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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA LABORATÓRIO DE METALURGIA FÍSICA Av. Osvaldo Aranha, 99- 60 andar - Sala 610 CEP: 90035-190 - Porto Alegre - RS - Brasil Fone: (51) 3316 3565 / 3316 3667 / 3316 3668 Celular: 9981 6842 FAX: (51) 3316 3565 / 3316 3988 LAMEF FADIGA E ANÁLISE DE FALHAS Afonso Reguly Inácio Limberger Marcio Levi Kramer de Macedo Rodrigo André Hoppe Sandro Griza Telmo R. Strohaecker Fadiga e Análise de Falhas 0 ÍNDICE 1 - FADIGA .............................................................................................................................23 1.1 - TIPOS DE CARREGAMENTO CÍCLICOS..................................................................25 1.2 - CURVAS DE WÖHLER OU S-N...................................................................................26 1.3 - DIAGRAMA DE GOODMAN ........................................................................................27 1.4 - ETAPAS DO PROCESSO DE FADIGA .......................................................................30 1.4.1 - ESTÁGIO I – NUCLEAÇÃO DA FADIGA............................................................31 1.4.2 - ESTÁGIO II – PROPAGAÇÃO ..............................................................................33 1.5 - FATORES QUE AFETAM A VIDA EM FADIGA DOS MATERIAIS ......................41 1.5.1 - ACABAMENTO SUPERFICIAL............................................................................42 1.5.2 - TAMANHO DA PEÇA.............................................................................................43 1.5.3 - FATOR DE CARGA ................................................................................................44 1.5.4 - TEMPERATURA .....................................................................................................44 1.5.5 - CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES.........................................................................45 1.5.6 - EFEITOS MICROESTRUTURAIS ........................................................................46 2 - ANÁLISE DE FALHA.......................................................................................................47 2.1 - LISTA DE SUGESTÕES DE PONTOS A SEREM LEVANTADOS EM CONTA PARA ANÁLISE COMPLETA DA FALHA..........................................................................50 2.2 - EXEMPLOS DE APLICAÇÕES EM ANÁLISE DE FALHA .....................................53 2.2.1 - ANÁLISE DE FALHA DO CONJUNTO DA CHAPA INTERMEDIÁRIA DE EMBREAGEM ....................................................................................................................53 2.2.2 - ANÁLISE DA FALHA DO PARAFUSO DE FIXAÇÃO DO ESTABILIZADOR DE UMA AERONAVE........................................................................................................59 2.2.3 - PINO DE ENSACADEIRA PNEUMÁTICA FRATURADO ................................63 2.2.4 - ANÁLISE DE FALHA EM CHAPA PARA APOIO DE MOLAS.........................71 Fadiga e Análise de Falhas 1 2.2.5 - ANÁLISE DE FALHA EM VIRABREQUINS PARA MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA ..................................................................................................76 2.2.6 - ANÁLISE DE FALHA EM BARRA DE PRENSA ................................................96 2.2.7 - ANÁLISE DE FALHA EM MOTOR FORD 6.6..................................................105 2.2.8 - ANÁLISE DE FALHAS EM TURBINAS PARA MOTOR DIESEL ..................116 2.2.9 - ANÁLISE METALÚRGICA EM COXINS ..........................................................128 2.2.10 - ANÁLISE METALÚRGICA EM BARRA ESTABILIZADORA.......................133 2.2.11 - ANÁLISE DE FALHA EM HASTE DE COMPRESSOR.................................137 2.2.12 - ANÁLISE DE FALHA EM FOLE DE EXPANSÃO INFERIOR ....................143 2.2.13 - ANÁLISE DE FALHA EM GRANDE ENGRENAGEM DE REDUTOR........147 2.2.14 - ANÁLISE DE FALHA EM SUPORTE DE PNEU ESTEPE PARA CAMINHÕES ....................................................................................................................168 2.2.15 - ANÁLISE DE FALHA EM TUBO API 5L X-56 DO OLEODUTO TEDUT/REFAP.................................................................................................................179 2.2.16 - ANÁLISE DE TRINCAS EM CURVAS DE TUBOS DE AÇO INOXIDÁVEL AISI 321H ..........................................................................................................................191 2.2.17 - ANÁLISE DE FALHA EM EIXO DE PRENSA PRR01...................................213 2.2.18 - ANÁLISE DE FALHA EM EIXO VIGA TUBULAR ........................................218 3 - BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................228 Fadiga e Análise de Falhas 2 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1– Representação esquemática do gradiente de tensões num corpo de prova bi- apoiado com uma carga de flexão aplicada.............................................................................24 Figura 2- Forma de carregamento onde a tensão varia senoidalmente com o tempo. ...........25 Figura 3– Tipos característicos de carregamento. ..................................................................26 Figura 4– Curvas de Wöhler para trilhos ferroviários novos e usados, utilizando flexão em 4 pontos. ......................................................................................................................................27 Figura 5- Diagrama de Smith para um componente com as mesmas propriedades em tração e compressão. ..............................................................................................................................29 Figura 6- Representação de diagramas de Goodman, na região positiva da tensão média(5).30 Figura 7– Fotomicrografia demonstrando intrusões e extrusões na superfície(10)..................32 Figura 8– Diferença nos perfis da superfície, onde as bandas de escorregamento interceptam a superfície. (A) Deformação unidirecional. (B) Deformação alterada(7). ..............................33 Figura 9– Estrias de fadiga numa liga 2024-T3 correspondem a seqüência variada da amplitude de carregamento(4). ..................................................................................................34 Figura 10– Processo plástico de alargamento da ponta da trinca para o estágio II de crescimento de trinca por fadiga(8)...........................................................................................35 Figura 11– Marcas de praia propagadas na seção transversal de uma haste de biela para motor automotivo......................................................................................................................36 Figura 12– Fadiga em trilho ferroviário. Observa-se a nucleação subsuperficial na região do boleto. .......................................................................................................................................36 Figura 13– Fadiga em válvula petroquímica...........................................................................36 Figura 14– Esquema de marcas nas superfícies de fraturas por fadiga produzidas em componentes lisos e entalhados com seções transversais redondas, quadradas e retangulares e em chapas espessas sob várias condições de carregamento em tensões nominais altas e baixas........................................................................................................................................37 Figura 15– Curvas que relacionam o comprimento da trinca “a” com o número de ciclos em dois níveis de tensões “σ1” e “σ2” para o estudo da fadiga. A taxa de propagação da/dN está indicada para um comprimento de trinca “a1”nos níveis de tensão. ...............................38 Figura 16– Representação esquemática do comportamentodo crescimento da trinca de fadiga em meio não-agressivo..................................................................................................40 Figura 17– Taxa de propagação da trinca por ∆K para duas microestruturas em aço em baixo carbono (0.15 – 0.20% C, 0.60 – 0.90% Mn, 0.04% máx P, 0.04% máx S). .................40 Fadiga e Análise de Falhas 3 Figura 18– Fator de redução para o limite de fadiga para um aço de baixa liga devido a vários tratamentos superficiais. (De R. C. Juvinall. Stress, Strain, and Strength, p. 234, McGraw-Hill Book Company, New York, 1967.).....................................................................42 Figura 19– Variação do índice de sensibilidade ao entalhe com o raio do entalhe para materiais de diferentes resistências à tração. ..........................................................................46 Figura 20– Vista explodida do conjunto da embreagem .........................................................54 Figura 21– Conjunto da chapa intermediária com as quatro molas. À direita, detalhe da região de engaste da mola a chapa de ferro fundido. ..............................................................54 Figura 22– Fratura em mola de retorno. Observam-se as marcas de praia de fadiga. Aumento: 35x............................................................................................................................56 Figura 23– Fratura por cisalhamento no rebite. Aumento: 13X. ............................................56 Figura 24– Detalhe da fratura por cisalhamento do rebite. Aumento: 1168X........................56 Figura 25– Acima a macrografia mostrando a região de grãos ferríticos ocorrida no processo de conformação do rebite. Ataque: nital 5%. Aumento: 2X. Ao lado, o gradiente de durezas obtidos conforme o esquema.......................................................................................57 Figura 26– Mola de aço carbono com 0,70 – 0,80% C, temperada em óleo para uma dureza de “RA” 72,4 – 75,2. A dimensão de 2,968 polegadas tem uma estreita faixa de tolerância (± 0,002)........................................................................................................................................58 Figura 27– Detalhe da fixação do estabilizador indicando a posição do parafuso. Na foto ao alto, vista em corte do conjunto da porca com o pedaço remanescente do parafuso, após a ruptura. .....................................................................................................................................60 Figura 28– Vista geral da superfície da fratura. As setas indicam a região de início da falha num plano que contém o fundo do filete de rosca. ...................................................................61 Figura 29– Reprodução do desenho esquemático da embutidora feito pelo fabricante. Algumas informações adicionais tais como a seqüência da falha e as modificações do projeto foram acrescidas ao desenho pelo solicitante..........................................................................64 Figura 30– Esquema representando a mudança de projeto para o encaixe da tampa. O pino foi soldado ao dispositivo de aperto e depois foi aderida uma camada protetora contra corrosão de aço inoxidável. .....................................................................................................65 Figura 31– Fotografia da parte do pino fraturado indicando o ponto de solda e esmerilhamento da superfície de fratura. Aumento: 0,7x. .......................................................66 Figura 32–Fotografia indicando as regiões da fadiga, quais sejam, a lisa e a fibrosa. Aumento: 1,7x...........................................................................................................................66 Fadiga e Análise de Falhas 4 Figura 33– Estrias de fadiga observadas na superfície fibrosa, caracterizadas por linhas paralelas dispostas radialmente a partir do ponto inicial da fadiga. As estrias são formadas devido a deformação plástica localizada na ponta da trinca que se propaga.........................67 Figura 34– Fotomicrografia obtida do núcleo do pino, indicando a microestrutura ferrítica e perlítica com linhas de fluxo do material devido a laminação. Aumento: 50x; ataque: nital 2%.............................................................................................................................................68 Figura 35– Microestrutura ferrítica e perlítica com tamanho de grão em torno de 8 ASTM que caracteriza a superfície do pino. Aumento: 100x; ataque: nital 2%.................................68 Figura 36– Condição microestrutural numa região intermediária entre a superfície e o núcleo do pino. Observa-se a variação do tamanho de grão e a formação de perlita esferoidizada. Aumento: 100x; ataque: nital 2%. ....................................................................68 Figura 37– Tamanho de grão em torno de 6 ASTM junto ao núcleo do pino com matriz ferrítica e perlita esferoidizada. Observa-se também o alinhamento microestrutural devido a laminação. Aumento: 100x; ataque: nital 2%..........................................................................69 Figura 38– Diagrama de Goodman do pino fraturado mostrando que o seu projeto quanto a resistência a fadiga não foi adequado, pois o ponto indicado acima da linha limite da zona de dispersão prevê uma possível ruptura por fadiga. ...................................................................71 Figura 39– Imagem mostrando as duas peças recebidas para análise de falha. Uma delas apresenta uma trinca conforme a próxima figura. Aumento: 0,3x. .........................................72 Figura 40– A seta indica a ruptura que inutilizou a chapa de apoio para molas. Aumento: 0,8x. ..........................................................................................................................................73 Figura 41– Vista de topo mostrando o acabamento superficial da região da chapa cortada por guilhotina numa região simétrica àquela trincada. Na direita, metalografia indicando a presença de uma trinca semelhante a que resultou na falha da peça, bem como as linhas de fluxo oriundas da fabricação. Aumento: 6x e 200x; ataque: nital 2%.....................................73 Figura 42– Vista da região crítica. Notam-se, junto à aresta, os pontos onde ocorreu deformação plástica localizada durante o processo de estampagem. Porém, esta metalografia é referente a chapa isenta, o que determina que os pequenos pontos concentradores de tensão formam-se já na fabricação da peça. Aumento: 6x e 200x; ataque: nital 2%. ........................73 Figura 43– A montagem mostra os micromecanismos de fratura correspondentes às regiões indicadas na macrografia da fratura. Região próxima ao início da falha com clivagem (a); direcionamento da fratura característico da região de propagação (b); região próxima a Fadiga e Análise de Falhas 5 imobilização da trinca com a formação de clivagem e alguns indícios de coalescências de microcavidades (c). ..................................................................................................................74 Figura 44– Metalografia de uma seção longitudinal simétrica àquela trincada. Observa-se o encruamento do material com fluxo seguindo o sentido do corte por guilhotina. Tamanho de grão em torno de 7 ASTM. Aumento: 100x; ataque: nital 2%. ................................................74 Figura 45– Microestrutura ferrítica com pequena quantidade de perlita e cementita esferoidizada. Aumento: 500x; Ataque: nital 2%.....................................................................75 Figura 46- Esquema mostrando a nomenclatura utilizada neste trabalho..............................77 Figura 47- Imagem mostrando a superfície de fratura, observam-se as regiões distintas da fratura. Aumento: 1x. ...............................................................................................................79Figura 48- Micrografias mostrando regiões onde ocorreu formação de martensita não revenida. Ataque: nital 3%. Aumento:180x..............................................................................79 Figura 49- A esquerda observa-se a superfície de fratura nucleada no raio de concordância. A imagem da direita mostra as trincas radiais no raio de concordância. Aumentos: 0,8 e 6x respectivamente. .......................................................................................................................80 Figura 50– Detalhe do plano de propagação desenvolvido numa extensa superfície que abrange mais que 50% do total da seção resistente. Aumento: 0,6x. ......................................81 Figura 51– Macrografia mostrando a região temperada por indução (a) e a região do núcleo (b). Observa-se que o término da camada temperada por indução ocorre imediatamente antes do início do raio de concordância. Aumento: 12x. ..................................................................81 Figura 52– A imagem mostra alinhamento de inclusões na direção ortogonal à pista de rolamento, próximo ao início da falha. Aumento: 500x. Sem ataque. .....................................82 Figura 53– A imagem mostra o extensômetro colado ao componente que permitiram medir a variação de tensão com a progressiva relaxação das tensões residuais conforme a região era secionada. Aumento: 0,6x.........................................................................................................82 Figura 54- Peças recebidas para a análise. Aumento 0,2X.....................................................83 Figura 55- À esquerda a fratura iniciada no munhão do virabrequim. A seta A indica o início da fadiga e a seta B a zona onde aconteceu a ruptura final. À direita, fratura iniciada no moente do virabrequim. Aumentos de 1,7X e 2,7X respectivamente........................................84 Figura 56- Inclusões presentes nos virabrequins. Observa-se a presença de Sulfeto de Manganês (MnS). Aumento: 100x, Sem Ataque. ......................................................................84 Fadiga e Análise de Falhas 6 Figura 57- Microestrutura embaixo da camada temperada. Observa-se uma matriz perlítica com ferrita em contornos de grão, com um tamanho grosseiro, em média de 1 ASTM. A)Virabrequim 1, b) Virabrequim 2, c)Virabrequim 3. Aumento 100X. Ataque Nital 2%. .....85 Figura 58- A esquerda observa-se a região do início da falha (indicado pela seta) no raio de concordância do virabrequim 2. A direita, início da falha no virabrequim 1. Zona de transição da camada e o núcleo, com martensita revenida e perlita fina, além de ferrita nos contornos de grão. O ponto de início também está indicado pela seta. Aumentos de 200X. Ataque Nital 2%. ......................................................................................................................85 Figura 59- A esquerda fotografia obtida a partir de luz polarizada, mostrando perlita fina e ferrita nos contornos de grão. À direita martensita revenida e ferrita nos contornos de grão na região da camada temperada. Virabrequim 1. Aumento 750X e 1000X respectivamente. Ataque Nital 2%. ......................................................................................................................86 Figura 60– Alinhamento de nódulos partindo do raio de concordância. Aumento: 20x.........89 Figura 61– Imagem mostrando o local de nucleação da fratura, um ressalto próximo ao raio de concordância como indicam as marcas de praia. Aumento: 1,15x.....................................89 Figura 62–Micrografia do defeito responsável pela nucleação da fratura. Pode-se observar que o defeito é um vazio no material........................................................................................90 Figura 63- A esquerda observa-se a formação de uma película de óxidos em contorno de células. A esquerda observa-se a ocorrência de microrrechupes na região próxima ao início da falha. Aumentos: 25 e 40x. ..................................................................................................90 Figura 64– Macrografia mostrando a superfície da fratura do virabrequim indicando o início da falha num ponto abaixo da camada temperada. Aumento: 1x..................................91 Figura 65– Micrografias mostrando a presença de microrrechupes na região de início da falha. Aumentos: 90x. ...............................................................................................................91 Figura 66- Peças recebidas para a análise. Aumento 0,3X.....................................................92 Figura 67- A esquerda falha no virabrequim 87 e a direita no virabrequim 30. Este último apresentado um amassamento maior. A seta A indica a zona de início, seta B indica a zona de ruptura final. Aumento 1,8X e 1,4X respectivamente...............................................................93 Figura 68- Imperfeições no raio de concordância de um dos virabrequins, aumento 1,35X..93 Figura 69- À esquerda, inclusões e microrrechupes alinhados. À direita microrrechupes e agulhas de grafita mal formada. Amostra sem ataque. Aumento 115X e 285X.......................94 Figura 70- À esquerda, em uma das amostras, a seta indicando a superfície de fratura. A microestrutura é formada por uma matriz perlítica com nódulos deformados de grafita e Fadiga e Análise de Falhas 7 ferrita nos contornos de grão. Observa-se o alinhamento de inclusões e microrrechupes na parte superior. À direita alinhamento de inclusões e microrrechupes na amostra do outro componente. Aumento 135X e 100X respectivamente, ataque Nital 2%..................................94 Figura 71- À esquerda observa-se agulhas de martensita e austenita retida, com a presença de microrrechupes. À direita, martensita, austenita retida e nódulos de grafita, além de um microrrechupe (seta). Estas microestruturas foram observadas na camada temperada de um dos componentes. Aumentos de 570X e 287X respectivamente................................................94 Figura 72– Imagem mostrando o componente analisado. Observa-se uma ruptura ao centro (a) e rupturas nas extremidades (b). ........................................................................................97 Figura 73–Detalhe (b). Aspecto de ruptura por sobrecarga com linhas radiais seguindo a partir de toda a aresta de mudança de seção...........................................................................97 Figura 74– Detalhe (a) da fratura central vista na figura 72. Observam-se as linhas radiais partindo do vértice superior direito indicado pelo retângulo..................................................97 Figura 75– Detalhes da região crítica indicada na figura 73. A imagem a esquerda evidencia as marcas radiais partindo do vértice. A imagem à direita, com maior ampliação, evidencia uma pequena superfície lisa com aspecto de fadiga. ...............................................................98 Figura 76- A região de início da fratura vista em MEV apresenta marcas de praia bem definidas. ..................................................................................................................................99 Figura 77- As imagens indicam o aspecto diversificado de micromecanismos de fratura sobre a região inicial da fadiga. A esquerda, um micromecanismo típico de fadiga. A direita, um aspecto intergranular próximo à superfície. ............................................................................99 Figura 78– Micromecanismos observados na região de propagação da fadiga. Observam-se facetas de clivagem em segundas fases indicadas pelas setas. ................................................99 Figura 79– Imagens da região de propagação da fadiga. Observam-se, aqui também, facetas de clivagem em segundas fases indicadas pela seta. À direita, já no final da propagação,observa-se coalescimento de microcavidades........................................................................100 Figura 80– Ruptura final com coalescimento de microcavidades circundando os carbonetos esferoidizados. ........................................................................................................................100 Figura 81– Aspecto da face retificada na qual iniciou o processo de fadiga. Foi aplicado um ataque com nital 10% que revelou os carbonetos alinhados (placas claras). Observa-se, a esquerda, uma trinca secundária seguindo um alinhamento. À direita, outra trinca secundária oriunda de um “pitting” de corrosão. .................................................................100 Fadiga e Análise de Falhas 8 Figura 82– Aspecto superficial da face retificada junto à fratura. Aqui se confirma a presença de carbonetos alinhados e “pittings” oriundos, provavelmente, do arrancamento de carbonetos. .............................................................................................................................101 Figura 83– Espectro de microssonda EDS aplicada a uma das fases. Trata-se de carbonetos com traços de vanádio, cromo e ferro....................................................................................101 Figura 84- Microtrinca partindo da parede externa logo abaixo da superfície de fratura. Sem ataque; aumento: 100x. ..........................................................................................................102 Figura 85- Microestrutura do material formada por uma matriz martensítica revenida e uma rede de carbonetos primários. Ataque: reativo de Villela; aumento: 50x. ............................102 Figura 86- Detalhe da imagem anterior, onde observa-se a formação de carbonetos primários aciculares mas também outros alongados, compondo a rede. Ataque: reativo de Villela; aumento: 200x. ..........................................................................................................102 Figura 87- A imagem mostra a mesma microestrutura anterior, agora com ataque de nital 10%. Observam-se grãos de pequeno tamanho formando uma matriz martensítica revenida e carbonetos dispersos, além de um carboneto alongado. Aumento: 200x. .............................103 Figura 88- Microestrutura em detalhe da matriz do material. Grãos martensíticos com pequeno tamanho (em torno de 9 ASTM) e carbonetos esferoidizados dispersos. Ataque: nital 10%; aumento: 1000x.............................................................................................................103 Figura 89– A imagem mostra os itens levados ao laboratório para análise. Em (a), com 0,4x de magnificação, observa-se o pistão e as partes da biela com os parafusos, além das partes fraturadas do comando de válvulas. Em (b), com 0,6x, os quatro parafusos separados para ensaios mecânicos retirados aleatoriamente das demais bielas. ...........................................106 Figura 90– Imagem mostrando a ruptura da base do motor que permitiu a passagem da parte da biela 4 ao exterior. A seta indica a superfície de fratura do parafuso. Aumento de 0,8x. 106 Figura 91– Vista da parte superior do pistão 3 e 4. A seta indica uma marca de contato com uma válvula. Aumento de 0,3x................................................................................................107 Figura 92– Vista da parede interna da camisa do pistão 4. Nenhuma marca que indicasse desalinhamento de montagem foi verificada. Aumento de 0,7x. ............................................107 Figura 93– Superfícies de fratura dos dois parafusos da biela 4 (aumento de 1,5x). Em (a), ruptura dúctil por sobrecarga. Em (b), ruptura lisa típica de fadiga. Detalhes com 6x. ......108 Figura 94– Em (a), imagem com 20x de aumento mostrando o início da falha do parafuso fadigado. Em (b), com 60x de aumento, um evidente defeito em outra estria vizinha à anterior. ..................................................................................................................................109 Fadiga e Análise de Falhas 9 Figura 95– Macrografia com 6x de aumento da superfície de fadiga, à esquerda. A direita, detalhe da região (a) junto ao final do processo de fadiga, onde já observam-se microcavidades coalescidas. ..................................................................................................109 Figura 96– Superfícies de fratura do comando de válvulas. Nenhuma delas indicou algum sinal de mecanismo de fadiga. Aumento de 1,1x....................................................................109 Figura 97– Detalhes do processo de fadiga do segundo parafuso (rompido no ensaio de tração). Em (a) vista com 8x de aumento de um dos lados da fratura onde indica-se o início da fadiga, a propagação lisa e a ruptura fibrosa por tração e depois a ruptura por cisalhamento final. Em (b), com aumento de 20x, detalhe do início da fadiga em um defeito superficial. ..............................................................................................................................111 Figura 98– O outro lado da fadiga da figura anterior. Em (a), com 15x de aumento, notam-se as marcas de praia a partir do ponto inicial. Em (b), detalhe com ampliação de 60x do defeito que originou o processo de fadiga. ............................................................................111 Figura 99– O início da fadiga do parafuso ensaiado em tração, como visto nas imagens anteriores, foi em uma região da superfície onde se observa uma trinca. A imagem indica, ainda, a microestrutura martensítica revenida do material. Ataque: nital 2%; aumento: 255x. ................................................................................................................................................112 Figura 100- Dobra de conformação em uma estria ao lado daquela da imagem anterior. À esquerda, vista com 250x de aumento. À direita, detalhe com 750x. Ataque: nital 2%. .......113 Figura 101–Fotomicrografia mostrando uma dobra de um dos parafusos rompidos no ensaio de tração. Nota-se, também, uma trinca propagando ao lado. Ataque: nital 2%; aumento: 540x. .......................................................................................................................................113 Figura 102– À esquerda, com 250x de aumento, fotomicrografia de uma seção transversal próxima ao lugar de início da fadiga que originou a falha do parafuso do motor. Observa-se um defeito superficial (dobra). À direita, detalhe com 500x de aumento. Ataque: nital 2%. 113 Figura 103- Esquema mostrando a região dos componentes que foi denominada neste trabalho como sendo a região inferior e superior das palhetas. ...........................................116 Figura 104– A figura mostra a região da turbina onde desenvolveu-se uma fadiga em um dos componentes. Aumento 1,5x. ..................................................................................................117 Figura 105– A imagem mostra as marcas de praia características de uma falha por fadiga indicando propagação devido a cargas de flexão rotativa. Aumento 8x. ..............................118 Fadiga e Análise de Falhas 10 Figura 106– Macrografia mostrando uma descontinuidade oriunda do processo de fundição, que acarretou na ruptura de parte da palheta por sobrecarga, após a ruptura do eixo por fadiga. Aumento 6x. ................................................................................................................118 Figura 107– Micrografia mostrando aspecto de fadiga na superfície de fratura da palheta. Aumento 158x. ........................................................................................................................118 Figura 108- A imagem mostra outra região da palheta da turbina onde ocorreu propagação por fadiga junto a parte da frente da palheta. Aumento 306x. ..............................................119Figura 109- Micrografia da última parte que rompeu, da mesma palheta da imagem anterior, mostrando planos de clivagem, indicando fratura frágil. Aumento 817x. MEV....................119 Figura 110– Microestrutura da liga GMR 235. Matriz formada por solução sólida γ e contornos interdendríticos. Aumento 100x.............................................................................120 Figura 111– Microestrutura de liga IN 713C. A matriz também é formada por solução sólida γ, com fases γ’ primário (fases claras), além da formação de Widmanstatem (fase σ) e carbonetos em contorno de célula. Aumento 200x.................................................................120 Figura 112- Micrografia mostrando a morfologia típica das superfícies fraturadas. Micromecanismos de fratura interdendrítica, com a formação de coalescência de microcavidades nos contornos de células e planos separando as dendritas. Aumento 113x. MEV........................................................................................................................................122 Figura 113- Micrografia que mostra a grande quantidade de microrrechupes formados e distribuídos em toda a seção resistente de uma das palhetas analisadas. Observa-se, ainda, a presença de carbonetos metálicos em contornos dendríticos. Aumento 100x. ......................122 Figura 114- A imagem mostra outra palheta analisada. Observa-se que aqui também ocorre a formação de microrrechupes. Microestrutura formada por solução sólida γ com carbonetos dispersos em contornos dendríticos. Aumento 400x. .............................................................122 Figura 115- A imagem evidencia uma região da superfície de fratura de um dos componentes onde se verificou uma inclusão de casca cerâmica. Aumento 1,5x........................................123 Figura 116- Detalhe da região da palheta onde foi encontrada uma inclusão de casca do molde oriunda do processo de vazamento do material na fundição. A falha deste componente partiu deste defeito. Aumento 6x. ...........................................................................................123 Figura 117- A imagem indica a região de inicio da fratura, junto a uma extensa porosidade oriunda da fundição. Nota-se a presença de uma outra grande porosidade na seção da palheta adjacente a rompida. Aumento 1.5x. .........................................................................123 Fadiga e Análise de Falhas 11 Figura 118– Macrografia mostrando a fratura da turbina que rompeu na base da palheta. Nota-se, também, a extensa deformação plástica de outras palhetas vizinhas à rompida. ...124 Figura 119– Macrografia mostrando a fratura da turbina que rompeu no meio da palheta. ................................................................................................................................................125 Figura 120– Macrografia mostrando a fratura na base da palheta, onde pode ser observada a presença de poros no início da falha, o que diminui a seção resistente facilitando a ruptura. ................................................................................................................................................125 Figura 121– Macrografia mostrando a presença de poros na base de outra palheta da mesma turbina da figura 118..............................................................................................................126 Figura 122– Macrografia mostrando a fratura da palheta que rompeu no meio. Observam-se marcas de fadiga. ...................................................................................................................126 Figura 123– Micrografia em microscópio eletrônico de varredura (MEV) mostrando a superfície fadigada (zona elíptica lisa) e posterior zona de separação interdendrítica........126 Figura 124– Micrografia mostrando as microestruturas das duas turbinas. A esquerda observa-se uma microestrutura formada por solução sólida γ, contornos interdendriticos bem definidos e fases γ primário (fases claras em contorno). A direita observa-se uma microestrutura semelhante, porém com a presença de microrrechupes e uma estrutura mais grosseira. Ataque: Villela. Aumento: 100x. ...........................................................................127 Figura 125– Macrografia de um dos coxins recebidos. As setas indicam os esforços de montagem do polímero elastômero ao suporte de alumínio. Aumento: 0,5X. .......................128 Figura 126– Macrografia de um coxim mostrando a trinca encontrada. Aumento: 4X. Macrografia do mesmo coxim mostrando a superfície da trinca separada. Aumento: 1,25X. ................................................................................................................................................129 Figura 127– Macrografias da mesma superfície onde observa-se uma grande quantidade de poros. Aumentos: 8X (esquerda), 14X (direita). ....................................................................129 Figura 128– Imagem no MEV da superfície fraturada mostrando mecanismos de fratura por clivagem. Aumento: 1062X.....................................................................................................129 Figura 129– Imagens em MEV mostrando os poros da superfície de fratura. Aumento: 54X (esquerda), 111X (direita). .....................................................................................................130 Figura 130– Micrografia mostrando a microestrutura da região próxima à falha, onde se observam sludges provenientes da escória e as partículas de silício eutético na matriz. Aumento: 200X. Sem ataque...................................................................................................130 Fadiga e Análise de Falhas 12 Figura 131– Micrografia mostrando a microestrutura da mesma região, onde pode-se observar a presença de porosidades e microtrincas. Aumento: 200X. Ataque: HF 0,5%.....131 Figura 132– Análise química por microssonda. ....................................................................131 Figura 133- Macrografia de uma das barras. Observam-se os dois pontos de nucleação, a extensa propagação a partir do ponto 1 caracterizada pelas evidentes marcas de praia e a ruptura final, ao centro. Aumento: 2,6x. ................................................................................134 Figura 134– Micrografia da seção longitudinal de uma das barras mostrando a região onde iniciou a fratura. Observa-se a presença de trincas secundárias. Aumento: 100x. Ataque: Nital 2%..................................................................................................................................134 Figura 135- Micrografia do núcleo da barra mostrando a estrutura de martensita revenida e as inclusões presentes. Aumento: 500x. Ataque: Nital 2%. ...................................................134 Figura 136- Micrografia mostrando as inclusões em uma das barras. Aumento: 100x. Sem ataque. ....................................................................................................................................135 Figura 137- Micrografia da seção transversal mostrando um defeito superficial. Aumento: 200x. Ataque: Nital 2%. .........................................................................................................135 Figura 138- Micrografia mostrando a região que apresentou descarbonetação. Aumento: 100x. Ataque: Nital 2%. .........................................................................................................135 Figura 139– Imagem mostrando a haste rompida com os discos de alumínio. As setas indicam o local da fratura. Aumento: 0,1x.............................................................................137 Figura 140– A imagem mostra o aspecto da haste original recebida para comparação. Aumento: 0,1x.........................................................................................................................138Figura 141– Marcas de deformação causadas pelo contato de componentes diversos com os discos de alumínio após o colapso. Aumentos: 0,1x e 1,1x....................................................138 Figura 142– As setas indicam marcas de desgaste oriundas do contato dos discos de alumínio com a camisa de cilindro. Aumentos: 1,1x.............................................................................139 Figura 143– A imagem indica a diferença geométrica entre as saídas de rosca das duas hastes, como indicam as setas. Observa-se, também, a deformaçào plástica imposta à porca após a ruptura. Aumento: 0,3x. ..............................................................................................139 Figura 144– Aspecto da superfície da fratura onde observam-se marcas de praia características de processos de fadiga. Aumento: 2x. ...........................................................140 Figura 145– Micrografias mostrando a microestrutura esferoidizada de baixa dureza da haste rompida. Ataque: água régia; aumentos: 500 e 1000x. ...............................................141 Fadiga e Análise de Falhas 13 Figura 146– Micrografias indicando a microestrutura martensítica revenida com carbonetos dispersos da haste original. Ataque: água régia; aumentos: 500 e 1000x. ...........................141 Figura 147– Micrografia apresentando uma trinca junto a diversas microtrincas. 40X. Sem ataque. ....................................................................................................................................144 Figura 148– Micrografia apresentando, em detalhe, contornos de grão já com corrosão intergranular. Aumento de 2356X. Ataque: Solução 40 e Murakami. ...................................144 Figura 149- (a) Região a qual é possível observar a condição da matriz. 100X. Ataque: Solução 40 e Murakami (b) Depósito de óxido em contorno de grão. 450X. Ataque: Solução 40 e Murakami. (c) Camada de óxido de cerca de 50µm de espessura. 932X. Sem ataque..145 Figura 150– A imagem mostra carbonetos metálicos em contornos de grãos austeníticos e maclas de deformação. 500X. Ataque: Solução 40 e Murakami............................................145 Figura 151– Espectro de energia dispersiva por raios-X realizado no contorno de grão de uma das amostras. ..................................................................................................................146 Figura 152– Imagem mostrando a ruptura da engrenagem do redutor. Observam-se as marcas de praia caracterizando a propagação de fadiga na direção da aplicação da força no dente e nos dois sentidos. Aumento: 0,4x. ..............................................................................148 Figura 153– Detalhes da grande superfície de propagação da fadiga. A ruptura final, por outro lado, apresenta menor área. Aumentos: 0,3x e 0,5x respectivamente..........................148 Figura 154– A imagem mostra, em detalhe, a região de início da falha, na interseção dos fundos dos furos. As marcas de praia evidenciam a propagação a partir desta região. Aumento: 2,2x.........................................................................................................................149 Figura 155– Microestrutura martensítica de elevado carbono encontrada na camada cementada da engrenagem. À esquerda, 500x de aumento; à direita, detalhe a 1300x de aumento. Ataque: nital 2%. ....................................................................................................150 Figura 156– Aproximando-se do final da camada cementada observa-se maior quantidade de microestrutura bainítica. Aumento: 1000x; ataque: nital 2%. ..............................................150 Figura 157– No núcleo a engrenagem apresenta microestrutura predominantemente bainítica com alguma quantidade de martensita e ferrita em contornos. À esquerda, aumento de 500x; à direita, aumento de 1000x. Ataque: nital 2%......................................................................151 Figura 158– Perfil de microdurezas partindo da superfície do flanco do dente (na altura do diâmetro médio) e seguindo perpendicularmente em direção ao núcleo...............................151 Figura 159– Curvas de Wöhler para corpos de prova lisos e entalhados.(1).........................153 Figura 160– Curva da/dN X ∆K típica do aço ASTM A533 B1.(2) .........................................153 Fadiga e Análise de Falhas 14 Figura 161– Visualização da engrenagem e do tipo de entalhe utilizado (Chevron Notch). 155 Figura 162- Distribuição de tensões na engrenagem contendo um furo passante na posição dos furos da engrenagem fraturada. ......................................................................................157 Figura 163- Distribuição das tensões na engrenagem contendo um furo passante na posição dos furos da engrenagem G-5. ...............................................................................................158 Figura 164- Detalhe da concentração de tensão no fundo do furo do modelo contendo os furos e um defeito entre eles. ..................................................................................................159 Figura 165- Furo com trincas nos pontos de maior tensão trativa na direção tangencial a superfície do furo. Trinca superior, à esquerda: 0,26 mm, KI = 2,46 MPa.m1/2. Trinca inferior, a direita: 0,33 mm, KI = 2,52 MPa.m1/2...................................................................160 Figura 166- Após simulação da propagação das trincas. Trinca superior, esquerda: 10,3 mm, KI = 4,32 MPa.m1/2. Trinca inferior, direita: 12,8 mm, KI = 5,36 MPa.m1/2.........................160 Figura 167- Curva de taxa de propagação de trinca por fadiga em função do fator de intensidade de tensões cíclicas obtida através de ensaio para o material da engrenagem...162 Figura 168– Furo com trincas nucleadas em pontos de máxima tensão trativa na superfície. ................................................................................................................................................163 Figura 169– Modelo de elementos finitos da trinca propagada até aproximadamente 100 mm (trinca inferior).......................................................................................................................163 Figura 170– Valores de K em função do tamanho de trinca na simulação por elementos finitos. .....................................................................................................................................164 Figura 171– Curva de K vs. tamanho de trinca obtido através da simulação por elementos finitos. .....................................................................................................................................164 Figura 172– Curva de tamanho de trinca vs. número de ciclos obtida através da simulação. ................................................................................................................................................165 Figura 173– Curva de K vs. número de ciclos obtida através da simulação. .......................165 Figura 174– Fotografia mostrando o caminhão após a falha com o suporte. ......................169 Figura 175– Vista de perfil ilustrando o chassi em seu estado original e após a colocação do suporte utilizando o mesmo parafuso.....................................................................................169 Figura 176– Figura ilustrando as trincas na chapa de fixação e a posterior manutenção com reparo de solda.......................................................................................................................169 Figura 177– Macrografia mostrando a peça após o colapso. Nota-se a separação das extremidades da chapa circunvizinhas aos parafusos de fixação. O parafuso central perdeu- se no colapso de forma que não pôde ser analisado. Aumento: 0,2x. ...................................170Fadiga e Análise de Falhas 15 Figura 178– Figura mostrando o esquema da peça após a solda de reparo. As trincas verticais reiniciam na solda de reparo devido ao maior nível de tensões cisalhantes na região......................................................................................................................................170 Figura 179– Macrografia mostrando a região da solda de reparo com grande oxidação e a propagação de trincas dentro do metal de solda. Aumento: 1,1x..........................................171 Figura 180– Macrografia mostrando a fratura do lado direito. Identificam-se as regiões de fadiga perto do furo do parafuso e na solda, com maior oxidação, que iniciaram antes do reparo. Após o reparo houve fadiga de baixo ciclo dando seqüência as fadigas iniciais nas duas regiões. Finalmente observam-se as regiões de ruptura final. Os números 1 e 2 indicam a 1a e a 2a frentes de fadiga. Aumento: 1,6x...........................................................................171 Figura 181– Macrografia mostrando a fratura do lado esquerdo, observa-se aqui uma maior área de fadiga na zona do parafuso e a ocorrência de fadiga na solda de reparo. Após a ruptura do parafuso central ocorreu uma fadiga de baixo ciclo na solda de reparo (parte clara) e seguido de ruptura final. Os números 1 e 2 indicam a 1a e a 2a frentes de fadiga. Aumento: 1,8x.........................................................................................................................172 Figura 182- Micrografia em MEV mostrando estrias de fadiga na segunda região. Aumento: 3360x. .....................................................................................................................................172 Figura 183– Macrografia mostrando uma trinca oxidada na solda do lado interno do perfil ”U” perto da fratura do lado direito. Aumento: 1x. ..............................................................172 Figura 184– Macrografia mostrando a propagação de uma trinca na solda da chapa triangular soldada no fundo dos perfis “U”. Aumento: 1,5x.................................................173 Figura 185– Figura ilustrando a solicitação sofrida pela estrutura em serviço...................174 Figura 186– Esquema mostrando os pontos de maior solicitação e a propagação da trinca por fadiga. O esforço na região de fixação pode ser resumido a um momento fletor devido ao peso do estepe. A vibração em serviço determina uma solicitação dinâmica propícia para processos de fadiga. ...............................................................................................................174 Figura 187– Esquema mostrando o espaço criado pela vibração em serviço devido a falta de apoio na parte inferior. Nota-se a possibilidade de fadiga no ponto D.................................175 Figura 188– Gráfico mostrando os resultados do perfil de microdurezas. ...........................176 Figura 189– Micrografia mostrando o metal base da chapa. Observa-se uma grande quantidade de ferrita com pouca perlita, típico de um aço SAE 1010. Ataque: nital 3%. Aumento: 100x........................................................................................................................176 Fadiga e Análise de Falhas 16 Figura 190– Micrografia mostrando a zona afetada pelo calor onde ocorreu um refinamento granular. Matriz ferrítica e perlítica próximo a solda de reparo. Ataque: nital 3%. Aumento 100x. .......................................................................................................................................176 Figura 191- Micrografia mostrando o metal de solda. Crescimento de grãos colunares seguindo o fluxo de resfriamento da poça de fusão. Matriz formada por ferrita acicular e estrutura de Widmanstätten. Ataque: nital 3%.Aumento: 100x. ............................................177 Figura 192- Micrografia mostrando o metal de solda com trincas e defeitos internos que fragilizam a estrutura. Ataque: nital 3%. Aumento: 50x. ......................................................177 Figura 193– Macrografia mostrando a falha do tubo junto a solda “costura”(ERW). ........179 Figura 194– Detalhe da região de ruptura do tubo mostrando a região provável de início da falha, que apresentou maior deformação...............................................................................179 Figura 195– Imagem mostrando uma das superfícies de fratura da solda ERW. Nota-se uma linha arredondada escura que segue por todo o comprimento da trinca. Uma fina camada metálica envolvia tal linha antes da separação. O restante da fratura é formado apenas por cisalhamento final. .................................................................................................................180 Figura 196– O outro lado da fratura apresenta apenas cisalhamento como mecanismo da falha e uma separação, também por cisalhamento, que coincide sua posição com a descontinuidade da outra superfície. .....................................................................................180 Figura 197- Espectro representativo das análises por microssonda sobre a camada oxidada. Nota-se a formação básica de óxido de ferro. Alguns elementos tais como silício e molibdênio também aparecem por estarem presentes no substrato (matéria prima)...............................181 Figura 198– Micrografia da superfície da falha obtida em MEV após a limpeza com reagente de Clark. .................................................................................................................................181 Figura 199– Micrografia em MEV mostrando a figura 198 em maior aumento detalhando a linha de óxidos de ferro intrínseca ao material. ....................................................................182 Figura 200– Micrografia em MEV mostrando a região da falha no sentido transversal. Amostra extraída junto ao início da falha (região de maior deformação plástica macroscópica). .......................................................................................................................183 Figura 201– Micrografia em MEV mostrando com maior aumento a região da falha onde observa-se a linha da solda tangenciando o defeito. .............................................................183 Figura 202– Micrografia em MEV detalhando a superfície da falha onde observa-se a presença de óxidos de ferro na superfície e dentro da chapa. O perfil da separação acompanha as linhas de fluxo do material.............................................................................183 Fadiga e Análise de Falhas 17 Figura 203– Micrografia em MEV mostrando a região da figura 202 com maior aumento, detalhando a presença de óxidos de ferro (hematita). ...........................................................184 Figura 204– Micrografia em MEV da região da figura 204 com maior aumento, onde observa-se o óxido de ferro dentro da chapa. ........................................................................184 Figura 205– Micrografia em MEV da mesma região das figuras de 202 a 204, com maior aumento, destacando o óxido de ferro presente. ....................................................................184 Figura 206– Micrografia em MEV mostrando a superfície de fratura próximo a parede interna do tubo onde se observa a presença de óxidos de ferro junto a superfície de fratura. ................................................................................................................................................185 Figura 207– A mesma região da figura 14 com maior aumento destacando os óxidos de ferro junto a superfície de fratura. ..................................................................................................185 Figura 208– Micrografia em MEV de outra região junto a superfície separada apresentando óxidos de ferro na superfície de fratura e dentroda chapa. ..................................................185 Figura 209– Micrografia em MEV de outra região junto a superfície de fratura apresentando, também, óxidos de ferro junto a superfície e dentro da chapa do tubo. ........186 Figura 210– Micrografia em MEV da mesma região da figura 17 com maior aumento, destacando a presença de óxidos de ferro dentro da chapa. .................................................186 Figura 211– Espectro da análise por microssonda das descontinuidades encontradas, identificando-as como óxido de ferro.....................................................................................186 Figura 212– Espectro da análise por microscopia Raman dos óxidos de ferro encontrados na superfície da falha e de dentro da chapa. ..............................................................................187 Figura 213– Espectros de microscopia Raman encontrados no trabalho realizado por R.K.Singh Raman (Laser Raman Spectroscopy: a Technique for Rapid Characterisation of Oxide Scale Layers)................................................................................................................187 Figura 214– Espectro por microscopia Raman de óxidos encontrados na superfície da chapa do tubo, e por comparação com a literatura, identificados como óxido de ferro do tipo hematita. .................................................................................................................................188 Figura 215– Micrografia em MEV mostrando inclusões dentro da chapa e próximo a superfície em uma região longe das regiões da solda. ..........................................................188 Figura 216– Micrografia em MEV com maior aumento da região das inclusões.................188 Figura 217– Micrografia em MEV mostrando dobras de laminação junto a superfície e próximo a solda ERW.............................................................................................................189 Figura 218– Micrografia em MEV detalhando a dobra de laminação. ................................189 Fadiga e Análise de Falhas 18 Figura 219– Micrografia em MEV da microestrutura da chapa do tubo que rompeu..........189 Figura 220– Micrografia em MEV destacando a segregação de manganês. ........................190 Figura 221– Corpos de prova utilizados no teste de tração à quente, utilizando latão e cobre na superfície dos corpos de prova..........................................................................................193 Figura 222– Teste de susceptibilidade a corrosão intergranular..........................................193 Figura 223– Amostra de um tubo apresentando diversas trincas na região curva. ..............194 Figura 224– Micrografia em MEV da superfície de uma das amostras trincadas mostrando a ocorrência de diversas trincas de forma intergranular. ........................................................195 Figura 225– Micrografia em MEV de uma das trincas salientando o aspecto de fratura intergranular. .........................................................................................................................195 Figura 226– Micrografia em MEV de seção transversal mostrando diversas trincas. .........196 Figura 227– Micrografia em MEV de seção transversal mostrando uma trinca com profundidade em torno de 800 microns..................................................................................196 Figura 228– Micrografia em MEV de outras trincas na mesma amostra da figura 226. .....196 Figura 229– Micrografia em MEV mostrando o aspecto intergranular da trinca e da camada rugosa formada em cima dos grãos. ......................................................................................197 Figura 230– Espectro por EDS da camada rugosa, mostrando ser óxido de cromo. ...........197 Figura 231– Micrografia em MEV de uma outra trinca intergranular, destacando a camada formada em cima do grão do material. ..................................................................................197 Figura 232– Espectro da análise por EDS mostrando a presença de cobre. ........................198 Figura 233– Micrografia em MEV mostrando a superfície de uma das amostras apresentando um depósito que apresentou cobre e cloro, identificado por análise EDS como mostra o espectro abaixo.......................................................................................................................198 Figura 234– Espectro da análise por EDS do depósito encontrado na superfície da amostra da figura 235. .........................................................................................................................198 Figura 235– Micrografia em MEV do aspecto superficial dos tubos, região não aquecida e curva. ......................................................................................................................................199 Figura 236– Micrografia em MEV do aspecto superficial de outra amostra de tubo, região não aquecida e curva..............................................................................................................199 Figura 237– Micrografia em MEV mostrando o ataque intergranular da amostra da figura 236 vista transversalmente. ....................................................................................................199 Figura 238– Micrografia em MEV mostrando outra região apresentando ataque intergranular. .........................................................................................................................200 Fadiga e Análise de Falhas 19 Figura 239– Micrografia em MEV da fratura do c.p. de tração ensaiado a temperatura ambiente. ................................................................................................................................201 Figura 240– Micrografia em MEV da microestrutura do c.p. de tração ensaiado a temperatura ambiente mostrando a superfície sem trincas. ..................................................201 Figura 241– Micrografia em MEV do c.p. de tração ensaiado a 650oC mostrando o aspecto de fratura por coalescimento de microcavidades. .................................................................202 Figura 242– Micrografia em MEV mostrando a região do centro da fratura, apresentando coalescência de microcavidades. ...........................................................................................202 Figura 243– Micrografia em MEV da microestrutura do c.p. de tração a 650oC apresentando pequenas trincas na superfície e grãos sensitizados. .............................................................202 Figura 244– Micrografia em MEV da microestrutura da mesma amostra da figura 245 com maior aumento, destacando os grãos sensitizados.................................................................203 Figura 245– Micrografia em MEV da fratura do c.p. de tração ensaiado a temperatura de 900oC mostrando na superfície fratura intergranular e em direção ao centro coalescimento de microcavidades ..................................................................................................................203 Figura 246– Micrografia em MEV da fratura no centro do c.p. mostrando micromecanismos de coalescência de microcavidades........................................................................................204 Figura 247– Micrografia em MEV da microestrutura do c.p. de tração ensaiado a 900oC mostrando trincas intergranulares na superfície do material com produtos de corrosão dentro destas...........................................................................................................................204 Figura 248– Micrografia em MEV da microestrutura do c.p. de tração ensaiado a 900oC mostrando trincas intergranulares na superfície do material com produtos de oxidação dentro destas em outra região e com maior aumento. ...........................................................205Figura 249– Micrografia em MEV do c.p. de tração ensaiado a 1000oC mostrando o aspecto da fratura, onde se pode observar na superfície fratura intergranular e ao centro coalescimento de microcavidades. .........................................................................................205 Figura 250– Micrografia em MEV mostrando com maior aumento a região da superfície do c.p. apresentando fratura intergranular. ...............................................................................206 Figura 251– Micrografia em MEV mostrando o centro da fratura apresentando coalescência de microcavidades. .................................................................................................................206 Figura 252– Micrografia em MEV da microestrutura do c.p. ensaiado a 1000oC mostrando diversas trincas intergranulares.............................................................................................206 Fadiga e Análise de Falhas 20 Figura 253– Micrografia em MEV da microestrutura do c.p. ensaiado a 1000oC mostrando diversas trincas intergranulares em outra região do c.p. ......................................................207 Figura 254– Micrografia em MEV da fratura do c.p. de tração a 1050oC com cobre na superfície. ...............................................................................................................................207 Figura 255– Micrografia em MEV da fratura do c.p. de tração a 1050oC com cobre na superfície com maior aumento. ..............................................................................................208 Figura 256– Micrografia em MEV da microestrutura mostrando trincas na superfície do c.p. com produtos de corrosão no interior das trincas. Sem ataque químico...............................208 Figura 257– Micrografia em MEV da microestrutura mostrando trincas na superfície do c.p. com produtos de corrosão no interior das trincas em outra região do c.p. Sem ataque químico. ..................................................................................................................................208 Figura 258– Micrografia em MEV da fratura do c.p. de tração a 1050oC com latão na superfície. ...............................................................................................................................209 Figura 259– Micrografia em MEV da fratura do c.p. de tração a 1050oC com latão na superfície, com maior aumento. .............................................................................................209 Figura 260– Micrografia em MEV da microestrutura mostrando trincas na superfície do c.p. com produtos de corrosão no interior das trincas. Sem ataque químico...............................210 Figura 261– Macrografia em câmera digital dos corpos de prova achatados. ....................210 Figura 262– Macrografia em câmera digital mostrando a superfície das dobras do teste de amassamento onde não foram observadas trincas.................................................................211 Figura 263– Macrografia mostrando o componente recebido. Aumento: 0,1x.....................213 Figura 264– Imagens mostrando as superfícies de fratura do componente recebido. Observa- se a presença de linhas radiais originadas em toda a circunferência. Aumento: 0,8x..........214 Figura 265– Macrografia mostrando a superfície de fratura contendo marcas de praia concêntricas e linhas radiais oriundas da superfície. Aumento: 1,4x. ..................................214 Figura 266– Imagem mostrando a região do raio de concordância contendo profundas marcas de usinagem. Aumento: 2x. ........................................................................................214 Figura 267– A esquerda observa-se uma descontinuidade na superfície do eixo. À direita, após ataque com nital 10%, podem ser observadas manchas e alterações na microestrutura, mostrando que há metal de solda. Aumento: 0,8x..................................................................215 Figura 268– Imagem mostrando a superfície de fratura. Observou-se uma superfície amassada devido ao processo de fadiga e regiões de fratura intergranular. À direita, com maior aumento, a região intergranular apresentando tamanho de grão grosseiro. .............215 Fadiga e Análise de Falhas 21 Figura 269– À esquerda, micrografia mostrando a região de início da falha. Observa-se a presença de metal de solda (parte clara, a) e microestrutura martensítica (fase escura, b). À direita, com maior aumento a região martensítica formada na zona termicamente afetada. Ataque: nital 3%. Aumentos: 25x e 100x, respectivamente. ..................................................216 Figura 270– Micrografia mostrando a região central do eixo. Microestrutura formada por bainita e ilhas de perlita. Ataque: nital 3%. Aumento: 100x. ................................................216 Figura 271– A Região 1 indica o início da fratura e a Região 2 indica a propagação da fratura próxima à solda da haste lateral. Aumento: 0,2x. .....................................................219 Figura 272– Em A, a região 1 indica o início da fratura, a região 2 é próxima à solda da haste lateral, a região 3 mostra as marcas de sargento e a região 4 as estrias da superfície. Em B a seta indica a região de início da fratura. Aumento: 0,6x. .........................................219 Figura 273- A seta 1 mostra as marcas de sargento e a seta 2 as estrias da superfície da fratura. Aumento: 0,6x. ..........................................................................................................220 Figura 274- Região próxima à solda da haste lateral. Aumento: 0,6x. .................................220 Figura 275- Em A, superfície lateral externa do eixo, sendo que a seta indica o início da falha. Aumento: 1,2x. Em B, vários pontos de nucleação da fadiga e a seta indica uma pequena marca concentradora de tensões. ............................................................................220 Figura 276– Em A observa-se uma trinca secundária e em B estrias de fadiga. ..................221 Figura 277– Em A é mostrado um degrau do material na região de início da fratura. Em B é mostrado o coalescimento de microcavidades na região próxima à solda............................221 Figura 278– Em A é mostrada a microestrutura do eixo formada por ferrita e perlita. Aumento 1000x; ataque Nital 3%. Em B observa-se uma estrutura bandeada, típica de laminação. Aumento: 100x; ataque Nital 3%. .......................................................................222 Figura 279- Em A é mostrada a camada de ferrita na superfície da amostra. Aumento: 100x; ataque: Nital 3%. Em B a seta indica a camada de óxido. Aumento: 500x; ataque: Nital 3%. ................................................................................................................................................222 Fadiga e Análise de Falhas 22 1 - FADIGA Fadiga, por definição, é a ruptura progressiva que ocorre em componentes e estruturas devido a solicitações dinâmicas e cíclicas. Por volta do ano 1850, Wöhler estudou a ruptura de eixos ferroviários. Tais falhas eram imprevisíveis para os engenheiros da época. Os eixos podiam fraturar após algumas centenas de quilômetros em serviço, e, embora projetados de acordo com critérios de resistência estática, as fraturas ocorriam sob condições de carregamento normal. Além disso, não obstante ensaios de tração realizados no material antes da entrada em serviço revelarem adequada ductilidade, a ruptura em serviço não apresentava sinais de apreciável deformação plástica. Ainda mais intrigante era o fato de que ensaios de tração realizados no material após a fratura em serviço apresentavam as características de ductilidade iniciais. Apesar de não ter sido o primeiro pesquisador a estudar a fadiga, Wöhler tem o mérito de ter adquiridoresultados e métodos até hoje empregados. Há quase cento e cinqüenta anos Wöhler batizou com a designação de fadiga de materiais as fraturas que ocorrem em situações de baixa tensão nominal em componentes sujeitos a cargas que variam ciclicamente. Foi notado que estas fraturas iniciavam normalmente junto a uma mudança de seção, na vizinhança de entalhes ou qualquer descontinuidade do material. Wöhler realizou experiências de fadiga em corpos de provas lisos não entalhados e isentos de fissuras pré-existentes, concluindo que existia um valor mínimo da amplitude de tensão abaixo da qual o corpo de prova não rompia, independente do número de ciclos de carga aplicados. Normalmente, em serviço, a ruptura ocorre devido à aplicação de cargas cíclicas com tensão máxima muito inferior ao limite de escoamento do material. Neste caso a falha ocorre após um elevado número de ciclos com pouca deformação macroscópica. Considera-se, então, esta falha como sendo fadiga de alto ciclo, regida pela tensão. Por outro lado, quando flexionamos um fino arame de aço ao carbono, por exemplo, no intuito de parti-lo, na verdade estamos submetendo-o à ruptura por fadiga. Bastam algumas poucas flexões para rompê-lo. Neste caso estamos aplicando tensões acima do limite de escoamento do material a solicitações de flexão alternada. A ruptura é regida pela deformação do material e ocorre geralmente com um pequeno número de ciclos. Este tipo de fadiga é conhecido como fadiga de baixo ciclo. Fadiga e Análise de Falhas 23 A fadiga é, portanto, dividida em dois tipos. Fadiga de alto ciclo, que os pesquisadores geralmente consideram como sendo aquelas que ocorrem com 103 ciclos ou mais, e fadiga de baixo ciclo, que ocorrem com menos de 103 ciclos. Para que ocorra uma falha por fadiga é necessário que três fatores sejam aplicados simultaneamente no material: solicitações dinâmicas, solicitações de tração e deformação plástica. É importante salientar que, mesmo que uma peça não esteja submetida a um esforço de tração simples, ela pode sofrer tração localizada. Um corpo de prova bi-apoiado que sofre uma carga ortogonal, ou seja, uma solicitação de flexão unidirecional tem a mesma configuração de tensões distribuída de forma que numa geratriz ter-se-á um elemento infinitesimal com tensão máxima de compressão e, no elemento diametralmente oposto, será verificada a tensão máxima de tração, conforme mostra a figura 1. Figura 1– Representação esquemática do gradiente de tensões num corpo de prova bi- apoiado com uma carga de flexão aplicada. Com efeito, é comum ocorrer a falha por fadiga em materiais não submetidos a esforços cíclicos de tração simples. Mais adiante, quando serão abordados os aspectos macroscópicos da fadiga, será mostrado um esquema que relaciona as características superficiais da fratura com os respectivos esforços que a originaram. Outro detalhe que deve ser considerado é o fato de sempre ocorrer deformação plástica envolvida numa falha por fadiga. Foi dito anteriormente que a fadiga de alto ciclo é regida pela tensão aplicada. Todavia, apesar de às vezes não ser visível macroscopicamente, sempre ocorre deformação plástica num processo de fadiga, mesmo que tal deformação seja localizada apenas na ponta da trinca que progride. Fadiga e Análise de Falhas 24 1.1 - TIPOS DE CARREGAMENTO CÍCLICOS Para que haja fadiga de um componente é necessária a presença de um carregamento cíclico ou variável com o tempo. A tensão estática aplicada eqüivale à tensão média, simbolizada por σm. A amplitude de tensão será simbolizada como σa , sendo σa a amplitude de tensão cíclica que provoca ruptura por fadiga. As tensões máxima e mínima são simbolizadas por σmax e σmin , respectivamente, como ilustra a figura 2 a seguir. Figura 2- Forma de carregamento onde a tensão varia senoidalmente com o tempo. As cargas solicitantes cíclicas são geralmente classificadas em três categorias: I – Carga estática, cujo valor permanece constante ao longo do tempo ou apresenta variação tão lenta que o efeito de massa pode ser considerado desprezível (figura 3-I). II – Carga repetida, cujo valor varia periodicamente, entre um máximo e zero (figura 3-II). A tensão média é igual a tensão alternante e a metade da tensão máxima. III – Carga alternante (ou cíclica pura), cujo valor varia periodicamente, entre um máximo positivo e um negativo, simétrico em relação ao eixo do tempo (figura 3-III). A tensão média neste tipo é nula. O caso geral de carga dinâmica pode ser estudado como a combinação dos casos I e III de carga. (figura 3-IV)(2) e é determinada de carga flutuante. Fadiga e Análise de Falhas 25 Figura 3– Tipos característicos de carregamento. 1.2 - CURVAS DE WÖHLER OU S-N Pelo ensaio de uma série de corpos de prova com cargas repetidas de valor máximo decrescente, verifica-se que o número de ciclos necessários para a ruptura aumenta rapidamente. A curva limite inferior do campo de dispersão dos resultados obtidos pelo ensaio descrito anteriormente é a curva de Wöhler ou S-N (figura 4). Em aços observa-se a existência de um patamar abaixo da qual a peça não rompe, independente do número de ciclos. Este valor de tensão é denominado limite de fadiga. Nem todos os materiais apresentam um limite à fadiga específico. O alumínio é um exemplo, sendo então convencionado como o limite à fadiga para estes materiais o valor de tensão máxima no qual não se observa ruptura em 107 ciclos. Para as tensões acima do limite de fadiga pode-se determinar a resistência à fadiga. A figura 4 mostra um exemplo da determinação das curvas de Wöhler para trilhos CSN novos e usados. Fadiga e Análise de Falhas 26 Figura 4– Curvas de Wöhler para trilhos ferroviários novos e usados, utilizando flexão em 4 pontos. A curva de Wöhler tem a limitação de valer apenas para o tipo de carregamento para o qual foram ensaiados os corpos de prova. Se houver mudança do carregamento, ou no caso de juntas parafusadas, da protensão, novas curvas terão que ser levantadas para a previsão do limite ou resistência à fadiga. 1.3 - DIAGRAMA DE GOODMAN A relação entre a tensão média e a resistência a fadiga de qualquer componente pode ser avaliada através do diagrama de Goodman. Existem outras formas de expressar esta relação. Contudo, o diagrama de Goodman traz a vantagem de incorporar diversos dados, como a resistência a fadiga sob as diversas condições de solicitações (alternada, repetida e flutuantes), a resistência ao escoamento e a resistência a ruptura(3). Para construir o diagrama, atribui-se ao eixo das ordenadas os valores da tensão média e no eixo das abcissas, além dos valores da resistência à ruptura estática e a tensão de escoamento, os valores de resistência à fadiga ou limite de resistência à fadiga, qualquer um dos dois que seja pré-determinado. Sendo assim, em posse dos corpos de prova ou peças a serem analisadas, estabelece-se um valor padrão de número de ciclos para os ensaios, e determina-se o valor da resistência quando da ruptura do componente. Fadiga e Análise de Falhas 27 O diagrama mostra que a medida em que aumenta a tensão média, aumenta também a resistência à fadiga e diminui a amplitude de solicitação. Isto até chegar ao nível de escoamento quando, então, o aumento da tensão média não mais implica no aumento da resistência, apesar de continuar diminuindo a amplitude. Goodman nos dá, em função da tensão média, os valores de tensões máximas e mínimas a partir dos quais não ocorre mais a ruptura. Esta se mostra como uma alternativa melhor do que a abordagem convencional onde teriam de ser traçadas as curvas de Wöhler para cada caso de carregamento. O diagrama de Goodman na realidade é uma simplificação, em favor da segurança, do diagrama de Smith que será abordado a seguir para um melhor entendimento
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