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Análise do ilumina sobre o apagão de 10 de novembro de 2009 ILUMINA. Análise do ilumina sobre o apagão de 10 de novembro de 2009. Disponível em http://www.ilumina.org.br/zpublisher/materias/Noticias_Comentadas.asp?id=19494 Acessado em 18 de novembro de 2009. No dia 10 de novembro de 2009, novamente ocorre um apagão elétrico no Brasil... E o Ministro Lobão diz que a culpa foi do raio de Itaberá!! Os indígenas pré-colonização européia, que viviam na região onde hoje encontra-se a cidade de Itaberá, já sabiam! O significado de “Itaberá” quer dizer “pedra que brilha” em guarani. Talvez, pedra que brilha DEVIDO AO RAIO! A cultura e o inconsciente coletivo da tribo que ali viveu não nos deixa enganar... No entendimento do ILUMINA, apesar do pronunciamento oficial do Ministro Lobão no dia seguinte ao “apagão” (mais corretamente seria ‘blecaute” no jargão técnico do setor elétrico), muitas coisas ainda não estão explicadas até agora. Uma delas é que não foi uma "contingência tripla", como dito pelos integrantes do MME, como a justificar as consequências deste evento no sistema de transmissão de Itaipu como sendo uma "fatalidade" para a qual nada se poderia fazer, a não ser lamentar o ocorrido. O que ocorreu no sistema de transmissão de Itaipu na noite de 10 de novembro não foi uma contingência tripla, mas sim uma CONTINGÊNCIA QUÍNTUPLA, já que os dois bipolos do sistema de transmissão em corrente continua também foram desligados automaticamente, juntamente com os três circuitos de 750kV (da transmissão em corrente alternada), estes últimos mencionados pelo Ministro. Assim, para o ILUMINA, ficam no ar muitas perguntas sobre todo este evento. Vamos a algumas delas... a- Por que isto aconteceu (ou seja, a contingência quíntupla), já que o sistema em corrente contínua tem altíssima confiabilidade operativa (para transmitir metade da potência de Itaipu, gerada no lado paraguaio da usina, com frequência de 50Hz, diferente da frequência brasileira, que é de 60Hz)???? O desligamento do sistema de corrente contínua ocorreu antes, simultâneo ou depois do desligamento das linhas de 750kV?? A interrupção do funcionamento do sistema de transmissão em corrente contínua, juntamente com a abertura dos três circuitos de 750kV em corrente alternada, é que fez a usina de Itaipu ficar isolada do sistema brasileiro e, por isso, teve de desligar todos os seus 20 geradores pela primeira vez na sua história de 25 anos de operação, conforme dito pelo presidente da empresa Jorge Samek. Esta interrupção no sistema em corrente contínua foi que provocou também o blecaute geral no Paraguai. b- Por que o desligamento do sistema de corrente contínua (que também é de propriedade de FURNAS) não foi mencionado em nenhum momento no relato oficial do MME???? Todas as linhas de transmissão de 750kV, entre Foz do Iguaçu e Tijuco Preto, e que transportam a energia produzida pelas 10 unidades geradoras de 60Hz na usina de Itaipu (a metade da usina pertencente ao Brasil), possuem um esquema especial de proteção denominado “religamento rápido automático“. Este esquema especial atua no sentido de religar AUTOMATICAMENTE, e sem a intervenção humana (que é “lenta” para este tipo de procedimento de manobra no sistema de transmissão), as linhas que porventura tenham sido desligadas (também automaticamente pela proteção) devido ao surgimento de um curto-circuito provocado, por exemplo, por descarga atmosférica, por queimadas na vegetação sob a linha ou por outra razão qualquer. c- Por que este esquema especial de proteção – o religamento rápido automático – não funcionou para religar as linhas de 750kV que tenham porventura sido desligadas devido às descargas atmosféricas anunciadas pelo Ministro Lobão?? Cabe ressaltar que nos 25 anos de operação do sistema de transmissão de Itaipu este esquema especial de proteção atuou milhares de vezes... E muitas destas atuações do esquema de religamento automático rápido foram devidas a quedas de raios nas linhas, e que acarretaram o surgimento de curto-circuitos de uma das fases para a terra. d- Por que desta vez o esquema de religamento rápido não funcionou?? e- Por que no comunicado oficial do MME não houve qualquer menção a esta falha deste esquema de proteção das linhas?? Indo mais além: o sistema de transmissão de Itaipu possui outros esquemas especiais de proteção (ECE, que significa Esquema de Controle de Emergências), bastante complexos e que custaram muito dinheiro para serem concebidos tecnicamente e para serem implantados. Também estes outros esquemas especiais de proteção já atuaram anteriormente, se não milhares de vezes, algumas dezenas de vezes com certeza (não temos o histórico da atuação dos mesmos para totalizar este número). Estes outros esquemas de proteção são divididos em duas categorias e denominados de (i) “esquema de corte automático de geração em Itaipu” e (ii) “esquema regional de alívio de carga - ERAC”, este último existente tanto no sub-sistema interligado da região Sul como também no sub-sistema interligado da região Sudeste e Nordeste (ERAC Sul e Sudeste e ERAC Norte-Nordeste). O esquema de corte automático de geração na usina de Itaipu foi concebido para adequar automaticamente, e com a rapidez necessária, o montante total de geração na usina com a capacidade de transmissão restante no sistema de 750kV após a abertura de circuitos. Dependendo da severidade da perda de circuitos no sistema de 750kV, um número maior de unidades geradoras em Itaipu é retirado automaticamente de serviço por este esquema especial de proteção para que esta adequação entre potência gerada versus capacidade de transmissão seja imediatamente restabelecida. Adicionalmente, como o sistema de transmissão em 750kV se conecta em Ivaiporã com o sub-sistema interligado da região Sul, a potência gerada em Itaipu, mesmo após a abertura de três circuitos de 750kV no trecho entre Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto, e após a atuação do esquema especial de corte automático de geração, pode fluir para o Sudeste utilizando um caminho elétrico alternativo ao sistema de 750kV, que sai a partir de Ivaiporã e passa pelo sistema interligado da região Sul, indo até a subestação de Ibiúna, em São Paulo (através das linhas Bateias-Ibiúna, em 500kV), e indo até a subestação de Araraquara, também em São Paulo (através da linha Londrina-Assis- Araraquara, outra linha em 500kV). As linhas Bateias-Ibiúna e Londrina-Assis-Araraquara foram reforços na interligação entre os sub-sistemas da região Sul com a região Sudeste que foram construídos após o racionamento de 2001. Na Nota à Imprensa distribuída pelo ONS no dia 11 de novembro é citado rapidamente a interrupção do funcionamento do sistema de transmissão em corrente contínua e de esquemas de proteção (citados genericamente). (vide reprodução da nota do ONS abaixo): Às 22h14 (horário de Brasília), ocorreu uma perturbação de grande porte no Sistema Interligado Nacional – SIN, que provocou uma interrupção parcial do suprimento de energia nas regiões Sudeste e Centro-Oeste equivalente a 28.800 MW. Foi identificado o desligamento das três linhas de 750 kV e do elo de corrente contínua associados à usina de Itaipu Binacional, com o conseqüente desligamento (por ação dos sistemas de proteção) de suas unidades geradoras. Para mitigar os efeitos dessa perturbação, os sistemas de proteção atuaram de forma a minimizar a extensão do evento — evitando que outras regiões do Brasil fossem afetadas. O processo de recomposição da carga foi iniciado imediatamente e, de forma paulatina e coordenada, todas as áreas do SIN foram sendo recompostas. No momento, os equipamentos do Sistema operam em condições de absoluta normalidade. O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, convocou uma reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE para hoje à tarde em Brasília, com todas as empresas envolvidas, para analisaras causas da ocorrência. O web-site do ONS no dia 11 de novembro mencionou a atuação do ERAC apenas no Nordeste e Centro Oeste, após o desligamento das linhas de 750kV, mas não explica por que o ERAC não atuou no Sudeste e não impediu as consequências catastróficas originadas com a abertura das linhas de 750kV (o efeito dominó e o blecaute geral no Sudeste e parcial no Centro-Oeste, incluindo Acre e Rondônia, e no Nordeste) (vide reprodução do texto do web-site do ONS abaixo). Ainda mais, o web-site do ONS não fez qualquer menção aos motivos que levaram à não atuação do esquema de corte de geração de Itaipu. f- Ou seja, o ILUMINA pergunta também ao Ministro Lobão e ao ONS por que os "esquemas especiais de proteção", instalados no sistema de corrente alternada de Itaipu, e que custaram muito dinheiro, e que já operaram muitas vezes anteriormente, não funcionaram desta vez??? g- Por que isto também não foi mencionado no relato oficial do MME??? Relato sobre o apagão do dia 10/11 extraído do web-site do ONS no dia 11 de novembro de 2009: Às 22h13min ocorreu perturbação geral no SIN, envolvendo diretamente a região Sudeste/Centro-Oeste desencadeando desligamentos automáticos, conforme a seguir: - Sistema de transmissão de 765 kV, desde Foz de Iguaçu até Tijuco Preto (abertura da Interligação Sul-Sudeste); - Sistema de transmissão e subtransmissão do estado de São Paulo em 500/440/345/230/138/88 kV; - Sistema de transmissão e subtransmissão dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo em 500/345/138 kV; - UHs do estado de São Paulo com 5700 MW; - UH Itaipu-60Hz com 5600 MW de geração; - Elo de Corrente Contínua com 5400 MW de fluxo; - UNs Angra I e II com 555 MW e 1084 MW de geração, respectivamente. Causa: a ser identificada. Consequências: Interrupção total de aproximada de 28.800MW de carga no SIN e 980MW de carga no Paraguai. No SIN foram afetados na totalidade os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo e parcialmente os estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre, Rondônia, Bahia, Sergipe, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Houve atuação do ERAC, interrompendo cargas, nas Regiões: - Nordeste, com um montante de 800 MW e; - Centro-Oeste, com um montante de 279 MW; h- Será que isto acontece por incompetência técnica do quadro funcional das empresas do setor atualmente? i- Será má gestão/gerência nas empresas, para dar o adequando encaminhamento às questões técnicas? j- Será consequência da ingerência de partidos políticos nos cargos de alta direção, e até mesmo de gerência de órgãos técnicos de estatais que são fundamentais para o bom funcionamento do SEB, como é o caso de FURNAS? Lembra-se que há dois anos FURNAS foi colocada como mercadoria de barganha de partidos políticos no Congresso Nacional para os deputados e senadores darem o seu apoio à aprovação do projeto de prorrogação da CPMF, que acabou fracassando. l- Ou será uma composição das três causas acima apontadas? Resgatando um pouco da história, temos que dos grandes apagões ocorridos no SEB em anos recentes, o de março de 1999, apesar da mal contada história do “raio de Bauru”, foi causado na verdade por falhas em equipamentos e/ou sistemas de controle/proteção na SE Bauru da antiga CESP-SP (atualmente CTEEP privatizada). Posteriormente tivemos o seguinte quadro: Em janeiro de 2005 houve um novo blecaute de grandes proporções, provocado por falha de sistema de proteção na transmissão em 500kV de FURNAS (subestação de Cachoeira Paulista), que resultou em interrupção do fornecimento a consumidores nos estados de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Em setembro de 2007 houve mais um blecaute de grandes proporções, provocado por falha de isolamento na transmissão em 345kV de FURNAS do Rio de Janeiro para o Espírito Santo, que resultou em interrupção do fornecimento a consumidores nos estados do Rio de Janeiro, Minas e Espírito Santo. E agora, na noite de 10 de novembro de 2009, novamente o sistema de transmissão de FURNAS foi o detonador do efeito dominó que causou um blecaute em 18 estados da federação O que acontece com FURNAS? Estes três grandes blecautes mencionados acima, de 2005, 2007 e 2009 tiveram início em instalações de seu sistema de transmissão principal. Será mera coincidência? A verdade é que na noite do dia 10 de novembro de 2009, cerca de 80 a 100 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica por várias horas, adentrando a madrugada do dia 10 para o dia 11. E isto é muito grave. O interesse público da sociedade brasileira carece de uma resposta plausível para estas questões... O ILUMINA entende que muitas coisas em termos de segurança da operação e confiabilidade do sistema de transmissão precisam ser esclarecidas urgentemente. Aguardam-se os pronunciamentos do ONS e do MME.
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