraí – RJ/ Victor Filipe Moreia Monteio. – Rio de Janeiro UFRJ/AU, 2018. 
 xii, 86f.: il.; 31 cm. 
 Orientador: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 Dissertação (mestrado profissional em projeto e patrimônio) – UFRJ/ 
PROARQ/ Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, 2018. 
 Referências Bibliográficas: f. 100-102. 
 1. Patrimônio Cultural. 2. Revitalização. I. Ribeiro, Rosina Trevisan M. II. 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fauldade de Arquitetura e Urbanismo, 
Programa de Pós-graduação em Arquitetura. III. Título. 
 
vii 
 
RESUMO 
 
O Obelisco da Serra das Araras: revitalizando o Monumento Rodoviário – Piraí – RJ. 
 
Victor Filipe Moreira Monteiro 
 
Orientadora: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
Resumo da Dissertação de Mestrado Profissional em Projeto e Patrimônio 
submetida ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura 
e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Projeto e Patrimônio. 
 
Na década de 1920, quando se iniciava a abertura de grandes vias rodoviárias 
no Brasil, foi idealizada a construção de um marco que simbolizava a evolução dos 
transportes, até então predominantemente ferroviário, e a inauguração da primeira 
ligação rodoviária do país. Em 1938 o Monumento Rodoviário localizado em Piraí, 
município do Estado do Rio de Janeiro, no Km 226 da Rodovia Presidente Dutra, ficou 
pronto e é inaugurado. Foi concebido no estilo Art Déco, movimento internacional de 
design que contemplou todos os domínios da criação humana, como arquitetura, 
decoração, moda, arte, bem como no mobiliário. A edificação possui dois pavimentos 
com obras de arte integradas de importantes artistas plásticos nacional e internacional 
do período, como as pinturas murais de Cândido Portinari e baixos-relevos de Alfred 
Freyhoofer nas fachadas da edificação. Foi tombado pelo Instituto Estadual de 
Patrimônio Cultural (INEPAC) pela sua importância histórica e artística, em 
01/10/1991. Atualmente encontra-se abandonado, em mau estado de conservação. O 
objetivo deste trabalho é destacar a importância do valor cultural desta edificação e 
elaborar projeto de revitalização e reutilização do bem de acordo com seu valor 
atribuído de uso. 
 
Palavras-chave: Monumento. Rodovia BR-116. Revitalização. Patrimônio Cultural. 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Setembro/ 2018 
viii 
 
ABSTRACT 
 
 
The Obelisk of the Serra das Araras: revitalizing the Road Monument - Piraí - RJ. 
 
Victor Filipe Moreira Monteiro 
 
Orientadora: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
Abstract da Dissertação de Mestrado Profissional em Projeto e Patrimônio 
submetida ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura 
e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Projeto e Patrimônio. 
 
 
 In the 1920s, when the opening of major roads in Brazil began, the 
construction of a landmark symbolizing the evolution of transport, which had hitherto 
been predominantly railroad, and the inauguration of the country's first road link was 
devised. In 1938 the Road Monument located in Piraí, municipality of the State of Rio 
de Janeiro, at Km 226 of the Presidente Dutra Highway, was ready and inaugurated. 
It was designed in the Art Deco style, an international design movement that 
encompassed all the domains of human creation, such as architecture, decoration, 
fashion,art, as well as furniture. The building has two floors with integrated works of 
art of important national and international plastic artists of the period, such as the mural 
paintings of Cândido Portinari and Alfred Freyhoofer bas-reliefs on the façades of the 
building. It was registered by the State Institute of Cultural Patrimony (INEPAC) for its 
historical and artistic importance, on 10/10/1991. It is now abandoned, in poor 
condition. The objective of this work is to highlight the importance of the cultural value 
of this building and to elaborate a project of revitalization and reuse of the property 
according to its assigned value of use. 
 
 
Keywords: Monument. Highway BR-116. Revitalization. Cultural Heritage. 
 
Rio de Janeiro 
Setembro/ 2018 
ix 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO: ........................................................................................................ 13 
1. O MONUMENTO RODOVIÁRIO ....................................................................... 17 
1.1 LOCALIZAÇÃO .................................................................................................... 17 
1.2 HISTÓRICO ........................................................................................................ 21 
1.3 VALOR DO EDIFÍCIO ............................................................................................ 35 
1.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ................................................................................. 37 
2. AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO MONUMENTO E SEU ENTORNO ......... 39 
2.1 O ENTORNO IMEDIATO DA EDIFICAÇÃO ................................................................ 39 
2.2 LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO DA EDIFICAÇÃO ................................................. 46 
2.2.1 Sistema Construtivo .................................................................................. 51 
2.3 LEVANTAMENTO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO E DIAGNÓSTICO ........................... 57 
2.3.1 Análise Interna dos Ambientes.................................................................. 60 
2.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ................................................................................. 62 
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO......................................................................... 63 
3.1 DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO ............................................................................. 65 
3.2 USOS E PROGRAMA ........................................................................................... 68 
3.3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS ................................................................................. 74 
3.4 PROJETO DE INTERVENÇÃO ................................................................................ 77 
3.4.1 O Entorno .................................................................................................. 77 
3.4.2 O Edifício .................................................................................................. 83 
3.4.2 O Edifício .................................................................................................. 85 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 97 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................100 
ANEXOS .................................................................................................................104 
APÊNDICES ............................................................................................................105 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
Índice de Ilustrações 
Figura 1: O Monumento Rodoviário, localizado na Serra das Araras, Piraí/RJ, data: 14/11/2017. 
Fonte: foto do autor _____________________________________________________________________ 17 
Figura 2: Mapa descritivo da BR-116. Fonte: Ministério dos Transportes -
http://www.transportes.gov.br/bit/trodo/br-116/gbr-116.htm, CC BY 3.0. ________________________ 18 
Figura 3: Placa de Inauguração da Rodovia Presidente Dutra em 19 de janeiro de 1951. Fonte: 
http://brevescafe.net/allers.htm. ___________________________________________________________ 19 
Figura 4: Inauguração da Rodovia Presidente Dutra. Fonte: http://www.dnit.gov.br/memoria-
fotografica/pasta-de-fotos-4/inauguracao-da-placa-comemorativa-no-monumento-rodoviario-br-2-
116_-rio-sao-paulo-_-24-nov-1948_ap26395.jpg/view. _______________________________________ 19 
Figura 5: Mapa da Rodovia Presidente Dutra. Trecho que liga os estados do Rio de Janeiro e São 
Paulo. Fonte: http://www.rodoviapresidentedutra.com.br _____________________________________ 20 
Figura 6: Acesso ao Monumento. Fonte: Google ____________________________________________ 21 
Figura 7: Foto sem data do período em que o Monumento ainda era utilizado. Fonte: EF Arquitetos 
Associados. ____________________________________________________________________________ 22 
Figura 8: Baixo-relevo de Albert freyhoffer na fachada do Monumento, data: 14/11/2107. Fonte: foto 
do autor. _______________________________________________________________________________ 24 
Figura 9: Inauguração da placa comemorativa no Monumento Rodoviário. Fonte: 
http://www.dnit.gov.br/memoria-fotografica/pasta-de-fotos-4/inauguracao-da-placa-comemorativa-no-
monumento-rodoviario-br-2-116_-rio-sao-paulo-_-24-nov-1948_ap26395.jpg/view. ______________ 25 
Figura 10: Painéis no Salão Nobre. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí/RJ. ______________________ 29 
Figura 11: Painéis no Salão Nobre. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí/RJ. ______________________ 30 
Figura 12: Painéis no Salão Nobre. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí/RJ. ______________________ 30 
Figura 13: Painéis no Salão Nobre. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí/RJ. ______________________ 31 
Figura 14: Lacuna causada pela retirada dos painéis, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _____ 32 
Figura 15: Localização dos baixos-relevos na fachada do Monumento. Fonte: desenho do autor. __ 33 
Figura 16: A evolução dos transportes, baixo-relevo 1, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____ 34 
Figura 17: A evolução dos transportes, baixo-relevo 2, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____ 34 
Figura 18: A evolução dos transportes, baixo-relevo 3, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____ 34 
Figura 19: A evolução dos transportes, baixo-relevo 4, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____ 34 
Figura 20: A evolução dos transportes, baixo-relevo 5, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____ 34 
Figura 21: A evolução dos transportes, baixo-relevo 6, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____ 34 
Figura 22: A evolução dos transportes, baixo-relevo 7, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____ 35 
Figura 23: A evolução dos transportes, baixo-relevo 8, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____ 35 
Figura 24: Restaurante do Monumento. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí.______________________ 37 
Figura 25: Casal de visitantes do Monumento posando para foto de recordação do passeio. Fonte: 
Arquivo Municipal de Piraí. _______________________________________________________________ 37 
Figura 26: Mapa do relevo com destaque para o setor onde o Monumento está inserido. Fonte: 
Google ________________________________________________________________________________ 40 
Figura 27: Vista panorâmica da Serra do Mar, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____________ 40 
Figura 28: Perfil esquemático da Serra das Araras, trecho da Serra do Mar. Fonte: desenho do autor.
 ______________________________________________________________________________________ 41 
Figura 29: Acesso e saída do Monumento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. _______________ 42 
Figura 30: Rampa utilizada como acesso e saída do Monumento no período em que o mesmo estava 
em funcionamento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ___________________________________ 42 
Figura 31: Recuo para acesso ao Monumento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ___________ 43 
Figura 32: Espaçolivre muito utilizado pelos viajantes adjacente à Rodovia, data: 14/11/2017. Fonte: 
foto do autor. ___________________________________________________________________________ 43 
Figura 33: Percurso contornando o Espaço Livre do Jardim, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 44 
Figura 34: O lago do jardim, atualmente se encontra vazio, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 45 
Figura 35: Espaço livre posterior ao Monumento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. _________ 45 
xi 
 
Figura 36: Escada voltada para o Sul, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. ___________________ 46 
Figura 37: Escada voltada para o Leste, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _________________ 46 
Figura 38: Escada voltada para o Norte, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _________________ 47 
Figura 39: Escada voltada para o Oeste, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. ________________ 47 
Figura 40: Hall de entrada com vista para uma das duas saletas localizadas na projeção das 
escadarias, data; 03/01/2018. Fonte: foto do autor. __________________________________________ 48 
Figura 41: Quadro Geral de Energia do Monumento, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. ______ 48 
Figura 42: Salão Nobre com vista para o acesso principal, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _ 48 
Figura 43: Restaurante com vista para o pergolado externo, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. 48 
Figura 44: Cozinha do Restaurante, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _____________________ 48 
Figura 45: Área de preparação do restaurante, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. ___________ 49 
Figura 46: Acesso ao subsolo, local do depósito, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _________ 49 
Figura 47: Terraço descoberto, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _________________________ 50 
Figura 48: Fachadas da base da torre, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. __________________ 50 
Figura 49: Escada em madeira que leva do mezanino para o entre forro, data: 03/01/2018. Fonte: foto 
do autor. _______________________________________________________________________________ 50 
Figura 50: Entre forro, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _________________________________ 50 
Figura 51: Escada que direciona para os pavimentos da torre, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor.
 ______________________________________________________________________________________ 51 
Figura 52: Escada que leva do 5º ao 6º pavimento da torre, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. 51 
Figura 53: Um ângulo da vista de cima da torre, no 6º pavimento., data: 03/01/2018. Fonte: foto do 
autor. _________________________________________________________________________________ 51 
Figura 54: Através dos buracos feitos por vandalismo, é possível ver o sistema estrutural em concreto 
armado, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. _____________________________________________ 52 
Figura 55: Em alguns cômodos do Monumento, a estrutura ficou aparente compondo o ambiente, 
como no Restaurante, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. _________________________________ 52 
Figura 56: Pilar do pergolado em alvenaria autoportante, data: 05/08/2017. Fonte: foto do autor. __ 53 
Figura 57: Em alguns ambientes é possível encontrar desplacamentos de concreto como nesse caso 
no restaurante, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _______________________________________ 53 
Figura 58: Ação da água em dois pontos exatamente setorizados abaixo de um dos ralos do terraço 
descoberto, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. __________________________________________ 54 
Figura 59: Depósito projetado por baixo da escadaria principal, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor.
 ______________________________________________________________________________________ 54 
Figura 60: Ralo entupido, não permitindo o escoamento correto das águas pluviais resultando em 
infiltração nos ambientes inferiores, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _____________________ 54 
Figura 61: Esquadria sem vedação criando limo, no 4º pavimento da torre, data: 03/01/2018. Fonte: 
foto do autor. ___________________________________________________________________________ 54 
Figura 62: Ambientes desprotegidos das ações da água, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. __ 55 
Figura 63: Focos de infiltração, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _________________________ 55 
Figura 64: Ralo entupido..., data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. ____________________________ 55 
Figura 65: ...tem como resultado a criação de limo e da lixiviação, data: 03/01/2018. Fonte: foto do 
autor. _________________________________________________________________________________ 55 
Figura 66: Suporte em alumínio para as luminárias dos vitrais do Salão Nobre, data: 03/01/2018. 
Fonte: foto do autor. _____________________________________________________________________ 56 
Figura 67: Escada do nível intermediário ao entre forro, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. ___ 56 
Figura 68: Entre forro, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. _________________________________ 56 
Figura 69: Estruturas íntegras sem prospecção, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. __________ 56 
Figura 70: Legenda das Patologias encontradas no Monumento. Fonte: Legenda fornecida pelo 
professor Jorge Astorga na Disciplina de Metodologia do Projeto de Restauro e Legislação do Curso 
do Mestrado Profissional – PROARQ|FAU|UFRJ. ___________________________________________ 59 
xii 
 
Figura 71: Situação do Monumento em relação aos Municípios vizinhos. Fonte: levantamento do autor 
com base no Google Earth. ______________________________________________________________ 71 
Figura 72: Setorização do Pavtº Térreo. Fonte: desenho do autor. _____________________________ 73 
Figura 73: Setorização do 2º Pavtº. Fonte: desenho do autor. _________________________________ 74 
Figura 74: Além de restaurante, o espaço se transforma para receber lindos eventos. Fonte: 
Facebook do LaStrada Eventos. Acesso: 26/02/2018. _______________________________________ 75 
Figura 75: Espaço Kids para eventos infantis. Fonte: Facebook do LaStrada Kids Adventure. Acesso: 
26/02/2018. ____________________________________________________________________________ 75 
Figura 76: O Castelo tem o título de único Medieval da América Latina. Fonte: Facebook do Castelo 
de Itaipava. Acesso: 26/02/2018. __________________________________________________________ 76 
Figura 77: Alta gastronomia e requinte inseridos no seu cardápio. Fonte: Facebook do Castelo de 
Itaipava. Acesso: 26/02/2018. ____________________________________________________________ 76 
Figura 78: Espaço livre para acesso ao Monumento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ______ 78 
Figura 79: Jardim, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____________________________________ 78 
Figura 80: Espelho d'água, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ____________________________ 78 
Figura 81: Espaço do estacionamento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. __________________ 78 
Figura 82: Delimitação do espaço, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. ______________________ 78 
Figura 83: Análise do espaço para proposta de intervenção. Fonte: desenho do autor. ___________ 79 
Figura 84: Vista do espaço de intervenção na área do jardim pela circulação esquerda vindo do 
acesso, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. _____________________________________________ 80 
Figura 85: Espaço aberto do jardim que sofrerá intervenção. Fonte: desenho do autor. ___________ 81 
Figura 86: Vista do espaço destinado ao estacionamento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. _ 82 
Figura 87: Proposta para o espaço livre 03 destinado ao estacionamento e saída para a Rodovia 
Presidente Dutra. Fonte: desenho do autor. ________________________________________________ 82 
Figura 88: Planta Demolir e Construir do Pavimento Térreo. Fonte: desenho do autor. ___________ 85 
Figura 89: Planta Demolir e Construir do 2º pavimento. Fonte: desenho do autor. ________________ 86 
Figura 90:Planta Demolir e Construir do Pavimento Entre Forro. Fonte: desenho do autor. _______ 86 
Figura 91: Circulação do Acesso Principal: recepção da Gerência. Fonte: desenho do autor. ______ 87 
Figura 92: Vista do Salão Nobre: local onde receberá diversos eventos e exposições visando a 
educação patrimonial. Fonte: desenho do autor. ____________________________________________ 87 
Figura 93: Área de Intervenção do Restaurante. Fonte: desenho do autor. ______________________ 88 
Figura 94: Área coberta do Pergolado. Fonte: desenho do autor. ______________________________ 89 
Figura 95: Rampa social para acesso ao Restaurante. Fonte: desenho do autor. ________________ 90 
Figura 96: Rampa de serviço. Fonte: desenho do autor. ______________________________________ 91 
Figura 97: Indicação de inserção de elementos para acessibilidade do térreo. Fonte: ABNT NBR 
9050/2015._____________________________________________________________________________ 92 
Figura 98: Indicação de inserção de elementos para acessibilidade do térreo. Fonte: ABNT NBR 
9050/2015._____________________________________________________________________________ 93 
Figura 99: Inserção da nova porta para circulação interna de serviço. Fonte: desenho do autor. ___ 94 
Figura 100: Elevador para acesso ao segundo pavimento. Fonte: desenho do autor. _____________ 95 
 
 
 
 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
RODOVIÁRIO – PIRAÍ – R.J. 
 
 13 
Introdução: 
Sim, no começo era o pé. Se está provado, por descobertas arqueológicas, 
que há sete mil anos estes brasis já eram habitados, pensai nestas legiões e 
legiões de pé que palmilharam nosso território. E pensai nestes passos, 
primeiro sem destinos, machados de pedra abrindo as iniciais picadas na 
floresta. E nos pés dos que subiam as rochas distantes, já feitos pedra 
também, e nos que se enfeitaram de penas e receberam as primeiras botas 
dos conquistadores e as primeiras sandálias dos empregadores. [...] as 
rodovias riscam o Brasil de um varejar de progresso que se ramifica e se 
entrecruza. As Estradas de Ferro, as rotas dos aviões conduzem mais e mais 
gente, mais e mais riqueza. Por enquanto, porém, ainda podeis dizer: No 
começo era o pé. (QUEIRÓZ, 1969) 
O homem demonstrou, na sua trajetória pela busca do desenvolvimento tecnológico, 
o seu fascínio pelo transporte e como este poderia contribuir para um dia-a-dia mais 
fácil, com uma maior quantidade de tarefas realizadas em um menor período de 
tempo. Trazendo para o contexto nacional, desde o andar dos índios, passando por 
diligências, ferrovias, até a velocidade advinda dos automóveis, o transporte e a sua 
evolução representaram o crescimento de uma nação. 
Conhecer novas estradas e vislumbrar novas paisagens, é uma constante para os 
motociclistas. Juntamente com um grupo de amigos, sempre buscamos novos 
destinos para viajar. Até que definido um passeio tendo como destino Volta Redonda, 
Município vizinho de Piraí com aproximadamente cinquenta quilômetros de distância, 
e praticamente no pico da Serra das Araras, depois de cortarmos maravilhosas e 
deliciosas curvas até a chegada ao topo, passamos por um monumento 
aparentemente abandonado e sem vestígio de pessoas ao seu redor. 
Não imaginava de que se tratava do Monumento Rodoviário. E como nunca havia 
escutado falar ou passado por ele, não tinha ideia do que aquela obra tinha de 
significado e o que havia representado historicamente para as pessoas que viveram 
o período de seu nascimento, para quem o projetou e para a história do país. E isso 
havia me intrigado e deixado curioso, mais do que costumo ficar... 
Conhecer a história por trás do Monumento Rodoviário passou a ser o meu objetivo. 
O Monumento representava o início da “Era Rodoviária”, símbolo da integração 
nacional, e tê-lo conhecido no meio de uma viagem de moto entre amigos, fazendo 
exatamente o que o monumento representava - descobrindo novos destinos, novas 
paisagens, novas estradas e caminhos -, eu não estava errado quando tive a certeza 
de que tinha algo a mais pelo fato daquele monumento ter me chamado a atenção! 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
RODOVIÁRIO – PIRAÍ – R.J. 
 
 14 
A partir desta motivação inicial, me dediquei a pesquisar, não apenas o Monumento, 
mas foi despertado em mim um interesse mais profundo a respeito do tema em 
conservação e restauro de patrimônios arquitetônicos e culturais. Porque o 
Monumento que tanto representou, e ainda representa histórica e culturalmente para 
o nosso país estaria passando por um completo descaso e abandono? 
Sua construção começou a ser idealizada na década de 1920, quando se iniciava a 
abertura de grandes vias rodoviárias no Brasil. Deveria ser um marco para simbolizar 
a evolução dos transportes, até então predominantemente ferroviário, e a inauguração 
da primeira ligação rodoviária do país. 
Em 1936 o Monumento Rodoviário localizado no Km 226 da Rodovia Presidente 
Dutra, em Piraí, município do Estado do Rio de Janeiro, ficou pronto e foi inaugurado. 
Foi concebido no estilo contemporâneo da época, Art Déco, movimento internacional 
de design que contemplou todos os domínios da criação humana, como arquitetura, 
decoração, moda, arte, e presente também no mobiliário. A edificação possui dois 
pavimentos e continha obras de arte integradas de importantes artistas plásticos 
nacional e internacional do período, como as pinturas murais de Cândido Portinari no 
interior de um imponente Salão com pé-direito duplo e baixos-relevos de Alfred 
Freyhoofer nas fachadas da edificação. 
Em 1991, foi tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (INEPAC) pela 
sua importância histórica e artística. Atualmente a edificação encontra-se em estado 
de abandono e seus espaços livres subutilizados. 
O objetivo geral desta dissertação é a elaboração de Projeto de Revitalização do 
Monumento Rodoviário, que recupere o seu uso original como ponto de parada e 
restaurante, bem como do espaço livre no seu entorno, como local de contemplação 
e permanência, tendo como premissa a importância dos espaços livres na valorização 
do patrimônio edificado. 
E para manter esse documento vivo, é por bem definir diretrizes que guiarão o projeto 
de intervenção. Levantar minuciosamente os pensamentos e conceitos dos 
precursores do restauro e não acreditar que se chegará numa verdade absoluta, pois 
geralmente é nesse momento que nos perdemos quanto ao princípio de restaurar. Se 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
RODOVIÁRIO – PIRAÍ – R.J. 
 
 15 
busca no projeto de intervenção do edifício, que este tenha o seu uso cada vez mais 
presente na sua arquitetura e para os seus usuários. 
A proposta da revitalização se dá em manter os usos originais, sendo a intervenção 
no Monumento ocorrendo de forma pontual. Devem ser recuperados os baixos-
relevos da fachada, bem como os painéis de Portinari que devem retornar ao seu local 
de origem. Já os elementos novos a serem inseridos na edificação, devem ser de 
material contemporâneo, atendendo os critérios de distinguibilidade de teóricos 
precursores do restauro do século XIX e início do século XX. 
Como justificativa para o estudo, cabe citar o seu valor rememorativo pela celebração 
da abertura das grandes vias rodoviárias representando o tão almejado crescimento 
econômico e industrial que o governo vislumbrava para o país. A seu favor, conta 
também o fato de o edifício ter sido contemplado com a sua ornamentação de obras 
de artes com relevância nacional e internacional. Obras essas que marcaram não só 
a representatividade histórica dos transportes no Brasil, como também os próprios 
artistas pela temática estilística abordada. 
A metodologia adotada para o desenvolvimento da pesquisa segue a sequência dos 
capítulos desta dissertação. 
No primeiro capítulo, intitulado ‘O Monumento Rodoviário’, serão abordadas as 
informações iniciais afim do leitor familiarizar-se com o Monumento. Será 
apresentada a sua localização na Serra das Araras, município de Piraí e sua rica 
história em diferentes referências bibliográficas, muitas das quais se encontram no 
relatório de tombamento do INEPAC. 
É apresentada ainda a relação do Monumento com importantes agentes que 
contribuíram quando na sua fase de concepção. Destaca-se então o autor do projeto 
de arquitetura, o arquiteto Raphael Galvão, o estilo arquitetônico Art Déco e os artistas 
plásticos que elaboraram trabalhos de ornato no Monumento Rodoviário. São eles o 
brasileiro Cândido Portinari com os painéis de óleo em tela no interior da edificação, 
e o escultor belga Albert Freyhoffer, assinando oito baixos-relevos na fachada da 
edificação. 
O capítulo termina revelando ao leitor o seu valor rememorativo de intencionalidade 
com relação aos valores atribuídos aos Monumentos do historiador de arte do início 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 16 
do século XX, Alöis Riegl (2014), destacados no livro de sua autoria ‘O Culto Moderno 
dos Monumentos’, obra de fundamental importância acerca das questões relativas à 
tutela e conservação dos Monumentos Históricos. 
Há de se destacar ainda, que a “existência física é a condição prévia de toda 
existência psíquica, sendo mais importante do que essa última, pois a vida física pode 
desenvolver-se sem uma vida psíquica elevada, não ao contrário” (RIEGL, 2014, p. 
66), além disso, a destinação de um edifício é o melhor meio para conservá-lo, 
satisfazendo todas as suas necessidades de modo que não haja modificações 
(VIOLLET-LE-DUC, 2013). Sendo assim, podemos direcionar as diretrizes para mais 
um valor que se busca com a intervenção e a consequente reabertura e fruição do 
Monumento: o valor de uso. 
Dando continuidade ao desenvolvimento do estudo, foi levantado no segundo capítulo 
as características físicas do Monumento. O diagnóstico da edificação, apresentando 
os diferentes tipos de manifestações patológicas que possam prejudicar a estética, e 
principalmente, a funcionalidade dos elementos construtivos afetados, além do 
mapeamento de danos e o levantamento físico do Monumento. 
Segundo Cesare Brandi (2013), no seu 1º axioma, esses levantamentos são de suma 
importância para a concepção do projeto de restauração, pois o que se restaura é a 
matéria da obra de arte apenas. 
Já com relação ao entorno imediato da edificação, serão levantadas as características 
básicas da morfologia da paisagem urbana onde a edificação estudada está inserida. 
Serão estudadas a transformação da paisagem e a sua evolução no tempo, 
destacando marcos e/ou ondas de modernidade e agentes de transformação. 
Partindo para o âmbito técnico e estruturado por denso estudo e levantamento teórico, 
chegamos ao terceiro e último capítulo, apresentando as intervenções que serão 
executadas tanto no entorno como no próprio Monumento, estudando e propondo as 
melhores formas de inserção de novas atividades que poderiam agregar ainda mais 
valor ao mesmo, em paralelo com o programa proposto, visando um uso contínuo por 
parte dos usuários. 
 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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1. O Monumento Rodoviário 
1.1 Localização 
 
Figura 1: O Monumento Rodoviário, localizado na Serra das Araras, Piraí/RJ, data: 14/11/2017. Fonte: 
foto do autor 
O Monumento (Figura 1) se encontra na Serra das Araras, um setor da Serra do Mar 
que consiste de uma cadeia montanhosa do relevo brasileiro que se estende por 
aproximadamente 1.500 quilômetros ao longo do litoral leste/sul, indo desde o estado 
do Rio de Janeiro até o norte do estado de Santa Catarina. (IBGE, 2012) 
Esse setor se situa entre os municípios de Mangaratiba, Piraí e Paracambi, no estado 
do Rio de Janeiro, Brasil. É tida por muitos como uma área de grande beleza natural, 
apesar de grandes áreas terem sido desmatadas tanto por plantações diversas e 
criações de gado como por desastres naturais. Muitos acham se tratar de outra serra, 
mas assim como a Serra dos Órgãos, Serra do Piloto, Serra da Bocaina e a Serra dos 
Três Picos de Salinas, todos são apenas setores da Serra do Mar, que é uma das 
mais altas cadeias de montanhas próximas ao Oceano Atlântico do mundo. 
E para contextualizar o Monumento com a história do rodoviarismo brasileiro, é 
necessário falar sobre a rodovia BR-116, mais especificamente o trecho entre os 
estados do Rio de Janeiro e São Paulo, na Serra das Araras, rodovia esta, onde o 
Monumento está localizado. 
 
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 18 
A BR-116 é também a maior rodovia pavimentada do país, sendo do tipo longitudinal, 
sendo considerada a principal rodovia brasileira. Tem o seu início em Fortaleza, 
estado do Ceará e término na cidade de Jaguarão, no estado do Rio Grande do Sul, 
na fronteira com o Uruguai. Com 4.513 quilômetros de extensão, a rodovia passa por 
10 estados e 34 cidades, ligando o país de Nordeste a Sul (Figura 2). 
 
Figura 2: Mapa descritivo da BR-116. Fonte: Ministério dos Transportes -
http://www.transportes.gov.br/bit/trodo/br-116/gbr-116.htm, CC BY 3.0. 
Por ser uma rodovia com grande extensão, a mesma recebe diversas denominações 
regionais ao longo dos seus mais de 4.000 quilômetros. Destacam-se os trechos mais 
próximos onde o Monumento está localizado: entre Rio de Janeiro e São Paulo 
“Rodovia Presidente Dutra” e entre Rio de Janeiro, Teresópolis e Além Paraíba, 
“Rodovia Rio-Teresópolis”. 
No fim da década de 1940, com a industrialização e a necessidade de uma ligação 
viária mais eficiente e segura entre as duas cidades, começou a construção da 
duplicação da Rodovia Presidente Dutra, trecho da BR-116, chamada coloquialmente 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 19 
de Via Dutra e conhecida como SP-60 em São Paulo, que liga os estados do Rio de 
Janeiro e São Paulo, inaugurada em 1951 (Figura 3Figura 4). (DUTRA, 2017) 
 
Figura 3: Placa de Inauguração da Rodovia Presidente Dutra em 19 de janeiro de 1951. Fonte: 
http://brevescafe.net/allers.htm. 
 
 
Figura 4: Inauguração da Rodovia Presidente Dutra. Fonte: http://www.dnit.gov.br/memoria-
fotografica/pasta-de-fotos-4/inauguracao-da-placa-comemorativa-no-monumento-rodoviario-br-2-116_-
rio-sao-paulo-_-24-nov-1948_ap26395.jpg/view. 
É conhecida como a rodovia mais importante do país não só por ligar as duas maiores 
regiões metropolitanas, mas também por atravessar uma das regiões mais ricas do 
país, o Vale do Paraíba, onde as cidades localizadas às margens da rodovia vêm 
experimentando um rápido processo de expansão nos últimos anos devido ao 
http://brevescafe.net/allers.htm
 
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 20 
dinamismo econômico da região, formando a chamada Megalópole Rio-São Paulo. 
(BAZANI, 2016) 
Com 402 quilômetros de extensão, a Via Dutra tem início no trevo das Margaridas, no 
acesso à Avenida Brasil, no estado do Rio de Janeiro e conta com uma extensão de 
aproximadamente 170 quilômetros neste Estado e 230 quilômetros em São Paulo, 
com término na Ponte Presidente Dutra, no acesso à Marginal Tietê, conforme 
observa-se na Figura 5. 
 
Figura 5: Mapa da Rodovia Presidente Dutra. Trecho que liga os estados do Rio de Janeiro e 
São Paulo. Fonte: http://www.rodoviapresidentedutra.com.br 
Bazani (2016), no Diário dos Transportes, ainda menciona que a Dutra pode ser 
considerada a imagem dos investimentos do setor rodoviário em detrimento dos 
transportes por trilhos, já que a ligação férrea entre os estados de São Paulo e Rio de 
Janeiro já estava estruturada desde o final do século XIX. Ou seja, um investimento 
não precisa necessariamente anular o outro. Países que tiveram grande crescimentoinvestiram nas estradas, nos ônibus, nos transportes por caminhões, sem 
necessariamente sucatear o transporte ferroviário. 
O acesso ao Monumento Rodoviário se dá pela Via Dutra, mas somente passa por 
ele quem vem pela descida da Rodovia sentido Rio de Janeiro (Figura 6). Já para 
quem segue pela Rodovia subindo sentido São Paulo, deve-se pegar o primeiro 
retorno. 
 
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 21 
 
Figura 6: Acesso ao Monumento. Fonte: Google 
O Monumento tem ao seu redor os Municípios vizinhos de Seropédica, Queimados, 
Barra do Piraí e Volta Redonda, e algumas áreas Industriais. 
No período em que foi erguido, o Monumento recebia visitas de turistas e moradores 
de regiões vizinhas diariamente. A proposta de intervenção e restabelecimento do 
Monumento se fortalece por estar localizado num ponto estratégico entre o eixo Rio-
São Paulo, por ser uma via de grande movimento e ter no alto dos seus 
aproximadamente 40 metros de altura, uma das mais belas vistas das montanhas do 
país. Por fim, o local onde se encontra, o torna um ponto de parada estratégico para 
fins de descanso e contemplação com uma rica história e valores agregados. 
 
1.2 Histórico 
Tanto em termos econômicos, quanto culturais e sociais, as rodovias representaram, 
durante muitos anos, o símbolo mais expressivo da vontade de integração nacional. 
Com essa premissa, os governos federais e estaduais, ao longo dos anos, colocaram 
entre as suas metas prioritárias a construção de estradas e rodovias, contribuindo, 
portanto, na abertura de novas frentes de trabalho e no panorama das migrações 
internas. 
O século XX, mais precisamente na década de 1920, foi marcado pelo início da 
abertura de grandes veias rodoviárias pelo país. O transporte, que até então era 
 
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 22 
predominantemente ferroviário começava, de maneira tímida, a dar os primeiros 
passos rumo às rodovias. O grande salto foi em 05 de maio de 1928, com a 
inauguração da primeira ligação rodoviária entre as cidades da então Capital Federal, 
o estado do Rio de Janeiro, e de São Paulo, pelo então Presidente da República, 
Washington Luís. 
Foi nessa época também que se começou a idealizar a construção de um grande 
marco para simbolizar o grande salto rodoviário que o país almejava. Em 18 de maio 
de 1928, em uma iniciativa da empresa de turismo Touring Club do Brasil, como 
primeira ideia para apoiar o turismo rodoviário e representando o início da “Era 
Rodoviária”, iniciou-se a construção do Monumento Rodoviário na Serra das Araras 
em Piraí, o qual, dentre todos os marcos comemorativos erguidos na época, foi sem 
dúvida considerado o mais importante. 
Construído no alto de um contraforte da Serra das Araras, a 400 metros de altitude e 
situado no quilômetro 226 à margem da Via Dutra, no Município de Piraí, localiza-se 
no trecho onde a estrada apresenta o terreno bastante acidentado, oferecendo um 
amplo panorama para os dois lados do vale (IBGE, 1958). 
 
Figura 7: Foto sem data do período em que o Monumento ainda era utilizado. Fonte: EF Arquitetos 
Associados. 
 
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 23 
Trata-se de obra imponente tanto por sua situação, rodeada por uma extensa 
paisagem natural de vales e montanhas, como por sua arquitetura art-déco num 
mirante (Figura 7), na forma de um grande obelisco, que abrigava (e ainda abriga) 
importantes obras de arte, entre elas os painéis de Cândido Portinari e os baixos-
relevos do escultor belga Albert Freyhoffer. 
Com a inauguração da estrada é então lançada a pedra fundamental deste 
monumento pela empresa de turismo Touring Clube do Brasil com o intuito de 
fomentar e apoiar o turismo rodoviário. O objetivo era de perpetuar uma nova era 
implantada no país, pois, segundo a filosofia do governo na época: “Governar é 
povoar. Povoar é abrir estradas.” Inicia-se a era do automóvel e da velocidade, 
simbolizada pelas rodovias. 
A construção do monumento é sugerida por Eduardo Chagas Dória em setembro de 
1927, em sessão do Touring Club, com a apresentação de anteprojeto de autoria de 
seu irmão, o engenheiro civil Mário Chagas Dória e concluído pelo arquiteto Raphael 
Galvão, tendo a obra sido executada pela Construtora Christiani Nielsen. A sua 
execução se dá graças a recursos recolhidos a partir da solenidade de lançamento da 
pedra fundamental, através de verbas do Distrito Federal, dos governos estaduais e 
municipais, além de diversas doações por parte de instituições privadas e particulares 
que acreditavam no propósito da construção do monumento. 
O Monumento teve a sua construção no estilo Art-Déco, e em uma área total de 
aproximadamente 54.000m². E foi uma forma de rememorar a abertura das estradas 
como consequência do crescimento econômico do país. Possui dois pavimentos - o 
primeiro abrigava um restaurante - que servem como base a uma torre utilizada como 
farol e mirante totalizando uma altura de aproximadamente 36 metros. 
Segundo apreciação da escritora Dinah de Queiroz em seu “Livro dos Transportes”, a 
forma do Monumento se caracteriza simultaneamente pela arquitetura do obelisco e 
da pirâmide (QUEIRÓZ, 1969), reforçada na documentação de tombamento do 
INEPAC, destacando o modelo milenar, em forma de obelisco e toda a sua carga 
recheada de simbolismos, a sobriedade retilínea nas suas linhas, a simetria e a 
hierarquização da composição (INEPAC, 1990). 
 
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 24 
Essa forma arquitetônica, típica do Antigo Egito, é um monumento comemorativo, 
como suportes da memória de episódios diversos, personalidades e marcam 
fronteiras regionais e/ou nacionais. Constituído de um pilar monólitos de pedra 
quadrangular, que se alonga sutilmente, afunilando ligeiramente até a sua parte mais 
alta, terminando com uma ponta piramidal, normalmente esses monumentos são 
decorados com inscrições hieroglíficas gravadas nos quatro lados. Dentre os ícones 
mais presentes no mundo ocidental, os obeliscos são os que mais se destacam 
(BAKOS, JESUS e COSTA, 2008). 
Na base da parte externa da construção, encontram-se oito raros baixos-relevos 
(Figura 8) de grande impacto artístico do escultor belga Albert Freyhoffer, os quais 
narram a evolução dos meios de transporte no Brasil: o caminhar dos índios pela 
selva; a utilização de cavalos; carros de boi; diligência; e, por fim, o automóvel, 
retratando a era moderna. 
 
Figura 8: Baixo-relevo de Albert freyhoffer na fachada do Monumento, data: 14/11/2107. Fonte: foto do 
autor. 
Já no seu interior, contornando o salão nobre, localizavam-se quatro painéis do artista 
plástico brasileiro Candido Portinari. Foi solicitado em 1936, quando este se 
encontrava no Uruguai, pelo diretor do antigo Departamento Nacional de Estradas de 
Rodagem (DNER), o engenheiro Yeddo Fiúza. Desenvolvido de maneira intensa, 
 
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 25 
mostrando estradas cortando serras, incluiu nesse trabalho a presença do trabalhador 
e máquina, numa concepção integrativa entre o homem, a estrada e o progresso 
advindo do período em que foi idealizado (INEPAC, 1990). 
A obra foi concluída, segundo fotos do arquivo da construtora, em 1929, porém é 
entregue sem que as partes internas e o tratamento paisagístico estivessem 
concluídos. Após as conclusões, o monumento tem sua inauguração realizada 
aproximadamente 10 anos após o início das obras, pelo Presidente Getúlio Vargas 
(Figura 9), datado em 10 de outubro de 1936 para “assinalar a era rodoviária” 
(STYCER, 1990). 
 
Figura 9: Inauguração da placa comemorativa no Monumento Rodoviário. Fonte: 
http://www.dnit.gov.br/memoria-fotografica/pasta-de-fotos-4/inauguracao-da-placa-comemorativa-no-monumento-rodoviario-br-2-116_-rio-sao-paulo-_-24-nov-1948_ap26395.jpg/view. 
Infelizmente 40 anos após a sua inauguração, em 1978 mesmo apresentando 
características de relevância e ponto de descanso e atração turística, o restaurante foi 
desativado e o local fechado. Desde então, o Monumento Rodoviário entrou em um 
processo lento e progressivo de deterioração que até hoje não foi interrompido. 
Como estratégia para paralisar ou reduzir a velocidade de deterioração e abandono e 
dada à importância histórica, artística e cultural da edificação, em 31 de agosto de 
1990 ficou determinado o tombamento provisório pelo Instituto Estadual do Patrimônio 
Cultural (INEPAC), cuja diretora da época era a arquiteta Dina Lerner, tendo como 
proponente do tombamento o arquiteto Jorge Czajkowski, professor da Faculdade de 
 
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Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro - FAU/UFRJ, na 
época, e ex-diretor do INEPAC. Em 01 de Outubro de 1991, o colegiado aprovou por 
maioria dos votos, o parecer do Conselheiro Marcello de Ipanema, para o tombamento 
definitivo, para quem “[...] o respeito, até como medida de prudência, deve ter 
patrocínio de todos. Quem não respeita os testemunhos de momentos, de épocas 
pretéritas, corre o terrível risco dos seus não serem respeitados”, descrito no processo 
de tombamento do INEPAC (1990, p.49). 
Em outubro de 2000 os quatro painéis de Cândido Portinari, com o tema “A 
Construção de Uma Nova Rodovia”, em alusão à abertura da Via Dutra, foram 
retirados e levados para o Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro para que mais um 
objeto da história não se esvaecesse com o passar do tempo. 
Em 2013, depois de relatório da Gerência Regional de Patrimônio da União relatando 
o abandono da obra, o Ministério Público Federal recomendou a restauração da 
estrutura, de responsabilidade da União, ao governo federal, por sua relevância para 
a história nacional. 
A mesma recomendação foi feita à Nova Dutra, hoje CCR Nova Dutra (antiga 
Companhia de Concessões Rodoviárias), que explorou o monumento por vários anos 
e o devolveu depredado em 1998 ao extinto DNER, atual Departamento Nacional de 
Infraestrutura de Transportes (DNIT), ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico 
Nacional (IPHAN) e ao Instituto de Patrimônio Cultural (INEPAC). Nenhum dos 
órgãos, que divergem sobre a responsabilidade da restauração, acatou a 
recomendação até hoje. 
 
• O Monumento e o Arquiteto Raphael Galvão 
Nascido no Rio de Janeiro, RJ em 1894, Raphael Galvão se formou arquiteto em 1920 
pela Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), no Rio de Janeiro. Iniciou a sua carreira 
profissional como projetista de mobiliário e em 1921, foi um dos membros fundadores 
do Instituto Brasileiros de Belas Artes. 
 
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Em 1928 venceu o concurso de projetos do monumento rodoviário da Rodovia 
Presidente Dutra, na época da sua inauguração chamava-se “estrada Rio-São Paulo”, 
sendo inaugurado dez anos depois. 
Outro projeto de grande relevância do arquiteto, conhecido não só a nível estadual 
como a nível mundial, é o Estádio Maracanã, desenvolvido na década de 1940. Com 
ele, outros arquitetos formaram a equipe vencedora da concorrência pública, 
composta por Miguel Feldman, Waldir Ramos, Oscar Valdetaro, Orlando Azevedo, 
Pedro Paulo Bernardes e Antônio Dias Carneiro. 
Em 1952 trabalhou, juntamente com seu filho, Raphael Galvão Jr. e outros arquitetos, 
na execução do projeto do Maracanãzinho, ginásio poliesportivo inaugurado dois anos 
depois no Complexo do Maracanã. 
 
• O Monumento e o Estilo arquitetônico Art Déco 
O Art déco foi um movimento internacional de design na primeira parte do século XX 
que contemplou todos os domínios da criação humana: arquitetura, decoração, moda, 
arte, desenho industrial, cinema, artes gráficas, publicidade, mobiliário. Este 
movimento, de certa forma, foi uma mistura de diferentes estilos e movimentos (KIST 
e ALVES, 2010). 
Embora muitos movimentos de design tivessem em suas raízes intenções filosóficas 
ou políticas, o Art Déco foi meramente decorativo, sendo visto, no período, como um 
estilo elegante, funcional e ultramoderno. Suas principais características são as linhas 
geométricas e inspirações em diversas culturas antigas, como a Grécia e Egito. O 
estilo se estendeu rapidamente pelo mundo, com importantes nomes na América do 
Norte, Austrália e África do Sul. 
No Brasil, mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro, considerado a capital do 
Art déco da América Latina (GARBAYO), conta com um grande acervo de prédios e 
construções que são testemunhos construídos de um movimento de grande 
importância. E muitos dessas construções atraem visitantes de todo o mundo para a 
cidade, e dos quais os cariocas usufruem a cada dia. O Cristo Redentor, a maior 
estátua Art déco do mundo, se inclui nesses ícones. 
http://en.wikipedia.org/wiki/Art_Deco
 
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Muitas vezes tropical em seus temas e futurista em sua essência, o Art déco foi 
também conhecido como “estilo moderno” e teve uma grande influência da arte 
indígena Marajoara (400-1350) da região amazônica, principalmente na cerâmica, que 
utiliza padrões muito similares. A influência de tal estilo já foi mesmo interpretada 
como uma “aclimatação do estilo ao debate cultural que então se tratava no país, [...] 
que buscam um diálogo com a cultura nacional” (SMU/PCRJ, 1997). 
O estilo arquitetônico, utilizado para projetar o Monumento, veio para realizar a 
arquitetura de forma mais limpa e funcional com a menor quantidade de 
detalhamentos possível, destacando-se pelo uso de materiais novos, resultando nas 
conclusões das obras de forma mais efetiva e rápida. 
Difícil mesmo são as joias arquitetônicas Art déco passarem desapercebidas dentro 
da paisagem urbana aos olhos de visitantes e moradores. Restaurar e restabelecer o 
presente monumento se justifica pelo mesmo contemplar esse histórico estilo muito 
utilizado e importante para a cidade do Rio de Janeiro, além da valorização de uma 
região que tem como forte aliado o bem patrimonial em questão. 
 
• O Monumento e o Artista Plástico Cândido Portinari 
Cândido Torquato Portinari (1903-1962) nasceu em Brodósqui, interior de São Paulo, 
no dia 29 de dezembro de 1903. Filho de imigrantes italianos, aos seis já começava a 
desenhar. Aos 14 anos participa da restauração da Igreja de Brodósqui e logo se 
destaca, expondo pela primeira vez no Salão da Escola de Belas Artes, aos vinte anos 
(ITAUCULTURAL, 2011). 
Na década de 1920 participou de diversas exposições e ganhou vários prêmios, um 
deles o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Exposição Geral de Artes em 1928. No 
ano seguinte viaja para a Europa permanecendo até 1930, onde entra em contato com 
as tendências da arte modernista indo diretamente aos museus, discutindo sobre arte 
nos cafés e não tendo quase nenhum tempo para pintar. 
Em 1931 regressa ao Brasil expondo no Rio de Janeiro as primeiras obras que 
indicavam a sua necessidade de renovação, tanto temática quanto estilística. Sofre 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
RODOVIÁRIO – PIRAÍ – R.J. 
 
 29 
então certa influência dos muralistas mexicanos, expondo a sua paixão pela terra, o 
louvor do trabalhador à crítica às condições sociais, etc. 
Em 1936, é chamado pelo diretor da antiga Comissão de Estradas de Rodagem 
Federais (DNER), o engenheiro Yeddo Fiúza para pintar seu primeiro mural, no 
Monumento Rodoviário, com a “ideia de coisas fortes, violentas, que expressassem a 
construção de estradas de rodagem em nosso país” (INEPAC, 1990) e que 
ilustrassem bem o domínio da técnica muralista pelo artista. 
Fundado em 1979,o Projeto Portinari com a função de localizar, cadastrar e autenticar 
obras do pintor, já garantiu a autenticidade de mais de 5.000 trabalhos de Portinari. 
Muitas dessas obras foram feitas por encomendas de órgãos públicos, Portinari teve 
então a fama pejorativa de “pintor oficial”, reforçada por seu interesse por temas 
nacionalistas. É o caso da “Construção da Rodovia”, que mostra a contribuição do 
homem simples para o desenvolvimento país (Figura 10 à Figura 13). 
 
Figura 10: Painéis no Salão Nobre. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí/RJ. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 30 
 
Figura 11: Painéis no Salão Nobre. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí/RJ. 
 
 
Figura 12: Painéis no Salão Nobre. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí/RJ. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 31 
 
Figura 13: Painéis no Salão Nobre. Fonte: Arquivo Municipal de Piraí/RJ. 
 
Com medidas de 0,96m x 7,68m cada, sendo os primeiros com temas sociais do 
pintor, foi executado um total de 29,00m² de área. O tema “A construção de uma 
rodovia” foi desenvolvido de maneira intensa e expressiva, mostrando estradas 
rasgando serras, a presença do trabalhador e da máquina, numa concepção de que 
seria a integração do homem, da estrada e do progresso visto à luz da época em que 
foi idealizado. 
Com o fechamento do Monumento, em 1978, e após longos anos de infiltrações e 
degradações das diferentes formas, os painéis foram retirados do seu local de origem. 
Em 2000 após a diretora técnica do Projeto Portinari, Christina Penna, perceber que 
o Monumento estava começando a sofrer com infiltrações, o que poderia destruir os 
trabalhos, os painéis foram direcionados para o Museu Nacional de Belas Artes no 
Rio de Janeiro pelo projeto, deixando uma lacuna no Salão Nobre do Monumento 
(Figura 14). 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 32 
 
Figura 14: Lacuna causada pela retirada dos painéis, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. 
 
• O Monumento e o Artista Plástico Albert Freyhoffer 
Outro artista que ornamentou o Monumento, na parte externa, foi o escultor belga 
Albert Freyhoffer. Ele executou os baixos-relevos que se encontram sem conservação 
e se deteriorando paulatinamente com a exposição às intempéries. Os painéis narram 
a evolução dos meios de transporte no Brasil, desde o caminhar dos índios pelas 
selvas, passando pelos cavalos, carros de boi, diligência e chegando à era moderna 
e da velocidade com a construção dos automóveis (Figura 15). 
 
 
 
 
 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 33 
 
 
Figura 15: Localização dos baixos-relevos na fachada do Monumento. Fonte: desenho do autor. 
Ao todo, são oito painéis que compõem cada canto do quadrilátero que forma a base 
do monumento, e contam a evolução dos meios de transporte através do tempo. Com 
tom em terracota, os baixos-relevos se destacam das paredes cinzas do Monumento. 
Apesar do valor artístico estão sofrendo com a ação do tempo sem nenhuma ação 
conservativa. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 34 
 
Figura 16: A evolução dos transportes, baixo-
relevo 1, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
 
Figura 17: A evolução dos transportes, baixo-
relevo 2, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 18: A evolução dos transportes, baixo-
relevo 3, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 19: A evolução dos transportes, baixo-
relevo 4, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
 
Figura 20: A evolução dos transportes, baixo-
relevo 5, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 21: A evolução dos transportes, baixo-
relevo 6, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
RODOVIÁRIO – PIRAÍ – R.J. 
 
 35 
 
Além dos baixos-relevos do Monumento apresentados nessa dissertação (Figura 16 
Figura 23), Freyhoffer ainda esculpiu para o Palácio do Comércio, na Rua da 
Candelária nº 9, Rio de Janeiro, e para o Edifício São Joaquim, antiga sede da 
Companhia Brasileira Rhodiaceta (Rhodia), na Rua Líbero Badaró, 119, em São 
Paulo. 
 
1.3 Valor do Edifício 
Quando pensamos no Patrimônio Edificado, logo tendemos a associá-lo ao valor que 
o mesmo teve no passado e quais valores ele pode assumir no presente tendo como 
objetivo a sua conservação. Alöis Riegl, no início do século XX, com a intenção de 
compreender os valores dos monumentos para a sociedade, publicou “O Culto 
Moderno dos Monumentos”, pois entendia que apenas assim seria possível 
fundamentar uma prática responsável de conservação e intervenção no patrimônio 
(RIEGL, 2014). 
O sentido do termo culto possui duas metáforas, onde: 
1. cultivar (metáfora agrícola) faz nascer e cuida para que o desenvolvimento não 
cesse; 
2. venerar (metáfora religiosa) faz tratar com muito respeito e admiração 
3. logo, cultivar e venerar resulta em cuidar para que o respeito e a admiração do 
monumento não cessem. 
Já o sentido do termo moderno, remete à uma marca temporal de descontinuidade, 
como uma ruptura em um determinado momento, ou nos leva a crer até mesmo na 
 
Figura 22: A evolução dos transportes, baixo-
relevo 7, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 23: A evolução dos transportes, baixo-
relevo 8, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 36 
percepção de uma nova forma de fazer. E por fim monumento que do latim Monere 
(avisar, advertir), derivando para Monumentum (algo que faz recordar), adverte sobre 
o futuro a partir da apresentação do passado – valor pedagógico da memória (RIEGL, 
2014). Então temos que O Culto Moderno dos Monumentos tem como princípio cuidar 
(cultivar) para que os novos valores (modernos) não destruam o respeito e a 
admiração pelos monumentos. 
E é nesse culto que Riegl propõe duas categorias de monumentos: os Não 
Intencionais e os Intencionais. Os monumentos Não Intencionais são aqueles cujo 
valor é atribuído posteriormente à época da sociedade que o construiu. Já os 
monumentos Intencionais são aqueles aos quais é atribuído valor de monumento em 
sua época de construção, e tem como função específica, rememorar um feito de um 
povo ou indivíduo (RIEGL, 2014). Por esse motivo, pode-se observar que a maioria 
dos monumentos Intencionais possuem aparências mais escultóricas que 
arquitetônicas. Alguns exemplos são mausoléus, arcos triunfais, torres, colunas e 
obeliscos. 
Como dito no decorrer do trabalho, o período da construção do Monumento foi 
pensado pelo governo para celebrar a abertura das grandes vias rodoviárias e do 
crescimento econômico do país, predominantemente ferroviário no início do século 
XX. Logo, de acordo com os valores de Riegl, o Monumento possui valor 
rememorativo de intencionalidade de forma que um monumento nunca faça parte do 
passado, permanecendo sempre presente para as gerações futuras (RIEGL, 2014). 
Riegl ainda destaca que a “existência física é a condição prévia de toda existência 
psíquica, sendo mais importante do que essa última, pois a vida física pode 
desenvolver-se sem uma vida psíquica elevada, não ao contrário” (RIEGL, 2014, p. 
66), além disso, a destinação de um edifício é o melhor meio para conservá-lo, 
satisfazendo todas as suas necessidades de modo que não haja modificações 
(VIOLLET-LE-DUC, 2013). 
Sendo assim, podemos direcionar as diretrizes para mais um valor que se busca com 
a intervenção e a consequente reabertura e fruição do Monumento: o valor de uso. 
Inicialmente, quando o mesmo foi contemplado com o seu nascimento, o valor mais 
forte acredita-se que era o Rememorativo Intencionado, mas o valor de utilidade, 
 
O OBELSICODA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
RODOVIÁRIO – PIRAÍ – R.J. 
 
 37 
também é importante ser preservado. Por ter um farol com vista privilegiada com 360° 
no pico da Serra das Araras e possuir um restaurante em sua parte posterior (Figura 
24), era um ponto de parada estratégico àqueles que faziam o trajeto e passavam pelo 
local durante a sua viagem ou passeio (Figura 25). 
 
Figura 24: Restaurante do Monumento. Fonte: Arquivo 
Municipal de Piraí. 
 
Figura 25: Casal de visitantes do Monumento 
posando para foto de recordação do passeio. 
Fonte: Arquivo Municipal de Piraí. 
 
1.4 Considerações Parciais 
Como visto no presente capítulo, o Obelisco, como tipologia arquitetônica, tem como 
finalidade a de comemorar episódios diversos da atividade humana. No caso 
específico do Monumento Rodoviário, a sua construção se deu para celebrar o início 
da era rodoviária, sendo o símbolo da integração nacional e crescimento econômico 
que o governo almejava no período da sua construção. A revitalização do bem tem 
como importância restabelecer o valor arquitetônico e histórico de uma edificação, 
localizada em um ponto estratégico, no trajeto entre as cidades doo Rio de Janeiro e 
São Paulo, na Serra das Araras, e com isto manter vivo um símbolo do avanço 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 38 
tecnológico, turístico e dos meios de transporte a nível nacional. Portanto, seu 
restabelecimento colaboraria não só com a educação patrimonial, como transmitiria 
uma memória nacional para as gerações posteriores quando na sua gênese. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 39 
2. As Características Físicas do Monumento e seu Entorno 
Neste capítulo, é estudado o Monumento enquanto matéria física, com o objetivo de 
apresentar o levantamento arquitetônico da edificação. Tem-se o diagnóstico da 
edificação, apresentando os diferentes tipos de manifestações patológicas que 
prejudicam a estética, e principalmente, a funcionalidade dos elementos construtivos 
afetados, além do mapeamento de danos e o levantamento físico do Monumento. 
Ruskin (2013), destaca a importância de, após estudo detalhado, “ouvir o Monumento” 
com humildade, pois os mesmos são impregnados por vozes do passado. Logo, é 
importante que o arquiteto visite o objeto que sofrerá a intervenção diversas vezes 
para sentir o que aquela edificação tem a lhe dizer. Pequenos detalhes existentes em 
uma edificação se tornam capazes de fornecer valiosas informações de intervenções 
passadas ao pesquisador (RIBEIRO, NÓBREGA, et al., 2003) 
Esses levantamentos são de suma importância para a concepção do projeto de 
restauração, pois segundo Brandi no seu 1º axioma, o que se restaura é a matéria da 
obra de arte apenas. (BRANDI, 2013) 
 
2.1 O Entorno Imediato da Edificação 
Neste item serão levantadas as características básicas da morfologia da paisagem 
urbana onde a edificação estudada está inserida. Serão estudados a transformação 
da paisagem e a sua evolução no tempo, destacando marcos e/ou ondas de 
modernidade e agentes de transformação. Verificar qual a estrutura morfológica 
atual com o levantamento do suporte físico; volumetria construída; quais os elementos 
de vegetação e espaços livres pertencentes ao entorno; seus padrões de 
parcelamento x a volumetria construída. Serão levantados também, a partir dos 
parâmetros legais os resultados na paisagem e os tipos morfológicos encontrados no 
Monumento. E os aspectos funcionais e o sistema de espaços livres, com o estudo 
dos usos e fluxos; hierarquias e distribuição dos espaços livres públicos, bem como a 
sua caracterização, como espaços de permanência e/ou de circulação. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 40 
Como metodologia aplicada, foram feitas observações, croquis e levantamentos 
diretos em campo com base na cadastral, em anexo, e de fotografias produzidas no 
local. 
Construído em um contraforte de 400 metros de altitude na Serra das Araras, trecho 
da Serra do Mar entre Mangaratiba, Piraí e Paracambi, o Monumento se apresenta 
em um terreno bastante acidentado (Figura 26). Tendo em vista essa característica, a 
sua localização oferece um panorama amplo para os dois lados do vale em que se 
encontra, às margens da Rodovia Presidente Dutra (Figura 27). 
 
Figura 26: Mapa do relevo com destaque para o setor onde o Monumento está inserido. Fonte: Google 
 
Figura 27: Vista panorâmica da Serra do Mar, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
O Edifício está situado em um dos trechos mais baixos da Serra do Mar com aclive 
acerca de 180 metros e a 550 metros do início da pista de descida no sentido Rio de 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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Janeiro (IBGE, 2012). Portanto, quando se está vindo de São Paulo, ou qualquer 
cidade do Vale do Paraíba, pela Rodovia Presidente Dutra, apenas se desce a serra 
sentido Rio de Janeiro (Figura 28). 
 
Figura 28: Perfil esquemático da Serra das Araras, trecho da Serra do Mar. Fonte: desenho do autor. 
Para o conhecimento da área em estudo, foi realizada análise de documentações 
históricas, fontes iconográficas e cartográficas e normas de Macrozoneamento e 
Zoneamento Urbano do Município de Piraí, resultando nas pranchas síntese nos 
apêndices B e C do presente trabalho. 
Nessas pranchas, nos permite identificar algumas características morfológicas da 
área em estudo. Podemos observar as delimitações do terreno e dos seus espaços 
livres e a sua topografia em relação à rodovia; a volumetria construída em forma de 
obelisco se verticalizando em um amplo terreno, bem como seu gabarito com relação 
ao terreno e entorno. 
Quanto aos fluxos e circulações, percebe-se a presença do aspecto dicotômico com 
os espaços de permanência do jardim e do espaço do estacionamento na parte 
posterior do volume construído. 
Foi estudada a orientação solar com o intuito de entender a melhor localização por 
parte do público a fim de trabalhar esses espaços de permanência, com instalações 
de mobiliário e plantio de árvore para sombreamento. Principalmente no espaço do 
jardim onde será mais utilizado pelos usuários, em que a incidência do Sol da tarde é 
maior. 
Em função do Monumento estar situado em uma Zona de Preservação Ambiental, que 
tem por finalidade vetar qualquer tipo de ocupação (ZPA-P), há nos arredores do 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 42 
mesmo apenas algumas construções feitas antes da aprovação da Lei Complementar, 
de 12 de dezembro de 2011, informações passadas pela arquiteta Fátima, da Sala do 
Empreendedor de Piraí. Logo, por estar numa ZPA-P, deverão ser implementados 
planos e ações de recuperação ambiental das áreas pertencentes para o consequente 
restabelecimento do equilíbrio dos ecossistemas lá encontrados. 
A abertura de uma rodovia pode gerar grandes impactos. A Rodovia Presidente Dutra, 
inaugurada em 1951 pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra, teve um papel 
essencial na recuperação econômica do Vale do Paraíba, região que se encontrava 
em longa decadência econômica na época da construção da via. Diversas foram as 
cidades que se desenvolveram ao longo da rodovia ou seguindo em direção a ela. Em 
alguns trechos, como entre Guarulhos e a capital paulista, a Dutra, pode até ser 
considerada, segundo BAZANI (2016), uma verdadeira avenida pelo volume de 
tráfego urbano, incluindo motos, caminhões de entrega, de coleta de lixo, de carros e 
de ônibus urbanos e metropolitanos. 
Como análise dos espaços do entorno imediato do Monumento, seu acesso e saída 
encontram-se atualmente fechados com uma corrente e cones de sinalização. O 
acesso se dá por uma únicarampa com 6,00m de largura e aproximadamente 40,00m 
de extensão (Figura 29Figura 30). 
 
Figura 29: Acesso e saída do Monumento, data: 
14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 30: Rampa utilizada como acesso e saída do 
Monumento no período em que o mesmo estava em 
funcionamento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
No início dessa rampa, há uma espécie de “recuo” da Rodovia que atualmente está 
sendo utilizado como estacionamento de viajantes para fotos, descanso e comércio 
informal instalado na área desde o fechamento da edificação (Figura 31). Esse espaço 
livre público tem forma trapezoidal e não conta com nenhuma vegetação, apenas nas 
suas proximidades pertencentes à serra. Por ser um recuo da Rodovia, esse espaço 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 43 
livre possui muito barulho oriundo dos veículos da Rodovia, porém conta com uma 
boa iluminação e ventilação naturais. 
 
Figura 31: Recuo para acesso ao Monumento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
Como ponto positivo a ser destacado, a ampla vista para as montanhas é sempre o 
motivo preferido dos usuários para poses e fotografias. Como problema, tem-se o 
próprio comércio informal e a apropriação do espaço para estacionamento. 
Esse recuo torna-se perigoso para os usuários. Por estar localizado em uma curva 
acentuada da Rodovia, como pode-se observar na Figura 32, o perigo iminente de 
acidente é grande. O fim de uma curva acentuada leva diretamente ao espaço livre 
em questão. 
 
Figura 32: Espaço livre muito utilizado pelos viajantes adjacente à Rodovia, data: 14/11/2017. Fonte: foto do 
autor. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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 44 
No fim da rampa, o percurso se divide em dois (Figura 33), contornando toda a 
extensão de um jardim com um lago em linhas retas, e abraçando todo o paisagismo 
harmonizado com as características “art-déco” do Monumento. 
Com classificação do tipo de praça, esse espaço livre tem como função e programa, 
o lazer e permanência, porém atualmente não há nenhuma relação formal com o 
entorno, encontrando-se totalmente abandonado. Esse espaço conta com concreto e 
gramado como materiais de pavimentação. 
De equipamentos e mobiliário, o espaço conta com bancos, alguns com peças 
faltantes e quebrados, escadas de pedra, chafariz de parede e um lago que se 
encontra totalmente vazio (Figura 34). Com relação à sua ambiência, pôde-se 
observar barulho médio vindo dos veículos da Rodovia, excelente ventilação e 
iluminação naturais. Seus usuários são os visitantes esporádicos, os mesmos que 
utilizam o comércio e estacionamento do espaço analisado anteriormente. 
 
Figura 33: Percurso contornando o Espaço Livre do Jardim, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
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 45 
 
Figura 34: O lago do jardim, atualmente se encontra vazio, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
Já na parte posterior do edifício encontra-se uma ampla área plana sem nenhum tipo 
de tratamento no piso e com vegetação de porte médio e alto, protegendo esse espaço 
aberto do barulho vindo da Rodovia, raios solares e incidência dos ventos. Este 
espaço funciona como circulação e estacionamento. Porém, a relação da sua função 
com o entorno, atualmente, como nos demais espaços livres pertencentes ao 
Monumento, é nula, devido ao abandono do Monumento e dos espaços livres 
pertencentes ao mesmo. Como problema a se destacar, é a falta de iluminação 
artificial, demarcação do espaço e paginação das vagas de estacionamento para 
veículos (Figura 35). 
 
Figura 35: Espaço livre posterior ao Monumento, data: 14/11/2017. Fonte: foto do autor. 
 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
RODOVIÁRIO – PIRAÍ – R.J. 
 
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2.2 Levantamento Arquitetônico da Edificação 
Para a elaboração do levantamento arquitetônico, contou-se com a colaboração da 
arquiteta Isabel Balleste do escritório EF Arquitetos Associados, que disponibilizou 
algumas imagens antigas e plantas em PDF que ajudaram como base para o 
levantamento e entendimento do Monumento. As plantas resultantes desse 
levantamento encontram-se no Apêndice D. 
Ainda foi feito levantamento fotográfico com informações detalhadas de texturas, 
cores e relevos. Com o objetivo reduzir o tempo em campo para possíveis dúvidas 
serem sanadas no decorrer do processo de projeto de intervenção e análise do bem. 
A fotografia não só ajudou no levantamento físico, como também para registrar o seu 
entorno imediato, a Serra do Mar, e a relação do Monumento com os seus espaços 
livres. 
Para se chegar ao nível da sua base quadrangular, situada numa pequena elevação, 
há quatro escadas distribuídas pelos quatro lados (Figura 36 àFigura 39). Cada uma 
dessas escadas contém dez degraus, com 2,0 metros de largura, vencendo um 
desnível de 1,30 metros, excluindo-se a escada principal, que possui apenas nove e 
conta com largura total de aproximadamente 6,00 metros. Nessa base quadrangular 
em que as escadas terminam, há dois pavimentos. No primeiro pavimento se 
encontram algumas salas, que serão numeradas para melhor identificação, e 
sanitários, todos sem portas e alguns sem louças. 
 
Figura 36: Escada voltada para o Sul, 
data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 37: Escada voltada para o Leste, data: 03/01/2018. 
Fonte: foto do autor. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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Figura 38: Escada voltada para o Norte, data: 
03/01/2018. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 39: Escada voltada para o Oeste, data: 
03/01/2018. Fonte: foto do autor. 
O acesso principal se dá pela fachada Oeste. Um grande portal de duas folhas em 
ferro fundido, passa por debaixo das escadarias do terraço descoberto, dando num 
imponente hall de entrada (Figura 40). Na projeção dessas escadarias, há uma saleta, 
onde numa delas contém o quadro geral de energia (Figura 41). Passando pelo hall, 
este leva-nos diretamente para o Salão Nobre (Figura 42), que fica no centro desse 
quadrilátero. Lá estavam localizados os quadros de Portinari e outros objetos 
decorativos nos nichos da grande estrutura, base para a torre que levará ao topo da 
edificação. Por fim, o restaurante que contava com uma cozinha, preparação e o 
depósito, localizado no subsolo, além do pergolado que era como uma extensão do 
restaurante (Figura 43 àFigura 46). 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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Figura 40: Hall de entrada com vista para uma das duas saletas 
localizadas na projeção das escadarias, data; 03/01/2018. Fonte: 
foto do autor. 
 
Figura 41: Quadro Geral de Energia do 
Monumento, data: 03/01/2018. Fonte: 
foto do autor. 
 
Figura 42: Salão Nobre com vista para o acesso principal, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 43: Restaurante com vista para o pergolado 
externo, data: 03/01/2018. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 44: Cozinha do Restaurante, data: 03/01/2018. 
Fonte: foto do autor. 
 
O OBELSICO DA SERRA DAS ARARAS: REVITALIZANDO O MONUMENTO 
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Figura 45: Área de preparação do restaurante, data: 
03/01/2018. Fonte: foto do autor. 
 
Figura 46: Acesso ao subsolo, local do depósito, data: 
03/01/2018. Fonte: foto do autor. 
Já no segundo pavimento, está localizado o terraço descoberto (Figura 47) que 
envolve toda a base da torre. Nas quatro quinas do quadrilátero, estão localizados os 
baixos relevos de Albert Freyhoffer. Em cada fachada, há uma porta em seus eixos, 
em ferro fundido com desenhos Art Dèco (Figura 48), assim como no acesso principal, 
que leva para o mezanino do Salão Nobre. Nesse mezanino se localiza uma escada 
com degraus em madeira bem conservada (Figura 49), escada essa que direciona 
para o

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