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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2011 
 
 
O SISTEMA AQUÍFERO CRETÁCEO MULTICAMADA TIKUNA: 
Subunidade do Sistema Aquífero Amazonas 
 
 
 
 
Fátima Ferreira do Rosário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UFRJ 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
 Dezembro de 2011 
 
 
O SISTEMA AQUÍFERO CRETÁCEO MULTICAMADA TIKUNA: 
Subunidade do Sistema Aquífero Amazonas 
 
 
 
Fátima Ferreira do Rosário 
 
 
 
 
Tese de Doutorado submetida ao 
Programa de Pós-graduação em Geologia, 
Instituto de Geociências da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como 
requisito necessário à obtenção do grau de 
Doutor em Ciências (Geologia). 
 
Orientadores: 
Gerson Cardoso da Silva Jr. 
Emilio Custodio Gimena 
 
 
 
UFRJ 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
 Dezembro de 2011 
 
 
O SISTEMA AQUÍFERO CRETÁCEO MULTICAMADA TIKUNA: 
Subunidade do Sistema Aquífero Amazonas 
 
 
 
Fátima Ferreira do Rosário 
 
 
Orientadores: Gerson Cardoso da Silva Jr. 
 Emilio Custodio Gimena 
 
 
Rio de Janeiro 
 Dezembro de 2011 
 
 
 
 
 
Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia, 
Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências 
(Geologia). 
 
 
 
Aprovada por: 
 
 
_____________________________________ 
Presidente: EURÍPEDES DO AMARAL VARGAS JR., UFRJ/PPGL 
 
 
 
_____________________________________ 
ANA BEATRIZ DA CUNHA BARRETO, CPRM/FGEL-UERJ 
 
 
 
_____________________________________ 
ANDREA FERREIRA BORGES, UFRJ/PPGL 
 
 
 
_____________________________________ 
RICARDO CÉSAR AOKI HIRATA, USP/CEPAS-IGc 
 
 
 
________________________________ 
LUIS SEBASTIÁN VIVES, IHLLA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rosário, Fátima Ferreira 
 
O Sistema Aquífero Cretáceo Multicamada Tikuna: 
Subunidade de Sistema Aquífero Amazonas [Rio de 
Janeiro] 2011. 
xxiv, 185 p. (Instituto de Geociências – UFRJ, D.Sc., 
Programa de Pós-Graduação em Geologia, 2011). 
Tese – Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada 
no Instituto de Geociências. 
1. Sistema aquífero Amazonas e subunidades 
I – IG/UFRJ II - Título (série) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe, Julia 
 
 
vii 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Nestes quase quatro anos de desenvolvimento do Programa de Doutorado tive grande 
oportunidade de crescimento técnico-científico, cultural e espiritual. Isto não teria sido 
possível sem a ajuda de uma série de pessoas e instituições. 
Meus mais profundos agradecimentos à minha família, pela sólida formação pessoal e 
emocional que me permitiu avançar e atingir meus objetivos. Agradecimentos especiais à 
minha irmã, Francisca, por suportar meu grande período de ausência sem ter com quem 
dividir as atribuições de filha. 
Agradeço à PETROBRAS S.A., empresa na qual tenho a honra de trabalhar, pelo 
financiamento integral de meu Programa de Doutorado, à Gina Vazquez Sebastián, Gerente 
da CENPES/PDEDS/BIO, que encaminhou e defendeu minha proposta de Doutorado 
durante todas as fases de seleção na empresa. Agradeço também aos companheiros do 
Grupo de Resíduos e Áreas Impactadas (GRAI) por estimular a realização da capacitação 
na área de hidrogeologia e a todos da UO-AM, especialmente aos colegas da UO-AM/SMS 
pela disponibilização e auxílio na obtenção de dados. 
A Gerson Cardoso da Silva Jr., agradeço pelo incentivo, grande apoio e orientação. 
Meus especiais e profundos agradecimentos a Emilio Custodio Gimena pela constante 
atenção, paciência, compreensão, orientação, estímulo e pelo exemplo de conduta 
profissional e pessoal. Também agradeço à sua família, em especial à sua esposa, Olga, e 
ao seu filho, Javier, pela atenção, carinho e ajuda. 
Agradeço à grande amiga e minha professora de espanhol Mónica Baca que mesmo 
distante foi companhia constante e incansável via web durante toda a minha estadia em 
Barcelona. 
A Didier Gastmans e a Adjalma Jaques (IBGE/AM) agradeço pela disponibilização e 
envio de dados. 
Agradeço a todos os professores, alunos e funcionários do Departamento de 
Engenharia do Terreno, Cartográfica e Geofísica e do 43o CIHS, em especial aos amigos 
Jordi Sánchez, pelos momentos de descontração e pelas aulas de catalão e espanhol 
coloquial, e Joan Perez, pelo carinho e apoio em informática. 
Não poderia esquecer-me de agradecer neste momento aos amigos e amigas: Ivana 
Baño (minha amiga-irmã), Pedro Linares, Iciar, Ana, Carlos Vladimir, Monique, Núria, Juan, 
Emre e Bülent, por ajudar-me a tornar os dias mais alegres. 
Agradeço também a todos aqueles com os quais tive contato e que de forma direta 
ou indireta me ensinaram e me ajudaram. Espero ter contribuído com eles da mesma forma. 
 
 
 
viii 
RESUMO 
 
 
O SISTEMA AQUÍFERO CRETÁCEO MULTICAMADA TIKUNA: 
Subunidade do Sistema Aquífero Amazonas 
 
 
 
Fátima Ferreira do Rosário 
 
 
Orientadores: Gerson Cardoso da Silva Jr. 
 Emilio Custodio Gimena 
 
 
 
Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação em 
Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – 
UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em 
Ciências (Geologia). 
 
O mega-sistema aquífero Amazonas (SAA) é composto por duas grandes subunidades: os 
sistemas aquíferos Solimões e Tikuna. As camadas aquíferas cretáceas do SAA, de cerca de 
350 m de espessura média, formam um sistema aquífero multicamada, confinado, que está 
sendo definido pela primeira vez nesta tese e que foi recebeu o nome de sistema aquífero 
Tikuna (SAT). Este sistema aquífero prolonga-se a Oeste desde o Arco de Purus até o 
cinturão de falhas subandinas. Através de extenso estudo de dados geológicos e 
hidrogeológicos regionais, da elaboração dos modelos conceitual e numérico de fluxo, 
observou-se que o SAT é recarregado através de áreas aflorantes localizadas no bordo do 
cinturão de falhas subandinas, a cerca de 1000 m de altitude média. Um divisor parcial 
interno de fluxo, de traçado semi-circular Noroeste-Sudoeste divide o SAT em duas sub-
bacias. A sub-bacia SAT Oeste possui um sistema de fluxo convergente, cuja área de 
descarga está localizada a cerca de 300 m de altitude, na região da Serra do Divisor. A sub-
bacia SAT Leste, com área aproximadamente o dobro da área da sub-bacia Oeste, possui 
fluxo de água de direção preferencial Oeste-Leste e área de descarga localizada nas 
proximidades do Arco de Purus, localizada cerca de 20 m de altitude, onde o SAT passa a 
aflorar e forma o Aquífero Alter do Chão. As águas do SAT variam entre doces, nas 
proximidades das áreas de recarga, a salobras–salgadas, nas regiões mais centrais de suas 
sub-bacias. Devido ao confinamento de suas camadas, o SAT mantém-se com níveis 
piezométricos mais elevados do que os do aquífero livre Solimões. Em função desta diferença 
piezométrica, gera-se neste sistema uma direção de fluxo adicional, vertical ascendente, 
controlada pelo aquitardo que separa ambos os sistemas aquíferos. Os tempos de residência 
da água subterrânea no SAT possivelmente são muito longos, de mais de 1 Ma em média, 
formado por ciclos sub-regionais a regionais. 
 
Palavras-chave: sistema aquífero Amazonas, sistema aquífero Tikuna, sistema 
aquífero Solimões, águas subterrâneas, modelo numérico regional de fluxo. 
 
 
 
 
 
ix 
 
 
ABSTRACT 
 
 
TIKUNA CRETACEOUS MULTILAYER AQUIFER SYSTEM: 
Subunit of Amazon aquifer system 
 
 
Fátima Ferreira do Rosário 
 
 
Orientadores: Gerson Cardoso da Silva Jr. 
 Emilio Custodio Gimena 
 
 
Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação em 
Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – 
UFRJ,como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em 
Ciências (Geologia). 
 
 
The Amazon mega-aquifer system (AAS) is formed by two subunits:the Solimões and the 
Tikuna aquifer systems. The 350 m thick Cretaceous aquifer layers of Amazon’s mega-aquifer 
system form a confined, essentially sandy, multilayer aquifer system: the Tikuna aquifer 
system (TAS).This system area spreads E-W from Purus Arc up to the subandean fault system 
zone. Through a steady-state numerical flow model it was possible to study this system’s 
dynamics and its relationship with other aquifer subunits. SAT is recharged by direct 
recharge through its unconfined intake beds located in the studied areas’ West border, at 
about 1000 m height. An almost N-S partial internal flow divide, generate two TAS sub-
basins. The TAS’s West sub-basin system flow is converging and discharges in Serra do 
Divisor region at about 300 m height. The East TAS sub-basin has twice the area of the TAS 
West sub-basin and a W-E preferential flow direction, which discharges in the vicinities of 
Purus Arch, where TAS extends and outcrops eastward forming the Alter do Chão aquifer. 
Hydrogeochemically, TAS’s waters can vary from fresh waters, near the recharge areas, to 
brackish-saline water, in its sub-basins’ central regions. Its average residence times are 
estimated to be large, over 1M years, and to comprise both regional and intermediate flow 
systems. 
 
Key-Words: amazon aquifer system, Tikuna aquifer system, Solimões aquifer 
system, regional groundwater flow numerical model. 
 
 
 
x 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
AGRADECIMENTOS vii 
RESUMO viii 
ABSTRACT ix 
LISTA DE FIGURAS xiv 
LISTA DE TABELAS xxi 
LISTA DE NOMENCLATURAS, PARÂMETROS E VARIÁVEIS xxiv 
LISTA DE SÍMBOLOS E CONVENÇÕES xxv 
1 INTRODUÇÃO 1 
1.1 OBJETIVOS 4 
2 ESTADO DA ARTE 7 
3 LOCALIZAÇÃO E ASPECTOS REGIONAIS 20 
3.1 RELEVO 21 
3.2 CLIMA 22 
3.3 HIDROGRAFIA 23 
4 GEOLOGIA REGIONAL 26 
4.1 ESTRATIGRAFIA 31 
4.1.1 Pré-Cambriano 31 
4.1.2 Sequência Paleozóica 31 
4.1.3 Triássico e Jurássico 32 
4.1.4 Cretáceo 33 
4.1.5 Terciário 37 
4.1.6 Quaternário 39 
4.2 PRINCIPAIS GEOESTRUTURAS REGIONAIS 41 
4.2.1 Arco de Iquitos 41 
4.2.2 Arco de Purus 43 
4.2.3 Arco de Carauari 44 
4.2.4 Arco de Fitzcarrald 44 
4.2.5 Arco de Contaya 45 
5 HIDROGEOLOGIA REGIONAL 46 
5.1 EXTENSÃO E LIMITES DO SAA 46 
5.2 BACIAS DO SAA 47 
xi 
 
5.2.1 Bacias do Acre e Solimões 52 
5.2.1.1 Sistema aquífero Solimões 52 
5.2.1.2 Sistema aquífero Alter do Chão 64 
5.2.1.3 Camadas aquíferas cretáceas na área de estudo 65 
5.2.2 Bacias subandinas 69 
6 METODOLOGIA 79 
6.1 COMPILAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE DADOS 81 
6.2 DEFINIÇÃO DAS SUBUNIDADES HIDROGEOESTRATIGRÁFICAS DA ÁREA DE ESTUDO 81 
6.3 DEFINIÇÃO DOS BORDOS HIDROGEOLÓGICOS 82 
6.4 MODELO CONCEITUAL DE FLUXO REGIONAL 85 
6.5 MODELO NUMÉRICO DE FLUXO REGIONAL 86 
6.5.1 Condições de contorno 89 
6.5.1.1 Condição de contorno tipo 1: Condição de Dirichlet (nível prescrito) 89 
6.5.1.2 Condição de contorno tipo 2: Condição de Neumann (fluxo prescrito) 90 
6.5.2 Parâmetros hidráulicos 91 
6.5.3 Calibração 94 
6.5.4 Verificação dos resultados obtidos 94 
7 O SAA E SUAS SUBUNIDADES AQUÍFERAS NA ÁREA DE ESTUDO 96 
7.1 SUBUNIDADES HIDROGEOESTRATIGRÁFICAS DO SAA 96 
7.1.1 Integração das colunas geológicas das bacias estudadas 96 
7.1.2 Generalização de perfis litológicos de poços profundos 99 
7.1.3 Elaboração de seções hidrogeoestratigráficas sintéticas 101 
7.2 SISTEMA AQUÍFERO SOLIMÕES 103 
7.3 SISTEMA AQUÍFERO TIKUNA 108 
8 MODELOS REGIONAIS 111 
8.1 MODELO HIDROGEOLÓGICO CONCEITUAL REGIONAL 111 
8.2 MODELO NUMÉRICO DE FLUXO REGIONAL 114 
8.2.1 Base de dados georreferenciada 115 
8.2.2 Modelo digital do terreno 115 
8.2.3 Interpolações e geração de superfícies 116 
8.2.4 Malha 118 
8.2.5 Área de domínio 119 
8.2.6 Condição de contorno externo de fluxo 119 
8.2.6.1 Contornos tipo 1: nível prescrito 120 
xii 
 
8.2.6.2 Contornos tipo 2: fluxo prescrito 120 
8.2.7 Contornos internos de fluxo 123 
8.2.8 Parâmetros hidráulicos 124 
8.2.9 Pontos de observação 126 
8.3 CALIBRAÇÃO DO MODELO NUMÉRICO DE FLUXO 126 
8.4 RESULTADOS DO MODELO NUMÉRICO DE FLUXO 128 
8.4.1 Balanço de massa d’água no SAA 133 
8.5 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE 134 
8.5.1 Condutividade hidráulica vertical do aquitardo Solimões 135 
8.5.2 Condutividade hidráulica horizontal do sistema aquífero Tikuna 136 
8.5.3 Influência da Serra do Divisor 137 
8.5.4 Áreas de recarga/descarga nos bordos cratônicos 138 
8.5.5 Variação das condições de contorno no bordo Leste (níveis prescritos) 139 
8.6 VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS DO MODELO NUMÉRICO DE FLUXO 141 
9 DISCUSSÃO 143 
9.1 O SISTEMA AQUÍFERO TIKUNA E SUA INSERÇÃO NO SAA 143 
9.2 AS SUBUNIDADES AQUÍFERAS DO SAA NA ÁREA DE ESTUDO 144 
9.2.1 Base de dados empregada 145 
9.3 MODELO NUMÉRICO DE FLUXO 147 
9.3.1 Contornos internos de fluxo 147 
9.3.2 A questão da piezometria do sistema aquífero Solimões 147 
9.3.3 Parâmetros hidrogeológicos 149 
9.3.4 Modelo numérico de fluxo 3D x quasi-3D 151 
9.3.5 Modelo numérico de fluxo regional em estado estacionário e densidade 
homogênea 154 
9.3.6 Calibração do modelo numérico de fluxo 156 
9.4 TEMPO DE TRÂNSITO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO SAA 157 
9.4.1 Tempo de trânsito no SAT 158 
9.4.2 Tempo médio de residência no SAT 159 
9.4.3 Tempo de trânsito no aquitardo 160 
9.5 HIDROGEOQUÍMICA DO SISTEMA AQUÍFERO TIKUNA 161 
9.6 ORIGEM DAS ÁGUAS DO SISTEMA AQUÍFERO TIKUNA 163 
9.7 SISTEMA DE FLUXO NO SAT 167 
10 CONCLUSÕES 171 
xiii 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 176 
ANEXOS 199 
xiv 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1.1 Principais pontos de referência na área de estudo. 
Figura 2.1 Localização dos maiores aquíferos do mundo (Margat, 2007; 
UNESCO, 2009). 
Figura 3.1 Localização da área de estudo. 
Figura 3.2 Hipsometria da área de estudo e feições fisiográficas regionais 
(IBGE, 2006). 
Figura 3.3 Região Amazônica e sua rede de drenagem. 
Figura 3.4 Bacia hidrográfica amazônica e principais afluentes do Rio 
Amazonas. 
Figura 4.1 Localização da área de estudo, das bacias sedimentares estudadas 
e de suas principais feições geoestruturais. 
Figura 4.2 Perfil geológico das bacias amazônicas na direção Leste-Oeste, 
desde a Bacia da Foz do Amazonas até a Bacia de 
Marañón/Pastaza (modificado de Wanderley et al., 2010). 
Figura 4.3 Mapa geológico da área de estudo. 
Figura 4.4 Esquema da evolução dos ambientes deposicionais entre o Cretácio 
e o Terciário nas bacias amazônicas (modificado de Mapes et al., 
2006). 
Figura 4.5 Isópacas dos depósitos cretáceos nas bacias amazônicas 
Figura 4.6 Detalhe de seção geológica esquemática da Serra do Divisor (IBGE, 
2005). 
Figura 4.7 Afloramento da Formação Alter do Chão na rodovia AM-010 (km 
102). Observam-se várias estruturas de deformação compressiva 
(Pietrobon, 2006). 
Figura 4.8 Formação do Lago Pebas (Mioceno superior) (modificado de 
Roddaz et al., 2005). 
Figura 4.9 Isópacas do Terciário (modificado de Mossman et al., 1986). 
Figura 4.10 Figuras esquemáticas mostrando o processo de migração do Arco 
de Iquitos e seus efeitos na alteração do sistema dedrenagem e 
geração de falhas e movimentação de blocos (modificado de 
Roddaz et al., 2005 (a) e Salo, 2010 (b)). 
xv 
 
Figura 4.11 Perfil litoestratigráfico da área de influência do Arco de Purus 
(Wanderley et al., 2006). 
Figura 5.1 Área do sistema aquífero Amazonas (SAA) segundo UNESCO 
(2007) e Margat (2007). 
Figura 5.2 Perfis geológicos localizados no bordo Oeste da área de estudo 
mostrando os deslocamentos verticais causados pelos movimentos 
tectônicos nesta região e desconexões das camadas provocadas 
pelos falhamentos. (a) localização dos perfis; (b) perfis publicados 
por Mathalone e Montoya, 1995; (c) perfil publicado por Hermoza, 
2004. 
Figura 5.3 Principais sistemas aquíferos e identificação das áreas com maior 
densidade de poços perfurados (OTCA, 2006c). 
Figura 5.4 Detalhe do mapa de domínios/subdomínios hidrogeológico do Brasil, 
escala 1: 2500000 (CPRM, 2002). 
Figura 5.5 Localização de poços de captação do sistema aquífero Solimões 
(SIAGAS, 15/04/2010 e Domus, 2009, base de dados 
PETROBRAS). 
Figura 5.6 Perfis litoestratigráficos na base petrolífera de Urucu (modificado de 
Souza, 2009). 
Figura 5.7 Diagrama de Piper para as águas do sistema aquífero Solimões em 
Urucu. 
Figura 5.8 Diagrama de Schoeller-Berkaloff para as águas do sistema aquífero 
Solimões em Urucu e as profundidades dos poços amostrados. 
(Nota: foram plotados somente os resultados com erros analíticos 
inferiores a 6%). 
Figura 5.9 Perfis geofísicos e litológicos do poço estratigráfico STG-01 
perfurado em Urucu (Souza, 2007). 
Figura 5.10 Perfis geofísicos e litológicos do poço estratigráfico STG-02 
perfurado em Urucu (Souza, 2009). 
Figura 5.11 Fotografias do “Buraco da Central”, Serra do Divisor (Fontes: Google 
Earth em 02/03/201 e http://expedicaoparquesnacionais.com.br). 
Figura 5.12 Localização dos poços utilizados nos ensaios de injeção e do poço 
de observação. 
xvi 
 
Figura 5.13 Localização dos poços surgentes P-A e P-B. 
Figura 5.14 Mapa de províncias hidrogeológicas para a Bolívia (Crespo e 
Mattos, 2000). 
Figura 5.15 Mapa de magnitudes de zonas de recarga para a Bolívia (OTCA, 
2007a). 
Figura 5.16 Mapa não-oficial de zonas hidrogeológicas para a Colômbia (OTCA, 
2007 b). 
Figura 5.17 Seção litoestratigráfica da Bacia Oriente (modificado de Smith, 
1989). 
Figura 5.18 Modelo de circulação das águas nas camadas cretácicas da Bacia 
Oriente (modificado de Smith, 1989). 
Figura 5.19 Dados de salinidade das águas das camadas cretáceas na Bacia 
Solimões e nas bacias subandinas: Putumayo Oriente, Marañón, 
Ucayali. 
Figura 6.1 – Fluxograma da metodologia adotada no desenvolvimento da tese. 
Figura 6.2 – Figura esquemática de uma divisória de fluxo e sua condição de 
contorno de fluxo (modificado de Anderson e Woessner, 1992). 
Figura 6.3 – Exemplos de modelos conceituais pictóricos elaborados para alguns 
dos grandes sistemas aquíferos mundiais. (a) Modelo conceitual do 
sistema aquífero de Núbia (Sefelnars, 2007, adaptado de Salem e 
Pallas, 2004 e Bakhbakhi, 2006); (b) Modelo conceitual do sistema 
aquífero da Grande Bacia Australiana (Welsh, 2006, adaptado de 
GABCC, 1998); (c) Modelo conceitual do sistema aquífero do NW do 
Saara (Kinzelbach et al., 2004) e (d) modelo conceitual do Extremo 
Leste da Bacia Rand, África do Sul (Vivier e Wiethoeff, 2006). 
Figura 6.4 – Esquema mostrando a passagem de um modelo hidrogeológico de 
fluxo conceitual para um modelo numérico de fluxo (modificado de 
Sefelnars, 2007). 
Figura 7.1 Coluna estratigráfica generalizada das bacias sedimentares que 
compõem o SAA (Minaya, 2008; Rakhit, 2002; Brandão et al., 2006; 
Cunha, 2007). 
Figura 7.2 Perfil litoestratigráfico de poço profundo e exemplo de generalização 
realizada. 
xvii 
 
Figura 7.3 Distribuição dos cerca de 600 pontos de informação utilizados para a 
elaboração de seções estratigráficas na área de estudo. 
Figura 7.4 Diagrama esquemático 3D de seções litoestratigráficas da área de 
estudo. 
Figura 7.5 Pontos de nível estático conhecido utilizado para elaboração do 
mapa piezométrico do aquífero Solimões. 
Figura 7.6 Mapa piezométrico do aquífero Solimões. 
Figura 7.7 Mapa resumo do sistema aquífero Tikuna. 
Figura 8.1 Modelo hidrogeológico conceitual da área de estudo. Bloco 
diagrama na direção Oeste-Leste do Sistema Aquífero Amazonas. 
Figura 8.2 Esquema do funcionamento do sistema de fluxo no aquífero 
Solimões e sua relação com os corpos hídricos superficiais e com a 
aquitardo basal do sistema aquífero Solimões. 
Figura 8.3 Modelo digital do terreno da área de estudo composto por imagens 
SRTM 3 arc-segundos. 
Figura 8.4 Superfícies do modelo numérico. (a) topografia, (b) base do aqüífero 
Solimões, (c) base do aquitardo Solimões, (d) base do aqüífero 
Tikuna. 
Figura 8.5 Geometria das camadas do modelo e áreas de células ativas e 
inativas (a) camadas 1 e 2 (aquífero e aquitardo Solimões) e (b) 
camada 3 (sistema aquífero Tikuna) em Projeção UTM 20S SAD 69 
e células de 10km x 10km. 
Figura 8.6 Área de domínio do modelo numérico de fluxo e contornos externos 
de fluxo. 
Figura 8.7 Limites do sistema aquífero Tikuna e pontos de nível prescrito 
definidos como condição de contorno do modelo numérico de fluxo. 
Figura 8.8 - Vales longitudinais característicos da região andina e as regiões 
geomorfológicas da Cordilheira Andina (C.OC. – Cordilheira 
Ocidental, C.C. – Cordilheira Central, C.OR. – Cordilheira Oriental) 
(Vidal, 1972). 
Figura 8.9 Tipos de condições de contorno externo de fluxo definidos para a 
camada aquífero Solimões. 
xviii 
 
Figura 8.10 Tipos de condições de contorno externo de fluxo definidos para a 
camada sistema aquífero Tikuna. 
Figura 8.11 Células de 10km x 10km sobreposta à base hidrográfica em escala 
de 1:1000000 (CPRM, 2006). 
Figura 8.12 Mapa piezométrico do sistema aquífero Tikuna. Resultado do 
modelo numérico de fluxo. 
Figura 8.13 Fotografias de cascatas e feições do relevo resultante do tectonismo 
na Serra do Divisor. (Fontes: http://www.panoramio.com 
/photo/3390655 e Google Earth em 02/03/2011). 
Figura 8.14 Mapa piezométrico do sistema aquífero Tikuna com linhas de fluxo. 
Figura 8.15 Mapa de isolinhas da diferença entre a piezometria do sistema 
aquífero Tikuna e do aquífero Solimões. 
Figura 8.16 Gráfico de variação do nível piezométrico do ponto de controle em 
função da variação da condutividade hidráulica vertical do aquitardo 
Solimões. 
Figura 8.17 Gráfico de variação do nível piezométrico do ponto de controle em 
função da variação da condutividade hidráulica horizontal do sistema 
aquífero Tikuna. 
Figura 8.18 Áreas de afloramento do sistema aquífero Tikuna (SAT) na região 
da Serra do Divisor e no cinturão de falhas subandinas. 
Figura 8.19 Áreas de afloramento do sistema aquífero Tikuna (SAT) localizadas 
no bordo Oeste da área do modelo e extensão destas áreas ao 
longo dos bordos cratônicos para simulação da existência de áreas 
de recarga nesta região. 
Figura 8.20 Níveis piezométricos de poços perfurados recentemente na área de 
estudo e próximo a esta. Observou-se bom ajuste entre o resultado 
do modelo numérico e os níveis medidos nestes poços. 
Figura 9.1 Distribuição dos pontos de informação utilizados para a elaboração 
das camadas das subunidades do SAA. 
Figura 9.2 Figura esquemática mostrando os parâmetros hidráulicos utilizados 
na equação 8.1. 
Figura 9.3 Desenho esquemático do modelo numérico de fluxo na arquitetura 
3D, mostrando os elementos utilizados na equação 8.1 e 8.2. 
xix 
 
Figura 9.4 Desenho esquemático do modelo numérico de fluxo na arquitetura 
quasi-3D, mostrando os elementos utilizados na equação 8.3. 
Figura 9.5 Pontos de recarga e de descarga do sistema aquífero Tikuna (SAT) 
e suas áreas de afloramento. 
Figura 9.6 Dados de salinidade das águas do sistema aquífero Tikuna. 
Figura 9.7 Choque entre a Placa de Nazca e a Placa Sulamericana, gerando o 
soerguimentoda Cordilheira dos Andes e o desenvolvimento de 
processos magmáticos, além do desenvolvimento de novas feições 
geoestruturais no continente, como o Arco de Iquitos. 
Figura 9.8 Seção esquemática com as principais feições geoestruturais 
geradas em função da subducção da Placa de Nazca e 
soerguimento dos Andes (modificado de DeCelles e Giles, 1996). 
Figura 9.9 Extensão do Lago Pebas durante o Mioceno e possíveis rotas de 
entrada de água marinha numeradas de 1 a 6 (Hovikoski et al., 
2010). 
Figura 9.10 Perfil longitudinal SW-NE mostrando as direções preferenciais de 
fluxo. Observa-se que na porção Oeste da área os fluxos 
provenientes das zonas de recarga situadas a SW da área estão 
representadas por direções perpendiculares ao plano do papel. 
Figura D.1 Mapa de situação dos poços onde foram coletadas as amostras de 
água analisadas 
Figura E.1 Seção geológica do sistema aquífero Alter do Chão na cidade de 
Manaus (Aguiar et al., 2002). 
Figura E.2 Seções geológicas baseadas em dados geofísicos de superfície 
(SEV), perfis geofísicos de poços e amostras de calha (Souza e 
Verma, 2006). 
Figura E.3 Localização dos poços que captam do sistema aquífero Alter do 
Chão. 
Figura G.1 Gráfico de correlação de resistividade da água de formação e 
concentrações de NaCl na solução. 
(http://www.pe.tamu.edu/blasingame/data/P663_10B/P663_Schecht
er_Notes/SP%20Log.PDF) 
xx 
 
Figura G.2 Sensibilidade dos valores de salinidade das águas do sistema 
aquífero Tikuna no furo estratigráfico STG-01 em função da 
porosidade. 
Figura G.3 Sensibilidade dos valores de salinidade das águas do sistema 
aquífero Tikuna no furo estratigráfico STG-02 em função da 
porosidade. 
 
 
xxi 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 2.1 Alguns dos maiores sistemas aquíferos mundiais. [ ] extensões não 
confirmadas (modificado de Custodio, 2009). 
Tabela 2.2 Compilação de características hidrogeológicas de alguns dos 
maiores aquíferos multicamada do mundo e referências de modelos 
numéricos desenvolvidos (UNESCO, 2009; Schmidt, 2007; 
WHYCOS, 2005; OSS, 2006; Margat, 2007 e vários outros). 
Tabela 3.1 Características físico-químicas das águas dos rios da Bacia 
amazônica (Sioli, 1967; Sioli, 1975; Filizola, 1999; Meade et al., 
1979; Schimidt, 1972; Filizola, 2005). 
.Tabela 4.1 Características litológicas, espessuras e ambiente deposicional das 
Formações Cretácicas (IGEMME, 2001a; Eiras et al., 1994; 
Canfield, 1982). 
Tabela 4.2 Características litológicas principais, espessuras e ambientes 
deposicionais das formações Terciárias (IGEMMET, 2001a; Eiras et 
al., 1994; Canfield, 1982). 
Tabela 5.1 Dados de transmissividades e condutividades hidráulicas calculadas 
para o sistema aquífero Solimões em localidade próxima a Porto 
Velho (RO) (SIAGAS, 15/04/2010). 
Tabela 5.2 Cotas potenciométricas do sistema aquífero Tikuna- base petrolífera 
de Urucu, Bacia Solimões. 
Tabela 5.3 Características hidrogeoquímicas das águas do sistema aquífero 
Tikuna na base petrolífera de Urucu. 
Tabela 5.4 Parâmetros hidráulicos calculados para o sistema aquífero Tikuna a 
partir dos resultados dos ensaios de injeção. 
Tabela 5.5 Dados de poços de captação na Bacia Marañón-Pastaza (Domus, 
2009). 
Tabela 5.6 Características físico-químicas e químicas das águas da Formação 
Nauta na província de Loreto – Perú (Bacia Marañon/Pastaza) 
(Domus, 2009). 
Tabela 5.7 Compilação de parâmetros hidrogeológicos para os reservatórios 
cretáceos das bacias subandinas. 
xxii 
 
Tabela 8.1 Contornos externos de fluxo laterais utilizados no modelo numérico 
de fluxo 
Tabela 8.2 Valores de porosidade inseridos no modelo numérico de fluxo. 
Tabela 8.3 Condutividades hidráulicas definidas inicialmente para as camadas 
do modelo numérico 
Tabela 8.4 Condutividades hidráulicas antes e após a calibração manual. 
Tabela 8.5 Análise de sensibilidade: condutividade hidráulica vertical do 
aquitardo Solimões. 
Tabela 8.6 Análise de sensibilidade: condutividade hidráulica horizontal do 
sistema aquífero Tikuna 
Tabela 8.7 Análise de sensibilidade: existência da Serra do Divisor. 
Tabela 8.8 Análise de sensibilidade: existência de áreas de recarga nos bordos 
cratônicos. 
Tabela 8.9 Análise de sensibilidade: condição de contorno externo do bordo 
Leste. 
Tabela 9.1 Cálculo do erro piezométrico associado à utilização de pontos de 
controle nos rios para o traçado da piezometria do aquífero 
Solimões. 
Tabela 9.2 Espessura das camadas no ponto B e suas respectivas 
condutividades hidráulicas verticais. 
Tabela 9.3 Cálculo da pressão osmótica no SAA devido ás diferenças de 
salinidade entre o AS e o SAT. 
Tabela 9.4 Cálculo dos tempos de trânsito para o sistema aquífero Tikuna. 
Tabela 9.5 Cálculo dos tempos de residência médios para o sistema aquífero 
Tikuna. 
Tabela D.1 Resultados analíticos das amostras de água do aquífero Solimões 
analisadas. 
Tabela E.1 Compilação dos resultados das análises químicas e físico-químicas 
das águas subterrâneas do sistema aquífero Alter do Chão na 
região de Manaus. 
Tabela E.2 Compilacão dos resultados das análises químicas e físico-químicas 
das águas subterrâneas do sistema aquífero Alter do Chão na 
cidade de Iranduba. 
xxiii 
 
Tabela F.1 Dados de poços instalados no sistema aquífero Tikuna, região da 
Base Petrolífera de Urucu. 
Tabela F.2 Características físico-químicas dos fluidos injetados e da água de 
formação. 
Tabela F.3 Densidades e pesos específicos dos fluidos em função das 
salinidades. 
Tabela F.4 Cálculo das transmissividades e condutividades hidráulicas do 
sistema aquífero Tikuna. 
Tabela G.1 Resistividades da água de formação (Rw) calculada através do 
método de Archie. 
 
 
 
 
 
 
 
xxiv 
 
LISTA DE NOMENCLATURAS, PARÂMETROS E VARIÁVEIS 
 
 
b espessura da camada 
CE condutividade elétrica 
C∆ variação da concentração de soluto entre dois pontos 
h∆ variação do nível piezométrico 
π∆ pressão osmótica relativa 
h nível piezométrico 
i gradiente hidráulico [adimensional] 
K condutividade hidráulica 
Kv condutividade hidráulica vertical 
k permeabilidade intrínseca 
m Porosidade total 
md Porosidade dinâmica 
R constante universal dos gases 8,31x103 Pa.L.mol-1.K-1 
R recarga 
S coeficiente de armazenamento 
SS coeficiente de armazenamento específico 
Sy coeficiente de rendimento específico 
T transmissividade 
T temperatura absoluta (K) 
τ tempo médio de residência da água subterrânea em um aquífero 
v número de íons dissociados na solução 
xxv 
 
LISTA DE SÍMBOLOS E CONVENÇÕES 
 
 
ANA Agência Nacional de Águas 
CPRM Serviço Geológico do Brasil 
GEF Global Environment Facility 
GPR Ground Penetrating Radar 
IAH International Association of Hydrogeologists 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IGEMMET Instituto Geológico, Minero y Metalúrgico de Perú 
IGRAC International Groundwater Resources Assessment Centre 
ISARM Internationaly Shared Aquifer Resource Management 
MMA Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano 
OEA Organização dos Estados Americanos 
OSS Observatório do Saara e Sahel 
OTCA Organização do Tratado de Cooperação Amazônica 
PETROBRAS Petróleo Brasileiro S/A 
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
PSAG Projeto para a Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema 
Aquífero Guarani 
QDNR Queensland Department of Natural Resources and Mines 
SG/OEA Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos 
UFPA Universidade Federal do Pará. 
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization 
UNESCO-IHP UNESCO International Hydrological Programme 
UPC Universidade Politécnica da Catalunha 
USGS United States Geological Survey 
WHYCOS World Hydrological Cycle Observing System 
1 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Esta tese tem como foco principal o estudo das camadas aquíferascretáceas que se estendem em subsuperfície desde o Arco de Purus em direção 
ao Oeste, até o bordo da Cordilheira Andina (Figura 1.1). Tais sequências 
aquíferas cretáceas ainda não haviam sido hidrogeologicamente estudadas e, 
por falta de nomenclatura prévia, foram designadas de sistema aquífero1 Tikuna 
(SAT). 
O sistema aquífero Tikuna (SAT) é o prolongamento em subsuperfície, e 
sob regime de confinamento, do aquífero Alter do Chão. Este último, já 
extensivamente estudado, é definido como um aquífero aflorante, cuja área de 
ocorrência tem como limites o Arco de Purus, a Oeste, o Arco de Gurupá, a 
Leste, o Cráton das Guianas, a Norte, e o Cráton Brasileiro, ao Sul (Figura 1.1) 
(ANA, 2009; ANA, 2009b; ANA, 2007; Silva e Silva, 2007; Aguiar et al., 2002; 
Souza e Verma, 2006; Tancredi, 1996). 
Para o desenvolvimento desta tese foi necessária, primeiramente, a 
caracterização regional do sistema aquífero Amazonas (SAA), no qual o SAT 
está incluído. 
O estudo regional do SAA constituiu-se em um grande desafio científico, 
tanto pela extensão do sistema, englobando várias bacias, diferentes tipos de 
depósitos sedimentares e histórias evolutivas, como pela escassez de dados 
hidrogeológicos disponíveis, tornando necessário o exercício de correlação de 
dados de diferentes áreas temáticas para suprir as atuais lacunas de 
conhecimento. 
O sistema aquífero Amazonas (SAA) pode ser definido como um grande 
sistema aquífero multicamada, transfronteiriço. Este sistema estende-se por uma 
área de 2,7x106 km2 e engloba as bacias sedimentares brasileiras do Amazonas, 
Solimões e Acre, as bacias subandinas Marañón/Pastaza e Ucayali, no Peru, 
Oriente, no Equador, e parte das bacias Madre de Dios, na Bolívia, e Putumayo, 
na Colômbia. 
 
1 Nesta tese utiliza-se o termo aquífero conforme definição de Freeze e Cherry 
(1979): um aquífero é uma unidade geológica permeável saturada que pode 
transmitir significativas quantidades de água sob influência de gradientes hidráulicos 
naturais. 
2 
 
O estudo desenvolvido nesta tese limitou-se à região Oeste do SAA, que 
corresponde a 85% de sua área total (2,3x106 km2) e compreende a porção do 
SAA entre o Arco de Purus e o cinturão de falhas subandinas. 
Na área de estudo o SAA é composto por dois sistemas aquíferos: o 
sistema aquífero Solimões (SAS) e o sistema aquífero Tikuna (SAT). O sistema 
aquífero multicamada Tikuna (SAT) ocorre entre cerca de 350 e 750 m de 
profundidade média e tem como bordos o Arco de Purus e a zona de falhas 
subandinas, na direção Leste-Oeste. As regiões cratônicas dos Escudos das 
Guianas e Brasileiro e duas divisórias de fluxo de água correspondem a seus 
bordos externos na direção Norte-Sul. 
O SAT é formado por rochas cretáceas predominantemente arenosas e é 
recoberto pelas espessas camadas argilo-arenosas do sistema aquífero 
Solimões. 
O sistema aquífero Solimões (SAS), embora formado por sedimentos 
Terciários de caráter predominantemente argilo-arenoso, apresenta camadas 
superficiais mais arenosas. Devido a esta heterogeneidade, pode ser 
compartimentado em um aquífero superior, o aquífero Solimões, e em um 
aquitardo basal, que desempenha a importante função de camada confinante do 
sistema aquífero Tikuna. 
Na área de estudo o recobrimento do sistema aquífero Tikuna pelo sistema 
aquífero Solimões é quase total, exceto por duas regiões onde o SAT aflora: o 
cinturão de falhas subandinas e a Serra do Divisor (Figura 1.1). O sistema 
aquífero Tikuna (SAT) é dividido internamente em duas sub-bacias, separadas 
por uma divisória de fluxo parcial, localizada na região do Arco de Iquitos. 
A sub-bacia Oeste do SAT apresenta um sistema de fluxo de água 
convergente, com áreas de recarga situadas ao longo de quase todo o cinturão 
de falhas subandinas e na divisória interna de fluxo. Sua área de descarga está 
localizada na Serra do Divisor. 
Na sub-bacia Leste, o fluxo de água possui direção Oeste-Leste, com áreas 
de recarga localizadas nos extremos Noroeste e Sudoeste do cinturão de falhas 
subandinas e na divisória interna de fluxo. Sua descarga está localizada no bordo 
Leste da área de estudo, nas proximidades do Arco de Purus. 
 
 
3 
 
 
Figura 1.1 – Principais pontos de referência na área de estudo.
 
 
 
4 
As águas do sistema aquífero Tikuna podem variar de doces a salgadas, a 
depender da região do sistema aquífero em que se encontrem. Algumas 
possibilidades foram levantadas a respeito da origem destas variações 
hidrogeoquímicas, porém, devido aos escassos dados disponíveis, estas ainda não 
puderam ser confirmadas. 
A modelagem numérica de fluxo foi utilizada para auxiliar na interpretação 
deste complexo sistema aquífero. 
O modelo numérico de fluxo elaborado constitui-se, não obstante suas 
limitações, em uma importante ferramenta, seja do ponto de vista científico ou de 
gestão de recursos hídricos, permitindo a compreensão integrada dos aspectos 
hidrogeológicos mais relevantes. 
O estudo desenvolvido nesta tese, sendo o primeiro estudo hidrogeológico de 
âmbito regional na porção Oeste do SAA, não possui a intenção de esgotar o tema, 
mas sim de ser o início do conhecimento hidrogeológico regional integrado desta 
parte do SAA, propiciando as bases para o desenvolvimento de outros estudos 
hidrogeológicos e de áreas afins. 
Esta tese foi integralmente financiada pela Empresa Brasileira de Petróleo S.A. 
– PETROBRAS. Nos processos produtivos da PETROBRAS água subterrânea 
constitui-se em um bem utilizado a ser preservado, em um insumo para a produção 
e em um potencial receptor de contaminantes. Tendo forte atuação na região 
amazônica, esta tese vem também a auxiliar no compromisso da PETROBRAS no 
desenvolvimento de suas atividades de forma sustentável e em acordo com os mais 
elevados padrões de respeito e proteção do meio ambiente. Portanto, o 
conhecimento dos aquíferos na região permite tanto no uso sustentável deste 
recurso assim como a proteção deste bem de eventuais fontes poluidoras. 
 
1.1 OBJETIVOS 
 
Esta tese tem como objetivo principal o entendimento dos processos 
hidrogeológicos que controlam a dinâmica do sistema aquífero Amazonas e, em 
especial, o sistema aquífero Tikuna. Tal entendimento engloba principalmente: 
• a delimitação do sistema aquífero e suas subunidades; 
• a localização de áreas de recarga e descarga; 
 
 
5 
• a identificação das direções de fluxo e contornos de fluxo; 
• a determinação das características hidráulicas regionais dos aquíferos; 
• a determinação da qualidade das águas subterrâneas dos aquíferos; 
• o entendimento do sistema de fluxo nos aquíferos e relações entre os 
mesmos. 
Para atingir o objetivo maior, alguns objetivos específicos também foram 
perseguidos: 
• elaboração de base de dados georreferenciada (GIS) para suportar os 
dados existentes sobre o sistema aquífero Amazonas; 
• elaboração de modelo digital do terreno compondo a topografia da 
área; 
• elaboração de modelo numérico de fluxo regional, integrando os dados 
hidrogeológicos; 
• calibração do modelo numérico de fluxo regional; 
• realização de análise de sensibilidade do modelo numérico de fluxo 
calibrado; 
• análise, interpretação e avaliação dos resultados obtidos do modelo 
numérico de fluxo regional. 
 
Para alcançar todos os objetivos propostos, inicialmente foi realizado um 
levantamento sobre o estado da arte no estudo dos grandes sistemas aquíferos 
mundiais, apresentado no capítulo 2. 
Nos capítulos 3 e 4 são apresentados os aspectos físicos gerais da área de 
estudo e a geologia regional. 
No capítulo 5 é sumarizado o estado da arte dos estudos hidrogeológicos 
desenvolvidos na área de estudo. Neste capítulo mostra-se que, embora muito 
esforço játenha sido despendido no estudo hidrogeológico da região amazônica, há 
a necessidade de regionalização e integração dos dados e resultados já alcançados. 
No capítulo 6 são apresentados os resultados da integração de dados 
primários e de resultados de estudos locais prévios realizados na área de interesse. 
Neste capítulo são definidos os limites do SAA e suas subunidades 
hidrogeoestratigráficas regionais. 
 
 
6 
No capítulo 7 são sumarizados os resultados alcançados no capítulo 6 
através do modelo hidrogeológico conceitual do SAA na área de estudo e da 
elaboração do modelo numérico de fluxo regional. 
No capítulo 8 são realizados esclarecimentos acerca de alguns pontos 
específicos tratados em outros capítulos que necessitavam ainda de um maior 
detalhamento. 
No capítulo 9 é apresentado um resumo do funcionamento do SAA, sua 
evolução e as conclusões da tese. 
 7 
2 ESTADO DA ARTE 
 
Atualmente o estudo dos grandes sistemas aquíferos constitui-se em um 
esforço mundial capitaneado por iniciativas de cooperação de vários 
organismos de cunho privado e governamental (UNESCO-IHP, IAH, OAS, OSS 
e muitos outros), universidades e centros de pesquisa (UNESCO, 2009). 
Este esforço conjunto é fortemente influenciado pelo fato de que vários 
dentre os mais importantes sistemas aquíferos mundiais estão localizados em 
áreas semi-áridas e áridas do planeta, como a região norte da África e 
Austrália (Figura 2.1 e Tabela 2.1). Nestas áreas a escassez de recursos 
hídricos superficiais resulta em fortes pressões sobre estes sistemas aquíferos 
para suportar a crescente demanda por água. Além disso, a maioria dos 
grandes sistemas aquíferos mundiais são transfronteiriços (compartilhados por 
dois ou mais países) e a sustentabilidade da exploração de tais recursos 
passa, obrigatoriamente, pela gestão baseada no conhecimento científico. 
Apesar deste cenário, muitos dos maiores aquíferos mundiais ainda não foram 
devidamente estudados. 
Segundo a UNESCO (UNESCO, 2009) modelos regionais consistentes 
estão sendo desenvolvidos para os seguintes sistemas aquíferos (Figura 2.1): 
• sistema aquífero Guarani (América do Sul); 
• sistema aquífero do Noroeste do Saara (NWSAS) (África); 
• sistema aquífero Iullemeden-Irhazer (África); 
• sistema aquífero de Núbia (Arenitos Núbia e pós-Núbia) (África); 
• sistema aquífero Árabe (Ásia Menor). 
O desenvolvimento destes estudos é um exemplo de cooperação entre os 
países que compartilham estes sistemas aquíferos e organizações de atuação 
regional e mundial (OTCA, SG/OEA, UNESCO-IHP, IAH, IGRAC, etc). 
No caso da Bacia Amazônica, em 2005 foi instituído o projeto de 
cooperação GEF Amazonas OTCA/PNUMA/OEA, através do qual foram 
realizados diagnósticos sobre vários recursos ambientais da região, incluindo a 
água subterrânea (Milliet, 2007; Gonçalves, 2006; Herrán, 2007; Paredes, 
2006; Cummings, 2006; Aguero, 2006). Nestes relatórios são apresentadas 
compilações de informações hidrogeológicas sobre cada um dos países 
 8 
englobados no GEF Amazonas (Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, 
Guiana e Suriname). Tais informações, no entanto, constituem-se 
essencialmente em características hidrogeológicas gerais de cada um destes 
países. Constata-se nestes diagnósticos a existência de escassos dados 
hidrogeológicos para esta região. 
Apesar de alguns sistemas aquíferos mundiais serem praticamente 
desconhecidos, como é o caso do sistema aquífero Amazonas, vários estudos 
hidrogeológicos regionais foram desenvolvidos para alguns destes grandes 
sistemas aquíferos. Dentre eles destacam-se os trabalhos para o sistema 
aquífero de Núbia (Gossel et al., 2010; Sultan, 2010; Ghoubachi, 2010; 
Sefelnars, 2007; Alker, 2007; Heinl e Brinkmann, 1989; Trac, 1984), para o 
sistema aquífero do Noroeste do Saara (Al-Gamal,2010; OSS, 2008a; Schmidt, 
2007; Besbes et al., 2002;), para o sistema aquífero Iullemeden-Irhazer (OSS, 
2008b), para o sistema aquífero da Grande Bacia Artesiana (Austrália) (Love et 
al., 2010; Love et al., 2009; Herczeg e Love, 2007; Welsh, 2006; Welsh e 
Doherty, 2005; Walker, 1996) e para o sistema aquífero Guarani (Vives et al., 
2009; Foster et al., 2009; PSAG, 2008; Giardin e Faccini, 2004). 
Os grandes sistemas aquíferos mundiais, em sua maioria compõem 
sistemas multicamada, porosos, de idades variando entre o Paleozóico e o 
Mesozóico (Tabela 2.2). 
A qualidade das águas dos grandes sistemas aquíferos é bastante 
heterogênea (Tabela 2.2), podendo um mesmo sistema aquífero apresentar 
águas doces, em uma região e salobras ou salgadas, em outra. Os principais 
fatores que podem afetar tais variações são (Marie e Vengosh, 2001; Subyani, 
2005; Panno et al., 2006): 
• dissolução de sais de camadas evaporíticas; 
• migração de águas salgadas ou salobras de camadas mais profundas, 
em geral camadas pelíticas, devido aos processos de compactação e/ou 
difusão; 
• existência de águas conatas ou resíduos das mesmas ainda não lavados, 
provenientes de períodos de avanço dos mares ou de lagos salinos em 
sistemas aquíferos onde a renovação seja extremamente lenta (águas fósseis); 
 9 
• recarga através de fontes de águas salinas (rios salinizados, mares, lagos 
ou fontes antrópicas) (Sainato e Losinno, 2006; Cresswell e Liddicoat, 2004); 
• intrusão salina em áreas costeiras; 
• elevado tempo de residência, ainda que seja um processo em geral de 
menor importância e que necessite da presença de CO2 ou a ocorrência de 
processos difusivos entre a água e os minerais mais susceptíveis ao 
intemperismo químico, resultando na dissolução de compostos e no aumento 
da salinidade das águas; 
• contribuições dos vários processos descritos acima. 
 
O estudo da variação da salinidade das águas subterrâneas pode ser 
realizado tanto diretamente, através de análises químicas, físico-químicas e 
isotópicas, ou indiretamente, através de perfis geofísicos de poços (perfis de 
condutividade/resistividade elétrica) (Paillet e Crowder, 1996), levantamentos 
geofísicos de superfície utilizando GPR, tomografias elétricas verticais e outros 
métodos (Levi et al., 2008; Khalil et al., 2010), levantamentos aerogeofísicos 
(Mullen e Kellet, 2007, Cresswell e Liddicoat, 2004) ou sensoriamento remoto 
(Levi et al., 2007). Tanto os levantamentos aerogeofísicos como o 
sensoriamento remoto são particularmente indicados para estudos em 
aquíferos freáticos regionais rasos. 
A identificação do tipo de sistema aquífero, suas estruturas internas, 
heterogeneidades e características hidrogeoquímicas são essenciais para o 
desenvolvimento de estudos hidrogeológicos. Contudo, tais necessidades são 
evidenciadas de forma contundente ao se elaborar um modelo numérico, 
quando todos estes dados são integrados. 
Modelos numéricos regionais de fluxo foram elaborados para o sistema 
aquífero de Núbia (Gossel et al., 2010; Sefelnars, 2007; Heinl e Brinkmann, 
1989), para o sistema aquífero do Noroeste do Saara (OSS, 2006a), para o 
sistema aquífero da Grande Bacia Artesiana (Welsh, 2006; Welsh e Doherty, 
2005; Welsh, 2000) e para o sistema aquífero Guarani (Vives, 2009; PSAG, 
2008). 
 
 10 
Tabela 2.1 – Alguns dos maiores sistemas aquíferos mundiais. [ ] extensões não confirmadas 
(modificado de Custodio, 2009). 
 
Aquífero/Sistema aquífero Tipo Países Extensão (km 2) 
Norte das Grandes Planícies C Canadá, EUA (N) [500.000] 
Ogallala (Altas Planícies) B EUA (Central) 450.000 
Planícies da Costa do Golfo C EUA, México 1.150.000 
Oeste da Amazônia 
(Solimões-Alter do Chão) A/B Brasil, (Peru, Bolívia, Equador) [950.000] 
Yrendá-Toba-Tarijeño B Paraguai, Argentina, Bolívia [500.000] 
Guarani A Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai 1.200.000 
La Pampa C Argentina (Central) [200.000] 
Noroeste do Saara + Murzuk A Argélia, Líbia, Tunísia, Níger 1.500.000 
Bacia do Senegal-Mauritânia A/B Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau 300.000 
Arenitos de Núbia A Chad,Egito, Líbia, Sudão 2.200.000 
Iullemeden-Irhaser B Mali, Níger, Nigéria, Argélia 635.000 
Bacia do Chad A/B Níger, Nigéria, Chad, Camarões 1.900.000 
Norte do Calarrari B 
Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia, 
Zimbabue [700.000] 
Bacia do Karoo B África do Sul 600.000 
Plataforma Árabe C 
Iraque, Jordão, Arábia Saudita, Síria, 
Yemen, Barein, Kuwait, Oman, Quatar > 2.000.000 
Planícies Baixas da Europa 
Central C Desde a Holanda até a Rússia [3.000.000] 
Ásia Central C 
Cazaquistão, Quirquistão, Uzbequistão, 
Tajiquistão 660.000 
Planície do Indus B Paquistão 320.000 
Planície Ganges-Bramaputra B Bangladesh, Índia 600.000 
Nova Guiné B/C Indonésia, Papua Nova Guiné 870.000 
Grande Bacia Artesiana A Austrália 1.700.000 
Tipos: 
A: predominantemente confinado, aflorante nas borda s 
B: praticamente contínuo e predominantemente aflora nte 
C: composto por uma série de pequenos aquíferos 
 
 
 
 
 11 
Dentre os modelos numéricos regionais de fluxo elaborados para os 
grandes sistemas aquíferos mundiais são encontrados modelos 2D (Heinl e 
Brinkmann, 1989; Welsh, 2006; PSAG, 2008), quasi-3D (Welsh, 2000) e 3-D 
(Sefelnars, 2007; Gossel et al.,2010). Com relação aos códigos utilizados 
destacam-se o MODFLOW (Sefelnars, 2007; Welsh, 2006), código de livre 
acesso e de diferenças finitas, e o FEFLOW (Sefelnars, 2007; Gossel et al., 
2010), código comercial e de elementos finitos. Modelos em estado 
estacionário foram desenvolvidos para vários destes sistemas aquíferos e, em 
alguns trabalhos, estes foram utilizados como uma primeira etapa de 
modelação, sendo seus resultados posteriormente utilizados para estudos 
específicos e locais (zonas de recarga e impactos nos poços de captação) em 
estado transitório (Sefelnars, 2007; Heinl e Brinkmann, 1989; Gossel et al., 
2010; Welsh, 2006; PSAG, 2008). 
Outros códigos também foram utilizados na elaboração de modelos 
numéricos, como os códigos de elementos finitos TRANSIN (Medina et al., 
1996a; Medina e Carrera, 1996b; Medina e Carrera, 2003) e VISUALTRANSIN 
(Medina e Carrera, 1996b; GHS, 2003) desenvolvidos pelo Grupo de Hidrologia 
Subterrânea do Departamento de Engenharia do Terreno, Cartográfica e 
Geofísica da UPC, utilizados no estudo do sistema aquífero Guarani (PSAG, 
2008). 
Três importantes observações são comuns aos modelos regionais de 
fluxo desenvolvidos para os grandes sistemas aquíferos mundiais com relação 
aos aspectos: 
1. Quantidade e distribuição de dados hidrogeológicos: na grande maioria 
dos modelos regionais de fluxo desenvolvidos para os sistemas aquíferos 
mundiais observa-se que a quantidade de dados hidrogeológicos é bastante 
limitada e, em geral, há grande concentração dos dados em alguns poucos 
locais, comparando-se à grande extensão dos sistemas aquíferos. Tal 
realidade é justificável, uma vez que a maioria destes sistemas aquíferos está 
localizada em áreas de baixa densidade demográfica e, portanto, os dados 
disponíveis concentram-se nos pontos onde estes recursos são utilizados. 
Contudo, este fato leva a limitações no uso dos modelos, que serão 
suplantadas na medida em que novas informações forem obtidas e agregadas 
aos modelos. 
 12 
2. Grandezas dos parâmetros hidráulicos utilizados nos modelos numéricos 
de fluxo: foi observado que nos trabalhos associados ao desenvolvimento de 
modelos numéricos regionais de fluxo raramente é descrito como foram 
obtidos os parâmetros hidráulicos (condutividade hidráulica, porosidade, 
coeficiente de armazenamento) utilizados como dados de entrada, levando-se 
a crer que tais dados foram estimados. Este fato, associado à pouca 
densidade de dados, representa uma importante limitação no uso do modelo 
numérico de fluxo, principalmente no caso dos modelos em estado transiente. 
No trabalho de Sefelnars (2007), por exemplo, o autor utiliza a interpolação dos 
valores dos parâmetros hidráulicos (krigagem) na tentativa melhorar a 
distribuição destes dados para toda a região compreendida pelo sistema 
aquífero de Núbia. 
3. Condutividades hidráulicas verticais ou coeficientes de drenança: 
particularmente em relação às condutividades hidráulicas verticais dos 
aquitardos, o que se observa nos modelos publicados é que estes valores 
provavelmente foram inicialmente estimados (pois não se descreve como 
foram obtidos) e que, durante o processo de simulação, foram ajustados 
através de calibração. Convém ressaltar que esta é uma estratégia utilizada 
em inúmeros estudos, uma vez que as condutividades hidráulicas verticais não 
são informações comumente disponíveis. 
Heterogeneidades deposicionais, litológicas e estruturais imprimem 
variações nas condutividades hidráulicas horizontais e verticais dos sistemas 
aquíferos. Intercalações de camadas mais permeáveis com camadas menos 
permeáveis, por exemplo, podem impor variados graus de confinamento aos 
estratos subjacentes e, além disso, podem condicionar o fluxo no sistema 
aquífero. Uma diferença de duas ordens de magnitude nas condutividades 
hidráulicas de camadas sobrejacentes é suficiente para provocar refração nas 
linhas de fluxo, de forma que o fluxo na camada de maior condutividade 
hidráulica seja essencialmente horizontal e o fluxo na camada de menor 
condutividade hidráulica seja essencialmente vertical (Neuman e Witherspoon, 
1969; Freeze e Witherspoon, 1967). 
 13 
 
ÁFRICA 
1. Sistema aquífero de Núbia 
(Arenitos Núbia e Pós-Núbia) 
2. Sistema aquífero do Noroeste 
do Saara (NWSAS) 
3. Bacia Murzuk – Djado 
4. Bacia Taoudeni – Tanezrouft 
5. Bacia Senegal-Mauritania 
6. Sistema aquífero Iullemeden – 
Irhazer 
7. Bacia Lac Chad 
8. Bacia Sudd (Aquífero Umm 
Ruwaba) 
9. Bacia Ogaden-Juba 
10. Bacia do Congo 
11. Bacia do Alto Kalahari 
Cuvelai e Alto Zambezi 
12. Bacia do Baixo Kalahari 
– Stampriet 
13. Bacia de Karoo 
AMÉRICA DO NORTE 
14. Sistema aquífero Norte 
das Planícies Altas (High 
Plains) 
15. Sistema aquífero 
Cambro-Ordoviciano 
16. Sistema aquífero do Vale 
Central da Califórnia 
17. Aquífero Ogallala (High 
Plains) 
18. Aquífero do Oceano 
Atlântico e das planícies do 
Golfo costeiro 
AMÉRICA DO SUL 
19. Bacia Amazonas 
20. Bacia do Maranhão 
21. Sistema aquífero Guarani 
(ou Mercosul) 
ÁSIA 
22. Sistema aquífero Árabe 
23. Bacia do Indus 
24. Bacia Indus-Gange-
Bramaputra 
25. Bacia Oeste da Sibéria 
26. Bacia Tunguss 
27. Bacia Angara-Lena 
28. Bacia Yakut 
29. Sistema aquífero do Norte 
da China (Planície Huang Huai 
Hai) 
30. Planície Song-Liao 
31. Bacia Tarim 
EUROPA 
32. Bacia de Paris 
33. Plataforma Russa 
34. Bacia Norte do Cáucaso 
35. Bacia Pechora 
AUSTRÁLIA 
36. Grande Bacia Artesiana 
37. Bacia Canning 
Figura 2.1 – Localização dos maiores aquíferos do mundo (Margat, 2007; UNESCO, 2009). 
 14 
Sistema 
aquífero Tipo do 
sistema 
Qualidade 
das águas 
Idade/Espessura 
máxima (Em) 
Recarga média 
(Rm) (km 3/a) 
Principais características 
do sistema aquífero 
Principais 
modelos 
numéricos 
desenvolvidos 
Sistema aquífero 
de Núbia 
F-A/ 
(semi) 
confinado/ 
poroso 
Doce (sul) a 
hipersalina 
(norte) 
 
Cambro-Ordoviciano- 
Holoceno 
Em: 3500m 
 
Rm: ~ 1 Multicamada, com predomínio de areias continentais: 
a) sistema aquífero Núbia (NAS) predominantemente não-
confinado. Inclui uma série de bacias hidraulicamente 
conectadas; b) Extrato de baixa permeabilidade que separa os 
dois sistemas de reservatórios; c) Sistema aquífero pós-Núbia 
(PNAS) composto por depósitos Terciários de folhelhos e 
carbonatos. 
Sefelnasr (2007) 
Gossel et al., 2010 
 
 
Sistema aquífero 
do Noroeste do 
Saara (NWSAS) 
A/ livre-
confinado 
/poroso-
fissural/ 
Doce/salobre Cambro-Ordoviciano- 
Mioceno 
Em: 1600m 
Rm: ~ 1 Multicamada, composto por 2 aquíferos profundos principais: a) 
Intercalari Continental (CI), mais profundo; b)Complexo 
Terminal (CT). 
OSS, 2003b 
Sistema aquífero 
Iullemeden 
poroso/livre-
confinado 
 Cambro-Ordoviciano- 
Eoceno 
Em: 1500m 
 Multicamada, composto por 3 sub-baciase 2 aquíferos: 
a) Intercalari Continental (IC); b)Terminal Continental (TC) 
OSS, 2006a 
Bacia do Lago 
Chad 
poroso/livre-
confinado 
Doce (sul 
CT)/salgada 
Plioceno-Quaternário 
Em: 7000m 
Rm: 3,6 (Níger) Multicamada, composto por 3 aquíferos: 
a) aquífero Quaternário; b) aquífero Pliocênico; c) Continental 
Terminal (CT) (Oligoceno – Mioceno) 
 
Bacia do Congo A/poroso/livre
-confinado 
 Mesozóico-Quaternário 
Em: 3500m 
Rm: ~ 100 Multicamada, composto por 2 aquíferos: a) Karoo; b) 
Quaternário aluvial 
 
Bacia do 
Amazonas 
A/poroso/livre Doce Paleozóico – Terciário 
Em: 2000m 
 Multicamada, composto por 2 aquíferos livres: a) aquífero 
Solimões; 
b) aquífero Alter do Chão 
 
Bacia do Pantanal poroso/ livre-
(semi) 
confinado 
Doce Terciário-Quaternário Multicamada. Aquíferos predominantemente arenosos 
intercalados com níveis síltico-argilosos. 
 
Sistema aquífero 
Guarani 
A/poroso-
fissural 
 Siluriano-Cretáceo 
Em: 800m 
Rm: 234 Multicamada, sistema composto por uma camada aqüífera 
operativa 
Vives et al., 2009 
PSAG, 2008 
Sistema aquífero 
Árabe 
poroso - 
fissural 
 
 
Cambriano-Neogeno 
Em: 6500m 
Rm: 1,2 Multicamada, composto por várias camadas aquíferas porosas 
e fissurais 
 
Grande bacia 
artesiana 
A/poroso/ 
confinado 
Doce/salobre Mesozóico 
Em: 3000 
Rm: 693 Multicamada. Composto por aquiferos areníticos confinados por 
aquitardos siltosos ou argilosos. 
 
Welsh, 2000 
Norte das Altas 
Planícies (High 
Plains) 
livre/ poroso Doce/salobre Terciário-Quaternário Rm: ~1 – 15mm 
/ano(Nebrasca e 
Kansas) 
Multicamada. Composto por aquifero livre, arenas e cascalhos 
rasos 
 
 
F – sistema aquífero fechado 
A – sistema aquífero aberto 
Tabela 2.2 - Compilação de características hidrogeológicas de alguns dos maiores aquíferos multicamada do mundo e referências de modelos numéricos 
desenvolvidos (UNESCO, 2009; Schmidt, 2007; WHYCOS, 2005; OSS, 2006b; Margat, 2007 e vários outros). 
 
 15 
Em estudos realizados em escala de testemunho, observou-se que as 
condutividades hidráulicas verticais são dezenas a milhares de vezes menores do 
que as condutividades hidráulicas horizontais (Bouwer, 1978; Bobek, 1990; Jensen 
et al., 1996). Contudo, estas diferenças podem ser muito maiores em função da 
estratificação, sendo este resultado observado em todas as escalas (Fetter, 1994; 
Meyer e Krause, 2006). 
Em recente estudo realizado por Carlson (2010) englobando o Grupo Cretáceo 
Austin e a Formação Jurássica Hynesville (Luisiana, USA), o autor utiliza a equação 
de Bouwer (1978) para calcular a condutividade hidráulica vertical em variados 
estratos a partir de dados obtidos através de ensaios em poços verticais e 
horizontais. Como resultado, conclui que a permeabilidade horizontal macroscópica 
(em escala regional) é tipicamente centenas a dezenas de milhares de vezes maior 
que a permeabilidade vertical. 
Aquíferos estratificados com rochas argilosas também podem estar sujeitos a 
processos de osmose química e hiperfiltração, afetando o fluxo de água e o 
transporte de solutos (Kharaka e Berry, 1973; Neuzil, 2000; Soler, 2001; Neuzil e 
Provost, 2009). Estes processos influem nas medidas dos coeficientes de difusão 
efetiva do meio e podem ser responsáveis por sobrepressões nas formações 
argilosas (Mazurek et al., 2011). Entretanto, não há evidências claras de que tais 
processos tenham uma influência maior no transporte de solutos através de 
formações argilosas consolidadas (Rousseau-Gueutin et al., 2008; Garavito et al., 
2007; Nagra, 2002; Hanor, 1994). 
No caso específico de estudos realizados para o aquífero Milk River (Canadá), 
aquífero cretáceo arenoso, de espessuras entre 90 e 145 m e disposto entre dois 
espessos aquitardos (Grupo Colorado e Formação Pakowki), de 500-650 m e 120 m 
de espessura, respectivamente (Hendry et al., 1991), o progressivo aumento em 
cloretos deste aquífero à medida que se distancia da zona de recarga recebeu 
várias interpretações, como sendo produto de: dispersão e advecção (Schwartz e 
Muehlenbachs, 1979; Schwatz et al., 1981), mistura relacionada a uma área de 
recarga limitada (Domenico e Robbins, 1985), filtração através de membrana semi-
permeável (aquitardo) (Phillips et al., 1986, 1990), e difusão a partir dos aquitardo 
(Hendry e Schwartz, 1988, 1990). 
 
 16 
Adicionalmente aos processos osmóticos de hiperfiltração e geração de 
sobrepressões, estratos de muito baixa permeabilidade podem modificar os padrões 
de pressões nas bacias de tal forma que estas podem dar a impressão errônea de 
descontinuidade hidráulica. Contudo, devido à continuidade hidráulica, variações 
nas condições de contorno são refletidas através destas camadas, ainda que tais 
ajustes ocorram em escala de tempo geológico. Este lapso temporal é responsável 
pela manutenção de paleofluxos (fluxos definidos por condições passadas e que 
ainda subsistem parcialmente), cujos ajustes podem tardar milhares de anos (Tóth, 
1995). Para uma camada de folhelho de 480 m de espessura e condutividade 
hidráulica de 4x10-8 m/d, no Norte de Alberta, Canadá, estima-se aproximadamente 
4 Ma para atingir o ajuste relativo à mudança de fluxo (Tóth e Millar, 1983). 
Portanto, as condições das formações argilosas devem ser analisadas de 
forma criteriosa, especialmente suas condutividades hidráulicas verticais em 
sistemas aquíferos multicamada, os quais podem desempenhar papel de grande 
relevância no sistema. 
Muitos dos estudos desenvolvidos para os grandes sistemas aquíferos 
mundiais são voltados para problemas de gestão destes recursos, uma vez que 
grande parte deles são aquíferos transfronteiriços (Figura 2.1), localizados em zonas 
áridas e que sofrem ou que podem vir a sofrer uma grande pressão em relação a 
sua explotação (Alker, 2007; Trac, 1984; Schmidt, 2007; OSS, 2008a; Bebes, 2002; 
OSS, 2007; OSS, 2008b; OSS, 2008c; QDNR, 2005; Foster et al., 2009). Em tais 
publicações geralmente são encontradas revisões de estudos científicos e 
resultados de projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento no âmbito destes 
sistemas aquíferos. 
Dentre os trabalhos mais recentes desenvolvidos para os grandes sistemas 
aquíferos também são encontrados importantes resultados sobre o estudo de suas 
zonas de recarga (Sultan, 2010; Ghoubachi, 2010; Gossel et al., 2010; Al-Gamal, 
2010; Herczeg e Love, 2007). Estes trabalhos em geral envolvem a elaboração de 
modelos numéricos de fluxo, estudos hidrogeoquímicos e o uso de isótopos 
ambientais para o cálculo das idades das águas. 
Na região das bacias amazônicas nenhum estudo hidrogeológico de cunho 
regional havia sido desenvolvido até a data de elaboração desta tese. As pesquisas 
hidrogeológicas existentes para as bacias amazônicas brasileiras correspondem 
principalmente às cidades de Manaus e Iranduba, no Amazonas (Silva e Silva, 2007; 
 17 
Souza e Verma, 2006; Aguiar et al., 2002) e Santarém, no Pará (Tancredi, 1996), 
todas situadas fora da área de estudo. A maioria desses estudos enfoca a qualidade 
das águas subterrâneas, excetuando-se os trabalhos de Tancredi (1996) e Moraes 
et al. (2007), onde são levantados os parâmetros hidráulicos para os aquíferos Alter 
do Chão. 
Na área de estudo são destacados os trabalhos desenvolvidos para a cidade 
de Rio Branco, no Acre (Moraes et al., 2007; Melo Jr. e Marmos, 2006) e para região 
de Urucu, município Coari, no Amazonas (Souza, 2007 e 2009). 
Através de inventários hidrogeológicos realizados para estudos de impactos 
ambientais nas regiões das bacias amazônicas subandinas, podem ser obtidos 
dados para alguns parâmetros químicos (concentrações de alguns íons maiores e 
metais) e físico-químicos (pH e condutividade elétrica) das águas subterrâneas e 
medidas do nível d´água em poços de captação (Domus, 2009). 
Estudos hidrogeológicos para as camadas cretáceas das bacias subandinas 
Marañón e Ucayali (Peru), foram realizados pela consultora Rakhit PetroleumConsulting Ltd, para a empresa petrolífera PetroPeru (Rakhit, 2002). Tais estudos 
foram motivados pelo interesse exploratório, uma vez que tais camadas constituem-
se nos atuais reservatórios petrolíferos destas bacias. 
Dentre tais estudos, somente foi possível o acesso ao relatório para a Bacia 
Marañón. Neste estudo propõe-se um modelo hidrogeológico conceitual de fluxo 
para a Bacia Marañón com base em dados hidrogeoquímicos (salinidade), 
piezometrias (pressões nas formações) e dados estruturais dos vários níveis 
cretáceos arenosos (Rakhit, 2002). 
Na base de dados interna da Empresa Brasileira de Petróleo – PETROBRAS 
S/A (VGE, 2009-2011), existem alguns poucos dados de qualidade da água 
(salinidade, pH e concentrações de alguns íons maiores) e 3 registros piezométricos 
indiretos para a camada cretácea na área da base petrolífera de Urucu (Bacia 
Solimões). 
Em um estudo hidrogeológico realizado para o sistema aquífero Solimões na 
área da base petrolífera de Urucu foram obtidos alguns dados hidrogeológicos para 
este sistema (Souza, 2007 e 2009). Na área de Urucu, perfis geofísicos de 
eletroresistividade de poço (Souza, 2009) indicam haver aumento na condutividade 
elétrica das águas do sistema aquífero Solimões com o aumento da profundidade, 
 18 
sendo a mesma correlação entre salinidade e profundidade observada em 
resultados de análises químicas. 
Para as bacias amazônicas (brasileiras e subandinas), além dos estudos 
hidrogeológicos citados também existem alguns estudos de cunho hidrológico 
(Queiroz et al., 2009; Horbe e Santos, 2009; Cunha e Pascoaloto, 2006), como os 
levantamentos HIBAm – Hidrologia e Geoquímica da Bacia Amazônica e artigos 
sobre estimativas de evapotranspiração e balanço hídrico para a região amazônica 
(Feitosa e Leitão, 1998; Oliveira et al., 2010; Fish et al., 2007) . Tais estudos, no 
entanto, necessitam ainda maior detalhamento para serem utilizados como base 
para um consistente balanço hídrico regional. 
Novos estudos estratigráficos e levantamentos geofísicos regionais aportaram 
informações valiosas para o entendimento do arcabouço geológico na região do 
grande sistema aquífero Amazonas. Recentemente, Wanderley-Filho et al. (2010) 
realizaram um estudo geológico/estratigráfico regional, englobando as bacias 
amazônicas e subandinas. Neste estudo é apresentado um perfil estratigráfico 
longitudinal das Bacias Amazônicas, mostrando a continuidade das camadas 
Terciárias e Cretáceas através destas. O resultado deste estudo auxiliou e 
corroborou as interpretações realizadas sobre a continuidade das formações 
Terciárias e Cretáceas ao longo da área de estudo. 
Ao contrário da maioria dos grandes sistemas aquíferos, que estão localizados 
em regiões áridas, a região englobada pelo sistema aquífero Amazonas é uma 
região tropical úmida a super-úmida, com uma rede de drenagem extremamente 
densa. Apesar disso, o recurso hídrico subterrâneo constitui-se em importante fonte 
para o abastecimento humano e industrial nesta região. A baixa qualidade natural da 
água dos rios, principalmente a elevada concentração de matéria orgânica em suas 
águas, o despejo de esgoto sanitário não tratado em algumas localidades e o 
inadequado tratamento do lixo urbano, impedem ou restringe fortemente seu 
consumo direto (Azevedo, 2006a e 2006b; Rocha e Horbe, 2006). 
Através de intensa busca de publicações hidrogeológicas e outros estudos de 
áreas temáticas afins, ficou claro que, até a presente data, não há citação clara em 
estudos hidrogeológicos sobre a extensão subsuperficial das camadas aquíferas 
cretáceas a Oeste do Arco de Purus. Os estudos publicados até então citam 
somente a área aflorante das camadas cretáceas, a Leste do Arco de Purus, que 
formam um aquífero predominantemente livre e localmente confinado, que recebe a 
 19 
designação de aquífero Alter do Chão (Aguiar et al., 2002; Souza e Verma, 2006; 
Silva e Silva, 2007; Andrade et al., 2004; Tancredi, 1996; Melo Jr. e Marmos, 2006; 
Moraes et al., 2007). Contudo, nas publicações da área de petróleo é de 
conhecimento, já há muitos anos, a extensão das camadas cretáceas em 
subsuperfície a Oeste do Arco de Purus. No perfil da Bacia Solimões publicado no 
mapa de domínios e subdomínios hidrogeológicos do Brasil pela CPRM (2007), 
obtido a partir de publicações da empresa PETROBRAS S/A, é mostrada a 
continuidade da Formação Alter do Chão (Cretácea) a Oeste do Arco de Purus; 
entretanto, aparentemente tal informação passou despercebida até o presente. 
Apesar das limitações dos estudos regionais dos grandes sistemas aquíferos e 
seus respectivos modelos numéricos de fluxo, estes vêm sendo utilizados na gestão 
de sistemas aquíferos transfronteiriços, constituindo uma importante ferramenta 
para o suporte às ações sustentáveis em relação a estes recursos. Desta forma, 
assim como em outros grandes aquíferos mundiais, para o sistema aquífero 
Amazonas também se vislumbra o desenvolvimento de um esforço conjunto de 
instituições científicas e governos para a realização de pesquisas hidrogeológicas na 
região, o que permitirá o aperfeiçoamento do estudo apresentado nesta tese. 
 20 
3 LOCALIZAÇÃO E ASPECTOS FÍSICOS REGIONAIS 
 
A área de estudo está localizada na região Noroeste da América do Sul, entre 
as longitudes 78ºW e 60ºW e latitudes 3ºN e 13ºS. Seu comprimento é de cerca de 
2000 km na direção Leste-Oeste e, em média, cerca de 1000 km na direção Norte-
Sul, perfazendo uma área total de aproximadamente 2,3 x 106 km2 (Figura 3.1). 
 
 
 
Figura 3.1 – Localização da área de estudo. 
 
Engloba parte do Estado do Amazonas e todo o Estado do Acre, em território 
brasileiro, e áreas no Peru, Bolívia, Equador e Colômbia. 
A área de estudo faz parte da região amazônica que, em termos gerais, 
caracteriza-se por compor uma área muito pouco povoada, de relevo 
predominantemente suave, clima úmido, densas cobertura vegetal e rede 
hidrográfica, além de conter a maior biodiversidade do planeta. 
 
 
 
 
 21 
3.1 RELEVO 
 
Geomorfologicamente, a região amazônica classifica-se como uma 
peneplanície (Governo do Estado do Amazonas, 2010) localizada entre os Planaltos 
das Guianas e Brasileiro e limitada a Oeste pela Cordilheira dos Andes (Figura 3.2). 
Seu relevo pode ser compartimentado em 4 unidades principais (Figura 3.2): 
1. Planície de inundação (várzeas) 
Formada por sedimentos recentes, localizados em áreas um pouco acima do 
nível das águas, porém periodicamente inundadas, e por terraços 
pleistocênicos, um pouco mais antigos, formados em períodos nos quais o 
nível dos rios esteve alguns metros acima do nível atual. 
2. Planalto amazônico 
Com altitudes máximas de 200 m é formado por sedimentos terciários argilo-
arenosos; esta unidade geomorfológica é intensamente compartimentada 
pela rede de drenagem de igarapés e rios autóctones, podendo apresentar 
diversos níveis de terraços e topografia bastante acidentada. 
3. Escudos cristalinos 
Situam-se ao Norte e ao Sul da bacia sedimentar e compõem áreas muito 
pediplanadas e niveladas de tal modo que o contato é apenas marcado pela 
zona das cachoeiras dos afluentes do rio Amazonas. As altitudes estão 
caracteristicamente acima de 200 m. 
4. Região pré-andina 
Composta pelas regiões mais elevadas e afetadas pelos processos tectônicos 
da zona de subducção de toda borda Oeste da Placa Tectônica Sul-
Americana. Nesta região afloram os sedimentos dobrados e falhados de 
idade Mesozóica. As altitudes nesta região variam entre 1200 e 4000 m. 
 
 
 
 
 
 22 
 
Figura 3.2 – Hipsometria da área de estudo e feições fisiográficas regionais (IBGE, 2006). 
 
3.2 CLIMA 
 
O clima da região amazônica é equatorial úmido a super-úmido, com 
intensidade média anual de chuva da ordem de 2.460 mm (Molinier et al., 1996). Os 
níveis de precipitação variam entre 200 mm por ano nos Andes a até 6000 mm por 
ano no sopé da Cordilheira dosAndes e nas planícies (Gonçalves, 2006). 
Esta região apresenta marcada variação de precipitação entre as estações do 
ano, com períodos de máxima precipitação entre os meses de março e junho, no 
hemisfério Norte, e de dezembro a março, no hemisfério Sul (Gonçalves, 2006). 
A distribuição sazonal das precipitações regionais se dá segundo regimes 
diferenciados. Na porção meridional da bacia o regime pluviométrico é marcado por 
uma estação seca, ocorrendo normalmente na metade do ano, em contraposição a 
uma estação chuvosa na porção setentrional da bacia no mesmo período do ano 
(Gonçalves, 2006). 
Na porção Sul da bacia o máximo pluviométrico se dá de dezembro a março 
(Bacia do rio Madeira). Já na porção Norte (Bacia do rio Negro), o máximo 
Escudo das Guianas 
Escudo Brasileiro 
 23 
pluviométrico é observado de maio a julho, com uma leve variação na porção 
Nordeste no sentido da foz do rio Amazonas (Bacia do rio Jari) (Gonçalves, 2006). 
A região Leste da bacia pode ser afetada por até 3 meses de seca, onde os 
rios sofrem variações de cerca de 10 metros em sua lâmina de água. 
As temperaturas médias anuais situam-se entre 25o e 29o Celsius em contraste 
com temperaturas médias anuais próximas a 0o Celsius na cordilheira dos Andes 
(Gonçalves, 2006). 
Estudos do balanço hídrico da região devem ser aprimorados para que os 
mesmos possam ser utilizados de forma mais confiável. Segundo Fisch e Nobre 
(1997), o balanço hídrico na região amazônica é difícil de ser calculado devido à 
falta de continuidade espacial e temporal das medidas da precipitação, à 
inexistência de medidas simultâneas de vazões fluviais e ao desconhecimento do 
armazenamento de água no solo, dentre outros fatores. 
Apesar de existirem ferramentas remotas como as imagens de satélite GRACE 
que permitem avaliar variações regionais do nível d´água, ainda não existem dados 
consolidados disponíveis para toda a região de estudo. 
 
3.3 HIDROGRAFIA 
 
A região amazônica possui uma rede de drenagem extremamente densa 
(Figura 3.3), e forma a mais extensa rede hidrográfica do globo terrestre. Seu 
principal curso d´água é o rio Amazonas, que nasce no Peru, com o nome de 
Vilcanota e recebe posteriormente os nomes de Ucayali, Urubamba e Marañon. 
Quando entra no Brasil, recebe o nome de Solimões e, após o encontro deste com o 
Rio Negro, próximo à cidade de Manaus (AM), recebe finalmente o nome de Rio 
Amazonas (Gonçalves, 2006). 
O Rio Amazonas percorre cerca de 6000 km, sendo o segundo maior rio do 
planeta em extensão e o maior do mundo em vazão de água. Sua largura média é 
de 5 km e possui inúmeros afluentes, além de diversos cursos de água menores e 
canais fluviais criados pelos processos de cheia e vazante (Gonçalves, 2006). 
Os rios amazônicos são classificados em rios de águas pretas, rios de águas 
brancas e rios de águas claras, devido à coloração de suas águas que varia 
conforme sua diversidade físico-química e biológica natural, e de sedimentos em 
suspensão. 
 24 
Os rios de águas brancas têm águas de aparência barrenta, como o Solimões, 
Purus, Madeira e Juruá. Suas nascentes encontram-se nos Andes e carreiam 
muitos nutrientes, sais dissolvidos e materiais em suspensão (Tabela 3.1) (Walker, 
1990). 
 
 
Figura 3.3 – Região Amazônica e sua rede de drenagem. 
 
Os rios de águas pretas apresentam águas transparentes, porém de coloração 
mais escura. Nascem em sua maioria nas áreas dos Escudos, como os rios: Negro, 
Urubu e Uatumã. Sua coloração deve-se à grande quantidade de substâncias 
húmicas dissolvidas em suas águas, que são pouco mineralizadas e ácidas (OTCA, 
2006) (Tabela 3.1). 
Os rios de águas claras são cristalinos, como os rios Tapajós e Xingu. Suas 
nascentes localizam-se nos terrenos terciários ou no Escudo Brasileiro e suas águas 
são ácidas e pobremente mineralizadas (OTCA, 2006) (Tabela 3.1). 
 
 
 
 25 
Tabela 3.1 – Características físico-químicas das águas dos rios da Bacia amazônica 
(Sioli, 1967; Sioli, 1975; Filizola, 1999; Meade et al., 1979; Schmidt, 1972; Filizola, 2005). 
 
 
 
Dentre os principais e maiores cursos d’água afluentes do Amazonas 
destacam-se os rios: Javarí, Juruá, Jutaí, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, Içá, 
Japurá, Negro, Uatumã, Trombetas e Jari (Figura 3.4). 
 
 
 
Figura 3.4 – Bacia hidrográfica amazônica e principais afluentes do Rio Amazonas. 
 
 
 
 
1. Rio Amazonas 
2. Rio Solimões 
3. Rio Negro 
4. Rio Xingu 
5. Rio Tapajós 
6. Rio Jurema 
7. Rio Madeira 
8. Rio Purus 
9. Rio Branco 
10. Rio Juruá 
11. Rio Trombetas 
12. Rio Uatumã 
13. Rio Mamoré 
14. Javarí 
15. Jutaí 
16. Içá 
17. Japurá 
18. Jari 
 26 
4 GEOLOGIA REGIONAL 
 
A área de estudo estende-se por 5 países e 8 bacias sedimentares (Figura 
4.1): 
• Bacias Solimões e Acre, no Brasil; 
• Bacias Marañon/Pastaza e Ucayali, no Peru; 
• Bacia Madre de Dios e Beni, na Bolívia; 
• Bacia Oriente, no Equador; 
• Bacia Putumayo, na Colômbia. 
 
O conhecimento geológico atual desta vasta região deve-se, em grande 
parte, aos estudos petrolíferos desenvolvidos desde a década de 1950 (Brandão et 
al., 2006). Dentre estes estudos destacam-se: Morales (1963), Daemon e Contreras 
(1971), Canfield (1982), Caputo (1984), Cruz (1984), Porsche (1985), Campos e 
Teixeira (1988), Mosmann et al.(1986), Neves et al.(1990), Lemos (1989), Rodrigues 
et al. (1989), Altiner e Savini (1991), Picarelli e Quadros (1991), Campos (1992), 
Quadros e Melo (1993), Eiras et al. (1994), Cooper et al. (1995), Cordani et al. 
(2000), Cunha (2000), Gonzaga et al. (2000), Idemitsu Oil and Gas (2000), Bender 
et al. (2001), IGEMMET (2001b), Costa (2002), Rakhit (2002), Mann et al. (2004), 
Tassinari e Macambira (2004), Perupetro (2005), Barata e Caputo (2007), Cunha 
(2007), Moretti et al. (2009). 
O conjunto das bacias amazônicas compõe uma área em forma de leque, 
que se abre na região das bacias subandinas. Grande parte de sua extensão 
corresponde à região da atual planície do Rio Solimões e seus afluentes (Figura 
4.1). 
Este conjunto de bacias está limitado a Norte e Sul pelos crátons das 
Guianas e Brasileiro, respectivamente, pela Cordilheira dos Andes, a Oeste, onde 
são encontradas as maiores altitudes da área, e pelo Arco de Purus, a Leste (Figura 
4.1). Arcos estruturais podem limitar estas bacias entre elas ou subdividi-las 
internamente. A Bacia Solimões, por exemplo, é subdividida em Bacia Jandiatuba e 
Juruá pelo Arco de Carauari (Barata e Caputo, 2007) e o Arco de Iquitos funciona 
como divisor entre as Bacias do Acre e Solimões (Figura 4.1). 
 27 
O embasamento cristalino sobre o qual as bacias amazônicas se 
desenvolveram é de natureza ígnea e metamórfica, aflorante na área dos Escudos. 
Ao longo da história evolutiva dessas bacias o embasamento sofreu reativações, 
formando elevações (arcos estruturais) que em diferentes momentos atuaram como 
divisórias geológicas. As áreas deprimidas entre estas elevações foram preenchidas 
por sedimentos paleozóicos e, após o Jurássico, devido a um prolongado período de 
estabilidade tectônica, os sedimentos depositados formaram uma camada contínua 
ao longo das bacias amazônicas (Figura 4.2). 
Na área de estudo, devido à densa cobertura vegetal, o estudo de 
afloramentos resume-se às margens dos rios e cortes de estradas, que expõem os 
sedimentos mais recentes. Afloramentos das rochas mais antigas ocorrem somente 
na região do cinturão de falhas subandinas e na região da Serra do Divisor, onde 
uma grande falha de cavalgamento expôs os sedimentos cretáceos à superfície 
(Figura 4.3). 
Na área estudada os sedimentos mais recentes ocorrem recobrindo as 
bordas dos escudos cratônicos. 
As espessuras dos sedimentos Cretáceos e Terciários são influenciadas pela 
presença de altos estruturais, como os Arcos de Iquitos e Purus, pela atuação de 
processos erosivos e por processos tectônicos. Consequentemente, suas 
espessuras são bastante variáveisao longo das bacias, porém, em termos gerais, 
aumentam de Leste para Oeste, chegando a atingir mais de 4 km de espessura na 
região subandina (Figura 4.2, Tabelas 4.1 e 4.2). 
 28 
 
Figura 4.1 – Localização da área de estudo, das bacias sedimentares estudadas e de suas principais feições geoestruturais.
 29 
 
 
 
 
Figura 4.2 – Perfil geológico das bacias amazônicas na direção Leste-Oeste, desde a Bacia da Foz do Amazonas até a Bacia de Marañón/Pastaza (modificado de 
Wanderley et al., 2010). 
 
AAAA BBBB 
 
Legenda Bacias Acre, Solimões e Amazonas: 
 30 
 
Figura 4.3 – Mapa geológico da área de estudo. 
 31 
4.1 ESTRATIGRAFIA 
Nesta seção são apresentadas as diferentes unidades litoestratigráficas 
presentes na área de estudo. Estas unidades são apresentadas seguindo a ordem 
das mais antigas até as mais recentes, com ênfase nas unidades mesozóicas e 
cenozóicas, que são o foco desta tese. 
No Anexo A são apresentadas as colunas estratigráficas das bacias 
englobadas na tese e no Anexo B, são apresentados os perfis litológicos de poços 
profundos destas bacias. 
 
4.1.1 Pré-Cambriano 
 
O embasamento cristalino, constituído por rochas ígneas e metamórficas de 
idade proterozóica (3 a 1 Ga), representa o Pré-Cambriano das bacias amazônicas. 
Foi formado pela acresção de terrenos continentais aos núcleos cratônicos iniciais 
através de processos magmáticos (Almeida, 1967). 
Na Bacia Solimões, distintamente das demais bacias, além das rochas do 
embasamento cristalino também são encontrados depósitos sedimentares pré-
cambrianos remanescentes de sistemas de riftes e ainda preservados na região 
onde, mais tarde, desenvolveu-se o Arco de Purus (Eiras et al., 1994) (Figura 4.2). 
 
4.1.2 Sequência Paleozóica 
 
A deposição da sequência sedimentar paleozóica nas bacias amazônicas foi 
iniciada no Ordoviciano. Estas sequências são compostas principalmente por 
sedimentos de origem marinha formados por carbonatos, evaporitos e clásticos 
marinhos a flúvio-deltáicos (Altiner e Savini, 1991; Quadros e Melo, 1993; Lemos, 
1989; Rodrigues et al., 1989; Picarelli e Quadros, 1991; Daemon e Contreras, 1971; 
Eiras et al., 1994; Barata e Caputo, 2007; Rakhit, 2002, Cunha, 2007). 
 32 
A sequência ordoviciana-devoniana é composta predominantemente por 
terrígenos (folhelhos, siltitos e arenitos) de plataforma marinha rasa, representada 
nas bacias subandinas pelo Grupo Contaya e na Bacia Solimões pelas Formações 
Benjamin Constant e Jutaí. Na Bacia do Acre as sequências eo-paleozóicas não 
estão bem caracterizadas. 
A sequência devoniana-carbonífera é constituída principalmente por folhelhos 
marinhos, representados pelas Formações Cabanillas/Ambo, nas bacias 
subandinas, e pelo Grupo Marimari, na Bacia Solimões. 
Durante o Carbonífero-Permiano foram inicialmente depositados sedimentos 
continentais arenosos-conglomeráticos, representados pelas Formações Apuí, na 
Bacia do Acre, e Juruá, na Bacia Solimões. Seguindo o processo deposicional, 
encontram-se sedimentos marinhos carbonáticos e evaporíticos compreendidos 
pelas Formações Copacabana/Tarma, nas bacias subandinas, pelas Formações Rio 
Moura e Cruzeiro do Sul, na Bacia do Acre, e pelo Grupo Tefé, na Bacia Solimões. 
Os sedimentos da sequência paleozóica refletem as variações nos níveis 
relativos dos mares (transgressões e regressões) ocorridos durante este tempo, 
resultando em alternâncias de depósitos sedimentares característicos de fácies 
continentais fluviais e deltaicas e diversas fácies marinhas. 
 
4.1.3 Triássico e Jurássico 
 
Nas bacias subandinas os sedimentos triássicos e jurássicos são 
constituídos, em sua parte oriental, por depósitos molássicos, formados 
essencialmente por camadas vermelhas associadas a níveis evaporíticos 
depositados em não-conformidade com os sedimentos paleozóicos. 
Na Bacia do Acre a sequência de sedimentos triássicos/jurássicos é 
composta por calcários e dolomitos escuros, folhelhos, arenitos betuminosos, 
camadas evaporíticas, camadas vermelhas com intercalações de evaporitos e 
carbonatos, além de rochas ígneas ácidas extrusivas (traquitos nefelíticos, riolitos e 
andesitos) e basaltos. 
Na Bacia Solimões a sequência Triássica/Jurássica foi erodida e são 
encontrados extensos e espessos corpos, de até 800m de espessura, de rochas 
básicas (diabásio) intrudidas ou sobrepostas à sequência paleozóica. Estas 
intrusões ocorreram durante o diastrofismo Penatecaua (neo-Triássico/eo-Jurássico) 
 33 
(Bender et al., 2001). Atualmente são identificados 3 espessos e contínuos sills de 
diabásio na Bacia Solimões que se estendem até o Arco do Iquitos, a Oeste, e a 
Leste, tornam-se mais finos em direção ao Arco de Purus, porém voltam a espessar-
se na Bacia Amazonas (Figura 4.2). 
 
4.1.4 Cretáceo 
 
Durante o Cretáceo o sistema de drenagem da paleo-bacia amazônica fluía 
na direção Oeste (Figura 4.4). Neste ambiente foram depositadas sequências 
clásticas fluviais a marinhas rasas. 
Nas bacias subandinas, após a deposição triássica-jurássica seguiu-se um 
hiato deposicional e, logo após, a sequência cretácea foi depositada sobre a 
superfície de rochas jurássicas peneplanizadas, falhadas, e sobre o embasamento 
cristalino pré-Cambriano. 
 
 
 
Figura 4.4 – Esquema da evolução dos ambientes deposicionais entre o Cretáceo e o Terciário nas bacias 
amazônicas (modificado de Mapes et al., 2006). 
 
Nas bacias do Acre e Solimões o Cretáceo caracterizou-se por um período de 
grande estabilidade tectônica. 
Na Bacia Solimões o resfriamento dos espessos corpos de rochas ígneas 
intrudidos nos pacotes palezoicos durante o Jurássico (evento Penatecaua) 
provocou subsidência na bacia, sendo que esta anteriormente havia sido submetida 
a intenso processo erosivo, onde se estima que cerca de 1000 m de sedimentos 
paleozóicos-mesotriássicos tenham sido erodidos (Bender et al., 2001). Nesta fase 
foram depositados nas áreas deprimidas da bacia sedimentos clásticos grossos a 
médios e, subordinadamente, sedimentos pelíticos (Campos e Teixeira, 1988, 
Caputo, 1984, Eiras et al., 1994) diretamente sobre os corpos de diabásio, sobre o 
 34 
embasamento ou sobre sequências paleozóicas evaporíticas e carbonáticas, não-
erodidas (Figura 4.2). 
Regionalmente, o Cretáceo é representado por depósitos que variam de 
fluvial a marinho-raso na direção Leste-Oeste, sofrendo mergulho e espessamento 
de suas camadas em direção à atual Cordilheira Andina (Figuras 4.2, 4.5 e Tabela 
4.1). 
Os depósitos cretáceos são representados pelas Formações Cushabatay, 
Raya, Água Caliente, Chonta e Vivian, nas bacias subandinas, pelas Formações 
Môa, Rio Azul, Divisor e Ramon, na Bacia do Acre, e pela Formação Alter do Chão, 
na Bacia Solimões (Anexo A). 
Nas bacias amazônicas estudadas, a sequência cretácea é formada por 
estratificações de arenitos com argilitos e, subordinadamente, siltitos e 
conglomerados. Contudo, seu caráter é essencialmente arenoso e constitui os 
principais reservatórios petrolíferos das bacias subandinas (Formações Cushabatay, 
Agua Caliente e Vivian) (Anexo A). 
Na área de estudo a sequência cretácea aflora somente na área do cinturão 
de falhas de cavalgamento subandino e na Serra do Divisor, embora seus limites 
deposicionais sejam muito mais extensos em subsuperfície (Figuras 4.5 e 4.6). Esta 
sequência é aflorante na Bacia Amazonas, sendo composta nesta região por 
quartzo-arenitos, arenitos arcoseanos e arenitos cauliníticos, médios a grossos, 
brancos a avermelhados, localmente cimentados por sílica. Também ocorrem 
associados a estes sedimentos depósitos cauliníticos de importância econômica. 
Devido à estabilidade tectônica durante o Cretáceo, nas seções sísmicas dos 
depósitos cretáceos não são observadas falhas ou fraturas (Anexo C). Contudo, em 
perfis de cortes de estrada na região de Manaus (Bacia do Amazonas) são 
observados afloramentos com várias estruturas deformacionais(Figura 4.7) 
 
 
 35 
 
 
Figura 4.5 – Isópacas dos depósitos cretáceos nas bacias amazônicas.
 36 
 
 
Figura 4.6 – Detalhe de seção geológica esquemática da Serra do Divisor (IBGE, 2005). 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.7 – Afloramento da Formação Alter do Chão na rodovia AM-010 (km 102) - Manaus. Observam-se 
várias estruturas de deformação compressiva (Pietrobon, 2006). 
 
No final do Cretáceo, com o desenvolvimento dos processos tectônicos de 
subducção na borda da Placa Tectônica Sul-Americana, iniciou-se o soerguimento 
da Cordilheira Andina (Figura 4.4), gerando a inversão no sistema de drenagem, a 
A B 
 
 37 
deposição das molassas terciárias no bordo dos Andes e a formação de um grande 
lago, o Lago Pebas. 
 
Tabela 4.1 - Características litológicas, espessuras e ambiente deposicional das Formações cretácicas 
(IGEMMET, 2001a; Eiras et al., 1994; Canfield, 1982). 
Bacia Formações 
Cretácicas 
Espessuras Litologia Ambiente 
deposicional 
Amazonas Alter do Chão 90 - 500 Arenito com intercalações de argilito Fluvial 
Solimões Alter do Chão 300 - 650 Arenito com intercalações de argilito Fluvial 
Divisor Arenito com níveles argilosos 
Rio Azul Argilito e arenito 
Flúvio-deltáico 
Acre 
Moa 
500 - 1800 
Arenito e argilito Flúvio-deltáico/ 
Aluvial 
Vivian 20 – 150 Arenito, lutito litificado Fluvial 
Chonta 160 – 600 Lutito, arenito, siltito, calcário Marinho raso 
Aguas Calientes 60 – 300 Arenito Fluvial-estuarino 
Raya 40 – 130 Lutito Marinho 
Marañon/ 
Pastaza 
Cushabatay 90 - 430 Arenito Transgressivo 
C Blanca 174 Arenito * 
Huchpayacu 30 – 238 Lutito litificado * 
Cachiyacu 15 – 30 Arenito 
Vivian 50 – 150 Arenito Fluvial 
Chonta 200 – 400 Lutito, calcário, arenito Marinho raso 
Aguas Calientes 400 Arenito Fluvial-estuarino 
Esperanza (Raya) 260 Lutito, calcário, arenito * 
Ucayali 
Cushabatay 60 - 520 Arenito Transgressivo 
Vivian * Arenito e argilito Fluvial 
Chonta * Arenito, calcário, argilito Marinho raso 
Madre de 
Dios 
Grupo Oriente 
(Aguas Calientes, 
Raya, Cushabatay) 
* 
Arenito, lutito 
Fluvial-estuarino, 
Transgressivo 
Tena * Argilito, arenito e conglomerado Continental 
Vivian * Arenito Marinho raso 
Napo * 
Lutito, calcário e intercalações de arenito e 
lutito 
Marinho raso Oriente 
Hollin * 
Arenito Continental a 
marinho 
* – dados não obtidos 
 
 
4.1.5 Terciário 
 
Durante o Terciário, devido aos esforços tectônicos da região de subducção 
Andina, foi gerada uma grande região deprimida entre o Arco de Purus e a futura 
Cordilheira Andina. Nessa região formou-se um grande lago, o Lago Pebas (Figura 
 38 
4.4 e 4.8), no qual foram depositados sedimentos predominantemente pelíticos em 
ambiente subaquoso tranquilo. 
A salinidade das águas do Lago Pebas parece ter variado ao longo do tempo 
em função de eventos de transgressão e regressão marinha (Wesselingh, 2006). 
Na região subandina, a sequência terciária é formada predominantemente 
por depósitos molássicos argilosos, provenientes da Cordilheira Andina, e 
sedimentos lacustres. Nesta região a sequência cretácea é capeada por cerca de 4 
km de sedimentos terciários. 
Nas bacias brasileiras as camadas terciárias são compostas 
predominantemente por materiais argilo-arenosos com restos de conchas, vegetais 
e camadas de carvão intercaladas, depositados em ambientes lacustres e fluviais 
meandrantes (Eiras, 1994; Cunha, 200; Cordani et al., 2000; Cruz, 1984). Além das 
camadas arenosas, também ocorrem intercaladas às sequências terciárias camadas 
evaporíticas, carbonáticas pelíticas e níveis de linhito. 
Nas Bacias Solimões e Acre as camadas superficiais da sequência terciária 
possuem caráter mais arenoso que o restante da sequência (Eiras, 1994, IBGE, 
2005). 
Os depósitos terciários apresentam-se em uma camada contínua, de 
espessura variável (Figura 4.9), desde o pé do cinturão de falhas dos Andes até o 
Arco de Purus (Figura 4.2), recobrindo os sedimentos cretáceos, com exceção 
apenas da região da Serra do Divisor (Figura 4.6 e 4.3). 
Embora, em termos gerais, o Arco de Purus represente o limite deposicional 
da sequência terciária, mais a Leste nesta região, na calha central da bacia, esta 
formação chega a ultrapassar este limite geológico, estendendo-se continuamente 
por cerca de 60 km na área da Bacia Amazonas. Nesta bacia também são 
encontrados alguns depósitos isolados remanescentes do Terciário em áreas 
próximas ao Arco de Purus. 
Nas bacias subandinas os depósitos terciários estão representados pelas 
Formações Marañón, Iporuro, Pebas, Chambira, Pozo, Yahuarango e nas bacias 
brasileiras, pela Formação Solimões (Anexo A). 
 
 39 
 
 
Figura 4.8 – Formação do Lago Pebas (Mioceno superior) (modificado de Roddaz et al., 2005). 
 
 
4.1.6 Quaternário 
 
Os sedimentos neo-terciários e quaternários depositados nas bacias 
amazônicas são predominantemente argilosos, com espessuras em geral modestas, 
da ordem de até 25 m (Horbe et al., 2007; Rosetti et al., 2004). Devido a sua pouca 
espessura e à natureza semelhante aos depósitos terciários, na presente tese e em 
alguns estudos (Eiras, 1994), estes sedimentos são englobados como pertencentes 
à sequência terciária. 
Estes depósitos são compreendidos pela Formação Içá, na Bacia Solimões, e 
por depósitos quaternários, principalmente de origem fluvial, nas bacias do Acre e 
subandinas. 
Alguns autores não reconhecem a existência da Formação Içá e 
possivelmente, referências sobre camadas arenosas pertencentes a camadas 
superficiais da Formação Solimões (Eiras, 1994; IBGE, 2005) sejam equivalentes à 
Formação Içá, devido à natureza areno-silto-argilosa destes sedimentos (Melo e 
Villas Boas 1993; Maia, 1977), muito semelhante aos sedimentos da Formação 
Solimões (terciária).
 40 
 
 
 
Figura 4.9 – Isópacas do Terciário (modificado de Mossman et al., 1986).
 41 
Tabela 4.2 - Características litológicas principais, espessuras e ambientes deposicionais das formações 
terciárias (IGEMMET, 2001a; Eiras et al., 1994; Canfield, 1982). 
Bacia 
Formações 
Terciárias 
Espessuras Litologia Ambiente 
deposicional 
Amazonas Solimões 0 - 300 Argilitos com intercalações de arenitos Flúvio-lacustre 
Solimões Solimões 300 - 500 Argilitos com intercalações de arenitos Flúvio-lacustre 
Acre 
Solimões 
500 - 2200 
Argilitos com intercalações de arenitos, 
siltitos e evaporitos 
Flúvio-lacustre e 
marinho raso 
Marañon 120 - 100 Areia/arenito 
Pebas 100 - 600 Marga/calcário, arenito, lutitos, siltitos Lagunar, fluvial 
Chambira 
700 – 1600 
Siltitos litificados, rochas argilosas 
interestratificadas com siltitos 
Aluvial, fluvial 
Pozo 80 – 200 Lutitos Marinho 
Marañon/ 
Pastaza 
Yahuarango 900 - 400 Arenitos, siltitos, lutitos * 
Ipururo 700 – 2000 Arenitos e lutitos Aluvial, fluvial 
Chambira * Lutitos litificados com arenitos e anidrita Aluvial, fluvial 
Pozo 80 Lutitos, calcários, arenitos Marino 
Ucayali 
Yahuarango 40 - 1500 Lutitos com intercalações de arenitos * 
Pebas * Argilitos com intercalações de arenitos Lagunar, fluvial 
Chambira * Lutitos litificados, siltitos Aluvial, fluvial 
Pozo * Lutitos Marino 
Madre de 
Dios/Beni 
Yahuarango * Arenitos, siltitos, lutitos litificados * 
Mesa * Areias, argilas, material vulcânico Continental 
Chambira * Conglomerados, areias e argilas Continental 
 
Arajuno * Argilas, arenitos, conglomerados Continental 
Orteguaza * Lutitos Continental 
Oriente 
Tiyuyaco 
* 
Conglomerados, arenitos, arenitos 
argilosos 
Fluvial 
 
 
4.2 PRINCIPAIS GEOESTRUTURAS REGIONAIS 
 
As bacias amazônicas apresentam uma série de geoestruturas que ao longo 
do tempo atuaram no controle e na modelagem dos depósitos sedimentares. Nestes 
processos, os diferentes arcos estruturais possuem grande relevância, constituindo-
se nos principais elementos geoestrutuais das bacias amazônicas (Figura 4.1). 
 Os arcos estruturais formaram-se devido a processos tectônicos queafetaram o embasamento e sofreram reativações ao longo do tempo, aumentando 
sua influência em determinados períodos. 
 
4.2.1 Arco de Iquitos 
O Arco de Iquitos corresponde a uma flexura da placa litosférica em resposta 
à carga orogênica dos Andes, cujo processo de desenvolvimento iniciou-se no 
 42 
Mioceno superior em ambiente subaquático (Roddaz et al., 2005). Este Arco 
representa o limite entre as Bacias do Acre e Solimões e, mais ao Norte, entre as 
Bacias Solimões e Marañón (Brandão et al., 2006; Roddaz et al., 2005). 
O traçado do Arco de Iquitos difere muito nos trabalhos e mapas consultados 
(Barata e Caputo, 2007; Brandão et al., 2006; IGEMMET, 2001b; Encarnación, 
2008). Isto pode estar relacionado ao fato deste arco ter sofrido migração ao longo 
do tempo geológico em virtude do desenvolvimento dos processos tectônicos da 
Cordilheira Andina e, dependendo da referência geológica utilizada por cada autor, 
seu traçado pode não ser coincidente (Salo, 2010; Roddaz et al., 2005) (Figura 
4.10). 
Entre o Mioceno superior e o Plioceno o Arco de Iquitos atuou como uma 
barreira geológica, induzindo a deposição de sedimentos fluviais em seus bordos 
Oeste e Leste, ao passo que em regiões mais afastadas de seu eixo, predominou a 
deposição de sedimentos lacustres (Roddaz et al., 2005). Devido ao deslocamento 
do arco, os sedimentos fluviais depositados em seu flanco Leste (Formação Arena 
Blanca) hoje são encontrados aflorando ao longo de seu eixo (Roddaz et al., 2005). 
Nem todos os arcos estruturais representam áreas mais elevadas 
topograficamente, porém no caso do Arco do Iquitos, tanto o embasamento como a 
superfície topográfica encontraram-se mais elevados. Como consequência, esta 
região foi afetada por processos erosivos que destruíram os registros paleozóicos 
(Roddaz et al., 2005). Atualmente, esta estrutura encontra-se soterrada, e não 
apresenta efeito como barreira geográfica (Rosetti et al., 2004). 
A ocorrência de falhas holocênicas na região do Arco de Iquitos evidenciam 
que este arco ainda hoje encontra-se em processo de ascensão (Roddaz et al., 
2005). 
 
 
 
 
 
 
 43 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.10 – Figuras esquemáticas mostrando o processo de migração do Arco de Iquitos e seus efeitos na 
alteração do sistema de drenagem e geração de falhas e movimentação de blocos. (a) modificado de Roddaz et 
al., 2005 e (b) modificado de Salo, 2010. 
 
 
 
4.2.2 Arco de Purus 
 
O Arco de Purus desenvolveu-se na região de um antigo rifte proterozóico 
(Figura 4.2). Apresenta orientação NW-SE e representa o limite entre as Bacias 
Solimões e Amazonas (Figura 4.1). Este arco manteve-se elevado durante todo o 
Fanerozóico, formando uma barreira deposional ao avanço da sedimentação 
terciária em direção à Bacia Amazonas (Mosmann et al., 1986) (Figura 4.11). Esta 
região passou por um longo período de erosão, quando então instalou-se o sistema 
de drenagem atual, em direção ao Oceano Atlântico (Rossetti et al., 2004). 
 
Sentido de deslocamento 
Arco de Iquitos 
WWWW EEEE 
(a) 
(b) 
Andes 
 44 
 
Figura 4.11 – Perfil litoestratigráfico da área de influência do Arco de Purus (Wanderley et al., 2006) 
 
 
4.2.3 Arco de Carauari 
 
O Arco de Carauari iniciou seu desenvolvimento no Ordoviciano. Representa 
uma geoestrutura elevada, de direção N-S, que subdivide a Bacia Solimões nas 
bacias Juruá, a Leste, e Jandiatuba, a Oeste (Silva et al., 2003; Barata e Caputo, 
2007) (Figura 4.1). 
As relações entre o Arco de Carauari e as estruturas do embasamento Pré-
Cambriano adjacentes sugerem que este arco representa uma antiga sutura de 
colisão de blocos continentais que foi constantemente reativada como consequência 
de interações nos bordos destas placas litosféricas. 
 
4.2.4 Arco de Fitzcarrald 
 
O Arco de Fitzcarrald é uma mega-estrutura localizada ao Sul do Peru que se 
estende a Oeste, em direção ao território brasileiro (Espurt et al., 2007) e atua como 
divisória entre as Bacias Ucayali e Madre de Dios (Figura 4.1). 
O soerguimento do arco de Fitzcarrald é consequência direta da subducção 
da dorsal de Nazca, que afetou as bacias amazônicas a partir de 4 Ma (Espurt et al., 
2007). 
 
 
 
 45 
4.2.5 Arco de Contaya 
 
O Arco de Contaya é o limite geológico entre as Bacias Ucayali e Marañon 
(Figura 4.1). Possui orientação NW-SE e está relacionado a uma inversão de 
antigas falhas normais do Permiano-Triássico e do Paleozóio com processos que 
iniciaram-se durante o Cretáceo superior (Perupetro, 2005). 
 
 
 
 
 46 
5 HIDROGEOLOGIA REGIONAL 
 
Alguns trabalhos de cunho hidrogeológico geral, visando à identificação dos 
grandes sistemas aquíferos mundiais (UNESCO, 2007 e 2009; Margat, 2007) 
indicam a existência do sistema aquífero Amazonas (SAA), localizado na região 
amazônica, na qual a área de estudo está englobada. 
Nestas publicações observa-se que os limites do SAA não são coincidentes 
entre si, evidenciando a necessidade de estudos mais aprofundados para a 
identificação dos bordos do SAA, sua extensão e demais características 
hidrogeológicas (Figura 5.1). 
Na área de estudo a hidrogeologia regional foi muito pouco estudada. Os 
trabalhos hidrogeológicos para esta região têm, em geral, caráter local e foram 
desenvolvidos para alguns municípios onde o uso da água subterrânea constitui-se 
em importante fonte de abastecimento ou onde há interesses econômicos 
envolvidos, como no caso das bacias subandinas, em virtude da exploração 
petrolífera. 
Neste capítulo é apresentado o conhecimento hidrogeológico atual na área 
de estudo. 
 
5.1 EXTENSÃO E LIMITES DO SAA 
 
Levantamentos preliminares realizados pela UNESCO/OEA adotam como a 
área pertencente ao SAA uma extensão contínua que vai desde o Arco de Gurupá 
até o cinturão de falhas pré-Andino, na direção Leste – Oeste e cujos limites Norte-
Sul estendem-se do Sul da Bolívia até o Noroeste da Venezuela, na região 
subandina, e do Cráton das Guianas até o Cráton Brasileiro, em território brasileiro 
(Figura 5.1). Segundo esta publicação, o SAA teria uma extensão total de 
aproximadamente 3,95x106 km2, dos quais 2x106 km2 corresponderiam à Formação 
Alter do Chão e 1,2x106 km2, à Formação Solimões-Içá (UNESCO, 2007 e 2009). 
Segundo Margat (2007), em artigo publicado sobre os maiores aquíferos 
mundiais, os limites do SAA são bem mais restritos que os publicados pela 
UNESCO (2007), englobando uma área total de 1,5x106 km2 (Figuras 2.1 e 5.1). 
Contudo, comparando os limites do SAA nos trabalhos citados (UNESCO, 
2007 e 2009; Margat, 2007) estes diferem somente com relação ao bordo Norte-Sul 
 47 
do SAA na região subandina. Portanto, os bordos do SAA em território brasileiro, 
estão bem definidos e são praticamente coincidentes nos 2 trabalhos (Figura 5.1): 
• bordo Leste - está definido pelo Arco de Gurupá, que limita a Bacia 
Amazonas com a Bacia do Marajó. No trabalho de Margat (2007) esta última 
bacia também seria englobada pelo SAA; 
• bordo Oeste - é definido pelo cinturão de falhas de cavalgamento pré-
andino onde, devido aos movimentos tectônicos a que está sujeita esta 
região, ocorre a compartimentação e desconexão das camadas aquíferas 
(Figura 5.2); 
• bordos Norte e Sul - o SAA está limitado pelo Cráton das Guianas, ao 
Norte, e pelo Cráton Brasileiro, ao Sul. 
 
Dentre os objetivos e desafios desta tese está a identificação dos bordos 
hidrogeológicos do SAA na área de estudo, a determinação de sua extensão, 
subunidades e demais características hidrogeológicas. 
 
5.2 BACIAS DO SAA 
 
Não obstante à escassez de estudos hidrogeológicos na região de estudo, as 
águas subterrâneas vêm sendo utilizadas em várias localidades, o que permitiu a 
identificação de algumas subunidades aquíferas deste sistema, quer seja em escala 
local ou de bacia. 
Segundo a UNESCO (2007, 2009), o SAA é composto por duas subunidades: 
Solimões-Içá e Alterdo Chão. Estas subunidades estão definidas com base na 
ocorrência das Formações homônimas. Nota-se que neste estudo as Formações Içá 
e Solimões são tratadas como uma unidade, e não de forma desmembrada. 
 48 
 
Figura 5.1 – Área do sistema aquífero Amazonas (SAA) segundo UNESCO (2007) e Margat (2007). 
 
A Formação Içá, como já abordado no capítulo 4, item 4.1.6, é uma formação 
de idade neo-Terciária/Quaternária que recobre grande extensão da Planície 
Amazônica brasileira (Figura 4.3). Devido a sua pouca espessura e similaridade com 
os depósitos Terciários da Formação Solimões, muitos autores não a consideram 
como uma unidade individualizada, englobando-a na Formação Solimões. 
A Formação Solimões, com centenas de metros de espessura, de natureza 
predominantemente pelítica, compreende alguns níveis arenosos que compõem seu 
aquífero, o qual é utilizado como fonte de abastecimento local de algumas 
comunidades e indústrias (SIAGAS, 2010; Souza, 2009). 
A Formação Alter do Chão, de idade cretácea, aflora por toda a extensão da 
Bacia Amazonas (Figura 4.1), onde é utilizada como fonte de abastecimento de 
importantes cidades da região, como Manaus (AM) e Santarém (AC). 
 
 
 
 
 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5.2 – Perfis geológicos localizados no bordo Oeste da área de estudo mostrando os deslocamentos verticais causados pelos movimentos tectônicos nesta região e 
desconexões das camadas provocadas pelos falhamentos. (a) localização dos perfis; (b) perfis publicados por Mathalone e Montoya, 1995; (c) perfil publicado por Hermoza, 
2004. 
 
 
 50 
A nomenclatura utilizada para as subunidades aquíferas do SAA nos estudos 
da UNESCO (2007 e 2009), está muito influenciada pela nomenclatura das 
Formações geológicas brasileiras. Este fato provavelmente deve-se ao fato de que o 
maior número de trabalhos publicados sobre as subunidades do SAA são de 
autores brasileiros (Tancredi, 1996; Aguiar et al., 2002; Melo e Marmos, 2006; 
Souza e Verma, 2006; MMA, 2007; Moraes et al., 2007; Silva e Silva, 2007; ANA, 
2009a, dentre outros). 
Em 2005 foi criado o Projeto Gerenciamento Integrado e Sustentável dos 
Recursos Hídricos Transfronteiriços na Bacia do Rio Amazonas (Projeto GEF 
Amazonas), coordenado pela OTCA, PNUMA e OEA, englobando os países: 
Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela (OTCA, 
2006). 
No âmbito deste projeto foram publicados relatórios com a compilação de 
informações sobre a situação das águas subterrâneas nestes países. O relatório 
final brasileiro do Projeto GEF (OTCA, 2006), dentre outros dados, apresenta um 
mapa da área compreendida pelo o SAA em território brasileiro. Neste mapa 
observa-se a existência de cinco sistemas aquíferos na região da bacia amazônica: 
Solimões, Alter do Chão, Barreiras, Boa Vista e Parecis (OTCA, 2006) (Figura 5.3). 
Ainda segundo este relatório da OTCA (2006), o sistema aquífero Alter do 
Chão ocorre na região Leste do Amazonas e Centro-Norte do Pará, ocupando uma 
área de 312.574 km². O sistema aquífero Solimões englobaria todo o Estado do 
Acre e uma faixa no extremo Oeste do Estado do Amazonas (Figura 5.4). Entre 
estes 2 sistemas aquíferos estaria localizada uma extensa área classificada como 
não-aquífera (OTCA, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 51 
 
Figura 5.3 – Principais sistemas aquíferos e identificação das áreas com maior densidade de poços perfurados 
(OTCA, 2006). 
 
Em 2002 a CPRM publicou o mapa de domínios e subdomínios 
hidrogeológicos do Brasil. Neste, a área definida como não-aquífera pelo relatório do 
Projeto GEF (OTCA, 2006) (Figura 5.3) é identificada como área de domínio da 
Formação aquífera Içá (Figura 5.4). 
Nota-se, portanto, além da necessidade de estabelecimentos dos limites do 
SAA na área de estudo e da definição de suas subunidades, a necessidade de 
uniformização das nomenclaturas utilizadas para designar as unidades 
hidrogeológicas. 
Nos itens seguintes será apresentado o estado da arte dos estudos 
hidrogeológicos nas bacias que compõem a área de estudo, ou seja, as Bacias 
Solimões e Acre, em território brasileiro, e as bacias subandinas: Marañón, Ucayali, 
Oriente, Putumayo, Madre de Dios e Beni. Também serão apresentados e 
interpretados dados primários obtidos sobre estas bacias, complementando as 
informações já disponíveis em publicações. 
 
 
 
0 1000 km 
 52 
 
Figura 5.4 – Detalhe do mapa de domínios/subdomínios hidrogeológicos do Brasil, escala 1: 2500000 (CPRM, 
2002). 
 
Este esforço tem como objetivos identificar os bordos hidrogeológicos do SAA 
e de suas subunidades aquíferas e de evidenciar ou refutar a tese de que o SAA 
estende-se de forma hidrogeologicamente contínua ao longo da área de estudo. 
 
5.2.1 Bacias do Acre e Solimões 
 
Neste item serão apresentados os dados disponíveis sobre as subunidades 
aquíferas das Bacias do Acre e Solimões, respeitando-se as áreas de ocorrência e 
nomenclaturas já formalizadas e com as quais se está de acordo. 
 
5.2.1.1 Sistema aquífero Solimões 
 
O sistema aquífero Solimões, englobando também o aquífero Içá, possui a 
mesma distribuição geográfica da Formação homônima, ou seja, estende-se desde 
o Arco de Purus até a Bacia do Acre, inclusive. 
 53 
Este sistema aquífero, de idade Terciária, é formado por camadas de argilitos 
intercalados com camadas de siltitos e arenitos-argilosos. Secundariamente também 
ocorrem intercalações de níveis carbonosos, carbonáticos e evaporíticos (Anexo B). 
As camadas mais arenosas deste sistema constituem seus níveis aquíferos, 
que podem ser livres, semiconfinados ou confinados (SIAGAS, 2010). 
No banco de dados hidrogeológico da CPRM, o SIAGAS, há 322 registros de 
poços de captação localizados na região de domínio do sistema aquífero Solimões 
(Figura 5.5). Estes poços estão distribuídos geograficamente da seguinte forma: 75 
no Estado do Acre, 142 no Estado do Amazonas e 105 no Estado de Rondônia 
(SIAGAS, 15/04/2010). 
Destes 322 poços, 300 são poços tubulares utilizados para abastecimento 
urbano, doméstico e industrial, com profundidades variando entre 2 e 240 m, sendo 
que a grande maioria destes apresenta profundidades entre 40 e 60 m. 
Com relação ao grau de confinamento das camadas explotadas, 151 poços 
são livres, 12 são semiconfinados e 135 são confinados (sem registro de surgência). 
Convém ressaltar que nem todos os poços cadastrados pelo SIAGAS 
possuem dados completos, portanto, nem sempre o resultado das consultas por 
classes totalizam o número de poços em determinado domínio, como no caso da 
consulta sobre o grau de confinamento das camadas explotadas onde 298 poços, 
dentre o total de 322 poços, possuem classificação sobre o grau de confinamento 
da camada explotada. 
No SIAGAS estão cadastrados resultados de testes de bombeamento 
realizados em 193 poços instalados no sistema aquífero Solimões. Segundo estes 
dados, durante os testes de bombeamento foram observados rebaixamentos entre 
0,7 e 60 m, porém na grande maioria dos casos os rebaixamentos variaram entre 5 
e 10 m. As vazões específicas obtidas nestes testes variaram entre 0,4 e 800 
m3/d/m e as vazões estabilizadas ficaram entre 12 e 2700 m3/d, com mediana de 
232 m3/d. Segundo dados do MMA (2007), estima-se uma vazão média de 672 m3/d 
para os poços da Formação Solimões, valor este bem superior à mediana calculada 
a partir dos dados do SIAGAS. 
No SIAGAS também foram encontrados registros de transmissividades e 
espessuras das camadas aquíferas de 4 poços instalados no domínio do sistema 
aquífero Solimões, localizados próximo ao Município de Porto Velho (RO) (Tabela 
 54 
5.1 e Figura 5.5). A partir destes dados foram calculadas as respectivas 
condutividades hidráulicas, obtendo-se valores entre 2,6 e 0,3 m/d (Tabela 5.1). 
 
Tabela 5.1 – Dados de transmissividades e condutividades hidráulicas calculadas para o sistema aquífero 
Solimões em localidadepróxima a Porto Velho (RO) (SIAGAS, 15/04/2010). 
Poço 
Profundidade 
final (m) 
Grau de 
Confinamento 
Surgente 
Transmissividade 
(m2/d) 
Espessura 
(m) 
Condutividade 
hidráulica 
horizontal (m/d) 
1100000220 40 CONFINADO NÃO 5,16 4 1,29 
1100000221 50 CONFINADO NÃO 16,50 10 1,65 
1100000222 40 LIVRE NÃO 2,80 8 0,35 
1100000407 29 CONFINADO NÃO 31,62 12 2,64 
 
 
Em um teste de aquífero realizado na base petrolífera de Urucu (Figura 4.1) 
foram obtidas transmissividades da ordem de 320 m2/d, condutividade hidráulica de 
6,4 m/d e coeficiente de armazenamento de 8x10-4 para o sistema aquífero 
Solimões (Souza, 2009). 
Nesta mesma região foram elaboradas duas seções litoestratigráficas a partir 
de descrições litológicas de poços rasos e profundos (Souza, 2009) (Figura 5.6). 
Através destas observa-se que as camadas aquíferas do sistema Solimões nesta 
região concentram-se principalmente até 100 m de profundidade e que abaixo desta 
profundidade as camadas argilosas tendem a ser mais espessas e contínuas. 
Próximo aos 300 m de profundidade foi identificado o topo da Formação Alter do 
Chão, devido à ocorrência dos arenitos médios a grossos, friáveis e limpos 
característicos desta Formação.
 55 
 
 
Figura 5.5 – Localização de poços de captação do sistema aquífero Solimões (SIAGAS, 15/04/2010, Domus, 2009, base de dados PETROBRAS). 
 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5.6 – Perfis litoestratigráficos na base petrolífera de Urucu (modificado de Souza, 2009). 
 
 
 
 
Detalhe da Base 
Petrolífera de Urucu 
NW 
SE 
NE 
SW 
 57 
A ocorrência de camadas mais arenosas no topo do sistema aquífero 
Solimões e mais argilosas na base não parece ser uma característica local, uma vez 
que na Bacia do Acre o mesmo comportamento é observado nesta subunidade 
(IBGE, 2005). 
Na cidade de Rio Branco (AC) (Figura 4.1) o principal aquífero utilizado é o 
aquífero Rio Branco. Este aquífero é composto por depósitos de terraços fluviais 
(areias finas a médias) da antiga planície de inundação do Rio Acre. Estes depósitos 
ocorrem sobrepostos aos argilitos da Formação Solimões, que nesta localidade 
recebem a designação de argilitos “salão” e são considerados como muito pouco 
permeáveis (Melo Jr. e Marmos, 2006). 
Em 4 testes de bombeamento de poços explotando o aquífero Rio Branco 
foram obtidas transmissividades entre 0,3 e 132 m2/d, coeficientes de 
armazenamento entre 1,0x10-4 e 29x10-4 e condutividades hidráulicas entre 2,5x10-4 
e 16 m/d (Moraes et al., 2007). 
No bordo Sudoeste da área de ocorrência do sistema aquífero Solimões, na 
cidade de Porto Velho (RO) (Figura 4.1), em 3 poços de cerca de 150 m de 
profundidade encontraram-se camadas de cerca de 150 m de espessura de argilas 
da Formação Solimões diretamente sobrepostas ao embasamento alterado, não 
sendo encontradas camadas com potencialidades aquíferas (CPRM, 1999). 
Provavelmente este comportamento se repita ao longo de todo o bordo do SAA com 
as regiões cratônicas, uma vez que esta formação foi depositada em on-lap em 
relação ao embasamento aflorante nas regiões cratônicas. Sendo assim, o contato 
do limite deposicional da formação subjacente, ao seja, da Formação Alter do Chão 
com o embasamento foi capeado pelos espessos pacotes argilosos da Formação 
Solimões. 
 Com relação aos dados hidrogeoquímicos, foram realizadas análises 
químicas e físico-químicas em amostras de água de 20 poços do sistema aquífero 
Solimões localizados na Base Petrolífera de Urucu (Souza, 2009) (Anexo D). 
Analisando-se e graficando-se estes resultados através dos diagramas de Piper 
(Figura 5.7) e de Schoeller-Berkaloff (Figura 5.8) observa-se que: 
1. a temperatura das águas do sistema aquífero Solimões nos poços de 
captação (profundidade de captação entre aproximadamente 10 e 90 m de 
profundidade) é de aproximadamente 28oC, próxima à temperatura superficial 
de cerca de 29oC. 
 58 
2. o pH varia entre 4,57 e 6,41 (mediana: 5,8), portanto são águas ácidas; 
3. a condutividade elétrica varia entre 11,8 e 133,8 µS/cm (mediana: 38 
µS/cm), indicando tratar-se de águas essencialmente doces, embora possam 
apresentar variados graus de mineralização; 
4. estas águas apresentam característica predominantemente 
bicarbonatada sódico-potássica (Figura 5.7 e 5.8); 
5. comparando-se os resultados das análises químicas com as 
profundidades dos poços (Figura 5.8) observa-se que nos poços mais 
profundos as águas adquirirem características cloretadas-sódicas, ou seja, ao 
que parece as águas mais profundas deste sistema aquífero tendem a ser 
mais mineralizadas; 
6. estas águas apresentam concentrações de sílica dissolvida, variando 
entre 8,26 e 62,30 mg/L (mediana: 40 mg/L); 
7. em alguns poços foram obtidas concentrações de ferro total (24mg/L), 
porém a mediana foi de 0,16 mg/L. 
 
Através de perfilagens geofísicas de poços realizadas em 2 poços 
estratigráficos perfurados na base petrolífera de Urucu, STG-01 (Figura 5.9) e STG-
02 (Figura 5.10), foi possível observar tanto variações litológicas como variações 
relativas na qualidade das águas do sistema aquífero Solimões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 59 
 
 
 
 
Figura 5.7 – Diagrama de Piper para as águas do sistema aquífero Solimões em Urucu. 
 
Nestes poços estratigráficos (STG-01 e STG-02) foram adquiridos os 
seguintes tipos de perfis geofísicos: gamma natural (GR), potencial espontâneo (SP) 
e resistência elétrica (SPR) (Souza, 2007 e 2009). 
O perfil gamma natural (GR) indica variações da radioatividade natural. Como 
os minerais de argila apresentam, em geral, concentrações mais elevadas de 
elementos radioativos como o 40K e espécies resultantes do decaimento do 238U, 
234U e 232Th, este tipo de perfil indica indiretamente os teores de argila nas rochas. 
 
 
 
 
 60 
 
Figura 5.8 – Diagrama de Schoeller-Berkaloff para as águas do sistema aquífero Solimões em Urucu e as 
profundidades dos poços amostrados. (Nota: foram plotados somente os resultados com erros analíticos 
inferiores a 6%). 
90m 
92m 
103m 
110m 
41m 
78m 
 Poço Profundidade 
 61 
O perfil potencial espontâneo (SP) registra diferenças do potencial elétrico. 
Este parâmetro pode ser afetado pela porosidade, teor de argila e qualidade química 
das águas (variações de salinidade). Além disso, seus registros são muito 
influenciados pela natureza do fluido de perfuração utilizado. 
O perfil de resistência elétrica (SPR) mede variações da resistência elétrica 
entre o eletrodo em profundidade e a superfície do terreno e indica de forma 
qualitativa variações de litologia, porosidade e qualidade das águas (variações de 
salinidade). Este tipo de perfil é muito afetado por alterações no diâmetro dos poços. 
Observando os perfis geofísicos obtidos em ambos os furos estratigráficos, 
verifica-se que é possível identificar 3 faixas: até cerca de 100 m de profundidade; 
entre cerca de 100 e 270 m de profundidade e abaixo de 270 m de profundidade, 
aproximadamente. 
Na primeira faixa observam-se valores de resistência elétrica bastante 
variáveis, potencial espontâneo constante e registro gamma natural praticamente 
constante em todo o intervalo, apresentando somente uma oscilação mais 
pronunciada entre 80 – 100 m de profundidade. Nesta região as rochas apresentam 
teores variáveis de argila, porém são basicamente areno-argilosas. O grau de 
mineralização das águas contidas neste intervalo deve variar, porém devem ser 
águas essencialmente doces. 
Na segunda faixa os teores de argila aumentam acentuadamente em relação 
à região superior, porém mantém-se praticamente constante em todo o intervalo. O 
mesmo comportamento é observado em relação ao perfil SPR, indicando litologia 
quase que homogênea e possivelmente uma maior mineralização das águas neste 
intervalo, corroborado pelo deslocamento do perfil SP para a direita, principalmente 
em direçãoà base do intervalo. 
Na terceira faixa observa-se um deslocamento acentuado do perfil GR para a 
esquerda e aumento da resistência elétrica, indicando mudança para uma litologia 
muito mais arenosa (areias limpas). A inversão do SP, ficando mais à direita do 
perfil GR, pode indicar uma região de águas mais mineralizadas. 
A análise dos perfis geofísicos de poço confirma a predominância de 
camadas mais argilosas na base do sistema aquífero Solimões e, provavelmente, a 
existência de águas mais mineralizadas nesta região, ainda que provavelmente 
situem-se na classe de águas doces. 
 62 
 
Figura 5.9 – Perfis geofísicos e litológicos do poço estratigráfico STG-01 perfurado em Urucu (Souza, 2007). 
Faixa 1 
Faixa 2 
Faixa 3 
 63 
 
Figura 5.10 – Perfis geofísicos e litológicos do poço estratigráfico STG-02 perfurado em Urucu (Souza, 2009). 
 
Faixa 1 
Faixa 2 
Faixa 3 
 64 
Por haver dados hidroquímicos somente para a região de Urucu, não foi 
possível a realização de comparações entre as águas de Urucu e as de outras 
regiões deste extenso sistema aquífero. No entanto, como se sabe que as águas 
deste sistema são utilizadas para abastecimento humano em outros locais, supõe-
se que sejam águas doces e de características não-objetáveis. 
 
5.2.1.2 Sistema aquífero Alter do Chão 
 
O sistema aquífero Alter do Chão ou simplesmente aquífero Alter do Chão, 
como citado na maioria dos trabalhos publicados, é aflorante em sua área de 
ocorrência, compreendida entre os Arcos de Purus e Gurupá (Figura 4.1). 
Este aquífero é extensivamente utilizado para abastecimento nas cidades de 
Manaus (AM) e Santarém (PA). 
Segundo Aguiar et al. (2002), o sistema aquífero Alter do Chão na cidade de 
Manaus é predominante arenoso, composto por quatro fácies sedimentares: 
argilosa, areno-argilosa, arenosa e “arenito Manaus”. O “arenito Manaus” é uma 
denominação local para níveis arenosos cimentados por sílica e que algumas vezes 
funciona como nível confinante (Souza e Verma, 2006). 
O nível freático em Manaus encontra-se próximo à superfície, chegando 
inclusive a aflorar em algumas localidades (Souza e Verma, 2006; Silva e Silva, 
2007). 
As águas do sistema aquífero Alter do Chão em Manaus, cidades vizinhas e 
também em Santarém (Tancredi, 1986), são águas ácidas, moles, de caráter 
predominantemente cloretadas sódico-potássicas podendo, contudo, apresentar 
localmente característica bicarbonatado-cloretado potássico-sódico. 
Uma vez que este sistema aquífero encontra-se fora dos limites da área de 
estudo, este não será tratado com maior detalhe nesta tese. Contudo, como este 
aquífero também foi estudado para efeitos de conhecimento durante a elaboração 
desta tese, no Anexo E é apresentado um resumo do estado da arte sobre este 
aquífero. 
 
 
 
 
 65 
5.2.1.3 Camadas aquíferas cretáceas na área de estudo 
 
A partir de perfurações para a exploração petrolífera realizadas nas Bacias 
Solimões e Acre sabe-se da existência de espessos pacotes arenosos, de idade 
cretácea, imediatamente subjacentes aos depósitos Terciários da Formação 
Solimões. 
Na Bacia Solimões tais depósitos são identificados como pertencentes à 
Formação Alter do Chão, enquanto que na Bacia do Acre são identificados como 
pertencentes às Formações Divisor e Môa (capítulo 4). 
Embora na área petrolífera a continuidade da Formação Alter do Chão em 
subsuperfície, ao longo da Bacia Solimões seja a muito conhecida, na área de 
hidrogeólogica este tema ainda não havia sido abordado e, provavelmente, até 
desconhecido por alguns autores. 
 Devido a isso, há pouca informação hidrogeológica disponível, tendo sido 
necessária árdua pesquisa para levantamento de dados e interpretação para gerar 
novas informações. 
Uma vez que a extensão das camadas aquíferas cretáceas a Oeste do Arco 
de Purus não possui nomenclatura própria, para facilitar a redação e a identificação 
destas sequências, a partir deste momento estas serão referidas nesta tese como 
sistema aquífero Tikuna (SAT). 
O sistema aquífero Tikuna é capeado pelo sistema aquífero Solimões em 
praticamente toda a sua extensão, excetuando-se apenas duas regiões: a zona do 
cinturão de falhas subandinas e a Serra do Divisor (Figura 4.1). 
Na zona de falhas subandinas as camadas cretáceas sofreram grande 
movimentação vertical, sendo expostas em algumas regiões (Figura 5.2). 
Na Serra do Divisor, devido à falha do Batã, as camadas cretáceas foram 
expostas (Figura 4.6). Nesta região há um antigo poço surgente conhecido 
localmente de “Buraco da Central”. Embora não se tenha mais detalhes sobre esta 
perfuração, sabe-se que a mesma não deve ser muito profunda e que foi realizada 
por volta da década de 1930-1940 para obtenção de água para funcionamento de 
uma caldeira (Figura 5.11). 
A existência deste poço em regime de surgência indica a condição de 
confinamento ao qual estão submetidas as camadas do sistema aquífero Tikuna 
nesta região. Pelas fotografias tomadas no “Buraco da Central” observa-se que a 
 66 
piezometria neste poço é praticamente igual ao nível da água do Rio Môa (Figura 
5.11) 
 
 
 
 
Figura 5.11 – Fotografias do “Buraco da Central”, Serra do Divisor (Fontes: Google Earth em 02/03/201 e 
http://expedicaoparquesnacionais.com.br). 
 
Para o sistema aquífero Tikuna na base petrolífera de Urucu foram obtidos os 
seguintes dados: níveis piezométricos de 2 poços (P-A e P-B) (Tabela 5.2), 
resultados de ensaios de injeção de 7 poços (P-A, B, C, D, E, F, G) (Figura 5.12) e 
resultados de análises químicas e físico-químicas da água de formação para 3 
poços (P-A, P-B e P-O) (Tabela 5.3). A partir destes dados foram calculadas as 
transmissividades e condutividades hidráulicas para o sistema aquífero Tikuna nesta 
região (Tabela 5.4). 
A surgência observada nos poços P-A e P-B indica que nesta região, assim 
como na região próxima à Serra do Divisor, o sistema aquífero Tikuna encontra-se 
sob regime de confinamento pelas camadas argilosas da base do sistema aquífero 
Solimões. 
Os valores das transmissividades obtidas variam entre 3 e 11,6 m2/d. Neste 
conjunto de resultados foi obtido um valor anômalo de transmissividade (P-C) de 
306 m2/d. Este valor mais alto pode ser devido a descontinuidades, como falhas e 
fraturas, uma vez que as potências das camadas não variam de modo expressivo. 
As condutividades hidráulicas calculadas variaram entre 0,01 e 0,07 m/d, 
sendo obtido o valor de 1,55 m/d para o poço P-C. 
 
Rio 
Môa 
 67 
Do ponto de vista hidrogeoquímico, as águas do sistema aquífero Tikuna na 
região da base petrolífera de Urucu são águas relativamente neutras a levemente 
ácidas e salobras (Tabela 5.3 e Figura 5.12). 
O desenvolvimento numérico para o cálculo das transmissividades e 
condutividades hidráulicas é apresentado no Anexo F. 
Tabela 5.2 – Cotas piezométricas do sistema aquífero Tikuna - base petrolífera de Urucu, Bacia Solimões. 
 
 
Tabela 5.3 – Características hidrogeoquímicas das águas do sistema aquífero Tikuna na base petrolífera de 
Urucu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 5.4 – Parâmetros hidráulicos calculados para o sistema aquífero Tikuna a partir dos 
resultados dos ensaios de injeção. 
COTA PROFUNDIDADE T b K 
POÇO 
(msnm) (m) (m 2/d) (m) (m/d) 
P-A 
65,3 -500 8 187 0,044 
P-B 
69,9 -528 6 185 0,034 
P-C 
64,7 -509 306 197 1,553 
P-D 
62,8 -483 8 165 0,048 
P-E 
68,2 -523 11 176 0,066 
P-F 
62,6 -513 10 172 0,061 
P-G 
66 -668 3 333 0,009 
 
Com base nos perfis geofísicos dos poços estratigráficos STG-01 e STG-02 
(Figuras 5.9 e 5.10) perfurados na base petrolífera de Urucu (Souza, 2007 e 2009) 
foram estimadas as salinidades do topo do sistema aquífero Tikuna utilizando-se o 
método de Archie. 
Obteve-se, segundo este método, que as salinidades no topo do sistema 
aquífero Tikuna devem variar entre 1500 a 3400 mg/L no STG-01 e entre 1000 e 
POÇOS 
COTA DE 
SURGÊNCIA 
(m) 
PRESSÃO NA 
CABEÇA DO POÇO(psi) 
ALTURA 
POTENCIOMÉTRICA 
MÍNIMA (m) 
ALTURA 
POTENCIOMÉTRICA 
MÍNIMA 
(água doce) (m) 
P-A 65,33 3,5 psi (2,49m) 67,82 68,26 
P-B 69,87 0 69,87 70,34 
Água de Formação 
pH Salinidade 
(mg/L NaCl) 
Concentração 
Mg++ (mg/L) 
Concentração 
Ca++ (mg/L) 
P- A 6,5 5330 315 200 
P- B 7,1 6140 194 200 
P- O 7,0 8250 40 520 
 68 
2000 mg/L no STG-02. Explicações sobre o método de Archie e o desenvolvimento 
numérico para o cálculo da salinidade estão no Anexo G. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5.12 – Localização dos poços utilizados nos ensaios de injeção e do poço de observação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5.13 – Localização dos poços surgentes P-A e P-B. 
 
 7,5 km 
 
 
 
Salinidade 
8 g/L 
Salinidade 
5 g/L 
Salinidade 
 6 g/L 
68,2 m 
70,3 m 
 69 
5.2.2 Bacias subandinas 
 
Dados hidrogeológicos são bastante escassos para as bacias subandinas, 
principalmente para as camadas mais rasas. Contudo, para as camadas cretáceas, 
por estas constituírem-se nos maiores reservatórios de petróleo destas bacias, foi 
possível obter alguns dados hidrogeológicos a partir de estudos petrolíferos (Smith, 
1989; Mathalone e Montoya, 1995; Daimi, 2008; Pluspetrol, 2009; Canfield, 1982; 
Yinfu et al., 2010; Rakhit, 2002). 
Para os aquíferos rasos das bacias subandinas foram obtidos somente dados 
de 3 poços localizados na Província de Loreto, Bacia Marañón/Pastaza (Peru). 
Estes poços captam água da Formação Nauta (Mioceno) em condições de aquífero 
livre, a profundidades variando entre 1,26 e 42m (Domus, 2009) (Tabela 5.5). Nesta 
região as águas possuem caráter fortemente básico, são pouco a moderadamente 
mineralizadas, apresentando condutividades elétricas entre 114 e 187 µS/cm 
(Tabela 5.6) (Domus, 2009). 
 
 
Tabela 5.5 – Dados de poços de captação na Bacia Marañón-Pastaza (Domus, 2009) 
Coordenadas 
Poço 
Diâmetro 
(m) 
Nível da 
água 
(msnm) 
Uso 
Este Norte 
A1 2 117 doméstico -3,329680 -75,171864 
B1 2 122 doméstico -1,523158 -75,141456 
C1 2 208 doméstico -3,327645 -75,153800 
 
 
 
Tabela 5.6 – Características físico-químicas e químicas das águas da Formação Nauta na província de Loreto 
– Peru (Bacia Marañón/Pastaza) (Domus, 2009). 
Cátions (mg/L) 
Poço Data 
CE 
(µS/cm) 
pH 
Ca Mg Na K Sr Zn Hg Sn Pb 
A1 24.11.08 187 8,5 16,5 4,8 10,5 2,3 0.097 0.012 0.0006 0.004 0.012 
B1 29.11.08 114,3 9,83 7,2 3,9 5,7 1,9 0.137 0.137 0.0006 0.004 0.010 
C1 23.11.08 181,4 8,7 19,6 2,2 8,3 4 0.153 0.010 0.0006 0.004 0.010 
 
 
Especificamente para a Bolívia foram obtidos poucos dados hidrogeológicos, 
uma vez que, segundo a OTCA (2007) os estudos hidrogeológicos nesta região 
ainda não atingiram níveis para estabelecer quantificações em escala nacional 
(OTCA, 2007). Contudo, estudos preliminares já foram desenvolvidos, uma vez que 
 70 
há uma base cartográfica hidrogeológica nacional na qual o país é dividido em 
províncias hidrogeológicas e zonas de magnitudes de recarga (Figuras 5.14 e 5.15) 
 
 
Figura 5.14 - Mapa de províncias hidrogeológicas para a Bolívia (Crespo e Mattos, 2000). 
 
A área de estudo engloba somente o extremo Norte da Bolívia (Bacia Madre 
de Dios e região Norte da Bacia Beni), onde predomina a província hidrogeológica 
Vertiente Amazonas, ocorrendo também uma pequena área pertencente à província 
Escudo Central (Figura 5.14). 
 71 
A característica fundamental que define a província hidrogeológica Vertiente 
Amazonas é que é formada por espessas camadas horizontais a subhorizontais de 
depósitos continentais (OTCA, 2007). 
A província Escudo Central é caracterizada por afloramentos das rochas pré-
Cambrianas (rochas graníticas e metamórficas intensamente dobradas). Não 
apresenta aquíferos contínuos e sua circulação se limita às fissuras ou regiões 
fortemente fraturadas, além de zonas intemperizadas. Nestas zonas, o 
intemperismo tropical produz a caulinização e laterização dos granitos, gerando 
algumas vezes aquíferos suspensos nas zonas de lateritas (OTCA, 2007). 
 
 
Figura 5.15 – Mapa de magnitudes de zonas de recarga para a Bolívia (OTCA, 2007). 
 72 
Na figura 5.15 vê-se uma tentativa de integração de dados hidrogeológicos 
entre Bolívia, Brasil, Peru e Paraguai, com a indicação da possível continuidade ou 
conexão entre a província hidrogeológica Vertiente Amazonas e o sistema aquífero 
Solimões. 
Para a Colômbia, também já foi realizado um estudo hidrogeológico 
preliminar, com a elaboração de base cartográfica hidrogeológica, ainda que a 
mesma não seja oficial (OTCA, 2007b) (Figura 5.16). 
Segundo esta base cartográfica, na área de estudo ocorre a zona do Caguán-
Vaupés-Amazonas. Esta zona ainda não foi alvo de estudos e constitui-se em uma 
zona onde a exploração de recursos hídricos subterrâneos é muito pequena, devido 
à grande disponibilidade de recursos hídricos superficiais de boa qualidade (OTCA, 
2007b). 
Na Bacia Putumayo (Colômbia) são conhecidas algumas unidades aquíferas 
locais desenvolvidas em rochas sedimentares de ambiente continental, sedimentos 
arenosos e conglomeráticos pouco cimentados, com porosidade primária, 
permeabilidade moderada a baixa e qualidade por vezes afetada pela presença de 
ferro (OTCA, 2007b). 
No Equador os recursos hídricos subterrâneos, conforme citado no relatório 
da OTCA (2006b), são pouco estudados de modo geral em todo seu território sendo 
este desconhecimento maior na região amazônica, justificado pelo fato do 
abastecimento ser realizado através dos mananciais superficiais, muito abundantes 
na região (OTCA, 2006b). 
Em estudo desenvolvido por Smith (1989) para a área de petróleo sobre a 
variação de salinidade das Formações cretáceas Hollin e Napo na Bacia Oriente 
(Equador), este autor concluiu haver três direções de fluxo neste estrato (Figura 
5.17): 
• fluxos verticais ascendentes - as águas doces da camada cretácea 
basal (Formação Hollin) seriam responsáveis pela redução da 
salinidade das camadas superiores, sendo as primeiras recarregadas 
através de água meteórica nas áreas úmidas e elevadas localizadas a 
Oeste (Figura 5.17); 
 
 73 
 
Figura 5.16 – Mapa não-oficial de zonas hidrogeológicas para a Colômbia (OTCA, 2007b). 
 
• fluxos para Leste – associados ao adelgaçamento e desaparecimento 
das camadas argilosas na mesma direção; resulta na mistura das 
águas das várias camadas das formações cretáceas (Figura 5.17 e 
5.18); 
• fluxos para Oeste – são fluxos superficiais que embora o autor não 
tenha explicado como e de onde provêm; seriam também 
responsáveis pelo decréscimo de salinidade das formações cretácicas 
mais rasas (Figura 5.18). 
 
 
 74 
 
Figura 5.17 – Seção litoestratigráfica da Bacia Oriente (modificado de Smith, 1989). 
 
 
 
Nas bacias subandinas, as camadas cretáceas, devido ao interesse 
exploratório petrolífero foram alvo de vários estudos que, embora não tenham sido 
desenvolvidos com o objetivo hidrogeológico, aportam importantes informações de 
caráter hidrogeológico como: parâmetros hidráulicos (porosidade, permeabilidade, 
pressão) e físico-químicos (temperatura e salinidade) dos reservatórios. Estes dados 
foram resumidos na tabela 5.6. 
 
 75 
 
Figura 5.18 – Modelo de circulação das águas nas camadas cretácicas da Bacia Oriente ( modificado de Smith, 1989). 
 
 
 76 
Tabela 5.7 – Compilação de parâmetros hidrogeológicos para os reservatórios cretáceos das bacias 
subandinas. 
Referência 
Bacia/Formação Porosidade 
(%) 
Permeabilidade 
intrínseca 
Condutividade 
hidráulica (**) 
Salinidade 
Yinfu et al, 2010 
Marañón/Cushabatay 
12 - 25 
19,74x10-3 a 
1974,00x10-3 µm2 
0,017 a 1,67 
m/d 
 
Marañón-Ucayali-Madre de 
Dios/Cushabatay 10 - 22 
moderada a boa 
Marañón-Ucayali-Madre de 
Dios/Agua caliente 25 
negligenciável a 
1000 md 
negligenciável a 
0,8 m/d 
<1000 mg/L 
Marañón-Ucayali-Madre de 
Dios/Chonta 21 - 23 
> 1000 md 
(horizontal)> 0,8 m/d 
(horizontal) 
 
Mathalone e 
Montoya, 1995 
Marañón-Ucayali-Madre de 
Dios/Vivian 19 (média) 
> 1000 md > 0,8 m/d 
 
<1000 mg/L 
(Ucayali) 
 
Yinfu et al, 2010 
Oriente/Hollin 
12 - 25 
19,74x10-3 a 
1974,00x10-3 µm2 
0,017 a 1,67 
m/d 
 
Oriente/Hollin 16,5 500md 0,4m/d 1100 mg/L 
Oriente/Napo “T” 
12 – 23 
(média: 15%) 
1,6 – 1500md 
300md (média) 
0,25 m/d (média) 17400 mg/L 
Oriente/Napo “U” 12,5 – 26 
(média 18%) 
520md (média) 0,43 m/d (média) 222000 mg/L 
Canfield, 1982 (*) 
Oriente/Tena 23 
(mais comum: 
18%) 
220md (média) 0,18 m/d (média) 
(*) Campo petrolífero Sacha (**) conversões: 1md = 8,346 x 10-4 m/d; 1 µm2 = 0,847 m/d para água doce a temperatura ambiente. 
 
Recentemente obteve-se acesso a um estudo hidrogeológico realizado na 
Bacia Marañón (Rakiht, 2002) a partir do qual foi possível agregar à tese mais dados 
de salinidade das águas das camadas cretáceas. Segundo tais dados as salinidades 
destas águas das camadas cretáceas na Bacia Marañón são, em termos gerais, 
maiores do que as conhecidas na Bacia Solimões, chegando a atingir 
concentrações de 200 g/L (Figura 6.7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 77 
 
 
Figura 5.19 – Dados de salinidade das águas das camadas cretáceas na Bacia Solimões e nas bacias subandinas: Putumayo Oriente, Marañón, Ucayali. 
 78 
Em termos gerais, as camadas cretáceas das bacias subandinas apresentam 
permeabilidades e porosidades relativamente elevadas, formando bons 
reservatórios. Suas águas podem variar entre salobras e salgadas, chegando 
inclusive a formar salmouras. 
Embora neste capítulo tenha sido possível agregar bastante conhecimento 
hidrogeológico para a área de estudo, as informações hidrogeológicas disponíveis 
não foram suficientes para o estabelecimento de relações de continuidade e/ou 
conexão entre as unidades aquíferas nas distintas bacias estudadas. 
Por outro lado, alguns autores citam que algumas bacias dentre as estudadas 
são bacias contínuas geologicamente, ou seja, que as formações de uma bacia 
prolongam-se através de bacias vizinhas, como por exemplo: 
• a Bacia Oriente (Equador) seria contígua às Bacias Putumayo 
(Colômbia) e Marañón (Peru) (Smith, 1989; Mathalone e Montoya, 
1995); 
• as Bacias Jandiatuba (sub-bacia Oeste da Bacia Solimões), Acre e 
Pastaza-Marañón seriam estruturalmente contínuas (Liandrat, 1992). 
 
Desta forma, assim como é provável a continuidade geológica entre as bacias 
estudadas, também é possível que haja certo grau de conexão ou continuidade 
hidrogeológica entre as mesmas. Esta possibilidade será analisada em maior 
detalhe no capítulo 6 onde, através da integração dos dados hidrogeológicos 
apresentados neste capítulo com dados litoestratigráficos, geoestruturais, perfis 
sísmicos e outros dados disponíveis, a hipótese de continuidade hidrogeológica 
poderá ser mais bem avaliada. 
 79 
6 METODOLOGIA 
 
Em função da natureza, distribuição e quantidade de dados disponíveis, da 
inexistência de estudos hidrogeológicos regionais prévios e das peculiaridades da 
área de estudo, a metodologia utilizada necessitou ser desenvolvida paralelamente 
ao próprio avanço da tese. 
Contudo, foi aproveitada a experiência de estudos realizados em outros 
grandes sistemas aquíferos como, por exemplo, aqueles desenvolvidos para: a 
Grande Bacia Artesiana (Austrália), o sistema aquífero de Núbia (África), o sistema 
aquífero do Noroeste do Saara (África), o sistema aquífero do Leste da Arábia 
Saudita e o aquífero do Delta do Niger (Nigéria). 
A tese foi desenvolvida em sete etapas principais (Figura 6.1): 
1. Compilação, organização, tratamento, integração e interpretação de 
dados; 
2. Definição das subunidades hidrogeoestratigráficas presentes na área 
de estudo; 
3. Delimitação das subunidades hidrogeoestratigráficas; 
4. Proposição de modelo de fluxo conceitual para a área de estudo; 
5. Elaboração de modelo numérico de fluxo do SAA na área de estudo; 
6. Interpretação e verificação dos resultados obtidos. 
 
A etapa 1 é uma etapa inicial básica em qualquer estudo. Nesta, ressaltam-se 
as atividades de compilação e interpretação de dados como as mais desafiadoras, 
em virtude dos poucos dados hidrogeológicos existentes para a área. 
A etapa 2 foi essencial para a delimitação do SAA na área de estudo, 
desenvolvida na etapa 3. 
A etapa 4 constituiu na materialização do conjunto de informações geradas 
através do modelo hidrogeológico de fluxo e que fundamentou as bases sobre as 
quais foram desenvolvidas as duas últimas etapas de elaboração do modelo 
numérico de fluxo e interpretação de seus resultados, o que permitiu o entendimento 
e análise do funcionamento do SAA e especialmente do SAT. 
 
 
 
 80 
 
Figura 6.1 – Fluxograma da metodologia adotada no desenvolvimento da tese. 
 81 
6.1 COMPILAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE DADOS 
 
Nesta etapa foram compilados dados de diversas áreas temáticas 
(hidrogeologia, estratigrafia, palinologia, geofísica, climatologia, hidrologia, perfis 
litológicos de poços, hidrogeoquímica, imagens de satélite, etc.) que visavam os 
mais variados objetivos e apresentavam-se em diversos formatos e escalas. 
Devido a tal variabilidade, os dados tiveram que passar por uma fase de 
tratamento que consistiu, no caso de dados espaciais, na compatibilização de 
escala, transformação de formatos através do código Global Mapper, elaboração de 
mosaicos das imagens de satélite e interpolação de dados (krigagem) através do 
código SURFER. Uma vez analisados e tratados, os dados foram integrados em um 
mesmo ambiente, o sistema de informações geográficas (GIS) ARCGIS 9.1. 
Nesta tese foram utilizadas as imagens SRTM 3 arc-segundos, com 
resolução de 90 m, obtidas livremente através da página eletrônica da USGS 
(http://www.usgs.gov), para a elaboração do modelo digital do terreno (MDT). 
Os resultados desta etapa são apresentados nos capítulos 2, 3, 4 e 5 da 
tese. 
 
6.2 DEFINIÇÃO DAS SUBUNIDADES HIDROGEOESTRATIGRÁFICAS DA ÁREA DE ESTUDO 
 
Através da consulta de publicações e da análise de dados geológicos e 
hidrogeológicos compatibilizados e integrados em ambiente GIS, foi iniciada a fase 
de identificação das subunidades hidrogeoestratigráficas da área de estudo. 
Nesta etapa observou-se que, semelhantemente a outros estudos 
hidrogeológicos regionais de grandes bacias (Welsh, 2000; Rivard et al., 2008; 
Ophori, 2007), as subunidades hidrogeoestratigráficas do SAA eram equivalentes às 
unidades geológicas existentes na área. 
Para a análise destas subunidades hidrogeoestratigráficas ao longo de toda a 
área de estudo, procedeu-se primeiramente à análise integrada das colunas 
geológicas das bacias presentes na área de estudo, similarmente à metodologia 
utilizada por Welsh (2000) no estudo da Grande Bacia Artesiana Australiana e por 
Bebes et al. (2002) no estudo do sistema aquífero do Nordeste do Saara. Como 
resultado, foi elaborada uma coluna geológica sintética, contemplando todas as 
bacias sedimentares estudadas. Esta parte do estudo está descrito em detalhe no 
 82 
capítulo 7, item 7.2.1, e a coluna geológica sintética elaborada é apresentada na 
Figura 7.1 deste mesmo capítulo. 
Posteriormente à análise integrada das colunas geológicas das bacias 
estudadas e à elaboração da coluna geológica sintética destas bacias, passou-se a 
uma fase de maior detalhamento, com a discretização das colunas litológicas dos 
poços profundos obtidos para a área de estudo e áreas circunvizinhas, identificando-
se nestes perfis as subunidades hidrogeoestrigráficas definidas. 
Foram analisados cerca de 300 perfis litológicos de poços profundos além de 
perfis sísmicos, perfis geológicos e dados de afloramento, totalizando cerca de 600 
pontos de informação analisados e resultando na elaboração de uma série de perfis 
das subunidades hidrogeoestratigráficas em várias direções. 
Através dos perfis elaborados foi possível a visualizaçãoda geometria e da 
relação espacial entre as subunidades hidrogeoestratigráficas definidas e sua 
continuidade lateral. Esta fase do estudo encontra-se descrita nos itens 7.2.2 a 
7.2.5, capítulo 7 da tese. Na figura 7.4 é apresentado o bloco diagrama 
tridimensional esquemático composto por perfis longitudinais e transversais das 
subunidades hidrogeoestratigráficas da porção Oeste do SAA. 
Os perfis obtidos foram comparados aos perfis geológicos e sísmicos de 
outros estudos, sendo observada grande semelhança entre eles. Esta análise 
comparativa serviu de suporte para a avaliação da adequabilidade da interpolação 
por krigagem utilizada para a obtenção do topo e base das camadas das 
subunidades hidrogeoestratigráficas. 
Esta etapa resultou na consolidação das subunidades hidroestratigráficas 
definidas para a área de estudo: o sistema aquífero Solimões e o sistema aquífero 
Tikuna. Descrições pormenorizadas destas subunidades são apresentadas no 
capítulo 7, itens 7.2.6 e 7.2.7 da tese. 
 
6.3 DEFINIÇÃO DOS BORDOS HIDROGEOLÓGICOS 
 
Os bordos hidrogeológicos das subunidades hidrogeoestratigráficas foram 
definidos através de limites naturais geológicos e hidrogeológicos como: contatos 
com sequências litológicas de muito baixa condutividade hidráulica, limites 
deposicionais, regiões de possível desconexão hidráulica das camadas aquíferas e 
divisórias regionais de fluxo de água subterrânea. 
 83 
A definição dos bordos hidrogeológicos físicos e hidráulicos citados foi 
essencial para a delimitação da área pertencente a cada uma das subunidades 
hidrogeoestratigráficas e permitiu, juntamente com outros dados, a proposição do 
modelo conceitual de fluxo para a área e, a partir deste, a elaboração do modelo 
numérico de fluxo. 
O contato basal do sistema aquífero Tikuna com rochas de muito baixa 
condutividade hidráulica (embasamento cristalino, espessos corpos de diabásio e 
sequências sedimentares paleozóicas e eo-mesozóicas constituídas por depósitos 
carbonáticos finos, evaporitos e folhelhos) definiu a base do SAA. 
Grande parte dos limites Norte e Sul do SAS e SAT, foram definidos através 
do contato destas subunidades hidrogeoestratigráficas com o embasamento 
cristalino o qual aflora nas áreas cratônicas do Escudo das Guianas e do Escudo 
Brasileiro (Figura 1.1). O preceito de que diferenças de duas ordens ou mais de 
magnitude na condutividade hidráulica de duas unidades adjacentes é suficiente 
para definir um bordo de fluxo nulo entre elas (Freeze e Witherspoon, 1967; 
Neuman e Witherspoon, 1969), foi utilizado para a definição destes limites 
hidrogeológicos. 
Os limites hidrogeológicos Norte e Sul das subunidades hidroestratigráficas 
foi complementado pela existência de duas divisórias de fluxo regionais que, em 
conjunto com os bordos cratônicos, definem toda extensão dos bordos Norte e Sul 
da porção Oeste do SAA (Figura 8.6). Tais divisórias foram definidas através 
traçado manual do mapa piezométrico do aquífero Solimões elaborado a partir de 
dados de níveis estáticos de poços e de pontos de controle localizados nos 
principais rios que drenam o aquífero na área. Detalhes sobre a elaboração do 
mapa piezométrico são apresentados no item 7.2.6, capítulo 7 da tese. 
Divisórias de fluxo definem limites hidrogeológicos físicos, uma vez que a 
partir delas o fluxo é divergente e, portanto, não há fluxo cruzando esta fronteira 
hidráulica (Figura 6.2). 
É importante ressaltar que os limites deposicionais do SAT em subsuperfície 
não são coincidentes com os do SAS, conforme se pode observar na figura 1.1, 
capítulo 1 desta tese. Os limites do SAS ultrapassam e recobrem completamente as 
camadas do SAT a Norte e Sul na área de estudo. Consequentemente, a área do 
SAT é inferior à área do SAS (Figura 1.1). 
 
 84 
 
Figura 6.2 – Figura esquemática de uma divisória de fluxo e sua condição de contorno de fluxo 
(modificado de Anderson e Woessner, 1992). 
 
 
O limite hidrogeológico do SAA a Oeste é definido pelo cinturão de falhas 
subandinas. Nesta região, devido aos movimentos tectônicos relacionados à zona 
de subducção da Placa Sul America, as camadas aquíferas sofreram fragmentação 
e compartimentação, resultando na desconexão hidráulica destas. A figura 5.2, 
capítulo 5, mostra vários perfis englobando esta região, nos quais se observa a 
compartimentação das camadas aquíferas estudadas devido ao tectonismo andino. 
O grande deslocamento sofrido pelas camadas aquíferas no bordo Oeste, 
colocaram as camadas aquíferas em contato com rochas muito pouco permeáveis 
que formam a base do SAA e definem o limite hidrogeológico do SAA a Oeste. Além 
disso, foram responsáveis pela exposição de porções do SAT que possuem grande 
importância hidrogeológica por tratar-se de suas principais áreas de recarga. 
O bordo Leste do SAS é definido pelo próprio limite deposicional desta 
subunidade, localizado nas vizinhanças do Arco de Purus. Este limite também foi 
definido como sendo o limite Leste da área de estudo e, consequentemente, o SAT 
também é estudado somente até esta região. A partir deste limite o SAT passa a ser 
aflorante e recebe a designação de aquífero Alter do Chão. 
 
 
 85 
6.4 MODELO CONCEITUAL DE FLUXO REGIONAL 
 
A integração e interpretação dos dados geológicos e hidrogeológicos obtidos, 
juntamente à observação da configuração geométrica da bacia e de suas 
subunidades hidrogeoestratigráficas, permitiram a proposição de um modelo 
conceitual de fluxo regional para o SAA na área de estudo. 
Neste modelo estão representadas as principais feições hidrogeológicas que, 
conforme os dados disponíveis e interpretações realizadas, poderiam atuar 
regionalmente no controle e delineação do fluxo de água subterrânea neste sistema. 
Um modelo conceitual é uma interpretação do sistema de fluxo da água 
subterrânea, o qual incorpora todos os dados geológicos, hidrogeológicos e 
hidrológicos disponíveis em simplificados bloco-diagramas ou seções (Anderson e 
Woessner, 1992). 
O modelo conceitual é uma ferramenta essencial nos estudos de sistemas de 
fluxo subterrâneo e que, quando se busca a elaboração de um modelo numérico de 
fluxo, funciona como uma ferramenta de conexão que traduz o sistema de fluxo do 
mundo real em um sistema de fluxo para o modelo numérico. Os modelos conceitual 
são elaborados em praticamente todos os estudos hidrogeológicos, quer sua 
apresentação final seja de forma mais ou menos elaborada (Figura 6.3). 
Na figura 8.1, capítulo 8 da tese, é apresentado o bloco-diagrama 3D do 
modelo conceitual de fluxo proposto para a área de estudo. Neste modelo conceitual 
estão integradas as feições controladoras de fluxo mais importantes da área: a zona 
do cinturão de falhas subandinas, os arcos estruturais e as áreas de afloramento do 
SAT. Além disso, embora não se encontrem fisicamente representados no modelo, 
para a sua elaboração também foram utilizados os dados piezométricos e 
hidrogeoquímicos disponíveis, além dos dados geológicos das subunidades 
hidrogeoestratigráficas. 
A sintetização e representação do problema estudado, ou seja, a dinâmica do 
SAA através do modelo conceitual de fluxo permitiu a organização e espacialização 
integrada em 3D dos dados disponíveis, determinando assim as dimensões e a 
distribuição espacial dos vários componentes hidrogeológicos do fluxo para a 
elaboração do modelo numérico (Figura 6.4). 
 
 
 86 
6.5 MODELO NUMÉRICO DE FLUXO REGIONAL 
 
O modelo numérico de fluxo foi essencial para a análise do funcionamento do 
sistema aquífero Tikuna. 
Segundo Moore (1989), os dados requeridos para a elaboração de um 
modelo numérico são: 
• Mapa geológico e seções geológicas que revelem a geometria, 
extensão e bordas do sistema; 
• Mapa topográfico com os corpos de água superficiais e divisórias de 
fluxo; 
• Modelo digital de elevação; 
• Mapa da geometria das camadas aquíferas e seções verticaisdestas; 
• Mapa de isópacas das camadas aquíferas; 
• Mapa piezométrico dos aquíferos; 
• Níveis das massas de água superficiais e taxas de descarga; 
• Parâmetros hidráulicos dos aquíferos (condutividade hidráulica, 
transmissividade, coeficiente de armazenamento); 
• Informações sobre camadas colmatantes; 
• Distribuição temporal e espacial das taxas de evapotranspiração, de 
recarga, interação água subterrânea-água superficial, extração de 
água subterrânea e descargas naturais. 
 
Nesta etapa de desenvolvimento da tese, a maioria das informações citadas 
por Moore (1989) para a elaboração de um modelo numérico já haviam sido 
compiladas, tratadas, analisas e integradas através do banco de dados GIS 
elaborado e também através do bloco diagrama 3D do modelo de fluxo conceitual. 
Além destas informações, também foram obtidos dados hidrogeoquímicos que, 
embora não tenham sido em grande quantidade, colaboraram para a elaboração do 
modelo numérico de fluxo. Em virtude dos escassos dados disponíveis, não houve a 
intenção de se estudar o fluxo de massa na porção Oeste do SAA neste momento. 
 87 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6.3 – Exemplos de modelos conceituais pictóricos elaborados para alguns dos grandes sistemas aquíferos mundiais. (a) Modelo conceitual do 
sistema aquífero de Núbia (Sefelnars, 2007, adaptado de Salem e Pallas, 2004 e Bakhbakhi, 2006); (b) Modelo conceitual do sistema aquífero da 
Grande Bacia Australiana (Welsh, 2006, adaptado de GABCC, 1998); (c) Modelo conceitual do sistema aquífero do NW do Saara (Kinzelbach et al., 
2004) e (d) modelo conceitual do Extremo Leste da Bacia Rand, África do Sul (Vivier e Wiethoeff, 2006). 
 (a) 
(b) 
(c) 
 
(d) (c) 
 88 
 
Figura 6.4 – Esquema mostrando a passagem de um modelo hidrogeológico de fluxo 
conceitual para um modelo numérico de fluxo (modificado de Sefelnars, 2007). 
 
O modelo numérico foi desenvolvido levando-se em conta o princípio da 
parcimônia: deveria ser um modelo conciso, mas que ao mesmo tempo 
representasse o mais precisamente e coerentemente possível o sistema de fluxo 
regional de água subterrânea na área. 
Sendo assim, o modelo numérico de fluxo foi elaborado através do código de 
diferenças finitas Visual ModFlow (VMFlow), em três dimensões (3D), com três 
camadas, em estado estacionário, densidade homogênea (água doce) e células 
regulares de 10 x 10 km, cobrindo uma área de células ativas de aproximadamente 
de 2x106 km2. 
Por tratar-se de um modelo numérico de fluxo em estado estacionário, 
variações ao longo do tempo não foram analisadas. Supõe-se que o sistema esteja 
em estado estacionário em função de não haver explotações deste na área de 
estudo e que as mudanças hidráulicas induzidas por mudanças climáticas ao longo 
do tempo geológico já influenciam o sistema ou o afetam muito pouco. 
 89 
Segundo recente publicação de revisão de modelos numéricos de fluxo 
regionais (Zhou e Li, 2011), o MODFLOW tornou-se o código industrial padrão em 
todo o mundo para modelagem hidrogeológica devido à sua flexibilidade, cobertura 
ampla dos processos hidrogeológicos e ao fato de ser de livre acesso. Além disso, o 
desenvolvimento de amigáveis interfaces gráficas para o MODFLOW, desenvolvidas 
a partir de 1990, facilitou ainda mais o uso deste código, sendo as interfaces mais 
utilizadas Processing Modflow (Chiang e Kinzelbach, 2001), Visual Modflow 
(Waterloo Hydrogeological, 2001), Groundwater Modeling Systems (GMS) (Brigham 
Young University, Environmental Modeling Research Brigham Young University 
Environmental Modeling Research Laboratory, 2000), e Groundwater Vista 
(Rumbaugh e Rumbaugh, 2005). 
Ainda segundo Zhou e Li (2011), os modelos típicos de sistemas aquíferos 
regionais desenvolvidos cobriram áreas de dezenas a milhares de quilômetros 
quadrados, nos quais foram simuladas entre dois a dez camadas aquíferas com 
espaçamento de células variando entre 6 e 25 km. Portanto, a malha utilizada no 
modelo numérico elaborado está entre o intervalo de espaçamento de células 
geralmente utilizado. 
As três camadas do modelo numérico de fluxo elaborado representam, do 
topo para a base, a subdivisão interna do sistema aquífero Solimões em aquífero 
Solimões (camada 1) e aquitardo (camada 2) e a terceira e última camada 
representa o sistema aquífero Tikuna. 
 
6.5.1 Condições de contorno 
 
As condições de contorno externas de fluxo do modelo numérico foram 
definidas de acordo com os bordos hidrogeológicos identificados nas etapas 
anteriores. 
 
6.5.1.1 Condição de contorno tipo 1: Condição de Dirichlet (nível prescrito) 
 
O preceito fundamental para a utilização da condição de contorno de Dirichlet 
é que independente do fluxo de entrada e saída, o nível piezométrico seja invariável 
(Delleur, 1999). 
 90 
Esta condição de contorno foi utilizada nas células que compõem o bordo 
Leste das camadas 1 e 3 (aquífero Solimões e SAT). 
 Os níveis prescritos inseridos nestas células da camada 1 foram obtidos 
através de seu mapa piezométrico. Aliás, toda a camada 1, não somente seu bordo 
Leste recebeu a condição de contorno do tipo 1, sendo seus níveis definidos em 
função do mapa piezométrico elaborado para o aquífero Solimões, como se acaba 
de comentar. No item 8.2.7 do capítulo 8 da tese são encontradas explicações mais 
detalhadas sobre a definição da condição de contorno imposta para a camada 1. A 
definição de níveis prescritos para toda esta camada foi uma solução utilizada em 
vários estudos de grandes bacias, principalmente onde havia o interesse de 
simulação de níveis aquíferos específicos, como nos trabalhos desenvolvidos por 
Ophori (2007) para a região do Delta do Rio Nilo (Nigéria) e por Welsh (2000) para a 
Grande Bacia Artesiana (Austrália). 
Para a camada 3 (SAT), os níveis prescritos foram obtidos através dos níveis 
de água dos principais rios conectados, imediatamente quando este passa a ser 
aflorante. A utilização desta condição para o seu bordo Leste somente foi possível 
devido ao fato de que neste bordo se considera que o SAT apresenta continuidade 
hidráulica com o sistema hídrico superficial, da mesma forma que ocorria com o 
aquífero Solimões, conforme explicado no item 7.1 do capítulo 7 desta tese. 
Para a região de afloramento da camada 3, uma vez que não foi possível 
obter-se dados piezométricos para esta região, também foi utilizada a condição de 
contorno tipo 1, através da extrapolação dos níveis piezométricos obtidos para a 
camada 1. 
 
6.5.1.2 Condição de contorno tipo 2: Condição de Neumann (fluxo prescrito) 
 
Neste tipo de condição de contorno externa de fluxo, sua utilização implica 
em que independentemente das condições de fluxo internas do sistema, o fluxo 
através do bordo externo é fixado por condições externas e permanece inalterado 
através do controle desta condição (Delleur, 1999). 
Para os bordos hidrogeológicos: contato com o embasamento, desconexão 
das camadas (que ocorre na região da zona de falhas subandinas), e divisórias 
regionais de fluxo (Figura 6.2), foi definida a condição de contorno do tipo 2 
(condição de Neumann) com fluxo nulo (células inativas). Esta condição foi então 
 91 
atribuída aos bordos Norte, Sul e Oeste das 3 camadas do modelo numérico de 
fluxo e também para o bordo Leste da camada 2 (aquitardo), em virtude de o fluxo 
nesta camada ser essencialmente vertical. 
No contato com o embasamento poderia haver entrada de água lateralmente 
para a camada 3 devido, por exemplo, à possível existência de zonas de alteração. 
Contudo, algumas observações importantes podem ser realizadas em relação à 
condição da camada 3 em relação à possíveis fluxos laterais: 
1. esta camada encontra-se totalmente capeada pelas camadas 1 e 2 
do SAS; 
2. encontra-se a uma profundidade de, no mínimo, 500 m sendo 
capeada por uma espessura de cerca de 250 m do aquitardo basal do 
SAS; 
3. dista horizontalmentedo bordo cratônico aflorante entre cerca de 50 e 
180 km; 
4. a região apresenta uma topografia que favorece o fluxo longitudinal na 
bacia; 
5. a existência do aquitardo limita fortemente o fluxo vertical 
descendente. 
 
Na região da zona de falhas subandinas a geomorfologia da região (Figura 
8.8), composta por bacias compartimentadas e de geometria paralela à direção 
Norte-Sul, limita o aporte de fluxos de água transversalmente, ou seja, desde a 
região de cordilheira para a região subandina. 
Portanto, considera-se que a condição de fluxo definida para este bordo seja 
adequada diante das condições naturalmente encontradas nesta região. 
 
6.5.2 Parâmetros hidráulicos 
 
Com a inserção de níveis prescritos baseados no mapa piezométrico do 
aquífero Solimões para toda a camada 1, os parâmetros hidráulicos inseridos no 
código numérico para esta camada não foram utilizados durante as simulações. 
Estes serviram somente como preenchimento de requisitos para que o código 
pudesse ser processado e gerasse os resultados para a camada 3, exceto quando 
 92 
do cálculo dos tempos de residência, onde os dados de porosidade são requeridos 
para o processamento de tais cálculos. 
Os parâmetros hidráulicos da camada 3 foram definidos com base nos dados 
de ensaios locais e em suas características litoestratigráficas. Em virtude das 
camadas do sistema aquífero Tikuna constituírem os reservatórios petrolíferos das 
bacias subandinas (Bacias Marañón, Ucayali, Oriente, Putumayo, Madre de Dios e 
Beni), várias publicações aportaram importantes dados de parâmetros hidráulicos 
para esta subunidade (Tabela 5.7). Nas bacias brasileiras foram utilizados 
principalmente os dados de ensaios de injeção realizados na área da Província de 
Urucu (Bacia Solimões), conforme detalhado nos itens 5.2.1.2 e 5.2.1.3 e Anexo F 
desta tese. 
Os valores de condutividades hidráulicas obtidas para as bacias subandinas 
apresentam mesma ordem de grandeza das obtidas na Bacia Solimões, o que 
possibilitou a definição de uma camada horizontalmente isotrópica, porém 
verticalmente anisótropa, em função de suas estratificações. 
Na região do bordo Oeste da área de estudo (cinturão de falhas subandinas) 
e em áreas menos elevadas, localizadas nas circunvizinhanças da Serra do Divisor, 
ocorrem áreas de afloramento do SAT. Nestas regiões, as camadas 1 e 2 do 
modelo numérico receberam os mesmos atributos dos parâmetros hidráulicos da 
camada 3 (SAT), simulando o afloramento desta camada nestas áreas (Figura 6.4). 
Além disso, em função dos esforços tectônicos aos quais estas regiões foram e 
estão submetidas e à consequente existência de falhas e fraturas, nestas áreas o 
SAT é representado como uma camada isotrópica onde a condutividade hidráulica 
vertical recebeu o mesmo valor da condutividade hidráulica horizontal, devido ao 
maior favorecimento da percolação vertical em virtude da existência destas 
estruturas. Uma discussão detalhada sobre esta condição de contorno é encontrada 
no item 8.3.4, capítulo 8 desta tese. 
Certamente quanto mais dados e quanto melhor distribuídos forem os 
mesmos por toda a área, melhores serão os resultados e mais realistas tornar-se-ão 
os resultados dos modelos numéricos de fluxo. Contudo, a mesma limitação com 
relação à quantidade, distribuição e, em alguns casos, confiabilidade e erros 
associados aos parâmetros hidráulicos utilizados nesta tese foram também 
observados em estudos desenvolvidos em outras grandes bacias, como a Grande 
Bacia Artesiana (Austrália) (Welsh, 2000), o sistema aquífero de Núbia (África) 
 93 
(Sefelnars, 2007), o sistema aquífero do Nordeste do Saara (África) (Bebes et al., 
2002) e muitos outros. 
Para enfrentar uma situação de grande variabilidade de condutividades 
hidráulicas e concentração de dados em regiões específicas, Sefelnars (2007) 
recorreu à interpolação por krigagem dos valores de condutividades hidráulicas 
obtidas localmente no estudo regional que este desenvolveu para o sistema aquífero 
de Núbia (África). Com relação ao SAT, no entanto, os valores de condutividades 
hidráulicas nas bacias subandinas e na bacia Solimões são praticamente iguais, 
indicando, possivelmente, que se trata de uma subunidade praticamente 
homogênea com relação às suas condutividades hidráulicas horizontais. 
Da mesma forma é importante ressaltar a influência do fator de escala nos 
valores finais dos parâmetros hidráulicos de modelos numéricos regionais, 
resultando em valores maiores do que aqueles obtidos localmente, o que ocorre na 
maioria dos casos de aquíferos regionais modelados numericamente. 
Com o desenvolvimento do modelo numérico de fluxo viu-se a conveniência 
de fixar os níveis da camada 1 (aquífero Solimões) e portanto, poderia haver sido 
suficiente o desenvolvimento de um modelo numérico de 2 camadas (aquitardo 
sobre aquífero confinado), porém mostra-se no capítulo 9, item 9.3.4, a equivalência 
entre ambos. A inserção de níveis prescritos para a primeira camada do modelo 
numérico simplificou e provavelmente reduziu os erros que poderiam advir das 
grandes dúvidas em relação às condições de precipitação, evapotranspiração e 
infiltração nesta vasta região, permitindo a elaboração de um modelo mais robusto e 
com menores incertezas. 
A porção Oeste da região amazônica é pobremente conhecida em termos 
climáticos. As famosas torres de aquisição de dados climáticos do Programa LBA - 
Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, sob coordenação 
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto Nacional de 
Pesquisas da Amazônia (INPA) são 14, sendo que somente uma está instalada na 
região de estudo, localizada em São Gabriel da Cachoeira (MCT, 2011). Para esta 
porção da Amazônia os dados climáticos/meteorológicos disponíveis são dados de 
satélite, os quais infelizmente não encontram-se processados e seria necessário um 
estudo regional específico para o tratamento, integração, interpretação e 
disponibilização destes dados para que os mesmos pudessem ser utilizados. 
 
 94 
6.5.3 Calibração 
 
A calibração das simulações realizadas foi realizada manualmente através do 
método de tentativas. Os pontos de referência utilizados para a calibração foram os 
dois pontos de piezometrias conhecidas para o sistema aquífero Tikuna, localizados 
na Província de Urucu. A descrição destes pontos e do processo de obtenção dos 
níveis piezométricos dos mesmos está detalhada no item 5.2.1.3, capítulo 5 desta 
tese. 
É importante ressaltar que embora estes dois pontos tenham sido os pontos 
de calibração, a cada simulação realizada toda a extensão da área de estudo era 
analisada em relação às variações advindas das mudanças nos valores dos 
parâmetros inseridos, embora as observações sobre toda a região não tenham 
descritas textualmente, o qual focou nos pontos de calibração dos poços P-A e P-B 
(item 5.2.1.3, capítulo 5). 
Análises de sensibilidade do modelo elaborado foram realizadas em relação 
aos parâmetros hidráulicos e a outras condições específicas (item 8.5, capítulo 8). 
Através destas análises observou-se que o modelo é bastante robusto e muito 
sensível às variações das condutividades hidráulicas verticais atribuídas ao 
aquitardo e também à existência da Serra do Divisor. 
 
6.5.4 Verificação dos resultados obtidos 
 
Como muito pouco se conhecia sobre a dinâmica do SAT, a interpretação 
dos resultados obtidos foi inicialmente limitada e inclusive, a primeira reação foi de 
incredulidade nos resultados obtidos. 
Em função da descrença inicial nos resultados obtidos foi iniciada uma fase 
direcionada de busca de dados para regiões específicas onde os resultados 
pareciam ser menos confiáveis ou incorretos. 
Três principais feições controladoras de fluxo foram analisadas em detalhe: 
• a divisória interna parcial de fluxo do SAT (Figura 7.13); 
• a região de descarga da Serra do Divisor e áreas circunvizinhas(Figura 7.13); 
 95 
• a área de sobrepressão localizada na porção centro-norte do SAT 
(Figura 7.14). 
 
Os resultados desta fase, no entanto, foram surpreendentes. Com relação à 
divisória interna parcial de fluxo do SAT, verificou-se que em outros dois estudos, 
um realizado para a Bacia Oriente - Equador (Smith, 1989) e outro para a Bacia 
Marañón - Peru (Rakiht, 2002), foi identificada uma recarga ao SAT proveniente de 
Leste. 
Através do GIS foram sobrepostos os mapas e seções gerados pelos estudos 
citados com o resultado obtido pelo modelo numérico de fluxo. Observou-se através 
desta sobreposição que as zonas de recarga identificadas nestes estudos 
encontram-se localizadas exatamente onde está a divisória de fluxo obtida através 
do modelo numérico, a qual também se constitui em uma área de recarga do 
sistema. 
Convém ressaltar que ambos os estudos citados foram realizados para fins 
de exploração petrolífera e contaram com mais dados para estas bacias do que os 
dados utilizados nesta tese. Contudo, os resultados obtidos foram coincidentes. 
Sobre a região de descarga localizada na Serra do Divisor e áreas 
circunvizinhas, foram encontradas várias indicações da existência de inúmeras 
fontes e cascatas localizadas nesta região, indicando tratar-se de uma região de 
descarga. Para esta região também se obteve a informação da existência de um 
antigo furo de sondagem a partir de onde ascende um fluxo contínuo de água, 
conhecido localmente como o “Buraco da Central”. Este dado indica o estado de 
confinamento sob o qual o SAT encontra-se nesta região, coincidentemente com o 
resultado do modelo numérico de fluxo. 
A identificação de uma área de sobrepressão do SAT em relação ao aquífero 
Solimões de cerca de 100 m, foi sem dúvida o resultado obtido considerado menos 
crível. Em função deste fato, foram pesquisados os registros de poços petrolíferos 
profundos localizados nesta região, encontrando-se o registro de enormes pressões 
de fluido na base da camada cretácica nesta área. Conhecendo-se a magnitude da 
exploração petrolífera e de seus equipamentos, sabe-se que se realmente não 
fossem diferenças de pressões muito apreciáveis, como as encontradas como 
resultado do modelo numérico de fluxo, este registro não haveria se quer sido 
realizado. 
 96 
7 O SAA E SUAS SUBUNIDADES AQUÍFERAS NA ÁREA DE EST UDO 
 
Neste capítulo alcançou-se uma visão abrangente da hidrogeologia regional 
através da integração e reinterpretação conjunta dos dados hidrogeológicos, 
hidrológicos e geoestratigráficos, o que permitiu a identificação e delimitação das 
subunidades hidrogeoestratigráficas do SAA em sua porção Oeste. 
 
7.1 SUBUNIDADES HIDROGEOESTRATIGRÁFICAS DO SAA 
 
Conforme apresentado no capítulo 5, especialmente nas seções 5.1 e 5.2, 
necessitavam ser identificados os limites, as subunidades e as geometrias do SAA 
na área de estudo. Em função disso procedeu-se a uma análise integrada dos 
aspectos geoestratigráficos da área sob uma abordagem hidrogeoestratigráfica. 
Neste processo foram enfocados primeiramente os aspectos em escala de bacia e, 
posteriormente, em escala de poço, o que permitiu a validação da estrutura 
hidrogeoestratigráfica proposta para o SAA em escala de maior detalhe do que a da 
escala proposta para o estudo (escala regional). 
 
7.1.1 Integração das colunas geológicas das bacias estudadas 
 
A integração das colunas geológicas das bacias sedimentares englobadas 
pela área de estudo foi o primeiro passo para a identificação do prolongamento do 
SAA através das bacias subandinas e para a identificação de suas subunidades 
hidrogeoestratigráficas. 
Afortunadamente, devido à existência de estudos estratigráficos que 
integraram as colunas geológicas das bacias Marañón, Ucayali e Madre de 
Dios/Beni (Mathalone e Montoya, 1995), utilizaram-se estes trabalhos como ponto 
de partida, agregrando-se a estes as colunas geológicas das demais bacias 
estudadas: Oriente, Putumayo, Acre e Solimões. Para isto foram consultados 
estudos de correlação das unidades geoestratigráficas destas bacias (Cunha, 2007; 
Mathalone e Montoya, 1995). 
 
 
 97 
 
 
 
Figura 7.1 – Coluna estratigráfica generalizada das bacias sedimentares que compõem a porção Oeste do SAA 
(baseada em Encarnación, 2008; Rakhit, 2002; Cunha, 2007). 
 
 
Observou-se que nas bacias estudadas, em escala regional e independente 
dos ambientes e processos deposicionais atuantes em cada uma, havia a 
predominância de determinados tipos litológicos dentro de um mesmo intervalo 
temporal. 
Durante o Terciário as camadas depositadas são formadas essencialmente 
por sedimentos pelíticos, embora os depósitos do Terciário superior apresentem 
tendência a serem mais arenosos (Bacias Solimões, Acre e Oriente) ou 
 98 
conglomeráticos (Bacias Putumayo, Marañón, Ucayali e Madre de Dios) do que os 
mais antigos. Em termos de ambiente deposicional, as sequências Terciárias foram 
depositadas em ambientes que variam entre o fluvial meandrante e o lagunar. 
Nas Bacias Putumayo e Oriente observa-se estratos de idade oligo-eocênica 
mais arenosos e conglomeráticos, embora não seja a litologia predominante, que é 
argilosa. 
As camadas terciárias foram depositadas em discordância com as camadas 
cretáceas, estas últimas constituídas por espessas camadas arenosas intercaladas 
com argilitos e, mais raramente, conglomerados. Assim como as camadas terciárias, 
as camadas cretáceas mantém sua característica predominantemente arenosa ao 
longo das bacias, demonstrando homogeneidade em termos regionais. Seu 
ambiente deposicional varia do fluvial com barras, a Leste, a marinho raso, a Oeste, 
sendo encontradas algumas intercalações de rochas carbonáticas nesta sequência 
nas Bacias do Acre, Oriente e Putumayo. 
As sequências mais antigas, eo-mesozóicas e paleozóicas, são formadas por 
rochas vulcanoclásticas (Bacia Putumayo), rochas ígneas intrusivas (Bacia 
Solimões) e extrusivas (Bacia do Acre), rochas carbonáticas, folhelhos e evaporitos, 
possuindo muito baixa capacidade como reservatório, porém apresentando grande 
importância hidrogeológica, uma vez que definem a base sobre a qual se 
desenvolveu o SAA na área de estudo. 
Tais observações permitiram direcionar o trabalho para o estudo das 
camadas hidrogeoestratigráficas de forma semelhante ao que já havia sido 
observado nas Bacias do Acre e Solimões: um sistema aquífero superior, Terciário e 
de caráter areno-argiloso a argilo-arenoso; um sistema aquífero subjacente ao 
primeiro, cretácico, predominantemente arenoso e provavelmente confinado pelo 
primeiro; e subjacente a este último, a base do sistema aquífero. 
Contudo, devido às inúmeras estratificações das unidades terciárias e 
cretáceas, era necessária a simplificação das mesmas, reduzindo-se o número de 
camadas a serem representadas na próxima etapa do estudo, que era a observação 
da geometria, distribuição e relação entre as subunidades hidrogeoestratigráficas 
identificadas. 
 
 
 
 99 
7.1.2 Generalização de perfis litológicos de poços profundos 
 
Foram generalizados os perfis litoestratigráficos dos cerca de 300 poços 
profundos localizados na área de estudo (Figura 7.2 e 7.3). 
Durante este processo de generalização, observou-se que havia uma 
mudança muito nítida entre a sequência litológica do Terciário e do Cretáceo, e 
também desta última com relação aos depósitos Mesozóicos mais antigos e 
Paleozóicos. 
Desta forma, o modelo proposto para o SAA nesta escala de observação 
também se sustentava. 
Através desta observação pôde-se, agora com mais confiança, afirmar que 
na área de estudo as unidades geológicas eram equivalente às subunidades 
hidrogeoestratigráficas. 
O sistema aquífero superior, o sistema aquífero Solimões (SAS), apesar de 
seu nome, engloba várias outras formações geológicas além da Formação 
Solimões, encontrada nas Bacias do Acre e Solimões. 
O sistema aquíferosubjacente ao SAS recebeu a denominação de sistema 
aquífero Tikuna (SAT), em homenagem à tribo indígena Tikuna que habita ao longo 
das margens do Rio Solimões, principal rio da área de estudo. 
Uma vez de posse dos perfis litológicos de poço generalizados, estes foram 
integrados a outros 300 pontos de informação compilados para esta região. A partir 
destes dados foi então elaborado o modelo geológico 3D das subunidades 
hidrogeoestratigráficas (Figura 7.4). 
 
 100 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7.2 – Perfil litoestratigráfico de poço profundo e exemplo de generalização realizada. 
 
 
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 101 
 
Figura 7.3 – Distribuição dos cerca de 300 perfis litológicos de poços profundos utilizados para a elaboração 
de seções estratigráficas na área de estudo. 
 
7.1.3 Elaboração de seções hidrogeoestratigráficas sintéticas 
 
A elaboração das seções hidrogeoestratigráficas sintéticas através do 
programa Visual Groundwater 3.0 permitiu a visualização em 3D das relações 
espaciais entre as subunidades hidrogeoestratigráficas, suas geometrias e, 
principalmente, a verificação da continuidade espacial destas ao longo das bacias 
(Figura 7.4). 
Embora o Visual Groundwater 3.0 seja bastante limitado, cumpriu com o 
objetivo proposto de elaboração das seções hidrogeoestratigráficas sintéticas ao 
longo a área de estudo. 
Através do modelo geológico 3D de seções transversais (Figura 7.4), 
observa-se que, independentemente dos limites geológicos definidos entre as 
bacias, tanto o SAS como o SAT prolongam-se através das mesmas, até atingir a 
região do cinturão de falhas subandinas. Portanto, neste caso os limites geológicos 
definidos para as bacias sedimentares da área de estudo não coincidem com os 
limites hidrogeológicos. 
 102 
 
Figura 7.4 – Diagrama esquemático 3D de seções litoestratigráficas da área de estudo. 
 
 103 
Através das seções hidrogeoestratigráficas elaboradas observa-se que o SAS 
sofre grande adelgaçamento na região do Arco de Iquitos. Na região da Serra do 
Divisor esta sequência é totalmente ausente embora um pouco mais a Oeste, nas 
proximidades do cinturão de falhas subandinas, o SAS sofre pronunciado 
espessamento. 
O SAT, por sua vez, é contínuo ao longo da área de estudo, e também sofre 
efeitos de espessamento, em virtude do tectonismo atuante no extremo Oeste da 
área embora seja menos expressivo que o sofrido pelo SAT. 
A Norte e a Sul da área de estudo o SAS prolongam-se além dos limites 
deposicionais do SAT, recobrindo completamente este último e parte dos bordos 
cratônicos. 
Em recente estudo estratigráfico realizado por Wanderley-Filho et al. (2010) 
(Figura 4.2) também foi observada a continuidade das sequências terciárias e 
cretáceas que compõem respectivamente, o SAS e o SAT, na área de estudo. 
Os resultados obtidos nesta etapa foram comparados com perfis 
litoestratigráficos e seções sísmicas obtidas em publicações de livre acesso e de 
acesso restrito, observando-se boa similaridade entre as seções 
hidrogeoestratigráficas sintéticas elaboradas e as seções sísmicas e 
litoestratigráficas de publicações. 
Nos próximos itens serão sumarizados e analisados os principais aspectos 
hidrogeológicos do SAS e do SAT. Tal análise serviu de base para a elaboração do 
modelo conceitual e numérico de fluxo do SAA, descritos no capítulo 8. 
 
7.2 SISTEMA AQUÍFERO SOLIMÕES 
 
O sistema aquífero Solimões (SAS) compõe a subunidade 
hidrogeoestratigráfica mais rasa do SAA. Engloba as camadas sedimentares 
terciárias e quaternárias da área de estudo que se estendem por uma área de cerca 
de 2x106 km2 e verticalmente até 300m de profundidade, em média. 
As maiores espessuras do SAS são encontradas no bordo Oeste da área de 
estudo, podendo atingir alguns poucos quilômetros de espessura. Em direção a 
Leste este sistema vai afinando até desaparecer nas proximidades do Arco de 
Purus. 
 104 
A Norte e a Sul, o SAS se estende até os bordos cratônicos, recobrindo-os 
parcialmente. 
Em função do aumento da freqüência, espessura e continuidade das 
camadas essencialmente argilosas do SAS, este sistema aquífero é considerado 
como sendo composto por um aquífero superior, livre, de espessura média de 
aproximadamente 50 m, o aquífero Solimões, e por um aquitardo basal de cerca de 
250 m de espessura média. 
O aquífero Solimões é composto por camadas predominantemente areno-
argilosas, intercaladas com camadas argilosas e siltosas. Embora sua espessura 
média seja de 50 m, este pode atingir espessuras de até aproximadamente 150 m 
em algumas áreas. Nos modelos regionais elaborados sua espessura foi adotada 
como sendo a espessura média, constante ao longo de sua área de ocorrência. 
A área de estudo é entrecortada por inúmeros rios, igarapés e lagos. Estudos 
sedimentológicos de seus rios mais importantes, como o Solimões, Japurá, Purus, 
Juruá, Madeira e Içá mostram que, ao contrário do que em geral se observa com 
relação à gradação granulométrica dos sedimentos de fundo dos rios (sedimentos 
mais grossos a montante e mais finos à jusante), no caso dos rios amazônicos 
sedimentos arenosos são encontrados em toda a sua extensão (Nordin et al., 1981; 
Strasser, 2002). 
A profundidade da calhas dos principais rios amazônicos varia entre 50 e 
25m de profundidade, aproximadamente igual à espessura média do aquífero 
Solimões. 
Na figura 7.6 é apresentado o mapa piezométrico regional do aquífero 
Solimões. Este mapa foi elaborado a partir de dados de níveis estáticos de poços e 
de pontos de controle localizados nos principais rios da região (Figuras 7.5). 
Os níveis estáticos dos poços foram obtidos através do banco de dados da 
CPRM/SIAGAS, de acesso público, do banco de dados privado da empresa 
PETROBRAS (dados da Base Petrolífera de Urucu) e também através de 
publicações. 
As elevações (nível d’água dos rios) dos pontos de controle foram obtidas a 
partir das imagens SRTM 3 arc-segundos. Sua utilização complementarmente aos 
dados piezométricos foi de grande importância e permitiu, juntamente com dados 
topográficos e da malha hidrográfica, o traçado dos contornos das curvas 
piezométricas do aquífero Solimões. 
 105 
 
Figura 7.5 – Pontos de nível estático conhecido utilizado para elaboração do mapa piezométrico do aquífero Solimões. 
 
 106 
A utilização dos níveis d’água dos rios como pontos de controle foi possível 
somente em função da continuidade hidráulica que se atribuiu ao aquífero Solimões 
e às massas de água superficiais, devido à natureza arenosa de seus sedimentos 
de fundo. 
O mapa piezométrico do aquífero Solimões mostra que os fluxos regionais de 
água subterrânea na área desenvolvem-se de Oeste para Leste (Figura 7.6). 
Contudo, devido à profundidade das calhas dos rios serem praticamente igual à 
espessura média do aquífero Solimões, os rios compartimentam este grande 
sistema aquífero, resultando em um conjunto de sistemas de fluxo de caráter local e 
subregional. Devido a isto, este aquífero deve apresentar numerosas áreas de 
descarga locais, além de estar submetido a descargas através de processos de 
evapotranspiração em áreas onde o nível freático encontra-se mais próximo à 
superfície. 
No bordo Leste da área de estudo está localizada a área de descarga final do 
aquífero Solimões, que alimenta os inúmeros rios e igarapés e também o sistema 
aquífero Tikuna, que passa a ser aflorante e a constituir o aquífero Alter do Chão. 
Os maiores gradientes hidráulicos do aquífero Solimões estão localizados na 
porção mais a Oeste e são controlados pela densa rede hidrográficasuperficial e 
pela topografia mais inclinada da região do bordo pré-andino. Nas regiões mais 
planas observa-se a relação efluente dos rios em relação ao aquífero Solimões 
(descarga do aquífero para os rios) (Figura 7.6). 
A partir do mapa piezométrico regional do aquífero Solimões foi possível 
traçar duas divisórias de fluxo, uma a Norte e outra a Sul da área de estudo (Figura 
7.6). Tais divisórias, juntamente com os bordos cratônicos, a Norte e a Sul, o 
cinturão de falhas subandinas, a Oeste, e o Arco de Purus, a Leste, compõem os 
limites hidrogeológicos externos do SAA na área de estudo. 
Abaixo do aquífero Solimões a potência e continuidade das camadas 
argilosas aumentam consideravelmente. Esta observação, associada ao registro de 
poços surgentes do SAT, sistema aquífero subjacente ao SAS, confirmam a função 
confinante dos sedimentos basais do sistema aquífero Solimões tratando-se, 
portanto, de um aquitardo. Este aquitardo estende-se verticalmente desde a base do 
aquífero Solimões até o topo do SAT, possuindo espessura média de 250 m. 
 
 
 107 
 
Figura 7.6 – Mapa piezométrico regional do aquífero Solimões.
 108 
Devido à litologia e à estratificação deste aquitardo, embora não haja estudos 
específicos de suas condutividades hidráulicas, estima-se que as mesmas devam 
ser muito baixas, variando da ordem de 10-6 a 10-10 m/d. Esta estimativa baseia-se 
em dados de publicação onde depósitos com características semelhantes 
encontradas em várias outras partes do mundo apresentaram condutividades 
hidráulicas nestas ordens de grandeza. 
Valores de condutividade hidráulica horizontal para o aquífero Solimões, 
obtidos através de ensaios de bombeamento (item 5.2.1.1, capítulo 5), mostram-se 
variando entre 0,3 e 1,6 m/d, em Porto Velho, e em torno de 6 m/d, na Base 
Petrolífera de Urucu. Esta variação nos valores das condutividades hidráulicas do 
aquífero Solimões é esperada devido aos processos superficiais de retrabalhamento 
aos quais estes materiais estão sujeitos, resultando nesta heterogeneidade. 
Com relação às características hidrogeoquímicas do aquífero Solimões, 
embora não tenha sido possível a definição das características hidrogeoquímicas 
gerais para esta subunidade aquífera ou o estudo de sua evolução hidrogeoquímica 
ao longo do SAA devido aos poucos dados existentes, uma vez que este recurso é 
utilizado em vários locais, pode-se deduzir que apresente regionalmente águas 
doces, com características não-objetáveis. 
 
7.3 SISTEMA AQUÍFERO TIKUNA 
 
O sistema aquífero Tikuna engloba as camadas cretáceas que se estendem 
em subsuperfície, entre cerca de 300 e 750 m de profundidade, desde o Arco de 
Purus, a Leste, até o cinturão de falhas subandinas, a Oeste (Figura 7.7), 
perfazendo uma área total de aproximadamente 1,5x106 km2. 
O sistema aquífero Tikuna apresenta como limites laterais os próprios limites 
deposicionais das camadas cretáceas na área estudada (Figuras 4.5 e 7.7). 
Verticalmente possui como limites o aquitardo Solimões e a própria base do SAA, 
composta por camadas Paleozóicas de evaporitos e depósitos carbonáticos 
pelíticos, por sills de diabásio e pelo embasamento cristalino. 
Sua espessura média é de 300 m, porém, assim como o SAS, sofre 
espessamento em direção ao bordo Oeste da área, onde atinge espessuras de 
cerca de 500 a 700m. 
 109 
Em termos litológicos, no SAT predominam espessas camadas de arenitos 
médios a grossos, friáveis, intercalados com camadas de argilitos. 
Segundo ensaios de injetividade realizados neste sistema aquífero, suas 
condutividades hidráulicas horizontais variam entre 0,01 e 0,07 m/d na Bacia 
Solimões e entre 0,02 e 1,7 m/d nas bacias subandinas (Tabelas 5.4 e 5.6). 
O SAT parece manter-se sob regime de confinamento pelo menos desde a 
Bacia do Acre, nas proximidades da Serra do Divisor, até a região da Base 
Petrolífera de Urucu (Bacia Solimões). Chega-se a esta conclusão devido à 
existência de poços surgentes em ambas as localidades. Na Bacia do Acre a 
surgência do “Buraco da Central” chega à superfície do terreno e na Bacia 
Solimões, ultrapassa a superfície do terreno em alguns metros. 
Do ponto de vista hidrogeoquímico, as águas do sistema aquífero Tikuna 
podem ser qualidades variáveis. São doces nas proximidades das áreas de recarga 
e salobras/salgadas nas regiões mais centrais das bacias, podendo inclusive chegar 
a formar salmouras. 
 As águas do SAT são possivelmente estratificadas, conforme observado por 
Smith (1989) na Bacia Oriente. Nesta bacia as águas mais doces encontram-se na 
base da sequência cretácea e as mais salgadas, nas zonas mais próximas ao topo 
da sequência. Esta estratificação inversa é resultante, segundo Smith (1989), do 
afloramento das camadas cretáceas mais antigas, que recebem a recarga e a 
distribui a mesma na região basal do SAT nesta bacia, e que, em virtude de fluxos 
verticais ascendentes, atua na diminuição da salinidade das camadas mais rasas. 
Na Base Petrolífera de Urucu (bacia Solimões) foram encontradas águas 
salobras na base do SAT, com teores de salinidade variando entre 5 e 8 g/L (Tabela 
5.3 e Figura 5.17). 
 
 
 
 
 
 
 
 110 
 
Figura 7.7 – Mapa resumo do sistema aquífero Tikuna. 
 111 
8 MODELOS REGIONAIS 
 
8.1 MODELO HIDROGEOLÓGICO CONCEITUAL REGIONAL 
 
Uma vez definidas as subunidades do SAA e integrados todos os dados 
disponíveis, foi gerado o modelo hidrogeológico regional conceitual do SAA (Figura 
8.1). Neste estão representadas, além de suas duas subunidades 
hidrogeoestratigráficas, as principais geoestruturas/geofeições controladoras do 
fluxo regional de água subterrânea na área: 
• as áreas topograficamente mais elevadas do bordo Oeste da área de 
estudo (cinturão de falhas subandinas) – nestas áreas estão 
localizados os afloramentos do SAT, que devem representar suas 
principais áreas de recarga; 
• a Serra do Divisor – feição topográfica e estrutural resultante de uma 
falha de cavalgamento de idade Cretácea de grande rejeito vertical 
que expôs as camadas do SAT; 
• o Arco de Iquitos – feição geoestrutural que durante parte do Terciário 
funcionou como divisória geológica. Correspondeu a uma área mais 
elevada que, afetada por efeitos da erosão, resultou em limitada 
espessura dos depósitos que formam o SAS em toda a sua área de 
influência. Atualmente pode representar uma região de importância 
para o fluxo regional; 
• o Arco de Purus – esta geoestrutura funcionou como limite 
deposicional durante o Terciário e representa o limite mais a Leste do 
SAS. Nesta região o SAT passa a ser aflorante e provavelmente 
também se constitua na principal região de descarga da porção Oeste 
do SAA. 
 
 
 
 112 
 
 
 
Figura 8.1 – Modelo hidrogeológico conceitual da área de estudo. Bloco diagrama na direção Oeste-Leste do Sistema Aquífero Amazonas. 
 113 
A diferença altimétrica média entre as áreas de recarga e de descarga da 
porção Oeste do SAA é de aproximadamente 1000 m, em uma distância de cerca 
de 1600 km, resultando em um gradiente topográfico de 0,0006. Contudo, conforme 
pode-se observar no modelo conceitual (Figura 8.1) este gradiente topográfico não 
está homogeneamente distribuído, sendo maior nas proximidades do bordo Oeste e 
quase inexistente, em termos regionais, desde a região mais central até o bordo 
Leste da área de estudo. 
Segundo os dados disponíveis, a direção preferencial de fluxo regional no 
SAT deve dar-se de Oeste para Leste (Figuras 8.1), assim como ocorre com o SAS 
(Figura 7.6). 
Conforme já discutido anteriormente, o SAS é um sistema aquífero de 
expressão regional constituído por um grupo de sistema de fluxo menores de escala 
local e subregional devido à sua continuidade e relação com os corpos hídricos 
superficias, conforme representado esquematicamente na figura 8.2. 
 
 
Figura 8.2 – Esquema do funcionamento do sistema de fluxo no aquífero Solimões e sua relaçãocom os corpos 
hídricos superficiais e com a aquitardo basal do sistema aquífero Solimões. 
 
 
 114 
8.2 MODELO NUMÉRICO DE FLUXO REGIONAL 
 
Para a elaboração do modelo numérico de fluxo foi necessário um grande 
esforço de compilação, integração, conversão de formatos, transformação de 
sistemas de projeção, georreferenciamento e interpolação de dados. Tais etapas 
foram essenciais para o resultado final, uma vez que através dados assim tratados 
foram construídas as camadas do sistema aquífero SAA representadas no modelo 
numérico fluxo. 
Em virtude, principalmente, das limitações de dados disponíveis para um 
estudo mais complexo do SAA, o objetivo da presente tese foi a elaboração de um 
modelo numérico de fluxo em escala regional, em estado estacionário e 
considerando densidade homogênea. 
Conforme se observa no modelo hidrogeológico conceitual (Figuras 8.1 e 
8.2), as camadas que compõem o SAA apresentam variações em suas geometrias 
tanto ao longo do eixo principal da bacia como transversalmente. Para a 
representação destas variações longitudinais e transversais em um modelo 
numérico, foi necessária a elaboração de um modelo em 3 dimensões (3-D). 
No modelo numérico de fluxo proposto, o SAA é representado através de 3 
camadas, definidas em função da generalização regional das camadas do SAA na 
porção estudada (capítulo 7, itens 7.2 e 7.3): 
• camada 1 : aquífero Solimões; 
• camada 2: aquitardo basal do sistema aquífero Solimões (SAS); 
• camada 3: sistema aquífero Tikuna (SAT). 
 
O código numérico de diferenças finitas Visual ModFlow 4.3 (VMFlow) foi o 
escolhido para a elaboração do modelo numérico de fluxo em função de ser um 
código adequado para o tipo de estudo a ser realizado, de a geometria da área não 
ser complexa e permitir uma adequada representação através de uma malha regular 
de diferenças finitas e também por tratar-se de um código já extensivamente 
utilizado, comercial e disponível para utilização imediata. 
Desta forma, foi elaborado um modelo numérico de fluxo regional em 3 
dimensões, de diferenças finitas, regular, de densidade homogênea e composto por 
3 camadas homogêneas e anisotrópicas. 
 115 
8.2.1 Base de dados georreferenciada 
 
Uma vez conceitualizado o modelo de fluxo regional, foi gerada a base de 
dados georreferenciada (GIS), possibilitando a compilação de dados espaciais em 
uma base única, na mesma escala e integrada. 
A base de dados georreferenciada proporciona a possibilidade da geração de 
dados de entrada em vários formatos aceitos pelo código Visual Modflow. Além 
disso, como etapa final, o GIS também proporcionou a integração dos resultados 
das simulações realizadas pelo modelo numérico de fluxo com outros dados, 
através da sobreposição de camadas. 
A base de dados georreferenciada foi gerada em ambiente ARCGIS 9.1 
utilizando coordenadas geográficas e o datum horizontal South American Datum, 
1969 (SAD 69). Incluiu uma grande variedade de dados: localização de poços, 
mapas geológicos, hidrogeológicos, topográficos, hidrográficos, imagens de satélite, 
modelos digitais de terreno, dentre outros dados. 
Quando os dados necessários para a elaboração do modelo numérico de 
fluxo foram migrados do ambiente GIS para o VMFlow, estes foram transformados 
para o sistema de projeção Universal Transverso de Mercator (UTM), utilizando-se o 
código Global Mapper versão 8. 
Dentre os 4 fusos UTM englobados pela área de estudo (18S, 19S, 20S, 
21S), optou-se por utilizar o fuso 20S como fuso de referência para toda a área uma 
vez que nele estão localizados os dois poços profundos com medidas de níveis 
piezométricos para o sistema aquífero Tikuna, que é o aquífero de interesse para o 
estudo. 
 
8.2.2 Modelo digital do terreno 
 
Foi elaborado um modelo digital do terreno (MDT) para a área de estudo 
através da elaboração de mosaico de imagens da Shuttle Radar Topography 
Mission (SRTM) 3 arc-segundos. Este MDT serviu tanto para o entendimento e 
visualização da topografia da área, como também como dado de entrada (camada 
de topo) do modelo numérico de fluxo. 
 116 
Os dados de elevação da Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) 3 arc-
segundos possuem resolução horizontal aproximada de 90 metros. Estes dados 
foram obtidos gratuitamente através da página na internet do Serviço Geológico 
Norte-americano (USGS) e compuseram um mosaico de 285 imagens (Figura 8.3). 
 
 
Figura 8.3 – Modelo digital do terreno da área de estudo composto por imagens SRTM 3 arc-segundos. 
 
8.2.3 Interpolações e geração de superfícies 
 
Exceto para a primeira superfície do modelo numérico de fluxo (topografia), 
as demais superfícies foram geradas através da interpolação dos dados de 
profundidade do topo e base das subunidades do SAA obtidas a partir dos perfis 
litoestratigráficos dos poços profundos. 
Os dados de profundidade das superfícies das camadas foram interpolados 
por krigagem utilizando-se o código SURFER versão 8. Posteriormente estas 
camadas foram exportadas para o código Global Mapper 8, onde foi realizada a 
transformação de coordenadas geográficas para o sistema de projeção UTM. 
Finalmente, estas foram exportadas do Global Mapper para o código VMFlow 
(Figura 8.4). 
220 km 0 
 117 
Devido a alguns problemas de cruzamento de camadas, especialmente onde 
as mesmas são mais finas, foram necessárias algumas edições em locais 
específicos das superfícies geradas por interpolação. 
A camada do aquífero Solimões foi gerada através da definição de uma 
espessura de 50 m abaixo de seu topo. Esta camada do modelo, assim como a 
camada que representa o aquitardo Solimões, foram editadas em seus bordos 
Oeste e Leste, para refletir o adelgaçamento das camadas deste sistema aquífero 
nestas regiões. 
 
 
 
 
Figura 8.4 – Superfícies do modelo numérico. (a) topografia, (b) base do aquífero Solimões, (c) base do 
aquitardo Solimões, (d) base do aquífero Tikuna. 
 
 
 
 
(a) 
(b) 
(c) 
(d) 
Projeção UTM 20S, Datum SAD 69 
0 450 km 
 118 
8.2.4 Malha 
 
Devido à grande extensão da área de estudo e à escala regional de trabalho, 
o modelo numérico de fluxo foi gerado com células regulares de 10 km x 10 km 
(Figura 8.5) cobrindo uma área de 2x106 km2 e compondo um modelo de diferenças 
finitas com 3 camadas, 582 linhas e 639 colunas. O número total de células do 
modelo numérico é de 123966 células e dentre estas 64638 são células ativas. 
 
 (a) 
 (b) 
 
 
 
Figura 8.5 – Geometria das camadas do modelo numérico e áreas de células ativas e inativas (a) camadas 1 e 2 
(aquífero e aquitardo Solimões) e (b) camada 3 (sistema aquífero Tikuna) em Projeção UTM 20S SAD 69 e 
células de 10 km x 10 km. 
 NNNN 
0 500 km 
 célula ativa célula inativa 
 119 
8.2.5 Área de domínio 
 
A área de domínio do modelo numérico de fluxo é a área englobada entre os 
contornos externos de fluxo da porção Oeste do SAA (Figura 8.6): 
• a Norte e a Sul - divisórias de fluxo de água e limites com os crátons 
das Guianas e Brasileiro; 
• a Oeste - o cinturão de falhas subandinas; 
• a Leste - o Arco de Purus. 
 
 
Figura 8.6 – Área de domínio do modelo numérico de fluxo e contornos externos de fluxo. 
 
 
8.2.6 Condição de contorno externo de fluxo 
 
As áreas cratônicas, o cinturão de falhas subandinas, divisórias externas de 
fluxo e limites deposicionais definem os bordos externos do SAA na área de estudo 
(Figura 8.6). Classificando cada um destes contornos externos de fluxo em relação 
às condições de contorno, tem-se: 
 
 120 
8.2.6.1 Contornos tipo 1: nível prescrito 
 
Contornos externos de fluxo do tipo 1, ou contorno de fluxo de Dirichlet, foram 
definidos para o bordo Leste das camadas 1 e 2 do modelo numérico de fluxo. 
Neste bordo, o SAT passa do regime confinado para o regime não-confinado, 
e, portanto os níveis prescritos neste bordoforam definidos como os níveis d’água 
dos maiores rios ao cruzar este limite (Tabela 8.1 e Figura 8.7). 
Para o aquífero Solimões, níveis prescritos foram definidos para todas as 
suas células do bordo Leste, assim como para todas as demais células desta 
camada, a partir dos dados de seu mapa piezométrico (Figura 7.6) conforme já 
mencionado no capítulo 6, item 6.5.1.1, e que será explicado em maior detalhe no 
item 8.2.7. 
 
 
Figura 8.7 – Limites do sistema aquífero Tikuna e pontos de nível prescrito definidos como condição de 
contorno do modelo numérico de fluxo. 
 
8.2.6.2 Contornos tipo 2: fluxo prescrito 
 
A condição de fluxo prescrito, ou condição de Neumann, foi definida para os 
bordos das regiões cratônicas, para as divisórias de fluxo e para o cinturão de falhas 
subandinas. 
 121 
Nestas regiões, devido à natureza de muito baixa permeabilidade das rochas 
que formam o embasamento cristalino, à desconexão das camadas na região do 
cinturão de falhas e à geometria da rede de drenagem (Figura 8.8), não há fluxo 
significativo entrando ou saindo do sistema. Nesta condição, o fluxo através deste 
bordo é praticamente nulo. 
A entrada de água para o SAT nesta região de recarga não é lateral, mas sim 
vertical, dada através do nível prescrito para as células da camada 1. 
 
 
Figura 8.8 - Vales longitudinais característicos da região andina e as regiões geomorfológicas da 
Cordilheira Andina (C.OC. – Cordilheira Ocidental, C.C. – Cordilheira Central, C.OR. – Cordilheira 
Oriental) (Vidal, 1972). 
 
As divisórias de fluxo, apesar de não serem limites hidrogeológicos estáticos 
ao longo do tempo geológico, para o escopo deste estudo foram consideradas 
apropriadas como contorno externo de fluxo do tipo 2, com fluxo nulo. 
Um resumo dos tipos de contornos externos de fluxo definidos para o SAA na 
área de estudo é apresentado na Tabela 8.1 e nas Figuras 8.9 e 8.10. 
 
Tabela 8.1 – Contornos externos de fluxo laterais utilizados no modelo numérico de fluxo 
Camadas Norte Sul Leste Oeste 
Aquífero Solimões FLUXO NULO(*) FLUXO NULO(*) NÍVEL PRESCRITO FLUXO NULO(*) 
Aquitardo Solimões FLUXO NULO(*) FLUXO NULO(*) FLUXO NULO(*) FLUXO NULO(*) 
Sistema Aquífero Tikuna FLUXO NULO
(*) FLUXO NULO(*) NÍVEL PRESCRITO FLUXO NULO(*) 
(*) – células inativas 
 122 
 
Figura 8.9 – Tipos de condições de contorno externo de fluxo definidos para a camada aquífera Solimões. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8.10 – Tipos de condições de contorno externo de fluxo definidos para a camada sistema aquífero 
Tikuna. 
 
 123 
8.2.7 Contornos internos de fluxo 
 
O objetivo principal da elaboração deste modelo numérico de fluxo é o estudo 
do comportamento do fluxo no SAT (camada 3) e entre este e o SAS (camadas 1 e 
2). Em vários estudos de sistemas aquíferos regionais, somente a camada objetivo 
foi simulada nos modelos numéricos de fluxo desenvolvidos, conforme discutido no 
capítulo 6. Contudo, nesta tese inicialmente buscou-se realizar simulações para 
todas as camadas do modelo. Observou-se, no entanto, após várias tentativas, que 
dados essenciais para a determinação das condições de fluxo na camada 1, como: 
• as recargas diretas (pluviometria), que devem ser variáveis ao longo 
desta extensa região; 
• os contornos internos de fluxo, compostos por uma malha hidrográfica 
de rios e lagos extremamente densa, ainda não totalmente 
cartografada e difícil de ser representada em escala regional (Figura 
8.11); e 
• valores de evapotranspiração, variáveis em cada região e ainda não 
totalmente conhecidos. 
 
Resultavam em grandes dúvidas quanto à adequação dos valores médios 
estimados para esta grande área. 
Concluiu-se, portanto, que a inserção de dados ainda não totalmente 
conhecidos ou pobremente estimados, pois são dados que ainda não se encontram 
disponíveis para uso, como os dados adquiridos por satélites que necessitam passar 
por fases de interpretação e validação através de comprovações de campo, 
poderiam gerar resultados totalmente inverossímeis ou, pelo menos, adicionariam 
mais incertezas ao resultado obtido. 
Em virtude das limitações expostas acima, optou-se pela inserção de valores 
de piezometria do SAS (Figura 7.6) através de níveis prescritos para todas as 
células da camada 1, o que simplificou e minimizou incertezas relativas ao resultado 
do modelo numérico de fluxo. Desta forma, foi simulada somente a piezometria, em 
estado estacionário, para o SAT. 
 
 124 
 
Figura 8.11 – Células de 10 km x 10 km sobreposta à base hidrográfica do Estado do Amazonas em escala de 
1:1.000.000 (CPRM, 2006). 
 
 
8.2.8 Parâmetros hidráulicos 
 
As condutividades hidráulicas inicialmente inseridas no modelo numérico de 
fluxo foram obtidas através de ensaios de bombeamento/injeção (capítulo 5, itens 
5.2.1.1 e 5.2.1.3) ou estimadas a partir de dados bibliográficos (Custodio e Llamas, 
1976; Yu et al., 1993) (Tabela 8.3). 
Os demais parâmetros hidráulicos (coeficiente de armazenamento específico 
- Ss, coeficiente de rendimento específico – Sy, porosidades drenável e total) 
requeridos para o funcionamento do código numérico foram inseridos somente para 
que a simulação se processasse, uma vez que o modelo numérico de fluxo está em 
estado estacionário, não sendo os mesmos necessários para o cálculo do nível 
piezométrico. Contudo, os valores inseridos no modelo foram estimados a partir de 
dados de literatura disponível. 
A definição de parâmetros hidráulicos para um sistema aquífero tão extenso e 
sujeito a variabilidades é uma tarefa bastante complexa, uma vez que os dados 
foram obtidos somente para alguns pontos discretos dentro desta vasta região. 
Felizmente o SAT, em termos regionais, apresenta características litológicas e 
litoestruturais que indicam certa uniformidade, refletida nas condutividades 
 NNNN 
0 100 km 
 125 
hidráulicas praticamente iguais obtidas tanto para a região das bacias subandinas 
como para a bacia Solimões e que possibilitou a definição de camadas com valores 
homogêneos para seus parâmetros hidráulicos ao longo da área de estudo. 
Nas áreas de afloramento do sistema aquífero Tikuna, localizadas no bordo 
Oeste do domínio do modelo e na região da Serra do Divisor (Figuras 4.3 e 4.6), 
durante a elaboração das camadas do modelo não havia densidade suficiente de 
dados litológicos de poços para delinear tais afloramentos. Em função da falta de 
informações geológicas de poços nestas áreas, as mesmas não foram inicialmente 
representadas na composição das superfícies do modelo numérico de fluxo. 
A adição de tais áreas no modelo numérico de fluxo poderia ser realizada de 
duas formas: 
1. através da modificação da espessura das células das camadas 
sobrejacentes ao SAT nestas regiões, representando-as o mais fina 
possível o que equivaleria no código utilizado, o VMFlow, no virtual 
afloramento da camada representativa do SAT; 
2. através da definição de condutividades hidráulicas iguais ou maiores do 
que as do SAT para as camadas sobrejacentes (camadas 1 e 2) nestas 
duas áreas, simulando assim o afloramento do SAT e as feições rúpteis 
impostas pelos movimentos tectônicos nestas duas áreas. 
Neste modelo numérico de fluxo optou-se pela segunda opção. Esta opção 
apresenta maior simplicidade e facilidade para sua implementação, além de evitar a 
inserção de erros e inconsistências no modelo, o que seria bastante provável no 
caso de se optar pela primeira forma de representação citada (Figura 6.4). 
Uma vez inseridos os parâmetros hidráulicos requeridos no código numérico, 
foi possível trabalhar com o ajuste das condutividades hidráulicas para o aquitardo 
Solimões, zona de afloramento do SAT e SAT (Tabelas 8.2 e 8.3). 
 
 
Tabela 8.2 – Valores de porosidade inseridos no modelo numérico de fluxo. 
Camadas Porosidade total Porosidade drenável 
Aquífero Solimões 0,30 0,2 
Aquitardo 0,40 0,01 
SAT 0,30 0,2 
Zona de afloramento do SAT 0,300,2 
 
 
 
 126 
Tabela 8.3 – Condutividades hidráulicas definidas inicialmente para as camadas do modelo numérico 
Camadas 
Condutividade hidráulica 
horizontal (m/d) 
Condutividade hidráulica 
vertical (m/d) 
Aquífero Solimões (*) 2 10-5 
Aquitardo 10-5 10-5 
Aquífero Tikuna 0,04 10-5 
Zona de afloramento 0,04 0,04 
 (*) para esta camada os níveis freáticos foram impostos. 
 
 
 
8.2.9 Pontos de observação 
 
Foram utilizados 2 poços (P-A e P-B) (Figura 5.11) como pontos de 
observação do SAT. 
Estes são os únicos dois pontos deste sistema aquífero com valores 
piezométricos conhecidos para o SAT para permitir o ajuste dos resultados das 
simulações realizadas. 
 
8.3 CALIBRAÇÃO DO MODELO NUMÉRICO DE FLUXO 
 
Os dados utilizados para a calibração do modelo numérico de fluxo foram os 
dados dos níveis piezométricos obtidos para os poços P-A e P-B (capítulo 4, item 
4.2). 
Foi utilizado o processo de calibração manual e durante este processo foi 
adotada a estratégia de tentar manter os valores ajustados o mais próximo possível 
dos resultados obtidos em campo. Embora alguns autores não indiquem esta como 
a melhor estratégia de calibração, observou-se que neste caso foi possível obter um 
bom resultado. Além disso, devido aos poucos dados existentes, esta estratégia foi 
a mais adequada. 
No modelo numérico de fluxo desenvolvido supuseram-se fluidos de 
densidade homogênea (água doce) para ambos aquíferos, ainda que se saiba que o 
SAT possua águas salobras e, portanto, um pouco mais densas. Contudo, mais 
dados seriam necessários para a realização de modelos com densidade variável 
para esta região em virtude da possível estratificação de suas águas por diferença 
de densidade. 
A incerteza dos valores dos parâmetros hidráulicos utilizados, em se tratando 
de um modelo regional e com poucos dados, é relativamente grande. Contudo, 
 127 
durante o processo de simulação foram obtidos alguns resultados aparentemente 
anômalos e inicialmente interpretados como erros. A posterior comprovação da 
fiabilidade destes resultados, através de documentação de campo indicou que as 
aproximações e incertezas não impediram a geração de um modelo numérico que 
representasse bastante bem a situação real do SAA, retratando os principais 
elementos que controlam o fluxo neste sistema aquífero. 
As dúvidas levantadas pelos resultados obtidos foram muito importantes para 
comprovar a capacidade do modelo de reproduzir as principais características do 
fluxo no sistema aquífero Amazonas na área de estudo e serão discutidos mais 
adiante. 
Comparando-se os valores das condutividades hidráulicas iniciais definidas 
para as camadas no modelo numérico de fluxo e seus valores após a calibração, 
observa-se que a condutividade hidráulica vertical do aquitardo Solimões foi a que 
sofreu maior alteração. Para a solução proposta para o modelo numérico esta 
camada apresenta uma condutividade hidráulica extremamente pequena, indicando 
uma camada de baixíssima permeabilidade (Tabela 8.4). Contudo, esta variação era 
esperável uma vez que o valor inicialmente utilizado era uma estimativa preliminar a 
partir de dados de literatura. Estudos futuros sobre este aquitardo deverão ser 
realizados, permitindo uma melhor caracterização de seus parâmetros hidráulicos. 
Através do método manual de calibração o nível do poço P-B foi ajustado em 
70,3 m igual ao valor estimado de campo e o poço P-A, o valor calibrado foi de 69,3 
m e o valor estimado de campo foi de 68,3 m. 
 
 
Tabela 8.4 – Condutividades hidráulicas antes e após a calibração manual. 
VALORES INICIAIS VALORES FINAIS 
CAMADAS Condutividade 
hidráulica 
horizontal (m/d) 
Condutividade 
hidráulica 
vertical (m/d) 
Condutividade 
hidráulica 
horizontal (m/d) 
Condutividade 
hidráulica 
vertical (m/d) 
Aquífero Solimões (*) 2 10-5 2 ------ 
Aquitardo 10-5 10-5 ------ 10-8 
Aquífero Tikuna 0,04 10-5 0,35 10-4 
Área de afloramento 
do sistema aquífero 
Tikuna 
0,04 0,04 0,35 0,35 
 
É importante ressaltar que as condutividades hidráulicas obtidas através do 
ajuste do modelo numérico de fluxo podem não corresponder às condutividades 
 128 
hidráulicas reais. As condutividades hidráulicas obtidas são condutividades de ajuste 
em função da configuração adotada para o modelo numérico. 
É evidente que se houvesse mais dados de testes de permeabilidade e 
pontos de calibração disponíveis para toda a região de estudo, as condutividades 
hidráulicas de ajuste obtidas através das simulações do modelo numérico tenderiam 
a aproximarem-se das condutividades hidráulicas reais. Contudo, ainda assim, 
devido a efeitos de escala, estas tenderiam a serem maiores que as obtidas em 
escala de campo. 
 
8.4 RESULTADOS DO MODELO NUMÉRICO DE FLUXO 
 
A piezometria resultante do modelo numérico de fluxo para o SAT é 
apresentada nas figuras 8.12 e 8.14. Através das mesmas observa-se que o sistema 
de fluxo resultante, de modo geral, assemelha-se bastante ao modelo conceitual 
proposto, a não ser pela existência de uma divisória parcial interna de fluxo (Figura 
8.14). 
 
 
 
Figura 8.12 – Mapa piezométrico do sistema aquífero Tikuna. Resultado do modelo numérico de fluxo. 
 129 
O SAT, conforme já se supunha no modelo conceitual de fluxo, encontra-se 
sob regime de confinamento em quase toda sua extensão. Suas áreas de recarga 
estão localizadas na zona do cinturão de falhas subandinas e de descarga, no bordo 
Leste da área de estudo e na região da Serra do Divisor. 
O modelo numérico de fluxo elaborado, além de corroborar em grande parte 
o modelo conceitual proposto, também permitiu a identificação de condições 
hidrogeológicas peculiares na área de estudo e de outras feições de fluxo não 
previstas a partir do modelo hidrogeológico conceitual regional. Neste contexto 
destacam-se (Figura 8.12): 
• a existência de uma divisória parcial interna de fluxo e a consequente 
compartimentação do SAT em duas sub-bacias, uma a Leste e outra a 
Oeste da divisória parcial interna de fluxo; 
• o entendimento do papel desempenhado e a importância dos 
afloramentos do SAT localizados na região da Serra do Divisor como 
área de descarga do SAT; 
• a identificação de grandes diferenças entre os níveis piezométricos do 
SAT e do SAS na região entre os Arcos de Iquitos e de Carauari. 
 
Em função da existência da divisória parcial interna de fluxo do SAT, são 
geradas duas direções de fluxo a partir desta: uma para Oeste e outra para Leste, 
formando duas sub-bacias. 
Na sub-bacia Oeste o fluxo é convergente, desde a zona de recarga do 
cinturão de falhas subandinas, em direção à região da Serra do Divisor. 
A Leste da divisória parcial interna de fluxo, a recarga proveniente das 
regiões dos extremos Noroeste e Sudoeste da zona de falhas subandinas, resulta 
em um fluxo preferencial de direção Oeste-Leste. Nesta sub-bacia, a área de 
descarga está localizada nas proximidades do Arco de Purus, onde o SAT descarga 
no aquífero Alter do Chão. 
É importante observar que a partir do resultado do modelo numérico de fluxo 
foram levantadas informações adicionais sobre a área da Serra do Divisor, obtendo-
se então a informação da existência do “Buraco da Central”, poço surgente existente 
na região da Serra do Divisor. A existência deste poço surgente nesta região 
corrobora o resultado obtido através do modelo numérico de fluxo para a sub-bacia 
 130 
Oeste do SAT. Além do “Buraco da Central”, na região da Serra do Divisor há relato 
da existência de várias descargas de água através de cascatas (Figura 8.13). 
A área da sub-bacia Leste é aproximadamente o dobro da área da sub-bacia 
Oeste, ou seja, cerca de 1,0x106 km2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8.13 – Fotografias de cascatas e feições do relevo resultante do tectonismo na Serra do Divisor. 
(Fontes: http://www.panoramio.com/photo/3390655 e Google Earth em 02/03/2011). 
 
 
 
Na região central dasub-bacia Leste observa-se, através das curvas 
piezométricas, a existência de um maior gradiente piezométrico resultando em maior 
velocidade de fluxo nesta região. Isto se deve à redução da largura das camadas do 
SAT e manutenção das espessuras médias de suas camadas nesta mesma região. 
Na sub-bacia Oeste os maiores gradientes hidráulicos são observados em 
sua região sul, e consequentemente são estimadas maiores velocidades de fluxo de 
água nesta região. 
As áreas de recarga da sub-bacia Oeste possuem altitudes entre cerca de 
2000 e 1500 m e distam entre 200 e 950 km das áreas de descarga, cujas altitudes 
variam entre 600 e 200 m.
 
 
 
 131 
 
 
Figura 8.14 – Mapa piezométrico do sistema aquífero Tikuna com linhas de fluxo.
 132 
Na sub-bacia Leste as altitudes das áreas de recarga variam aproximadamente 
entre 4000 e 3500 m, na região Noroeste, e entre 3700 e 3000 m, na região 
Sudoeste. A distância entre as áreas de recarga localizadas no cinturão de falhas e 
a zona de descarga é de cerca de 1600 km e nesta última região as altitudes variam 
entre 20 a 15 m 
Através da sobreposição do mapa piezométrico do SAT com as principais 
feições geoestruturais da área, pode-se observar que a divisória interna parcial de 
fluxo do SAT coincide relativamente bem com a região do Arco de Iquitos (Figura 
8.14). 
Avaliando-se a diferença entre a piezometria do SAT (Figura 8.12 e 8.14) e a 
piezometria do aquífero Solimões (Figura 7.6), é possível verificar que as alturas 
piezométricas do SAT superam as do aquífero Solimões em praticamente toda sua 
área, excetuando-se apenas as áreas de recarga (Figura 8.15). A existência do 
“Buraco da Central” e dos dois poços surgentes (P-A e P-B) na área da Base 
Petrolífera de Urucu corroboram o resultado obtido pelo modelo numérico de fluxo 
em relação à condição de confinamento à qual o SAT está submetido e 
consequentemente, a função do aquitardo basal do SAS como camada confinante 
deste sistema aquífero. 
Através do mapa de isopiezas da diferença de níveis piezométricos (Figura 
8.15) entre o SAT e o aquífero Solimões, identificam-se facilmente os limites das 
duas principais zonas de recarga deste sistema, situadas entre a isopieza 0 e o 
bordo Oeste do modelo. Neste mapa também é possível observar que na região 
entre os Arcos de Iquitos e de Carauari a diferença entre os níveis piezométricos do 
sistema aquífero Tikuna e do aquífero Solimões chega a alcançar 100 m (Figura 
8.15). 
 
 133 
 
Figura 8.15 – Mapa de isolinhas da diferença entre a piezometria do sistema aquífero Tikuna e do aquífero 
Solimões. 
 
Inicialmente esse resultado foi visto com muita desconfiança e pensava-se 
que poderia estar incorreto. Porém, verificando os dados de perfurações nesta 
região foi encontrado o registro da existência de uma enorme pressão de água na 
base do SAT durante a perfuração do poço P-Z (Figura 8.15). Desta forma, 
corrobora-se uma vez mais o resultado obtido através do modelo numérico de fluxo. 
Pela localização desta região, entre os dois arcos estruturais, possivelmente estes 
arcos exerçam alguma influência, causando esta grande diferença piezométrica 
entre os dois aquíferos. 
 
8.4.1 Balanço de massa d’água no SAA 
 
Através de cálculos automáticos realizados no código VMFlow, obteve-se que 
o volume total de água circulante no SAA na área de estudo é de cerca de 2,1x105 
m3/d ou 7,8x107 m3/ano. 
Contudo, este valor não é absoluto e pode ser considerado como um valor 
orientativo, uma vez que neste modelo as piezometrias do aquífero Solimões foram 
impostas. Portanto, não foram simuladas as interações entre o aquífero superficial e 
os contornos internos e externos de fluxo que interagem com este aquífero, como a 
 134 
rede hidrográfica superficial, as recargas diretas pelas chuvas e a 
evapotranspiração. Para a obtenção de um resultado mais realista, deveriam ser 
inseridos no modelo numérico os níveis piezométricos pontuais dos poços e os 
contornos internos de fluxo. 
Ainda assim, o modelo numérico elaborado teria que ser muito refinado em 
termos de tamanho de células, em virtude da densidade hidrográfica da região, 
conforme já discutido no item 8.2.7 deste capítulo, para atingir um resultado 
satisfatório em relação ao balanço de massa. 
Segundo os valores dos cálculos orientativos realizados pelo VMFlow, a 
quantidade de água recarregada diariamente no sistema aquífero Tikuna é de cerca 
de 5x104 m3/d (aproximadamente 18 km3/a). A recarga da sub-bacia Oeste seria em 
torno de quatro vezes maior que a da sub-bacia Leste, e a maior contribuição nesta 
recarga viria da região de recarga situada a Sul desta sub-bacia. Na sub-bacia 
Leste, a principal área de recarga também é a área situada no extremo Sudoeste da 
zona de falhas subandinas. 
 
8.5 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE 
 
Em função das incertezas associadas aos dados utilizados no modelo 
numérico de fluxo foram realizadas análises de sensibilidade para a avaliação da 
influência ou intervalo de variação dos seguintes fatores sobre o resultado do 
modelo numérico de fluxo: 
 
• condutividade hidráulica vertical do aquitardo Solimões; 
• condutividade hidráulica horizontal do sistema aquífero Tikuna; 
• influência da Serra do Divisor; 
• existência de possíveis áreas de recarga/descarga ao longo do contato com 
as regiões cratônicas; 
• variação das condições de contorno de nível prescrito no bordo Leste do 
modelo numérico. 
 
 
 135 
8.5.1 Condutividade hidráulica vertical do aquitardo Soli mões 
 
Nesta análise de sensibilidade observou-se que o nível piezométrico no ponto 
de referência, ou seja, no poço P-B sofreu um rebaixamento de cerca de 20 m 
quando se atribuiu à condutividade hidráulica vertical do aquitardo um valor uma 
ordem de grandeza maior do que o valor de ajuste. Para uma condutividade 
hidráulica vertical uma ordem de grandeza menor do que o valor calibrado, a 
diferença foi de cerca de 10 m. 
Observa-se, portanto, que quanto mais se restringe o fluxo através de uma 
condutividade hidráulica vertical menor, a piezometria no ponto de controle atinge 
níveis mais elevados. Contudo, o incremento da mesma tende a ser cada vez menor 
para valores também cada vez menores de condutividade hidráulica. Isto ocorre 
porque neste intervalo de valores as condutividades hidráulicas já são muito baixas, 
sendo estas camadas consideradas praticamente impermeáveis, quase não 
provocando variações nos níveis piezométricos a redução de seus valores. 
Ainda assim, para a solução proposta o modelo ajusta-se para uma faixa 
muito estreita de valores de condutividade hidráulica vertical do aquitardo, 
demonstrando uma grande dependência a este parâmetro (Tabela 8.5 e Figura 
8.16). 
 
Tabela 8.5 – Análise de sensibilidade: condutividade hidráulica vertical do aquitardo Solimões. 
Condutividade hidráulica vertical – 
aquitardo Solimões (m/d) 
Nível piezométrico medido em P-B (m) 
10-6 44,1 
10-7 52,4 
5x10-8 57,9 
10-8 (*) 70,3 
5x10-9 73,7 
10-9 77,2 
10-10 78,2 
 (*) valor calibrado 
 
 
 136 
44.1
52.4
70.3
77.2 78.2
-11-10-9-8-7-6-5
log kv (m/d)
h 
(m
)
 
Figura 8.16 - Gráfico de variação do nível piezométrico do ponto de controle em função da variação da 
condutividade hidráulica vertical do aquitardo Solimões. 
 
 
8.5.2 Condutividade hidráulica horizontal do sistema aquí fero Tikuna 
 
Através da análise de sensibilidade da condutividade hidráulica horizontal do 
sistema aquífero Tikuna observa-se quanto menor for a condutividade hidráulica 
horizontal, menor o nível piezométrico do ponto de controle. 
Valores de condutividade hidráulica horizontal cerca de 15% maiores ou 
menores do que o valor de ajuste provocam variações de cerca de 1 m na 
piezometria do ponto de controle. Portanto, pequenas variações no valor da 
condutividade hidráulica horizontal provocam alterações na piezometria do ponto de 
referência em relaçãoao nível calibrado, resultando em um fraco ajuste do modelo 
numérico (Tabela 8.6 e Figura 8.17). Desta forma, a obtenção do ajuste fica restrita 
a uma faixa muito estreita de variação da condutividade hidráulica horizontal. 
 
 
Tabela 8.6 – Análise de sensibilidade: condutividade hidráulica horizontal do sistema aquífero Tikuna 
Condutividade hidráulica horizontal – 
sistema aquífero Tikuna (m/d) 
Nível piezométrico medido em P-B (m) 
0,1 59,5 
0,2 65,7 
0,3 69,1 
0,35(*) 70,3 
0,4 71,3 
0,5 72,9 
 (*) valor calibrado 
 
 
Valor calibrado 
60 
20 
80 
 137 
 
59.5
65.7 69.1 70.3
71.3 72.9
0
20
40
60
80
100
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
kh (m/d)
h 
(m
)
 
Figura 8.17 - Gráfico de variação do nível piezométrico do ponto de controle em função da variação da 
condutividade hidráulica horizontal do sistema aquífero Tikuna. 
 
 
8.5.3 Influência da Serra do Divisor 
 
Para avaliar a influência das zonas de descarga existentes na região da Serra 
do Divisor (Figura 8.18) foi realizada uma simulação sem considerar a existência 
desta área. 
No modelo numérico de fluxo, conforme explicado com maior detalhamento 
no item 7.4.8, a Serra do Divisor foi representada através de uma região isotrópica, 
de condutividades hidráulicas de 0,35 m/d, definidas para as camadas 1 e 2 do 
modelo numérico. 
Nesta análise de sensibilidade pode-se observar que a representação desta 
zona apresenta grande relevância para o ajuste do modelo numérico de fluxo. A 
ausência desta região de descarga implica em uma elevação de 7 m no nível 
piezométrico do sistema aquífero Tikuna (Tabela 8.7). 
 
Tabela 8.7 – Análise de sensibilidade: existência da Serra do Divisor. 
Serra do Divisor Nível piezométrico medido em P-B (m ) 
representada (*) 70,3 
não representada 77,2 
 (*) modelo calibrado 
 
A representação da Serra do Divisor permite o ajuste do modelo numérico de 
fluxo, o que se tornaria uma tarefa bastante difícil de realizar somente através das 
condutividades hidráulicas das camadas. Esta região de descarga do sistema 
aquífero Tikuna constitui-se em uma importante feição do SAA, tanto para o controle 
Valor calibrado 
 138 
do fluxo neste sistema como também por sua utilização como ponto de 
monitoramento para a qualidade das águas da sub-bacia Oeste do sistema aquífero 
Tikuna. 
 
 
 
Figura 8.18 – Áreas de afloramento do sistema aquífero Tikuna (SAT) na região da Serra do Divisor e no 
cinturão de falhas subandinas. 
 
 
8.5.4 Áreas de recarga/descarga nos bordos cratônicos 
 
As zonas de afloramento do sistema aquífero Tikuna foram estendidas ao 
longo do bordo das áreas cratônicas nas camadas 1 e 2 do modelo numérico para 
representar possíveis áreas de recarga deste sistema aquífero (Figura 8.19). Esta 
situação foi analisada, pois os bordos cratônicos poderiam apresentar uma maior 
permeabilidade devido ao intemperismo atuante sobre as rochas do embasamento, 
resultando em uma possível região de recarga ao sistema aquífero. 
A inserção destas áreas no modelo numérico de fluxo não gerou diferenças 
significativas no resultado da simulação. A diferença no nível do ponto de controle 
foi de 3 mm, ou seja, a possível existência de tais áreas praticamente não 
influenciaria nas piezometrias observadas neste sistema aquífero (Tabela 8.8). 
Região cratônica 
Região cratônica 
 139 
Realizando uma análise de trajetórias de partículas que poderiam entrar no 
sistema a partir dos bordos cratônicos observou-se que as mesmas têm tendência 
de seguir uma trajetória ao longo do bordo na direção Oeste-Leste, provavelmente 
em função do maior gradiente topográfico existente nesta direção limitando 
substancialmente algum fluxo em profundidade, na direção das camadas Cretáceas 
do sistema aquífero Tikuna. 
 
Tabela 8.8 – Análise de sensibilidade: existência de áreas de recarga nos bordos cratônicos. 
Zona de recarga/descarga ao longo do bordo 
cratônico 
Nível piezométrico medido em P-B (LUC-44) (m) 
representada 70,35 
não-representada (*) 70,32 
(*) modelo calibrado 
 
 
 
 
 
 
Figura 8.19 – Áreas de afloramento do sistema aquífero Tikuna (SAT) localizadas no bordo Oeste da área do 
modelo e extensão destas áreas ao longo dos bordos cratônicos para simulação da existência de áreas de 
recarga nesta região. 
 
 
8.5.5 Variação das condições de contorno no bordo Leste ( níveis prescritos) 
 
As condições de contorno de nível prescrito do bordo Leste da área foram 
alteradas para testar como estes valores influenciam nos níveis obtidos para o ponto 
de referência. O que pode ser observado desta análise de sensibilidade é que os 
Região cratônica 
Região cratônica 
 140 
valores dos níveis no ponto de referência são bastante sensíveis às condições de 
contorno impostas. Foram analisadas 5 possíveis situações (Tabela 8.9) para os 
pontos de níveis prescritos (Figura 8.10): 
 
1. níveis homogêneos em todos os pontos de nível prescrito com valor de 15m; 
2. níveis homogêneos em todos os pontos de nível prescrito com valor de 28m; 
3. níveis homogêneos em todos os pontos de nível prescrito com valor de 19m; 
4. 10 metros acima do nível prescrito inicial em todas as células impostas; 
5. 10 metros abaixo do nível prescrito inicial em todas as células impostas. 
 
 
Tabela 8.9 – Análise de sensibilidade: condição de contorno externo do bordo Leste. 
Nível prescrito (linha,coluna) 
Condição 
87,196 97,190 114,195 
h em P-B ∆h em P-B 
Inicial 15 19 28 70,3 ---------- 
a 15m 15 15 15 68,1 -2,2 
a 28m 28 28 28 74,5 4,2 
a 19m 19 19 19 70,0 0,3 
Variando +10m 25 29 38 75,3 5,0 
Variando -10m 5 9 18 65,3 -5,0 
 
 
Observa-se que apesar do modelo numérico de fluxo ser bastante sensível a 
esta condição de bordo, consegue-se um bom ajuste para um valor homogêneo de 
nível prescrito de 19 m, valor este próximo à média dos níveis prescritos dos pontos 
de nível conhecido ao longo do bordo do modelo. 
Variações no resultado gráfico das linhas de fluxo do modelo numérico no 
trecho final, próximo ao bordo Leste, também são alterados em função dos valores 
de nível prescrito definido. 
Através dos resultados das análises de sensibilidade realizadas observa-se 
que: 
• As condutividades hidráulicas verticais do aquitardo Solimões e as horizontais 
do sistema aquífero Tikuna apresentam faixa muito estreita de variação para 
o ajuste com o ponto de calibração, o que indica grande dependência destes 
valores no ajuste do modelo numérico de fluxo; 
• A inclusão da Serra do Divisor é essencial para o ajuste do modelo numérico 
do sistema aquífero Amazonas; 
 141 
• A existência de possíveis zonas de recarga/descarga do sistema aquífero 
Tikuna ao longo do bordo cratônico não influencia nos resultados do modelo 
numérico de fluxo. Isto provavelmente deve-se ao controle topográfico (maior 
inclinação) na direção Oeste-Leste, privilegiando fluxos ao longo desta 
direção. Ou seja, a água que poderia recarregar através destes bordos tende 
a fluir na direção Oeste-Leste, e não a migrar para regiões mais profundas, 
alimentando o sistema aquífero Tikuna; 
• Os níveis prescritos definidos como condição de contorno de fluxo do sistema 
aquífero Tikuna em seus bordos Oeste e Leste poderão ser ajustados no 
futuro na medida em que novos poços forem perfurados na região. 
 
8.6 VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS DO MODELO NUMÉRICO DE FLUXO 
 
Embora não tenha sido possível a realização de trabalhos de campo 
adicionais para a verificação dos resultados do modelo numérico de fluxo, através 
dos resultados mencionados anteriormente como resultados anômalos foi possível a 
realização indireta da verificação do modelo numérico. 
Grandes diferenças piezométricas foram observadas através do modelo 
numérico e comprovadas através de registros descritivos de poços perfurados na 
mesma localidade. A área de descarga do SAT existente nas vizinhanças da Serra 
do Divisor também pode ser indiretamente comprovadaatravés da existência do 
“Buraco da Central” e do afloramento das camadas cretáceas. 
Além destes dois pontos de verificação indireta dos resultados do modelo 
numérico de fluxo, foram obtidos mais dois pontos de verificação, sendo desta vez 
pontos de verificação direta, situados na borda Leste da área de estudo. 
Recentemente foram alimentados novos registros de poços no SIAGAS e, 
dentre estes registros foram encontrados dois poços: um localizado dentro da área 
de estudo, muito próximo à borda Leste da área, e outro, fora da área de estudo, 
porém também muito próximo à borda Leste (Figura 8.20). 
Através de interpolação de níveis piezométricos destes dois poços (Figura 
8.20), o nível piezométrico obtido para um ponto na borda da área foi igual ao valor 
obtido através do modelo numérico de fluxo, confirmando a adequação da condição 
de contorno definida neste bordo para o SAT. 
Outro dado que serviu para a verificação do modelo numérico foi o “Buraco 
da Central”, cuja existência era desconhecida antes da obtenção dos resultados de 
 142 
simulação. A obtenção deste dado veio a confirmar a situação de confinamento do 
SAT nas proximidades da Serra do Divisor e a função de área de descarga dos 
afloramentos do SAT nesta região, o que também foi indicado pelo modelo numérico 
de fluxo. 
A maior ou menor aproximação dos modelos regionais da realidade, sejam 
eles conceituais ou numéricos, depende em grande parte do conjunto de 
informações disponíveis. Os modelos conceitual e numérico elaborados nesta tese 
são uma primeira tentativa de sistematização das informações atualmente 
disponíveis sobre o SAA, resultante da compilação, interpretação e integração de 
diversos dados. Desta forma, este não pretende ser um modelo definitivo, mas sim 
um resumo do conhecimento atualmente disponível e da visão interpretativa da 
autora. 
 
 
 
 
Figura 8.20 – Níveis piezométricos de poços perfurados recentemente na área de estudo e próximo a esta. 
Observou-se bom ajuste entre o resultado do modelo numérico e os níveis medidos nestes poços. 
 
 
 
 
 
 
143 
9 DISCUSSÃO 
 
No presente capítulo serão discutidos de modo mais detalhado e integrado, 
alguns dados utilizados e resultados obtidos na tese. A idéia é que a inserção de 
discussões extensas sobre as elaborações realizadas nos demais capítulos poderia 
gerar dificuldade de compreensão dos textos. 
 
9.1 O SISTEMA AQUÍFERO TIKUNA E SUA INSERÇÃO NO SAA 
 
Conforme apresentado no capítulo 7, o sistema aquífero Amazonas (SAA) 
ainda não havia sido objeto de um estudo regional integrado e mais detalhado. 
Os trabalhos até então publicados sobre a extensão deste sistema aquífero 
eram de caráter preliminar, mostrando a sua possível extensão com base em dados 
geológicos em escala continental (UNESCO, 2007; UNESCO, 2009; Margat, 2007). 
Nesta tese o SAA foram estudadas 8 bacias sedimentares que poderiam 
abarcar o este sistema aquífero na área de estudo, permitindo a identificação de 
suas características regionais e de seus limites hidrogeológicos. 
As nomenclaturas consagradas e definições de unidades hidrogeológicas já 
existentes, como no caso do aquífero Alter do Chão e do sistema aquífero Solimões, 
foram preservadas. Contudo, na ausência de nomenclatura para o sistema aquífero 
cretáceo, multicamada, subjacente ao sistema aquífero Solimões (SAS), foi 
necessária a definição de uma nomenclatura própria. Desta forma, foi definido o 
sistema aquífero Tikuna (SAT). 
O SAT corresponde às camadas geológicas arenosas cretáceas e confinadas, 
que se estendem a Oeste do Arco de Purus até o limite das bacias subandinas com 
os Andes. A Leste do Arco de Purus estas camadas são aflorantes e designadas 
como aquífero Alter do Chão. 
O aquífero Alter do Chão, que ocorre na porção não-confinada da formação 
homônima, não foi estudado na presente tese e sua possível continuidade a Leste 
do Arco de Gurupá ou conexão com outro aquífero, que também poderia compor o 
SAA, ainda deverá ser estudada. 
 
 
144 
Considerando o conhecimento atual, o SAA é composto pelos sistemas 
aquíferos Solimões, Tikuna e pelo aquífero Alter do Chão, abrangendo uma área 
total de cerca de 2,7 x 106 km2. 
 
9.2 AS SUBUNIDADES AQUÍFERAS DO SAA NA ÁREA DE ESTUDO 
 
As subunidades aquíferas do SAA na área de estudo, conforme apresentadas 
no capítulo 7, foram definidas com base em: 
• perfis litológicos de poços profundos; 
• registros geofísicos de poços profundos; 
• integração das colunas litoestratigráficas de nove bacias sedimentares 
englobadas pela área de estudo; 
• seções litoestratigráficas elaboradas ao longo de toda a área de estudo; 
• características hidrogeológicos das unidades geológicas, interpretadas a 
partir de dados litoestratigráficos (capítulos 4 e 7); e 
• seções sísmicas. 
 
Nesta tese a escala regional do estudo tornou necessária a compatibilização 
de dados primários em várias escalas através de generalizações. 
A marcante diferença litológica entre as unidades geológicas terciárias e 
cretáceas, nitidamente observável nos perfis litológicos e registros geofísicos de 
poço, reflete-se em suas propriedades hidrogeológicas e permitiu, durante o 
processo de discretização, a compartimentação do SAA-Oeste em suas 
subunidades hidrogeológicas: sistema aquífero Solimões e sistema aquífero Tikuna 
(capítulos 4, 5 e 7). 
Desta forma, as formações geológicas foram equiparadas às subunidades 
aquíferas do SAA. Claro está que tais generalizações não foram possíveis somente 
devido à escala de trabalho ser regional, mas sim pelo fato de que: 
1. em escala regional, as características intrínsecas das unidades 
geológicas/hidrogeológicas puderam ser consideradas praticamente 
homogêneas; 
2. as diferenças entre as mesmas são nitidamente detectáveis em escala 
regional; 
 
 
145 
3. estas diferenças são mantidas em toda extensão da área de estudo, o 
que foi observado durante o processo de integração das colunas 
estratigráficas das nove bacias sedimentares da área de estudo. 
 
Neste processo de integração e discretização dos dados foi observado que 
as divisões de bacias dizem respeito mais a questões de nomenclatura do que 
realmente a definições de bordos hidrogeológicos com relação às subunidades 
aquíferas. 
Cumpre ressaltar, no entanto, que uma vez que as subunidades aquíferas do 
SAA foram definidas em escala regional, em estudos futuros em escala de maior 
detalhe deverá ser avaliada a aplicabilidade destas subunidades aquíferas 
regionais. 
 
9.2.1 Base de dados empregada 
 
A elaboração de seções hidrogeoestratigráficas ao longo da área de estudo foi 
essencial para a observação da geometria e da relação espacial entre as 
subunidades aquíferas. Tais seções e as superfícies das camadas utilizadas no 
modelo numérico de fluxo foram elaboradas com base em 583 pontos de 
informação, incluindo dados de afloramentos e colunas litológicas de 282 poços 
profundos. Para comparação com os resultados obtidos foram utilizados vários 
perfis litoestratigráficos e seções sísmicas obtidas em publicações de livre acesso e 
de acesso restrito. 
Considerando a área total estudada, a densidade de pontos de informação é 
de 1 ponto para cada 3945 km2, o que é uma densidade bastante baixa. 
No estudo hidrogeológico regional da Grande Bacia Artesiana da Austrália 
(Welsh, 2000), foram utilizados 2431 pontos de informação para a elaboração da 
camada aquífera de interesse, o que resulta em um ponto para cada 621 km2 o que, 
embora seja mais densa do que a rede de dados do presente tese, também pode-se 
considerar como sendo uma baixa densidade de pontos. 
Levando-se em consideração as dificuldades de acesso na densa floresta 
amazônica, a baixa densidade de pontos de informação embora seja um fator 
limitante, é totalmente justificável. Além disso, ainda que a distribuição espacial dos 
 
 
146 
pontos de informação utilizados não sejaregular, estes se encontram relativamente 
bem distribuídos na área de estudo (Figura 9.1). 
 
 
Figura 9.1 – Distribuição dos pontos de informação utilizados para a elaboração das camadas das subunidades 
do SAA. 
 
Para minimizar as limitações em relação à densidade e distribuição dos pontos 
de informação, utilizou-se a interpolação por krigagem. Certamente quanto mais e 
melhor distribuídos forem os dados, melhor será a representação da geometria das 
camadas. No entanto, a pouca quantidade de dados, sua descontinuidade e 
distribuição irregular são uma realidade e buscou-se suplantar o problema através 
da interpolação e da comparação dos resultados obtidos com os dados contínuos 
de seções sísmicas e litoestratigráficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
147 
9.3 MODELO NUMÉRICO DE FLUXO 
 
9.3.1 Contornos internos de fluxo 
 
Durante o processo de elaboração do modelo numérico de fluxo, testou-se 
inicialmente a inserção de contornos internos de fluxo, a partir de bases 
hidrográficas disponíveis, além da inserção de dados estimados de recarga e de 
evapotranspiração para o SAA. Contudo, após inúmeros testes de simulação 
chegou-se à conclusão, por exemplo, de que era impossível, nesta escala, a 
representação dos contornos internos de fluxo em suficiente detalhamento para 
reproduzir a drenagem do sistema (Figura 8.11). 
Em virtude dessa limitação, do fato de que os valores de recarga e 
evapotranspiração ainda são pouco conhecidos para a região e do maior interesse 
desta tese ser em relação ao SAT, optou-se por inserir células de valor prescrito 
segundo o mapa piezométrico do aquífero Solimões. 
Vários estudos de sistemas aquíferos regionais utilizaram esta mesma 
estratégia, inserindo elementos com níveis prescritos para aquíferos de menor 
interesse para o estudo e simulando somente o nível de interesse, como no estudo 
da Grande Bacia Australiana (Welsh, 2000). 
Esta estratégia mostrou-se válida e permitiu a obtenção de resultados mais 
confiáveis devido à redução de incertezas quando comparada ao cenário de ajustes 
necessários no caso da utilização de dados estimados de recargas e 
evapotranspiração. 
 
9.3.2 A questão da piezometria do sistema aquífero Solimões 
 
A elaboração do mapa piezométrico do aquífero Solimões foi essencial para a 
definição dos bordos do SAA (Figura 7.6). A partir dele foram identificadas as duas 
divisórias de fluxo que, juntamente com as áreas cratônicas e o com o cinturão de 
falhas subandinas, definem os bordos Norte, Sul e Oeste do SAA, respectivamente. 
Na elaboração do mapa piezométrico do aquífero Solimões foi de grande 
importância a utilização de pontos de controle obtidos através da rede hidrográfica. 
 
 
148 
Contudo, a utilização dos níveis dos rios como pontos de controle foi possível 
somente em função do grau de conectividade entre estes e o aquífero Solimões. 
O fato de os sedimentos de fundo dos rios amazônicos serem arenosos 
(Nordin et al., 1981; Strasser, 2002) confere continuidade hidráulica entre os meios. 
Ainda assim, certamente há um erro associado à definição da altura piezométrica 
como possuindo o mesmo valor dos níveis dos rios. Este erro pode ser estimado da 
seguinte forma: 
Considerando-se, devido à densa malha da rede hidrográfica local, uma 
distância aproximada entre dois interflúvios de 500 m, uma recarga média de 10% 
da precipitação média da área (2200 mm/a), uma condutividade hidráulica média de 
2m/d e espessura média do aquífero de 50 m, o erro entre a altura piezométrica real 
e a altura piezométrica atribuída poderia ser estimado pela equação 9.1 (Figura 9.2 
e Tabela 9.1): 
 






=





2
2 L
ThL
R ⇒ 
T
RL
h
4
2
= [9.1] 
 
onde: h é o nível piezométrico real no centro do interflúvio [L]; 
 R é a recarga [L3/T]; 
 L é a distância entre os rios [L]; 
 T é a transmissividade do meio [L2/T]. 
 
A partir da equação 9.1 obtém-se um valor estimado para o erro de cometido 
de aproximadamente 0,4 m, o que é um valor inexpressivo em escala regional. 
 
Tabela 9.1 – Cálculo do erro piezométrico associado à utilização de pontos de controle nos rios para o 
traçado da piezometria do aquífero Solimões. 
Recarga estimada (m/a) Distância interfluvial (m) T ransmissividade 
(m2/d) 
Erro piezométrico (m) 
0,1 500 100 0,2 
0,2 500 100 0,4 
0,4 500 100 0,6 
0,2 1000 100 1,5 
 
 
 
 
 
149 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9.2 – Figura esquemática mostrando os parâmetros hidráulicos utilizados na equação 9.1. 
 
 
 
Analisando-se os erros piezométricos obtidos pela definição do nível d’água 
dos rios como pontos de controle para o traçado das curvas piezométricas, observa-
se que estes variam em função da distância interfluvial, sendo expressivamente 
maiores para maiores distâncias. 
Para valores de 10 km, por exemplo, o erro associado seria de cerca de 140 m. 
No entanto, tais erros estariam associados à região central do interflúvio, não às 
regiões laterais, o que não afetaria com erros em magnitude semelhante no ponto 
de controle; nestes pontos os erros associados seriam muito inferiores e 
perfeitamente aceitáveis (Figura 9.2). 
 
9.3.3 Parâmetros hidrogeológicos 
 
Os valores dos parâmetros hidrogeológicos das subunidades aquíferas do SAA 
inseridos inicialmente no modelo numérico de fluxo foram aqueles obtidos em 
campo (ensaios de injeção) e na bibliografia. Posteriormente, estes valores iniciais 
foram ajustados durante o processo de calibração. 
As condutividades hidráulicas das subunidades do SAA foram definidas como 
homogêneas para o domínio de cada uma das subunidades, apesar de se saber 
que devido aos diferentes ambientes e processos deposicionais atuantes, 
heterogeneidades ocorrem dentro destes espessos pacotes. 
R 
h 
aquífero Solimões K ~ 2 m/d 
b T= K*b 
aquitardo 
L 
 
 
150 
No caso particular das condutividades hidráulicas verticais, a ocorrência de 
estratificações tanto dentro das subunidades aquíferas como também, em maior 
escala, dentro do SAA, influenciam no pequeno valor das condutividades hidráulicas 
verticais obtidas (Carlson, 2010). 
A componente horizontal da condutividade hidráulica é a mais importante tanto 
para o aquífero Solimões como para o SAT, devido ao fluxo ser principalmente 
horizontal. Contudo, analisando-se a condutividade hidráulica vertical calibrada do 
SAT, seu valor foi de 10-4 m/d, valor este semelhante aos obtidos para os aquíferos 
da Bacia Amadeus e para a Grande Bacia Artesiana, ambas localizadas na Austrália 
(Brown et al., 1990; Ungemach, 1975). Contudo, este é um valor de calibração e, 
além disso, influi muito pouco nos resultados do modelo numérico de fluxo. 
Com relação ao aquífero Solimões, tomando-se o perfil litológico do poço P-1 
(Figura 5.6) até aproximadamente 100 m de profundidade (intervalo de ocorrência 
do aquífero Solimões) calculou-se a condutividade hidráulica vertical equivalente 
desta sequência, sendo obtido o valor de 3x10-5 m/d, valor este na mesma ordem de 
grandeza do obtido através do modelo numérico de fluxo, que foi de 10-5 m/d. 
A condutividade hidráulica vertical ajustada para o aquitardo basal do SAS foi 
mil vezes menor do que sua condutividade hidráulica horizontal, variação esta 
esperada e dentro das estimativas encontradas na literatura (Carlson, 2010). 
A condutividade hidráulica vertical do aquitardo foi o parâmetro hidráulico mais 
difícil de estimar e, consequentemente, foi o parâmetro mais modificado durante a 
calibração. 
 A análise de sensibilidade mostrou que o ajuste do modelo numérico de fluxo 
é sensível às variações do grau de anisotropia da condutividade hidráulica, 
principalmente da condutividade hidráulica vertical do aquitardo, conforme visto no 
capítulo 8. 
Apesar de muito pequeno, o valor da condutividade hidráulica vertical do 
aquitardo (Kv= 10
-8 m/d) é compatível com as condutividades hidráulicasverticais de 
aquitardos obtidas através de modelos numéricos elaborados para outros grandes 
sistemas aquíferos como o sistema aquífero do Leste da Arábia Saudita (Kv= 10
-7 a 
10-8 m/d) (Rasheeduddin, 1989), a Grande Bacia Artesiana (Austrália) (3,6x10-8 m/d) 
(Welsh, 2006) e o aquífero Milk River (8,6 x 10-6 a 8,6 x 10-10 m/d) (Hendry e 
Scheartz, 1988). 
 
 
151 
Uma avaliação das variações da condutividade hidráulica vertical do aquitardo 
em função da arquitetura adotada para o modelo numérico de fluxo é apresentada 
no item 9.3.4. 
Uma observação importante em relação às condutividades hidráulicas 
horizontais ajustadas do modelo numérico de fluxo é que as mesmas resultaram um 
pouco maiores do que aquelas obtidas em campo. Este fato em geral é observado 
em estudos regionais devido ao efeito de escala sofrido pela condutividade 
hidráulica, resultando maiores do que as medidas localmente (Schuelze-Makuch e 
Cherkauer, 1998; Rovey, 1998; Rasheeduddin, 1989). 
 
9.3.4 Modelo numérico de fluxo 3D x quasi-3D 
 
De acordo com as características das subunidades aquíferas do SAA, seu 
modelo numérico de fluxo poderia possuir basicamente 2 tipos de arquitetura: 3D ou 
quasi-3D. 
Em uma arquitetura quasi-3D a camada semipermeável do modelo numérico 
não é representada fisicamente, mas sim através de uma condutância equivalente. 
No código numérico utilizado, o VMFlow, devem ser inseridas as 
condutividades hidráulicas verticais e as elevações para cada uma das camadas 
consideradas no modelo numérico de fluxo. 
O VMFlow calcula internamente a condutância entre as camadas através da 
condutividade hidráulica vertical e das espessuras das camadas. 
Optou-se nesta tese pela elaboração de um modelo numérico 3D com 3 
camadas. A utilização do modelo 3D com três camadas permitiu a visualização da 
geometria das camadas do modelo de modo bastante ilustrativo durante o processo 
de modelagem. 
Contudo, no intuito de avaliar as possíveis influências da arquitetura adotada 
no resultado final do modelo numérico de fluxo, foi realizada a avaliação analítica 
entre estas duas alternativas. 
O código numérico VMFlow foi elaborado utilizando como base o MODFLOW, 
código numérico desenvolvido pela USGS e de livre acesso. Este código, até antes 
de sua versão MODFLOW-2000, não requeria que as elevações das camadas 
fossem explicitamente definidas para todas as camadas, o que encorajava a criação 
de modelos numéricos quasi-3D (Schlumberger, 2005). 
 
 
152 
Em ambos os códigos numéricos, VMFlow e MODFLOW, fluxo de água 
vertical entre as células é calculado através da condutância entre as células. No 
código MODFLOW a condutância é calculada internamente pelo código a partir do 
valor de drenança vertical (VCONT), inserido pelo usuário. 
A drenança vertical (VCONT) é dada pela equação 9.2. 
 
3
3
2
2
1
12
1,,
22
1
vvv
kji
K
b
K
b
K
b
VCONT
++
=
+
 [9.2] 
 
onde: b1, b2 e b3 são as espessuras das camadas [L]; 
 Kv1, Kv2 e Kv3 são as condutividades hidráulicas verticais das 
camadas [L/T]. 
 
Através da equação 9.2 observa-se que VCONT incorpora conjuntamente a 
condutividade hidráulica vertical e a espessura das camadas e não a condutividade 
hidráulica ou a espessura, de forma independente (McDonald e Harbaugh, 1988). 
Uma vez inserido o valor de VCONT no código numérico MODFLOW, este 
processa a multiplicação deste valor pela área das células, obtendo a condutância 
(McDonald e Harbaugh, 1988). 
 A condutância para uma camada geohidrológica individual é dada pela 
equação 9.3. 
 
kji
kji
kji b
yxK
C
,,
,,
,,
.. ∆∆
= [9.3] 
 
 
Desta forma, tanto o VMFlow como o MODFLOW utilizam a condutância para 
o cálculo do fluxo vertical entre as células do modelo numérico. 
No caso do modelo numérico de fluxo 3D elaborado, o mesmo foi 
representado no código numérico por 3 camadas: duas camadas aquíferas e uma 
camada semipermeável entre as camadas aquíferas (Figura 9.3). 
 
 
 
 
153 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9.3 – Desenho esquemático do modelo numérico de fluxo na arquitetura 3D, mostrando os 
elementos utilizados nas equações 9.2 e 9.3. 
 
 
Calculando-se VCONT para o modelo numérico elaborado em arquitetura 3D 
no ponto de controle P-B (Tabela 9.2), o valor obtido de VCONT foi de 3,7x10-11 d-1. 
 
 
Tabela 9.2 – Espessura das camadas no ponto B e suas respectivas condutividades hidráulicas verticais. 
PONTO ESPESSURAS (m) CONDUTIVIDADES HIDRÁULICAS VERTICAIS (m/d) 
DE OBSERVAÇÃO b1 b2 b3 Kv1 Kv2 Kv3 
P-B 71 270 368,5 10-5 10-8 10-4 
 
 
Quando se opta por uma arquitetura do tipo quasi-3D, pressupõe-se que: 
• a camada semiconfinante não contribui de forma mensurável para a 
condutância horizontal; 
• que a capacidade de armazenamento da camada semiconfinante é 
muito pequena, não influenciando na capacidade de armazenamento 
do sistema; 
• que a condutividade hidráulica vertical da camada semiconfinante é 
muito pequena se comparada às demais condutividades hidráulicas 
verticais do sistema. 
 
No caso estudado estas suposições são válidas e, portanto, a utilização de 
uma arquitetura quasi-3D também seria adequada. Neste caso, como Kv2 seria 
muito menor que Kv1 e Kv3, (Figura 9.3) a equação 9.2 poderia ser simplificada à 
equação [9.4]. 
 
. 
. 
b2 
b3 
b1 
Kv3 
Kv2 
Kv1 
x∆
y∆
i,j,k 
i,j,k+1 
 
 
154 
2
22
1,,
1
v
kji
K
b
VCONT =
+
 então: 
 
 
2
2
2
1,, b
K
VCONT v
kji
=
+
 [9.4] 
 
 
Calculando-se o valor de VCONT para o caso estudado (Figura 9.4) 
considerando uma arquitetura quasi-3D, através da equação 9.4 obtém-se o valor 
de 3,7x10-11 d-1 para VCONT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9.4 – Desenho esquemático do modelo numérico de fluxo na arquitetura quasi-3D, mostrando 
os elementos utilizados na equação 9.4. 
 
Observa-se então que, no caso estudado na tese, a adoção de uma 
arquitetura 3D ou quasi-3D o valor de VCONT seria o mesmo e, nas duas situações, 
chegou-se, ao mesmo resultado final, embora o valor obtido em uma arquitetura 3D 
pudesse ser um pouco distinto do valor da arquitetura quasi-3D, uma vez que este 
depende de Kv1 e Kv3. 
 
9.3.5 Modelo numérico de fluxo regional em estado e stacionário e densidade 
homogênea 
 
Modelos numéricos de fluxo em estado estacionário são geralmente utilizados 
como uma primeira aproximação da realidade da área estudada, visando à análise 
do sistema como se o mesmo fosse invariável no tempo. 
. 
. 
b2 
b3 
b1 i,j,k 
i,j, k+1 
Níveis não são calculados para esta camada que não é 
representada fisicamente no modelo numérico. A 
resistência ao fluxo desta camada é incluída nos termos de 
condutância entre as camadas i,j,k e i,j,k+1 
 
 
155 
No caso do SAA, devido à virtual ausência de dados de séries temporais e às 
incertezas inerentes ao modelo em tão grande escala, optou-se pela utilização de 
um modelo numérico em estado estacionário. 
Outra característica do modelo numérico de fluxo elaborado é o fato de ser 
um modelo numérico de fluxo de densidade homogênea (água doce). Embora se 
saiba que em alguns pontos as águas deste sistema possuem salinidades maiores 
que as da água doce e, consequentemente, densidades também maiores que as da 
água doce, optou-se por um modelo de densidade homogênea, pois os dados de 
salinidade ainda são incompletos, não permitindo a identificação de possíveis 
gradientes verticais de salinidade, e ausentes na maior parte da área, impedindo a 
elaboração de um modelo realista. 
Segundo alguns estudos (Marine e Fritz, 1981; Gueutin et al., 2007; Neuzil e 
Provost, 2009) gradientes de salinidade podem gerar fluxos controlados por estes 
gradientes e efeitos de sobrepressão devido aos processos osmóticos através das 
camadas semipermeáveis dos aquitardos. 
Na Bacia de Dunbarton (Carolina do Sul e Geórgia, EUA), diferenças 
piezométricas de cerca de 130 m em relação ao nível hidrostático foram 
correlacionadoscom salinidades da água de formação entre 12 g/L e 19 g/L (Marine 
e Fritz, 1981). Contudo, ainda não há consenso na comunidade científica sobre a 
efetividade de tais efeitos (Ingebritsen et al., 2006). 
Na área de estudo foram observadas diferenças piezométricas significativas 
entre o nível hidrostático e a piezometria obtida para o SAT através do modelo 
numérico de fluxo. Uma das possíveis causas destas diferenças poderiam ser os 
potenciais osmóticos gerados pela variação de salinidade entre os dois aquíferos 
separados pelo aquitardo, o qual funcionaria como uma membrana semipermeável. 
Se assim fosse, a pressão osmótica no meio poroso poderia ser calculada 
através da equação de Fritz (1986), uma vez que para concentrações inferiores a 1 
mol/L, a pressão osmótica pode ser aproximada pela equação de Van’t Hoff, com 
um erro inferior a 1%: 
 
CRTv∆=∆π [9.5] 
 
 
onde: π∆ é a pressão osmótica relativa no meio poroso; 
 
 
156 
 R é a constante dos gases 8,31x103 Pa.L.mol-1.K-1; 
 T é a temperatura absoluta (K) 
 v é o número de íons dissociados constituintes do soluto; 
 C∆ é a diferença na concentração de soluto (mol/ L) 
 
Embora esta equação seja válida para eficiências de 100% e no caso de 
membranas naturais a eficiência seja bem menor, através de sua utilização é 
possível ter-se uma primeira aproximação dos efeitos advindos da pressão osmótica 
no meio. 
O valor da pressão osmótica relativa devido à diferença de concentração de 
solutos entre os aquíferos é de cerca de 0,7 MPa. Em metros de coluna de água 
doce, esta pressão equivale a aproximadamente 70 m (Tabela 9.3). 
 
Tabela 9.3 – Cálculo da pressão osmótica no SAA devido ás diferenças de salinidade entre o AS e o SAT. 
Temperatura Número de íons 
dissociados (*) 
Salinidade no SAS Salinidade no SAT Pressão osmótica 
relativa 
40oC = 313,15 K 2 0,5 g/L (0,017 mol/L) 5 g/L (0,17 mo l/L) a 
8 g/l (0,27 mol/L) 
0,7 MPa 
(*) considerou-se toda salinidade devido a concentr ações de NaCl, AS – aquífero Solimões, SAT – sistem a aquífero Tikuna 
 
Portanto, as grandes diferenças piezométricas, de cerca de 100 m obtidas 
para a região entre os Arcos de Iquitos e Carauari não devem ser devido ao 
potencial osmótico, se mantidas as mesmas diferenças de salinidade, e 
provavelmente para este resultado podem contribuir uma série de fatores (efeitos de 
confinamento, potencial osmótico, potencial de temperatura, etc). 
Infelizmente com os dados atualmente disponíveis não foi possível a 
avaliação efetiva do papel que possivelmente possam desempenhar os efeitos 
osmóticos na área de estudo. 
 
9.3.6 Calibração do modelo numérico de fluxo 
 
O modelo numérico de fluxo foi calibrado a partir de somente dois pontos de 
observação, os poços surgentes P-A e P-B, localizados na Base Petrolífera de 
Urucu (Figura 5.10). 
 
 
157 
Os níveis piezométricos destes dois poços foram estimados a partir de dados 
indiretos de campo, registrados durante a perfuração e amostragem da água de 
formação. Tais valores representam o nível piezométrico mínimo alcançado pelas 
águas do SAT nestes pontos. 
A água de ambos os poços é salobra (capítulo 5) e, em virtude do modelo 
numérico de fluxo adotado ser um modelo de densidade homogênea (água doce), 
os níveis obtidos foram corrigidos para a densidade da água doce, conforme 
apresentado no capítulo 5 (Tabela 5.2 e Anexo F). 
Sabe-se que os níveis piezométricos atribuídos aos poços utilizados como 
pontos de calibração são uma aproximação do nível piezométrico real. Contudo, é 
importante estar ciente de que este é o melhor dado que se encontra disponível 
atualmente. 
Outro ponto que deve ser ressaltado em relação a esta questão é que 
embora o modelo numérico de fluxo seja calibrado em relação a um ponto, ou seja, 
em relação ao nível piezométrico medido em um ponto, as piezometrias computadas 
para cada célula do modelo numérico de fluxo não representam a piezometria em 
um ponto, mas um valor médio para uma área de vários quilômetros quadrados. 
 
9.4 TEMPO DE TRÂNSITO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO SAA 
 
Utilizando-se a equação 9.6, obtida através da Lei de Darcy (Loáiciga, 2004), 
foram estimados os tempos de trânsito no SAA: 
 
iK
Lm
t d= [9.6] 
 
onde: md – porosidade dinâmica do aquífero [adimensional] m=0,20; 
 L – distância entre o ponto de recarga e o de descarga [L]; 
i – gradiente hidráulico [adimensional]; 
 K – condutividade hidráulica do meio [L/T]. 
 
 
 
 
 
 
158 
9.4.1 Tempo de trânsito no SAT 
 
Realizando os cálculos para a obtenção dos tempos de trânsito das águas 
subterrâneas para as sub-bacias Oeste e Leste do sistema aquífero Tikuna (SAT), 
considerando todos os pontos de recarga e de descarga, os tempos de trânsito no 
SAT variaram entre aproximadamente 3 Ma e 114 Ma (Tabela 9.4 e Figura 9.5). 
Os resultados obtidos são dependentes da porosidade estimada, e esta 
provavelmente deve variar verticalmente, sendo menor a maiores profundidades 
devido a efeitos de litificação. Os valores obtidos são valores médios. O valor 
máximo obtido de 114 Ma é similar à idade da formação, de idade cretácea (145 a 
65 Ma). 
O intervalo do tempo de trânsito obtido através do cálculo analítico efetuado é 
coincidente com o intervalo calculado automaticamente pelo VMFlow, o qual foi 
calculado sobre as linhas de fluxo obtidas por simulação e levando-se em conta 
somente processos advectivos. 
 
 
Tabela 9.4 – Cálculo dos tempos de trânsito para o sistema aquífero Tikuna. 
Percurso da 
área de 
recarga à 
descarga (*) 
Porosidade 
dinâmica 
Variação de 
cota (m) 
Distância 
(km) 
Condutividade 
hidráulica (m/d) 
Tempo de 
trânsito (Ma) 
de A para C 0,20 110 425 0,35 3 Ma 
de B para C 0,20 10 662 0,35 69 Ma 
de E para D 0,20 143 662 0,35 127 Ma 
de F para D 0,20 240 1500 0,35 25 Ma 
de G para D 0,20 140 1722 0,35 20 Ma 
(*)
 consultar figura 9.5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
159 
 
 
Figura 9.5 – Pontos de recarga e de descarga do sistema aquífero Tikuna (SAT) e suas áreas de 
afloramento. 
 
 
9.4.2 Tempo médio de residência no SAT 
 
O tempo médio de residência é a média de todos os tempos de trânsito em 
todas as trajetórias em um aquífero. Este tempo pode ser estimado através da 
equação 9.7: 
 
R
mb.=τ [9.7] 
 
onde: b é a espessura do aquífero [L]; 
 m é a porosidade total do aquífero [adimensional]; 
 R é a recarga [L/T]. 
 
 
 
160 
Aplicando-se a equação 9.5 às sub-bacias do SAT (Tabela 9.5), para a sub-
bacia Oeste foi obtido um tempo de residência médio de 7 Ma e para a sub-bacia 
Leste, 36 Ma. 
 
Tabela 9.5 – Cálculo dos tempos de residência médios para o sistema aquífero Tikuna. 
SUB-BACIA ESPESSURA 
(m) 
POROSIDADE RECARGA 
(m3/a) 
ÁREA (m 2) TEMPO MÉDIO DE 
RESIDÊNCIA (Ma) 
OESTE 750 0,3 1,6x107 5,1x1011 7 
LESTE 350 0,3 2,9x106 9,9x1011 36 
 
 
9.4.3 Tempo de trânsito no aquitardo 
 
Utilizando-se a equação 9.4 foi calculado o tempo de residência no aquitardo 
basal do sistema aquífero Solimões. Para este cálculo estimou-se um gradiente 
hidráulico médio baseado nos níveis piezométricos da camada subjacente e 
sobrejacente, uma espessura média do aquitardo, de 250 m, e uma porosidade 
dinâmica de 0,1. Este cálculo resultou em um tempo de residência da água 
subterrânea no aquitardo de aproximadamente 43 Ma. 
Considerando que a sedimentação da Formação Solimões iniciou-se no 
Terciário (65 a 1,8 Ma), as águas contidas no aquitardo provavelmente devem ser 
águas conatas, provenientes dos ambientes de sedimentação instalados nesta 
região durante o Terciário (sistemas fluviais meandrantes e Lago Pebas). 
Tanto os tempos de trânsito obtidos para SAT (item 9.4.1) como aquele 
obtido para o aquitardo (item 9.4.2) são tempos muito longos, ainda que sejam 
somente valores orientativos. 
Embora não seja possível afirmar se os cálculos automáticos realizados pelo 
VMFlow estãototalmente corretos e tampouco seja possível precisar os erros 
associados, através dos cálculos analíticos foi possível estimar que os tempos 
mínimos de trânsito no SAT devem ser de aproximadamente 3 Ma e que o tempo 
médio de residência neste sistema aquífero deve variar entre 7 e 36 Ma, localizando 
os mesmos dentro do intervalo de tempo estimado também pelo VMFlow. 
Outros grandes sistemas aquíferos mundiais também apresentam tempos de 
residência da mesma ordem de grandeza que os obtidos para o SAT, como o 
sistema aquífero de Núbia (Egito), onde datações através do 81Kr indicam idades 
 
 
161 
variando entre 0,2 e 1 Ma (Collon et al., 2004), a Grande Bacia Australiana, onde 
datações através do 36Cl indicam idades entre 0,2 Ma e maiores que 1 Ma (Bentley 
et al., 1986; Torgersen et al., 1991; Mazor, 1992), e através de 4He indicam idades 
entre 2 e 10 Ma (Mazor e Bosch, 1990) e o aquífero Milk River, com idades variando 
entre 0,25 a 2 Ma (Fröhlich et al., 1991). 
 
9.5 HIDROGEOQUÍMICA DO SISTEMA AQUÍFERO TIKUNA 
 
A grande maioria dos dados hidrogeoquímicos disponíveis para o sistema 
aquífero Tikuna tratam sobre sua salinidade. Consequentemente, este é o único 
aspecto hidrogeoquímico deste sistema aquífero que pode ser discutido com maior 
amplitude e profundidade (Figura 9.6). 
Recentemente obteve-se acesso a um estudo hidrogeológico realizado na 
Bacia Marañón (Rakiht, 2002), que faz parte da sub-bacia Oeste do SAT, a partir do 
qual foi possível agregar à tese mais dados de salinidade do SAT. 
No estudo da Bacia Marañón (Rakhit, 2002) é mencionada a existência de 
núcleos de salmoura imóveis na região central da Bacia Marañón, distribuídos 
verticalmente em vários níveis das camadas cretáceas. 
 
 
 
162 
 
Figura 9.6 – Dados de salinidade das águas do sistema aquífero Tikuna. 
163 
 
Ao Sul da área de descarga da sub-bacia Oeste (Bacias Ucayali e Madre de 
Dios-Beni), as águas apresentam salinidades inferiores a 1 g/L (Mathalone e 
Montoya, 1995). 
Na sub-bacia Leste são conhecidas as salinidades de 3 pontos localizados na 
Base Petrolífera de Urucu. Nestes pontos as salinidades obtidas são menores do 
que aquelas da sub-bacia Oeste, classificando suas águas como salobras. 
Ao que parece as águas do SAT podem estar estratificadas em relação à sua 
salinidade. Comparando-se os resultados analíticos dos 3 pontos amostrados na 
área da Base Petrolífera de Urucu (Bacia Solimões) e os cálculos indiretos de perfis 
de resistência de poços estratigráficos perfurados nesta mesma região através dos 
quais foram calculadas as salinidades para as águas do topo do sistema aquífero 
Tikuna, as salinidades destes últimos foram menores, variando entre 1 e 3 g/L, 
enquanto que as salinidades de suas camadas basais variaram entre 5 e 8 g/L. 
Atualmente não há dados de ocorrência de águas salinas nesta bacia, 
embora o mesmo seja possível. 
 
9.6 ORIGEM DAS ÁGUAS DO SISTEMA AQUÍFERO TIKUNA 
 
Durante o Cretáceo um mosaico de sistemas deposicionais, variando de 
fluvial de barras, a Leste, a marinho raso, a Oeste, foi desenvolvido 
longitudinalmente ao longo da bacia amazônica. Nesta época sua drenagem 
principal corria em direção ao Oceano Pacífico e, portanto, na região onde 
atualmente encontram-se os Andes, desenvolviam-se ambientes de interface 
marinha-continental. 
No final do Cretáceo, com a abertura do Oceano Atlântico e o deslocamento 
da Placa Americana para Oeste, iniciou-se o processo de subducção da Placa de 
Nazca e, consequentemente, o soerguimento da Cordilheira Andina (Figura 9.7). 
O soerguimento dos Andes iniciou-se no final do Cretáceo (144 – 64 Ma), 
porém foi notadamente mais intenso durante o Mioceno (11 Ma). A partir de então, a 
ligação da drenagem da paleo-bacia amazônica com o Oceano Pacífico foi impedida 
pelos Andes. 
 
 
 
164 
 
 
 
Figura 9.7 – Choque entre a Placa de Nazca e a Placa Sul-Americana, gerando o soerguimento da Cordilheira 
dos Andes e o desenvolvimento de processos magmáticos, além do desenvolvimento de novas feições 
geoestruturais no continente, como o Arco de Iquitos. 
 
Períodos transgressivos e regressivos sucederam-se desde o Cretáceo e, 
provavelmente, as primeiras águas aprisionadas nos depósitos arenosos devem ter 
tido origem marinha. 
Processos tectônicos (falhamentos e dobramentos) desagregaram as 
camadas sedimentares anteriormente depositadas onde atualmente estão os 
Andes. 
Com o processo de sedimentação e compactação dos sedimentos cretácicos 
sobre os depósitos jurássicos, triássicos e palezóicos provavelmente houve a 
expulsão de águas conatas destes sedimentos. Esta migração das águas conatas 
para níveis mais rasos pode ter gerado alguma dissolução dos depósitos 
evaporíticos incrementando sua salinidade. Estes fluidos, migrando para camadas 
mais rasas, encontraram os arenitos cretáceos e podem ter ficado aí armazenados. 
Na Bacia Solimões as salinidades das águas do SAT conhecidas são 
menores do que as das bacias subandinas (Figura 9.6). Nesta bacia, anteriormente 
à deposição cretácica, ocorreu o evento magmático Penatecaua, no qual extensos e 
espessos corpos de diabásio foram intrudidos nas sequências palezóicas. É 
possível que estes corpos de diabásio tenham atuado como barreiras à migração de 
fluidos provenientes das rochas paleozóicas e eo-mesozóicas para os arenitos 
cretácicos do SAT, explicando as menores salinidades destas águas. 
165 
 
A carga orogênica dos Andes provocou o desenvolvimento do Arco de Iquitos, 
gerando uma região deprimida entre este Arco e os Andes. Nesta depressão 
formou-se uma grande região alagada, o Lago Pebas. O Arco de Iquitos funcionou 
como divisor interno dentro desta extensa região alagada e o Arco de Purus 
funcionou como seu limite Leste (Figura 9.8). 
 
 
Figura 9.8 – Seção esquemática com as principais feições geoestruturais geradas em função da subducção da 
Placa de Nazca e soerguimento dos Andes (modificado de DeCelles e Giles, 1996). 
 
No final do Jurássico e início do Cretáceo, intensos esforços tectônicos 
compressivos (Diastrofismo Juruá) causaram o deslocamento das camadas, 
gerando a Falha do Batã (Serra do Divisor). Ao Oeste deste sistema de falhas, 
maiores reestruturações e falhamento ocorreram, incluindo a reativação de falhas 
mais antigas assim como a halocinese, mobilizando os corpos salinos para a 
direção do eixo das feições anticlinais (Wanderley-Filho et al., 2010). 
Talvez o diastrofismo Juruá possa ter gerado migrações de fluidos salinos 
através de falhas e fraturas para níveis mais rasos nas bacias subandinas e na 
Bacia do Acre. Na bacia Solimões são relacionadas ao diastrofismo Juruá as 
migrações de petróleo que geraram os principais campos petrolíferos da Bacia 
Juruá (sub-bacia da Bacia Solimões) (capítulo 4). 
Os intensos processos tectônicos na borda da zona andina foram 
responsáveis pela exposição das camadas cretáceas mais profundas nesta região, 
formando atualmente as principais áreas de recarga do SAT. 
Outra possível fonte de inserção de águas salinas no SAT pode ter ocorrido 
através da dissolução de depósitos evaporíticos Terciários formados durante 
166 
 
períodos climáticos mais secos ou épocas de regressão marinha, devido à 
evaporação das águas do Lago Pebas. Segundo alguns autores, este lago recebeu 
em diversos períodos ou continuamente, contribuições de águas marinhas (Figura 
9.9). 
Desta forma, várias são as possibilidades de origem das águas salinas no 
SAT: 
(a) água conatas aprisionadas durante a deposição dos sedimentos 
cretáceos; 
(b) migração de fluidos salinos durante a compactação dos sedimentos 
paleozóicos e eo-mesozóicos; 
(c) migração de fluidos salinos devido a processos tectônicos de compressão 
(diastrofismo Juruá); 
(d) aporte de águas salinas a partir da dissolução de depósitos resultantes da 
evaporação das águas do Lago Pebas. 
 
O que parece mais provável, no entanto,é que várias fontes tenham 
contribuído em períodos distintos e, portanto, as águas salinas/salobras atualmente 
encontrados no SAT devem ser o produto da mistura de águas de várias origens e 
épocas distintas associadas a um sistema de muito longo tempo de renovação. 
 
 
Figura 9.9 – Extensão do Lago Pebas durante o Mioceno e possíveis rotas de entrada de água marinha 
numeradas de 1 a 6 (Hovikoski et al., 2010). 
 
167 
 
Considerando tais hipóteses suas águas poderiam ser datadas desde o 
Paleozóico (águas migradas de regiões mais profundas) passando pelo Cretáceo 
(águas conatas) e chegando até o Terciário (águas do Lago Pebas infiltradas nas 
camadas cretáceas). 
Desta forma, mais estudos seriam necessários para a melhor caracterização 
e datação destas águas. 
 
9.7 SISTEMA DE FLUXO NO SAT 
 
Utilizando-se o conceito de sistemas de fluxo de água subterrânea 
hierarquicamente acoplados de Tóth (Tóth, 1963, 1995; Tóth e Sheng, 1996; Tóth, 
2009) e baseando-se no resultado do modelo numérico de fluxo e nos cálculos dos 
tempos de trânsito realizados, o sistema de fluxo no SAA poderia ser representado 
conforme a figura 9.10. 
Nesta observam-se representadas nas duas primeiras camadas que 
representam o sistema aquífero Solimões: a primeira, o aquífero Solimões e a 
segunda, o aquitardo basal do SAS. 
O aquífero Solimões, com relação a sua condição de fluxo geohidráulico, 
compõe um sistema de mistura exponencial, onde vários pontos de recarga 
contribuem para a sua recarga global, cujos tempos de trânsito no aquífero 
Solimões estima-se variar entre alguns meses/anos. 
A terceira camada do perfil esquemático (figura 9.10) representa o sistema 
aquífero Tikuna. No domínio do sistema aquífero Tikuna ocorreriam os grandes 
fluxos regionais e subregionais, de tempos de trânsito de milhões de anos, refletindo 
a grande distância das áreas de recarga, os longos tempos de trânsito e seu estado 
de confinamento controlado pelo aquitardo basal do SAS. 
As águas recarregadas através das camadas mais rasas da sequência 
cretácea tenderiam a ser descarregadas parcialmente na região da Serra do Divisor, 
cumprindo um tempo de trânsito mínimo entre 1 e 3 Ma. 
As águas recarregadas através das camadas cretáceas basais, cujos 
afloramentos localizam-se nas áreas mais elevadas do bordo do cinturão de falhas, 
tenderiam a formar o fluxo regional, que irá descarregar no bordo Leste da área de 
estudo, a cerca de 1600 km de distância da área de recarga, cujos tempos de 
trânsito devem ser maiores do que 20 Ma. 
168 
 
As águas descarregadas na área da Serra do Divisor seriam uma mescla das 
águas recarregadas no cinturão de falhas e na área da divisória interna de fluxo. 
Tais águas, doces, seriam misturadas às águas salobras a salinas que compõe o 
sistema aquífero Tikuna nesta região. 
Da região do Arco de Iquitos para Leste as águas recarregadas na região do 
Arco de Iquitos também se misturariam com as águas provavelmente salobras da 
sub-bacia Leste. 
No bordo Leste haveria uma grande zona de mistura devido à descarga 
conjunta das águas do aquífero Solimões e do sistema aquífero Tikuna e à 
interação com águas superficiais, resultando em águas variando entre doces a 
medianamente salobras, como as que são descarregadas na região da cidade de 
Iranduba, localizada próximo à região do Arco de Purus. 
Em Manaus, provavelmente devido a um possível divisor de águas composto 
pelos rios Solimões, Negro e Amazonas, formado pela junção dos dois primeiros, 
estas águas mais salobras não descarregariam nesta região, sendo então 
encontradas águas predominantemente doces na cidade de Manaus, salvo aquelas 
mais mineralizadas devido ao contato com depósitos evaporíticos paleozóicos 
(capítulo 4 e Anexo E). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
169 
 
 
 
 
Figura 9.10 – Perfil longitudinal SW-NE mostrando as direções preferenciais de fluxo. Observa-se que na 
porção Oeste da área os fluxos provenientes das zonas de recarga situadas a SW da área estão representadas 
por direções perpendiculares ao plano do papel.
170 
 
Além do componente de fluxo horizontal e suas interações descritas acima, 
no SAT, devido à sua potenciometria, também são gerados fluxos verticais 
ascendentes, que através do tempo geológico (17 Ma) atravessam as potentes 
camadas de argilito que compõe predominantemente o aquitardo basal do SAS, 
misturando-se às águas do aquífero Solimões. 
 171 
10 CONCLUSÕES 
 
Neste capítulo será apresentado um resumo dos resultados alcançados, as 
conclusões da tese e recomendações de linhas de pesquisa futura para 
preenchimento das lacunas de conhecimento identificadas. 
A presente tese teve como objetivo a caracterização do sistema aquífero 
Amazonas (SAA) na área de estudo, enfocando principalmente uma de suas 
subunidades hidrogeoestratigráficas, o sistema aquífero Tikuna (SAT). 
A área de estudo englobou a porção Oeste do SAA. Esta porção, que é a 
região menos povoada da Amazônia, estende-se desde o Arco de Purus até o 
cinturão de falhas subandinas, abrangendo uma área total de 2,3x106 km2. 
O SAA faz parte de complexo sistema de fluxo de água que controla vários 
aspectos sociais e ambientais desta região, ajudando na manutenção do equilíbrio 
do maior bioma do planeta. 
Estima-se que a área total do SAA seja de aproximadamente 2,7x106 km2 e 
que englobe, além da porção estudada, composta pelas bacias brasileiras do Acre e 
Solimões e pelas bacias subandinas Marañón e Ucayali (Peru), Madre de Dios/Beni 
(Bolívia), Oriente (Equador) e Putumayo (Colômbia), outra bacia brasileira, a Bacia 
do Amazonas. 
A área efetiva do SAA na porção estudada é de 2,0x106 km2 e possui os 
seguintes limites hidrogeológicos: 
• a Norte: áreas cratônicas do Escudo das Guianas e a divisória de fluxo 
situada na região do Alto de Macarena (Colômbia); 
• a Sul: áreas cratônicas do Escudo Brasileiro e a divisória de fluxo localizada 
ao norte das bacias Madre de Dios/Beni (Bolívia); 
• a Oeste: cinturão de falhas subandinas; 
• a Leste: o limite deposicional das camadas do sistema aquífero Solimões. 
 
Na porção estudada o SAA é composto por duas subunidades aquíferas: o 
sistema aquífero Solimões (SAS) e o sistema aquífero Tikuna (SAT). 
O SAS é um sistema estratificado, de caráter predominantemente argiloso, 
composto por camadas argilo-arenosas a francamente argilosas intercaladas com 
camadas argilo-arenosas a arenosas. Contudo, em suas porções mais rasas, entre 
 172 
0 e 150 m de profundidade, ocorrem predominantemente camadas arenoso-
argilosas, em detrimento às camadas argilo-arenosas ou essencialmente argilosas, 
o que permite a compartimentação deste sistema em um aquífero superior, o 
aquífero Solimões, e em um aquitardo basal. 
O aquitardo basal do SAS apresenta espessuras médias de cerca de 250 m, e 
funciona como camada confinante do SAT, subjacente. 
O SAT também é um sistema aquífero estratificado, composto por 
intercalações de camadas de arenito e argilito. Contudo, neste sistema predominam 
camadas essencialmente arenosas. Sua espessura média é de cerca de 350 m e 
possui uma área total de aproximadamente 1,5x106 km2. 
O SAT e o SAS compartilham os mesmos bordos hidrogeológicos a Oeste e 
Leste da área de estudo. Entretanto, a Norte e a Sul os bordos do SAT são 
definidos por seus limites deposicionais em subsuperfície, os quais são totalmente 
recobertos pelas camadas do SAS, que se prolongam, recobrindo parte dos bordos 
cratônicos. 
Uma divisória interna parcial de fluxo, em forma de semicírculo, que se estende 
de Noroeste a Sudoeste e que coincide relativamente bem com o traçado do Arco 
de Iquitos, divide o SAT em duas sub-bacias: uma menor, de cerca de 5,0x105 km2, 
a Oeste, e outra, maior, de cerca de 1,0x106 km2, a Leste. 
Na sub-bacia SAT-Oeste o fluxo converge em direção à Serra do Divisor, 
localizada a Sul desta sub-bacia. A Serra do Divisor éuma região de descarga 
parcial desta porção do SAT, que tem suas áreas de recarga localizadas no bordo 
do cinturão de falhas subandinas, a Oeste. 
Na sub-bacia SAT-Leste o fluxo preferencial é Oeste-Leste, com recargas 
provenientes dos extremos Noroeste e Sudoeste do cinturão de falhas subandinas. 
Sua zona de descarga está localizada no bordo Leste da área de estudo. 
Em virtude da grande altitude das áreas de recarga do SAT, entre cerca de 
1500m e 500m de altitude, e do confinamento de suas camadas, este apresenta 
níveis piezométricos mais elevados do que os do aquífero Solimões, gerando um 
potencial fluxo vertical ascendente e, consequentemente, surgências expressivas 
em seus poços. 
A diferença entre a piezometria do SAT e a do aquífero Solimões chega a 
alcançar cerca de 100 m na região entre os Arcos de Iquitos e de Carauari, 
provavelmente resultado do grande confinamento imposto pelo aquitardo. 
 173 
O aquífero Solimões é um aquífero essencialmente livre que mantém grande 
conexão com o sistema hídrico superficial. Regionalmente possui direção de fluxo 
Oeste-Leste. 
A densa rede de drenagem existente na região gera uma grande dificuldade de 
representação da interação do aquífero Solimões com o sistema hídrico superficial 
em modelos numéricos regionais. A densa rede de drenagem requer a utilização de 
elementos (células ou triângulos) muito pequenos, compatíveis com a representação 
da mesma, o que leva a restrições do ponto de vista computacional. Além disso, 
ainda não existe uma cartografia hidrográfica de detalhe para a região. 
O aquífero Solimões apresenta condutividades hidráulicas variando em um 
amplo espectro de valores (2,5x10-4 e 16 m/d), o que reflete as variabilidades locais 
às quais pode estar submetido. 
O SAT, no entanto, possui condutividades hidráulicas variando entre 0,01 e 0,8 
m/d, indicando maior homogeneidade com relação a seus parâmetros hidráulicos. 
Suas porosidades variam entre 10 e 25%, portanto são boas rochas 
armazenadoras. Através do modelo numérico de fluxo elaborado foram estimadas 
condutividades hidráulicas para este sistema aquífero de 0,35 m/d. 
Os parâmetros hidráulicos constituem-se em uma fonte de incertezas do 
modelo numérico elaborado e, certamente, na medida em que novos dados forem 
incorporados, os resultados do modelo numérico irão ganhar em confiabilidade. 
As águas do SAT apresentam variados graus de salinidade. Na sub-bacia SAT 
Oeste, as águas são doces nas proximidades das áreas de recarga e salobras a 
salinas, nas regiões mais centrais da bacia podendo, inclusive, chegar a formar 
salmouras (200 g/L). Na sub-bacia SAT Leste, na região da Base Petrolífera de 
Urucu, encontram-se águas salobras com variados graus de salinidade entre o topo 
(1-3g/L) e a base (3 – 8g/L) do SAT. Em virtude desta variabilidade, provavelmente 
estas águas encontrem-se estratificadas. 
A salinidade das águas do SAT deve ser resultante de vários processos 
ocorridos ao longo do tempo geológico, como a aprisionamento de águas conatas 
de ambiente marinho, a migração de fluidos de camadas mais profundas e a 
dissolução de camadas evaporíticas. 
Devido aos escassos dados hidrogeoquímicos disponíveis sobre o SAS, 
poucas conclusões podem ser realizadas sobre sua hidrogeoquímica em termos 
regionais. Contudo, pode-se deduzir que suas águas devem ser doces, uma vez que 
 174 
várias pequenas localidades da região Amazônica utilizam poços rasos para 
abastecimento humano. 
As recargas estimadas para o SAT são da ordem de 18 km3/a. Ainda que os 
dados obtidos sejam uma aproximação inicial com limitações, em virtude das 
condições de contorno definidas para a camada do aquífero Solimões, os valores de 
recarga obtidos para este sistema aquífero são da mesma ordem de grandeza dos 
obtidos para outros grandes sistemas aquíferos como o de Núbia, do Noroeste do 
Saara e das Altas Planícies (Tabela 2.2). 
Em virtude da magnitude do SAT e das pequenas recargas estimadas, as 
águas deste sistema aquífero apresentam um longo tempo de trânsito, estimado 
entre 1 Ma a algumas dezenas de milhões de anos, podendo chegar até uma 
centena de milhões de anos. 
O sistema de fluxo do SAA, obtido como resultado do modelo numérico 
elaborado, parece reproduzir de modo bastante fiel a dinâmica em suas 
subunidades aquíferas. Chega-se a esta conclusão em função de alguns resultados 
que inicialmente geraram dúvidas sobre a adequação do modelo final e que, 
posteriormente, foram comprovados por dados diretos e indiretos de campo e por 
resultados de outros estudos, aos quais somente se obteve acesso posteriormente à 
finalização das simulações e calibração do modelo numérico de fluxo. 
Desta forma, não obstante às limitações do modelo numérico de fluxo 
elaborado, o mesmo consegue reproduzir os fluxos de água no SAA e permite 
identificar as principais estruturas controladoras de fluxo na área. 
De acordo com os resultados obtidos, estimam-se vazões para o SAA (bordo 
Leste da área) de aproximadamente 7,5x103 m3/d e reservas totais máximas da 
ordem de 2,0x1014 m3. Tais reservas são maiores do que as reservas de alguns dos 
grandes sistemas aquíferos mundiais como o de Núbia (7,5x1010 m3) o do Norte do 
Saara (6,0x1010m3) e o da Grande Bacia Artesiana (2,0x1010 m3). 
Conclui-se, desta forma, que o objetivo principal da tese foi alcançado, tendo 
sido possível realizar a caracterização do SAA e do SAT na área de estudo. 
Durante o desenvolvimento da tese, na fase de integração de dados, foi 
identificada a grande necessidade de realização de estudos hidrogeológicos com 
aquisição dos principais parâmetros hidráulicos dos aquíferos (condutividade 
hidráulica e porosidade) da região. 
 175 
Estudos de caráter hidrometeorológicos regionais também são essenciais para 
servir de base a estudos hidrogeológicos mais detalhados e completos com relação 
à taxa de recarga ao longo do SAA. Neste ponto, o uso de ferramentas de 
sensoriamento remoto e a disponibilização de dados já processados seria de grande 
utilidade. 
A aquisição de dados de hidrogeoquímicos tanto do aquífero Solimões como 
do SAT poderiam ajudar grandemente na melhoria do modelo conceitual de fluxo 
proposto. 
 
 
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197 
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VGE – Banco de dados interno do Sistema PETROBRAS – acessos realizados ao 
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Vidal, J. P., 1972. Geografía del Perú: Las ocho regiones naturales del Perú. Lima, 
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198 
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Geologica, v. 133, p. 1-17, Leiden. 
 
WHYCOS, 2005. Lake Chad – HYCOS An information system for water resources 
assessment and management of the Lake Chad basin. A sub-regional component 
of the World Hydrological Cycle Observing System (WHYCOS). A Draft project 
proposal. 
Yinfu, X., Jihancheng, Yongdi, S., Ying, H. 2010. Petroleum geology and exploration 
potential of Oriente-Maranon Basin. Petrol. Explor. Develop., v. 37, n.1 p. 51–56. 
Yu, C., Loureiro, C., Cheng, J.J., Jones, L.G., Wang, Y.Y., Chia, Y.P., Faillace, E., 
1993. Data collection handbook to support modeling impacts of radioactive 
material in soil. U.S. Department of Energy. 
 199 
 
 
 
ANEXO A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Colunas estratigráficas das bacias sedimentares englobadas na área de estudo. 
(não são inseridas as legendas das colunas estratigráficas uma vez que foram utilizadas 
as simbologias de cada tipo de rocha padronizada universalmente) 
 200 
 
Coluna estratigráfica generalizada das Bacias Marañón, Ucayali e Madre de Dios.
 201 
 
Coluna estratigráfica da Bacia Putumayo(ANH, 2011)
 202 
 
Coluna estratigráfica da Bacia Oriente (Equador) (Baby et al., 2004).
 203 
 
Coluna estratigráfica da Bacia do Acre (Brasil) (Cunha, 2007).
 204 
 
Coluna estratigráfica da Bacia Solimões, Brasil (Eiras, et al., 1994)
 205 
 
Coluna estratigráfica da Bacia Amazonas, Brasil (Eiras et al., 1994).
 206 
ANEXO B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns dos perfis de poços profundos utilizados na tese 
 207 
 
 
Legenda: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 208 
 
 
Perfil composto de poço da Bacia Solimões. 
 
A
quífero S
olim
ões 
A
quitardo 
S
equência T
erciária 
S
equência C
retácea 
S
equência C
retácea 
D
iabásio 
S
istem
a aquífero T
ikuna 
S
istem
a aquífero T
ikuna 
 209 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perfil composto do poço da Bacia Solimões. 
 
 
A
quífero S
olim
ões 
A
quitardo 
S
equência T
erciária 
S
eq. C
retácea 
S
equência C
retácea 
D
iabásio 
S
ist. A
quíf. T
ikuna 
S
istem
a aquífero T
ikuna 
 210 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perfil composto de poço da Bacia do Acre. 
Legenda: 
Arenito 
Argilito 
Folhelho 
Embasamento 
A
quífero S
olim
ões 
A
quitardo 
S
equência T
erciária 
S
equência C
retácea 
S
istem
a aquífero T
ikuna 
 211 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perfil litológico de poço na Bacia do Acre. 
 
 
Legenda: 
 
argilito 
arenito 
calcilutito 
calcarenito 
anidrita 
siltito 
granito 
conglomerado 
folhelho 
A
quitardo 
S
equência T
erciária 
S
eq. C
retácea 
S
equência C
retácea 
S
equência P
aleozóica 
S
ist. A
quíf. T
ikuna 
S
istem
a aquífero T
ikuna 
 212 
ANEXO C 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Algunas das seções sísmicas utilizadas na tese. 
 213 
 
 
Localização das linhas sísmicas utilizadas na tese (Mosmann et al., 1986). 
 
 
 
Linha sísmica com estrutura de deformação compressiva (Mosmann et al., 1986). 
 
 
 214 
 
Linha sísmica com estrutura compressiva afetando as camadas paleozóicas e as rochas ígneas 
mesozóicas (sill de diabasa) (Mosmann et al., 1986). 
 
 
 
Linha sísmica com estruturas tectônicas afetado as camadas paleozóicas (Mosmann et al., 
1986). 
 
 215 
 
Localização de linhas sísmicas de reflexão na Bacia Solimões (Pietrobon, 2006). 
 
 
 
 
 
Linha sísmica interpretada – linha 391 (Pietrobon, 2006). As estruturas tectônicas afetam as 
camadas Paleozóicas, porém não as camadas cretáceas e terciárias. 
 
 216 
 
 
Linha sísmica interpretada – linha 392 (Pietrobon, 2006). As estruturas tectônicas afetam as 
camadas Paleozóicas, porém não as camadas cretáceas e terciárias. 
 
 
 
 
Linha sísmica interpretada – linha 393 (Pietrobon, 2006). As estruturas tectônicas afetam as 
camadas Paleozóicas, porém não as camadas cretáceas e terciárias. 
 
 217 
 
Linha sísmica interpretada – linha 395 (Pietrobon, 2006). As estruturas tectônicas afetam as 
camadas Paleozóicas, porém não as camadas cretáceas e terciárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 218 
ANEXO D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resultados de análises químicas das águas do aquífero Solimões 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 219 
Tabela D.1 – Resultados analíticos das amostras de água do aquífero Solimões analisadas. 
 
 
 
 
 
Erro (%) = 200*(rCat-rAn)/(rCat+rAn) 
 220 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura D.1 - Mapa de situação dos poços onde 
foram coletadas as amostras de água 
analisadas. 
 221 
ANEXO E 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estado da arte: Aquífero Alter do Chão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 222 
O aquífero Alter do Chão aflora nas imediações do Arco de Purus e estende-
se, a Leste, por toda a Bacia Amazonas, até o Arco de Gurupá (Figura 1.1). 
Embora este aquífero encontre-se fora dos limites da área de estudo, para 
efeitos de comparação e conhecimento, o mesmo foi estudado. Um resumo deste 
conhecimento será apresentado nesta seção. 
A maioria dos estudos publicados sobre o sistema aquífero Alter do Chão 
enfocou principalmente as cidades de Manaus (AM) e Santarém (PA) (Figura 1.1). 
Em Manaus o abastecimento por água subterrânea representa 25% do total de água 
distribuída na cidade e no Estado do Pará, a água subterrânea é utilizada em 79,4% 
das áreas com abastecimento de água. Convém ressaltar que o abastecimento 
público de água é precário na maior parte destes Estados. 
Segundo Aguiar et al. (2002), o aquífero Alter do Chão na cidade de Manaus 
é predominante arenoso, composto por quatro fácies sedimentares (Figura E.1): 
argilosa, areno-argilosa, arenosa e “arenito Manaus”. O “arenito Manaus” é uma 
denominação local para níveis arenosos cimentados por sílica e que algumas vezes 
funciona como nível confinante (Souza e Verma, 2006). 
Estas fácies sedimentares ocorrem em camadas horizontais a semi-
horizontais ou como lentes e comumente apresentam-se falhadas (Aguiar et al., 
2002). 
No trabalho de Souza e Verma (2006), baseado essencialmente em dados 
geofísicos, tais como: sondagens elétricas verticais (SEV) e perfis geofísicos de 
poços (perfil gamma natural - GR, potencial espontâneo - SP e resistência elétrica - 
RE) e realizado na mesma região estudada por Aguiar et al.(2002), foram obtidos 
resultados semelhantes aos de Aguiar et al. (2002). 
Nos perfis litoestratigráficos elaborados por Souza e Verma (2006) a partir de 
interpretações geofísicas são observados corpos arenosos, areno-argilosos e 
argilosos lenticulares, interdigitados (Figura E.2). Neste mesmo estudo, os autores 
estimam, a partir de amostras de calha, espessuras entre 20 e 200m para as 
camadas do “arenito Manaus”. 
O nível freático em Manaus encontra-se próximo à superfície chegando 
inclusive a aflorar, como ocorre no Bairro de Santa Etelvina (Souza e Verma, 2006; 
Silva e Silva, 2007) (Figura E.1). 
 
 
 223 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura E.1 – Seção geológica do sistema aquífero Alter do Chão na cidade de Manaus (Aguiar et al., 2002). 
 
 
 
Na maior parte dos trabalhos realizados em Manaus são identificados 
aquíferos do tipo livre, porém há alguns registros de confinamento, provavelmente 
por camadas argilosas ou pelo “arenito Manaus” (Silva e Silva, 2007; Vasconcelos, 
2006). 
Segundo Rebouças (1997), poços localizados no aquífero Alter do Chão 
produzem vazões entre 240 e 9600 m3/d. Na região de Santarém (PA), foram 
obtidos os seguintes dados para o aquífero Alter do Chão: capacidades específicas 
variando entre 29 e 185 m3/d/m (valor médio de 86 m3/d/m), coeficiente de 
armazenamento entre 3,3x10-4 e 4,1x10-4 e condutividades hidráulicas entre 4,6 e 
18,8 m/d (Tancredi, 1996). 
No SIAGAS (02/05/2010) foram encontrados registros de 3653 poços 
capitando do aquífero Alter do Chão. Estes poços estão distribuídos 
geograficamente da seguinte forma: 3174 poços no Estado do Amazonas e 480 no 
Estado do Pará (Figura E.3). 
Na cidade de Manaus as águas são predominantemente cloretadas sódico-
potássicas e, menos frequentemente, podem apresentar característica 
 
A 
A’ 
Santa Etelvina 
Mapa esquemático de Manaus 
27 km 
(a) 
 224 
bicarbonatada-cloretada sódico-potássica. O enriquecimento destas águas em 
potássio é interpretado por alguns autores como resultado do intemperismo de 
argilominerais e a consequente formação de caulinita. Esta hipótese parece ser 
válida, devido ao elevado percentual de caulinita dentre os argilominerais mais 
comuns nesta Formação e também aos depósitos de caulim associados à Formação 
Alter do Chão explorados próximo à cidade de Manaus (Molinari et al., 2009). 
A temperatura das águas do aquíferoAlter do Chão varia entre 27 e 30oC, 
com mediana de 28,5oC; o pH destas águas está entre 4,1 e 6,8, com mediana de 5 
e suas condutividades elétricas oscilam entre 11 e 117 µS/cm, com mediana de 31 
µS/cm (Tabela E.1). Com relação às condutividades elétricas destas águas, na 
cidade de Iranduba foram obtidos valores mais elevados do que os observados em 
Manaus, variando entre 150 e 1900 µS/cm (Silva e Silva, 2007; Andrade et al., 2004) 
(Tabela E.2). Estes valores mais elevados foram interpretados por alguns autores 
como resultado de contaminação, porém estes não chegaram a identificar a forma 
de contaminação e nem os contaminantes envolvidos. 
O limite inferior do sistema aquífero Alter do Chão é formado por evaporitos e 
carbonatos da Formação Nova Olinda, e a salinidade mais elevada das águas deste 
aquífero poderia provir da dissolução destas camadas (Souza e Verma, 2006). Outra 
hipótese para a ocorrência de condutividades elétricas mais elevadas nestas águas 
é que estas provenham de um ponto de descarga das águas naturalmente mais 
mineralizadas deste sistema. 
Nas águas do aquífero Alter do Chão foram observadas concentrações de 
sílica dissolvida, variando entre 0,8 e 35 mg/L, com mediana de 8,8 mg/L (Silva, 
2000; Vasconcelos, 2006; Silva e Silva, 2007), valor muito inferior ao observado nas 
águas do sistema aquífero Solimões que possui mediana de 40 mg/L na região da 
Base Petrolífera de Urucu. 
 225 
 
Figura E.2 – Seções geológicas baseadas em dados geofísicos de superfície (SEV), perfis geofísicos de poços e amostras de calha (Souza e Verma, 2006). 
 
 
 226 
 
 
Figura E.3 – Localização dos poços que captam do sistema aquífero Alter do Chão. 
 
 
Em alguns trabalhos são observados valores relativamente mais elevados de 
nitratos para as águas do aquífero Alter do Chão indicando, provavelmente, 
processos de contaminação por esgotos (Vasconcelos, 2006) (Tabela E.2). 
Em termos gerais, as concentrações dos íons maiores nas águas da cidade 
de Manaus são baixas, tanto para os períodos de chuva como para os períodos 
secos (Vasconcelos, 2006), indicando que nesta região provavelmente as águas 
subterrâneas façam parte de um ciclo curto de permanência em subsuperfície. 
Resumidamente, as águas do sistema aquífero Alter do Chão em Manaus, 
cidades vizinhas e também em Santarém, uma vez que as mesmas características 
foram observadas nesta cidade (Tancredi, 1986), são águas ácidas, moles, de 
caráter bicarbonatado-cloretado potássico-sódico. 
 
 
 
 
 
 227 
Tabela E.1 – Compilação dos resultados das análises químicas e físico-químicas das águas subterrâneas do 
sistema aquífero Alter do Chão na região de Manaus. 
 ND = não detectado 
 
 
 
 
 
Tabela E.2 – Compilacão dos resultados das análises químicas e físico-químicas das águas subterrâneas do 
sistema aquífero Alter do Chão na cidade de Iranduba. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parâmetros Silva, 2001 (Manaus) 
Vasconcelos, 
2006 
(Manaus) 
Silva e Bonotto, 
2006 
(Manaus) 
Silva e Silva, 
2007 
(Manaus) 
MEDIANA 
Temperatura 
(oC) 
27 – 30 _________ 27 – 29 27 – 30 28,5 
pH 4,3 – 5,7 5,8 – 6,8 4,1 – 5,4 4,2 – 5,7 5,1 
Condutividade 
elétrica 
(µS/cm) 
11 – 53 
13 – 81 
(valores 
“anômalos”: 
100 – 256) 
15 – 83 11 – 117 31 
Dureza total 
(mg/L) 
2,7 – 15,0 3,4 – 9,7 0,4 – 28,0 1,6 – 15,0 4,6 
NH4
+ (mg/L) <0,1 – 0,2 ND-0,06 0,01 – 0,1 0,1 – 2,5 0,1 
NO3
- (mg/L) <0,01 – 0,1 0,5 – 2,7 0,01 – 1,0 0,01 – 0,9 0,07 
Cl- (mg/L) 0,9 – 1,3 3,4 – 12,1 0,7 – 3,1 0,9 – 10,8 1,1 
SO4
= (mg/L) <0,1 0,3 – 0,6 <1,0 0,1 0,3 
HCO3
- (mg/L) 14,0 – 39,7 _________ <0,1 – 3,1 0,8 – 39,7 1,8 
K+ (mg/L) 0,1 – 13,4 1,4 – 10,0 0,1 – 13,4 0,1 – 13,4 6,6 
Na+ (mg/L) 0,5 – 1,2 3,1 – 12,7 0,5 – 4,5 0,3 – 7,1 1 
Ca++ (mg/L) 0,2 – 2,1 _________ 0 – 1,3 0,2 – 1,3 0,7 
Mg++ (mg/L) 0,09 – 2,1 _________ 0,01 – 2,8 0,08 – 2,1 0,5 
Fe total (mg/L) < 0,005 – 0,4 1,3 – 6,1 0,001 – 0,2 0,005 – 1,0 0,005 
Si(OH)4 (mg/L) 4,7 – 9,2 9,7 – 36,5 _________ 0,8 – 8,9 8,8 
Parâmetros Silva e Silva, 2007 (Iranduba) MEDIANA 
Temperatura ( oC) 29 - 30 29,2 
pH 5 – 6,3 5,8 
Condutividade 
elétrica ( µS/cm) 32 – 1632 90,8 
Dureza total 
(mg/L) _______ _______ 
NH4
+ (mg/L) 0,1 0,1 
NO3
- (mg/L) 0,2 – 6,8 3,4 
Cl- (mg/L) 0,5 – 581,6 12,1 
SO4
= (mg/L) 1,0 – 22,1 1,0 
HCO3
- (mg/L) 1,2 – 30,5 2,4 
K+ (mg/L) 0,3 – 110,0 15,4 
Na+ (mg/L) 0,8 – 110,0 4.3 
Ca++ (mg/L) 0,02 – 36,8 0,2 
Mg++ (mg/L) 0,02 – 77,7 5,1 
Fe total (mg/L) 0,07 – 1,0 0,23 
Si(OH)4 (mg/L) 5,1 – 13,6 12.1 
 228 
 
 
 
 
 
ANEXO F 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desenvolvimento numérico para cálculo de transmissividades e condutividades 
hidráulicas do sistema aquífero Tikuna a partir dos resultados dos ensaios de injeção 
realizados para os poços P-A, B, C, D, E, F e G – Base Petrolífera de Urucu, Bacia 
Solimões. 
 
 
 
 
 
 
 229 
F.1 – O ensaio de injeção 
O procedimento utilizado no ensaio de injeção foi o de injetar um fluido no 
poço durante um curto período (entre 1,30 minutos e 45 minutos), sendo utilizadas 
pressões de injeção entre 100 e 200 psi (6,8 e 13,6 atm). 
No caso do poço P-C, não foi necessária a aplicação de pressão, sendo 
suficiente a própria coluna de fluido injetado para realizar a injeção. 
Os fluidos utilizados nestes ensaios foram a água dos próprios poços, no caso 
dos poços surgentes, ou o fluido utilizado durante a fase de revestimento (fluido de 
preenchimento do poço para estabilização de suas paredes durante o revestimento 
do mesmo), no caso dos poços não-surgentes ou nos quais a surgência não foi 
induzida. 
 
F.2 – Cálculo dos parâmetros hidráulicos 
 
A partir dos resultados dos ensaios de injeção (Tabela F.1) e das análises 
químicas das amostras das águas de formação (Tabela F.2) foram calculadas as 
transmissividades e condutividades hidráulicas para cada poço através da fórmula 
de Thiem (Equação F.1) para aquíferos confinados em regime estacionário. 
 





=∆
T
Q
r
R
Lnh
p
o
π2
 [F.1] 
onde: 
∆∆∆∆h = variação do nível piezométrico (m) 
Ro = raio de influência do poço (m). Foi considerado o v alor de 1500m. 
rp = raio do poço (m). Os poços utilizados medem 7” de d iâmetro (r p = 0,0889 m). 
Q = vazão de injeção (m 3/d). 
T = transmissividade (m 2/d). 
 
O nível piezométrico dos poços foi determinado a partir das pressões medidas 
e convertidas em metros de coluna de água (Equação F.2). 
 
 230 
a
Pi
a
ai
hazh
γγ
γγ +−+=∆ )( [F.2] 
 
onde: 
z – cota da seção de filtro (m). 
ha – cota do nível potenciométrico de surgência (m). 
γa - peso específico da água de formação (kgm-2s-2). 
γa - peso específico do fluido injetado (kgm-2s-2). 
 
Como neste sistema aquífero, na região estudada, os níveis profundos 
apresentam águas salobras e as temperaturas são maiores que as de superfície, foi 
necessário corrigir os valores dos pesos específicos dos fluidos neste sistema para 
suas condições originais. Desta forma, calculou-se estes valores corrigidos segundo 
as concentrações de sais dissolvidos e as temperaturas do meio (Tabela F.3), 
utilizando-se a equação de Thiesen-Scheel-Diesselhorst (Cutcheon, 1992) (Equação 
F.3). 
 
 
ρos (kg/m3) = ρo + AS + BS3/2 + CS2 [F.3] 
 
A = 8.24493x10-1 - 4.0899x10-3T + 7.6438x10-5T2 - 8.2467x10-7 T3 + 5.3675x10-9T4 
B = -5.724x10-3 + 1.0227x10-4T - 1.6546x10-6T2 
C = 4.8314x10-4 
 
 
onde: 
S - salinidade em g/kg 
T - temperatura em oC 
ρo – densidade corrigida segundo a concentração de sólidos dissolvidos 
ρos – densidade corrigida segundo a temperatura e salinidade da água. 
 
 
Uma vez obtidas as densidades corrigidas (Tabela F.3) para as temperaturas 
nas profundidades correspondentes, foi realizado o cálculo dos parâmetros 
hidráulicos do meio (Tabela F.4) 
 
 
 
 231 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela F.1– Dados de poços instalados no sistema aquífero Tikuna, região da Base Petrolífera de Urucu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Intervalo de filtro (m) 
Altura da mesa 
rotativa (msnm) 
Pressão medida 
na cabeça do 
poço (N/m 2) 
Vazão de 
surgência (m 3/d) 
Gradiente 
geotérmico 
(oC/m) 
Profundidade do 
poço (m) 
P- A 186,9 
(467,1 – 654m) 65,33 
24131,6495 
(0,238 atm) 262,176 0,0611 ______ 
P- B 185,59 
(500,4 – 685,9m) 69,87 _____ 152,616 0,0230 711 
P- C 197,149 
(474,86 – 672m) 
69,50 _____ não surgente 0,0270 674 
P- D 165,619 
(463,40 – 629,01m) 67,83 _____ não surgente 0,0200 659 
P- E 175,89 
(503,22 – 679,95m) 
73,20 _____ não surgente 0,0200 704 
P- F 171,979 
(489,35 – 661,32m) 67,60 _____ não surgente 0,0242 688 
P- G 3339 
(502 - 835m) 
66,00 _____ não surgente 0,0218 800 
 232 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela F.2 - Características físico-químicas dos fluidos injetados e da água de formação. 
 
AR – água produzida durante a surgência, FC – fluido utilizado na fase de revestimento do poço, FP – fluido de perfuração de baixo conteúdo em sólidos. 
* para os poços onde não foi realizada amostragem da água de formação, os dados de salinidade utilizados nos cálculos foram os dos poços amostrados mais próximos 
indicados no quadro acima. 
 
 
 
 
 
 
 
Fluido Injetado Água de Formação Pressão 
de 
injeção 
(psi) 
Vazão de 
injeção 
(m3/d) 
Tipo pH Salinidade 
(mg/L NaCl) 
Mg++ 
(mg/L) 
Ca++ 
(mg/L) 
pH Salinidade 
(mg/L NaCl) 
Mg++ 
(mg/L) 
Ca++ 
(mg/L) 
P- A 200 786 AR 8,0 4943 170 __ 6,5 5330 315 200 
P- B 100 298 AR 7,0 7057 162 219 7,1 6140 194 200 
P- C 0 272 FC __ 1215 __ __ __ 1IMT1* __ __ 
P- D 200 723 FP __ 1215 __ __ __ P-A* __ __ 
P- E 100 532 FC __ 1215 __ __ __ P-B* __ __ 
P- F 200 960 FC __ 1215 __ __ __ P-B* __ __ 
P- G 200 275 FC __ 1215 __ __ __ P-O* __ __ 
P- O __ __ __ __ __ __ __ 7,0 8250 40 520 
 233 
Tabela F.3 – Densidades e pesos específicos dos fluidos em função das salinidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(*)g=9.80665m/s2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TEMPERATURA SALINIDADES DENSIDADES 
PESOS 
ESPECÍFICOS 
POÇO (OC) (g/kg) (kg/m3) (N/m3) 
P-A (água de formação) 61 5.33 987 9676 
P-A (fluido injetado) 30 4.94 999 9800 
P-B (água de formação) 40 6.14 997 9773 
P-B (fluido injetado) 26 7.06 1002 9827 
P-C (água de formação) 42 5.33 995 9761 
P-C (fluido injetado) 26 1.22 998 9784 
P-D (água de formação) 39 5.33 997 9773 
P-D (fluido injetado) 26 1.22 998 9784 
P-E (água de formação) 40 6.14 997 9777 
P-E (fluido injetado) 26 1.22 998 9784 
P-F (água de formação) 40 6.14 997 9773 
P-F (fluido injetado) 26 1.22 998 9784 
P-O (água de formação) 39 8.25 999 9794 
P-O (fluido injetado) NÃO HÁ DATOS 
P-G (água de formação) 41 8.25 998 9785 
P-G (fluido injetado) 26 1.22 998 9784 
P-H (água de formação) NÃO HÁ DATOS 
P-H (fluido injetado) NÃO HÁ DATOS 
 234 
Tabela F.4 – Cálculo das transmissividades e condutividades hidráulicas do sistema aquífero Tikuna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COTA ha PROFUNDIDADE 
PESO 
ESPECÍFICO 
ÁGUA 
FORMAÇÃO 
COMPRIMENTO 
DO TUBO DE 
INJEÇÃO 
PESO 
ESPECÍFICO 
FLUIDO 
INJETADO 
PRESSÃO DE 
INJEÇÃO 
PRESSÃO TOTAL 
INJEÇÃO 
VAZÃO DE 
INJEÇÃO T b K 
POÇO 
(msnm) (m) (kgm-2s-2) (m) (kgm-2s-2) (N/m2) (m) (m3/d) (m2/d) (m) (m/d) 
P-A 65.33 -500.3 9676.0 565.58 9800.4 1378951 149.7844359 787 8.1 186.9 0.044 
P-B 69.87 -528.3 9773.4 593.15 9827.3 689476 73.8427894 298 6.2 185.5 0.034 
P-C 64.7 -508.7 9760.9 573.43 9784.4 0 1.378646619 273 306.2 197.1 1.553 
P-D 62.8 -483.4 9772.5 550.91 9784.4 1378951 141.7688677 723 7.9 165.6 0.048 
P-E 68.2 -523.4 9776.7 596.59 9784.4 689476 70.98755754 532 11.6 175.8 0.066 
P-F 62.6 -512.7 9773.4 580.34 9784.4 1378951 141.7380601 960 10.5 172.00 0.061 
P-O (NÃO FOI RELIZADO ENSAIO DE INJETIVIDADE) 
P-G 66 -668.5 9785.5 668.5 9784.4 1378951 140.8373236 275 3.0 333 0.009 
P-H (NÃO FOI RELIZADO ENSAIO DE INJETIVIDADE) 
 235 
ANEXO G 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cálculo das salinidades através do Método de Archie 
 
 
 
 
 
 
 236 
Através dos perfis de resistividade elétrica dos furos estratigráficos STG-01 e 
STG-02 (Figuras 5.9 e 5.10) utilizando-se o método de Archie, foram calculadas as 
salinidades para as camadas do topo do sistema aquífero Tikuna. 
Segundo o método de Archie, a resistividade do fluido da formação pode ser 
calculada em função da porosidade e da resistividade da formação medida através 
do perfil de resistividade de poço (Equação G.1). 
 
a
n
RR
m
tw = [G.1] 
onde: 
Rw = resistividade da água (Ohmm) 
Rt = resistividade determinada pelo perfil de resistividade (Ohmm) 
n = porosidade total 
m = expoente de cimentação (m=2) 
a = 1 (fator empírico) 
 
Esta relação é uma relação empírica, onde o fator m é 2 para uma formação 
arenosa não-cimentada e a vale 1. 
Através dos valores obtidos de resistividade da água (Tabela G.1), foi 
possível estimar o valor das salinidades através do gráfico (Figura G.1). Análises de 
sensibilidade dos resultados obtidos em função das porosidades estimadas para a 
formação são apresentadas nas figuras G.2 e G.3. 
Estima-se que as porosidades do sistema aquífero Tikuna devem variar entre 
25 e 30%. 
 
Tabela G.1 – Resistividades da água de formação (Rw) calculada através do método de Archie. 
POÇO PROFUNDIDADE 
(m) 
TEMPERATURA 
(oC) 
m Rt 
(Ohmm) 
Rw 
(Ohmm) 
POROSIDADE 
TOTAL 
SALINIDADE 
(ppm NaCl) 
STG-01 300 32 2 24 2.16 0,25 a 0,35 3400 a 1500 
STG-02 315 32.3 2 37 3.33 0,25 a 0,35 1000 a 2000 
 
 
 
 
 
 
 237 
 
 
 
Figura G.1 – Gráfico de correlação de resistividade da água de formação e concentrações de NaCl na solução. 
(http://www.pe.tamu.edu/blasingame/data/P663_10B/P663_Schechter_Notes/SP%20Log.PDF) 
 238 
0
4000
8000
12000
16000
20000
24000
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5
Resistividade (Ohmm)
S
al
in
id
ad
e 
(p
pm
 N
aC
l)
 
Figura G.2 – Sensibilidade dos valores de salinidade das águas do sistema aquífero Tikuna no furo 
estratigráfico STG-01 em função da porosidade. 
 
 
 
0
4000
8000
12000
16000
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
Resistividade (Ohmm)
S
al
in
id
ad
e 
(p
pm
 N
aC
l)
 
Figura G.3 – Sensibilidade dos valores de salinidade das águas do sistema aquífero Tikuna no furo 
estratigráfico STG-02 em função da porosidade.

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