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Psicologia Comunitária 3 - Psicologia Comunitária e a Dialética Exclusão-inclusão

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18/01/2023 12:00 Psicologia Comunitária e a dialética exclusão-inclusão
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03563/index.html# 1/48
Objetivos
Módulo 1
Aspectos psicossociais da exclusão
Reconhecer aspectos psicossociais que envolvem a exclusão.
Acessar módulo
Módulo 2
Pobreza, exclusão e inclusão social
Relacionar pobreza, exclusão e inclusão social com as principais preocupações da Psicologia Comunitária.
Acessar módulo
Módulo 3
Psicologia Comunitária e a dialética
exclusão-inclusão
Prof. Ricardo Dias de Castro
Descrição
A Psicologia Comunitária e seu compromisso social por um mundo mais justo e menos desigual.
Propósito
Compreender a importância da formação epistêmica, teórica, conceitual e metodológica, a partir de saberes e fazeres da
Psicologia Comunitária, no intuito de combater a desigualdade social latino-brasileira, com base no compromisso da
Psicologia com as demandas da sociedade.
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Formas de dominação
Identificar formas de dominação e alternativas de combate.
Acessar módulo
Módulo 4
Construindo uma sociedade mais justa
Identificar estratégias para uma sociedade mais justa.
Acessar módulo
dVídeos
18/01/2023 12:00 Psicologia Comunitária e a dialética exclusão-inclusão
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03563/index.html# 3/48
Introdução
A Psicologia tem ampliado os seus locais de atuação, para além da clínica tradicional privada, há muitos anos. No entanto, desde as décadas de
1960 e 1970 na América Latina, e no Brasil, mais fortemente, nos anos 1980 e 1990, uma produção teórica-metodológica, mais específica,
reconhecida como Psicologia Social Comunitária, tem reorganizado bases conceituais, metodologias de produção de conhecimento e
compromissos ético-políticos dessa ciência e dessa profissão.
A dimensão da desigualdade social e do debate em torno da inclusão-exclusão dos sujeitos e das comunidades periféricas, pobres e com histórico
de violação de direitos é tomada como campo de análise e intervenção para a Psicologia.
A partir dos problemas concretos das sociedades latino-brasileiras, a Psicologia Comunitária se propõe a intervir sobre a desigualdade e a violência
por meio de ações construídas em conjunto com as comunidades.
Essas atividades possuem um forte compromisso com a potencialização da vida, da dignidade humana e do respeito aos princípios constitucionais
e democráticos das sociedades que prezam pelos direitos humanos.
Um conceito fundamental que colabora, nesse sentido, é a chamada dialética inclusão-exclusão, que aponta para uma complexidade intrínseca às
sociedades desiguais. É preciso, urgentemente, que a Psicologia, ao lidar com sujeitos e sociedades, posicione-se a favor de um bem comum que
colabore para que a exclusão social causada pela pobreza e por outros sistemas de poder possam ser desmantelados no horizonte de um mundo
mais justo.
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Aspectos psicossociais da exclusão
Ao final deste módulo, esperamos que você reconheça aspectos psicossociais que envolvem a exclusão.
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O paradigma crítico latino-americano
A Psicologia Social Comunitária se consolida como um campo mais coeso, na América Latina, a partir das décadas de 1960 e 1970, quando a
comunidade psicológica começa a se interrogar sobre a função da Psicologia como ciência e profissão em territórios atravessados por dinâmicas
autoritárias e desigualdade econômica extrema, resultantes dos golpes militares da América Latina entre os anos 1960 e final dos anos 1980. Como
consequência, houve um forte tensionamento da posição da Psicologia diante das questões econômicas, culturais e políticas latino-americanas.
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Tudo isso teve como efeito o questionamento do profissional de Psicologia sobre a sua atuação com a maioria da população e de qual seria o seu
papel na conscientização e na organização civil e política a favor da autonomia e da liberdade dessas populações.
Nesse momento, a intelectualidade psicossocial latino-americana questiona a hegemonia científica do Norte global e o campo psicológico é
abalado pelos questionamentos éticos de psicólogos que rechaçaram vários modelos analíticos estadunidenses e europeus, não condizentes com
as questões experienciadas pelos países que ainda sofriam os efeitos da colonização e exploração dos Estados do "primeiro mundo" (MAYORGA,
2007).
Assim, emerge o campo da Psicologia Comunitária como um campo diverso da Psicologia Social, que, a partir da
chamada crise da Psicologia Social Brasileira, é perpassada pelo debate da ação comunitária, pela crítica ao
positivismo e ao individualismo e voltada para uma Psicologia da transformação social.
Essa crise fez com que um novo formato de conhecimento fosse se construindo. Parte da Psicologia começa a se afastar da clínica individual
privada e das instituições particulares para se aproximar das vivências da maior parte do povo brasileiro.
Como a Psicologia pode colaborar na construção de um saber e de um fazer psicológico que colabore para que povos marcados por experiência de
desigualdade possam se reconstruir e se reinventar no horizonte de uma vida mais digna e potente?
A Psicologia Comunitária é, eminentemente, uma Psicologia latina, que se coloca contra concepções de Psicologia que já não faziam mais sentido
para as populações do Sul global, marcadamente desiguais.
Diversos autores começam a integrar, cada um ao seu modo, um cenário da Psicologia Social Comunitária, que se destacava por enfocar processos
de intervenções psicossociais existentes em comunidades.
Comunidades em uma conceituação mais ampla do termo, em que a relação indivíduo-sociedade pudesse ser investigada mediante os grupos
sociais, o contexto das políticas públicas e o espaço da comunidade acadêmica que compõe o ensino superior público, por exemplo.
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E, diante dessa consideração, a comunidade poderia ser caracterizada por:
Um coletivo de pessoas com determinada interação social.
Um coletivo que repartisse interesses, sentimentos, crenças e atitudes.
Um conjunto de pessoas desconectadas, mas que circulam por espaços comuns.
Um território específico — periférico ou não —, entre outros.
O objetivo primordial da Psicologia, aqui, seria potencializar os laços de coletividade, autonomia e autogestão, que garantisse que o sujeito e a
sociedade pudessem se transformar, tendo como ponto de partida a liberdade, o pensamento crítico e a garantia de um projeto de sujeito/sociedade
democrático (CASTRO; MAYORGA, 2019, p. 5).
Todas essas propostas concretizam um projeto amplo conhecido como Psicologia Social Crítica. O que significa defender e construir um jeito de
pensar e fazer Psicologia Social específico, como podemos entender a seguir:
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[...] se caracteriza principalmente por questionar os modos de produção de conhecimento e prática da
Psicologia e perseguir a transformação social e a relevância social da pesquisa e intervenção sobre os
problemas sociais que assolam o país. Para tanto, coloca-se contra as abordagens positivistas e
experimentais, a neutralidade científica e as perspectivas individualistas de abordagem dos fenômenos
psicossociais, defendendo, ao contrário, a produção de um conhecimento contextualizado, participante e
coconstruído por pesquisadores e atores sociais, como formade contribuir para a solução dos problemas
sociais que vivenciam e transformar sua realidade social.
(FERREIRA, 2010, p. 59)
Dessa forma, é preciso estar atento a uma série de elementos que caracterizam a Psicologia Social, em seu modelo latino-americano. A crítica, aqui,
diz respeito a questionamentos como o caráter sociopolítico da ciência, a diversidade de pontos de vistas sobre os problemas de pesquisa, a
diversidade teórica para a compreensão das questões psicossociais e a impossibilidade da neutralidade do conhecimento científico.
Exclusão, desigualdade social e as dimensões psicossociais
Nos estudos em Psicologia Social, em sua vertente latino-americana e comunitária, um conceito acabou se tornando muito famoso para
compreender o sofrimento psíquico causado por experiências subjetivas, intrinsecamente relacionadas a questões e sintomas sociais mais
coletivos: a dialética exclusão-inclusão.
A subjetividade, como objeto de estudo da Psicologia, não se constrói em vácuo existencial, mas a partir de condições ambientais e sociais que
permitem que essa subjetividade tome um lugar para a sua construção. Assim, a subjetividade emerge de um processo radicalmente relacional com
o mundo e mediado pelo valor simbólico da linguagem.
Quais linguagens têm sido ofertadas para que o brasileiro, por exemplo, construa-se sujeito? Se a subjetividade é uma construção relacional entre o
indivíduo e a sociedade, como tem sido possível construir-se ser histórico e social?
Exemplo
É possível falar da saúde mental de moradores de rua e usuários de substâncias, no contexto dos efeitos da pandemia de covid-19 no
Brasil, sem que falemos de questões políticas e econômicas? O sofrimento que advém de uma crise sanitária, política e econômica como
essa e que se alastrou pelo mundo — e de modo mais violento em países em desenvolvimento como o Brasil — não pode ser
desconsiderado ao falarmos da subjetividade. Afinal, esse contexto é o pano de fundo para a construção dessas subjetividades.
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Em um país marcado por tantas violações de direitos, há uma semântica da desigualdade que, definitivamente, é
central na organização das subjetividades da maior parte da população brasileira e, nesse sentido, é preciso
entender o mundo social para que possamos compreender como os sujeitos se reinventam no processo de ser
gente no mundo.
Muito longe de compreender a construção do sujeito, em si mesmo, o convite dessa Psicologia Social Comunitária, compromissada com o bem-
estar psicossocial de sua população, é promover uma análise psicossocial e ética da desigualdade social como fator central para a (re)construção
da subjetividade.
Precisamos compreender que alguns sofrimentos psíquicos, em sociedades desiguais, não dizem única e exclusivamente de questões
ultraindividuais. Muito pelo contrário, sintomas como depressão, alcoolismo, toxicomania, abusos e violências podem apontar para questões sociais
e políticas mais complexas.
Retomemos a pandemia de covid-19 no Brasil: o isolamento, a solidão, o desemprego e outras dimensões que afetaram o coletivo produziram um
modo de sofrimento compartilhado.
O que dizer, então, da experiência da violação de direitos básicos que alcança a maior parte da população brasileira? A quem serve essa
desigualdade e por que ela se mantém por tanto tempo? Quem ganha com essa exclusão? Por que manter populações miseráveis como uma
condição “natural” e até mesmo “necessária” da sociedade?
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Em síntese, a exclusão é processo complexo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais,
políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e dialético pois só existe em relação à inclusão como parte
constitutiva dela. Não é uma coisa ou um estado, é processo que envolve o homem por inteiro e suas relações
com os outros. Não tem uma única forma e não é uma falha do sistema, devendo ser combatida como algo
que perturba a ordem social, ao contrário, ele é produto do funcionamento do sistema.
(SAWAIA, 2001, p. 15)
O interessante, aqui, é entender que os excluídos sociais não foram um acidente histórico. Eles são condição obrigatória sem a qual seria impossível
a manutenção desse sistema social que privilegia uma quantidade mínima de pessoas em detrimento da violação da dignidade humana da maior
parte da população.
Nesse sentido, os excluídos estão, necessariamente, incluídos no sistema. É preciso que eles existam como tais para que a sociedade continue
produzindo desigualdade social e privilegiando os mais poderosos. Nessa concepção, definitivamente, a exclusão abandona um caráter de
ingenuidade e é realocada, no debate público, como uma estratégia fundamental histórica de manutenção da ordem social desigual.
A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social desigual, o que implica o
caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos de algum modo. [...] Portanto, em lugar da exclusão, o
que se tem é a ‘dialética exclusão/inclusão’. Esta concepção introduz a ética e a subjetividade na análise
sociológica da desigualdade, ampliando as interpretações legalistas e minimalistas de inclusão como as
baseadas em justiça social e restritas à crise do Estado e do sistema de empregabilidade. Dessa forma,
exclusão passa a ser entendida como descompromisso político com o sofrimento do outro.
(SAWAIA, 2001, p. 8)
As dimensões psicossociais da exclusão
Confira uma reflexão acerca das dimensões psicossociais da exclusão e da desigualdade no Brasil e no mundo todo.
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A concretude da dialética exclusão-inclusão
É a partir dessa dialética exclusão-inclusão, então, que o conceito de sofrimento ético-político emerge como uma categoria fundamental, no âmbito
da Psicologia Social Comunitária e latino-americana.
Para se pensar o sofrimento coletivo de uma sociedade desigual, é preciso pensar nas condições individuais atravessadas por questões ético-
política mais amplas. Não há como falar de violência de gênero praticada por homens desempregados e alcoolistas contra suas esposas sem
tentarmos entender o classismo e o sexismo, por exemplo.
Com isso, queremos dizer que muitos homens aumentam a quantidade de uso de substâncias quando se tornam desempregados. A saída pelo
excesso é comum para eles apagarem — ou tentarem apagar e esquecer — o fato de que não são provedores de suas famílias, como uma sociedade
patriarcal os constroem.
Ao mesmo tempo, para demonstrarem poder e ainda se sentirem em algum controle, muitos desses homens violentam as suas mulheres. Dessa
forma, o álcool e as dificuldades financeiras — que surgem a partir da impossibilidade de trabalhar — foram o gatilho para comportamentos
coercitivos, controladores e violentos por parte dos agressores.
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No Brasil e em vários países, já é um fato que a violência de gênero e o aumento no uso de substância psicoativas cresceu durante a pandemia de
covid-19. Por quê?
Bader Sawaia (2001) nos convoca a compreender que o sofrimento psíquico não diz apenas de questões intrapsíquicas, mas também de questões
sociais compartilhadas que interferem na qualidade de vida das pessoas em determinado contexto.
O sofrimento ético-político aponta uma dor e uma tristeza que têm uma gênese psicopolítica relacionada às condições sociopolíticas de uma
sociedade.
Em síntese, o sofrimento ético-político abrange as múltiplas afecções do corpo e da alma que mutilam a vida
de diferentes formas.Qualifica-se pela maneira como sou tratada e trato o outro na intersubjetividade, face a
face ou anônima, cuja dinâmica, conteúdo e qualidade são determinados pela organização social. Portanto, o
sofrimento ético-político retrata a vivência cotidiana das questões sociais dominantes em cada época histórica,
especialmente a dor que surge da situação social de ser tratado como inferior, subalterno, sem valor, apêndice
inútil da sociedade.
(SAWAIA, 2001, p. 105)
Ao mesmo tempo, é importante considerar que há felicidades, que também podem estar circunscritas a questões mais coletivas e públicas. A
felicidade ético-política é experenciada, por exemplo, pelos movimentos sociais quando seus agentes conquistam direitos materiais e simbólicos na
garantia de cidadania e emancipação coletiva para além de demandas individuais.
Por fim, é possível afirmarmos que o sofrimento ético-político já constitui um conceito-chave nas Ciências Humanas, para a compreensão da
dimensão psicossocial do processo de exclusão-inclusão em contextos sócio-históricos de desigualdade social.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
O paradigma crítico latino-americano
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Compreendendo a dialética exclusão-inclusão
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Questão 1
Pode-se compreender como objetivo da Psicologia Social em sua vertente comunitária e crítica latino-americana
Questão 2
Compreende-se o sofrimento ético-político como sendo
Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A uma Psicologia com foco nas questões individuais, intrapsíquicas e clínicas.
B uma Psicologia com compromisso de colaborar na redução da desigualdade social.
C uma Psicologia que tem como objetivo sustentar um projeto de ciência neutra, objetiva e racional.
D uma Psicologia que possui princípios e perspectivas mais voltadas à manutenção das condições sociais existentes.
E uma Psicologia muito pouco científica porque possui pretensões políticas.
Responder
A uma condição subjetiva individual intrapsíquica que aponta para sofrimentos em decorrência de questões políticas.
B um sofrimento social mais ameno que os sofrimentos individuais intrapsíquicos.
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Pobreza, exclusão e inclusão social
Ao final deste módulo, esperamos que você relacione pobreza, exclusão e inclusão social com as principais preocupações da Psicologia
Comunitária.
C
um conceito que incorpora à dimensão do afeto critérios que se entrelaçam com dimensões econômicas e políticas de dor e
tristeza.
D uma condição patológica que aflige os indivíduos de uma sociedade separadamente.
E um conceito que recusa a incorporação de questões sociais para as análises da subjetividade.
Responder

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Desigualdade econômica: uma forma de exclusão social
Façamos um exercício mental: repare no mundo, no seu continente, no seu país, na sua cidade, no seu bairro e na sua rua. Repare em você mesmo
na relação com os outros a sua volta. Reflita:
Todos ocupam o mesmo lugar social, econômico, simbólico e cultural?
Você consegue identificar que há uma diferença nos modos de existir e estar no mundo, quando se leva em consideração as condições
econômicas e sociais das pessoas e das comunidades?
Perceba que, mais do que diferenças individuais, o que há no mundo são desigualdades históricas, que permitem (ou não) o direito à vida digna de
formas muito distintas para a maior parte da população.
Algumas questões pertinentes: a pobreza é culpa de quem é pobre? Quem é pobre assim o é porque decidiu ter a miserabilidade como modelo de
vida? A desigualdade social empobrece a possibilidade de ser gente, de ter autonomia, de gestar o caminho da própria vida. Isso porque a lógica que
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distribui o poder na sociedade de forma distinta permite que alguns grupos sociais tenham mais poder de agir do que outros. Quem tem mais poder
de fazer escolhas nesse mundo: pobres ou ricos? Quem pode escolher o que comer, o que vestir e para onde viajar no final de ano?
Como exemplo, podemos comparar o filho de um carvoeiro do interior pobre de algum estado brasileiro com o filho do Elon Musk (CEO da SpaceX e
Tesla), bilionário, com fortuna avaliada em um trilhão de dólares pela Forbes, atualmente o homem mais rico do mundo.
Nesse exemplo, podemos identificar:
Carvoeiro
De um lado, o filho de um trabalhador que, quase sempre, se encontra em situação de trabalho análogo à escravidão, na atividade de
carbonização da madeira.
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Elon Musk
Do outro, um rapaz que herda uma quantidade de dinheiro que jamais acabará pelo resto da vida das gerações seguintes de todos os herdeiros
da “dinastia Musk”.
É possível dizer que esses sujeitos, individualmente, são iguais? Que eles ocupam o mesmo lugar no mundo?
Você poderia dizer também: eles têm trajetórias distintas. E é normal que haja diferença no mundo. Certamente, toda diferença é bem-vinda, mas
quando a diferença impede alguém de acessar direitos e condições de vida digna, já não estamos mais falando apenas de diferenças.
Mais do que distintos, os exemplos desses dois “tipos” de famílias são exemplos de trajetórias desiguais.
Isso quer dizer que há um sistema estruturante da sociedade que os mantém em condições hierárquicas distintas. Em que a trajetória de um vale
mais do que a do outro.
Mais do que diferentes, esses sujeitos possuem lugares em uma hierarquia social muito desigual. Isso significa que a trajetória de vida desses dois
sujeitos não são a mesma coisa. Eles não partem do mesmo ponto de partida e muito possivelmente não chegarão a um mesmo ponto de chegada.
Isso porque a disponibilidade de “poder fazer algo” em suas vidas é muito diferente. Nesse caso, o abismo entre uma trajetória e outra é tão
radicalmente considerável que, enquanto o filho do carvoeiro deve passar fome e ter doenças associadas à ausência de saneamento básico aos 20
e poucos anos, com a mesma idade, o filho de Musk deve estar estudando e escolhendo qual cargo terá em alguma empresa do pai.
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Os termos diferença e desigualdade
Pense sobre as palavras:
Diferença
É um termo que pode incorrer no erro de localizar um processo histórico de violação de direitos “dentro” dos indivíduos. Como se tudo
fosse responsabilidade do sujeito, inclusive a sua condição de precariedade.
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Dessa forma, a diferença pode ser tanto natural (como a cor dos olhos e a textura dos cabelos) ou construída socialmente (como determinadas
habilidades que homens e mulheres exercem “melhor” por questões culturais).
A desigualdade — sinônimo de circunstâncias que privilegiam alguns em detrimento de outros — é construída socialmente e vem junto a uma ideia
de injustiça, por não garantir condições de equidadepara que as distintas diferenças — sejam biológicas ou sociais — tenham o mesmo valor: o
mesmo poder, por assim dizer.
Voltando ao exemplo do filho do carvoeiro, por mais que ele se esforce pela via do trabalho, ele jamais conseguirá obter todo o dinheiro que a família
Musk acumula em sua vida e que é herdado pelo filho do trilionário. Vamos a novas reflexões:
A própria ideia de que há homens bi e trilionários, no mundo, é um tanto desigual, não?
Será mesmo que essas famílias super-ricas chegaram aonde chegaram pela força do trabalho?
Recebendo um salário comum por 40 horas de trabalho semanais?
Se vários de nós trabalhamos muito até exaurir, por que apenas alguns poucos sujeitos se tornam milionários?
A desigualdade produz exclusões de todas as formas possíveis: na saúde, na cultura, na educação, na beleza etc. A desigualdade produz um padrão
de normalidade. E tudo que sai dessa norma é patologizado, visto como estranho, como anormal.
Para trabalhar estes temas de forma transversal, será fundamental manter uma perspectiva não-essencialista
em relação às diferenças. A adoção dessa perspectiva justifica-se eticamente, uma vez que o processo de
Re�exão
O fato de homens ocuparem a maioria dos cargos políticos e de uma parte considerável das mulheres terem jornadas laborais duplas, por
trabalharem formalmente e ainda terem que se responsabilizar pelos deveres domésticos familiares, aponta para uma desigualdade.
Porque, nessa diferença de atitudes e ações, há uma injustiça: mulheres se exaurem mais, ficam mais cansadas, culpam-se mais por “não
darem conta” do recado nas atividades domésticas e no trabalho externo. Sentem-se mais responsáveis pela educação dos filhos, o que
lhes priva de tempo para descanso e para investirem em si mesmas. Mais do que uma diferença cultural, as distintas atitudes de homens e
mulheres no que diz respeito à tensão trabalho e família prejudicam as mulheres mais do que os homens.
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naturalização das diferenças étnico-raciais, de gênero ou de orientação sexual, que marcou os séculos XIX e
XX, vinculou-se à restrição do acesso à cidadania a negros, indígenas, mulheres e homossexuais.
(CARRARA, 2009, p. 13)
Inicialmente, nunca foi um problema ser preto ou branco. Ser heterossexual ou homossexual. Ser homem ou ser mulher. No entanto, o que deveria
ser apenas uma diferença acabou se tornando desigualdade quando o mundo ocidental transformou essas diferenças em mais ou menos
qualidades humanas.
Como exemplo, tem-se que heterossexuais seriam mais moralmente qualificados que os LGBTQIA+. Estes últimos, por sua vez, seriam promíscuos.
Mais do que diferentes, esses grupos são lidos, humanamente, em uma hierarquia de valor: um vale mais que outro. Aí habita a desigualdade.
Em um país como o Brasil, em que se teve escravidão por mais de três séculos, há gente que acredita que o fato de ter mais negros nas favelas e
em situação precária de vida é uma “coincidência”.
As situações de desigualdade entre brancos e negros, no Brasil, não é natural. Foi e tem sido uma construção em função das escolhas coloniais
racistas que esse país fez para que Portugal e a Europa pudessem enriquecer às custas de vidas negras e indígenas exploradas.
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Esse é mais um exemplo de como diferenças se tornam desigualdades por processos históricos e políticos.
Se a desigualdade exclui porque ela desumaniza o outro e o impede de ter uma vida digna e plena no mundo compartilhado, é preciso pensar em
como reverter essa exclusão, correto? Pensemos, então:
Como é possível combater a exclusão social?
Pelo seu contrário? A inclusão?
Como isso poderia ser feito na prática?
A perspectiva não essencialista em relação às diferenças
Assista ao vídeo a seguir para compreender a perspectiva não essencialista em relação às diferenças.
Inclusão social: incluir onde e de que forma?
Discutir sobre a inclusão social obriga-nos a tomar uma posição sobre o que entendemos como mudança social. Afinal, iremos incluir sujeitos e
comunidades historicamente oprimidos de qual modo na sociedade? É preciso saber qual visão de sujeito ocupa a perspectiva da chamada
“inclusão social”. Isso porque é preciso partir de uma perspectiva de uma inclusão ativa e transformadora. E não de adaptar sujeitos, em situação de
violação de direito, às regras do jogo que são violentas e degradantes para um projeto humano mais justo.
O que desejamos com a inclusão?

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Inclusão, nesse sentido, deve ser o ato organizado de propor estratégias administrativas, políticas, econômicas que
movimentem organizações, empresas, instituições, coletivos e, sobretudo, a sociedade a reconhecer a ausência de
alguns grupos sociais em locais de poder, decisão e representatividade.
Além do reconhecimento da ausência de alguns grupos sociais, a inclusão é também um ato deliberado de promover ações e mudanças que
recebam, compreendam e valorizem as demandas desses grupos historicamente subalternizados.
Casa Brota, primeiro espaço de coworking do Complexo do Alemão.
A inclusão serve para que todos se responsabilizem pela desigualdade social que assola o mundo, de modo a permitir que os excluídos possam
participar do jogo societário, assim como qualquer outro sujeito ou povo.
Pensar uma inclusão crítica que seja capaz de duvidar dos jogos da sociedade e se permita questioná-la exige uma visão de sujeito e sociedade que
não tome as dinâmicas sociais como natureza. Muito pelo contrário, é preciso tomá-las como construções sociais que podem se alterar a depender
do que um conjunto de pessoas desejam em determinado momento da sociedade.
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A vertente sócio-histórica da Psicologia
A Psicologia Sócio-histórica se dedica à compreensão das relações de poder da sociedade que constituem a subjetividade, de modo que se rompa
com a separação arbitrária entre o social e o particular.
Isso implica entender que a desigualdade social produz sofrimento, medo, ressentimento e humilhação. No entanto, as experiências desiguais não
sobredeterminam os sujeitos sem que haja a possibilidade de questionamento. E é desse lugar tenso e paradoxal que habita, também, o desejo de
romper com a desigualdade. E, dessa forma, a vontade de ser feliz e ter esperança por um mundo menos desigual se faz presente até mesmo
naquelas trajetórias que julgamos tão precárias e tristes. A partir dessa perspectiva, a subjetividade e as estruturas sociais se desestabilizam,
produzindo novas possibilidades de sujeito e de sociedade (SAWAIA, 2009).
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Movimentos sociais protestam em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre.
A inclusão social, que marca a vontade de um mundo melhor dos sujeitos que lutam por liberdade coletiva, deve ser, antes de uma benevolência do
Estado, uma conquista do povo.
Quando algo é conquistado pela força dos movimentos sociais, essa conquista se torna uma esperança que se mantém acesa pelo tempo,
justamente porque o povo entende a dificuldade da conquista da dignidade e da cidadania para aqueles que não se encontram em posições de
privilégio na sociedade.
Por outro lado, quando algo é “dado” pelo Estado, isso pode ser retirado, a qualquer momento, pelos governantes que se encontram no poder. Dito
isso, é importante que saibamos que os direitos sociais precisamestar na dimensão cotidiana de uma população e não devem operar como algo
distante, tampouco como um favor dos mais poderosos.
A luta precisa ser cotidiana e fazer sentido, a partir das demandas reais do povo para que a cidadania plena e
universal não seja esvaziada de afetos e interesses verdadeiros daqueles que mais precisam dela.
Há várias formas de inclusão social:
Cotas em universidades públicas e concursos públicos para negros e indígenas oriundos de escolas públicas e para estudantes de escolas
públicas em geral.
Inclusão de pessoas com deficiência e transtornos de aprendizagem em escolas regulares.
Programas de assistência social a pessoas de baixa renda e pessoas em situação de vulnerabilidade social, como moradores de rua.
Programas de profissionalização de jovens oriundos de famílias carentes.
Programas de assistência psicossocial e profissionalização de homossexuais, transexuais e travestis.
Acessibilidade para pessoas com deficiência, como cegos, surdos e cadeirantes, em espaços públicos ou espaços coletivos geridos pela
iniciativa privada, além da acessibilidade em calçadas e passarelas do passeio público.
Todos esses processos não podem ocorrer sem que se debata e se transforme a própria sociedade que, historicamente, exclui esses sujeitos. A
inclusão, nesse sentido, deve ser feita para contribuir para que os sujeitos entrem no modelo societário vigente, para que eles possam desmantelar
esse sistema a partir dele. E não de fora.
É preciso incluir para que se imploda as lógicas que excluem alguns grupos.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Desigualdade econômica: uma forma de exclusão social
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Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Inclusão social
Questão 1
Sobre a diferença e a desigualdade, afirma-se que

Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A ambas se referem a processos biopsicossociais e por isso são sinônimos.
B a diferença diz respeito a dimensões biológicas e a desigualdade a aspectos mais sócio-históricos.
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Questão 2
Em relação à concepção de inclusão social, compreende-se que
C a diferença e a desigualdade se referem a aspectos biológicos.
D a diferença e a desigualdade se referem a aspectos mais sociais, históricos e políticos.
E a diferença aponta para relações de poder assimétricas construídas pela sociedade.
Responder
A é preciso que aqueles que vivem a desigualdade social se adaptem às regras do jogo vigente no contemporâneo.
B a sociedade seja vista como uma natureza imutável para uma melhor inclusão.
C as reservas de vagas para grupos minoritários não são bons exemplos de inclusão social.
D esse processo deve ser feito a partir de uma concepção mais determinista de sujeito.
E
uma postura crítica é primordial para que se incluam sujeitos excluídos, sem que eles se submetam às dominações que os
violam.
Responder
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3
Formas de dominação
Ao final deste módulo, esperamos que você identifique formas de dominação e alternativas de combate.
De�nição de poder
Alguns conceitos são primordiais para que possamos compreender a práxis da Psicologia Comunitária no contexto da desigualdade social latino-
brasileira. Dominação é um deles. Esse não é um conceito simples, tampouco há consenso sobre essa definição nas humanidades. Aqui,
adotaremos a perspectiva apresentada por Pedrinho A. Guareschi (1996).
Antes de falarmos sobre dominação, é preciso compreender o conceito de poder, para não cairmos em algumas armadilhas do senso comum.
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Michel Foucault.
Há um autor — filósofo, historiador das ideias, teórico social, filólogo, crítico literário e professor — muito famoso por suas contribuições aos
estudos sobre o poder: Michel Foucault. Ao longo de sua vasta obra, Foucault qualifica o que entende como sendo essa dimensão.
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Para Foucault, o poder acontece como uma relação de forças. Desse modo, como relação de forças, o poder está em todas as partes. Todas as
pessoas estão envolvidas por relações de poder e não podem ser consideradas independente delas ou alheias a elas (BRÍGIDO, 2013, p. 60). Dessa
maneira, segundo Foucault, o poder não existe de forma isolada. Ele se apresenta nas relações que as pessoas estabelecem entre si, agindo em
toda a sociedade, atuando com uma força que pode coagir, disciplinar ou controlar os indivíduos que fazem parte dela.
Assim, as relações de poder sempre podem ser reatualizadas ou reformuladas respondendo às necessidades do local e do momento em questão.
De�nição de dominação
Dominação precisa ser compreendida como uma “relação” entre indivíduos e/ou coletivos, em que um dos agentes envolvidos expropria, rouba,
apodera-se do poder e da capacidade dos outros. Ou seja, dominação é a relação que transforma diferenças em motivações ideológicas para a
construção de desigualdade.
Portanto, dominação aponta para a construção e o estabelecimento de relações assimétricas, desiguais, injustas, relações que fomentam a violação
de direitos e a dignidade humana.
Essa distinção é muito estratégica, pois de repente nos damos conta de que todos têm poder, até mesmo
aquelas pessoas que ‘oficialmente’ não exercem ou não ocupam posições de ‘poder’. Mas, na prática, são (as
que ocupam os lugares de poder oficiais) as que fazem tudo, ou quase tudo, pois têm capacidade, ‘podem’
fazer essas coisas.
(GUARESCHI, 1996, p. 90)
Dominação é, nessa direção, um conceito que precisa ser estudado em Psicologia Social Comunitária, para que se compreenda como determinada
norma social ganha status de verdade e se torna um consenso em uma sociedade autoritária, que viola a sua própria população. É preciso
compreender como o poder do Estado — em sua vertente autoritária e violenta — exerce pressão sobre a sua população e a impede de alcançar
status de civilidade e cidadania, tendo como horizonte o bem comum.
Paralelamente, é preciso também buscar a perspectiva de propostas de ação e poder que investem em modelos de vidas extraordinários, isto é, que
se empenham na construção “de mundos menos organizados por eixos de dominação”, como afirma a feminista norte-americana Donna Haraway
(1995, p. 24).
Você consegue pensar em como há relações de poder e de dominação nas suas relações cotidianas e sociais?
Pense, por exemplo, na relação de poder que habita o espaço da sala de aula. O professor pode um tanto de coisa do lugar que ele ocupa. Os alunos
também, correto? Se, por um lado, o professor tem o poder da nota e certamente comanda mais na hora de criar o critério de correção das
avalições, os alunos encontram-se menos expostos na sala de aula, já que no centro da exposição se encontra o professor.
Perceba que, na mesma cena, o poder de algo circula entre ambos os atores sociais desse ambiente. Até aí, é o poder. Não há nada demais. Apenas
uma potência de fazer algo.
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O professor, por exemplo, poderia criar um critério mais ou menos rígido para a correção, em função de vários motivos. Os alunos podem ou não
querer discordar dospensamentos do professor. Ambos os personagens podem algo.
A dominação seria fazer um uso autoritário — antidemocrático e violento — desse poder.
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Percebem a diferença entre poder e dominação? De maneira resumida:
Poder
O poder é bem-vindo como força de movimentação no convívio social, como algo que pertence ao âmbito humano: esse empuxo à ação.
Dominação
Por outro lado, a dominação contamina e destrói as relações porque seu fim é anular o outro.
A partir desses exemplos, você consegue pensar se é possível viver em um mundo com relações menos autoritárias? E de que forma podemos
construir esse mundo?
Diferença entre poder e dominação
Entenda a diferença entre poder e dominação e a definição de poder segundo Foucault.
Exemplo
O professor pode usar o “poder da caneta” para perseguir um aluno de quem ele não tem tanto apreço. Ao mesmo tempo, os alunos
podem filmar alguma fala mais polêmica do professor — sobre política, por exemplo — e postar isso na internet, fora de contexto, apenas
para ver “o circo pegar fogo”.

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O sofrimento e as formas de dominação
Segundo Pedrinho A. Guareschi (1996), na sociedade capitalista, somos treinados para concordar que a pobreza é um grave problema da história
mundial. Ainda que não tenhamos construído saídas sistemáticas para acabar com esse problema sistêmico.
A dominação de classe, portanto, diz respeito à desigualdade econômica, sistematicamente produzida pelo sistema econômico capitalista que, ao
defender o lucro como modelo econômico, naturaliza a exploração dos trabalhadores como modelo de vida justo.
Veja que os sistemas de dominação produzem sintomas, problemas e questões diretamente relacionados aos problemas da vida cotidiana: o
sofrimento ético-político. Retomamos esse termo, sustentado por Bader Sawaia e sua equipe de pesquisadores, justamente porque é importante
pensar sobre os sofrimentos que são causados, não por motivos privados, mas por sofrimentos, tensões e conflitos gestados no mal-estar da
servidão, da heteronomia, da injustiça. Vejamos o que é o sofrimento ético-político para Sawaia:
[...] sofrimento que se cristaliza na forma de potência de padecimento, isto é, de reação e não de ação, na
medida em que as condições sociais se mantêm, transformando-se em um estado permanente da existência. É
o sofrimento, por exemplo, do homem em situação de pobreza que, amedrontado, fraco e muitas vezes
deslumbrado com a vida de luxo, vive a ilusão de liberdade e espera recompensas, ou mesmo remete a
possibilidade de felicidade e liberdade sempre ao futuro (paradigma da redenção).
(SAWAIA, 2010, p. 370)
A primeira grande forma de dominação, portanto, é a econômica. Mas haveria outros sistemas de poder capazes de gerar tamanho sofrimento ético-
político tal qual a pobreza? É importante reconhecer como as questões de classe e pobreza produzem um mundo economicamente frágil e
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miserável. Mas esse não é o único problema. Há outros sistemas de subjugação da humanidade que produzem outras formas de dominação.
Sobretudo no âmbito cultural-político. Confira quais são!
Certamente, há outros sistemas de dominação, mas esses são os apresentados nesse material. É importante entender esses sistemas,
principalmente, para que possamos pensar na construção de um mundo mais justo.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
De�nição de poder segundo Foucault
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Formas de dominação e o sofrimento derivado
Dominação econômica 
Dominação de gênero 
Dominação de sexualidade 
Dominação racial 
Saiba mais
Mais do que descrever esses sistemas, é preciso analisá-los para saber como é possível quebrá-los e construir mundos menos formados
por violações de direitos. Muito pelo contrário, é preciso pensar em como construir um mundo justo, comum, equitativo em que todos
possam bem-viver.
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Questão 1
A partir do que foi compartilhado no módulo, entende-se por poder

Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A uma força que pertenceria apenas aos poderosos de uma sociedade.
B um sinônimo de dominação.
C um conceito que analisa as capacidades de ação dos grupos humanos.
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Questão 2
Acerca da dominação e suas expressões, compreende-se que
4
D um conceito utilizado, sobretudo, para exercer o mal e a desigualdade na sociedade.
E uma força utilizada, principalmente, por aqueles que resistem às dominações autoritárias.
Responder
A o conceito se refere, única e exclusivamente, às dimensões de classe e de pobreza.
B o conceito aponta para uma forma de distribuição de poder de forma democrática.
C o conceito quer analisar como relações de poder autoritárias se organizam entre distintos grupos.
D o conceito não consegue descrever variadas formas de desigualdade.
E o conceito é sinônimo de relações comunitárias.
Responder

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Construindo uma sociedade mais justa
Ao final deste módulo, esperamos que você identifique estratégias para uma sociedade mais justa.
Rompendo com a desigualdade: quais caminhos são possíveis?
Como é possível romper com o ciclo de violação de direitos de sociedades forjadas em lógicas de dominação que produzem desigualdades
sistêmicas? O que poderia colaborar para o combate das relações de dominação?
Vamos analisar: de acordo com os princípios da Psicologia Comunitária, é primordial apresentar quais seriam os caminhos que embasam uma
prática comunitária. Isto é, quais caminhos conduzem a uma sociedade verdadeiramente democrática, participativa e igualitária.
As relações comunitárias que constituem uma verdadeira comunidade são relações igualitárias, que se dão
entre pessoas que possuem iguais direitos e deveres. Essas relações implicam que todos possam ter vez e voz,
que todos sejam reconhecidos em sua singularidade, onde as diferenças sejam respeitadas. E mais: as
relações comunitárias implicam, também, a existência de uma dimensão afetiva, implicam que as pessoas
sejam amadas, estimadas e benquistas.
(GUARESCHI, 1996, p. 96)
Como é possível garantir, então, que pessoas possam “ter vez e voz” e sejam reconhecidas como sujeitos humanos em reciprocidade de garantia de
direitos e deveres?
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Movimento social protesta para reivindicar moradias populares, na Avenida Paulista.
Há um conjunto de movimentações sociais que intencionam mudar a sociedade e garantir que haja maior pluralidade de vozes em espaços de
representação e decisão sobre os rumos do Brasil.
Esses grupos organizados transformam suas experiências em pontos de vista válidos para contribuir na construção do mundo. Grupos, por assim
dizer, dominados por um poder central autoritário têm se revoltado contra as relações de poder que os impedem de acessar condições de vidas
dignas. E, por isso, eles têm reivindicado direitos por se sentir insatisfeitos com suas situaçõesem uma realidade histórica.
Isso é o que acompanhamos quando grupos e comunidades historicamente subalternizados coletivizam suas experiências de sofrimento e
politizam seus desejos de uma sociedade mais democrática. Essas identidades coletivas e políticas lutam por um mundo mais justo e que
considere um processo de humanização das suas experiências. Esses coletivos, os movimentos sociais, transmutam dores e tristezas em
potências reivindicatórias para a sociedade como um todo.
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É o caso do Movimento Feminista, do Movimento Negro, do Movimento LGBTQIA+, do Movimento dos
Trabalhadores Rurais e Sem Terra, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto etc. Todos esses grupos têm
tentado reinventar outros mundos possíveis por meio de ação coletiva e movimentos sociais.
Mundos em que suas questões sejam ouvidas, reparadas e pensadas como condições sem as quais impossibilitamos a democracia em toda a sua
potência e radicalidade. É preciso aprender a dialogar com vozes plurais e aprender com os movimentos sociais. O que eles têm a nos ensinar?
Podemos e devemos fazer críticas a eles, mas dispensá-los do debate democrático seria uma perda enorme para a sociedade. Justamente porque
esses coletivos propõem vários modelos de sociedade.
Podemos, agora, apresentar alguns desses movimentos.
Alguns exemplos de movimentos sociais
Esse trabalho não pretende, de modo algum, universalizar definições de movimentos sociais. Isso porque eles possuem tensões internas que,
muitas vezes, não se apresentam publicamente por uma série de fatores e estratégias. É impossível definir qualquer movimento social a partir de
um conceito único.
Mas podemos apresentar, em linhas gerais, como alguns movimentos sociais se organizam em torno de algumas bandeiras políticas que propõem
novas possibilidades de mundo. Um mundo mais comunitário e menos dominado. Vejamos alguns exemplos.
Feminsmo
Teoria política e movimento militante que, a partir da experiência plural das mulheres, pretende propor e organizar um
mundo marcado por menos eixos de opressão entre o gênero masculino e o feminino.
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É importante considerar que todos os direitos e condições mínimas de vida que existem no Brasil sempre foram resultado de muita luta da
sociedade civil organizada.
O Estado brasileiro nunca se responsabilizou de prontidão a garantir direitos à população. Toda conquista a favor do povo
foi luta do povo.
Podemos fazer críticas aos movimentos sociais, mas seria um desperdício não os escutar, correto?
Podemos e devemos discordar de pensamentos e propostas que não se alinham ao que nós e nossas comunidades desejamos. O que não
podemos, jamais, é nos impedir de debater esses projetos pela via do argumento. A ciência, assim como a democracia, é o campo do argumento e
não dos fundamentalismos.
Pensar é mudar de pensamento! Sempre.
A Psicologia e seu compromisso social
No fim da década de 1970 e, principalmente, nos anos 1980 — a partir das movimentações críticas que já se realizavam em outros territórios latinos
—, a realidade da maioria da população brasileira, em situação de desigualdade econômica, é tomada como campo de estudo e intervenção em
Psicologia Social, o que começa a se constituir como uma perspectiva psicossocial, com o viés da transformação social mais amplamente
comunitário e de combate aos interesses das elites brasileiras (BOCK et al., 2007).
Toda essa efervescência foi capaz de chamar a Psicologia latino-brasileira a se reorganizar e a se posicionar diante do mundo político, assumindo
um compromisso social com a garantia de uma sociedade mais justa e igualitária.
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Ao sair, unicamente, da clínica e dos espaços privados, a Psicologia começa a assumir que ela possui compromisso com a sua sociedade. Que
compromisso seria esse? Essa Psicologia Social latino-brasileira ganha o status de um campo acadêmico — e não uma disciplina — ao se revelar
transdisciplinar, qualitativa e possível, a partir de problemas e cenários concretos que demandariam, então, conceitos, teorias, métodos e projetos
ético-políticos de análise-intervenção, tendo em vista uma relação próxima/participativa com esses mesmos problemas.
O horizonte era explicitar que havia um intenso vínculo da Psicologia com as ideologias da elite e, então, colocava-
se uma necessidade de se redirecionar a produção desse conhecimento e da prática social pelo reconhecimento do
caráter histórico dos fenômenos sociopolíticos e subjetivos.
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O sujeito, portanto, era um ator ativo e histórico com potências propositivas, criativas e inventivas capazes de mudar as regras dos jogos societários
que mantinham a sociedade e os sujeitos em situação de desigualdade e de opressão. O psicólogo, diante do psiquismo, deveria colaborar no
sentido de analisar os mecanismos que alienam os sujeitos, para conscientizá-los e colaborar para um novo projeto humano mais justo e igualitário.
Grande parcela da população brasileira permaneceu sem contar com serviços e ações estatais que pudessem colaborar para a manutenção de
mínimos pactos dignos e civilizatórios na gestão da população.
A Psicologia tem se somado ao amplo projeto de redemocratização, iniciado a partir de 1985, por meio de lutas — agora, protagonizadas por uma
infinidade de atores e atrizes sociais interessados em um novo projeto de Brasil.
Comentário
Essa Psicologia começa a construir um projeto de transformação social que vai se incorporando, sobretudo, às políticas públicas. A crise
da ciência e profissão da Psicologia, que abre espaço para o paradigma do compromisso social, não sem sentido, ocorreu junto com
período em que a sociedade civil demanda a presença do poder público na garantia de direitos e cidadania.
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A Psicologia tem se somado ao amplo projeto de redemocratização, iniciado a partir de 1985, por meio de lutas — agora, protagonizadas por uma
infinidade de atores e atrizes sociais interessados em um novo projeto de Brasil.
Lutas políticas no campo da tributação e da definição do gasto público juntaram-se a movimentos culturais, identitários, lutas por redistribuição
material e reconhecimento simbólico no âmbito de várias bandeiras sociais como saúde, educação, lazer, direitos sexuais e reprodutivos,
assistência etc.
O Brasil assume uma posição mais pública e coletivamente organizada em torno da ampliação de políticas públicas e dos direitos da população por
meio dos deveres do Estado. É no contexto da Constituição Cidadã, de 1988, que o Brasil fundamenta o tripé da sua seguridade social, por meio da
assistência social, da saúde e da previdência social.
Esse compromisso social foi e tem sido capaz de reorientar e redefinir os modos de intervenção teórico-técnico dos profissionais da Psicologia nos
mais variados sistemas institucionais e coletivos, convocando o profissional de Psicologia a uma prática que seja crítica e transformadora. E ainda
que essa dimensão ético-política de intervir nos rumos da sociedade — colocando-se contra toda forma de exclusão, opressão, violência e
negligência esteja presente no Código de Ética —, esse não parece ser um consenso no cotidiano de trabalho de vários psicólogos que se omitem
ou violam direitos de sujeitos.
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O compromisso social da Psicologia na construção de um mundo menos desigual e mais solidário foi iniciado anos atrás, mas permanece sendo
um grande desafio a ser construído a várias mãos no momento presente.
Como isso tem sido feito na prática?
Por meio das clínica-escolas das faculdades e universidades que atendem a baixo custo a sociedade civil.
Por meio do investimento em políticas públicas em que o psicólogo possa contribuir (saúde, assistência, lazer, educação, esporte, cultura etc.).
Por meio da construção de “preços sociais” nas clínicas privadas.
Por meio da participação junto com os movimentos sociais e as demandas da sociedade etc.
Que possamos nos inspirar nessa Psicologia, sempre em movimento, e colaborarmos nessa construção!
A Psicologia e seu compromisso social
Veja uma reflexão a respeito do papel da Psicologia na construção de um projeto de transformação social, destacando a importância de uma prática
que seja crítica e transformadora.
Re�exão
É importante desnaturalizar o discurso do compromisso social como uma cartilha técnica já preparada. Muito pelo contrário, é preciso
assumi-lo novamente como produção histórica em movimento. É necessário se inspirar nas condições que permitiram sua emergência
como saber-fazer psicossocial presente, sobretudo, nas políticas públicas, mas é preciso ir além. É essencial não cristalizar formas já
conhecidas de atuação nesses espaços e investir em novas possibilidades.
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18/01/2023 12:00 Psicologia Comunitária e a dialética exclusão-inclusão
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 4 - Vem que eu te explico!
Rompendo com a desigualdade
Módulo 4 - Vem que eu te explico!
Algumas possibilidades de mudanças
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Questão 1
Podemos entender que o papel dos movimentos sociais é
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Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A garantir os interesses e as demandas de empresários e da elite do país.
B reivindicar direitos para a maior parte da população do país.
C garantir vagas em cargos públicos.
D representar os interesses do Estado.
E discordar de tudo o que o Estado apresenta como projeto.
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Questão 2
Podemos entender o compromisso social da Psicologia como sendo
Considerações �nais
Como pudemos estudar, a Psicologia Social Comunitária latino-americana e crítica foi capaz de provocar mudanças consideráveis na construção
epistêmica, teórica, metodológica e prática da Psicologia como um todo.
Foi por meio da construção de um compromisso social da Psicologia com as demandas da sociedade e da maior parte do seu povo que a
Psicologia latino-brasileira assume um compromisso com o combate à desigualdade social desse território. Conceitos como dialética inclusão-
exclusão, poder, dominação e movimentos sociais são importantes para que a Psicologia tenha um instrumental científico potente para analisar,
intervir e transformar a realidade brasileira em direção a horizontes mais democráticos e justos.
A uma postura da Psicologia de salvar povos ignorantes de suas tragédias humanas.
B uma postura crítica e engajada de combater a desigualdade social brasileira.
C uma militância da Psicologia sem bases teóricas, mas ainda assim válida.
D uma Psicologia voltada para um processo de vingança dos ricos e dos poderosos.
E uma postura profissional que se coloca contra os procedimentos clínicos e individuais da Psicologia.
Responder
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Podcast
Neste podcast, o especialista irá refletir sobre alguns conceitos como dialética exclusão-inclusão, poder, dominação e movimentos sociais,
destacando o importante papel da Psicologia Comunitária na construção de uma sociedade mais justa.
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Referências
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Assista ao vídeo Psicologia e SUS, no portal do Conselho Federal de Psicologia. Nessa live, posteriormente registrada, o Conselho Federal de
Psicologia nos convoca a refletir sobre os 30 anos de existência do SUS no Brasil e apresenta um debate sobre o papel da Psicologia na garantia
dos direitos humanos.
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