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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC 
CENTRO DE TECNOLOGIA – CT 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL – DEHA 
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL – SANEAMENTO AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAFAHEL MARQUES MACÊDO FONTENELE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINA C EM DIFERENTES 
NÍVEIS DE ARRAÇOAMENTO NO CULTIVO DE TILÁPIA DO NILO 
(Oreochromis niloticus) EM ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2011
 
 
RAFAHEL MARQUES MACÊDO FONTENELE 
 
 
 
 
EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINA C EM DIFERENTES 
NÍVEIS DE ARRAÇOAMENTO NO CULTIVO DE TILÁPIA DO NILO 
(Oreochromis niloticus) EM ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação submetida à Coordenação 
do Curso de Pós-Graduação em 
Engenharia Civil, da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito 
parcial para a obtenção do grau de 
Mestre em Engenharia Civil. 
 
 
 
Área de concentração: Saneamento 
Ambiental 
 
Orientador: Prof. Dr. Francisco 
Suetônio Bastos Mota 
 
 
 
FORTALEZA 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia - BPGE 
 
 
F763e Fontenele, Rafahel Marques Macêdo. 
Efeitos da suplementação com vitamina C em diferentes níveis de arraçoamento no 
cultivo de Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticos) em esgoto doméstico tratado / Rafahel 
Marques Macêdo Fontenele. – 2011. 
152 f. : il. color., enc. ; 30 cm. 
 
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, 
Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia Civil, Fortaleza, 2011. 
Área de Concentração: Saneamento Ambiental 
Orientação: Prof. Dr. Francisco Suetônio Bastos Mota. 
 
1. Saneamento. 2. Piscicultura. 3. Águas residuais. I. Título. 
 
 CDD 628 
 
 
 
 
 
RAFAHEL MARQUES MACÊDO FONTENELE 
 
 
 
 
EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINA C EM DIFERENTES 
NÍVEIS DE ARRAÇOAMENTO NO CULTIVO DE TILÁPIA DO NILO 
(Oreochromis niloticus) EM ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO 
 
 
 
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em 
Engenharia Civil, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a 
obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil, na área de concentração em 
Saneamento Ambiental. 
 
Aprovada em: / / 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
__________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Francisco Suetônio Bastos Mota (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará – UFC 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
Prof. Dr. André Bezerra dos Santos (Examinador Interno) 
Universidade Federal do Ceará – UFC 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Aldeney Andrade Soares Filho (Examinador Externo) 
Universidade Estadual do Ceará – UECE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus 
pais e minha namorada, por 
todo carinho e dedicação 
durante todo o período de 
mestrado. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente a DEUS, meu mentor maior, que, em todos os momentos me 
assistiu e me iluminou, dando-me sabedoria e direção, durante o desenvolvimento deste 
trabalho. 
 
Ao Prof. Suetônio Mota, pela orientação, apoio e confiança dada durante a 
realização deste trabalho. 
 
Aos meus pais, João Flávio e Ilca, pelo apoio e dedicação para a realização 
deste mestrado. 
 
À minha namorada e amiga Joana Cláudia, por todo amor, conselhos e 
incentivos desde a decisão de cursar esse mestrado até o seu final. 
 
Ao meu amigo Emanuel Santos, “o cara do reúso em piscicultura”, por todo 
apoio, tanto direto quanto indireto na realização deste trabalho, e por sempre me 
incentivar, encorajar com palavras de força e dar uns “puxões de orelha” quando foi 
preciso durante todo o período deste curso, não sendo somente meu parceiro de 
trabalho, mas um grande amigo no dia-a-dia. 
 
Ao Projeto Educacional Coração de Estudante (PRECE) e todos que fazem 
parte do mesmo, pois foram fundamentais no meu desenvolvimento estudantil desde 
antes do ingresso na faculdade. 
 
Ao meu parceiro de graduação e mestrado Wictor Edney, por me desafiar no 
ingresso deste. 
 
Ao grande Diassis, por seus serviços prestados no Centro de Pesquisa em 
Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, sempre tomando os devidos cuidados no 
cultivo dos peixes. 
 
Ao Prof. Moisés Oliveira, por suas sugestões e apoio durante a pesquisa. 
 
À Prof. Rosemeiry, pela ajuda na metodologia da análise econômica. 
 
À minha amiga Livia Maria, pela realização das análises e coleta de água 
durante o período experimental. 
 
Aos bolsistas de graduação do Labosan Lucas Falcão e Jéssica Brito, pela 
colaboração nas análises e coleta da água durante o experimento. 
 
A todos os colegas do Labosan, Carlos Henrique, Antônio, Joana, Márcia, 
Germana, Neilyane, Patrícia, Ivens, Marcos Erick, Paulo Igor e o grande Zé Gilmar, 
pelos momentos de alegria e descontração nos trabalhos laboratoriais. 
 
 
A todos os colegas do mestrado em Saneamento Ambiental, em particular à 
Victor Cochrane, Ítalo Lima, Fernando Vitor e Carla Bastos, por dividir os momentos 
de alegria e de aflição durante as disciplinas cursadas. 
 
À Prof. Regine Vieira e sua equipe do Laboratório de Microbiologia do 
Labomar, pelas análises da qualidade microbiológica dos peixes. 
 
A todos os professores do mestrado que direta ou indiretamente 
colaboraram com ensinamentos valiosos que formaram a base necessária ao 
desenvolvimento do trabalho. 
 
Aos funcionários do DEHA da UFC, Sheila e Junior, pelos serviços 
prestados sempre com atenção e simpatia. 
 
À CAPES, pelo financiamento com uma bolsa de estudo durante o este 
mestrado. 
 
À CAGECE, pela parceria com o nosso grupo de pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Avaliou-se o efeito da suplementação com Vitamina C em diferentes taxas de 
arraçoamento no cultivo de tilápia do Nilo (Oreohromis niloticus), em esgoto doméstico 
tratado. Para isso, foram utilizados nove viveiros com 50 m³ de volume, cada, os quais 
foram abastecidos com esgoto doméstico tratado proveniente de um sistema de Lagoas 
de Estabilização, em três tratamentos: T 01 – 50% da ração indicada pelo fabricante 
suplementada com vitamina C; T 02 – 25% da ração indicada pelo fabricante 
suplementada com vitamina C e T 03 – 50% da ração indicada pelo fabricante sem 
suplementação alimentar. Os viveiros foram povoados com alevinos de tilápia do Nilo 
revertidos sexualmente para machos com peso médio de 1,5 g e densidade de estocagem 
de 03 alevinos m
-
³. Foi avaliada a qualidade da água de reúso afluente aos tanques e a 
água de cultivo dos tratamentos experimentais por meio dos parâmetros físico-químicos 
e biológicos. Verificou-se, também, a qualidade microbiológica de três tecidos do 
pescado para mensurar a segurança alimentar da prática do uso de efluentes domésticos 
tratados na aquicultura. Uma análise da viabilidade econômica da atividade foi realizada 
de forma simplicada para os tratamentos testados. Foi verificado o tempo de duração do 
estado de rigor mortis do pescado produzido em esgoto doméstico, com e sem 
depuração, verificando ainda o efeito da forma de abate por hipotermia e com uso de 
eugenol. Os dados coletados foram submetidos à ANOVA e ao teste de Tukey para 
significância de 5,0%. Os resultados obtidos para os Tratamentos 01, 02 e 03, 
respectivamente, foram: crescimento diário, 0,16±0,02a, 0,16±0,01a e 0,17±0,02a cm 
dia
-1
; ganho de peso diário, 1,44±0,29a, 1,27±0,16a e 1,24±0,16a gdia
-1
; produtividade, 
43,24±8,76a, 37,66±4,65a e 37,20±4,85a kg ha
-1
 dia
-1
; taxa de sobrevivência, 100%, 
98,67% e 100%. Os parâmetros de qualidades de água avaliados demonstraram 
viabilidade para o cultivo de tilápias utilizando esgoto tratado. A qualidade 
microbiológica das tilápias produzidas ficou dentro dos padrões estabelecidos pela 
ANVISA, reforçando a segurança alimentar do uso de esgoto doméstico no cultivo de 
peixes, seguindo as condições experimentais usadas neste experimento. O Tratamento 
02 apresentou o melhor resultado econômico entre os tratamentos testados, pois teve 
maior Receita Líquida Parcial, indicando que a atividade é lucrativa, já que esse 
tratamento utilizou metade da quantidade de ração usada nos outros tratamentos. Os 
resultados desta pesquisa mostraram que as tilápias produzidas apresentaram resolução 
do rigor mortis mais demorada, quando comparada com os resultados disponíveis na 
literatura, demonstrando que o meio de cultivo rico em alimento natural aumenta os 
níveis energéticos dos peixes, e proporciona uma vida de prateleira mais longa e tempo 
maior para realização do beneficiamento do pescado produzido. 
 
Palavras-chave: Reúso em piscicultura; Oreochromis niloticus; Vitamina C; Piscicultura 
com esgoto. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The effect of supplementation was evaluated with vitamin C at different feeding rates in 
the cultivation of Nile tilapia (Oreohromis niloticus) on effluent of wastewater plant. 
For this, nine tanks were used with 50 m³ volume, which there were supplied with 
treated domestic sewage from a system of stabilization ponds in three treatments: T 01 - 
50% of the ration (fish food) provided by the manufacturer supplemented with Vitamin 
C; T 02 - 25% of the ration (fish food) provided by the manufacturer supplemented with 
Vitamin C and T 03 - 50% of the ration (fish food) provided by the manufacturer 
without supplemental feeding. The fishponds were populated with fingerlings of Nile 
tilapia, sexually reverted to males, with average weight of 1.5 g and stocking density of 
three fingerlingsm
-
³. The quality of reuse water tanks and water tributary to the 
cultivation of the experimental treatments by physico-chemical and biological were 
evaluated. Furthermore, the microbiological quality of three tissues was verified using 
the standards proposed by ANVISA Resolution No. 12 of 2001 to measure food 
security of the practice of using treated effluents in aquaculture. To check the viability 
of economic activity, an economic analysis simplified was realized of the tested 
treatments. The duration of the state of rigor mortis of fish produced in domestic 
sewage was tested with and without effluent treatment, by checking the effect of the 
way to slaughter by hypothermia and use of eugenol. The data collected were submitted 
to ANOVA and Tukey's test for significance of 5.0% (p ≤ 0.05). The main parameters 
observed and the results obtained for the treatments 01, 02 and 03, respectively, were: 
daily growth, 0.16±0.02a, 0.16±0.01a and 0.17±0.02a cmday
-1,
 daily weight gain, 
1.44±0.29a, 1.27±0.16a and 1.24±0.16a gday
-1;
 productivity, 43.24 ± 8.76a, 37.66 ± 
4.65a and 37.20 ± 4.85a kgha
-1
day
-1;
 survival rate, 100%, 98.67% and 100%. The 
water-quality parameters evaluated were demonstrated feasibility for the cultivation of 
tilapia using treated sewage. The microbiological quality of tilapia produced was within 
the standards established by ANVISA, enhancing food security in the use of domestic 
sewage in fish culture, following the experimental conditions used in this investigation. 
Between all the tested treatments, the best economic outcome was shown for the 
treatment 2, because it had the highest partial net income, parameter that indicates the 
profit of an activity. This occurred primarily by this treatment use half the amount of 
fish food used in other treatments. To increase the consistency of the results of this 
research, the tilapia produced were shown a complete resolution of rigor mortis takes 
longer when compared with results from other researchers. The results of the index of 
rigor mortis observed were shown that the culture medium rich in natural food 
increased the energy levels of the fish, making the longer the period of rigor fish, 
preserving its quality and freshness, making it the longest shelf life and time to 
completion of processing of fish produced. 
Keywords: Reuse in pisciculture, Oreochromis niloticus, Vitamin C, Pisciculture with 
sewage. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1– Possibilidades de aproveitamento de águas residuárias. ............................................. 26 
 
Figura 2– Estratégias de uso de excretas na aquicultura. ............................................................ 35 
 
Figura 3- Exemplar de tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758). ...................... 38 
 
Figura 4– Efeito da temperatura (°C) em tilápias. ...................................................................... 43 
 
Figura 5– Efeito do pH em peixes cultivados em viveiros. ......................................................... 44 
 
Figura 6- Variação diária do pH da água em viveiros com alta e baixa alcalinidade total. ........ 45 
 
Figura 7– Variação diária da concentração de oxigênio dissolvido em viveiro de aquicultura. . 48 
 
Figura 8– Fórmula estrutural da Vitamina C............................................................................... 52 
 
Figura 9– Estrutura química do ácido L-ascórbico (esquerda) e do ácido L-dehidroascórbico 
(direita). ....................................................................................................................................... 52 
 
Figura 10– Síntese de ácido ascórbico. ....................................................................................... 54 
 
Figura 12– Deformidade na coluna vertebral de douradinho (A) e filamento branquial com 
deformidade na cartilagem de suporte em bagre-do-canal, Inctalurus punctatus (B). ................ 57 
 
Figura 11- Esquema simplificado da participação da Vitamina C na formação da matriz óssea.
 ..................................................................................................................................................... 57 
 
Figura 13 - Imagem de satélite da Estação de Tratamento de Esgoto da Cagece, destacando as 
Lagoas de Estabilização e a área experimental, Aquiraz, Ceará. ................................................ 64 
 
Figura 14– Lay-out da área experimental dos viveiros de piscicultura do Centro de Pesquisa 
sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ..................................... 65 
 
Figura 15– Viveiros experimentais do Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso 
de Águas, no município de Aquiraz, Ceará, 2010. ...................................................................... 66 
 
Figura 16– Área operacional do Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de 
Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ..................................................................................................... 67 
 
Figura 17– Transporte dos alevinos para o Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e 
Reúso de Águas, no município de Aquiraz, Ceará, 2010. ........................................................... 70 
 
Figura 18– Aclimatação dos peixes às águas dos viveiros de cultivo, Aquiraz, Ceará, 2010. .... 71 
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406469
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406473
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406480file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406480
 
Figura 19- Amostra dos alevinos que foram estocados nos Viveiros Experimentais no Centro de 
Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ...................... 72 
 
Figura 20– Coleta das amostras nos viveiros experimentais utilizando uma tarrafa no Centro de 
Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ...................... 72 
 
Figura 21– Balança utilizada durante as biometrias dos peixes no Centro de Pesquisa sobre 
Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ............................................... 73 
 
Figura 22- Método de medição do índice de Rigor Mortis. ........................................................ 79 
 
Figura 23– Curvas de temperatura do afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de 
Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ...................... 81 
 
Figura 24– Curvas de pH do afluente e dos tratamentos experimentais observados no Centro de 
Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas , Aquiraz, Ceará, 2010. ..................... 84 
 
Figura 25– Curvas de amônia não ionizada (N-NH3) do afluente e dos tratamentos 
experimentais observados no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de 
Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ..................................................................................................... 86 
 
Figura 26– Curvas de OD do afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa 
sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ..................................... 90 
 
Figura 27– Curvas de OD do afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa 
sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ..................................... 93 
 
Figura 28– Curvas da DQO e do OD nos tanques de cultivo do Tratamento 01 no Centro de 
Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ...................... 96 
 
Figura 29– Curvas da DQO e do OD nos tanques de cultivo do Tratamento 02 no Centro de 
Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ...................... 97 
 
Figura 30– Curvas da DQO e do OD nos tanques de cultivo do Tratamento 03 no Centro de 
Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ...................... 98 
 
Figura 31– Curvas da DQO e do OD nos tanques de cultivo do Tratamento 03 no Centro de 
Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ...................... 99 
 
Figura 32– Curvas da concentração de Sólidos Totais nos tanques de cultivo do esgoto afluente 
aos tanques e dos tanques de cultivo no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso 
de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ............................................................................................... 102 
 
Figura 33– Curvas da Condutividade Elétrica nos tanques de cultivo do esgoto afluente aos 
tanques e dos tanques de cultivo no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de 
Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................................................... 104 
 
Figura 34– Representação gráfica do crescimento diário em comprimento (cm dia-1), ao final do 
cultivo nos três tratamentos experimentais realizados no Centro de Pesquisa sobre Tratamento 
de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................ 112 
 
Figura 35– Representação gráfica do ganho de peso diário (g dia-1), ao final do cultivo nos três 
tratamentos experimentais realizados no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e 
Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. .................................................................................... 116 
 
Figura 36– Representação gráfica da produtividade (kg ha-1 dia-1), ao final do cultivo nos três 
tratamentos experimentais realizados no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e 
Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. .................................................................................... 119 
 
Figura 37– Amostras dos peixes dos Tratamentos 01, 02 e 03 ao final do período experimental 
no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010.
 ................................................................................................................................................... 123 
 
Figura 38– Curvas de desenvolvimento do IRM medidas nas tilápias do Nilo dos quatro 
tratamentos durante as 170 horas de experimento no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de 
Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ..................................................................... 130 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406502
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406502
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406502
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406503
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406503
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406503
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406504
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406504
file:///C:/Users/Rafahel/Documents/Pós-graduação/Mestrado/Arquivos%20Rafahel/Projeto%20Mestrado/Arquivos%20dissertação/Dissertação%20-%20Rafahel/DISSERTAÇÃO%20CORRIGIDA.docx%23_Toc318406504
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Dimensões das lagoas de estabilização que compõem a Estação de Tratamento de 
Esgoto do município de Aquiraz, Ceará. ..................................................................................... 65 
 
Tabela 2 - Níveis de garantia e quantidade de Vitamina C suplementada nas rações. ................ 68 
 
Tabela 3 – Valores médios de comprimento, peso e densidade de estocagem dos Tratamentos 
01, 02 e 03, Aquiraz, Ceará, 2010. .............................................................................................. 71 
 
Tabela 4 – Dados referentes à característica, ao consumo e ao custo da ração utilizada no 
experimento nos três tratamentos com diferentes níveis de arraçoamento no Centro de Pesquisa 
sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águass, Aquiraz, Ceará, dezembro de 2010. .............. 77 
 
Tabela 5 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo da temperatura (°C) do afluente e 
dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de 
Águass , Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................................................... 82Tabela 6 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo do pH do afluente e dos 
tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas 
, Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................................................................ 85 
 
Tabela 7 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de Amônia não ionizada (mg L-1) 
do afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto 
e Reúso de Águass, Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................................. 87 
 
Tabela 8 – Porcentagem de N-NH3 no esgoto afluente aos tanques e nos tratamentos 
experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, 
Ceará, 2010. ................................................................................................................................ 89 
 
Tabela 9 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo do Oxigênio Dissolvido (OD) do 
afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e 
Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ...................................................................................... 91 
 
Tabela 10 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo da Demanda Química de 
Oxigênio (DQO) do afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre 
Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ............................................... 94 
 
Tabela 11– Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de ortofosfato (mg L-1)do 
afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e 
Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. .................................................................................... 100 
 
Tabela 12– Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo dos Sólidos Totais (mg L-1) do 
afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e 
Reúso de Águas, Aquiraz, CE, 2010. ........................................................................................ 103 
 
Tabela 13 - Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo da Condutividade Elétrica (µS 
cm-1) do afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de 
Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, CE, 2010. ......................................................................... 105 
 
Tabela 14– Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo dos coliformes termotolerantes 
(NMP 100 mL-1) do afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre 
Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ............................................. 106 
 
Tabela 15– Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo do número de ovos de helmintos 
(ovos L-1) do afluente e dos tratamentos experimentais no Centro de Pesquisa sobre Tratamento 
de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................ 107 
 
Tabela 16– Valores médios e desvios padrão dos parâmetros ambientais do esgoto afluente e da 
água de utilizada no cultivo de tilápia do Nilo com uso de ração suplementada com Vitamina C 
no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010.
 ................................................................................................................................................... 109 
 
Tabela 17– Comprimento inicial, comprimento final e crescimento em comprimento da tilápia 
do Nilo, Oreochromis niloticus, no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de 
Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................................................... 110 
 
Tabela 18– Crescimentos diários em comprimento (cm dia-1) da tilápia do Nilo, Oreochromis 
niloticus, observados durante o período experimental no Centro de Pesquisa sobre Tratamento 
de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................ 111 
 
Tabela 19– Ganhos de peso da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, observados durante o 
período experimental no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, 
Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................................................................ 113 
 
Tabela 20 – Ganhos de peso diário (g dia-1) da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, 
observados durante o período experimental no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e 
Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. .................................................................................... 115 
 
Tabela 21– Taxa de sobrevivência dos tratamentos testados observados durante o período 
experimental no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, 
Ceará, 2010. .............................................................................................................................. 118 
 
Tabela 22- Valores médios e desvio padrão dos parâmetros zootécnicos analisados nos peixes 
dos três tratamentos experimentais. Aquiraz, Ceará, 2010. ...................................................... 122 
 
Tabela 23- Análises microbiológicas realizadas no músculo, pele e brânquias de tilápia do Nilo 
cultivadas nos três tratamentos experimentais, além dos valores de referência adotados pela 
legislação brasileira, 2010. ........................................................................................................ 123 
 
Tabela 24– Dados dos custos de ração, alevinos e Vitamina C, além do valor médio do 
quilograma de tilápia na região, biomassa total dos peixes (BT), custo operacional parcial 
 
(COP), receita líquida parcial (RLP) e incidência de custo (IC) referentes aos diferentes níveis 
de arraçoamento testados no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, 
Aquiraz, Ceará, dezembro de 2010. .......................................................................................... 125 
 
Tabela 25– Peso médio (g) e comprimento total médio (cm) das tilápias do Nilo usadas na 
avaliação do IRM no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, 
Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................................................................ 127 
 
Tabela 26– Valores de IRM e desvio padrão das nove leituras realizadas nos peixes dos quatro 
tratamentos durante as 170 horas de experimento no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de 
Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2010. ..................................................................... 127 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
]LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1– Terminologias do reúso de águas. ............................................................................. 28 
 
Quadro 2– Modalidades do reúso direto não potável de água estabelecido pelo Conselho 
Nacional de Recursos Hídricos. .................................................................................................. 29 
 
Quadro 3– Principais categorias de aplicação de águas residuárias municipais tratadas. ........... 30 
 
Quadro 4- Níveis de qualidade microbiológica para aquicultura utilizando esgotos, de acordo 
com a Organização Mundial de Saúde. ....................................................................................... 40 
 
Quadro 5- Diretrizes do Prosab para uso de esgotos sanitários em piscicultura. ........................ 41 
 
Quadro 6– Critérios de qualidade para pescados recomendados pela Anvisa. ........................... 42 
 
Quadro 7 - Efeitos das concentrações de oxigênio dissolvido em peixes. .................................. 49 
 
Quadro 8– Fatores que interferem no rigor mortis em peixes. ....................................................62 
 
Quadro 9– Métodos de análise e unidades dos parâmetros físico, químicos e microbiológicos 
utilizados para o acompanhamento da qualidade da água dos Tratamentos 01, 02 e 03 e do 
afluente. Aquiraz, Ceará, 2010. ................................................................................................... 69 
 
Quadro 10– Principais parâmetros zootécnicos analisados dos peixes cultivados nos 
Tratamentos 01, 02 e 03. Aquiraz, Ceará, 2010. ......................................................................... 74 
 
Quadro 11– Formas de abate, descrição do processo e sua referência, utilizadas nos tratamentos 
experimentais para avaliação do IRM. ........................................................................................ 78 
 
Quadro 12– Descrição dos quatro tratamentos experimentais utilizados para avaliação do IRM.
 ..................................................................................................................................................... 78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ADP Adenosina difosfato 
AMP Adenosina monofosfato 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
APHA American Public Health Association 
ATP Adenosina trifosfato 
BT Biomassa Total 
CAA Conversão Alimentar Aparente 
CAGECE Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará 
CE Condutividade Elétrica 
COP Custo Operacional Parcial 
CP Creatina-fosfato 
DBO Demanda Bioqímica de Oxigênio 
DEP Departamento de Engenharia de Pesca 
DQO Demanda Química de Oxigênio 
ETE Estação de Tratamento de Esgoto 
Hx 
IC 
Hipoxantina 
Incidência de custo 
IMP Inosina monofosfato 
IRM Índice de Rigor Mortis 
MPA Ministério da Pesca e Aquicultura 
NADP Nicotinamida adenina dinucleótido fosfato 
NMP Número mais provável 
NRC National Research Council 
OD Oxigênio dissolvido 
OMS Organização Mundial da Saúde 
PB Proteína Bruta 
pH Potencial hidrogeniônico 
PROSAB Programa de Saneamento Básico 
RB Receita Bruta 
RLP Receita Líquida Parcial 
SEMACE Superintendência do Meio Ambiente do Estado do Ceará 
 
UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket 
UFC Universidade Federal do Ceará 
USEPA United States Environmental Protection Agency 
WHO World Health Organization 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 20 
2 OBJETIVO ................................................................................................................... 23 
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 23 
2.2 Objetivos específicos......................................................................................................... 23 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 24 
3.1 Reúso de Águas ................................................................................................................. 24 
3.1.1 Definição e classificação ............................................................................................ 27 
3.1.2 Vantagens e Desvantagens do Reúso ......................................................................... 31 
3.1.3 Reúso em piscicultura ................................................................................................ 33 
3.1.4 Espécies a serem escolhidas ....................................................................................... 36 
3.1.5 A tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) ....................................... 37 
3.1.6 Normas e padrões aplicados no reúso em piscicultura ............................................... 39 
3.2 Qualidade de água na piscicultura ..................................................................................... 42 
3.2.1 Temperatura ............................................................................................................... 42 
3.2.2 pH ............................................................................................................................... 44 
3.2.3 Amônia não-ionizada (N-NH3) .................................................................................. 46 
3.2.4 Oxigênio dissolvido (OD) .......................................................................................... 47 
3.2.5 Demanda Química de Oxigênio (DQO) ..................................................................... 49 
3.2.6 Ortofosfato (P-Orto) ................................................................................................... 50 
3.2.7 Condutividade elétrica (CE) ....................................................................................... 51 
3.3 Vitamina C ........................................................................................................................ 51 
3.3.1 Vitamina C em peixes ................................................................................................ 54 
3.4 Avaliação econômica em sistemas de reúso...................................................................... 58 
3.5 Manutenção do frescor do pescado ................................................................................... 59 
4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 64 
4.1 Descrição do local de estudo ............................................................................................. 64 
 
4.2 Protocolos experimentais .................................................................................................. 67 
4.2.1 Hipóteses testadas ...................................................................................................... 67 
4.2.2 Preparação da ração .................................................................................................... 68 
4.2.2 Acompanhamento dos parâmetros de qualidade de água ........................................... 69 
4.2.3 Povoamento e Biometrias ........................................................................................... 70 
4.2.4 Acompanhamento da Capacidade Produtiva .............................................................. 73 
4.2.5 Qualidade do pescado produzido ............................................................................... 74 
4.2.6 Análise econômica ..................................................................................................... 74 
4.2.8 Estado de frescor de pescado...................................................................................... 77 
4.3 Análises Estatísticas .......................................................................................................... 79 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 81 
5.1 Qualidade da água afluente e nos tanques ......................................................................... 81 
5.1.1 Temperatura ............................................................................................................... 81 
5.1.2 pH ............................................................................................................................... 83 
5.1.3 Amônia não ionizada (N-NH3) ................................................................................... 86 
5.1.4 Oxigênio dissolvido (OD) .......................................................................................... 89 
5.1.5 Demanda Química de Oxigênio (DQO) ..................................................................... 92 
5.1.6 OD x DQO ................................................................................................................. 95 
5.1.7 Ortofosfato (P-Orto) ...................................................................................................98 
5.1.8 Sólidos Totais (ST) ................................................................................................... 101 
5.1.9 Condutividade Elétrica (CE) .................................................................................... 104 
5.1.10 Coliformes Termotolerantes (CT) .......................................................................... 105 
5.1.11 Ovos de helmintos .................................................................................................. 107 
5.2 Avaliação dos parâmetros zootécnicos............................................................................ 109 
5.2.1 Crescimento em comprimento (cm) ......................................................................... 109 
5.2.2 Crescimento diário (cm dia
-1
) ................................................................................... 111 
5.2.3 Ganho de peso (g) .................................................................................................... 113 
 
5.2.4 Ganho de peso diário (g dia
-1
) .................................................................................. 115 
5.2.5 Taxa de sobrevivência (%) ....................................................................................... 117 
5.2.6 Produtividade (kg ha
-1
 dia
-1
) ..................................................................................... 119 
5.2.7 Conversão Alimentar Aparente (CAA) .................................................................... 120 
5.3 Avaliação da qualidade microbiológica do pescado ....................................................... 123 
5.4 Análise econômica .......................................................................................................... 124 
5.5 Avaliação do estado de frescor do pescado ..................................................................... 126 
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................... 131 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 133 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O mau gerenciamento da água tem provocado diminuição da 
disponibilidade hídrica em diversas atividades desenvolvidas pelo homem. Somam-se a 
este quadro os constantes lançamentos de esgoto in natura nos mananciais de 
abastecimento, a falta de políticas públicas para a operacionalização das leis vigentes 
sobre esses lançamentos e a falta de educação ambiental da população. 
A situação se agrava em regiões que sofrem com o fenômeno da estiagem, 
como na região do semi-árido do Nordeste do Brasil, que passam por longos períodos 
com falta de água. 
Para minimizar esse panorama, buscam-se atividades alternativas que, além 
de diminuir os impactos antes relatados, sejam economicamente viáveis, 
ambientalmente corretas e socialmente justas, a fim de se alcançar o desenvolvimento 
sustentável. 
O uso de esgotos domésticos é uma forma eficaz de controle da poluição de 
mananciais, além de ser uma atividade que pode gerar sustentabilidade econômica e 
social. A piscicultura é uma atividade que demanda grande quantidade de água, sendo 
satisfatória a busca por atividades alternativas que amorteçam o panorama do uso da 
água pela aquicultura. 
A utilização de esgoto doméstico tratado na piscicultura torna-se, assim, 
uma possível prática para aumentar a disponibilidade de água para outras atividades, 
além de reduzir os impactos ambientais que ocorreriam com o lançamento dos efluentes 
desses cultivos nos corpos receptores. O uso de esgoto doméstico tratado na piscicultura 
resulta na produção de proteína de baixo custo, visto que se evita a fertilização da água 
de cultivo para promover o aumento da comunidade primária, além de reduzir a 
quantidade de ração a ser ofertada aos peixes cultivados. 
Os efluentes domésticos tratados são ricos em nutrientes, principalmente 
fósforo e nitrogênio, desenvolvendo biomassa algal que pode ser aproveitada na 
alimentação dos peixes fitoplanctófagos. A tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, 
sendo uma espécie filtradora, assimila de forma eficiente essa biomassa protéica. Além 
dessa característica, as tilápias também apresentam boa adaptação às condições 
ambientais promovidas pelas águas residuárias. 
 21 
Em relação à produção de peixe com reúso de águas, tratamento de esgoto 
em níveis primário e secundário foram aplicados com sucesso no cultivo da tilápia do 
Nilo em diversos experimentos (GHOSH, 2004; KHALLIL; HUSSEIN, 2008; PHAN-
VAN; ROUSSEAU; DE PAUW, 2008; SANTOS et al., 2009a; SANTOS et al., 2009b; 
SANTOS et al., 2011). 
Vários experimentos tiveram o objetivo de gerar pós-tratamento de esgoto 
com a piscicultura para reduzir o potencial poluidor das águas residuais e/ou aumentar a 
oferta de água de boa qualidade para fins mais nobres como o abastecimento humano 
(GERHARDT; OSWALD, 1990; FELIZATTO; STARLING; SOUZA, 2000; 
ANDRADE; FELIZATTO; SOUZA, 2009; PINTO JUNIOR et al., 2009). Contudo, se 
faz necessário agregar a essa atividade um maior valor econômico para viabilizar a 
produção por parte dos produtores que utilizariam essa tecnologia de cultivo de peixes. 
A suplementação das rações comerciais com Vitamina C poderá promover a 
melhoraria do desempenho zootécnico dos peixes cultivados utilizando esgoto 
doméstico tratado, pois esse suplemento melhora a taxa de crescimento dos peixes, 
reduz os efeitos de estressores ambientais, além de reduzir a ocorrência de doenças 
(DABROWSKI; CIERESZKO, 2001; CHAGAS; VAL, 2003; ROTTA, 2003; LEE; 
DABROWSKI, 2004; FALCON et al., 2007; DARIAS et al., 2011). 
Outro fator crucial no cultivo de peixes com uso de águas residuárias 
tratadas é a condição higiênica do pescado, tendo em vista que, mesmo com o 
tratamento do esgoto em Lagoas de Estabilização possuindo elevada eficiência na 
remoção de organismos patogênicos, pode ainda haver perigo de contaminação 
microbiológica nos peixes produzidos. Para avaliar essas condições, se faz necessário 
examinar se há presença nos peixes de organismos patogênicos ao homem. 
Pesquisas demonstram que a qualidade microbiológica do pescado 
produzido em águas residuárias apresenta condições satisfatórias para o consumo 
humano, sendo uma ferramenta para reduzir a crença errônea que pescados produzidos 
em sistemas que utilizam esgoto tratado possuem contaminação microbiológica (EVES 
et al., 1995; PEREIRA; LAPOLLI, 2009; SANTOS et al., 2009b). 
Outra ferramenta que avalia as condições do pescado produzido com reúso 
de águas é a manutenção do estado de frescor do pescado, o qual indica, de forma 
indireta, se as condições de cultivo são estressantes ou não. Uma maneira de mensurar 
essas condições é avaliando o Índice de Rigor Mortis dos peixes que consiste na 
determinação do tempo de duração do enrijecimento muscular do pescado (OGAWA; 
 22 
OGAWA, 1999). Portanto, faz-se necessário verificar se sistemas que utilizam esgoto 
tratado na produção de peixes propiciam um estado de bem-estar dos mesmos. 
Esta pesquisa teve como fundamento analisar alguns parâmetros 
zootécnicos, de qualidade da água e econômicos, para determinar a viabilidade técnica-
econômica do cultivo de tilápia do Nilo em esgoto doméstico tratado em lagoas de 
estabilização. 
Para isso, foi testado o efeito da suplementação alimentar com Vitamina C 
em diferentes manejos alimentares, para verificar o melhor tipo de cultivo desses 
organismos em sistemas de reúso de águas. 
Esta pesquisa baseou-se na análise quantitativa dos parâmetros de qualidade 
de água e microbiológicos do pescado. O primeiro, verificando se o efluente produzido 
no cultivo se encontrava dentro das normas pré-estabelecidas na Portaria 154/02 da 
Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará - SEMACE. O segundo, para 
verificar a segurança alimentar do pescado produzido, conforme os padrõespropostos 
pela resolução RDC nº 12/2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA). 
Realizou-se também uma avaliação econômica dos tratamentos testados, 
para verificar qual o mais viável economicamente. 
Em um experimento adicional, foi feita a análise comparativa do Índice de 
Rigor Mortis (IRM) da musculatura das tilápias do Nilo cultivadas em esgoto doméstico 
tratado com e sem depuração, verificando, paralelamente, a influência de duas 
diferentes formas de abate, por imersão em solução com eugenol e por hipotermia, nos 
resultados do IRM. 
Sendo assim, a presente pesquisa teve como principal fundamento buscar 
uma produção de pescado dentro dos princípios da sustentabilidade, ou seja, produzir 
pescado de forma economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa. 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
2 OBJETIVO 
 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
Avaliar o efeito da suplementação com Vitamina C em diferentes níveis de 
arraçoamento no cultivo de tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, em esgoto doméstico 
tratado. 
 
2.2 Objetivos específicos 
 
 Avaliar, por meio de parâmetros físico-químicos e biológicos, a qualidade da 
água de reúso afluente aos tanques e a água de cultivo dos tratamentos 
experimentais. 
 
 Verificar a viabilidade técnica do cultivo de tilápia do Nilo utilizando ração 
suplementada com vitamina C em diferentes taxas de fornecimento, por meio da 
avaliação dos parâmetros zootécnicos; 
 
 
 Avaliar a qualidade microbiológica do pescado produzido, para mensurar a 
segurança alimentar da prática do uso de efluentes domésticos tratados na 
aquicultura; 
 
 Efetuar uma análise econômica dos tratamentos experimentais testados. 
 
 
 Avaliar o Índice de Rigor Mortis para verificar o nível de frescor do pescado 
produzido com esgoto doméstico tratado, com e sem depuração e em diferentes 
condições de abate. 
 
 24 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
3.1 Reúso de Águas 
 
A água é imprescindível a qualquer ecossistema, tratando-se de um bem 
indispensável à vida humana (SILVA, A. et al., 2003). Em termos globais, a quantidade 
de água disponível em nosso planeta é muito superior ao total necessário aos diversos 
usos da população (MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007). Este recurso é essencial para o 
uso urbano, industrial e agrícola e tem de ser considerado como um recurso limitado 
(FUENTESA et al., 2008). Contudo, a água foi por muito tempo considerada pela 
humanidade como um recurso inesgotável e, talvez por isso, mal gerido. Não faltam 
exemplos de escassez de água doce, observada pelo abaixamento do nível dos lençóis 
freáticos, o “encolhimento” dos lagos e a secagem dos pântanos (FLORÊNCIO et al., 
2006). 
Em muitas regiões do globo, a população ultrapassou o ponto em que podia 
ser abastecida pelos recursos hídricos disponíveis (SANTOS; MANCUSO, 2003) e 
muitos países terão que reduzir a quantidade de água utilizada na irrigação e transferi-lo 
para os setores doméstico, industrial e ambiental (FUENTESA et al., 2008). 
De acordo com o Relatório do Banco Mundial, em 1995, 250 milhões de 
pessoas, distribuídas em 26 países, já enfrentavam escassez crônica de água. No ano de 
2025, esse número deverá saltar para 3 bilhões, em 52 países. A demanda mundial por 
água tem dobrado a cada 21 anos (MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007). No ano de 
2004, na China, país com maior população no mundo, mais da metade das 667 cidades 
enfrentavam escassez de água (CHEN et al., 2004). 
O panorama torna-se ainda mais dramático quando se constata, 
simultaneamente, a deterioração dos mananciais de abastecimento, como resultado, 
dentre outros fatores, do baixo nível de cobertura dos serviços de tratamento de água 
residuárias, da fragilidade da implementação de políticas de proteção de mananciais, da 
não observação das boas práticas agropecuárias (FLORÊNCIO et al., 2006). 
Soma-se à esses fatores, ainda, a distribuição irregular e as perdas dos 
recursos hídricos utilizáveis e o aumento do consumo, principalmente nas atividades 
que utilizam maiores volumes de água – agricultura, indústria e abastecimento humano 
(MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007). Este fenômeno pode estar ligado à crescente 
urbanização e práticas agrícolas intensivas (JANOSOVAA et al., 2006) 
 25 
Diferentes fóruns internacionais recentes têm notificado claramente que a 
água será um dos temas centrais do século 21 no mundo, e assim a vida de bilhões de 
pessoas vai depender da sua gestão sábia (FUENTESA et al., 2008). 
Os impactos sociais, econômicos e ambientais no passado do 
desenvolvimento dos recursos hídricos e a perspectiva inevitável da escassez de água 
estão a conduzir para um novo paradigma na gestão dos recursos hídricos (METCALF; 
EDDY, 2007). Há, portanto, necessidade de que sejam adotadas medidas de uso 
racional e reaproveitamento da água, e de controle da poluição dos recursos hídricos, 
como forma de garantir a sua disponibilidade, hoje e sempre (MOTA; AQUINO; 
SANTOS, 2007). 
Novas abordagens agora incorporam o princípio da sustentabilidade, ética 
ambiental e participação pública no desenvolvimento de projetos (METCALF; EDDY, 
2007). A reutilização de águas residuais tem atraído uma atenção crescente em nível 
mundial como parte integrante da gestão de recursos hídricos com tendência a ser 
utilizado para diversos fins. O reúso de águas constitui, assim, uma prática a ser 
incentivada em várias atividades humanas (MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007; 
YANG; ABBASPOUR, 2007). 
A utilização de efluentes de esgoto deve ser seriamente considerada como 
uma importante estratégia para a conservação dos recursos hídricos (KATHIJOTES, 
2011), oferecendo, portanto, oportunidades de natureza econômica, ambiental e social, 
mas em situações de acentuada escassez de recursos hídricos pode mesmo constituir 
uma necessidade (FLORÊNCIO et al., 2006). 
A presença de nutrientes no esgoto sanitário pode constituir um problema 
nem sempre de fácil solução, mas pode significar uma vantagem substancial para o 
reúso de água, especialmente em irrigação e piscicultura, pois são insumos necessários 
para o cultivo de plantas e de animais aquáticos (MOTA; VON SPERLING, 2009). 
Em 1989, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma ampla 
gama de possibilidades de aproveitamento de águas residuárias, incluindo usos como 
fonte de água potável e de outras classes de águas no setor municipal, uso em recreação, 
na aquicultura, na agricultura e na indústria (Figura 1). 
 
 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de OMS (1989). 
Águas municipais 
Águas municipais 
não potáveis 
 
Recreação 
 
Piscicultura 
 
Indústria 
Águas municipais 
potável 
 
Agricultura 
Interior da 
industria 
Usos gerais Natação Navegação 
desportiva 
despor 
Pesca 
Calhas Hortas e vinhedos Forrageiras, cultivo de 
fibras e sementes 
Cultivo para consumir 
depois de processado 
Cultivo para 
consumir cru 
processado 
 
Figura 1– Possibilidades de aproveitamento de águas residuárias. 
 27 
3.1.1 Definição e classificação 
 
Segundo Metcalf e Eddy (2007), reúso de água é a utilização de águas 
residuárias para um uso benéfico, como a irrigação ou refrigeração industrial. Para 
Lavrador (1987 apud BREGA FILHO; MANCUSO, 2003), reúso de água é o 
aproveitamento de águas previamente utilizadas, uma ou mais vezes, em alguma atividade 
humana, para suprir as necessidades de outros usos benéficos, inclusive o original. 
Em 1973, a OMS (apud BREGA FILHO; MANCUSO, 2003) classificou o 
reúso de água como: 
• Reúso indireto: ocorre quando a água já usada, uma ou mais vezes para uso doméstico ou 
industrial, é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente a 
jusante, de forma diluída; 
 • Reúso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para certas finalidades 
como irrigação, uso industrial, recarga de aqüífero e água potável; 
• Reciclagem interna:é o reúso da água internamente às instalações industriais, tendo como 
objetivo a economia de água e o controle da poluição; 
Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO; MANCUSO, 2003) relata outra 
terminologia para o reúso de águas: reúso planejado, resultante de uma ação consciente, e 
reúso não planejado, apenas um subproduto não intencional após as descargas. 
No Quadro 1 consta a terminologia e definição sugerida por Lavrador Filho 
(1987 apud BREGA FILHO; MANCUSO, 2003) para uniformizar a linguagem do reúso 
de águas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
Quadro 1– Terminologias do reúso de águas. 
Terminologia Definição 
1. Reúso indireto não planejado de água - Ocorre quando a água, já utilizada, é 
descarregada no meio ambiente e 
novamente utilizada a jusante, em sua 
forma diluída, de maneira não intencional 
e não controlada. 
2. Reúso planejado de água - Ocorre quando o reúso é resultado de 
uma ação humana consciente, adiante do 
ponto de descarga do efluente a ser usado 
de forma direta ou indireta. 
3. Reúso indireto planejado de água - Ocorre quando os efluentes, depois de 
convenientemente tratados, são 
descarregados de forma planejada nos 
corpos d’água superficiais ou 
subterrâneos, para serem utilizados a 
jusante em sua forma diluída e de maneira 
controlada, no intuito de algum uso 
benéfico. 
4. Reúso direto planejado de água - Ocorre quando os efluentes, depois de 
convenientemente tratados, são 
encaminhados diretamente ao local de 
reúso. 
5. Reciclagem de água - É o reúso interno da água, antes de sua 
descarga em um sistema geral de 
tratamento ou outro local de disposição, 
para servir como fonte suplementar de 
abastecimento do uso original. 
Fonte: Lavrador Filho (1987 apud BREGA FILHO; MANCUSO, 2003). 
 29 
No Quadro 2 estão as modalidades abrangentes do reúso direto não potável de 
água, estabelecidas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (Mota; Aquino; Santos, 
2007). 
 
Quadro 2– Modalidades do reúso direto não potável de água estabelecido pelo Conselho Nacional de 
Recursos Hídricos. 
Tipo de reúso direto não potável Finalidade 
Reúso para fins urbanos Utilização de água de reúso para fins de 
irrigação paisagística, lavagem de 
logradouros públicos e veículos, 
desobstrução de tubulações, construção 
civil, edificações, combate a incêndios, 
dentro da área urbana. 
Reúso para fins agrícolas e florestais Aplicação de água de reúso para produção 
agrícola e cultivo de florestas plantadas; 
Reúso para fins ambientais Utilização de água de reúso para 
implantação de projetos de recuperação do 
meio ambiente; 
Reúso para fins industriais Utilização de águas de reúso em 
processos, atividades e operações 
industriais; 
Reúso na aquicultura Utilização de água de reúso para criação 
de animais ou cultivo de vegetais 
aquáticos. 
Fonte: Mota, Aquino e Santos (2007). 
 
No Quadro 3 estão as principais categorias de aplicação que reutilizam águas 
residuais municipais tratadas, propostas por Metcalf e Eddy (2007). 
 
 
 30 
Quadro 3– Principais categorias de aplicação de águas residuárias municipais tratadas. 
Categoria Aplicação típica 
1. Irrigação na agricultura - Irrigação de culturas; 
- Colheitas comerciais; 
2. Irrigação paisagista - Parques; 
- Jardins de escolas; 
- Campos de golf 
- Cemitérios; 
- Residencial; 
3. Reciclagem e reúso industrial - Água de refrigeração; 
- Água para caldeiras; 
- Água para processos diversos; 
- Construção pesada; 
4. Recarga artificial subterrânea - Reabastecimento de águas subterrâneas; 
- Controle de aumento de sal na água; 
- Controle de subsidência; 
5. Recreação/Uso ambiental - Lagos e lagoas; 
- Aumento de vazões; 
- Pesca; 
6. Uso urbano não potável - Controle de fogo 
- Ar condicionado; 
- Descargas de banheiros; 
7. Reúso potável - Mistura em reservatórios de abastecimento 
de água; 
- Mistura em águas subterrâneas; 
- Mistura em tubulações de água. 
Fonte: Metcalf e Eddy (2007). 
 
 31 
A prática de reúso mais utilizada tem sido a irrigação, já sendo adotada em 
várias partes do mundo (MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007). Nas três últimas décadas, a 
irrigação com esgotos sanitários tornou-se prática crescente em todo o mundo, por vezes 
acompanhadas de rígido controle sanitário, outras não, impondo sérios riscos à saúde 
(BASTOS et al., 2003a). Contudo, esta prática, no Brasil, ainda não é difundida, 
observando-se, no entanto, que é muito praticado o reúso não planejado, com a utilização 
de águas de corpos de água que recebem esgotos, tratados ou não (MOTA; AQUINO; 
SANTOS, 2007). 
 
3.1.2 Vantagens e Desvantagens do Reúso 
 
O uso de águas residuárias apresenta importantes benefícios, como a utilização 
de efluente tratado como um recurso hídrico para propósitos benéficos e a minimização 
dos impactos ambientais, através da eliminação ou redução da disposição de efluentes em 
corpos d’água receptores, reduzindo a poluição das águas superficiais e subterrâneas, bem 
como preservando a qualidade da água (SNEL, 2002; METCALF; EDDY, 2003). 
Segundo Mota, Aquino e Santos (2007), o uso de esgotos tratados é uma 
prática indicada não somente para regiões áridas e semi-áridas, como também para os 
outros locais onde há carência de água, apresentando, entre outras, as seguintes vantagens: 
• Aumento da oferta de água; 
• Suprimento de água durante todo o ano, uma vez que constantemente são produzidos 
esgotos; 
• Possibilidade de se utilizar a água disponível para fins que demandem uma água de 
melhor qualidade, como o abastecimento humano, por exemplo; 
• Evita-se o lançamento de efluentes em cursos d´água com vazões pequenas ou nulas, 
reduzindo-se os riscos de poluição; 
• Aproveitamento dos nutrientes existentes no esgoto, diminuindo, ou mesmo eliminando o 
uso de fertilizantes artificiais; 
• Adição da matéria orgânica contida no esgoto, ao solo, contribuindo para sua 
conservação, e prevenção da erosão; 
Os mesmos autores citam, também, as desvantagens do reúso de águas e, entre 
estas, destacam-se: a rejeição da população a essa prática, por desconhecimento de que é 
possível utilizá-la com segurança, ou devido a resistências e de natureza cultural; os riscos 
 32 
de contaminação ambiental e os riscos de transmissão de doenças aos trabalhadores, 
manipuladores e consumidores de produtos gerados a partir de águas de reúso. 
Segundo Mota (2000), em regiões onde há carência de água até para consumo 
humano, como em regiões semi-áridas como a do Nordeste do Brasil, o reúso de águas é 
uma prática que deve ser incentivada. 
Bastos et al. (2003a) relatam que a utilização de esgotos sanitários deve ser 
tratada com segurança do ponto de vista sanitário, com sustentabilidade do ponto de vista 
ambiental e otimização do ponto de vista de produção. Sendo realizada dentro destes 
critérios, a mesma pode apresentar diversas vantagens, dentre as quais: 
 • Favorece o aumento da produção de alimentos, a recuperação de áreas improdutivas e a 
ampliação de áreas irrigadas; 
• Minimiza o lançamento de esgotos em cursos d’água, prevenindo a poluição, a 
contaminação e a eutrofização; 
• Favorece a recuperação do solo e a recuperação de áreas degradadas; 
• Amplia áreas de lazer e zonas verdes em cidades, amenizando o clima e melhorando a 
estética da mesma. 
 Estes fatos não escondem os efeitos negativos que podem decorrer desta 
atividade e que, conforme citado por Snel (2002), não devem ser ignorados, como: 
 • Riscos à saúde dos trabalhadores do sistema implantado que estejam em contato 
prolongado com o efluente, assim como daqueles que sejam consumidores de produtos que 
deste sistema sejam provenientes; 
• Contaminação de lençóis subterrâneos devido a substâncias encontradas no esgoto como, 
por exemplo, nitratos; 
• Inserção de poluentes químicos no solo, tais como metais pesados; 
• Criação de habitat para vetores de doenças; 
• Crescimento excessivode algas e vegetação em canais que transportem o efluente devido 
ao fenômeno de eutrofização. 
 Segundo Metcalf e Eddy (2003), os principais problemas encontrados na 
aplicabilidade do reúso de águas são: 
 • Tratamento de esgotos capaz de atender aos padrões de qualidade de água mais restritos 
para o reúso pretendido; 
• Proteção da saúde pública; 
• Nível de aceitação do público. 
 
 33 
3.1.3 Reúso em piscicultura 
 
A aquicultura é uma atividade técnico-econômica que tem como finalidade a 
maior produção de seres aquáticos aproveitáveis, sistematicamente, com a participação do 
homem no processo produtivo e/ou mediante o oferecimento de maiores facilidades da 
mesma (KOIKE, 1987). 
Segundo dados da FAO (2010), a aquicultura continua a ser o setor que mais 
cresce na produção de alimento de origem animal no mundo, com um aumento no 
abastecimento per capita de 0,7 kg, em 1970, para 7,8 kg, em 2008, com uma taxa média 
de crescimento anual de 6%, observando um aumento substancial na taxa de emprego 
oriundo dessa atividade nas últimas três décadas, tendo taxa de crescimento em torno de 
3,6% desde 1980. 
A aquicultura moderna envolve três componentes: a produção lucrativa, a 
preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Estes são essenciais e 
indissociáveis para que a atividade seja perene (VALENTI, 2002). 
Na busca do desenvolvimento de atividades que sejam economicamente 
viáveis, ambientalmente corretas e socialmente justas, faz-se necessário considerar a 
prática do reúso de águas como uma das boas opções para a problemática da oferta hídrica. 
Quando é feito reúso em aquicultura, é possível agregar a atividade econômica, a geração 
de emprego e a produção de proteína (SANTOS et al. 2009a). 
Em diversas variedades de sistemas de aquicultura, o esgoto doméstico tem 
sido mundialmente usado, na maioria dos casos na produção de peixes (FELIZATTO; 
STARLING; SOUZA, 2000). Contudo, Edward (1992) comenta que a utilização de águas 
residuais na aquicultura em países desenvolvidos e países em desenvolvimento possui 
diferentes motivos. Para os países em desenvolvimento, o motivo principal é a produção de 
alimentos, enquanto que para países desenvolvidos é de tratamento de águas residuais. 
A piscicultura com esgotos sanitários, bem como a piscicultura em si, como 
contribuição à segurança alimentar, deve obedecer aos princípios da sustentabilidade 
econômica, sanitária e ambiental, ou seja, a atividade deve garantir retorno financeiro, não 
impor riscos à saúde humana e não provocar impactos ambientais. Adicionalmente, impõe-
se o desafio de vencer resistências de natureza cultural (BASTOS et al, 2003b). 
As experiências indicam que a aquicultura abastecida com esgoto tratado, 
especialmente aquele em que o tratamento é constituído por várias lagoas, fornece efluente 
com propriedades higiênicas adequadas. Um sistema de lagoas de estabilização com duas a 
 34 
três lagoas pode ser suficiente para reduzir o número de bactérias fecais para níveis 
aceitáveis (JUNKE-BIERBEROVIC, 2001), dependendo das condições locais. 
Moscoso (1996) relata que existem três tipos de sistemas que integram o uso de 
águas residuárias na aquicultura: 
• Viveiros de peixes que recebem esgoto bruto diretamente; 
• Viveiros de peixes precedidos por um tratamento primário; 
• Viveiros de peixes que recebem efluentes que foram tratados para remoção de patógenos. 
Além destes, Edward (1992) acrescenta o cultivo de peixes diretamente nas 
Lagoas de Estabilização como outro sistema para uso de águas residuárias na aquicultura. 
Um claro atrativo para a utilização de esgotos sanitários na piscicultura é a 
oferta de água. Considerando uma contribuição per capita de esgotos de 150 – 200 L hab 
-1 
dia
-1
, e uma demanda genérica de água para piscicultura de 10 L s
-1
 ha
-1
 , constata-se que o 
esgoto produzido por uma única pessoa seria suficiente para suprir 1,7 - 2,3 m² de cultivo 
de peixes, ou seja, uma população de 10.000 habitantes produziria “água” para 2 ha de 
cultivo de peixes. Em geral, a criação intensiva envolve taxas de renovação volumétrica 
diária de 10% até 100%, dependendo da qualidade da água, da densidade de peixes, fatores 
climáticos e da produtividade desejada (BEVILACQUA; BASTOS; LANNA, 2006). 
O uso de excretas na aquicultura pode ter como objetivo a produção de peixes 
para consumo humano ou para alimentação de espécies carnívoras, bem como produção de 
farinha de peixe para produção de rações. Outro objetivo seria o uso direto para produzir 
macrófitas aquáticas, que poderiam ser utilizadas como fonte de proteína na produção de 
rações para peixes ou gado. Assim, várias estratégias podem ser utilizadas no uso de águas 
residuárias na aquicultura, tendo como objetivo a produção de alimentos para consumo 
humano com uso direto ou indireto de excretas (EDWARD, 1992). 
Na Figura 2 estão indicadas as diversas estratégias no uso de águas residuárias 
na aquicultura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
Figura 2– Estratégias de uso de excretas na aquicultura. 
 
 
Fonte: Adaptado de Edwards (1992). 
 
 Excretas 
Viveiros para peixes Viveiros para macrófitas 
Peixes Algas 
Ração Alimento 
Peixes Gado 
Consumo Humano 
 36 
Em 2010, no Estado do Ceará, foi utilizada outra modalidade de uso de águas 
residuárias na aquicultura. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará realizaram o 
cultivo de peixes ornamentais em esgoto doméstico tratado no Centro de Pesquisa sobre 
Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas (DIÁRIO DO NORDESTE, 2011). Assim, 
verifica-se que vários objetivos podem ser alcançados no uso de águas residuárias na 
aquicultura, como produção de bens de elevado valor (produtos alimentares, alimentos 
para animais e animais ornamentais) (JUNKE-BIERBEROVIC, 2001). 
Experiências em escala real ou no âmbito de pesquisa registram a viabilidade 
do uso de esgotos sanitários em piscicultura e indicam que, com adequado manejo, é 
possível alcançar boa produtividade e minimizar os riscos à saúde, além da aceitabilidade 
de mercado de consumo (MOSCOSO et al., 1992 apud BASTOS et al., 2003b). 
A reação adversa de muitas pessoas à idéia de consumir peixes criados em 
sistemas com uso de excretas é, provavelmente, em grande parte devido à crença errônea 
de que os peixes se alimentam diretamente dos sólidos fecais. Na realidade, em um sistema 
projetado para minimizar os riscos para a saúde pública, a nutrição de peixes deriva de 
organismos que se desenvolvem como resultado dos efeitos da fertilização de nutrientes 
inorgânicos contidos no meio (EDWARD, 1992). 
Os peixes cultivados em sistemas de reutilização de excretas são de alta 
qualidade e são iguais ou até superiores em sabor e odor de peixes cultivados em outras 
formas de cultivo (EDWARD, 1992). 
 
3.1.4 Espécies a serem escolhidas 
 
Uma seleção criteriosa da espécie a ser cultivada é um fator chave para, em 
qualquer das situações de manejo, aproveitar o potencial de utilização de esgotos sanitários 
na piscicultura (BEVILACQUA; BASTOS; LANNA, 2006). Na seleção de espécies para 
cultivo devem ser considerados aspectos de adaptação climática e à qualidade da água, 
hábitos alimentares e facilidade de manejo (BASTOS et al., 2003b). 
A grande variedade de espécies de peixes que foram criados em sistemas que 
utilizam águas residuárias reflete, em grande medida, a cultura de espécies locais em 
diferentes países ao invés de peixes perfeitamente adaptados para tais ambientes 
(EDWARD, 1992). 
O hábito alimentar mais desejado para a espécie a ser cultivada é o que atinge 
os níveis mais baixos da cadeia trófica, reciclando os nutrientes mais rapidamente e 
 37 
transformando a energia potencial do ambiente (nutrientes) em produção de pescado 
(PEREIRA, 2004). Outra importante característica da espécie a ser utilizada na prática do 
uso de esgoto tratado é a rusticidade da espécie, sua resistência as variaçõesda qualidade 
de água (SANTOS, 2008). 
Algumas espécies sugeridas para a criação neste tipo de sistema são as carpas e 
tilápias. A tilápia tem sido considerada a espécie com maior potencial, por ser tolerante a 
baixos níveis de oxigênio, a variações na salinidade e a níveis de amônia relativamente 
elevados (BEVILACQUA; BASTOS; LANNA, 2006). 
 
3.1.5 A tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) 
 
Tilápia é a designação de um dos principais grupos de peixes cultivados no 
mundo, sendo todas as espécies do grupo originárias da África. Também é o grupo que 
mais cresce no comércio mundial de pescado (SILVA, 2009). 
A produção da tilápia do Nilo (Figura 3), Oreochromis niloticus, no Brasil, 
apresenta um padrão de crescimento contínuo desde 1994. Entre os anos de 2003 a 2009 o 
crescimento foi de 105%. Nos ano de 2008 e 2009, houve um crescimento de 20% da 
produção, chegando a 132.957,8 toneladas, representando 39% da produção total de 
pescado proveniente da piscicultura continental (BRASIL, 2010). 
 No Estado do Ceará, a produção de tilápia desponta como atividade estratégica 
pelo fato de ter caído no gosto da população e pelo Estado deter domínio tecnológico e de 
infraestrutura de cultivo, processamento e distribuição da cadeia produtiva. Em 2009, 
foram produzidas 20 mil toneladas ano
-1
 deste pescado, mas a meta para 2011 é de 40 mil 
toneladas (DIARIO DO NORDESTE, 2010). 
O Ceará aponta, atualmente, como o maior produtor de tilápia no Brasil, com 
uma produção em torno de 25 mil toneladas no ano de 2010, sendo, também, o Estado que 
mais consome esse pescado (DIARIO DO NORDESTE, 2011). Isso se deve, em particular, 
pelo Estado apresentar um grande potencial hídrico para criação de tilápia em tanques-
rede, além de possuir forte mercado local para a tilápia, clima favorável para o cultivo, 
tradição como exportador de pescado e a proximidade dos mercados internacionais 
(KUBITZA, 2000, 2003). 
No Brasil, essa espécie foi introduzida em 1971, visando ao povoamento dos 
reservatórios regionais e para cultivos em cativeiro (SILVA, 2009). Com o objetivo de ter 
um plantel geneticamente puro, em 1996 foram importadas matrizes da linhagem 
 38 
tailandesa chitralada, gerando impactos positivos na produção da mesma, observando-se 
rápido crescimento no cultivo (KUBITZA, 2000; LOVSHIN, 2000). 
 
Figura 3- Exemplar de tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758). 
 
Fonte: Autor. 
 
As tilápias são ciclídeos de origem africana contando, atualmente, com mais de 70 
espécies, sendo a tilápia do Nilo a segunda espécie mais cultivada no mundo, perdendo 
somente para as carpas. Esta espécie se destaca das demais pelo rápido crescimento, 
reprodução tardia, alta prolificidade e, quando cultivada em águas verdes, a tilápia do Nilo, 
apresenta melhor taxa de conversão alimentar, superando, em crescimento, as demais 
espécies (KUBITZA, 2000). 
A maioria das espécies de tilápias amadurecem sexualmente entre o 4° e 5° mês de 
vida e, dependendo da temperatura, a precocidade pode ocorrer antes do 4° mês, sendo a 
energia que as fêmeas deveriam utilizar para o crescimento desviada para o ato 
reprodutivo, salientando-se, ainda, que algumas espécies de tilápias incubam os ovos na 
boca, ficando vários dias praticamente sem se alimentar, aumentando ainda mais a 
diferença de tamanho entre machos e fêmeas (KUBITZA, 2000). 
Quando um sexo supera o outro em crescimento, a obtenção de populações 
monosexo pode trazer outras vantagens: dependendo da espécie, pode ocorrer a suspensão 
da reprodução, havendo economia de energia com atividade reprodutiva, alcançando maior 
tamanho e melhor uniformidade na despesca, gerando uma carne de boa qualidade, já que 
os efeitos da maturação sexual serão diminuídos (BEARDMORE; MAIR; LEWIS, 2001). 
 39 
Atualmente, algumas técnicas são usadas na tentativa de minimizar os efeitos da 
precocidade da espécie como: a sexagem manual, hibridização, super macho e a reversão 
sexual (CÉSAR et al., 2006). 
Marengoni (1999) salienta que a tilápia do Nilo consome grande variedade de 
alimentos, além de ajudar a controlar plantas aquáticas submersas e flutuantes e, dessa 
forma, favorece ao equilíbrio de ecossistemas aquáticos. Silva (2009) informa que esta 
espécie ingere plâncton, folhas verdes, organismos bentônicos, invertebrados aquáticos, 
detritos e matéria orgânica em decomposição. 
Esta espécie possui grande tolerância a águas de baixa qualidade, sobrevivendo em 
condições precárias, seja com excessiva alimentação, fertilização e mesmo matéria 
orgânica na forma de resíduos (KELLNER; PIRES, 1998). São organismos rústicos que, 
por aproveitarem a matéria orgânica e restos de produtos animais e vegetais em ambientes 
eutrofizados, tornaram-se tão utilizados como escolha na atividade do reúso na piscicultura 
(MATHEUS, 1984). 
 
3.1.6 Normas e padrões aplicados no reúso em piscicultura 
 
Os padrões e normas aplicados ao reúso de águas ainda são escassos no Brasil. 
Assim, os projetos e pesquisas desenvolvidos adotam os padrões da OMS ou da Agência 
de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), definidos para essa atividade 
(AQUINO; GRADVOHL; SANTOS, 2007). 
A SEMACE estabelece, em sua Portaria n° 154 de julho de 2002 (CEARÁ, 
2002), que a reutilização de efluentes de origem doméstica em atividades agronômicas 
(irrigação e drenagem, dessedentação de animais e aquicultura) deve obedecer aos 
seguintes limites: 
a) Coliformes fecais < 1000 CF 100 mL-1; 
b) Ovos de helmintos < 1 ovo L-1 de amostra; 
c) Condutividade elétrica < 3000µS cm-1. 
Além destes, esta Portaria estabelece que qualquer fonte poluidora deve 
enquadrar seus despejos líquidos aos seguintes padrões: 
a) pH entre 5,0 e 9,0; 
b) Temperatura inferior a 40 °C, sendo que a elevação da temperatura do corpo 
receptor não deve exceder a 3 °C; 
c) Demanda Química de Oxigênio ≤ 200 mg L-1; 
 40 
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 1989), do ponto de vista de qualidade 
microbiológica, propôs, para o cultivo de peixes em águas residuárias tratadas, as seguintes 
diretrizes sanitárias na água dos tanques de cultivo: 10³ coliformes fecais por 100 mL no 
tanque de piscicultura (ou ≤ 10
4
 no afluente ao tanque de piscicultura), e ausência de ovos 
de helmintos (trematóides). 
A OMS, no ano de 2006, publicou uma ampla revisão nos critérios para reúso 
em piscicultura, como apresentado no Quadro 4. 
 
Quadro 4- Níveis de qualidade microbiológica para aquicultura utilizando esgotos, de acordo com a 
Organização Mundial de Saúde. 
Público alvo 
Ovos viáveis de 
trematóides (incluindo 
ovos de schistosoma 
onde for relevante) nº 
por 100 mL ou por 
grama de sólidos totais
a
 
E. coli (média 
aritmética por 100 ml 
ou por grama de 
sólidos totais
a,b
 
Ovos de helmintos
c
 
(média aritmética por 
litro ou por grama de 
sólidos totais
a,d
) 
Consumidores dos 
produtos 
 
Água dos tanques Não detectável ≤ 10
4
 ≤ 1 
Esgoto sanitário Não detectável ≤ 10
5
 ≤ 1 
Excretas tratadas Não detectável ≤ 10
6
 ≤ 1 
Carne comestível de 
peixe ou partes de 
plantas 
Cercária infectável não 
detectável (ou não 
infectável) 
Especificações da 
Codex Alimentarius 
Comission 
(FAO/OMS)
e
 
Não detectável 
Trabalhadores na 
aquicultura e 
comunidade local 
 
Água dos tanques Não detectável
f
 ≤ 10
3
 ≤ 1 
Esgoto sanitário Não detectável
f
 ≤ 10
4
 ≤ 1 
Excretas tratados Não detectável
f
 ≤ 10
5
 ≤ 1 
Fonte: WHO (2006 apud Santos et al., 2009ª). 
a 
Os excretas são medidos em gramas de sólidos totais (em peso seco); 100 mL de esgotos sanitários / 
excretas contêm aproximadamente 1-4 g de sólidos totais. 
b
 Deve ser determinada uma média aritmética para o período de aquicultura. Para a água dos tanques (público 
alvo consumidores dos produtos), por exemplo, o valor médio de ≤ 104 deve ser determinado em, pelo 
menos, 90% das amostras, de modo a tolerar amostra com valor eventual

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