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Patricia-Guimaraes-2012-Processos-erosivos-e-assoreamento-por-depositos-tecnogenicos-do-reservatorio-da-PCH-de-Queluz-Monografia-Geoquater-MN-UFRJ

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
MUSEU NACIONAL 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processos erosivos e assoreamento por depósitos tecnogênicos: 
estudo de caso do reservatório da Pequena Central 
Hidrelétrica de Queluz (SP) 
 
 
 
 
 
PATRÍCIA FERREIRA GUIMARÃES 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Junho 2012 
 
 ii 
 
 
 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
MUSEU NACIONAL 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
Processos erosivos e assoreamento por depósitos tecnogênicos: 
estudo de caso do reservatório da Pequena Central 
Hidrelétrica de Queluz (SP) 
 
 
 
 
PATRÍCIA FERREIRA GUIMARÃES 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. RENATO RODRIGUEZ CABRAL RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Junho 2012 
 
 
 
 iii 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
Guimarães, Patrícia Ferreira 
 
Processos erosivos e assoreamento por depósitos tecnogênicos: estudo de caso do 
reservatório da Pequena Central Hidrelétrica de Queluz (SP)/ Patrícia Ferreira 
Guimarães – Rio de Janeiro: UFRJ/MN/DGP, 2012. 
 
Orientador: Prof. Dr.Renato Rodriguez Cabral Ramos 
Monografia (especialização): UFRJ/MN/DGP / Programa de Pós Graduação em 
Geologia do Quaternário, 2012. 
Referências Bibliográficas: f. 49-51. 
 
1.Quaternário 2. Depósitos Tecnogênicos 3.Paraíba do Sul 4. Processos Erosivos. I. 
Guimarães, Patrícia Ferreira. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu 
Nacional, Departamento de Geologia e Paleontologia, Programa de Pós Graduação 
em Geologia do Quaternário. Assoreamento de barragem por depósitos 
tecnogênicos. Um estudo de caso: Pequena Central Hidrelétrica de Queluz – SP. 
51f. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iv 
RESUMO 
 
Este trabalho teve como objetivo principal realizar uma análise sobre assoreamento de barragens 
através da gênese dos depósitos tecnogênicos, utilizando como exemplo, os casos das Pequenas 
Centrais Hidrelétricas de Queluz e Lavrinhas, localizadas nos municípios de Queluz e Lavrinhas, 
respectivamente, no estado de São Paulo. Buscou-se, neste estudo, resgatar a história da 
transformação da paisagem, através das diversas formas de uso do solo, capazes de formar os 
depósitos tecnogênicos induzidos, relacionando-os com as ações antrópicas. O tecnógeno 
constitui-se como as transformações do meio físico, levando em consideração como agente 
geológico o homem, bem como seus processos geradores e modificadores das paisagens atuais. 
Este termo se relaciona com as transformações do ambiente através da ação técnica, que pertence 
exclusivamente ao ser humano, no qual teria seu início marcado pelo final do Holoceno, quando 
essas ações foram intensificadas. Desta forma, a escolha das PCHs Queluz e Lavrinhas para o 
estudo de caso, foi devido ao fato de formarem um empreendimento novo em fase inicial de 
operação, com poucos estudos realizados até o momento. Além de se localizarem entre a Rodovia 
Dutra e a Linha Férrea, e em um dos rios mais importantes da Região Sudeste, o Rio Paraíba do 
Sul. 
 
Palavras-chave: Quaternário, Depósitos tecnogênicos, Paraíba do Sul, Processos erosivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 v 
 
ABSTRACT 
 
This study aimed to perform an analysis on siltation of dams through the genesis of deposits 
tecnogenic, using as example the case of Small Hydropower Queluz and Lavrinhas, located in the 
Queluz and Lavrinhas cities, respectively, in the state of São Paulo. Sought, in this study, rescue 
the history of the transformation of the landscape, through various forms of land use, capable of 
forming deposits tecnogenic induced, relating them to human actions. The Tecnogenic constitutes 
itself as the transformation of the physical environment, taking into account geological agent man, 
as well as its processes generators and modifiers of existing landscapes. This term relates to 
changes in the environment through action technique, which belongs exclusively to the human 
being, which would have marked its beginning by the end of the Holocene, when these actions 
were intensified. Thus, the choice of SHPs Queluz and Lavrinhas for the case study was due to the 
fact form a new venture in the initial phase of operation, with few studies to date. Besides are 
located between the Dutra Highway and Railway Line, and one of the most important rivers in the 
Southeast, Paraiba do Sul River. 
 
Keywords: Quaternary, deposits tecnogenic, Paraíba do Sul, Erosion processes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vi 
AGRADECIMENTOS 
 
 
- À minha família, agradeço pelo apoio e pelo encorajamento de poder dar mais esse passo 
na minha formação acadêmica. 
- Aos meus amigos, agradeço pela compreensão e pelos momentos de abstração. 
-Ao meu companheiro, amigo e namorado, agradeço pelo carinho e pela paciência. 
- À Turma Geoquater 2011, pelos bons momentos dentro e fora da sala de aula. 
- À Habtec, por ajudar no meu crescimento profissional. 
- À Usina Paulista Queluz de Energia S.A., por possibilitar a realização desta monografia. 
- Aos professores do Departamento de Geologia e Paleontologia, por ter me proporcionado 
a chance de realizar o curso de especialização, o qual me ofereceu uma grande fonte de 
conhecimento. 
- Ao professor e orientador Renato Ramos, pelo conhecimento proporcionado e pela ajuda 
e paciência na confecção desta monografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vii 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1: Localização da PCH Queluz, municípios de Queluz e Lavrinhas – SP...................... 15 
Figura 2: Localização da PCH Queluz - Lat. 22°32'50.19"S, Long. 44°47'37.83"W; e da PCH 
Lavrinhas – Lat. 22°34'35.30"S, Long. 44°51'46.13"W............................................................... 
 
16 
Figura 3: Ilustração cronológica dos limites temporais, com base na proposta de Ter-
Stepanian (1988) e Oliveira et. al.(2005)...................................................................................... 
 
19 
Figura 4: Perfil morfo-estrutural interpretado do Rifte do Paraíba do Sul (Gráben de Taubaté) 
e do Rifte Litorâneo (Sub-Gráben de Paraty)............................................................................... 
 
28 
Figura 5: Visão 3D (O para E) da Zona de Acomodação de Queluz (Rifte do Paraíba do Sul).. 29 
Figura 6: Vista a montante da PCH Lavrinhas, com a paisagem de mar de morros.................... 30 
Figura 7: Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul..................................................................... 33 
Figura 8: Silvicultura de Pinnus, na área entre a barragem da PCH Lavrinhas e o lago da PCH 
Queluz.................................................................................................................................. 
 
35 
Figura 9: Vista geral da paisagem local dominante, mar de morros, com pastagens e 
plantação de eucalipto................................................................................................................... 
 
36 
Figura 10: Organograma de impactos ambientais relacionados a contrução da barragem.......... 38 
Figura 11: Solapamento da margem esquerda do reservatório da PCH Queluz.......................... 40 
Figura 12: Sulcamento e erosão laminar de talude artificial, e o início da recuperação com 
gramíneas...................................................................................................................................... 
 
40 
Figura 13: Formação de ravina em talude artificial..................................................................... 41 
Figura 14: Construção da galeria pluvial localizada próxima à área de diques da PCH Queluz. 41 
Figura 15: Construção do dique com uma maior proteção da margem....................................... 42 
Figura 16: Solapamento da margem esquerda do reservatório da PCH Queluz..........................43 
Figura 17: Sulcos e ravinas reflorestadas a jusante da PCH Queluz............................................ 43 
Figura 18: Reativação de algumas ravinas devido a subida do reservatório................................ 44 
Figura 19 a, b, c, d: Depósitos tecnogênicos formados pela escavação do dique (a), 
movimentações de terra na margem do reservatório (b, c). O principal processo erosivo 
vigente nas margens do reservatório de Queluz, os solapamentos (d), também contribuem 
significativamente para o assoreamento do reservatório............................................................... 
 
 
 
45 
Figura 20: Antiga área de bota-fora da ferrovia com solo exposto (a) e voçoroca 
remanescente das obras da ferrovia, em processo de recuperação (b).......................................... 
 
46 
Figura 21: Grande área desmatada com sulcos e ravinas............................................................. 47 
Figura 22: Talude exposto e sedimentos sendo carreados para a galeria..................................... 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 viii 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
A.P. - Antes do Presente 
CPRM - Serviço Geológico do Brasil 
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas 
M.a. - Milhões de anos 
mTa - Massa Tropical Atlântica 
PCH - Pequena Central Hidrelétrica 
PRAD - Programa de Recuperação de Áreas Degradadas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ix 
LISTA DE ANEXOS 
 
 
Anexo 1 – Arranjo Geral 1.............................................................................................................. 52 
Anexo 2 – Arranjo Geral 2.............................................................................................................. 53 
Anexo 3 – Mapa de Processos erosivos identificados na PCH Queluz............................................54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 x 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 13 
1.1 Área de Estudo................................................................................................................... 14 
2. OBJETIVOS............................................................................................................................. 17 
2.1 Objetivo Geral.................................................................................................................... 17 
2.2 Objetivos específicos.......................................................................................................... 17 
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................... 17 
3.1 Depósitos tecnogênicos....................................................................................................... 17 
3.2 Assoreamento de reservatórios......................................................................................... 24 
4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA.......................................................................................... 26 
4.1 Características gerais da PCH Queluz............................................................................. 26 
 4.2 Diagnóstico Ambiental....................................................................................................... 28 
4.2.1 Geologia........................................................................................................................... 28 
4.2.2 Geomorfologia................................................................................................................. 29 
4.2.3 Solos.................................................................................................................................. 30 
4.2.4 Clima................................................................................................................................ 31 
4.2.5 Hidrografia...................................................................................................................... 32 
4.2.6 Histórico de Uso e Ocupação do Médio Vale do Paraíba............................................ 33 
5. MATERIAL E MÉTODO......................................................................................................... 36 
6. RESULTADOS........................................................................................................................ 37 
6.1 Aspectos erosivos antes e durante a implantação da PCH Queluz............................... 37 
6.2 Feições erosivas e depósitos tecnogênicos no entorno dos reservatórios...................... 42 
6.2.1 Pequena Central Hidrelétrica Queluz.................................................................. 42 
6.2.2 Pequena Central Hidrelétrica Lavrinhas............................................................. 46 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................. 47 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 49
 
 
 
 xi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
1. INTRODUÇÃO 
A geração hidroenergética constitui-se numa alternativa tecnológica altamente vantajosa 
e eficaz para o Brasil, devido ao seu considerável potencial hídrico. As centrais hidrelétricas 
são consideradas formas limpas e seguras de geração de energia e de acordo com o Protocolo 
de Quioto não geram gases de efeito estufa, diferentemente das termelétricas movidas a 
combustíveis fósseis (Habtec, 2004). 
Além disso, não envolvem os riscos implicados, por exemplo, como na operação das 
usinas nucleares, que podem gerar vazamento, contaminação de trabalhadores e da população 
com material radioativo, entre outros aspectos, nem os altos custos associados à geração de 
energia solar fotovoltaica ou à geração de energia eólica. Ressalta-se ainda, que a tecnologia 
de geração hidrelétrica é dominada há décadas no Brasil, o que facilita sua utilização em 
relação às tecnologias mais recentes de geração de energia renovável. 
Por outro lado, a construção e a utilização de usinas hidrelétricas podem ter uma série 
de consequências negativas, que abrangem desde alterações nas características climáticas, 
hidrológicas e geomorfológicas locais, até a interferência com espécies que vivem nas áreas 
de inundação e proximidades. As grandes represas inundam vastos ecossistemas e podem 
provocar desequilíbrios ecológicos e sociais. 
Assim, considerando o aumento do consumo, a melhor tecnologia atual é a de se 
explorar o potencial de rios relativamente pequenos para suprir a demanda das áreas vizinhas 
através da construção de hidrelétricas menores. As pequenas centrais hidrelétricas 
representam uma importante alternativa de produção renovável, promovendo a ampliação da 
oferta de energia elétrica no Brasil. Em termos econômicos, destaca-se também que as 
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) ainda apresentam vantagens em relação, por 
exemplo, a usinas termelétricas, nucleares, eólicas e geração solar, por unidade de energia 
gerada. 
Neste contexto, as PCHs tem se destacado como empreendimentos especialmente 
atraentes para a geração de energia hidrelétrica, pois contam com incentivos do poder 
concedente ao investidor, por serem, em geral, empreendimentos com características menos 
impactantes ao meio ambiente e por, geralmente, se localizarem próximas aos centros de 
consumo. 
Apesar de inundarem áreas menores, os impactos negativos das PCHs podem ser 
elevados caso o empreendimento não esteja em conformidade com a legislação ambiental 
14 
 
brasileira vigente. Dentre os impactos negativos do meio físico, estão a supressão de 
vegetação,aceleração dos processos erosivos, como solapamento das margens e 
consequentemente o assoreamento do próprio reservatório, e alteração da dinâmica 
hidrossedimentológica, os quais será dado especial atenção neste trabalho 
A erosão e os movimentos de massa em encostas constituem os principais processos 
geológicos responsáveis pela dinâmica de evolução das encostas e vales, e apesar de serem de 
origem natural, o homem vem se tornando um dos principais agentes de aceleração desses 
processos devido o modo de produção capitalista vigente, no qual o homem tem transformado 
cada vez mais rapidamente e intensamente o meio no qual está inserido, resultando numa 
realidade que é objeto de estudo de vários campos da ciência, inclusive da geologia e da 
geomorfologia. 
É neste contexto que serão abordados os depósitos tecnogênicos, resgatando a história 
da transformação da paisagem através do uso do solo local, relacionando as formações destes 
depósitos com as ações da sociedade responsável pela sua formação. 
O Tecnógeno constitui-se nas transformações do meio físico, levando em consideração 
como agente geológico o homem e seus processos geradores e modificadores das paisagens 
atuais. Este termo se relaciona as transformações do ambiente através da ação técnica, que 
pertence exclusivamente ao ser humano (Oliveira et al., 2005). 
Alguns autores defendem a entrada do Tecnógeno na tabela cronológica do tempo 
geológico, assim, o Holoceno, com início há 11.700 anos A.P., seria a época de transição do 
período Quaternário para o Quinário, e o seu final corresponderia ao início do Tecnógeno, 
visto que é o momento em que as condições ambientais modificadas se tornam 
preponderantes na Terra (Ter-Stepanian, 1988 apud Oliveira et al., 2005). Este período é 
compreendido como o tempo histórico de alteração, sendo esta uma abordagem inovadora 
estudada no Brasil nas últimas duas décadas. 
Assim, o objeto de estudo desta monografia é a alteração ambiental a partir das feições 
erosivas e dos depósitos tecnogênicos induzidos, que estão relacionados com a capacidade do 
ser humano de modificar a paisagem. 
 
 
 
15 
 
1.1 Área de Estudo 
A área de estudo está situada no município de Queluz, no estado de São Paulo, onde 
foi construída nos últimos anos a PCH de Queluz (figura 1). 
 
Figura 1: Localização da PCH Queluz, Municípios de Queluz e Lavrinhas – SP. (Fonte: 
 IBGE, 2005 e Habtec, 2009). 
 
O eixo da barragem de Queluz situa-se sobre a calha do rio Paraíba do Sul, cerca de 32 
km a montante da UHE Funil, e distando aproximadamente 3 km da sede municipal de 
Queluz (Habtec, 2004). 
Este trabalho concentra-se na PCH Queluz, porém a título de comparação, em alguns 
itens, será dada certa atenção a PCH Lavrinhas, visto que esta se localiza a montante da PCH 
Queluz, estando os processos relacionados entre si. 
16 
 
Os empreendimentos encontram-se em processo de operação desde o início de 2011, e 
o desmatamento das áreas ao redor, bem como as feições erosivas, podem ser vistas da 
Rodovia Presidente Dutra (BR -116), eixo Rio-São Paulo (Figura 2). 
 
 
Figura 2: Localização da PCH Queluz - Lat. 22°32'50.19"S, Long. 44°47'37.83"W; e da PCH Lavrinhas – Lat. 
22°34'35.30"S, Long. 44°51'46.13"W. (Fonte: Google Earth, acesso em 13/12/2011). 
 
A intensidade das ações humanas ocasiona mudanças que, em vários casos, podem ser 
comparadas com as transformações que ocorrem numa escala de tempo geológica, porém, 
como ocorrem em curtos espaços de tempo, acabam por se tornar impactantes ao meio 
ambiente. 
 Assim, este trabalho justifica-se pelo fato destas barragens serem um empreendimento 
novo em fase inicial de operação, e devido a sua localização estratégica na margem da 
Rodovia Dutra, e em um dos rios mais importantes da Região Sudeste, o Rio Paraíba do Sul, 
 PCH Lavrinhas 
 
 PCH Lavrinhas 
 
PCH Queluz 
17 
 
que faz com que o estudo das feições erosivas e dos depósitos tecnogênicos seja de grande 
importância para o desenvolvimento das PCHs. 
 
2. OBJETIVOS 
2.1 Objetivo geral 
Objetiva-se neste trabalho estudar os processos erosivos e os depósitos tecnogênicos 
decorrentes das ações antrópicas na área da Pequena Central Hidrelétrica de Queluz, 
localizada no município de Queluz, no estado de São Paulo. 
 
2.2 Objetivos específicos 
Dentre os objetivos específicos estão: 
 Analisar as diversas formas de uso do solo pretéritas e atuais e seus impactos 
ambientais; 
 Identificar as feições erosivas e os depósitos tecnogênicos induzidos no reservatório da 
PCH Queluz; 
 Apontar as relações existentes entre as transformações ambientais e a formação dos 
depósitos tecnogênicos com os acontecimentos sociais, políticos, econômicos e 
culturais da região. 
 
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Para um melhor entendimento das relações homem-ambiente abordadas neste trabalho, é 
necessário identificar e discutir os conceitos propostos que integram essa dinâmica, 
explicitados a seguir. 
 
3.1 Depósitos tecnogênicos 
Primeiramente, é preciso entender a transformação ocorrida ao longo do tempo, na 
forma de se analisar as modificações na Terra, e a obra de Charles Lyell, Principles of 
Geology de 1830, através do Uniformitarismo, introduz essa idéia de modificações lentas no 
planeta. Sua obra foi uma das pioneiras para se romper com as idéias teológicas aceitas para 
interpretar a história da Terra, baseadas nos eventos catastróficos. 
18 
 
Assim, Lyell fundou a moderna geologia histórica, que desde seu início, caracteriza-se 
pelo reconhecimento de uma natureza essencialmente em transformação, na qual os 
problemas geológicos podiam agora, ser resolvidos com base em leis naturais (Eicher, 1969). 
Porém, segundo Peloggia (1998), o grande problema nas idéias de Charles Lyell, estava no 
fato deste autor não admitir a importância dos agentes geológicos e das taxas de mudança, ou 
seja, o Uniformitarismo possuía um aspecto rígido, no qual as proporções e importância dos 
processos atualmente existentes foram sempre os mesmos no passado geológico. 
Além disso, a Geologia não incorporava a ação humana em suas pesquisas, fato que 
atualmente tem sido questionado, devido ao reconhecimento do homem como agente 
geológico. 
Desta forma, devido ao reconhecimento do homem como agente geológico, capaz de 
produzir direta e indiretamente depósitos geológicos através de processos relacionados à 
forma de ocupação de um local, com determinadas características geomorfológicas, 
estabeleceu-se o que alguns estudiosos denominam de Período Quinário, com a presença do 
Tecnógeno (Oliveira et al., 2005). 
De acordo com a escala de tempo geológico organizada pela International 
Commission on Stratigraphy (ICS), o período Quaternário possui duas épocas, o Pleistoceno, 
com cerca de 2.6 milhões de anos (M.a.) e o Holoceno, que inclui os últimos 11.700 anos, 
sendo seu início marcado pelo fim da última glaciação. Apesar de o Holoceno ser um 
intervalo pequeno no ponto de vista geológico, é considerado muito importante por incluir a 
historia da civilização humana, embora esta época ainda não seja marcada 
preponderantemente pelas condições ambientais alteradas devido às ações do homem. 
Segundo Ter-Stepanian (1988) apud Peloggia, (1998), o Holoceno seria uma “época 
de transição” do Quaternário para o Quinário ou Tecnógeno, onde a ação humana influencia 
nas novas coberturas pedológicas e formações geológicas (figura 3). Entretanto, do ponto de 
vista estratigráfico, a passagem do Quaternário para o Quinário não é igual em todo o planeta, 
pois depende do desenvolvimento e difusão das diferentes técnicas, que não ocorreu de 
maneira homogênea, implicando em diferentes formas e intensidades na ação do homem. 
 
 
 
 
19 
 
PERÍODO ÉPOCA PROCESSOS 
QUINÁRIO 
 
 
 
QUATERNÁRIO 
Tecnógeno 
 
Holoceno (11.700 anos) 
 Tecnogênico 
 
 
 
 Naturais 
Pleistoceno (2,6 M.a.)Figura 3: Ilustração cronológica dos limites temporais, com base na proposta de Ter-Stepanian (1988) e Oliveira 
et. al.(2005). (Fonte: Modificado de Oliveira et. al., 2005). 
 
O termo Tecnogênico foi escolhido por se relacionar as transformações do ambiente 
com as ações do ser humano através da técnica, que pertence exclusivamente ao ser humano. 
Assim, o termo antropogênico, proposto por Pavlov em 1912, para substituir o Quaternário, é 
usado de forma imprópria, visto que antropogéno está relacionado à existência do homem na 
Terra, e sua evolução enquanto espécie desde a pré-historia (Neves, 2004 apud Mello, 2006), 
não podendo ser utilizado para designar a ação do homem sobre a superfície do planeta 
através de depósitos sedimentares superficiais induzidos ou produzidos pela técnica humana. 
Ao se colocar a história humana na escala geológica verifica-se o curto tempo de 
existência das atividades humanas sobre a Terra. Entretanto, como mencionado acima, a 
intensidade da interferência do homem no meio se faz de maneira tão significativa, resultando 
em impactos variados, que merece um estudo mais aprofundado, considerando-o como agente 
geológico. Os estudos dos depósitos tecnogênicos vêm ao encontro desta proposta. Através de 
seu estudo resgata-se a história de transformação da paisagem através do uso do solo do local, 
onde o mesmo é encontrado, relacionando-se as formações de depósitos tecnogênicos com as 
ações da sociedade responsável pela sua formação. 
Anterior ao estudo do Tecnógeno, vários estudos foram realizados acerca das 
transformações ocasionadas pelo homem na Terra. Oliveira et al. (2005) cita vários exemplos, 
sendo grande parte realizado no século XIX. Primeiramente este autor cita Marsh (1965 
[1864]), que nos Estados Unidos foi um dos pioneiros no estudo das transformações da 
superfície terrestre, enfatizando que na história da humanidade vários impactos ambientais 
superaram os efeitos esperados. Muitas pesquisas surgiram após os estudos deste autor, o que 
favoreceu o surgimento de outras áreas de estudo, como a Ecologia Humana, a História 
Ecológica, Ecologia Cultural, entre outras. Na Rússia, através de estudos como os de 
Vernadsky (1998 [1926]), desenvolveu-se a discussão sobre os conceitos de biosfera e 
20 
 
noosfera, gerando uma nova “esfera” terrestre, e atribuindo às formas de vida e à humanidade 
o caráter de agentes geológicos (Oliveira et al., 2005). 
Já no século XX, Thomas Jr. (1956) publicou diversos estudos destacando como causa 
dos impactos ambientais, a modernidade, o crescimento da população humana, o elevado 
índice de consumo, a urbanização e a cultura e ideologia ambiental. Outros estudos também 
foram realizados no final do século XX, porém sob outra ótica, através da qual as mudanças 
ambientais seriam resultado das forças principais, formas mitigadoras, que incluem a 
legislação ambiental e os reajustes de mercado, e do comportamento humano, considerando 
fatores como a dinâmica da população, tecnologia e organização social (Oliveira et al., 2005). 
A partir dessas análises, outros campos do conhecimento surgiram como a ecologia política, 
na qual expunha que a economia global afetava diretamente as ações dos indivíduos tanto no 
meio urbano quanto rural. 
Na Rússia, aprofundou-se a idéia do homem enquanto agente geológico com os 
estudos de Sergeev (1980, 1984), Chemekov (1983), Kowalski (1984) e Ter-Stepanian 
(1988), presentes no campo da geologia de engenharia, responsável por desenvolver métodos 
e técnicas de geologia para a orientação nas transformações adequadas do meio ambiente. 
(Oliveira et al., 2005). 
Unindo esses campos analíticos sobre a transformação da superfície terrestre induzida 
pelo homem, buscou-se um conhecimento para uma melhor compreensão dos fenômenos 
ocorridos, estudando não só a história das atividades humanas, como a história das regiões 
onde estas transformações ocorreram, procurando buscar as causas culturais, econômicas e 
sociais, e seus efeitos globais e locais, fazendo parte hoje do estudo do Quaternário. 
Observa-se, assim, que os estudos sobre as transformações ambientais causadas pelo 
homem têm alcançado um espaço cada vez maior, não apenas pela busca do conhecimento 
científico do passado e do presente, como também pelas preocupações com o futuro da 
humanidade. 
No Brasil as primeiras pesquisas que abordaram o homem como agente geológico 
datam da década de 1990, com trabalhos como o de Oliveira (1994), Peloggia (1996), 
Nolasco (1998) e Cunha (2000). 
As ações do homem no meio produzem efeitos significativos onde, segundo Suguio & 
Bigarella (1990) apud Peloggia (1998) “toda vez que o homem interfere na paisagem, surgem 
21 
 
desequilíbrios mais ou menos graves”. Estas ações podem ser analisadas em três níveis de 
abordagem: formas, processos e depósitos superficiais do ambiente geológico. 
O objeto de estudo, na abordagem tecnogênica, são os chamados depósitos 
tecnogênicos, que são testemunhos da ação do homem num determinado ambiente, alterando 
diversos aspetos da natureza local, como o relevo e os materiais presentes no solo. São 
encontrados em grande parte destes testemunhos, artefatos manufaturados que permitem fazer 
relações com o tipo de ocupação humana no local e nas proximidades do depósito, além de 
estarem sujeitas a estratigrafia, devido ao acúmulo de sedimentos posicionados pelo tempo 
(Mello, 2006). 
A formação de depósitos tecnogênicos resulta exclusivamente da ação geológica do 
homem. Oliveira (1994, 2005), ao trabalhar com este conceito, menciona que tanto a erosão 
antrópica desencadeada pelo uso do solo, quanto os depósitos construídos, como os aterros e 
bota-foras, são considerados depósitos tecnogênicos, bem como resíduos industriais e 
minerais. Além disso, alguns autores também consideram depósitos modificados 
indiretamente, como por exemplo, solos contaminados por poluente como depósitos 
tecnogênicos. 
O reconhecimento desses depósitos resulta da observação de determinadas 
características que são particulares destas formações no qual são marcados por sua grande 
diversidade na forma e no processo, e estendem-se por todos os ambientes superficiais, 
operando em um curto espaço de tempo capaz de gerar alterações e registros significativos 
(Watson, 1983 apud Peloggia, 1995). 
Vários autores se preocuparam em realizar classificações acerca dos depósitos 
tecnogênicos, cada qual apontando algumas características como importante para a definição. 
Peloggia (1999) propõe a classificação dos depósitos, considerando principalmente os 
processos geradores e o material constituinte e, de maneira complementar, a localização e 
expressão no relevo. Assim, esse autor divide-os em primeira ordem, que diferencia os 
depósitos construídos, como os aterros e corpos de rejeito, os induzidos, como os resultantes 
de assoreamento e os aluviões modernos, e os modificados, que corresponde aos depósitos 
naturais preexistentes alterados por efluentes, adubos e outros; e em segunda ordem, que são 
os depósitos remobilizados, como os depósitos de fundo de vales formados por 
escorregamentos de aterros, e os retrabalhados, como os aterros ravinados. 
22 
 
Há também a denominação de depósitos tecnogênicos para os chamados “solos 
altamente influenciados pelo homem”, de acordo com Fanning & Fanning (1989) apud 
Peloggia (1998). Essa classificação segue de acordo com o material constituinte do depósito, 
onde: os materiais “úrbicos” (do inglês urbic) são caracterizados por detritos urbanos que 
contem artefatos manufaturados pelo homem, como tijolos, vidro, concreto, asfalto, pregos, 
plástico, metais diversos, pedra britada, cinzas e outros; os materiais “gárbicos” (do inglês 
garbage), que são depósitos de material detrítico com lixo orgânico, contem artefatos em 
quantidades muito menores que a dos materiais úrbicos, e são suficientemente ricos em 
matéria orgânica para geraremmetano em condições anaeróbicas; materiais “espólicos” (do 
inglês spoil), caracterizados por materiais escavados e redepositados por operações de 
terraplanagem em minas a céu aberto, rodovias ou outras obras civis. Também podem ser 
considerados os depósitos de assoreamento induzidos pela erosão acelerada. Estes materiais 
contem muito pouca quantidade de artefatos, sendo assim identificados por peculiaridades 
texturais e estruturais em seu perfil; e por último, os materiais “dradagos”
1
, que são materiais 
terrosos provenientes da dragagem de cursos d’água e comumente depositados em diques em 
cotas topográficas superiores a planície aluvial. 
Peloggia (1998) trabalhou com os depósitos tecnogênicos encontrados no município 
de São Paulo, e propôs o termo cobertura remobilizada para descrever as coberturas 
superficiais tecnogênicas onde há a presença de detritos e artefatos frequentemente 
encontrados em encostas de ocupação precária no município de São Paulo. 
Outro tipo de depósito trabalhado por este autor são os depósitos tecnogênicos 
induzidos que, conforme definido anteriormente, referem-se aos depósitos originados em 
decorrência de processos erosivos, nos quais os sedimentos são transportados de montante à 
jusante. 
Este processo instala-se devido, principalmente, ao tipo de uso do solo no qual os 
processos erosivos são acelerados. Como principal fator responsável, podemos citar o 
processo de expansão urbana e a construção de barragens, que com a intensificação dos 
processos erosivos, tem como consequência o assoreamento de redes hidrográficas, várzeas e 
terrenos baixos. 
 
1 Dradagos - Peloggia, A.U.G. O homem e o ambiente geológico: geologia, sociedade e ocupação urbana no 
município de São Paulo. São Paulo: Xamã, 1998, p. 74. 
 
23 
 
Algumas situações de risco estão relacionadas a esse tipo de depósito, principalmente 
em caso de ocupação humana e de chuvas fortes. Em casos de escorregamentos em depósitos 
de bota-fora, segundo Peloggia (1998), o agente instabilizador nessas áreas está relacionado à 
percolação de água no interior destes depósitos, formando os lençóis suspensos entre as 
camadas de diferentes níveis de permeabilidade. Já nos depósitos de bota-fora de material 
dragado, a principal preocupação é em relação aos riscos envolvidos com os diques de 
contenção desses depósitos. 
Desta forma, todo depósito representa a forma de uso do solo e a relação que uma 
sociedade tem com o ambiente. Tanto no meio rural quanto no urbano podem-se citar 
diversos processos que influenciam na formação dos depósitos tecnogênicos. Práticas 
agrícolas inadequadas em relação à conservação do solo intensificam os processos de erosão, 
que se constitui no principal fator de liberação de sedimentos que se acumulam 
principalmente nos fundos de vales, processo atualmente desencadeado no médio Vale do 
Paraíba. 
Já no ambiente urbano, além da erosão, possui locais onde há a deposição de 
materiais, que se formam tanto pela ação direta do ser humano, como entulho e lixo, quanto 
pela ação indireta, no qual o material é levado e depositado pela ação das chuvas. Assim, 
através da alteração da cobertura vegetal e do manejo do solo, o homem responde pelo 
principal fator da produção de sedimentos de uma bacia, ou seja, responde pela formação de 
depósitos tecnogênicos. 
O estudo sobre depósitos tecnogênicos é, portanto, um campo que apresenta muitas 
possibilidades de análise, pois a ação do homem produz testemunhos com características 
variadas e em ambientes diversificados que podem gerar impactos ambientais, tais como: 
assoreamento em cursos d’água e contaminação dos solos e águas subterrâneas. Além disso, 
dependendo do material constituinte e das características do depósito, como porosidade e 
coesão, a ocupação humana em locais onde há depósitos tecnogênicos pode representar riscos 
para a população com escorregamentos e subsidência do terreno. 
Assim, a crescente necessidade de avaliar os impactos de um empreendimento 
justifica-se pela intensidade com que a ocupação do ambiente pelo homem está sendo 
realizada, principalmente no que diz respeito ao processo de urbanização. As intervenções 
antrópicas têm aumentado cada vez mais, possuindo efeito cumulativo, causando, desta 
forma, danos profundos ao ecossistema e a população. 
24 
 
O reconhecimento do homem como agente geológico através dos depósitos 
tecnogênicos, trás mudanças na forma de se conceber a geologia, onde novos conceitos estão 
surgindo, devido principalmente ao rompimento da visão que separava sociedade e natureza, e 
que, estando agora interligados, ajudam na compreensão da dinâmica da Terra. 
 
3.2 Assoreamento de reservatórios 
Todos os reservatórios artificiais são susceptíveis ao processo de assoreamento, sendo 
responsáveis por gerar problemas com graves consequências hidráulicas e econômicas, 
levando muitos estudiosos a se preocuparem com os impactos do acúmulo de sedimentos. 
A construção de uma barragem cria uma barreira ao curso d’água, fazendo com que a 
velocidade do fluxo diminua e assim, o material em suspensão que era carreado, tende a se 
depositar, resultando no assoreamento do rio. 
Os sedimentos podem se acumular no compartimento do volume útil do reservatório, 
diminuindo assim a vida útil do mesmo. Esse acúmulo de sedimento pode alterar a vazão e a 
capacidade de produção de energia elétrica, o desgaste das turbinas por abrasão física causada 
pela areia, bem como custos elevados em procedimentos de dragagem próximo as tomadas 
d’água, acarretando, desta forma, em perdas financeiras para o empreendedor (Maia, 2006). 
O acúmulo de sedimentos tem consequências tanto a montante quanto a jusante da 
barragem. A montante produz-se o aumento do efeito de remanso, com elevação dos níveis de 
enchentes, devido ao depósito de sedimentos grossos na entrada do reservatório. A jusante, o 
problema se concentra na erosão das margens e dos leitos do canal de escoamento, devido ao 
desequilíbrio provocado pela retirada da carga natural de sedimentos que escoam (Maia, 
2006). 
Assim, o monitoramento dos processos erosivos no local do empreendimento é de suma 
importância para a previsão das taxas de assoreamento do reservatório, devido à necessidade 
de determinação do tempo a partir do qual o assoreamento irá interferir na vida útil do 
mesmo. 
A deposição de sedimento no reservatório tem como origem principal a erosão 
superficial da bacia hidrográfica, a qual é influenciada por diversos fatores que interagem 
entre si, como por exemplo, o clima da região, o tipo de solo, a declividade do terreno e o uso 
do solo (Lepsh, 2002). 
25 
 
Os fatores do clima que favorecem o desencadeamento dos processos erosivos são a 
distribuição, a quantidade e a intensidade das chuvas. Na questão dos solos, alguns tipos são 
mais susceptíveis à erosão do que outros, de acordo com as características físicas e químicas, 
como textura, granulometria, permeabilidade, profundidade, teor de matéria orgânica e o pH. 
Outro fator importante é a declividade ou o grau de inclinação do terreno, que influencia 
na velocidade do escoamento superficial durante os eventos de chuva intensos, que são 
responsáveis por remover as partículas do solo (Lepsh, 2002). 
O último fator refere-se ao uso do solo, onde a porcentagem de cobertura vegetal indica 
a maior ou a menor suscetibilidade à erosão. Solos recobertos pela vegetação possuem maior 
resistência à erosão devido a infiltração da água no solo. 
Assim, os depósitos tecnogênicos formam-se no meio rural e urbano através do 
manejo do solo, sendo o processo de erosão apontado como um dos principais fatores 
responsáveis pela formação destes depósitos, principalmente pelo consequente acúmulo de 
sedimentos transportados para os fundos de vale. 
No caso do estudo sobre depósitos tecnogênicos e assoreamento em reservatóriosrealizado por Oliveira (1994), verifica-se que no Planalto Ocidental Paulista a presença de 
vales com fundos chatos pode indicar a presença de depósitos tecnogênicos que cobrem 
antigas várzeas, sendo que há a possibilidade de correlação destes depósitos a fontes de 
sedimentos, como as feições erosivas a montante das formações. Destaca-se, assim: 
“Como fontes muito produtivas de sedimentos, áreas submetidas 
a movimentos de terraplanagem que expõem, em cortes, aterros e bota-
foras, materiais terrosos completamente desprotegidos e altamente 
vulneráveis à ação da erosão pluvial, como é o caso de loteamentos, de 
áreas preparadas para a implantação de conjuntos habitacionais, de 
jazidas de materiais para obras de terra, de minerações, de estradas, etc. 
Quando tais obras envolvem a rede de drenagem como, por exemplo, 
aterros de estradas, na travessia de cursos d’água, ou ensecadeiras de 
barragens, a produção de sedimentos corresponde ao próprio 
lançamento de solo dentro dos corpos d’água.” (Oliveira, 1994) 
No entanto, atualmente o problema de assoreamento de reservatórios é tratado, na 
maioria das vezes, com ações corretivas, não sendo vislumbradas as ações preventivas que 
poderiam minimizar os impactos negativos desse processo. 
26 
 
 
4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 
Este capítulo apresenta uma breve descrição das características técnicas gerais da PCH 
de Queluz, bem como as características físicas do Médio Vale do Paraíba e seu histórico de 
uso e ocupação. 
4.1 Características gerais da PCH Queluz 
A PCH Queluz situa-se no rio Paraíba do Sul e está localizada integralmente no estado 
de São Paulo, sendo o acesso feito pela Rodovia Presidente Dutra (BR-116). O responsável 
pelo empreendimento é a empresa Usina Paulista Queluz de Energia S.A e o processo de 
licenciamento até a operação da PCH durou em torno de 8 anos e foi comandada pela empresa 
Habtec Engenharia Sanitária e Ambiental Ltda. 
A PCH Queluz se distingue por ser uma usina de baixa queda munida com duas 
turbinas tipo Kaplan, com potência instalada de 30 MW. O reservatório, bem encaixado, cujo 
espelho d’água é de 1,26 km
2
; possui profundidade média de 7,0 m e profundidade máxima 
de 17,70 m. 
Devido aos seus aspectos físicos, os reservatórios podem ser classificados como de 
“águas rasas” (shallow water). O limite a montante da PCH Queluz é definido pela barragem 
da PCH Lavrinhas, do mesmo construtor e também já em fase de operação. As PCHs Queluz 
e Lavrinhas foram projetadas para operar a fio d’água, sem deplecionamento de seu nível 
d’água, que será mantido constante na cota 484,50 m (ver anexo 1 – Arranjo geral 1). 
Uma PCH a fio d’água é construída quando as vazões de estiagem do rio são iguais ou 
maiores que a descarga necessária ao dimensionamento da potência a ser instalada para 
atender à demanda máxima prevista. Nesse caso, despreza-se o volume do reservatório criado 
pela barragem. O sistema de adução geralmente deve ser projetado para conduzir a descarga 
necessária para fornecer a potência que atenda à demanda máxima, assim o aproveitamento 
energético local é parcial e o vertedouro funciona na quase totalidade do tempo, extravasando 
o excesso de água. 
A barragem, com cerca de 550 m de comprimento, possui crista coroando na elevação 
485,50 m. Seu eixo se desenvolve a partir da margem esquerda, na direção sudeste, até o 
ponto onde foram construídas as estruturas (conjunto vertedouro / tomada d’água / casa de 
força). Neste ponto, o barramento toma a direção norte-sul, até alcançar a margem direita. 
Esta configuração foi estabelecida de modo que o rio Entupido pudesse ser desviado para 
27 
 
desaguar a jusante da barragem (ver anexo 2 – Arranjo geral 2). A barragem é considerada 
relativamente baixa, pois tem a função apenas de desviar a água para o circuito de adução. 
Na maior parte da extensão da PCH, ou seja, ao longo de 420 m, a barragem é de 
concreto. Outras estruturas de concreto como o vertedouro e o conjunto tomada d’água /casa 
de força, possuem uma extensão de aproximadamente 33 m e estão situadas na margem 
direita do rio Paraíba do Sul (Habtec, 2004). 
Outro aspecto importante a ser destacado nos empreendimentos, é a construção de um 
dique de proteção, visando promover a mínima interferência do reservatório com a infra-
estrutura ferroviária instalada na margem direita do rio Paraíba do Sul. Estas galerias que tem 
como objetivo captar as águas pluviais escoadas pela encosta situada na margem direita do 
reservatório. O curso desta água é dirigido para jusante da barragem através de um túnel, 
escavado em rocha, com 460 m de extensão. 
Destaca-se que a opção pela alternativa de construção do dique visou evitar a 
necessidade de relocação da referida linha férrea naquele trecho, o que traria conseqüências 
indesejáveis para o transporte de cargas no eixo Rio-São Paulo. 
Além disso, conforme a legislação ambiental foi construída uma escada de peixe 
projetada com o objetivo de minimizar a interferência do barramento com a ictiofauna do rio 
Paraíba do Sul. A escada de peixe na barragem também é objeto de avaliações mais 
específicas, como a verificação da possível interferência do fluxo das vazões de engolimento 
das turbinas na dispersão de peixes pelo reservatório. 
Para suprir a demanda de material para a construção, foram definidas algumas áreas de 
empréstimo, como os afloramentos rochosos no leito e nas margens do rio Paraíba do Sul, 
além da pedreira atualmente desativada localizada a montante do PCH Queluz distante cerca 
de 5 km. Esta pedreira foi explorada na época da construção da ferrovia, apresentando ainda 
grande volume de rocha para fornecimento de material pétreo. 
No entanto, quanto aos depósitos de areia que ocorrem na área, estes não apresentam 
volumes expressivos para suprirem as necessidades do empreendimento. Assim, foram 
encontrados na região de Cruzeiro, volumes expressivos de aluvião relativos à bacia 
sedimentar de Taubaté, onde foram levantados locais com possibilidade de se instalar areais. 
Quanto à exploração de saibro, tiveram alguns locais de exploração para aterro 
próximo à via Dutra, estes locais forneceram quantidade suficiente para as necessidades do 
empreendimento. 
28 
 
4.2 Diagnóstico Ambiental 
 
4.2.1 Geologia 
No que diz respeito à geologia local, segundo Riccomini (1989), a área das PCHs 
situa-se no contexto do Rift Continental do Sudeste do Brasil, feição tectônica anteriormente 
denominada de Sistema de Rifts da Serra do Mar (Almeida, 1976). É uma área formada por 
rochas ígneas e metamórficas de idade pré-cambriana e cambro-ordoviciana e por sedimentos 
de idades paleógenas a quaternárias, que integram a região dos grandes falhamentos de 
direção NE, originados desde idades proterozóicas (entre 2.500 M.a. e 600 M.a., 
aproximadamente). 
Este vale corresponde a um grande gráben de direção ENE-WSW, entre a Serra do 
Mar e a Serra da Mantiqueira, formado no Paleógeno durante uma fase tectônica distensiva 
relacionada a movimentos isostáticos provocados pelo acúmulo de sedimentos na bacia de 
Santos. A área de estudo situa-se no denominado alto estrutural de Queluz (Melo et al., 1983) 
ou zona de acomodação de Queluz (Zalán & Oliveira, 2005), que separa as bacias de Taubaté 
e de Resende (figuras 4 e 5). 
 
Figura 4: Perfil morfo-estrutural interpretado do Rifte do Paraíba do Sul (Gráben de Taubaté) e do Rifte 
Litorâneo (Sub-Gráben de Paraty). (Fonte: Zalán & Oliveira, 2005). 
 
29 
 
 
Figura 5: Visão 3D (O para E) da Zona de Acomodação de Queluz (Rifte do Paraíba do Sul). (Fonte: Zalán & 
Oliveira, 2005). 
 
Na região de implantação do empreendimento, afloram rochas do embasamento pré-
cambriano, compostas geralmente por milonitos-gnaisses, blastomilonitos, milonitos, gnaisses 
bandados, gnaisses graníticos, xistos quartzitos, anfibolitos, granitos, pegmatitos, aplitos e 
migmatitos (Riccomini, 1989). As unidades basaisarqueanas compostas pelos migmatitos do 
Complexo Juiz de Fora e pelos gnaisses do Complexo Mantiqueira possuem pouca 
representatividade nessa área. 
Observa-se o predomínio das rochas cristalinas proterozóicas do Complexo Embu 
composto por migmatitos heterogêneos de estruturas variadas e homogêneas (IPT, 1981). Na 
porção sudeste da área, localizada no Estado do Rio de Janeiro, de acordo com os trabalhos 
realizados pelo CPRM (2000), o Complexo Embu é representado por xistos e gnaisses, 
localmente grafitoso, com bolsões e veios de leucogranitos e intercalações de anfibolito, 
calciossilicática e gondito. 
 
4.2.2 Geomorfologia 
A PCH Queluz situa-se nos domínios da unidade geomorfológica denominada de 
Médio Vale do Rio Paraíba do Sul, que corresponde a um gráben, caracterizando-se por ser 
 PCH Queluz 
 
 PCH Queluz 
 
PCH Lavrinhas 
30 
 
uma área deprimida e alongada. O relevo do Vale do Paraíba é dominado por uma morfologia 
de morros e colinas onduladas, côncavo-convexas, esculpidas sobre rochas do embasamento 
cristalino, denominada de mamemolar por Ab’Saber (1958) e reconhecida na literatura por 
“mar-de-morros”, sendo considerada uma paisagem típica dos trópicos úmidos (figura 6). 
 
 
Figura 6: Vista a montante da PCH Lavrinhas, com a paisagem de mar de morros. (Fonte: 
Habtec, 2007). 
 
Além disso, a PCH Queluz está localizada sobre a Faixa de Dobramentos 
Remobilizados do Sudeste Brasileiro, caracterizada pela presença de grandes falhas e 
deslocamentos de blocos, com nítido controle estrutural sobre a morfologia atual (Habtec, 
2007). Este controle estrutural pode ser evidenciado pela observação das extensas linhas de 
falha, escarpas de grandes dimensões e relevos alinhados. 
Em linhas gerais, os afloramentos observáveis ao longo da Rodovia Presidente Dutra 
exibem registros de fases distintas de sedimentação fluvial, que ocorreram no Neógeno e de 
sedimentação de encosta (movimentos de massa, solifluxão, etc), durante o Quaternário 
(Mello, 2002). 
 
4.2.3 Solos 
Quanto aos solos, os dominantes no Vale do Paraíba são os Latossolos e, 
secundariamente, os Cambissolos nos compatimentos de morros sob declives mais 
acentuados, bem como os Gleissolos nos compatimentos dos fundos dos vales e em zonas 
deprimidas do terreno. A região do reservatório de Queluz está margeada por colinas 
31 
 
convexas, onde desenvolveram os Latossolos Vermelho- Amarelos. Próximo à calha do rio 
Paraíba do Sul estão disseminados conjuntos sedimentares que variam entre afloramentos 
rochosos, solos residuais e coluvionares. 
De acordo com os estudos realizados pela Habtec (2004), os morros, no entorno da 
PCH Queluz, atingem cotas de até 590 m (115 m acima do nível do rio). Além disso, observa-
se pouca espessura de solos, com valores máximos de cerca de 2 m nas cotas mais baixas, 
com tendência a aumentar para as cotas mais altas, onde podem ser observados ravinamentos 
profundos, na margem direita, nas ombreiras e na área do reservatório. 
 
4.2.4 Clima 
 O comportamento climático verificado na região do médio vale do Paraíba é reflexo 
da dinâmica da circulação atmosférica regional associada à direção geral do relevo NE-SW. A 
localização desta região na borda oriental do continente Sul-americano e o seu 
posicionamento nos trópicos fazem com que permaneça, na maior parte do ano sob o domínio 
da Massa Tropical Atlântica (mTa), proporcionando elevadas temperaturas e umidade, com 
chuvas bem distribuídas durante o ano, e favorecendo a penetração das correntes perturbadas 
do Sul (Nimer, 1979). 
Os meses de verão apresentam maior facilidade de penetração das massas de ar 
provenientes do Sul devido à atração exercida pela baixa pressão que, associada à elevada 
umidade relacionada à ação da mTa, promovem a ocorrência de fortes chuvas frontais. Já nos 
meses de inverno observa-se uma redução generalizada dos índices pluviométricos, 
caracterizando o típico regime de clima tropical. 
Deste modo, a precipitação apresentada no verão reflete a dinâmica das frentes polares 
sobre a região, a qual constitui um dos principais fatores condicionantes da variabilidade das 
precipitações no médio vale do rio Paraíba do Sul. 
De acordo com os estudos realizados pela Habtec (2007), a região do médio vale do 
Paraíba, apresenta temperatura média anual em torno de 20ºC, variando com máximas de 
35ºC no verão e mínimas de 5ºC no inverno. 
 Com relação à pluviosidade, há duas estações marcantes: uma seca, nos meses entre 
abril e setembro, que caracterizam o inverno; e uma chuvosa, no verão, entre os meses de 
outubro a março, caracterizando o regime de clima tropical e como tipo climático Aw de 
32 
 
Köppen. Além disso, a pluviosidade média anual está em torno de 1.500mm, nas regiões mais 
rebaixadas. 
Ainda segundo a Habtec (2007), de acordo com os anos amostrados no período entre 
1963 a 1988, os totais de pluviosidade nos meses da estação seca são bastante inferiores aos 
da estação chuvosa, correspondendo em média a 21% dos totais anuais. 
A variação pluviométrica mensal dos 26 anos analisados também demonstra que os 
meses de dezembro, janeiro e fevereiro apresentam, dentro da estação chuvosa, as maiores 
médias mensais, enquanto que junho, julho e agosto, apresentam as menores médias mensais, 
dentro da estação seca. 
 
4.2.5 Hidrografia 
Quanto à bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul (figura 7), este tem sua origem no 
estado de São Paulo, na Serra da Bocaina e termina em seu delta no estado do Rio de Janeiro. 
A 1800 metros de altitude, no Planalto da Bocaina, nasce o rio Paraitinga, que quando entra 
em confluência com o rio Paraibuna, forma o rio Paraíba do Sul, sendo este trecho 
denominado de Alto Vale do Paraíba do Sul, que apresenta regime torrencial devido a sua alta 
declividade. 
 O Médio Vale Superior apresenta um traçado sinuoso com 300 km de extensão e 
compreende toda a área drenada pelo Paraíba do Sul, ainda no estado de São Paulo, entre 
Guararema e Cachoeira Paulista, e a rápida descida do planalto é caracterizada por inúmeras 
corredeiras, depois da confluência. Destaca-se a presença de vários meandros mortos, 
refletindo o trabalho fluvial sobre os terrenos sedimentares de origem terciária. O Médio Vale 
Inferior possui altitude média de 400 metros (Amador, 1975) e comprimento de 430 km, 
partindo do município de Cachoeira Paulista até São Fidélis, passando por Queluz, área de 
estudo deste trabalho. 
O Baixo Vale se desenvolve de São Fidélis até a foz, atravessando a região 
denominada planície dos Goytacazes, que abrange toda a planície litorânea desde a orla da 
lagoa Feia até a divisa dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Neste trecho há pouca 
declividade e vários sistemas lênticos (Ab'saber & Bernardes, 1958). 
O curso do rio Paraíba do Sul, desde seu delta até a Bacia de Resende, caracteriza-se 
por ser um vale de forma retilínea, paralelo à direção NE-SW. A partir de Resende, o vale 
33 
 
toma uma configuração distinta com o vale mais alargado e alguns trechos meandrantes. Essa 
forma mais alargada segue até as bacias de Taubaté e Tremembé, já no médio vale do rio 
Paraíba (Mello, 2002). 
 
 
Figura 7: Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul. (Fonte: http://www.comiteps.sp.gov.br/a_bacia.html). 
 
4.2.6 Histórico de Uso e Ocupação do Médio Vale do Paraíba 
A bacia do rio Paraíba do Sul abrange uma das mais desenvolvidas áreas industriais do 
país e reflete, hoje, o processo histórico de ocupação da região Sudeste, caracterizado pela 
descontinuidade dos ciclos econômicos, pelos desníveis socioeconômicos regionais e pela 
degradação ambiental. 
A degradação ambiental da região esta relacionada principalmente, ao lançamento de 
efluentes domésticos e industriais sem tratamento adequado, a presença de lixões, ao 
34 
 
desmatamento e erosão do solo, ao uso indevido e não controlado de agrotóxicos, entre 
outros. 
O processo de ocupaçãohumana no médio vale do rio Paraíba do Sul foi condicionado 
principalmente pelo meio físico e possui íntima relação com o ciclo do café. 
Antes do advento do café na região, existiam apenas algumas vilas e povoados que 
interligavam as cidades mineiras produtoras de ouro ao Rio de Janeiro. Com a decadência do 
ciclo do ouro, a partir do final do século XVIII, essas vilas desenvolveram-se 
extraordinariamente na produção de café que atingiu o auge por volta de 1850, tornando-se o 
eixo da economia brasileira (Dantas, 1996). 
Em pouco tempo, houve o empobrecimento do solo da região devido à exploração 
intensiva e desordenada da terra, tendo um significativo decréscimo no final do século XIX, 
com sérias consequências para a economia regional. Uma das grandes causas para o 
empobrecimento do solo foram as técnicas de cultivo, que com o alinhamento vertical dos 
cafezais contribuiu para o carreamento de sedimentos em direção ao fundo dos vales, 
inclusive dos solos férteis, herança da Mata Atlântica (Dantas, 1993). 
O ciclo do café destruiu a maior parte da Mata Atlântica do Médio Vale do rio Paraíba 
do Sul, em um curto espaço de tempo, sendo preservadas apenas as áreas mais altas. Este 
fator aliado ao fim do tráfico negreiro, principal mão-de-obra, levou a economia cafeeira da 
região à decadência, levando diversas fazendas a falência. 
Além dos problemas geomorfológicos, após alguns anos a dinâmica do clima da 
região também começou a se alterar, com invernos secos durando de 8 a 9 meses e com 
apenas 3 ou 4 meses de verões chuvosos. Soma-se a isso o aumento dos eventos críticos, 
como as chuvas extremas capazes de desencadear diversos processos erosivos, agravando o 
cenário da região. 
Assim, segundo Dantas (1996), em um período de 30 a 40 anos, o café mudou 
irreversivelmente um regime hidrológico típico de uma floresta tropical pluvial para o de uma 
savana. 
Após o fim da economia cafeeira, houve a posterior ocupação destas áreas por 
pastoreio extensivo (de corte e de leite), com o plantio da baquiária como forrageira para 
alimentar esse gado, por antigos mineiros em busca dos baixos preços das terras, visto que os 
solos tornaram-se impraticáveis para a agricultura. 
35 
 
Desta forma, tanto o café quanto a pecuária, foram os principais fatores responsáveis 
pelo estado de degradação em que se encontram os solos hoje no vale do Paraíba, marcado 
principalmente, pela erosão nas vertentes e entulhamento dos fundos dos vales. 
Já no século XX, a transformação do espaço ocorreu de forma diversificada, onde a 
atuação humana passou a abranger outras atividades como a retilinização de rios para o 
aproveitamento agrícola e para expansão das cidades; a contínua extração de areia nas 
margens de rios, e nos últimos anos, a construção de barragens, caracterizando o uso atual 
com uma diversidade entre as atividades rural, urbano e industrial, além das matas 
preservadas e das Unidades de Conservação. 
Além disso, nos últimos 20 anos, a região do Médio Vale do Paraíba tem se 
caracterizado, em alguns lugares, pelas florestas plantadas de eucaliptos e pinus (figura 8). Tal 
cultura contribui para a degradação dos solos da região, devido a sua capacidade de impedir 
que outras plantas se instalem e se desenvolvam a sua volta, além da exigência acentuada de 
água, secando, ao longo do tempo o ambiente a sua volta. 
 
 
Figura 8: Silvicultura de Pinnus, na área entre a barragem da PCH Lavrinhas e o lago da PCH Queluz. (Fonte: 
Habtec, 2007) 
 
Atualmente, na área do entorno da PCH Queluz verifica-se a ocupação por plantação 
de eucalipto, por pastagens, onde destaca-se a criação de gado, e algumas matas preservadas 
(figura 9). 
 
36 
 
 
Figura 9: Vista geral da paisagem local dominante, mar de morros, com pastagens e plantação de eucalipto. 
(Fonte: Habtec, 2007). 
 
Ao mesmo tempo, o setor secundário é bastante expressivo nos municípios próximos, 
apresentando um parque industrial diversificado, partindo desde as indústrias metalúrgicas, 
seguidas das alimentícias e de celulose, até as de mineração de quartzo. 
 
5. MATERIAL E MÉTODO 
A metodologia deste trabalho consistiu primeiramente no levantamento bibliográfico 
para dar embasamento à discussão teórica no que tange a origem dos depósitos tecnogênicos; 
na análise das imagens do Google Earth para a observação dos usos do solo; e na utilização 
de mapas e dos estudos realizados para implementação da PCH Queluz, como o Relatório 
Ambiental Preliminar e o Plano de Gestão Ambiental, além dos relatórios do Programa de 
Monitoramento de Processos Erosivos, do Programa de Monitoramento do Lençol Freático e 
Áreas Instáveis e do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, realizados pela Habtec 
Engenharia Sanitária e Ambiental Ltda., e disponibilizado pela Usina Paulista Queluz de 
Energia S.A. 
Essa primeira etapa serviu como embasamento para analisar as formas de uso do solo 
passadas e atuais com seus respectivos impactos ambientais, além de relacionar as 
transformações ambientais e a formação dos depósitos tecnogênicos com os acontecimentos 
sociais e econômicos da região. 
37 
 
Após essa etapa inicial, foi realizado um trabalho de campo na PCH Queluz e na PCH 
Lavrinhas, no dia 1 de fevereiro de 2012, onde foi percorrido o trajeto das PCHs de carro, 
utilizando-se um GPS e uma máquina fotográfica a fim de coletar evidências dos processos 
erosivos identificados na área, assim como sua localização através de coordenadas UTM. 
Desta forma, as observações de campo tiveram como finalidade a realização do 
reconhecimento da área de estudo, analisando os processos naturais e antrópicos que atuaram 
e atuam na paisagem, analisando os depósitos tecnogênicos induzidos antes e após a 
construção das barragens. 
Vale ressaltar que a ênfase neste trabalho será dirigida a PCH de Queluz, visto que as 
informações necessárias foram colhidas através dos relatórios e do trabalho de campo, 
enquanto que a PCH de Lavrinhas ficará restrita as informações obtidas no trabalho de 
campo, o que impossibilita uma maior discussão sobre o caso desta barragem, servindo 
apenas para comparação do atual estágio dos depósitos tecnogênicos induzidos entre as duas 
hidrelétricas. 
Na etapa final, foi produzido um mapa no intuito de identificar e espacializar as áreas 
que sofrem com os processos erosivos e com assoreamento, indicando com isso as áreas 
atingidas por ravinas, solapamento das margens e pontos de assoreamento da PCH Queluz. 
 
6. RESULTADOS 
Este capítulo apresenta, primeiramente, o histórico dos processos erosivos 
monitorados pela Habtec Engenharia Sanitária e Ambiental Ltda. durante a implementação do 
Plano de Gestão Ambiental (PGA) no período entre setembro de 2009 e junho de 2010, e 
dividido em cinco relatórios distintos realizados por mim e uma equipe técnica de meio físico. 
A segunda parte deste capítulo apresenta os resultados obtidos durante o trabalho de 
campo, realizado no dia 1 de fevereiro de 2012, separando qualitativamente as feições 
erosivas e os depósitos tecnogênicos associados, em cada um dos reservatórios. Ao final, foi 
gerado um mapa com os processos erosivos e depósitos tecnogênicos induzidos em toda área 
da PCH Queluz (Anexo 3). 
 
6.1 Aspectos erosivos antes e durante a implantação da PCH Queluz 
38 
 
Os processos erosivos foram caracterizados pelas condições ambientais do local e 
pelas intervenções das obras que influenciam o sistema natural de drenagem; e buscaram 
determinar e classificar, de acordo com o grau de suscetibilidade, as áreas mais susceptíveis a 
erosão e aos movimentos de massa, tanto na área de execução das obras (canteiro de obras, 
vias de acesso, caminhos de serviço, dentre outras), quanto na área de entorno do reservatório 
(Habtec, 2010). 
A figura 10 apresenta um organograma onde é demonstrado como a construção de 
uma barragem influencia na dinâmica hidrológica do rio, gerandoimpactos ambientais e 
culminando com o assoreamento do rio Paraíba do Sul. 
 
 
Figura 10: Organograma de impactos ambientais relacionados a construção da barragem. 
 
No decorrer do monitoramento, foram coletadas amostras superficiais e sub-
superficiais na área de entorno do reservatório, para uma melhor caracterização dos solos da 
região, e após a determinação e classificação dos processos erosivos, foram propostas 
medidas a serem tomadas para mitigar a atuação desses processos, juntamente com o 
Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). 
As obras de mitigação dos processos erosivos foram iniciadas a partir do terceiro 
relatório e após o período de chuvas intensas. Dentre elas estão as práticas conservacionistas, 
que fazem parte da tecnologia moderna e permitem controlar a erosão reduzindo-a, ainda que 
39 
 
não eliminem completamente. Segundo Lepsh (2002) essas práticas podem ser classificadas 
como de caráter edáfico, mecânico e vegetativo. 
 Os diferentes tipos de medidas foram propostas durante a execução do programa de 
acordo com as características de cada feição. Nesse sentido, para monitorar as voçorocas, 
foram propostas a colocação de estacas no solo, afastadas uma das outras cerca de 20 m, com 
afastamento de pelo menos 10 m das bordas da voçoroca. A cada período relacionado às 
chuvas, dever-se-ia retornar ao local para realizar novas medições. 
 Já nas áreas de instabilidade dos taludes foi proposta a conformação, onde seria 
recuperado o solo através da utilização de maquinário para corrigir topograficamente o relevo, 
diminuindo as declividades mais acentuadas, associadas à construção de canais e patamares 
em curvas de nível que servem para interceptar o fluxo superficial e facilitar a infiltração. 
Além disso, também foi proposta a construção de sistemas de drenagens dos taludes, com 
degraus de dissipação, no intuito de reduzir o fluxo para dentro do mesmo, estabilizando o 
material mais friável. 
Associada a conformação de taludes, esta as técnicas de bioengenharia, como a 
biomanta, que consiste na aplicação de telas biodegradáveis que permitem o restabelecimento 
da vegetação, proteção dos solos e fornece matéria orgânica e nutriente através de sua 
decomposição, sendo tais nutrientes incorporados ao solo. 
Em locais onde os taludes serão recuperados após as obras, foi proposta a adoção de 
medidas temporárias para a manutenção das áreas, como a proteção através da técnica do 
mulching que é a cobertura do solo por geotêxteis (geomembranas). 
 Na área do canteiro de obras e da estrada que foi construída paralelamente ao Rio 
Paraíba do Sul e a ferrovia, deveriam ser construídas obras de arte (bueiros, canais ou galerias 
pluviais), que contribuíssem para o escoamento superficial. Juntamente, foi proposto o 
terraceamento, que constituem barreiras ao fluxo de enxurradas, a fim de reduzir os riscos de 
erosão hídrica, protegendo a represa. 
Outras medidas propostas foram a recomposição da cobertura vegetal e recuperação 
paisagística, visto que favorece o aporte de matéria orgânica para o solo diminuindo o fluxo 
concentrado em eventos de chuva extrema. Esse processo de recuperação paisagística está 
associado aos critérios de correção de acidez e da fertilidade do solo, descompactação do solo 
e terraceamento. 
40 
 
 Dentre as feições erosivas destacadas nos relatórios de acompanhamento, está o 
solapamento das margens, erosão laminar, ravinas, voçorocas e solo exposto, divididas entre a 
área de execução das obras e a área do entorno do reservatório (figuras 11, 12 e 13). 
 
 Figura 11: Solapamento da margem esquerda do reservatório da PCH Queluz. 
 
 
 
Figura 12: Sulcamento e erosão laminar de talude artificial, e o início da recuperação com gramíneas. (Fonte: 
Habtec, 2008). 
 
 
41 
 
 
Figura 13: Formação de ravina em talude artificial. (Fonte: Habtec, 2010). 
 
 Pode ser observado ao longo da implementação da PCH Queluz, um aumento do 
número de feições erosivas devido à ação das chuvas sobre áreas cuja cobertura vegetal e o 
solo foram removidos durante a execução da obra. Já no período final da obra, houve a 
diminuição do numero de feições erosivas, devido às obras de contenção e a construção do 
dique (figuras 14 e 15). 
 
 
Figura 14: Construção da galeria pluvial localizada próxima à área de diques da PCH Queluz. (Fonte: Habtec, 
2008). 
42 
 
 
Figura 15: Construção do dique com uma maior proteção da margem. (Fonte: Habtec, 2010). 
 
6.2 Feições erosivas e depósitos tecnogênicos no entorno dos reservatórios 
6.2.1 PCH Queluz 
 Durante a realização do trabalho de campo foram observadas feições erosivas e alguns 
depósitos tecnogênicos associados, intimamente ligados ao uso e ocupação do solo no entorno 
da PCH Queluz (Anexo 3). 
A intervenção física da obra é a principal responsável pelos processos erosivos ao longo 
da PCH Queluz. Dentre elas podemos citar a compactação do solo pelo maquinário, que 
dificulta a infiltração da água favorecendo a erosão laminar; a retirada da cobertura superficial 
do solo (horizonte O, horizonte A e horizonte B), que em épocas chuvosas favorece o 
aparecimento de feições erosivas, como sulcos e ravinas, e mais avançadas como voçorocas; e 
através de alguns cortes de talude, que deixam o solo desnudo e expõe o saprólito (horizonte 
C), caracterizado por ser uma rocha decomposta e alterada pelo intemperismo químico, 
constituindo assim um material altamente friável e suscetível à ação das intempéries. 
Todas essas intervenções associadas à retirada da vegetação contribuem para o colapso 
dos morros e barrancos devido ao aumento do escoamento superficial, principalmente em 
épocas chuvosas. 
Além das atividades da obra terem iniciado alguns processos erosivos, também foram 
responsáveis por acelerar outros já existentes, encadeadas pelo histórico de uso do solo na 
região, desde a exploração do café, pastagens e eucalipto até as obras da ferrovia. 
43 
 
Dentre as feições erosivas observadas, destaca-se principalmente o solapamento das 
margens, que contribui de forma imediata para o assoreamento do rio, diminuindo assim a 
vida útil do reservatório (figura 16). 
 
Figura 16: Solapamento da margem esquerda do reservatório da PCH Queluz. 
 
Há ainda na antiga área de bota-fora, que durante a implantação do programa 
caracterizava-se por possuir ravinas e voçorocas e hoje está sendo reflorestada, apresentando 
apenas alguns sulcos e ravinas (figura 17). 
 
 
Figura 17: Sulcos e ravinas reflorestadas a jusante da PCH Queluz. 
 
44 
 
Além disso, com a formação do reservatório, houve a reativação de algumas ravinas 
nas margens do rio Paraíba do Sul, que já estavam estabilizadas com vegetação no meio, 
levando essas margens ao solapamento (figura 18). 
 
Figura 18: Reativação de algumas ravinas devido a subida do reservatório. 
 
Foram registrados ao redor do reservatório de Queluz, alguns depósitos tecnogênicos 
formados durante e após a implantação do empreendimento. Na figura 19 observa-se depósito 
tecnogênico desenvolvido no reservatório decorrente da construção do dique lateral que 
isolou a linha ferroviária. 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 19 a, b, c, d: Depósitos tecnogênicos formados pela escavação do dique (a), movimentações de terra na 
margem do reservatório (b, c). O principal processo erosivo vigente nas margens do reservatório de Queluz, os 
solapamentos (d), também contribuem significativamente para o assoreamento do reservatório. 
 
Alguns passivos ambientais já se encontravam antes da implementação da PCH 
Queluz, devido à construção da ferrovia que se encontra ao lado direito do rio Paraíba do Sul. 
Dentre eles está uma antiga área de bota-fora da ferrovia, com solo exposto, que carregava o 
material direto para o rio. Foi realizada uma barreira de contenção para evitar este 
carreamento durante asobras da PCH, mesmo assim, em eventos de chuva forte, os 
sedimentos ainda são carreados, só que em menor quantidade para a galeria, e 
consequentemente para o rio (figura 20). 
 
(a) (b) 
(c) (d) 
46 
 
 
Figura 20: Antiga área de bota-fora da ferrovia com solo exposto (a) e voçoroca remanescente das obras da 
ferrovia, em processo de recuperação (b). 
 
6.2.2 Pequena Central Hidrelétrica Lavrinhas 
Na PCH Lavrinhas o problema se concentra nas galerias e nas grandes áreas íngremes 
desmatadas, com sulcos e ravinas, e algumas voçorocas em estágio inicial (figura 21). Essas 
áreas desmatadas, em épocas de chuva, carregam o sedimento para as galerias, quatro no total, 
que vão parar no rio, contribuindo assim para o assoreamento da barragem (figura 22). Caso 
essas feições não sejam recuperadas, a médio e longo prazo podem se desenvolver para 
grandes voçorocas e se tornar um problema, visto que o acúmulo de sedimentos no fundo do 
rio e do reservatório diminui a vida útil da barragem. 
 
(a) 
(b) 
47 
 
 
Figura 21: Grande área desmatada com sulcos e ravinas. 
 
 
 Figura 22: Talude exposto e sedimentos sendo carreados para a galeria. 
 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Portanto, na abordagem do Tecnógeno, o homem pode ser considerado um agente 
geológico-geomorfológico devido à capacidade de produção de testemunhos, 
comparada à ação dos agentes naturais no tempo geológico. Entretanto, devido ao seu 
tempo curto de ação, as transformações na paisagem causam consequências negativas 
ao ambiente. 
 As pesquisas nesta área unem, portanto, não só os conhecimentos dos aspectos físicos 
do local estudado, mas também as informações sobre a sociedade que ocupa e utiliza 
um determinado espaço ao longo do tempo. Estas transformações, devido ao histórico 
48 
 
de uso e ocupação na região do médio Vale do Paraíba levam a degradação do solo e 
ao aparecimento de feições erosivas que culminam com a formação dos depósitos 
tecnogênicos no rio Paraíba do Sul. 
 Dentre as duas PCHs, o maior problema se concentra na PCH Queluz, visto que foram 
identificados muitos solapamentos nas margens, que são de difícil acesso, logo de 
difícil recuperação. Já na PCH Lavrinhas, o problema se concentra nas grandes áreas 
íngremes com sulcos e ravinas, que apesar da maior facilidade em recuperá-las, estão 
sujeitos ao desbarrancamento, obliterando as galerias e assoreando o rio. 
 Foram observados no reservatório de Queluz diversos depósitos tecnogênicos 
induzidos pela ação humana, alguns visíveis nas margens e no centro do reservatório 
de Queluz, outros ocultos sob as águas do reservatório. 
 As feições erosivas, tanto na PCH Queluz quanto na PCH Lavrinhas, já estão e devem 
continuar a ser recuperadas, através principalmente do restabelecimento da vegetação 
nas encostas e nas margens do rio Paraíba do Sul, de forma a não prejudicar a vida útil 
do reservatório, trazendo prejuízos econômicos para as empresas responsáveis. 
49 
 
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