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USO DO GEORRADAR PARA ESTUDOS DE ESTRATIGRAFIA DO SUBSOLO Felipe da Silva Alves Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador(es): Francisco de Rezende Lopes Rio de Janeiro Dezembro de 2011 USO DO GEORRADAR PARA ESTUDOS DE ESTRATIGRAFIA DO SUBSOLO Felipe da Silva Alves DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Examinada por: ________________________________________________ Prof. Francisco de Rezende Lopes, Ph.D. ________________________________________________ Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc. ________________________________________________ Dr. Marcus Peigas Pacheco, Ph.D. ________________________________________________ Dr. Gleide Alencar Nascimento Dias, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL DEZEMBRO DE 2011 iii Alves, Felipe da Silva Uso do Georradar para Estudos de Estratigrafia do Subsolo/ Felipe da Silva Alves. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011. VIII, 187 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Francisco de Rezende Lopes Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Civil, 2011. Referências Bibliográficas: p. 172-179. 1. Investigação do subsolo. 2. Georradar. 3. Geofísica. I. Alves, Felipe da Silva. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil. III. Título. iv Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) USO DO GEORRADAR PARA ESTUDOS DE ESTRATIGRAFIA DO SUBSOLO Felipe da Silva Alves Dezembro/2011 Orientador: Francisco de Rezende Lopes Programa: Engenharia Civil Esta dissertação apresenta um estudo da contribuição do Georradar (GPR, de Ground Penetrating Radar) na obtenção de informações sobre a estratigrafia do subsolo. Além da revisão teórica do método, foram estudados três casos, utilizando-se antenas não-blindadas e, nos casos 1 e 2, também antenas blindadas. Nos estudos de caso, buscou-se analisar as fases de aquisição (Common Offset e ensaio CMP), processamento (utilizando-se o software RADAN ® 6.5) e interpretação dos dados. O uso do GPR foi complementado, no caso 3, com outros dois métodos geofísicos: Eletrorresistividade (ER) e Sub-Bottom Profiler (SBP). Das áreas estudadas: a) a do caso 1, situada na Ilha do Fundão, apresenta aterro de baixa compacidade, solos aluvionares e residual, bem como lençol freático próximo à superfície; b) a do caso 2, localizada em um município vizinho ao Rio de Janeiro, é composta por solos aluvionares e residual, seguidos de maciço rochoso (com nível d’água, aparentemente, pouco profundo); c) a do caso 3, localizada em outro município vizinho ao Rio de janeiro, caracteriza-se por camadas sedimentares diversas e pelo lençol freático encontrado em profundidades moderadas. Os dados dos métodos de prospecção indireta (métodos geofísicos) foram comparados entre si e com aqueles de prospecção direta. Com estes estudos, foi possível concluir sobre a aplicabilidade, as vantagens e desvantagens de cada metodologia geofísica, em especial do GPR. v Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) ON THE USE OF GPR FOR STRATIGRAPHY STUDIES OF THE UNDERGROUND Felipe da Silva Alves December/2011 Advisor: Francisco de Rezende Lopes Department: Civil Engineering This work presents a study of the contribution of Ground Penetrating Radar (GPR) in order to obtain information about undergroung stratigraphy. Besides the theoretical review of the method, three cases were studied, with unshielded antennas and, in cases 1 and 2, also shielded antennas. In the case studies, it was sought to analysed the phases of acquisition (Common Offset and CMP), processing (using RADAN ® 6.5 software) and interpretation of data. The use of GPR was complemented in case 3 with other two geophysical methods: Electroresistivity (ER) and Sub-Bottom Profiler (SBP). Of the areas studied: a) the first one (case 1), situated in Ilha do Fundão, it contains low compactness landfill, alluvial and residual soils and water table near the surface; b) the second one (case 2), localized in a neighboring city to Rio de Janeiro, it is composed of alluvial and residual soils, followed by the rock mass (with, apparently, little deep phreatic level) and; c) the third one (case 3), located in another neighboring city to Rio de Janeiro, it is characterized by different sedimentary layers and having water table at moderate depths. The indirect exploration methods data (geophysical methods) were compared to each other and with the ones from the percussion drilling. With these studies it was possible to conclude on the applicability, advantages and disadvantages of each geophysical method, in particular the GPR. vi AGRADECIMENTOS A Deus, pela minha vida. Aos meus pais e irmãos, por minha formação como pessoa, cidadão e profissional. A minha esposa, Aracelli, por sempre me incentivar e acreditar em mim. Ao professor Francisco Lopes, pela orientação, compreensão, apoio, confiança e exemplo de profissional competente, dedicado, humilde e que ama o que faz. Ao professor Webe Mansur, por ceder o equipamento de GPR. Ao geofísico Amilsom Rodrigues, pelo valioso auxílio nas etapas de aquisição, processamento e interpretação de dados geofísicos. À professora Gleide Alencar, pelas sugestões e informações transmitidas. Aos amigos Paulo Garchet e Louis Losier, por me acompanharem nos trabalhos de campo. Aos membros da banca examinadora, por participarem deste momento de grande relevância. vii SUMÁRIO CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1 1.1. OBJETIVO DESTA DISSERTAÇÃO ......................................................................... 1 1.2. METODOLOGIA ADOTADA ..................................................................................... 1 1.3. ORGANIZAÇÃO DO PRESENTE TRABALHO ....................................................... 2 CAPÍTULO 2 A TÉCNICA DO GPR – PRIMEIRA PARTE: HISTÓRICO E TEORIA .............. 3 2.1. DEFINIÇÃO ................................................................................................................. 3 2.2. FUNCIONAMENTO .................................................................................................... 3 2.3. HISTÓRICO ................................................................................................................. 4 2.4. PROPAGAÇÃO DA ONDA ELETROMAGNÉTICA EM SUBSUPERFÍCIE .......... 5 2.4.1. Conceitos ............................................................................................................... 5 2.4.2. Propriedades eletromagnéticas dos meios ............................................................. 7 2.4.3. Formulação teórica .............................................................................................. 12 2.4.4. Valores típicos ..................................................................................................... 16 2.5. FENÔMENOS QUE AFETAM OS SINAIS DO GPR .............................................. 18 2.5.1. Reflexão.............................................................................................................. 18 2.5.2. Refração .............................................................................................................. 22 2.5.3. Atenuação ............................................................................................................ 24 2.6. APLICAÇÕES ............................................................................................................ 29 2.7. VANTAGENS E DESVANTAGENS ........................................................................ 30 CAPÍTULO 3 A TÉCNICA DO GPR – SEGUNDA PARTE: AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DOS DADOS ........................................................................... 31 3.1. PARÂMETROS DE AQUISIÇÃO ............................................................................. 31 3.1.1. Resolução espacial .............................................................................................. 31 3.1.2. Profundidade máxima de exploração ou penetração ........................................... 35 3.1.3. Frequência de operação ....................................................................................... 37 3.1.4. Janela temporal de amostragem ou de registro (range ou time window) ............ 41 3.1.5. Intervalo temporal de amostragem (ou razão de amostragem) ........................... 41 3.1.6. Espaçamento entre as estações de medida (step) ................................................ 43 viii 3.1.7. Separação das antenas (offset) ............................................................................. 43 3.2. TÉCNICAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS ............................................................... 44 3.2.1. Perfil de reflexão ................................................................................................. 44 3.2.2. Sondagem de velocidade ..................................................................................... 45 3.3. PROCESSAMENTO DOS DADOS ........................................................................... 48 3.3.1. Objetivos ............................................................................................................. 48 3.3.2. Etapas .................................................................................................................. 48 CAPÍTULO 4 ESTUDOS DE CASO ................................................................................................... 61 4.1. ESTUDO DE CASO 1 – ILHA DO FUNDÃO .......................................................... 61 4.1.1. Localização e objetivos ....................................................................................... 61 4.1.2. Trabalhos realizados ............................................................................................ 62 4.1.3. Dados preliminares .............................................................................................. 63 4.1.4. Resultados das investigações geofísicas .............................................................. 67 4.1.5. Discussão dos resultados ..................................................................................... 76 4.2. ESTUDO DE CASO 2 – ATERRO EM MUNICÍPIO VIZINHO AO RIO DE JANEIRO ................................................................................................................................ 77 4.2.1. Localização e objetivos ....................................................................................... 77 4.2.2. Trabalhos realizados ............................................................................................ 78 4.2.3. Dados preliminares .............................................................................................. 79 4.2.4. Resultados das investigações geofísicas .............................................................. 86 4.2.5. Discussão dos resultados ................................................................................... 120 4.3. ESTUDO DE CASO 3 – ÁREA INDUSTRIAL EM MUNICÍPIO VIZINHO AO RIO DE JANEIRO ........................................................................................................................ 120 4.3.1. Localização e objetivos ..................................................................................... 120 4.3.2. Trabalhos realizados .......................................................................................... 121 4.3.3. Dados preliminares ............................................................................................ 132 4.3.4. Resultados das investigações geofísicas ............................................................ 135 4.3.5. Discussão dos resultados ................................................................................... 164 CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................ 165 5.1. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 165 5.2. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................ 169 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 172 APÊNDICE ................................................................................................................. 180 1 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1. OBJETIVO DESTA DISSERTAÇÃO Nos projetos de Engenharia Civil envolvendo fundações, obras de terra e subterrâneas, é muito importante o conhecimento da estratigrafia do subsolo. Esta é usualmente avaliada a partir de sondagens (à percussão, denotadas como SP, e/ou mistas, denotadas como SM), que podem ser complementadas com outras investigações verticais, também diretas, tais como ensaios de cone (CPT, CPTU, etc.), ensaio de palheta (vane test), dentre outros, e apresentada na forma de perfil geotécnico. Devido ao elevado custo das prospecções diretas, estas são disponíveis em número limitado, especialmente em obras muito extensas. A interpolação das informações das sondagens, em muitas situações, é difícil, pois o subsolo pode apresentar heterogeneidades pontuais, localizadas entre prospecções diretas. Os métodos geofísicos são ferramentas úteis na complementação dos dados de sondagens, além, naturalmente, dos conhecimentos de Geologia, principalmente na região do subsolo não compreendida pelas mesmas. Os métodos geofísicos comumente utilizados em estudos de estratigrafia para Engenharia Civil são: (a) Sísmica de Reflexão Rasa, (b) Eletrorresistividade (ER) e (c) o Georradar (GPR, de Ground Penetrating Radar). Há outras técnicas, menos utilizadas, como o Sub-Bottom Profiler (SBP). O objetivo do presente trabalho consiste no estudo da contribuição do Georradar (GPR) na obtenção de informações sobre a estratigrafia do subsolo. 1.2. METODOLOGIA ADOTADA Foram estudados 3 locais cujos subsolos já haviam sido investigados por sondagens à percussão ou mistas. Nos dois primeiros casos, foram realizadas prospecções com o GPR e discutidas as etapas de aquisição (perfis de reflexão no arranjo Common Offset e ensaios CMP), processamento e interpretação dos dados. No terceiro caso, foi realizada, apenas, a etapa de interpretação dos dados do Georradar, que foram complementados com outros 2 métodos geofísicos: Eletrorresistividade (ER) e Sub-Bottom Profiler 2 (SBP); as etapas de aquisição e processamento dos dados das 3 metodologias estudadas neste caso foram realizadas por uma empresa contratada. Nos estudos realizados, foram utilizadas antenas blindadas com frequência central de 200 MHz, nos casos 1 e 2, e não-blindadas com frequência central de 80 MHz, nos casos 1 e 2, e de 16 MHz, no caso 1, todas do equipamento SIR 3000, da empresa GSSI, bem como foram feitos processamentos de sinais pelo software RADAN ® 6.5. 1.3. ORGANIZAÇÃODO PRESENTE TRABALHO Esta dissertação divide-se em 5 capítulos. Após o capítulo inicial, que apresenta o escopo e a metodologia deste trabalho, seguem-se 2 capítulos sobre a técnica do GPR (para evitar um capítulo de tamanho excessivo). O capítulo 4 apresenta os estudos de caso realizados. O quinto e último capítulo contém as conclusões e recomendações para trabalhos futuros. 3 CAPÍTULO 2 A TÉCNICA DO GPR – PRIMEIRA PARTE: HISTÓRICO E TEORIA 2.1. DEFINIÇÃO O Ground Penetrating Radar (GPR), também conhecido, no Brasil, como Georradar, é um ensaio geofísico ativo, não-intrusivo, que visa analisar a propagação de pulsos eletromagnéticos em um meio material. 2.2. FUNCIONAMENTO Pulsos eletromagnéticos de curta duração e alta frequência central, geralmente contemplada na faixa de 1 a 2600 MHz, são repetidamente irradiados para o subsolo através da antena transmissora. Durante o percurso dos pulsos no sentido descendente, eles vão perdendo amplitude e, à medida que atingem materiais de propriedades eletromagnéticas contrastantes entre si, sofrem reflexões, refrações e difrações, sendo, por consequência, parcialmente captados pela antena receptora. Os sinais recebidos são amplificados, digitalizados e armazenados, podendo ser processados em uma etapa posterior (NUNES, 2002). Os dados do GPR são apresentados na forma de radargramas semelhantes aos sismogramas do método geofísico da Sísmica de Reflexão. Cada posição de medida em superfície contempla um traço (wiggle trace), o qual representa o registro das amplitudes dos sinais captados a partir da emissão de um único pulso por parte do Georradar, associadas ao período compreendido entre sua transmissão e captação, denominado tempo de viagem (time travel). Para visualizar os dados do GPR, podem ser utilizados 2 padrões de apresentação: wiggle e scan. No primeiro, as amplitudes registradas podem ser realçadas pelo preenchimento parcial ou total dos traços com uma única cor (comumente preta), enquanto que, no segundo, este preenchimento é realizado com base em uma escala de cores (tais como em tons de cinza, colorida, etc.). 4 Conhecendo-se as velocidades de propagação da onda no meio, pode-se obter, a partir dos tempos das ondas refletidas identificados no radargrama, a profundidade de cada interface prospectada. 2.3. HISTÓRICO O primeiro uso de sinais eletromagnéticos para determinar a presença de objetos metálicos situados em subsuperfície terrestre é geralmente atribuído a HÜLSMEYER (1904, citado por REYNOLDS, 1997 e por DANIELS, 1996). No entanto, a primeira descrição da utilização de ondas eletromagnéticas para localizar objetos enterrados ocorreu somente após 6 (seis) anos, na Alemanha, patenteada por LEIMBACH & LÖWY (1910, citado por DANIELS, 1996). Estes autores descreveram um levantamento geofísico efetuado com base em ondas eletromagnéticas contínuas, cujo objetivo era detectar água subterrânea e/ou depósitos minerais. O trabalho de HÜLSENBECK (1926, citado por DANIELS, 1996) foi o primeiro a utilizar pulsos eletromagnéticos para investigações de subsolo. STERN (1929, citado por OLHOEFT, 2003) realizou o primeiro levantamento geofísico com o método do GPR, aplicando-se pulsos eletromagnéticos para determinação da espessura de uma geleira. A tecnologia do GPR foi pouco utilizada até o final da década de 60, devido às limitações do instrumento. Nesta década, um dos maiores sucessos da prospecção realizada com o GPR consistiu na sua utilização para determinação da espessura de placas de gelo no Ártico e na Antártida (SCAIFE & ANNAN, 1991). Na década de 70, houve uma intensificação das atividades de pesquisa relacionadas ao método, incentivada pela missão à Lua com a nave Apollo 17, em 1972, a primeira a que contou com um geólogo na tripulação, chamado Harrison Schmitt, resultando em novas pesquisas, publicações e aplicações, iniciando-se, assim, a aplicação de pulsos eletromagnéticos para investigações de ambientes sem gelo, com o intuito de identificar tubulações enterradas, escavações, profundidade do lençol d’água, etc. 5 A partir da década de 80, devido às inovações eletrônicas e computacionais, a utilização do GPR passou a ser muito mais simples e de menor custo, adquirindo uma significativa gama de opções no que se refere à aquisição, ao processamento dos dados e, por consequência, às aplicações, difundindo-se pelo mundo. Estes acontecimentos fizeram com que o GPR fosse reconhecido como método de investigação geofísica pela comunidade geocientífica mundial. A aplicação da técnica do GPR, no Brasil, teve seu início no Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES/PETROBRAS) em 1994 (PORSANI, 1999). 2.4. PROPAGAÇÃO DA ONDA ELETROMAGNÉTICA EM SUBSUPERFÍCIE 2.4.1. Conceitos A propagação da onda eletromagnética através dos meios é fundamentada nas 4 equações de Maxwell, as quais correspondem, respectivamente, às Leis de Gauss (uma referente à eletrostática e, a outra, à magnetostática), à Lei de Faraday e à Lei de Ampère (modificada por Maxwell), e nas 3 relações constitutivas do meio, que relacionam as propriedades eletromagnéticas deste ao campo elétrico ou magnético externo aplicado (WARD & HOHMANN, 1987). A figura 2.01 ilustra a propagação de uma onda eletromagnética, apresentando seus componentes: o campo elétrico ( ) e o magnético ( ), ambos oscilando ortogonalmente entre si e em relação à direção de propagação da onda. 6 Figura 2.01 – Propagação de uma onda eletromagnética (REYNOLDS, 1997). As equações de Maxwell e as relações constitutivas formam um sistema fechado, o qual deve ser resolvido de forma simultânea, a fim de se obter informações tais como a velocidade de propagação da onda eletromagnética através do meio e a atenuação do pulso emitido ao longo de sua propagação no meio. As equações de Maxwell, apresentadas na forma diferencial, são (WARD & HOHMANN, 1987): . = (Lei de Gauss para a eletrostática) (2.01) . = 0 (Lei de Gauss para a magnetostática) (2.02) x = - t (Lei da Indução de Faraday) (2.03) x = c (Lei de Ampère, modificada por Maxwell) (2.04) onde: é o deslocamento elétrico, expresso, no S.I., em Coulomb por metro quadrado (C/m²); é a densidade de carga livre (C/m³); é o campo de indução magnética, expresso, no S.I., em Tesla (T) = Weber por metro quadrado (Wb/m²) = Vs/m²; é o campo elétrico aplicado, expresso, no S.I., em Volts por metro (V/m) = Newtons por Coulomb (N/C); 7 é a intensidade do campo magnético, expressa, no S.I., em Ampère por metro (A/m); c é a densidade da corrente de condução, expressa, no S.I., em Ampère por metro quadrado (A/m²); é a densidade da corrente de deslocamento (ou de propagação), expressa, no S.I., em Ampère por metro quadrado (A/m²); . é o divergente do campo vetorial; x é o rotacional do campo vetorial. As relações constitutivas do meio estão contempladas no próximo item (2.4.2), o qual descreve as principais propriedades eletromagnéticas dos meios associadas à propagação do sinal emitido pelo GPR. 2.4.2. Propriedades eletromagnéticas dos meios 2.4.2.1. Condutividade elétrica () Refere-se à capacidade de um material em permitir a passagem de cargas elétricas, em resposta a um campo elétrico aplicado. Quando um material geológico é submetido a um campo elétrico externo, este provoca uma diferença de potencial sobre as cargas elétricas livres daquele, as quais adquirem movimento quase instantâneo até atingir uma velocidade constante, gerando a corrente de condução. Após a retirada do campo elétrico, as mesmas cargas cessam seu movimento e mantêm a posição (TEIXEIRA, 2008). A corrente de conduçãoimplica o efeito Joule, o qual corresponde ao mecanismo de dissipação de energia, sob a forma de calor, de cargas elétricas livres submetidas a um campo elétrico (ANNAN, 2001) e que é provocado pelas colisões entre as mesmas (apresentando a movimentação adquirida, conforme explicitado anteriormente) e os átomos do condutor, que resultam em uma maior vibração destes e, consequentemente, no aquecimento do material. 8 Meios condutivos são, portanto, inadequados à aplicação do GPR, uma vez que dissipam grande quantidade do sinal emitido pela antena transmissora, diminuindo consideravelmente a profundidade máxima de investigação a partir do emprego desta metodologia. A condutividade elétrica é descrita conforme a lei de Ohm: c = . (Primeira Relação Constitutiva do Meio) (2.05) onde: c é a densidade da corrente de condução, expressa, no S.I., em Ampère por metro quadrado (A/m²); é a condutividade elétrica do material, expressa, no S.I., em Siemens por metro (S/m) = (Ω.m)-1; é o campo elétrico aplicado, expresso, no S.I., em Volts por metro (V/m) = Newtons por Coulomb (N/C). Para investigações realizadas com o GPR, uma vez que os meios mais propícios à aplicação desta técnica apresentam alta resistividade, é comum se trabalhar com a condutividade expressa por mS/m. Os principais fatores que aumentam a condutividade elétrica dos materiais em subsuperfície, de acordo com KELLER (1987), estão relacionados ao acréscimo de: teor de umidade; porosidade; concentração de sais dissolvidos; argilas e/ou outros minerais condutivos. Cabe ressaltar que o acréscimo de porosidade, em solos secos, reduz o valor da resistividade elétrica destes. No entanto, quando o aumento do percentual de poros é acompanhado do preenchimento total ou parcial dos mesmos com água (situação comumente encontrada na natureza), os íons dissolvidos na água proporcionam um mecanismo de condução elétrica que dissipa o campo eletromagnético aplicado, extraindo e transferindo irreversivelmente a energia deste 9 para o meio, provocando, assim, atenuação e, por consequência, baixa penetração da onda eletromagnética no terreno (SOUZA, 2005). Quanto mais significativos forem os contrastes entre as condutividades elétricas do meio em estudo, maior tenderá a ser a quantidade de reverberações do sinal eletromagnético no radargrama (SANDMEIER, 2003). 2.4.2.2. Resistividade elétrica () Corresponde ao inverso da condutividade elétrica: = (2.06) onde: é a resistividade elétrica do material, expressa, no S.I., em Ω.m; é a condutividade elétrica, expressa, no S.I., em Siemens por metro (S/m) = (Ω.m)-1. 2.4.2.3. Permissividade dielétrica () Trata-se da habilidade de um material de polarizar-se, quando submetido a um campo elétrico. Diferentemente da corrente de condução, a corrente de deslocamento não apresenta característica dissipadora de energia eletromagnética, mas sim de armazenamento desta. Quando um material é submetido a um campo elétrico externo, ocorre o fenômeno da polarização, no qual suas cargas elétricas não-livres deslocam-se de uma posição para outra, sendo ambas estáveis, aumentando-se, assim, a energia armazenada pelo material. Associado a este movimento, surge a corrente de deslocamento (ou de propagação), expressa conforme a equação 2.07. No instante em que o campo é retirado, as mesmas cargas tendem a voltar para a posição inicial e parte da energia adquirida anteriormente é liberada, sendo o restante dissipado na forma de calor (efeito Joule) (ANNAN, 1992). 10 = d dt = . d dt (2.07) onde: é a densidade da corrente de deslocamento (ou de propagação), expressa, no S.I., em Ampère por metro quadrado (A/m²); é o deslocamento elétrico, expresso, no S.I., em Coulomb por metro quadrado (C/m²); é a permissividade dielétrica, expressa, no S.I., em Faraday por metro (F/m); é o campo elétrico aplicado, expresso, no S.I., em Volts por metro (V/m) = Newtons por Coulomb (N/C). Meios dielétricos são, portanto, adequados à aplicação do GPR, visto que proporcionam menor atenuação da onda eletromagnética e, consequentemente, maior profundidade máxima de prospecção através deste equipamento. A permissividade dielétrica é expressa pela relação entre o deslocamento elétrico e o campo elétrico: = . (Segunda Relação Constitutiva do Meio) (2.08) onde: é o deslocamento elétrico, expresso, no S.I., em Coulomb por metro quadrado (C/m²); é a permissividade dielétrica, expressa, no S.I., em Faraday por metro (F/m); é o campo elétrico aplicado (V/m). 2.4.2.4. Constante dielétrica (k) ou permissividade dielétrica relativa (r) Consiste na razão entre a permissividade dielétrica do meio e a permissividade dielétrica no vácuo (ANNAN, 2001): 11 K = r = (2.09) onde: K é a constante dielétrica (adimensional); r é a permissividade dielétrica relativa (adimensional); é a permissividade dielétrica (F/m); 0 é a permissividade dielétrica no vácuo (cerca de 8,854 . 10 -12 F/m). Na prática, utiliza-se a constante dielétrica (K) em substituição à permissividade dielétrica (), devido ao fato daquela ser adimensional e fornecer valores mais práticos que os desta grandeza. 2.4.2.5. Permeabilidade magnética () Corresponde ao grau de magnetização de um material, quando submetido a um campo magnético: = . (Terceira Relação Constitutiva do Meio) (2.10) onde: é o campo de indução magnética, expresso, no S.I., em Tesla (T) = Weber por metro quadrado (Wb/m²) = Vs/m²; é a permeabilidade magnética do material, expressa, no S.I., em Henry por metro (H/m); é a intensidade do campo magnético, expressa, no S.I., em Ampère por metro (A/m). 2.4.2.6. Permeabilidade magnética relativa (r) Trata-se da razão entre a permeabilidade magnética do meio e a permeabilidade magnética no vácuo (ANNAN, 2001): 12 r = (2.11) onde: r é a permeabilidade magnética relativa (adimensional); é a permeabilidade magnética (H/m); 0 é a permeabilidade magnética no vácuo (cerca de 4 . π . 10 -7 H/m). 2.4.3. Formulação teórica A formulação teórica da propagação de ondas eletromagnéticas em subsuperfície tem como base as seguintes premissas simplificadoras (BORGES, 2002): O subsolo é horizontalmente estratificado, composto de camadas homogêneas, isotrópicas e de extensão lateral infinita; As propriedades eletromagnéticas dos materiais são constantes e independentes de tempo, temperatura ou pressão; A permeabilidade magnética é igual à do espaço livre ( = 0). Assim, a permeabilidade magnética relativa é igual a 1 para os materiais geológicos e o PVC, e a 100 para materiais metálicos, tais como o ferro e o aço (POWERS & OLHOEFT, 1996). Resolvendo-se o sistema fechado composto pelas equações de Maxwell e relações constitutivas do meio, e considerando-se que ondas esféricas podem ser representadas pela superposição de ondas planas, obtém-se a expressão que define o comportamento dos pulsos emitidos pelo GPR ao longo de sua propagação através dos diferentes meios, também conhecida como equação da onda plana: x + . = 0 (2.12) sendo: = . . – i . . . (2.13) onde: 13 é o campo elétrico aplicado (V/m); k é o número de onda, caracterizado por contemplar as informações referentes às propriedades eletromagnéticas do meio e à frequência da onda (rad/m); é a frequência angular da onda eletromagnética (rad/s); é a permeabilidade magnética (H/m); é a permissividade dielétrica(F/m); i é o número complexo igual a - ; é a condutividade elétrica, expressa, no S.I., em Siemens por metro (S/m) = (Ω.m)-1; O termo “ . . ” está associado à corrente de deslocamento (ou propagação); O termo “– i . . . ” refere-se à corrente de condução (ou atenuação). Para ondas eletromagnéticas de baixa frequência (f < 1 MHz), a corrente de condução é dominante na expressão 2.13, podendo-se, consequentemente, desprezar o termo referente à corrente de deslocamento (ou propagação); já no caso de ondas de alta frequência (f ≥ M z), como ocorre nas investigações realizadas com o GPR, os dois termos da equação 2.13 devem ser considerados (WARD & HOHMANN, 1987), podendo esta ser reduzida para (DANIELS, 2004; AGUIAR, 2005): = i . k = + i . (2.14) onde: é a constante de propagação (m-1); i é o número complexo igual a - ; k é o número de onda (rad/m); é a taxa (ou coeficiente) de atenuação (dB/m); é a constante de fase (rad/m). Resolvendo-se a equação da onda plana (2.12), obtém-se: (z, t) = . e – . z . e i . . t = . e – . z . e i . ( . t – . z) (2.15) 14 onde: (z, t) é o campo elétrico na profundidade “z” e no tempo de propagação “t” (V/m); é o campo elétrico no instante t = 0, na profundidade z = 0 (V/m); é a constante de propagação (m-1); t é o tempo de propagação do campo elétrico (s); i é o número complexo igual a - ; é a frequência angular da onda eletromagnética (rad/s); é a taxa (ou coeficiente) de atenuação (dB/m); z é a profundidade (m); é a constante de fase (rad/m). Os fatores que governam a propagação da onda eletromagnética em um meio são a velocidade e a atenuação. sta pode ser definida a partir do coeficiente “” e, devido a sua complexidade, encontra-se explicitada no item 2.5.3 da presente dissertação; aquela pode ser determinada através da frequência e da constante de fase (), conforme apresentado a seguir. De acordo com ORELLANA (1974), a constante de fase () e a velocidade de propagação da onda eletromagnética em um meio (v) podem ser determinadas a partir das seguintes expressões: = . (2.16) onde: é a constante de fase (rad/m); é a frequência angular da onda eletromagnética (rad/s); é a permissividade dielétrica (F/m); é a permeabilidade magnética (H/m); é a condutividade elétrica, expressa, no S.I., em Siemens por metro (S/m) = (Ω.m)-1. 15 v = c . r . ( . ) (2.17) onde: v é a velocidade de propagação da onda eletromagnética (m/s); c é a velocidade da luz no vácuo (cerca de 3,0 . 108 m/s); K é a constante dielétrica do meio (adimensional); r é a permeabilidade magnética relativa (adimensional); é a condutividade elétrica, expressa, no S.I., em Siemens por metro (S/m) = (Ω.m)-1; é a permissividade dielétrica (F/m). A relação entre a corrente de condução e a de deslocamento . , contemplada nas expressões 2.16 e 2.17, denotada por “tan ”, é denominada tangente do ângulo de perda (ou, simplesmente, fator de perda) e define, para um determinado meio, a frequência de transição entre o fenômeno da difusão e o da propagação. O ângulo “” indica o quanto a densidade de corrente de deslocamento está defasada da densidade de corrente total. Quando tan >> 1, a condutividade elétrica torna-se dominante na propagação da onda eletromagnética e, por consequência, os efeitos provenientes da corrente de deslocamento podem ser desprezados; já nos casos em que tan << 1, a permissividade dielétrica passa a ser dominante na propagação da onda eletromagnética e, por conseguinte, os efeitos advindos da corrente de condução podem ser desconsiderados. Na propagação da onda eletromagnética em materiais comumente encontrados em subsuperfície, em geral, a condutividade elétrica torna-se dominante para ondas de baixa frequência (inferior a 1 MHz) enquanto que, para ondas de alta frequência (igual ou superior a 1 MHz), como é o caso das prospecções com o GPR, a permissividade elétrica passa a ser dominante (WARD & HOHMANN, 1987). Considerando-se a faixa de frequência de operação do GPR e expandindo-se a equação 2.16 em séries de potência de . , obtém-se: 16 = . . (2.18) onde: é a constante de propagação dos campos eletromagnéticos, também conhecida como constante de fase (rad/m); é a frequência angular da onda eletromagnética (rad/s); é a permeabilidade magnética (H/m); é a permissividade dielétrica (F/m). Considerando-se prospecções em materiais não-magnéticos ( = 0) e de baixa perda (tan << 1), tais como solos não-saturados compostos de areia limpa e/ou pedregulhos, a equação 2.17 pode ser simplificada para: v = c (2.19) onde: v é a velocidade de propagação da onda eletromagnética (m/s); c é a velocidade da luz no vácuo (cerca de 3,0 . 108 m/s); K é a constante dielétrica do meio (adimensional). Em prospecções geofísicas realizadas com o GPR, é comum utilizar a unidade m/ns para denotar a velocidade de propagação da onda eletromagnética em um determinado meio material, visto que o valor desta esta é bastante elevado. 2.4.4. Valores típicos A tabela 2.01 apresenta valores típicos das principais propriedades eletromagnéticas e das grandezas que governam a sua propagação, para alguns dos diferentes meios materiais encontrados em subsuperfície, considerando-se a frequência de operação do GPR. 17 Tabela 2.01 – Valores típicos de propriedades eletromagnéticas para diferentes materiais. Termo utilizado na Engenharia Geotécnica Termo original Água do mar Sea water 81 3 x 10 3 - - Porsani, 1999 Água doce Fresh water 81 0,5 - - Porsani, 1999 Ar Air 1 0 0,3 0 Davis and Annan, 1989 Areia abaixo do NA Sand wet 20 - 30 0,1 - 1 0,06 0,03-0,3 Davis and Annan, 1989 Areia acima do NA Sand dry 3 - 5 0,01 0,15 0,01 Davis and Annan, 1989 Areia acima do NA e cascalho Areia seca e cascalho 2 - 6 0,01 - - Porsani, 1999 Arenito abaixo do NA Arenito saturado 20 - 30 40 - - Porsani, 1999 Arenito acima do NA Sandstone dry 2 - 5 0,001 - 0,01 - 2 - 10 Daniels, 2004 Argila abaixo do NA Argila saturada 40 1000 - - Porsani, 1999 Argila acima do NA Clay dry 2 - 6 100 - 1000 - 10 - 50 Daniels, 2004 Asfalto Asfalto 3 - 5 0 - - Porsani, 1999 Basalto abaixo do NA Basalto saturado 8 10 - - Porsani, 1999 Basalto acima do NA Basalto seco 6 1 - - Porsani, 1999 Calcário abaixo do NA Calcário saturado 8 2 - - Porsani, 1999 Calcário acima do NA Calcário seco 4 0,5 - - Porsani, 1999 Concreto abaixo do NA Concreto saturado 12,5 0 - - Porsani, 1999 Concreto acima do NA Concreto seco 5,5 0 - - Porsani, 1999 Diabásio abaixo do NA Diabásio saturado 8 100 - - Porsani, 1999 Diabásio acima do NA Diabásio seco 7 10 - - Porsani, 1999 Folhelho abaixo do NA Folhelho saturado 7 100 - - Porsani, 1999 Folhelho acima do NA Folhelho seco 5 1 - - Porsani, 1999 Gelo de água do mar Sea water ice 4 - 8 10 - 100 - 1 - 30 Daniels, 2004 Gelo de água doce Fresh water ice 4 0,1 - 1 - 0,1 - 2 Daniels, 2004 Granito abaixo do NA Granito saturado 7 1 - - Porsani, 1999 Granito acima do NA Granito seco 5 0,01 - - Porsani, 1999 Metal Metal 300 10 10 0,017 9,5 . 10 8 Rodrigues, 2004 Neve Snow firm 6 - 12 0,001 - 0,01 - 0,1 - 2 Daniels, 2004 PVC PVC 8 0 - - Porsani, 1999 Silte Silt 5 - 30 1 - 100 0,07 1-100 Davis and Annan, 1989 Silte abaixo do NA Silte saturado 10 1 - 10 - - Porsani, 1999 Siltito abaixo do NA Siltito saturado 30 100 - - Porsani, 1999 Siltito acima do NA Siltito seco 5 1 - - Porsani, 1999 Solo arenoso abaixo do NA Solo arenoso saturado 25 6,9 - - Porsani,1999 Solo arenoso acima do NA Solo arenoso seco 2,6 0,14 - - Porsani, 1999 Solo argiloso abaixo do NA Solo argiloso saturado 15 50 - - Porsani, 1999 Solo argiloso acima do NA Solo argiloso seco 2,4 0,27 - - Porsani, 1999 Solo siltoso abaixo do NA Soil loamy wet 10 - 30 10 - 100 - 1 - 6 Daniels, 2004 Solo siltoso acima do NA Soil loamy dry 4 - 10 0,1 - 10 - 0,5 - 3 Daniels, 2004 Material Condutividade elétrica () (mS/m) Velocidade (v) (m/ns) Atenuação ( ) (dB/m) Fonte Constante dielétrica (K) (adimensional) 18 2.5. FENÔMENOS QUE AFETAM OS SINAIS DO GPR 2.5.1. Reflexão É o fenômeno que possibilita ao GPR identificar interfaces de diferentes tipos de solo e/ou rocha. Ocorre quando a onda eletromagnética atinge materiais de propriedades eletromagnéticas contrastantes entre si, conforme ilustrado na figura 2.02. Figura 2.02 – Reflexão da onda eletromagnética (modificado de NUSSENZVEIG, 1998). Para interfaces planas, de acordo com a Lei da Reflexão, o ângulo de incidência (i) é igual ao de reflexão (r). Além disto, o comprimento de onda e a frequência da onda refletida são os mesmos da onda incidente. A porcentagem de energia eletromagnética que sofre reflexão ao incidir em uma interface que separa 2 meios de propriedades eletromagnéticas contrastantes entre si corresponde ao coeficiente de reflexão (R), obtido através da expressão (DANIELS, 2004): R = – (2.20) onde: 19 R é o coeficiente de reflexão (%); Z1 é a impedância elétrica intrínseca do meio 1 (Ω); Z2 é a impedância elétrica intrínseca do meio 2 (Ω). A impedância elétrica intrínseca, por sua vez, é definida a partir da equação (ANNAN, 2001): Z = = i . . i . . (2.21) onde: Z é a impedância elétrica intrínseca (Ω); E é o módulo do campo elétrico (V/m); H é o módulo do campo magnético (A/m); i é o número complexo igual a - ; é a frequência angular da onda eletromagnética (rad/s); é a permeabilidade magnética (H/m); é a condutividade elétrica, expressa, no S.I., em Siemens por metro (S/m) = (Ω.m)-1; é a permissividade dielétrica (F/m). Segundo DANIELS (2004), a impedância elétrica intrínseca, obtida a partir da equação 2.21, para condições de baixa perda (tan << 1) e frequência na faixa de operação do GPR, resume-se à seguinte expressão: Z = (2.22) onde: Z é a impedância elétrica intrínseca (Ω); é a permeabilidade magnética (H/m); é a permissividade dielétrica (F/m). 20 Substituindo-se a equação 2.22 na expressão 2.20, considerando-se ainda 1 = 2, obtém-se: R = v – v v v = – (2.23) onde: R é o coeficiente de reflexão (%); v1 é a velocidade de propagação da onda no meio 1 (m/ns); v2 é a velocidade de propagação da onda no meio 2 (m/ns); K1 é a constante dielétrica do meio 1 (adimensional); K2 é a constante dielétrica do meio 2 (adimensional). A tabela 2.02 apresenta valores típicos do coeficiente de reflexão para algumas interfaces. Tabela 2.02 – Valores típicos do coeficiente de reflexão para algumas interfaces (modificado de ANNAN, 1992; RODRIGUES, 2004). Analisando-se a tabela 2.02, percebe-se a importância de se deixar as antenas transmissora e receptora em perfeito contato com o solo, com o intuito de evitar a reflexão em torno de 38% da energia emitida pelo GPR (interface ar-solo acima do NA) ou a de 67% (interface ar-solo abaixo do NA). Outra preocupação a ser tomada consiste em adotar trajetórias de prospecção nas quais a superfície do terreno não apresente Coeficiente de Reflexão (%) Ar K = 1 Solo acima do NA ≈ 5 38 Ar K = 1 Solo abaixo do NA ≈ 5 67 Ar K = 1 Água K = 81 80 Água K = 81 Solo acima do NA ≈ 5 60 Água K = 81 Solo abaixo do NA ≈ 5 29 Solo acima do NA ≈ 5 Solo abaixo do NA ≈ 5 38 Solo acima do NA ≈ 5 Rocha ≈ 8 12 Solo abaixo do NA ≈ 5 Rocha ≈ 8 28 Solo ≈ 5 mS/m Metal ≈ 9 mS/m 100 De Para 21 lâmina d’água, a fim de evitar reflexões tais como a ocorrente na interface água-solo acima do NA (com coeficiente de reflexão de, aproximadamente, 60%) e a originada na interface ar-água (com coeficiente de reflexão em torno de 80%), quando o cuidado de deixar as antenas em perfeito contato com a superfície do terreno não é realizado. Como materiais refletores de destaque existentes no subsolo (aqueles que apresentam propriedades eletromagnéticas mais contrastantes em comparação com os meios geológicos), observando-se ainda a tabela 2.02, podem ser citados os solos abaixo do NA, a água e os metais, justificando o fato de o lençol freático e objetos metálicos enterrados, tais como dutos, poderem ser facilmente detectados pela antena receptora do GPR. O contraste entre a constante dielétrica do solo acima do NA e a do abaixo do NA faz com que a interface entre estes dois materiais seja uma ótima superfície refletora, porém a baixa resistividade elétrica do solo úmido, assim como ocorre no caso de metais, proporciona dissipação significativa da energia eletromagnética, dificultando a propagação das ondas e a consequente visualização das descontinuidades de maiores profundidades. A redução da capacidade de penetração da onda em subsuperfície é ainda mais acentuada quando há interface solo-metal, visto que a alta condutividade do metal, além de promover forte atenuação do sinal, implica o contraste significativo entre os valores de impedância respectivos aos dois materiais, responsável pela reflexão de aproximadamente 100% da energia eletromagnética. Cabe ressaltar que, para os materiais comumente encontrados na natureza, a diferença de condutividade elétrica entre dois meios adjacentes, cujos valores de constante dielétrica são equivalentes entre si, em geral, tende a ser suficientemente elevada para caracterizar a interface que os separa em refletor, apenas, nos casos em que este corresponder à transição entre um estrato não-saturado e um saturado ou entre camadas cujos vazios estejam preenchidos com água, das quais uma apresenta quantidade de sais dissolvidos consideravelmente discrepante da outra, conforme apresentado na figura 2.03, obtida a partir da prospecção, com o GPR, na praia de Itaipuaçu, em 22 Maricá-R , em que o refletor “X” corresponde ao nível do lençol freático e, o refletor “Y”, a um incremento, principalmente, na salinidade. Figura 2.03 – Radargrama proveniente de perfil de reflexão, realizado com o GPR, na praia de Itaipuaçu, em Maricá-RJ (PEREIRA et al., 2003). 2.5.2. Refração É o fenômeno que confere a cada pulso emitido pela antena transmissora do GPR a capacidade de atingir mais de um refletor. Assim como a reflexão, a refração ocorre quando a onda eletromagnética atinge materiais de propriedades eletromagnéticas contrastantes entre si, conforme ilustrado na figura 2.04. 23 Figura 2.04 – Refração da onda eletromagnética (modificado de NUSSENZVEIG, 1998). Para interfaces planas, a frequência de incidência é igual à de refração, enquanto que o comprimento de onda e a velocidade de propagação da onda incidente não são os mesmos da onda refratada e o ângulo de incidência (i) é diferente do ângulo de refração (r). Segundo a lei de Snell-Descartes: sen i sen r = n n = = v v (2.24) onde: i é o ângulo de incidência (graus); r é o ângulo de refração (graus); n1 é o índice de refração do meio 1 n c v ; n2 é o índice de refração do meio 2 n c v ; 1 é o comprimento de onda no meio 1 (m); 2 é o comprimento de onda no meio 2 (m); v1 é a velocidade de propagação da onda no meio 1 (m/ns); v2 é a velocidade de propagaçãoda onda no meio 2 (m/ns). A porcentagem de energia transmitida que sofre refração em uma determinada interface corresponde a 100% menos o coeficiente de reflexão (R), descontando-se ainda as perdas por atenuação. 24 2.5.3. Atenuação Trata-se do fenômeno caracterizado pela diminuição da amplitude da onda conforme se aumenta a distância ao ponto em que foi gerada, e que depende basicamente do feixe de energia irradiado pela antena transmissora, da frequência de operação do GPR e, principalmente, das propriedades eletromagnéticas do meio através do qual a onda se propaga. A figura 2.05 ilustra a atenuação da onda eletromagnética ao longo de sua propagação em subsuperfície. Figura 2.05 – Atenuação da onda eletromagnética em subsuperfície. a) meio com baixa taxa de atenuação (); b) meio com elevada taxa de atenuação (). De acordo com ORELLANA (1974), a taxa de atenuação () pode ser obtida através da seguinte equação: = . – (2.25) onde: é a taxa (ou coeficiente) de atenuação (dB/m); é a permissividade dielétrica (F/m); 25 é a permeabilidade magnética (H/m); é a condutividade elétrica, expressa, no S.I., em Siemens por metro (S/m) = (Ω.m)-1; é a frequência angular da onda eletromagnética (rad/s). Considerando-se a faixa de frequência de operação do GPR e expandindo-se a equação 2.25 em séries de potência de . , obtém-se: = . (2.26) onde: é a taxa (ou coeficiente) de atenuação (dB/m); é a condutividade elétrica, expressa, no S.I., em Siemens por metro (S/m) = (Ω.m)-1; é a permeabilidade magnética (H/m); é a permissividade dielétrica (F/m). A figura 2.06 apresenta curvas típicas da relação entre taxa de atenuação () e frequência central do pulso emitido, referentes a 3 meios de propriedades eletromagnéticas distintas: areia acima do NA, areia abaixo do NA e argila abaixo do NA. 26 Figura 2.06 – Curvas típicas da relação entre taxa de atenuação () e frequência central do pulso emitido, de diferentes materiais (modificado de ANNAN, 1992). De acordo com a figura 2.06, a janela de operação do GPR apresenta um limite inferior em torno de 1 MHz, de modo a atingir uma faixa de frequência posterior à zona de difusão da onda eletromagnética, e um limite superior de aproximadamente 2600 MHz, sendo que, para valores próximos ou acima deste, a onda pode sujeitar alguns minerais mais susceptíveis ou moléculas de água a vibrações, causando uma forte atenuação do sinal associada à perda por absorção (ou polarização), semelhante a um forno de microondas (ANNAN, 1992). Observando-se, ainda, a figura 2.06, percebe-se que o acréscimo da frequência central implica o aumento da taxa de atenuação (). Além disto, constata-se o fato de solos arenosos, assim como a maioria dos materiais comumente encontrados no subsolo (OLIVEIRA JÚNIOR, 2001), apresentarem, para as frequências geralmente utilizadas por equipamentos de GPR, taxa de atenuação pouco sensível a mudanças do valor da frequência, diferentemente do que ocorre para solos argilosos. Os principais componentes da atenuação referem-se às perdas por: condução elétrica; absorção; dispersão geométrica; dispersão de energia (scattering). 27 2.5.3.1. Perda por reflexão Corresponde à parcela de energia emitida pelo GPR que é refletida nas interfaces entre meios de propriedades eletromagnéticas discrepantes entre si. Incluem-se neste caso as reflexões provenientes dos diferentes estratos existentes em subsuperfície e do imperfeito acoplamento das antenas (transmissora e receptora) com o terreno. 2.5.3.2. Perda por absorção Refere-se à dissipação de parte da energia de uma onda eletromagnética por conversão em calor, durante a sua propagação. A absorção provoca diminuição da amplitude do pulso eletromagnético emitido pelo GPR ao longo de sua propagação em um determinado meio, sem promover, no entanto, alteração na forma do mesmo, mais precisamente, alargamento temporal. A perda por absorção pode ocorrer através de condução elétrica e/ou relaxação dielétrica da água. a) Perda por condução elétrica Trata-se do efeito Joule, o qual, conforme explicitado anteriormente, se refere ao mecanismo de dissipação de energia, sob a forma de calor, de cargas elétricas livres submetidas a um campo elétrico (ANNAN, 2001) e que é provocado pelas colisões entre as mesmas (apresentando a movimentação adquirida com a aplicação do campo) e os átomos do condutor, que resultam em uma maior vibração destes e, consequentemente, no aquecimento do material. As perdas por condução elétrica são dominantes nos materiais condutivos, para baixas frequências, e proporcionais à condutividade elétrica do meio (OLHOEFT, 1981). 28 b) Perda por relaxação dielétrica da água Fenômeno relacionado ao fato das moléculas de água sofrerem rotação por não conseguirem mais se polarizar na presença de um campo elétrico aplicado. Este processo ocorre geralmente para altas frequências, pertencentes à banda de microondas ou à de ondas de rádio (ULRIKSEN, 1982), a partir de uma determinada frequência, em torno de 20 GHz. 2.5.3.3. Perda por dispersão geométrica ou espalhamento geométrico (geometric spreading) Este tipo de atenuação não tem qualquer relação com o meio, tratando-se de um fator puramente geométrico. A dispersão geométrica ocorre porque a antena transmissora irradia, predominantemente, um feixe de energia na forma de um cone em expansão com a profundidade, cujo ângulo de radiação é caracterizado pela própria antena (em geral, 45º), e cujo eixo forma um ângulo de 90º com a direção referente ao deslocamento da antena. De acordo com NEAL (2004), a energia decresce com o quadrado da distância à fonte emissora. Na figura 2.07, verifica-se uma região caracterizada pela interseção do cone delimitando a zona de maior energia emitida pela antena transmissora com o refletor em subsuperfície. Esta área é denominada GPR footprint (“pegada” do GPR), mais precisamente Zona de Fresnel (XAVIER NETO & MEDEIROS, 2005), e corresponde à região imageada pelo equipamento. 29 Figura 2.07 – Dispersão geométrica da energia eletromagnética emitida pelo GPR (modificado de ANNAN & COSWAY, 1992). O espalhamento geométrico implica apenas diminuição da amplitude do pulso eletromagnético emitido pelo GPR ao longo de sua propagação em um determinado meio, sem promover, no entanto, modificação na forma do mesmo, mais precisamente, alargamento temporal. 2.5.3.4. Perda por dispersão de energia (scattering) ou difração Trata-se de um fenômeno que ocorre com as ondas eletromagnéticas quando elas passam por um orifício ou contornam um objeto cuja dimensão é da mesma ordem de grandeza que o seu comprimento de onda. A dispersão proporciona alargamento temporal do pulso, que também resultam em perda de amplitude do mesmo (BANO, 1996). 2.6. APLICAÇÕES Dentre as principais aplicações do GPR, podem ser citadas: Definição da estratigrafia do subsolo; Identificação do lençol freático; http://pt.wikipedia.org/wiki/Ondas http://pt.wikipedia.org/wiki/Comprimento_de_onda 30 Inspeção de concreto armado e alvenaria (detecção e mapeamento de armaduras, tubulações, fiações, defeitos no concreto, etc.); Verificação das espessuras das diferentes camadas de uma rodovia; Mapeamentos geológicos (determinação do topo rochoso, das zonas de fraturamento, da mudança de litologia); Estimativa do teor de umidade do terreno em subsuperfície; Localização de feições anômalas enterradas (tubulações, cabos, minas, tanques de armazenamento, fundações, etc.); Identificação de cavernas, túneis, galerias enterradas ou qualqueroutro vazio subterrâneo de dimensões significativas; Batimetria (definição do leito de rios e lagos); Cubagem em aterros e lixões; Investigação de contaminantes (orgânicos ou inorgânicos) no solo e na água subterrânea. 2.7. VANTAGENS E DESVANTAGENS A seguir, são apresentadas as principais vantagens e desvantagens da técnica do Georradar. Vantagens: Cobertura de grandes áreas; Método de rápida execução; Alta resolução espacial; Técnica geralmente não-destrutiva. Desvantagens: A presença de camadas saturadas e/ou aterros mal-compactados reduz fortemente a capacidade de visualizar a estratigrafia do subsolo com o GPR; Atenuação das ondas eletromagnéticas em meios condutivos (com, por exemplo, presença de argila). 31 CAPÍTULO 3 A TÉCNICA DO GPR – SEGUNDA PARTE: AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DOS DADOS 3.1. PARÂMETROS DE AQUISIÇÃO 3.1.1. Resolução espacial Refere-se à capacidade de identificar, no radargrama, dois refletores adjacentes. Conhecer a resolução do aparelho consiste em saber qual a distância mínima que deve existir entre duas interfaces de reflexão para que as mesmas possam ser discriminadas no radargrama (AGUIAR, 2005). Quanto menor for esta distância, maior será a resolução do GPR. 3.1.1.1. Resolução vertical ou longitudinal (vertical resolution) Segundo GRAZINOLI & COSTA (1999), a resolução vertical depende basicamente do intervalo temporal de amostragem, da velocidade de propagação e da duração (ou período) do pulso emitido, a qual é controlada pela largura da banda de frequência do GPR. Para que duas interfaces de reflexão possam ser registradas como eventos distintos no radargrama, separados no tempo e sem superposição entre ambas, o tempo de viagem do pulso referente ao primeiro refletor deverá ser igual ou superior a sua largura no domínio do tempo (WA) e a diferença entre os tempos de viagem de ambos deverá ser maior ou igual à largura do sinal correspondente ao segundo refletor no domínio do tempo (WB). Sob condições ideais, seria válida a seguinte expressão: el,mín = v . t = (3.01) onde: 32 el,mín é a espessura longitudinal mínima para que duas interfaces de reflexão possam ser registradas como eventos distintos, separados no tempo e sem superposição entre ambas (m); v é a velocidade de propagação do pulso em subsuperfície (m/ns); t é a duração, ou período (T), do pulso emitido pelo GPR (ns). De acordo com o critério de amostragem de Nyquist, para que duas interfaces de reflexão possam ser discriminadas no radargrama, o tempo de viagem do pulso referente ao primeiro refletor deverá ser igual ou superior à metade de sua largura no domínio do tempo, WA, e a diferença entre os tempos de viagem de ambos deverá ser maior ou igual à metade da largura do sinal correspondente ao segundo refletor no domínio do tempo, WB (vide figura 3.01). Sob condições ideais, seria válida a seguinte expressão: el,mín detect = v . t = (3.02) onde: el,mín detect é a espessura longitudinal mínima detectável pelo GPR (m); v é a velocidade de propagação do pulso em subsuperfície (m/ns); t é a duração, ou período (T), do pulso emitido pelo GPR (ns). A equação 3.02 revela que o acréscimo da frequência central implica a redução da espessura longitudinal mínima detectável pelo GPR e, por consequência, o aumento da resolução vertical. 33 Figura 3.01 – Critério de amostragem de Nyquist. a) Sinais bem separados no tempo, os quais são claramente discernidos; b) Sinais que irão se superpor durante um intervalo de tempo, sem inviabilizar, no entanto, sua discriminação; c) Sinais que irão se superpor em um período de tempo, tornando-se, provavelmente, indistinguíveis (modificado de OLIVEIRA JÚNIOR, 2001). 34 Ressalta-se que, embora a resolução vertical teórica para um meio idealizado seja igual a , as incertezas referentes ao cálculo da velocidade de propagação e as perdas por atenuação fazem com que a resolução vertical alcançada na prática atinja valores em torno de a (BERES & HAENI, 1991). Partindo-se deste raciocínio, a resolução vertical (ou longitudinal) encontra-se na faixa de a , que corresponde ao intervalo de amostragem de Nyquist. 3.1.1.2. Resolução horizontal ou lateral (lateral resolution) A resolução horizontal está associada ao padrão de radiação da antena transmissora, que indica a região em que o GPR é mais sensível, cuja interseção com o refletor em subsuperfície fornece a “pegada” do equipamento. CONYERS & GOODMAN (1997) propuseram a seguinte expressão para a obtenção da área imageada pela antena transmissora, considerando-se um refletor horizontal: rp = + z (3.03) onde: rp é o raio da “pegada” do GPR (m); é o comprimento de onda (m); z é a distância vertical entre o ponto de emissão do pulso e a superfície refletora (m); K é a constante dielétrica do meio (adimensional). A equação 3.03 revela que o acréscimo da frequência central implica a redução do raio da “pegada” do GPR e, por consequência, o aumento da resolução horizontal. Segundo REYNOLDS (1997), a resolução horizontal é inversamente proporcional à raiz quadrada da taxa de atenuação (). 35 Os refletores com dimensões finitas em relação à “pegada” da antena transmissora podem ser detectados pelo GPR na forma de hipérboles de difração, apresentadas no radargrama, sendo o ápice de cada hipérbole correspondente ao topo da feição anômala a que se refere. Superfícies de reflexão com mergulho acentuado também podem ser registradas, no radargrama, como reflexões difratadas, podendo provocar interpretação errônea de suas dimensões em subsuperfície. Este problema pode ser evitado ou, pelo menos, mitigado, pela utilização da técnica de Migração, ferramenta de processamento de dados explicitada no item 3.3.2.7 desta dissertação (TEIXEIRA, 2008). 3.1.2. Profundidade máxima de exploração ou penetração A profundidade máxima de exploração da onda eletromagnética no subsolo está diretamente relacionada com a atenuação do pulso emitido ao longo de seu percurso em subsuperfície. Uma vez que esta depende principalmente das propriedades eletromagnéticas do meio, a maioria dos equipamentos de GPR comercializados atualmente admite a seguinte equação para uma estimativa grosseira da profundidade máxima de penetração (ANNAN, 1992): Dmáx < 5 (3.04) onde: Dmáx é a profundidade máxima de penetração (m); é a condutividade elétrica do meio (mS/m). A equação 3.04 indica que a profundidade máxima de exploração diminui com o acréscimo da condutividade elétrica do meio, conforme explicitado anteriormente (item 2.4.2.1 desta dissertação). No caso de as informações geológicas serem poucas, não-confiáveis ou então inexistentes, partindo-se do princípio de que a frequência de operação do GPR pode interferir significativamente na atenuação da onda eletromagnética ao longo de sua propagação em subsuperfície e, consequentemente, na profundidade de exploração, recomenda-se, para uma estimativa grosseira da profundidade máxima de penetração, a 36 utilização da tabela 3.01, que fornece valores típicos deste parâmetro em função da frequência central utilizada na aquisição de dados. Tabela 3.01 – Estimativa da profundidade de penetração em função da frequência central (GSSI, 2010; PORSANI, 1999). Observando-se a tabela 3.01, percebe-se que a profundidade máxima de exploração diminui com o acréscimo da frequência central. Isto ocorre porque o aumento da frequência do sinal emitido pelo GPR implica o acréscimo da taxa de atenuação (), conforme explicitado anteriormente (item 2.5.3 desta dissertação), que, por sua vez, reduza profundidade máxima de penetração. Cabe ressaltar que a profundidade máxima de penetração do pulso eletromagnético no terreno não corresponde à profundidade máxima que o GPR pode detectar. Esta, para uma subsuperfície homogênea, por exemplo, equivale à metade daquela, uma vez que o pulso transmitido percorre a mesma distância 2 vezes: a primeira no tempo Frequência central (MHz) Profundidade estimada de penetração (m) Área de interesse 2600 0,4 Estruturas de Concreto 2000 0,4 Estruturas de Concreto e Geotecnia (estudos de pavimentos) 1600 0,5 Estruturas de Concreto e Geotecnia (estudos de pavimentos) 1000 0,6 - 0,9 Estruturas de Concreto, Geotecnia (estudos de pavimentos) e Pontes 900 1,0 Estruturas de Concreto, Geotecnia (estudos de pavimentos), Pontes e Arqueologia 400 2,0 - 4,0 Estruturas de Concreto, Meio Ambiente e Arqueologia 270 6,0 Geotecnia (estudos de estratigrafia), Geologia, Meio Ambiente e Arqueologia 200 9,0 Geotecnia (estudos de estratigrafia), Geologia, Meio Ambiente e Arqueologia 100 15,0 - 25,0 Geotecnia (estudos de estratigrafia), Geologia, Mineração e Arqueologia 1 - 80 50,0 Geotecnia (estudos de estratigrafia) e Geologia 37 compreendido entre sua emissão e reflexão e, a segunda, no período entre sua reflexão e captação. 3.1.3. Frequência de operação Os equipamentos de GPR emitem pulsos eletromagnéticos, em intervalos regulares de tempo, cuja transformada de Fourier corresponde a uma faixa (ou banda) de frequência, comumente caracterizada por sua frequência central (fc). Em geral, a banda apresenta comprimento mínimo e máximo correspondentes a 50% e a 150% da frequência central, respectivamente, conforme apresentado na figura 3.02 (XAVIER NETO, 2006). 38 Figura 3.02 – Representação do sinal emitido pelo GPR. a) Domínio da frequência; b) Domínio do tempo (modificado de XAVIER NETO, 2006). Na figura 3.02, verifica-se que o pulso transmitido pelo GPR apresenta duração finita igual a t, o qual corresponde ao inverso da largura da faixa de frequência ( f), e que a maior amplitude do espectro de energia ocorre na frequência central. 39 O balanceamento ideal do comprimento do pulso nos domínios da frequência e do tempo seria aquele que proporcionasse aos sinais captados a seguinte relação: f fc = 1 (3.05) Sob condições ideais, a equação 3.05 seria verdadeira, visto que todo sinal captado pelo GPR iria possuir forma e duração idênticas às dos pulsos emitidos, porém com amplitude amortecida (ANNAN, 1992). Para um meio real, no entanto, é necessário incorporar os efeitos da atenuação ao longo da propagação do pulso, os quais desviam a frequência central em direção às componentes de baixas frequências, gerando um desbalanceamento do espectro, isto é, fazendo com que f / fc ≠ (XAVIER NETO, 2006). Ressalta-se que, quanto mais a razão entre a largura da banda e a frequência central for próxima a 1, melhor será a qualidade do sinal captado. Valores muito acima deste tendem a aumentar a atenuação, uma vez que a frequência máxima também é acrescida, e valores muito abaixo podem provocar superposições de eventos registrados pelo GPR, prejudicando, desta forma, sua resolução espacial, mais precisamente a vertical. Para garantir que a frequência de operação seja adequada, a mesma deve levar em consideração três fatores: resolução espacial desejada; profundidade de exploração; limitações relacionadas ao ruído de fundo (clutter) e à atenuação. Considerando-se a resolução espacial, ANNAN (2001) recomenda a seguinte expressão: fc R > 5 r . (3.06) onde: fc R é a frequência central (MHz); r é a distância de resolução vertical desejada (m); K2 é a constante dielétrica do alvo (adimensional). 40 Considerando-se a profundidade de exploração, ANNAN (2001) recomenda a seguinte expressão: fc < . – (3.07) onde: fc é a frequência central (MHz); K2 é a constante dielétrica do alvo (adimensional); D é a profundidade de exploração (m). Considerando-se as limitações relacionadas ao ruído de fundo (clutter) e à atenuação, ANNAN (2001) recomenda a seguinte expressão: fc > c . (3.08) onde: fc é a frequência central (MHz); c é a menor comprimento, referente às heterogeneidades, o qual se quer detectar (m); K2 é a constante dielétrica do alvo (adimensional). Logo a frequência central deve satisfazer a relação: fc R < fc < mínimo (fc , fc ) (3.09) Em geral, antenas com frequência central mais baixa produzem um radargrama de menor resolução espacial (vertical e horizontal), porém de maior penetração no subsolo, enquanto que as de frequência central mais alta apresentam menor penetração em subsuperfície, todavia fornecem radargramas de maior resolução espacial (vertical e horizontal). 41 Ressalta-se que nem sempre antenas de maiores frequências vão proporcionar radargramas de maior resolução em comparação com as de menores frequências, devido à reverberação (ringing) do sinal emitido pelo Georradar, ruído relacionado principalmente com as propriedades eletromagnéticas do meio e com o comprimento de onda ( ) utilizado pelo GPR. Reduzindo-se o valor deste, ou seja, aumentando-se a frequência central, o Georradar torna-se capaz de detectar heterogeneidades cada vez menores, presentes no subsolo, e, por consequência, a quantidade de reverberações pode sofrer um acréscimo (SANDMEIER, 2003). 3.1.4. Janela temporal de amostragem ou de registro (range ou time window) Corresponde ao intervalo de tempo no qual a antena receptora registra os sinais de um pulso eletromagnético emitido pela antena transmissora, definindo, portanto, o intervalo possível de ser apresentado na coordenada vertical do radargrama, pois os pulsos que atingirem a antena receptora em tempos de viagem superiores ao range não serão registrados. ANNAN (2001) sugere a seguinte fórmula: W = 1,3 . . v (3.10) onde: W é a janela temporal de amostragem (ns); D é a profundidade de aquisição (m); v é a velocidade da onda eletromagnética no meio em estudo (m/ns). 3.1.5. Intervalo temporal de amostragem (ou razão de amostragem) Segundo YILMAZ (1991), registros digitais são mostrados em banda limitada no tempo, chamada de intervalo de amostragem. O intervalo de amostragem, normalmente especificado nos equipamentos pelo inverso da frequência de amostragem, refere-se à quantidade de vezes com que a antena receptora capta o pulso propagado. 42 Em levantamentos de alta resolução como o do GPR, para que o sinal seja visualizado com mais clareza, ANNAN (2001) propôs que a frequência de amostragem fosse igual a, no mínimo, 6 (seis) vezes o valor da frequência central, ou seja, o dobro da média do intervalo de Nyquist no domínio da frequência, resultando na seguinte relação: t = . fc (3.11) onde: t é o intervalo temporal de amostragem (ns); fc é a frequência central (MHz). MALÅ (1997) sugere que a frequência de amostragem seja, no mínimo, 6 (seis) vezes o valor da frequência central e, no máximo, 20 (vinte) vezes. Logo: tmín = . fc (3.12) tmáx = . fc (3.13) onde: tmín é o intervalo temporal de amostragem mínimo (ns); tmáx é o intervalo temporal de amostragem máximo (ns); fc é a frequência central (MHz). Quanto mais a razão de amostragem for excedida, menor será a capacidade de definição dos refletores, podendo implicar, inclusive, o registro de falsas amostragens (aliasings). Em contrapartida, valores muito pequenos de razão de amostragem proporcionamuma demanda maior de tempo no que diz respeito à aquisição e ao processamento dos dados. O intervalo de amostragem é o inverso da taxa de amostragem, que corresponde ao número de amostras coletadas por unidade de tempo. 43 3.1.6. Espaçamento entre as estações de medida (step) Trata-se da distância entre duas posições consecutivas de emissão do pulso. Aconselha-se o uso da seguinte equação (ANNAN, 2001): x = 5 fc . (3.14) onde: x é o espaçamento entre as estações de medida (m); fc é a frequência central (MHz); K é a constante dielétrica do meio (adimensional). 3.1.7. Separação das antenas (offset) A estimativa da distância entre a antena transmissora e a receptora é importante para uma melhor detecção dos alvos desejados e pode ser realizada apenas quando as antenas são bi-estáticas, ou seja, quando não apresentam separação fixa, o que geralmente ocorre para equipamentos de GPR que utilizam frequência central abaixo de 100 MHz. ANNAN (2001) recomenda a seguinte expressão: S = . – (3.15) onde: S é a separação das antenas (m); D é a profundidade máxima estimada (m); K é a constante dielétrica do meio (adimensional). A expressão 3.15 revela que, para meios dispersivos (aqueles que apresentam altos valores de constante dielétrica), deve-se recorrer a uma menor separação das antenas, 44 pois, desta forma, a distância total percorrida pelo pulso será reduzida e, consequentemente, os efeitos da atenuação serão menores. Por outro lado, valores muito pequenos de separação das antenas podem fazer com que a onda direta propagada no ar assuma amplitude muito maior que a do sinal refletido, dificultando ou até mesmo inviabilizando a detecção de refletores rasos. Recomenda-se, portanto, segundo ANDRADE (2003): Smín = (3.16) onde: Smín é a separação mínima das antenas (m); é o comprimendo de onda (m). 3.2. TÉCNICAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS As principais técnicas de aquisição são: perfil de reflexão e sondagem de velocidade. 3.2.1. Perfil de reflexão 3.2.1.1. Arranjo com Afastamento Constante (Common Offset) A antena transmissora e a receptora são deslocadas em conjunto, mantendo-se o offset (x) e o step ( x) constantes e realizando-se aquisições consecutivas ao longo de uma trajetória em superfície, conforme ilustrado na figura 3.03. 45 Figura 3.03 – Arranjo com afastamento constante (modificado de MENDES, 2008). 3.2.2. Sondagem de velocidade 3.2.2.1. Common Mid Point (CMP) ou Common Depht Point (CDP) A antena transmissora e a receptora são distanciadas entre si em sentidos opostos, de forma crescente, partindo-se de um ponto central fixo e realizando-se aquisições consecutivas. Após a primeira medição, a separação das antenas sofre um acréscimo, por aquisição, de 2 vezes a distância “x”, sendo metade deste valor para o sentido no qual a antena transmissora é deslocada e, a outra metade, para o sentido no qual a antena receptora é afastada, conforme ilustrado na figura 3.04. 46 Figura 3.04 – Ensaio CMP (modificado de PORSANI, 1999). Esta técnica tem a finalidade de determinar a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas no subsolo. 3.2.2.2. Wide Angle Reflection and Refraction (WARR) Este método de aquisição apresenta a mesma finalidade do CMP. Enquanto que neste ambas as antenas são movidas, no WARR, uma das antenas é mantida fixa e a outra é sucessivamente afastada da primeira. O ensaio de Common Mid Point fornece resultados mais satisfatórios. a) Common Source A antena transmissora é mantida em uma única posição enquanto a separação das antenas é aumentada sucessivamente. Este acréscimo, relacionado ao deslocamento da antena receptora, é efetuado para aquisições consecutivas e corresponde à distância “x”, conforme ilustrado na figura 3.05. 47 Figura 3.05 – Ensaio WARR, mantendo-se a antena transmissora fixa (modificado de PORSANI, 1999). b) Common Receiver A antena receptora é mantida em uma única posição enquanto a separação das antenas é aumentada sucessivamente. Este acréscimo, relacionado ao deslocamento da antena transmissora, é efetuado para aquisições consecutivas e corresponde à distância “x”, conforme ilustrado na figura 3.06. 48 Figura 3.06 – Ensaio WARR, mantendo-se a antena receptora fixa (modificado de PORSANI, 1999). 3.3. PROCESSAMENTO DOS DADOS Neste item, é apresentado o resumo de algumas técnicas de processamento dos dados do GPR. Informações detalhadas sobre a etapa de processamento podem ser encontradas nas seguintes literaturas: DANIELS (2004), XAVIER NETO (2006), CONYERS & GOODMAN (1997), dentre outras. 3.3.1. Objetivos Realçar os sinais advindos das feições geológico-geotécnicas, além de reduzir ou até mesmo eliminar os ruídos. 3.3.2. Etapas 3.3.2.1. Importação dos dados Refere-se ao carregamento dos dados obtidos em campo por meio de um software. 49 3.3.2.2. Pré-processamento dos dados Etapa na qual se pode reverter o sentido do perfil de reflexão, unir mais de um radargrama, ajustar a escala horizontal e/ou a vertical, etc. a) Append files Recurso utilizado para unir mais de um radargrama, quando, por exemplo, possam ocorrer interrupções (devido ao término da bateria do console, por exemplo) e/ou acréscimos de linhas de prospecção com o GPR durante a aquisição de dados. b) Stacking Trata-se da transformação de uma quantidade de traços em apenas um só (empilhamento), através da média simples dos dados advindos dos mesmos, com o intuito de se combater ruídos. c) Stretching Ferramenta cuja finalidade é esticar, horizontalmente, o radargrama, aumentando, através de interpolação, a quantidade de traços, em vez de, simplesmente, deformá-lo. A aplicação desta técnica torna-se interessante nos casos em que o radargrama contém poucos traços e, por consequência, sua visialização, em formato scan, dificulta sua interpretação. Logo, para mitigar este problema, pode-se alterar o formato varredura para wiggle ou optar pelo uso do ”stretching”. d) Scans/m Recurso que permite ao usuário aumentar ou reduzir a extensão lateral do radargrama, sem utilizar interpolação. Esta medida pode ser útil quando o comprimento horizontal do radargrama e a distância percorrida na prospecção divergem entre si, como tende a ocorrer, por exemplo, em aquisições com o GPR efetuadas com auxílio de roda descalibrada. 50 e) Correção do tempo zero (position correction) Trata-se do ajuste do tempo inicial de registro ao instante em que há o primeiro sinal captado pela antena receptora (onda direta pelo ar), visando compensar o afastamento desta à antena transmissora. A correção do tempo zero deve ser efetuada de maneira o ponto de inflexão de maior cota do primeiro pulso eletromagnético detectado pelo GPR esteja contemplado na superfície do terreno. Esta atribuição tem como base o fato da ondícula padrão, denominada wavelet, a qual corresponde ao sinal emitido pela antena transmissora, apresentar, em geral, formato no qual os maiores níveis de amplitude estão concentrados na região central do pulso, no domínio do tempo. Caso esta etapa seja efetuada em dados sísmicos, uma vez que a wavelet destes geralmente é caracterizada como de fase mínima, formato em que a amplitude máxima está concentrada na porção inicial do pulso, no domínio do tempo, a superfície do terreno deverá contemplar o ponto correspondente ao início da primeira ondícula detectada. 3.3.2.3. Análise dos espectros de frequência Tem como objetivo identificar as faixas de frequências que não estejam inseridas na banda de frequência do GPR,
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