Buscar

2009-dis-jaxsouza

Prévia do material em texto

A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
1
 
 
 
 
id199265 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
2
JOSÉ ARILSON XAVIER DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESIGNIFICAÇÃO RELIGIOSA DO TURISMO REGIONAL: UM ESTUDO 
GEOGRÁFICO-CULTURAL DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA DA SERRA GRANDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) como 
requisito para a obtenção do grau de Mestre. 
 
Orientador: Prof. Dr. Christian Dennys Monteiro de Oliveira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA-CE 
2009 
 
 
 
 
FORTALEZA-CE 
2009 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
S715r Souza, José Arilson Xavier de 
 A resignificação religiosa do turismo regional : um estudo 
geográfico-cultural do Santuário de Fátima da Serra Grande / José 
Arilson Xavier de Souza, 2009. 
 164 f. ; il. color. enc. 
 
 Orientador: Prof. Dr. Christian Dennys Monteiro de Oliveira 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de 
Ciências. Depto. de Geografia, Fortaleza, 2009. 
 
 1. Religião. 2. Turismo. 3. Santuário. 4. Região. 5. Geografia. 
I. Oliveira, Christian Dennys Monteiro de (orient.). II. Universidade 
Federal do Ceará � Pós-Graduação em Geografia. IV. Título. 
 
 CDD 910 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
4
JOSÉ ARILSON XAVIER DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESIGNIFICAÇÃO RELIGIOSA DO TURISMO REGIONAL: UM ESTUDO 
GEOGRÁFICO-CULTURAL DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA DA SERRA GRANDE 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade 
Federal do Ceará (UFC) como requisito para a obtenção do grau de Mestre. 
 
 
Aprovada em 28 de Julho de 2009. Nota: 10 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
______________________________________________ 
Prof. Dr. Christian Dennys Monteiro de Oliveira 
Universidade Federal do Ceará � UFC 
Departamento de Geografia 
(Orientador) 
 
 
 
______________________________________________ 
Profª. Drª. Zeny Rosendahl 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro � UERJ 
Departamento de Geografia 
 
 
 
______________________________________________ 
Prof. Dr. Ireleno Porto Benevides 
Universidade Federal do Ceará � UFC 
Departamento de Teoria e Economia 
 
 
______________________________________________ 
Prof. Dr. Eustógio Wanderley Correia Dantas 
Universidade Federal do Ceará � UFC 
Departamento de Geografia 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
5
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À Maria Alice, minha mãe, à Maria Valdenice, 
minha irmã, e a José Maria, meu pai, pelo 
incondicional apoio e carinho. 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
6
AGRADECIMENTOS 
 
A realização do trabalho científico se mostra de forma mais acentuada por meio 
de um esforço individual, através de reservados momentos de isolamento, mas também 
nos coloca diante de pessoas e instituições sem os quais se tornaria praticamente 
impossível o alcance dos objetivos pretendidos. Assim, agradecê-los nesta ocasião passa 
a ser uma questão de caráter. 
Deste modo, agradeço inicialmente a orientação do Professor Christian Dennys 
Monteiro de Oliveira, por ter acreditado na efetivação deste projeto e pela competência 
científica e simplicidade com que conduziu as nossas relações universitárias e 
amigáveis. As suas palavras sempre me incentivaram a buscar algo a mais. Fica ainda 
registrada a minha admiração e apreço a este ser humano. 
Aos demais professores da Universidade Federal do Ceará que bem contribuíram 
para a minha formação enquanto mestrando: José Borzachiello da Silva, Leví Furtado 
Sampaio e Eustógio Wanderley Correia Dantas. A este último em especial pelo bom 
atendimento que me concedeu, estimulando sempre o enfrentamento aos desafios postos 
pela vida acadêmica. Pelo apoio empregado, este agradecimento se estende ainda para 
os professores Jeovah Meireles, Elisa Zanella, Clélia Lustosa e Marta Celina. 
Aos professores que não são da �casa� (UFC), mas que colaboraram de alguma 
forma com a pesquisa, com destaque considerável à portuguesa Professora Maria da 
Graça Mouga Poças Santos, do Instituto Politécnico de Leiria (Portugal), com quem 
mantive contatos principalmente via internet, mas também pessoalmente durante evento 
afim; à Professora Zeny Rosendahl, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que 
se mostrou sempre solícita quando precisamos de suas compreensões; e à Professora 
Maria de Lourdes de Araújo, da Universidade Regional do Cariri, integrante da Banca 
de Qualificação desta pesquisa, que bem contribuiu através de suas importantes 
intervenções. 
 Outro reconhecimento especial direciona-se ao amigo e Professor Lenilton 
Francisco de Assis, que através de suas exigências e conversas durante a minha 
graduação, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), fez-me acreditar que eu 
era capaz, estimulando para que continuássemos pelos caminhos da academia. Nesta 
época, até �um hoje simples� resumo de Iniciação Científica já me causava muitas 
inquietações. A sua paciência foi algo imprescindível! Da UVA sou grato também às 
professoras Martha Júnior, Neide Santana e Sandra Fonteneles pela torcida e incentivos. 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
7
 À minha família agradeço pelo apoio e estímulo, em especial aos meus pais, 
Maria Alice e José Maria, à minha irmã Maria Valdenice, meu cunhado José Osmarino 
e a meus sobrinhos Daniel, Izidório e Gelson. Registro exclusiva gratidão e meus 
sentimentos ainda à Reneida Monteiro da Silva, companheira de muitos anos, pelos 
momentos de contribuição e compreensão. 
 Aos amigos do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará, tanto da 
graduação, onde tive a oportunidade de me relacionar muito bem, como do Mestrado, 
com destacada menção a Márcio Luis, com quem pude compartilhar bons momentos de 
convivência, João Correia e Suéllem Araújo. Guardarei para sempre os momentos de 
risadas e colaborações mútuas que vivi com vocês. Estendo ainda estes agradecimentos 
aos amigos Fábio e Maclécio. 
 Aos companheiros(as) do LEGE (Laboratório de Estudos Geoeducacionais), 
Leandro, Rafael, Girlene, Ivna, Tiago,Aragão, Carla e Luana, pelo acolhimento e bons 
momentos de convivência. Ao Lizandro agradeço pela ajuda atribuída na confecção dos 
mapas utilizados. 
 Aos amigos que sempre torceram pelo meu sucesso profissional, Cleiton 
Martins, Sidiney Wilker, Francisco Xavier, Renato Monteiro, Samuel Pinheiro e Juliane 
Passos. A estes dois últimos também pela contribuição cedida em algum momento desta 
pesquisa. Ao pintor e colega Robervaldo, pela confecção da tela que serve como capa 
do trabalho. 
 À Diocese de Tianguá, no nome do Bispo Dom Javier, e ao corpo 
administrativo do Santuário de Fátima da Serra Grande, com menção notória a Padre 
Antônio Martins Irineu, João Carlos, Edvar e Bruna, dentre outros, os quais sempre se 
mostraram solícitos na colaboração para com este estudo. 
 À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), 
pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho de pesquisa científica, no que tange à 
concessão de bolsa de estudos, tão importante ao desenrolar das atividades requeridas. 
 Agradeço ainda aos demais inquiridos, pelas respostas concedidas: agentes 
turísticos, visitantes do Santuário, moradores da cidade de São Benedito e aos jovens 
alunos da rede regional de ensino. Às coordenações das escolas averiguadas, pelo 
espaço cedido. 
 E por fim, fica assinalada a nossa gratidão a todos que contribuíram e/ou 
incentivaram a concretização deste estudo, que, por motivos de esquecimento, não 
tiveram os seus nomes mencionados aqui. 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
8
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descobrir o espaço, pensar o espaço, sonhar o espaço, criar o 
espaço... Uma pedagogia nova para um espaço vivido deve 
tomar em conta estas quatro exigências. 
 
Armand Frémont, (1980, p.262). 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
9
RESUMO 
 
Analisar de modo geográfico as atividades Religião e Turismo em suas relações sócio-
espaciais é a maior intencionalidade desta pesquisa. Principalmente na tentativa de 
entender como a primeira pode significar novos valores à segunda é que tomamos como 
área para as nossas investigações a Região da Ibiapaba, situada na porção Norte do 
Estado do Ceará. Para tanto, tal direcionamento analítico é levado a cabo tendo como 
referência cabal as ações desenvolvidas pelo Santuário de Fátima da Serra Grande, 
localizado na cidade de São Benedito. A metodologia adotada no trabalho, por vez, 
segue predominantemente os desdobramentos do método fenomenológico, 
compreendendo a utilização de técnicas de pesquisa essencialmente qualitativas, porém, 
associando o uso de instrumentos quantitativos. Efetuou-se, assim, um compromissado 
levantamento e revisão bibliográfica, observação de campo, entrevista com 
representante eclesial e aplicação de questionários com visitantes da cidade de São 
Benedito, moradores locais e com alunos da rede regional de ensino. Com efeito, 
fazendo-se em parte como um estudo perceptivo, embasado nas leituras de uma 
renovada Geografia Cultural, o trabalho ora resumido analisa as representações 
imaginárias desses atores e agentes envolvidos com a realidade estudada. Portanto, o 
conhecimento destas representações, somado com as observações alcançadas, fazem 
com que ao final afirmemos que o Santuário em tela, diante de seus desígnios 
expansionistas em termos atrativos, proporciona à Região da Ibiapaba outra 
configuração territorial, incidente sobre o seu imaginário e quadro turístico, onde 
possivelmente se acarretará um grau maior de visitação e exploração. Em suma, 
acredita-se que o Santuário vem proporcionando uma espécie de resignificação religiosa 
do Turismo regional. Assim, defendemos que este equipamento seja visto pelo seu 
potencial turístico. 
 
Palavras-Chave: Religião; Turismo; Santuário; Região; Geografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
10
ABSTRACT 
 
The major aim of this research is to analyze in a geographical way the activities of 
religion and tourism in their socio spatial relations. Trying to understand the first 
activity that means new values, we took the second as the area for investigating the 
region of Ibiapaba, situated in the North part of Ceará State. To do this, an analytical 
direction was taken, having as complete reference the actions developed by Fátima 
Sanctuary of Serra Grande, located in the city of São Benedito. The methodology used 
in this work, follows mainly the development of the phenomenological method 
comprising the use of techniques of research essentially qualitative, however associating 
the use of quantitative appliances. It was made a reliable survey, bibliographical review, 
field observation, interview with ecclesiastic representative and the application of 
questionnaires to visitors of São Benedito city, to the neighborhood and students of the 
teaching regional network. So, doing this work as a perceptive study, based in the 
readings of a renewed cultural geography, this work now summarized analyses the 
imaginary performances of these actors and agents involved with the reality studied. 
Therefore, the knowledge of these performances summed up with the reached 
observations, make us say that the Sanctuary in front of its expansive and attractive 
purposes, provides to the Region of Ibiapaba another territorial configuration , incident 
on its imaginary and touristic sights where possibly will have a more extent of 
exploration and visitation. In short, it is believed that the Sanctuary is providing a kind 
of religious meaning of regional tourism. Thus, this baggage needs to be seen because 
of its touristic potential. 
 
Keywords: Religion; Tourism; Sanctuary; Region; Geography. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 01: Esboço reduzido da investigação 
Figura 02: Área representativa de estudo 
Figura 03: Antecedentes, gênese e evolução da Geografia da Religião (esquema-síntese) 
Figura 04: Mediações motivacionais para o exercício do Turismo Religioso 
Figura 05: Mapa das macrorregiões turísticas do Estado do Ceará 
Figura 06: Vista parcial do Planalto da Ibiapaba 
Figura 07: Mapa do Ceará � destaque a Região da Ibiapaba 
Figura 08: CE 085 � ligação entre Jijoca e Granja 
Figura 09: Santuário de Fátima da Serra Grande 
Figura 10: Sede da Diocese de Tianguá 
Figura 11: Mapa da área territorial da Diocese de Tianguá - em destaque São Benedito 
Figura 12: Dom Javier 
Figura 13: Igreja de Nossa Senhora do Livramento de Parazinho 
Figura 14: Padre Antônio em ato eucarístico 
Figura 15: Interações Centrípetas e Centrífugas do Santuário 
Figura 16: Terreno do Santuário 
Figura 17: Benção do terreno 
Figura 18: Projeto do Santuário 
Figura 19: Vista aérea do Santuário (Projeto) 
Figura 20: Santuário durante as festas de Maria � maio 2008 
Figura 21: Santuário durante as festas de Maria � maio 2009 
Figura 22: Religioso em penitência 
Figura 23: Sala de ex-votos 
Figura 24: Imagem de Nossa Senhora de Fátima 
Figura 25: Devoto Thomas Bezerra da Silva 
Figura 26: Mapa da cidade de São Benedito 
Figura 27: Praça central da cidade de São Benedito 
Figura 28: Mapa dos principais Santuários do Estado do Ceará 
Figura 29: Cartaz do Santuário em comércio local 
Figura 30: Mapa dos principaispontos turísticos da Região da Ibiapaba 
Figura 31: Mapa de localização da cidade de São Benedito, com distâncias e vias de 
acesso para algumas cidades dos Estados do Ceará e do Piauí � destaque ao S.F.S.G 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
12
 
Figura 32: Capa de panfleto de orações do Santuário 
Figura 33: Modelo hipotético do processo de resignificação pela imaginação 
Figura 34: Fachada da escola MAC 
Figura 35: Fachada do CPACO 
Figura 36: Fachada da escola Monsenhor Melo 
Figura 37: Fachada da escola Monsenhor Aguiar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
13
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS 
 
Tabela 01: Características físico-geográficas dos municípios da Região da Ibiapaba 
Tabela 02: Principais atrativos turísticos da Região da Ibiapaba 
Tabela 03: Quadro de paróquias que compõem a Diocese de Tianguá 
Tabela 04: Áreas Missionárias que compõem a Diocese de Tianguá 
Tabela 05: Regiões Pastorais da Diocese de Tianguá 
Tabela 06: Quadro do número de alunos inquiridos por cidade e caráter da escola 
Gráfico 01: Local de origem dos visitantes 
Gráfico 02: Modo da viagem 
Gráfico 03: Meio de hospedagem utilizado 
Gráfico 04: Principal motivo da viagem 
Gráfico 05: Enquadramento espacial do Santuário � Visitante 
Gráfico 06: Valências associadas ao Santuário � Morador local 
Gráfico 07: Enquadramento espacial do Santuário � Morador local 
Gráfico 08: Importância do estudo da Religião nas aulas de Geografia � escola pública 
de São Benedito 
Gráfico 09: Importância do estudo do Turismo nas aulas de Geografia � escola pública 
de São Benedito 
Gráfico 10: Enquadramento espacial do Santuário � escola pública de São Benedito 
Gráfico 11: Importância do estudo da Religião nas aulas de Geografia � escola privada 
de São Benedito 
Gráfico 12: Importância do estudo do Turismo nas aulas de Geografia � escola privada 
de São Benedito 
Gráfico 13: Enquadramento espacial do Santuário � escola privada de São Benedito 
Gráfico 14: Importância do estudo da Religião nas aulas de Geografia � escola de 
Ibiapina 
Gráfico 15: Enquadramento espacial do Santuário � escola de Ibiapina 
Gráfico 16: Importância do estudo da Religião nas aulas de Geografia � escola de 
Tianguá 
Gráfico 17: Enquadramento espacial do Santuário � escola de Tianguá 
 
 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
APL � Arranjo Produtivo Local 
BNB � Banco do Nordeste do Brasil 
BNDES � Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
BID � Banco Interamericano de Desenvolvimento 
CAPES � Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior 
CNBB � Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 
CONDER � Conselho de Desenvolvimento Regional da Ibiapaba 
CPACO � Colégio Professora Alice do Carmo 
EMCETUR � Empresa Cearense de Turismo 
ENTBL � Encontro Nacional de Turismo com Base Local 
FCT � Fórum de Cultura e Turismo 
FUI � Festival União da Ibiapaba 
GETI � Grupo de Empresários de Turismo da Ibiapaba 
IBAMA � Instituto Brasileiro de Meio Ambiente 
IBGE � Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IPECE � Instituto de Pesquisa e de Estratégia Econômica do Ceará 
IPHAN � Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
LEGE � Laboratório de Estudos Geoeducacionais 
MAC � Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ministro Antônio Coelho 
MAPP � Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas 
NEPEC � Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura 
NUPPER � Núcleo Paranaense de Pesquisa em Religião 
OMT � Organização Mundial de Turismo 
PDIR � Plano de Desenvolvimento Interregional do Vale do Coreaú-Ibiapaba 
PNT � Programa Nacional de Turismo 
PRODETUR-NE � Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste 
PRODETUR-CE � Programa de Desenvolvimento do Turismo no Ceará 
PRODETURIS � Programa de Desenvolvimento do Turismo no Litoral do Ceará 
RITUR � Rede de Turismo da Ibiapaba 
RSG � Resignificação 
SETUR-CE � Secretaria de Turismo do Estado do Ceará 
S.F.S.G � Santuário de Fátima da Serra Grande 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
15
UERJ � Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
UFC � Universidade Federal do Ceará 
UFPR � Universidade Federal do Paraná 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
16
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO.............................................................................................................17 
 
Fundamentos teórico-metodológicos e procedimentos da pesquisa...............................19 
 
 
CAPITULO I � A ABORDAGEM GEOGRÁFICA DA RELIGIÃO E DO 
TURISMO......................................................................................................................26 
1.1. A Religião enquanto tema cultural de interesse geográfico....................................27 
1.1.1. A importância da renovação e difusão da Geografia Cultural...............................29 
1.1.2. Sobre a disciplina Geografia da Religião..............................................................34 
1.1.3. O interesse da Geografia pela Religião.................................................................36 
1.2. O Turismo e o exame geográfico.............................................................................39 
1.3. Sobre o Turismo e a Visitação religiosa...................................................................45 
1.4. Igreja Católica: ação cultural, espacial e também turística......................................51 
 
CAPITULO II � O TURISMO REGIONAL: A IBIAPABA EM FOCO................55 
2.1. A Região sob o olhar da Geografia..........................................................................56 
2.2. Planejamento do Turismo regional: a experiência do Estado cearense....................61 
2.3. Caracterização geográfica da Região da Ibiapaba....................................................67 
2.4. O Turismo na Ibiapaba.............................................................................................70 
 
 
CAPITULO III � SANTUÁRIO DE FÁTIMA DA SERRA GRANDE: 
DIMENSÕES GEOGRÁFICA, RELIGIOSA E TURÍSTICA DE ANÁLISE........76 
3.1. O Santuário de Fátima da Serra Grande no contexto da Diocese de Tianguá: uma 
explicação mitológica para a constituição territorial.......................................................77 
3.2. Santuário de Fátima da Serra Grande: um �geossímbolo� cosmogônico.................87 
3.3. São Benedito, cidade ibiapabana sede do Santuário.................................................95 
3.4. O Santuário e o Turismo [Religioso]: possibilidades regionais.............................100 
 
CAPITULO IV � REPRESENTAÇÕES IMAGINÁRIAS ACERCA DO 
SANTUÁRIO E DO TURISMO REGIONAL..........................................................108 
4.1. O processo de resignificação pelo discurso geográfico da imaginação.................109 
4.2. Polivocalidade de atores e agentes envolvidos com a realidade em estudo...........111 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
17
4.2.1)Análise das percepções de um representante eclesial responsável pelo 
Santuário.....................................................................................................................113 
4.2.2) Análise das percepções dos visitantes do Santuário.........................................116 
4.2.3) Análise das percepções dos moradores da cidade de São Benedito.................121 
4.2.4) Contextualizando a presença de alunos da Região no âmbito da pesquisa......125 
4.2.4.1) Análise das percepções dos alunos da Escola Ministro Antônio Coelho � São 
Benedito......................................................................................................................127 
4.2.4.2) Análise das percepções dos alunos do Colégio Professora Alice do Carmo 
Oliveira � São Benedito..............................................................................................129 
4.2.4.3) Análise das percepções dos alunos da Escola Monsenhor Melo � 
Ibiapina.......................................................................................................................132 
4.2.4.4) Análise das percepções dos alunos da Escola Monsenhor Aguiar � 
Tianguá.......................................................................................................................135 
4.2.5) Pontuando interpretativamente determinadas representações.............................138 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: REFLETINDO SOBRE A RESIGNIFICAÇÃO 
RELIGIOSA DO TURISMO IBIAPABANO...........................................................141 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................147 
 
APÊNDICE 1: Roteiro de entrevista com representante eclesial responsável pelo 
Santuário........................................................................................................................156 
APÊNDICE 2: Questionário de opinião do visitante do Santuário..............................157 
APÊNDICE 3: Questionário de opinião do morador da cidade de São Benedito....... 159 
APÊNDICE 4: Questionário de opinião dos alunos da Região da Ibiapaba................161 
 
ANEXO 1: Decreto de lei canônica da criação do Santuário de Fátima da Serra 
Grande...........................................................................................................................163 
ANEXO 2: Música em referência ao Santuário de Fátima da Serra Grande................164 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
18
INTRODUÇÃO 
 
O espaço se revela como o maior direcionamento das atenções analíticas que o 
geógrafo tem empregado em seus embates e desvendamentos teórico-empíricos em toda 
a história da ciência geográfica, ao ponto de ser de maneira especializada nomeado de 
espaço geográfico. Mesmo sendo objeto de interesse de outras ciências, o espaço, 
quando mencionado, faz lembrar a Geografia. Seguindo o ritmo das transformações que 
a sociedade mundial foi impregnando, e assim continua fazendo, em seu meio de 
vivência, os geógrafos estão sendo continuamente chamados a contribuir com o foro 
social pela análise espacial que sabem realizar. 
 Analisar o espaço geográfico não se trata de uma tarefa simples, tendo em vista 
que este acolhe diversas atividades humanas e, não mais entendido unicamente de 
maneira cartesiana, está sujeito a diversas representações imaginárias do homem. Deste 
modo, no amplo campo das significações espaciais, a Religião vem se mostrando como 
um fenômeno de interesse também do geógrafo, afinal, muito dos aspectos religiosos, 
das mais variadas religiões, dependem diretamente de uma base geográfica para fixação. 
Recortes espaciais são alegados e afirmados por suas constituições sagradas. 
Afirmamos, por isso mesmo, que a Religião tem uma dimensão espacial que precisa ser 
investigada. 
 O Turismo, outra atividade humana difusora de (re)definições territoriais em 
lugares e regiões, também faz parte do temário empírico e teórico dos estudos 
geográficos. Notadamente, as atividades turísticas têm merecido da Geografia uma 
atenção maior se comparadas à Religião. As formas de crenças através de seus 
rebatimentos espaciais, por sua vez, vêm crescendo enquanto temática de interesse dos 
profissionais que �fazem Geografia�. A evolução teórica do conhecimento geográfico 
tem concorrido em muito para esta ampliação analítica dos fenômenos. 
 Já quando nos colocamos a analisar um fenômeno que mescla fatores religiosos 
e turísticos, o Turismo Religioso no caso, a quantidade de estudos geográficos afins é 
ainda menor. Por caráter, esta especificidade de visitação se destaca, geograficamente 
falando, por encontrar na religiosidade dos lugares e das pessoas o seu princípio de 
origem, multiplicando paisagens, dinamizando territórios, distribuindo formas e gerando 
fluxos. 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
19
 Em termos concretos, acompanhando esta comenta inicial de direcionamentos, a 
pesquisa que se segue está intencionada no ensejo de trabalhar com abordagens teóricas 
que dêem conta de analisar as incidências espaciais de duas práticas sociais: Religião e 
Turismo (ora em separado, ora em conjunto). Deste feito, visamos contribuir para o 
conhecimento do fenômeno geográfico abrangente em nossas análises, bem como para 
melhor visualizar, comparativamente, a formação de realidades semelhantes com a aqui 
estudada. Assim, pela complexidade posta, torna-se necessária a adoção de um critério 
de embasamento teórico plural, e não restritamente (puramente) geográfico, embora seja 
este o dominante, buscando em outras áreas do conhecimento um desenho mais apurado 
para as nossas explicações científicas de geógrafo. 
 Santos (2006), ao realizar um minucioso estudo geográfico referente ao 
Santuário de Fátima em Portugal, assentado sobre o tripé Espiritualidade, Turismo e 
Território, desenvolveu um importante aporte voltado aos estudos da Geografia da 
Religião, mas também à Geografia do Turismo, que, assim, nos instigou para melhor 
pensarmos o trabalho agora escrito. No intuito de fazermos render as pesquisas neste 
campo da Geografia, procuramos investigar como pode ocorrer o processo de 
�resignificação� religiosa do Turismo regional, tomando como estudo de caso a Região 
da Ibiapaba, situada no Noroeste do Estado do Ceará, ponderando-a a partir da 
organização religiosa do Santuário de Fátima da Serra Grande, localizado na cidade de 
São Benedito. 
 Conforme proposta apresentada, as marcas impressas pela Religião Católica 
através do Santuário de Fátima da Serra Grande, será, quanto possível, uma das 
preocupações interpretativas deste trabalho científico. Outra inquietação manifesta 
reside na tentativa de captar as eventuais tendências que este �equipamento religioso� 
pode incidir no desenvolvimento futuro do Turismo na Região. Neste sentido, as 
análises das percepções dispensadas por atores e agentes envolvidos enquanto �sujeitos 
projetados� com a realidade estudada terão grande importância. 
 Partindo desses pressupostos, idealizamos a pesquisa em quatro capítulos 
articulados. No primeiro capítulo, por meio de uma revisão bibliográfica consistente, 
objetivamos demonstrar como a Geografia tem desenvolvido considerações teóricas a 
respeito dos fenômenos Religião e Turismo e, mais especificamente, sobre o Turismo 
Religioso. As ações culturais, espaciais e turísticas promovidas pela Igreja Católica 
também são ventiladas neste capítulo inicial. No segundo, procuramos apresentar a 
Região da Ibiapaba pelos seus debates e potencialidades turísticas, frente ao contexto do 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza_________________________________________________________________________________ 
 
20
planejamento regional/estadual das atividades correspondentes. Já o terceiro capítulo se 
inscreve na tentativa de apresentar, explicar a formação mitológico-territorial e avaliar o 
caráter religioso e de potencialidades turísticas (atrativas) do Santuário de Fátima da 
Serra Grande, intercalando considerações entre a escala local (São Benedito) e regional 
(Ibiapaba). A análise das ações exercidas pela Diocese responsável pelo Santuário se faz 
presente pelo fato de que expressam uma leitura explicativa para a criação e sustentação 
de tal forma geossímbolica (o Santuário). E, por fim, o quarto capítulo é, em grande 
parte, resultado de análises da coleta de dados e informações diretas. Efetuada a 
aplicação de entrevista e questionários, privilegiaram-se as seguintes amostragens: 
representantes eclesiais, visitantes do Santuário, moradores da cidade de São Benedito e 
jovens da rede regional de ensino. Nessa seção do texto, as percepções dos inquiridos 
são trabalhadas mediante as principais freqüências alcançadas, tendo o intuito de 
absorver o imaginário regional concernente a temáticas ligadas ao fenômeno estudado, o 
que nos forneceu subsídios para afirmar a existência de uma resignificação em sentido 
amplo, inclusive espacial. 
 No entanto, obedecendo aos preceitos de uma pesquisa científica, estabelecemos 
algumas escolhas teóricas e metodológicas preferenciais. 
 
Fundamentos teórico-metodológicos e procedimentos da pesquisa 
 
 No desígnio de oferecer uma abrangência dos caminhos teóricos e 
metodológicos utilizados na pesquisa perante os fenômenos e a área estudada, abrimos 
esta seção para realizar esclarecimentos sobre os procedimentos empregados. 
 Assim, de modo geral, exporemos alguns tópicos visando iluminar e delimitar as 
opções científicas aplicadas. 
 
Campo de estudo 
 
Demarcamos logo de início que esta pesquisa possui um caráter eminentemente 
geográfico e que por isso segue preceitos direcionados por esta ciência. No entanto, 
aposta em uma vertente de caráter interdisciplinar, em contato com outras áreas do 
conhecimento; entendendo que assim o conhecimento geográfico se torna mais 
inteligível (HISSA, 2002). 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
21
 Adiantamos que o acesso mais direto à temática da Religião não faz desta 
pesquisa um estudo teológico. Embora tal campo possa ser visto como uma contribuição 
à compreensão da ação eclesial no espaço geográfico averiguado. Quando nos referimos 
à Religião, estamos nos restringindo ao entendimento específico de investigação sobre a 
Religião Católica. 
Com efeito, acreditamos que, pelo menos em parte, este texto esteja em 
consonância com o eixo indicativo correspondente às �leituras sobre a transformação 
territorial do espaço religioso�, apontado por Oliveira (2005), e com a linha de estudos 
�religião, território e territorialidade�, proposta por Rosendahl (1996). Assim, por tratar 
de simbolismo religioso, a Geografia da Religião é vista com bastante influência neste 
estudo. 
No bojo de discutir o Turismo como uma atividade incidente sobre a �geografia� 
dos lugares, justamente pela interatividade espacial e fácil adaptação que desenvolve 
junto aos mais variados espaços temáticos, neste tratamento, fazemos uso de 
considerações alinhadas pelo campo de estudo conhecido por Geografia do Turismo. 
 A grande área de abrangência da ciência geográfica, chamada Geografia 
Humana, que percebe as relações sociais como produtora cultural do espaço geográfico, 
permite que enquadremos esta pesquisa no campo da Geografia Cultural. Entendemos 
que as práticas religiosas e turísticas possuem uma natureza cultural incidente sobre o 
�espaço do geógrafo�, ou seja, aquele que o geógrafo analisa. 
Examinar os fenômenos espaciais por uma ótica cultural tem se tornado 
preocupação de um número crescente de geógrafos, possibilitando vários mecanismos 
de análise. A imaginação geográfica das pessoas, que, grosso modo, pode ser entendida 
como a imaginação geográfica dos lugares estudados, é um caminho apontado. Com 
isto, ao darmos voz aos atores e agentes que partilham da realidade em estudo, 
trabalhamos com a idéia de averiguar as percepções significativas destes no sentido de 
compreender o imaginário regional pelo seu novo molde após a instalação do Santuário 
em tela. 
Como um dos conceitos mais caros à Geografia em toda a sua história, Região 
será aquele mais abordado na pesquisa, principalmente quando nos reportarmos à 
Região turística da Ibiapaba. Isso não quer dizer, porém, que, para fazermos uma análise 
geográfica o mais completa possível, não iremos recorrer a outros conceitos 
geográficos, tão caros ao entendimento da Região. 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
22
A composição do título da pesquisa: �A Resignificação Religiosa do Turismo 
Regional: Um Estudo Geográfico-cultural do Santuário de Fátima da Serra Grande�, 
no entanto, pode ser capaz de evidenciar os principais eixos temáticos empregados 
(Figura 1), aportando no Santuário o foco principal. 
 
Figura 1: Esboço reduzido da investigação 
 
 Fonte: Elaboração própria, a partir de Santos (2006). 
 
Resultado de reflexões acerca dos temas propostos, esta pesquisa teve sua 
origem numa viagem, podemos dizer turística, realizada à Região da Ibiapaba em 2006, 
na qual pudemos visitar o Santuário de Fátima da Serra Grande ainda no seu estágio 
inicial de construção. Daí diferentes situações convergiram a favor do desenvolvimento 
do projeto, sendo possível, em curto espaço de tempo, torná-lo uma realidade. O 
amadurecimento teórico e metodológico veio mediante as discussões realizadas na 
Universidade, no contato com a orientação direcionada e, concomitantemente, pela 
participação em grupos de estudos afins a tais debates. 
 
Recorte espacial e temporalidade de estudo 
 
Os estudos geográficos sempre se situam por recortes espaciais e temporais de 
referências. Perdemos quando rompemos com a interligação de áreas e temporalidades, 
contudo, por outro lado, podemos ganhar no que toca à apuração mais detalhada dos 
fatos. Dialeticamente, estas escolhas não funcionam como barreiras que nos impedem 
de transbordarmos as referências tomadas a princípio. Caso seja necessária a �saída� a 
outros recortes espaciais e temporais visando o melhor entendimento da realidade 
estudada, não devemos ficar presos, sob a pena de mal explicarmos os mesmos. 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
23
 Assim, a área espacial prioritária do nosso estudo conjuga três instâncias 
principais: o Santuário de Fátima da Serra Grande, a Região da Ibiapaba e a cidade de 
São Benedito (Figura 2), não necessariamente sempre nesta ordem. O recorte territorial 
de atuação da Diocese de Tianguá, respondente por tal Santuário, deverá ser consultada 
justamente por compor uma explicação territorial de implantação do mesmo. 
 
 Figura 2: Área representativa de estudo 
 
 
A Região da Ibiapaba, composta por nove municípios, é alvo de nossas 
investigações por já possuir um discurso turístico formado. Pode agora ser revista pela 
implantação do centro de atração religiosa e turística que é o Santuário de Fátima da 
Serra Grande. Localizado na cidade de São Benedito, o Santuário já ocasiona 
transformações paisagísticas e territoriais em sua cidade sede; por isso mesmo este 
circunscreve outro espaço analisado neste estudo. 
Pela relação intermediária que adotamos entre o Santuário e aRegião da 
Ibiapaba, demarcamos como temporalidade referencial de nossas análises o ano de 
2005, quando tem início a construção das obras do Santuário. No entanto, a fim de 
realizarmos compreensões acerca da constituição deste centro religioso, teremos de nos 
envolver com o tempo de trabalho da Diocese de Tianguá, retrocedendo a data lançada 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
24
acima. Isso porque só assim conseguiremos revelar a �chave que abre as portas� para o 
entendimento espacial da realidade geográfica posta. Quando tivermos que considerar a 
organização política do Turismo na Região da Ibiapaba este exercício de �volta no 
tempo� (tomando por base o ano de 2005) também se mostrará necessário. 
 Admitindo que o espaço geográfico além de ser um híbrido de marcas passadas e 
presentes é ainda palco imaginativo de virtualidades futuras (SANTOS, 1996), também 
nos remeteremos neste estudo às potencialidades que o espaço religioso do Santuário 
pode conter rumo a um futuro promissor, tendo em vista a imaginação criadora do 
homem. Para realizar uma pesquisa mais elaborada, os geógrafos que estudam sobre 
Religião penetram, ou pelo menos assim devem fazer, na vida religiosa, estudam-na do 
interior. Percebem como o futuro e a idéia de outro mundo é vivenciada pelos fiéis 
(CLAVAL, 2008). 
 
Sobre o método 
 
O trabalho científico direcionado amiúde para um objetivo de investigação 
caminha para o conhecimento e possível explicação de determinado(s) fenômeno(s). 
Para tanto, deve seguir a um método que direcione seus rumos. Desta forma, o método 
usado numa pesquisa diz muito no seu resultado final. A sua variação implica 
certamente em seu produto terminal. 
O método diz respeito às concepções amplas de interpretação do mundo, de 
objetos e de seres, referentes às posturas filosófica, lógica, ideológica e política 
que fundamentam a ciência e os cientistas na produção do conhecimento 
(HISSA, 2002, p. 159). 
 
Este estudo se estrutura, assim, pelos moldes de predominância do método 
fenomenológico, dirigindo-se em maior grau como uma pesquisa qualitativa de análise 
geográfica, baseada, principalmente, no estudo da �imaginação� (BACHELARD, 
1989). No entanto, sabemos que �o projeto fenomenológico se define como �uma volta 
às coisas mesmas�, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece à consciência, que se dá 
como seu objeto intencional� (SPOSITO, 2004, p.35). É procedendo por esta ideologia 
que tocamos a pesquisa adiante. 
Os atores e agentes escutados, mesmo diante das limitações estruturais da 
pesquisa, são analisados através de seus imaginários intersubjetivos, frutos de suas 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
25
experiências culturais e expressos por suas percepções1. A realidade geográfica que lhes 
tocam é analisada através da vocação analítica que a considera como criação social, pois 
�é na relação intersubjetiva que o lugar vai sendo construído� (NOGUEIRA, 2004, 
p.217). 
Aproximando o entendimento fenomenológico aos preceitos geográficos, 
Nogueira (2004, p.212) ressalta: 
A perspectiva fenomenológica da geografia deixa de priorizar a descrição do 
mundo físico e humano, para descrever o mundo vivido, onde o físico/humano 
são elementos percebidos e interpretados pelos diversos sujeitos que os 
experienciam. 
 
Como a investigação aqui desdobrada pretende absorver �o espaço por ele 
mesmo�, afinal de contas �o próprio do espaço deve mostrar-se a partir dele mesmo� 
(HEIDEGGER Apud SAMARAGO, 2008, p.19), entendemos a extensão geográfica 
estudada por uma constituição de aspectos identitários (projetivos) de vinculação 
religiosa, de um lado, e uma perspectiva turístico-regional de outro. No paralelo à 
composição emergente de um Santuário católico de forte apelo conciliador e grande 
plasticidade simbólica, as vivências e as possíveis prospecções do espaço circundante 
também se revestem em designações analíticas. 
Clareando os caminhos de pesquisas afins, Fabri (2007, p.40), com base nas 
idéias de Husserl, destaca: 
Uma fenomenologia da cultura deve ter como objetivo analisar e descrever as 
relações de motivação entre os indivíduos, bem como a relação desses com os 
objetos culturais de seu próprio Umwelt2. Trata-se de compreender em que 
medida são possíveis formações sempre novas de significar e resignificar o 
mundo no interior da vida coletiva
3. O devir do mundo circundante é 
determinado pela liberdade que caracteriza o agir humano. 
 
Sobre a metodologia 
 
�A pesquisa cientifica é uma busca de informações, feita de forma sistemática, 
organizada, racional e obediente a cerca das regras� (MOREIRA, 2002, p.11). 
Direcionada em muito pelo método adotado, a metodologia de uma pesquisa científica 
 
1 Moreira (2002, p. 108) corrobora dizendo: �o método fenomenológico enfoca fenômenos subjetivos na 
crença de que verdades essenciais acerca da realidade são baseadas na experiência vivida�. 
2 �O Umwelt (mundo circundante) é sempre e necessariamente algo percebido, rememorado, imaginado, 
etc. por alguém, vale dizer, ele é intencionado de diferentes modos por aquele que o percebe, rememora, 
imagina, e assim por diante. Conseqüentemente, não se pode separar o mundo circundante dos atos da 
pessoa� (FABRI, 2007, p. 40). 
3 O destaque em negrito fica por nossa conta. 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
26
presume caminhos que a levarão a um determinado fim (DEMO, 1991). A metodologia 
pode, então, ser caracterizada pelos seus aspectos instrumentais, referindo-se: 
[...] ao conjunto de procedimentos � incluindo uma diversidade de técnicas � 
adotado por uma atividade científica para a produção do conhecimento [...] 
Cada pesquisa demanda um projeto (metodológico) que lhe corresponda 
(HISSA, 2002, p. 159-164). 
 
Os procedimentos adotados nesta pesquisa, inscritos na tentativa de facilitar a 
compreensão da complexa realidade em estudo, funcionam como meios reguladores 
canalizados para alcançar os anseios objetivados. Para que possamos ter um exame bem 
apurado da pesquisa empreendida, não podemos, assim, considerá-los em separado. 
Sublinhamos tais procedimentos em quatro momentos principais: 
 
a) Levantamento, análise e revisão bibliográfica: Consiste na consolidação de uma base 
teórica capaz de ventilar possíveis respostas às indagações surgidas através das 
inquietações empíricas relacionadas com o campo de estudo. Neste sentido, trabalhou-se 
com livros, artigos, dissertações, teses, dentre outros materiais. Trata-se de uma leitura 
cara ao entendimento dos fenômenos estudados. 
 
b) Trabalho de campo: Imprescindível a um estudo geográfico de caráter empírico, 
refere-se às visitas e contatos que estabelecemos com o universo (físico e humano) 
estudado. Além de oportunizar ambiência e conhecimento da área, possibilitou 
importantes momentos de observações da realidade. 
 
c) Aplicação e interpretação de inquéritos: Realizado em parte no campo, seguindo ao 
rigor científico, acatando ao método predominante utilizado na pesquisa, optamos, para 
além da observação real, por trabalhar com o recurso do inquérito, buscando 
informações através de duas maneiras: entrevista e questionário. A entrevista, aplicada 
com atores que representam um grupo ou instituição. O questionário, utilizado com 
determinados agrupamentos. Este trabalho, mesmo com suas demarcações, acontece no 
intuito de retratar existencialmente as percepções geográficas acerca da realidade 
avaliada. 
 
d) Confecção e uso de material iconográfico: Diz respeitobasicamente à aquisição e 
produção de imagens que auxiliam na leitura e compreensão do texto integral. Refere-se 
à inserção de mapas, figuras, fotografias, tabelas e gráficos, usados para representar o 
espaço geográfico em estudo, melhorando a visualização do corpo dissertativo. 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
27
 
 
 
Capitulo I: 
 
A abordagem geográfica da Religião e do Turismo 
 
 
 
 
 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
28
CAPÍTULO I: A ABORDAGEM GEOGRÁFICA DA RELIGIÃO E DO 
TURISMO 
 
1.1. A Religião enquanto tema cultural de interesse geográfico 
 
 Expressão institucional do ponto de vista espiritual, reflexo das escolhas 
culturais de vida dos seres humanos, a Religião faz parte das discussões geográficas, 
principalmente, pela tentativa dos geógrafos de entender e explicar as razões que levam 
o indivíduo a perceber e significar certas porções do espaço geográfico como sagradas. 
Como tema profundo à vida social e cultural da humanidade, a Religião, 
atividade esta repleta de implicações e significados espaciais, ao longo do processo de 
evolução do pensamento geográfico não recebeu grande relevância nos estudos desta 
ciência. Foi por muito tempo negligenciada pelos geógrafos. Na Geografia brasileira 
este fato nos parece ainda mais notório. 
Ao realizarmos um exame da obra �Geografia � Pequena História Crítica� de 
Antonio Carlos Robert de Moraes (1987), onde o autor faz um balanço da evolução do 
pensamento geográfico, apresentando e, em algumas vezes, confrontando ideologias das 
principais escolas, autores e linhas de análises, mesmo levando em consideração os seus 
contextos históricos, não conseguimos encontrar nenhuma menção a estudos que 
pudéssemos relacionar diretamente ao entendimento da Geografia da Religião; nem 
mesmo quando se relatou sobre o processo de renovação da Geografia. 
Contudo, ao reconhecer que o movimento de renovação da Geografia �advém da 
diversidade de métodos de interpretação e de posicionamentos dos autores que o 
compõem� (1987, p. 98), Moraes faz um apontamento para as novas perspectivas das 
pesquisas geográficas, como as possibilidades de estudos sobre as formas de 
representação do espaço geográfico. Espaço que é, a nosso ver, carregado de feições e 
significados religiosos. 
 O descuido da Geografia para com as investigações sobre Religião, o que não 
aconteceu tão fortemente nas outras Ciências Sociais, que contribuíram em muito para 
melhorar a ventilação explicativa deste fenômeno, é ressaltado em parte por Rosendahl 
(1996) por dois aspectos principais: 1º) a influência positivista na Geografia; e 2º) a 
irrelevância da temática para a Geografia Crítica. 
 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
29
 No que toca à educação positivista, é sabido que, esta, na sua acepção, deixou 
um legado de ser concernente a Geografia estudar os fenômenos de sua ordem por uma 
base primeiramente física, dificultando a realização de análises que partam de 
concepções abstratas perante conteúdos culturais e simbólicos, revelando a 
espacialidade material econômica e populacional como eixo indispensável para as suas 
investigações. É, pois, verdade que �o partido positivista adotado dissuadia os geógrafos 
das representações� (CLAVAL, 1999, p. 45). 
 De acordo com a visão positivista, os objetos só podem ser estudados pelas suas 
revelações exteriores. Explanações fenomenológicas não são bem vindas, isto porque 
não são passíveis de uma fácil exposição aos olhos desses críticos. �O positivismo 
caracteriza-se por um agnosticismo no qual nega a razão e a fé o poder de provar a 
existência de Deus [...]. A existência de Deus constitui-se em uma questão metafísica, 
fora do âmbito da ciência positiva� (ROSENDAHL, 1996, p.20). Grosso modo, pode-se 
dizer que o positivismo provoca uma espécie de afastamento entre Religião e ciência. 
 Por sua vez, a Geografia Crítica, portadora de uma proposta austera de 
questionamentos às bases da Geografia Tradicional � que adotava o positivismo como 
premissa �, não conseguiu ensejar grande interesse nos geógrafos para que estudassem 
as dimensões geográficas da Religião. �O procedimento rigorosamente materialista de 
análise em busca das forças que realmente moviam a sociedade, levou os geógrafos a 
marginalizar as questões religiosas de seus estudos� (ROSENDAHL, 1996, p.22). 
Influenciados diretamente pelas concepções marxistas, os geógrafos críticos se 
pautaram, sobretudo, por questões que denotavam as contradições do modelo de 
produção capitalista, ficando, assim, negligenciados das averiguações outros 
comportamentos do ser humano, como a religiosidade. 
 É também verdade afirmar que a relação entre marxismo e Geografia Cultural 
não se desenvolveu por um diálogo mútuo (COSGROVE, 2007). A esse respeito, Claval 
(1999, p. 59) ressalta: 
Os regimes marxistas tentavam apagar as culturas ou reduzi-las a um folclore 
indigente [...] Os intelectuais marxistas contribuíram amplamente para o 
declínio dos estudos geográficos culturais, pois para eles, o econômico 
explicava tudo em última instância. 
 
 A esse período em que a Geografia esteve a se descuidar do estudo da Religião, 
Santos (2002) denominou-o de �Geografia sem religião�, afirmando que tanto a 
chamada 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
30
[...] Geografia Tradicional quanto a Geografia Marxista (com raras exceções) 
negligenciaram a dimensão sensível do homem de percepção do mundo. A 
primeira por negar o conhecimento subjetivo; a segunda, por rotular de 
alienação toda e qualquer relação afetiva ou simbólica do homem com a 
natureza (p.24). 
 
 Mesmo na Geografia Humana algumas correntes de estudo pouco consideraram 
a religiosidade do ser humano, deixando à margem de suas investigações aspectos como 
a percepção e a imaginação das criaturas diante das expressões religiosas. O quadro 
recorrente de afastamento dos contextos religiosos nos conteúdos geográficos, porém, é 
então relativizado pela atuação e importância da linha de pensamento conhecida por 
Geografia Humanista (CLAVAL, 1999; ROSENDAHL, 1996; OLIVEIRA, 2001; 
SANTOS, 2006). 
A Geografia Humanista, como maneira distinta de enxergar as relações 
geográficas, remete o homem ao centro de suas análises, tirando-lhe de uma situação 
secundária e limitada. Ela vai ao encontro da dimensão subjetiva do homem, 
entendendo-a como possuidora de fortes incidências geográficas. Nesta ordem, os 
fenômenos são analisados e apresentados a partir de onde ganham vida, do íntimo de 
cada ser. �De acordo com esse novo paradigma de conhecer o mundo, não somente em 
sua percepção do mundo, mas também pelo imaginário que elabora acerca do meio em 
que vive, torna-se possível uma reflexão do fenômeno religioso na geografia� 
(ROSENDAHL, 1996, p.23). 
 
1.1.1. A importância da renovação e difusão da Geografia Cultural 
 
É consenso que a denominada virada cultural na Geografia trouxe grandes 
avanços às pretensões das análises dos geógrafos que enveredavam seus estudos por 
uma ótica cultural, ampliando as possibilidades teórico-metodológicas. Neste bojo, a 
Religião passava a ser estudada de forma mais estruturada nesse campo científico, assim 
como outros temas. Simbolismo e identidade são alguns desses. Essa passagem resulta 
no processo de renovação da chamada Geografia Cultural e tem como referência inicial 
a segunda metade da década de 1970. Uma leitura dasações que levaram a tal 
acontecimento ajudará a compreender como a Religião, em meio à inserção de novas 
perspectivas à Geografia, passou a ser incorporada pelo julgamento dos geógrafos como 
fenômeno cultural de seus interesses. 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
31
A Geografia Cultural4, considerada subcampo da Geografia, tem seu processo de 
difusão iniciado na Europa, estendendo-se daí para outros lugares, já possuindo mais de 
um século de existência (CORRÊA & ROSENDAHL, 2007). Nasce a partir das 
observações dos diferentes gêneros de vida e paisagens, quase que exclusivamente 
levando-se em consideração as comunidades rurais. O modo de vida urbano não 
interessava. A paisagem ficava compreendida como o resultado do trabalho do homem, 
produto de sua cultura. 
Oculta ou explicitamente, o tema cultural sempre fez parte das análises dos 
geógrafos humanos5, ocorrendo uma espécie de sistematização dessas considerações a 
partir do século XX. Alemanha, França e Estados Unidos apresentaram-se como os 
países mais expressivos no tocante à disseminação dos estudos de Geografia que 
optavam por uma perspectiva cultural de explicação dos fenômenos. A saber, essa 
abordagem era denominada Geografia Cultural. 
Em realidade, foi nos Estados Unidos, especialmente, que a Geografia Cultural 
ganhou uma sólida base de sustentação, principalmente através dos estudos de Carl 
Sauer. A obra de Sauer, tido por alguns como o �pai da Geografia Cultural�, hoje 
considerada tradicional, sobretudo pela crítica à sua visão supra-ôrgânica de cultura, 
�teve importante papel na história do pensamento geográfico, deixando um rico legado. 
Dialeticamente, sua presença se faz sentir na geografia cultural renovada� (Corrêa & 
Rosendahl, 2007, p.11). A Escola de Berkeley, por sua nota, teve papel ímpar no 
favorecimento da inserção da variante temática cultural nas discussões geográficas, 
onde já se tem hoje um relativo entendimento epistemológico da cultura no corpo da 
�ciência do espaço�, a Geografia (MARTINS & SILVA, 2007), fator que, em parte, 
deve-se à melhor compreensão do conceito de cultura, incorporando as subjetivas 
maneiras de se vivenciar o conteúdo simbólico dos fenômenos geográficos. 
Até que acontecesse o processo de revisão dos geógrafos ao conceito de cultura, 
seus estudos se desenvolviam de uma forma reducionista, limitando-se às técnicas e 
utensílios que os homens utilizavam na transformação da paisagem, reflexo do que se 
 
4 Em nota: o termo Geografia Cultural é lançado pela primeira vez por Ratzel em 1880 na obra chamada 
Culturgeographie der Vereinigten Staaten von Nord-Amerika unter besonderer Berücksichtigung der 
wirtschaflichen Verhältnisse (CLAVAL, 1999). 
5 �Da maioria dos geógrafos humanos pode dizer-se que estão a �fazer� geografia cultural de uma forma 
ou de outra, mesmo quando eles se chamam a si próprios de �geógrafos urbanos�, �geógrafos históricos�, 
�geógrafos da população�, etc.� (KONG Apud SANTOS 2006, p.146). Complementando este raciocínio, 
Paul Claval (2007, p.163) comunga com a concepção de que �todos os fatos que a geografia humana trata 
são apreendidos por meio de mediações culturais�. 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
32
entendia por cultura (CLAVAL, 1999). Os temas cultura, paisagem cultural, região 
cultural, história da cultura e ecologia cultural predominavam no seio da disciplina6. 
O interesse dos geógrafos pelos fatos de cultura era centrado no conjunto de 
utensílios e equipamentos elaborados pelos homens para explorar o ambiente e 
organizar seu hábitat. A mecanização e a modernização introduzem um arsenal 
de máquinas e de tipos de construções tão padronizados que o objeto de estudo 
é esvaziado de interesse. A geografia cultural entra em declínio, porque 
desaparece a pertinência dos fatos de cultura para explicar a diversidade das 
distribuições humanas (CLAVAL, 1999, p.48). 
 
Como a visão de cultura nos estudos geográficos se resumia aos modos de 
existência e sobrevivência de alguns grupos que estariam à margem do progresso, esta 
Geografia se negava a estudar as implantações modernas. Por isso a sensação real de 
crise, afinal a globalização surgia com uma promessa de homogeneização. 
Contraditoriamente àquilo que foi pensado, os efeitos do processo da 
globalização não conseguiram extinguir os diferenciados estilos de vida dos grupos 
sociais, tornando-os inclusive mais notáveis na maioria dos casos. A massificação não 
se deu por completo. A cultura ganhou ares de multiplicidade, brotando de diversas 
interações. Portanto, incidiu que, diante de um mundo �multicultural�, tornava-se 
manifesto crescente o interesse de geógrafos por esse campo, elegendo a cultura como 
elemento essencial de suas análises. Em registro, postula-se que a Religião faz parte 
decisivamente do cotidiano cultural de grupos e lugares. 
Num apontamento embasado frente às limitações analíticas engendradas pelas 
epistemologias naturalistas e funcionalistas, visões de parte dos geógrafos do final do 
século XIX e de parte do século XX, que ideologicamente dispensavam o 
questionamento crítico à natureza e à sociedade, Paul Claval (2002) vem nos elucidar o 
fato de que estas concepções não deram o lugar devido às ações executadas pelo 
indivíduo. Ressalta o autor que: 
El enfoque cultural corrige estas orientaciones: al concebir el espacio como 
una escena donde los seres humanos se ofrecen al espectáculo, representan 
papeles que los valorizan, los enriquecen o les aseguran ciertos poderes, tiene 
en cuenta al individuo y las iniciativas de que es autor. Nos hace descubrir el 
sentido que le dan los seres humanos a los decorados que los rodean y que, en 
gran medida, han construido. Nos hace entrar en el universo de sus valores y 
creencias, y aclara las estrategias que retienen en su vida social, política o 
cultural (p.38). 
 
Destarte, seguindo a orientação indicada acima, as análises dos geógrafos 
começavam a considerar as representações imaginárias do indivíduo. A partir daí o 
mundo passa a ser visto pelo lado perceptivo de quem o vivencia, de quem lhe traz 
 
6 Ver: Os temas da Geografia Cultural dos autores Philip L. Wagner e Marvin W. Mikesell, (2007). 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
33
animação. A cultura passa a se constituir em um elemento primaz às análises de tal 
natureza, não mais explicando tudo, e sim, precisando ser explicada quando abordada 
em estudos sobre as realidades geográficas de regiões, territórios, paisagens e lugares � 
instâncias estas constituídas de fixos e fluxos, fatores básicos da conceituação de espaço 
geográfico (SANTOS, 2005). Espaço que é palco da vida social, onde os homens 
descansam seus laços afetivos e desenvolvem seus mecanismos de comunicação. É 
diante deste novo patamar de abordagem que a Geografia Cultural se renova. 
Uma possível definição dessa �nova� geografia cultural seria: contemporânea 
e histórica (mas sempre contextualizada e apoiada na teoria); social e espacial 
(mas não reduzida a aspectos da paisagem definidos de forma restrita); urbana 
e rural; atenta à natureza contingente da cultura, às ideologias dominantes e às 
formas de resistências. Para essa �nova� geografia a cultura não é uma 
categoria residual, mas o meio pelo qual a mudança social é experienciada e, 
contestada e constituída. (COSGROVE & JACKSON, 2007, p. 136). 
 
 Os estudos de Geografia Cultural, por expressão, devem, então, reclamar por 
explicações que relacionem o meiogeográfico com o homem através de suas atividades 
culturais. Devem pensar a percepção do ser para com o espaço que visita ou que habita. 
Por exemplo: Como peregrinos e romeiros ou turistas vivem a festa religiosa e 
percebem o espaço sagrado? Como os moradores da localidade anfitriã dessa mesma 
festa a entendem? Obviamente que suas experiências culturais refletirão diretamente em 
suas concepções de existência e convivência. É também provável que os estudos postos 
adotem conceitos variados de cultura, retratando da melhor maneira o fenômeno que 
estão a averiguar. 
 Superando a visão de cultura como um agente supra-orgânico, como via Carl 
Sauer, onde o ser humano não passava de um simples receptor desta suposta força dada, 
compreendemo-la como uma variável política e que �enquanto criação social, é parte 
integrante da trajetória humana� (CORRÊA, 2007a, p. 172). Pouco acrescentaria se aqui 
recorrêssemos por uma definição una de cultura, assim preferimos tê-la como �multi�, 
brotando das diversas relações sociais, salvaguardando suas especificidades de tempo e 
lugar. Assim, acreditamos que a cultura possui simultâneas geografias como lócus de 
sua representação e vivência, com um status perceptivo peculiar. 
Não obstante a produção bibliográfica com abordagem centrada na dimensão 
cultural, por vários motivos, ainda consista em uma quantidade relativamente menor do 
que outros ramos da Geografia, estudando Religião ou temas outros, alguns autores se 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
34
destacam nesse tratamento7 e contribuem para o incremento dessa discussão geográfica, 
visitando freqüentemente outras áreas do conhecimento, como Filosofia, Ciências da 
Religião, Psicologia, Sociologia, Antropologia etc. 
Aproximando as discussões da Geografia Cultural com as intenções marcadas 
nesta seção textual, salientamos que, na �Geografia Cultural Tradicional�, a Religião se 
apresentava pelas formas descritivas dos lugares possuidores desse cariz. Mesmo com 
todo o preconceito vindo dos paradigmas positivistas, tornava-se quase que impossível 
desconsiderar a questão religiosa frente à realidade geográfica de lugares e regiões, pelo 
menos como uma atividade disseminadora de formas arquitetônicas magníficas tidas 
como sagradas, que geravam por ora uma atratividade surpreendente. Em causa: 
Os geógrafos preocupados com as realidades culturais dedicam uma atenção 
crescente aos fatos religiosos. Eles continuam, portanto, a abordá-los do 
exterior, a partir dos signos que imprimem na paisagem. Hesitam em tratar de 
sua influência sobre os comportamentos e sobre as escalas de preferência que 
instituem (CLAVAL, 1999, p.45). 
 
Na seqüência das palavras ditas acima, Paul Claval aponta como importante 
contributo ao avanço da discussão da Religião pela Geografia a obra do francês Pierre 
Deffontaines: Géographie et religion (Geografia e religião), datada de 1948. Em outro 
número literário, Claval (2007) faz menção a mais um trabalho científico também 
inerente ao amadurecimento da apreciação posta: L� Homme et la Terre (O Homem e a 
Terra), de outro francês, do historiador Eric Dardel, escrita em 1952. De fato, estas 
produções configuraram-se como contribuições respeitáveis aos anseios da Geografia da 
Religião � objeto de nossas próximas discussões. 
No entanto, não podemos deixar de mencionar que os avanços epistemológicos 
da Geografia Cultural refletiram em potencialidades para os estudos da Geografia da 
Religião. Um dos grandes feitos reside na mudança de escala das análises, antes focadas 
em grandes paisagens e regiões, passando a permitir o estudo de espaços mais 
reduzidos, como um bairro, uma rua ou um santuário (SANTOS, 2006). 
Com a reformulação da Geografia Cultural, a Religião passou a fazer parte mais 
intensamente do rol das atividades culturais assim demarcadas pelos geógrafos, sendo 
vista até pelos seus aspectos simbólicos. Assim, o foco desses estudos conseguiu ir além 
das materializações espaciais da Religião, chegando até o modo como as pessoas ao 
vivenciarem suas crenças interpretam estes espaços. 
 
 
7 Julgamos que as referências que usamos aqui denunciam em parte algumas dessas fontes. 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
35
1.1.2. Sobre a disciplina Geografia da Religião 
 
 De acordo com a subdivisão que realizam os geógrafos nesta ciência, 
estabelecendo nomenclaturas singulares às suas áreas de especialização, em 
consonância com as atividades que diretamente estudam8, a Religião, como seu alusivo 
nome indica, é analisada de forma mais acentuada pela disciplina Geografia da 
Religião. Situada mais acertadamente como sub-ramo integrante do campo da Geografia 
Cultural, pelas relações estreitas existentes entre os aspectos religiosos e culturais 
exprimidos por pessoas e lugares, a Geografia da Religião enquadra-se mais 
perfeitamente na grande divisão Geografia Humana (FICKELER, 2008). 
 A Geografia da Religião9, como parte da Geografia que tece preocupações 
acerca dos fatos religiosos, relacionando-os a quadros espaciais, faz atualmente um uso 
significativo de abordagens que privilegiam as compreensões dos seres humanos frente 
aos fenômenos simbólico-religiosos. Tem, por ordem, a tarefa de investigar e explicar 
as relações entre a Religião e a realidade geográfica dos lugares. 
 Enquanto disciplina, a Geografia da Religião passou por algumas etapas de 
evolução (Ver Figura 3). Remontando ao período da Antiguidade grega, é a partir dos 
séculos XVI e XVII que se denotam os primeiros indícios de conhecimentos referidos à 
classificação geográfica sobre a Religião. Fazendo-se de informações teológicas, 
sobretudo para cartografar os lugares religiosos, os geógrafos contribuíram nessa 
mesma época para a sistematização do que se chamou de Geografia eclesiástica. Ao 
mesmo tempo do desenrolar desta última, ainda no decurso do século XVII, surge da 
necessidade e vontade do geógrafo de identificar, localizar e representar os lugares 
descritos pela Bíblia a denominada Geografia bíblica, conhecimento que se estende até 
o início do século XX. Este é um período que se caracteriza incisivamente por estudos 
descritivos, geralmente analisando o cristianismo em seu nível de crescimento 
(SANTOS, 2006). 
 
 
 
8 É o que Hissa (2002) chama de �distritos do saber�. Como por exemplo: Geografia do Turismo, 
Geografia da Indústria, Geografia Agrária, Geografia da Saúde, dentre outras. 
9 Em contribuição e acréscimo: a expressão �Geografia da Religião� foi usada pela primeira vez pelo 
teólogo alemão Goulieb Kasche, em 1795. Bernhard Varenius (1649), por sua vez, pode ser 
compreendido como o precursor deste campo disciplinar. Já Kant (1724-1808) pode ser visto como o 
fundador de uma moderna Geografia da Religião. Mas é somente com os trabalhos de Fickeler (1947) e 
Deffontaines (1948) que surge a disciplina científica Geografia da Religião. Ver de forma mais amiúde 
sobre estes acontecimentos em Santos (2006), de onde tiramos estes esclarecimentos. 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
36
Figura 3: Antecedentes, gênese e evolução da Geografia da Religião (esquema-síntese) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ......................................----------------------------------------------------- 
 Séculos XVI-XIXSéculo XX 
 
 Fonte: Adaptado parcialmente de SANTOS (2006, p. 128). 
 
 Segundo Santos (2006), é a partir do Pós Segunda Guerra Mundial que acontece 
o movimento de despertar da verdadeira Geografia da Religião, agora baseado 
essencialmente em conhecimentos geográficos formais, cujas informações religiosas 
serviam apenas de suporte ao entendimento das realidades espaciais. No andamento do 
processo de evolução, é entre os anos 60 e 70 que vem a ocorrer o período da 
construção
10 disciplinar. Foi durante estes dois momentos citados por último que 
paisagens e territórios passaram a ser mais bem analisados pelos seus aspectos de 
influência religiosa. 
 Somente no início dos anos 80 é que a Geografia da Religião conhece seu 
processo de consolidação, firmando-se como campo reconhecido no seio da ciência 
geográfica. Assim, com a validação científica, surge a oportunidade de inovações nos 
métodos de estudo, não por acaso seguindo as transformações do processo de renovação 
da Geografia Cultural. O homem passa a ser visto por sua �individualidade� religiosa, o 
que enriquece as possibilidades deste campo de estudos. Já o século XXI, diante do 
aumento das mazelas que vivem a população num todo, desponta com muitos desafios a 
Geografia da Religião, requerendo respostas inteligíveis no que concerne ao 
entendimento da formatação de quadros espaços-religiosos, suscitando novos caminhos 
de investigação (SANTOS, 2006). 
 Tanto em nível nacional como mundial, ganham cada vez mais importância na 
ciência geográfica discussões sobre os efeitos das diversas legendas religiosas. Cresce o 
 
10 Santos (2006, p.174) apresenta um quadro-síntese com os nomes dos principais autores que 
concorreram com seus trabalhos para a construção do corpo teórico da disciplina Geografia da Religião. 
GEOGRAFIA DA RELIGIÃO 
Antiguidade 
clássica 
Geografia 
bíblica 
Geografia 
eclesiástica 
Anos 40-50 
-Despertar- 
Anos 60-70 
-Construir- 
Anos 80-90 
-Consolidar- 
Século XXI 
-Novos caminhos- 
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
37
número de departamentos, núcleos11, revistas, encontros e grupos de pesquisas12 de 
Geografia que incorporam esta temática em seus anseios universitários. Mesmo ainda 
em estágio inicial de evolução, no Brasil o estudo geográfico da Religião conhece 
alguns nomes destacáveis neste tratamento. Aqui relacionamos alguns desses: 
FRANÇA, 197213; ROSENDAHL, 1996; OLIVEIRA, 2001; GIL FILHO, 2001. 
 Recentemente, a Professora Maria da Graça Poças Santos dispensou ao campo 
da Geografia da Religião uma ampla e significativa contribuição. Fruto de seu trabalho 
de doutoramento, a obra da autora portuguesa se intitula �Espiritualidade, Território e 
Turismo: Estudo Geográfico de Fátima�. Privilegiando uma ótica da Geografia 
Cultural, situando aí a Geografia da Religião, Poças Santos buscou entender as 
dimensões espacial, religiosa e espiritual exercidas pelo Santuário de Fátima de 
Portugal, entendendo-o como um atrativo religioso e turístico. Para tanto, parte de uma 
noção de território enquanto construção social que carrega vertentes de ordem material e 
temporal. 
 
1.1.3. O interesse da Geografia pela Religião 
 
 Muito influenciadas pelas ideologias do historiador Mírcea Eliade, as 
investigações geográficas sobre a Religião têm se pautado pela dualidade conceitual 
entre sagrado e profano. Segundo este autor, esses são os dois modos possíveis de 
existência do ser humano no mundo. Deste feito, no que tange às refletâncias do espaço 
sagrado, �o homem deseja situar-se num �centro�, lá onde existe a possibilidade de 
comunicação com deuses� (ELIADE, 2008, p.141). Em geral, o que fica fora deste 
centro se torna espaço profano. 
 Contudo, a compreensão do acontecimento de processos, encontros e misturas 
culturais no mundo atual, cada vez mais heterogêneo, nos leva ao entendimento de que 
 
11 Em termos nacionais, o NEPEC (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura), coordenado 
pela Professora Drª. Zeny Rosendahl, que funciona na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), 
destaca-se pelo trabalho desempenhado nesta área. Ver: www.nepec.com.br. O NUPPER (Núcleo 
Paranaense de Pesquisas em Religião), sob coordenação do Prof. Dr. Sylvio Fausto Gil Filho, da UFPR 
(Universidade Federal do Paraná), é outro meio de discussão geográfica da Religião. Ver: 
http://www.geog.ufpr.br/nupper/. 
12 Como exemplo, citamos o Grupo �ESTUDOS GEOEDUCACIONAIS - Turismo, Religiosidade e 
Planejamento Regional na Formação do Imaginário Geográfico� do qual fazemos parte, coordenado 
pelo Professor Dr. Christian Dennys Monteiro de Oliveira, cadastrado pelo CNPQ (Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e que se encontra vinculado ao LEGE (Laboratório de 
Estudos Geoeducacionais) do Departamento de Geografia da UFC. Ver: www.lege.ufc.br. 
13 Este trabalho configura-se como um estudo precursor na área da Geografia da Religião brasileira. 
http://www.nepec.com.br
http://www.geog.ufpr.br/nupper/
http://www.lege.ufc.br
A Resignificação Religiosa do Turismo Regional... / José Arilson Xavier de Souza 
_________________________________________________________________________________ 
 
38
sagrado e profano podem, por ventura, ser analisados em conjunto num mesmo recorte 
espacial � como �espaços sacro-profanos� �, não sendo gerada necessariamente esta 
separação, ainda quando reconhecemos a importância didática desta. Afinal, �não 
existe uma fronteira cultural nítida ou firme entre grupos, e sim, pelo contrário, um 
continuum cultural� (BERKER, 2003, p.14). Diante de um mundo de caráter híbrido, a 
ciência de hoje exige a produção de conhecimentos holísticos, conseguidos pela 
interpenetração de saberes (HISSA, 2002). Não fará mal algum à Geografia se for 
buscar em outras ciências conhecimentos para se enriquecer. 
 Em todo caso, a heterogeneidade cultural-religiosa de lugares e pessoas reclama 
incessantemente da Geografia uma posição crítica na produção de considerações 
analíticas diante dos fenômenos religiosos. �A religião imprime uma marca na paisagem 
através da cultura� (ROSENDAHL, 2008, p.66). Portanto, eis mais um desafio ao 
geógrafo: desvendar as significações espaciais disseminadas pela Religião. Sobre esta 
incumbência, Santos (2006, p.167) assinala: 
[...] é tarefa do geógrafo da religião procurar discernir, no conjunto dos fatores 
explicativos (sociais, culturais, económicos, etc.) das transformações do 
espaço, quais são os elementos especificamente religiosos que a elas 
conduzem e qual o seu peso relativo nesse processo. Deve ter-se em conta que 
a religião não é um fenómeno estático, devendo ser situada no tempo e no 
espaço, interpretando as mudanças temporalmente registradas e as mutações 
espaciais daí decorrentes. 
 
 No que se remete ao interesse da Geografia pelo estudo da Religião, a assertiva 
nos parece mais do que legítima. A Religião, pelo menos na sua expressão institucional, 
possui uma base territorial de existência, e só este fato já justifica a análise precedida. 
Porém, algumas mentes por demais práticas e racionalistas não conseguem estabelecer 
relação sobre as duas áreas em discussão. Em nossa compreensão, é certo que a cultura 
religiosa oportuniza um considerável campo de análise para a Geografia. 
Os fenômenos religiosos, como factos culturais e sociais, apresentam 
consideráveis implicações em termos espaciais, especialmente visíveis quando 
se trata de grandes sistemas religiosos, em geral profundamente gravados no 
espaço, desde logo porque propõem aos respectivos crentes uma explicação da 
ordem do universo (cosmogonia), muitas vezes presente também, em termos 
simbólicos no modo como modelam os seus espaços, nomeadamente

Continue navegando

Outros materiais