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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GLAUCIO DE ASSIS BANDEIRA PROGRAMAÇÃO VBA E CRIAÇÃO DE MACROS EM PLANILHAS ELETRÔNICAS PARA O DIMENSIONAMENTO E VERIFICAÇÃO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS FORMADOS POR PERFIS DE AÇO LAMINADOS E SOLDADOS FORTALEZA 2013 i GLAUCIO DE ASSIS BANDEIRA PROGRAMAÇÃO VBA E CRIAÇÃO DE MACROS EM PLANILHAS ELETRÔNICAS PARA O DIMENSIONAMENTO E VERIFICAÇÃO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS FORMADOS POR PERFIS DE AÇO LAMINADOS E SOLDADOS Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Área de concentração: Engenharia Estrutural. Orientador: Professor Dr. Augusto Teixeira de Albuquerque FORTALEZA 2013 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) B165p Bandeira, Glaucio de Assis. Programação VBA e criação de macros em planilhas eletrônicas para o dimensionamento e verificação de elementos estruturais formados por perfis de aço laminados e soldados / Glaucio de Assis Bandeira. – 2013. 100 f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Civil, Fortaleza, 2013. Orientação: Prof. Dr. Augusto Teixeira de Albuquerque. 1. Perfis de aço. 2. Dimensionamento. 3. Elementos estruturais. 4. Programação VBA. I. Título. CDD 620 ii GLAUCIO DE ASSIS BANDEIRA PROGRAMAÇÃO VBA E CRIAÇÃO DE MACROS EM PLANILHAS ELETRÔNICAS PARA O DIMENSIONAMENTO E VERIFICAÇÃO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS FORMADOS POR PERFIS DE AÇO LAMINADOS E SOLDADOS Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Área de concentração: Engenharia Estrutural. Orientador: Professor Dr. Augusto Teixeira de Albuquerque Aprovada em:_____/______/______ BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Professor Dr. Augusto Teixeira de Albuquerque (Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC) ___________________________________________ Professor Dr. Leonardo Melo Bezerra Universidade Federal do Ceará (UFC) ___________________________________________ Professora Dra. Magnólia Maria Campelo Mota Universidade Federal do Ceará (UFC) iii Ao Rei dos Reis e meu Senhor Jesus Cristo, autor e consumador da minha Fé. À toda minha Família. À minha esposa Verônica e aos meus filhos Victor e Vinicius. iv AGRADECIMENTOS Ao Rei dos Reis e meu Senhor Jesus Cristo que pela sua Graça e Misericórdia permitiu-me concluir este curso. À toda minha família e da minha esposa pela compreensão, paciência, apoio e cooperação ao longo desta jornada. À minha esposa Verônica que compartilhou comigo toda essa histórica batalha e se dispõe à quantas mais vierem. Aos professores Augusto Teixeira de Albuquerque (orientador), Leonardo Melo Bezerra (examinador) e Magnólia Maria Campelo Mota (examinadora). v Deus é o que opera em nós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:13 vi RESUMO Por motivos técnicos, econômicos, sociais e políticos, a construção metálica no Brasil, durante muito tempo, restringiu-se à edifícios industriais e grandes coberturas. A descoberta de gigantescas reservas de minérios no país, sendo o minério de ferro um dos mais abundantes, atraiu interesses econômicos e políticos e impulsionou o desenvolvimento e expansão da indústria siderúrgica nacional. Como conseqüência diversos setores produtivos foram impactados, dentre eles, a indústria da construção civil brasileira que tem tido grande evolução nos projetos e nas metodologias construtivas depois que passou-se a tirar partido da construção metálica como solução para o projeto e construção de praticamente todos os tipos de empreendimentos, tais como edifícios comerciais, shopping centers, edifícios residenciais, pontes, viadutos, passarelas e várias outras aplicações. Por essa razão, este trabalho tem como objetivo contribuir para o ensino, pesquisa e divulgação da construção metálica nas escolas de engenharia, apresentando de forma clara e objetiva os tipos de aços estruturais, as propriedades físicas dos aços estruturais, os produtos de aço para uso estrutural, as propriedades geométricas das seções transversais dos elementos estruturais, as principais solicitações a que estão sujeitos, os conceitos e fundamentos teóricos que balizam os procedimentos da ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios, os procedimentos normativos de dimensionamento e verificação de elementos estruturais formados por perfis de aço laminados e soldados e a implementação computacional desses procedimentos via planilhas eletrônicas, com macros programadas em Visual Basic for Application (VBA) para automatizar o dimensionamento e verificação desses elementos estruturais. A leitura e interpretação do texto e dos anexos da ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios, complementada com os fundamentos teóricos, conceitos e exemplos extraídos de literatura técnica atualizada sobre o assunto são a base do desenvolvimento teórico. A programação Visual Basic for Application (VBA) de macros em planilhas eletrônicas para o dimensionamento e verificação dos elementos estruturais, corresponde à parte prática do trabalho e foi feita consultando-se a ajuda do próprio aplicativo Excel e arquivos de texto sobre programação VBA encontrados em sites na internet. Com as planilhas eletrônicas será possível obter o perfil de aço laminado ou soldado, selecionado em um banco de dados composto por tabelas de propriedades geométricas de perfis, que atenda, simultaneamente, às vii condições de segurança e de desempenho em serviço quando o elemento estrutural, fabricado com esse perfil, for submetido a um esforço solicitante crítico (Força axial de tração solicitante de cálculo e Força axial de compressão solicitante de cálculo) e que tenha o menor peso próprio possível. Com este trabalho mais que atingir os objetivos supra citados pretende-se despertar interesse de alunos de graduação em engenharia e de professores responsáveis pelo ensino da disciplina Estruturas de Aço I, ofertada pelo Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil da Universidade Federal do Ceará, que poderão dar continuidade ao mesmo expandindo-o e aprimorando-o. Palavras-chave: Perfis de aço. Dimensionamento. Elementos estruturais. Programação VBA. viii ABSTRACT For technical reasons, economic, social and political, structural steelwork in Brazil for a long time, restricted to large industrial buildings and roofs. The discovery of huge reserves of minerals in the country, with iron ore one of the most abundant, economic and political interests attracted and stimulated the development and expansion of the domestic steel industry. As a consequence many productive sectorswere impacted, among them the Brazilian construction industry that has had great progress in projects and methodologies constructive after it moved to take advantage of the metal building as a solution for the design and construction of virtually all types of projects, such as office buildings, shopping centers, residential buildings, bridges, viaducts, overpasses and many other applications. Therefore, this paper aims to contribute to teaching, research and dissemination of metal construction in engineering schools, presenting a clear and objective types of structural steel, the physical properties of structural steel, steel products for use structural, geometric properties of the cross sections of structural elements, the major stresses to which they are subject, the concepts and theoretical foundations that underlie the procedures of ABNT NBR 8800:2008 - Design of steel structures and composite structures of steel and concrete buildings, normative procedures of design and verification of structural elements made of steel rolled profiles and soldiers and computational implementation of these procedures via spreadsheets with macros programmed in Visual Basic for Application (VBA) to automate the design and verification of these structural elements. The reading and interpretation of the text and annexes of ABNT NBR 8800:2008 - Design of steel structures and composite structures of steel and concrete buildings, complemented with theoretical foundations, concepts and examples from current technical literature on the subject are the basis of the theoretical development. Programming Visual Basic for Application (VBA) macros in spreadsheets for the design and verification of structural elements, corresponds to the practical part of the work was done and consulting to help the application itself Excel and text files on VBA programming found in Internet sites. With spreadsheets you can obtain the profile of rolled steel or welded, selected on a database composed of tables of properties of geometric profiles, that meets both the conditions of safety and performance in service when the structural element, manufactured with this profile, is subjected to a critical effort requestor (axial traction requesting calculation and axial compression requesting calculation) and has the lowest possible weight itself. ix With this work more than achieve the goals listed above is intended to arouse the interest of undergraduates in engineering and teachers responsible for teaching discipline Steel Structures I, offered by the Department of Structural Engineering and Construction, Federal University of Ceará, may continue the same expanding it and improving it. Keywords: steel profiles. Sizing. Structural elements. VBA programming. x LISTA DE SÍMBOLOS λ Índice de esbeltez λpl Índice de esbeltez limite de plastificação λ0 Índice de esbeltez reduzido λr Índice de esbeltez limite de proporcionalidade λlim Índice de esbeltez limite L Comprimento destravado Lx Comprimento destravado na direção do eixo x Ly Comprimento destravado na direção do eixo y Lz Comprimento destravado na direção do eixo z Lef Comprimento efetivo de flambagem K Coeficiente de flambagem por flexão Kx Coeficiente de flambagem por flexão na direção do eixo x Ky Coeficiente de flambagem por flexão na direção do eixo y Kz Coeficiente de flambagem por torção em torno do eixo z r Raio de giração r0 Raio de giração polar rx Raio de giração em torno do eixo x ry Raio de giração em torno do eixo y Nt,Sd Força axial de tração solicitante de cálculo Nt,Rd Força axial de tração resistente de cálculo fy Resistência ao escoamento do aço fu Resistência à ruptura do aço fcr Tensão crítica de resistência do material; tensão crítica de flambagem elástica fmax Tensão máxima de resistência do material fp Tensão de proporcionalidade Nc,Sd Força axial de compressão solicitante de cálculo Nc,Rd Força axial de compressão resistente de cálculo a1 Coeficiente de ponderação da resistência ao escoamento do aço a2 Coeficiente de ponderação da resistência à ruptura do aço xi χ Fator de redução associado à resistência à compressão Qa Fator de redução que leva em conta a flambagem local de elementos AA Qs Fator de redução que leva em conta a flambagem local de elementos AL Q Fator de redução total associado à flambagem local A Área da seção transversal E Módulo de elasticidade Et Módulo de elasticidade tangente G Módulo de elasticidade transversal; centro geométrico de seção transversal ѵ Coeficiente de poisson a Coeficiente de dilatação linear do aço ρa Massa específica do aço d Altura total da seção transversal b Largura bf Largura da mesa bef Largura efetiva t Espessura tw Espessura da alma hw Altura da alma dh Diâmetro de furo db Diâmetro de parafuso Ah Área de furo Ab Área de parafuso ps Relativo a perfil ou peça simples pc Relativo a perfil ou peça compostos Msx Momento estático de área relativo ao eixo x Msy Momento estático de área relativo ao eixo y x Relativo ao eixo x y Relativo ao eixo y x0 Abscissa do centro de torção y0 Ordenada do centro de torção xii xG Abscissa do centro geométrico yG Ordenada do centro geométrico I Momento de inércia Ix Momento de inércia de área de seção transversal em torno do eixo x Iy Momento de inércia de área de seção transversal em torno do eixo y Ixy Produto de inércia de área de seção transversal T Momento de inércia à torção W Módulo de resistência elástico Z Módulo de resistência plástico Sd Solicitação de cálculo Rd Resistência de cálculo Sser Solicitações de serviço Slim Solicitações limites de serviço Ct Coeficiente de redução da área líquida Ag Área bruta da seção transversal An Área líquida da seção transversal Aef Área efetiva da seção transversal Ac Área conectada da seção transversal s Espaçamento longitudinal entre furos g gabarito de furação; espaçamento transversal entre furos ec Excentricidade da ligação lc Comprimento da ligação lw Comprimento do cordão de solda σ Tensão normal σfl Tensão normal de flambagem elástica σcr Tensão crítica de flambagem elástica N Força axial; normal Ne Normal de flambagem elástica Nex Normal de flambagem elástica por flexão em torno do eixo x Ney Normal de flambagem elástica por flexão em torno do eixo y xiii Nez Normal de flambagem elástica por flexão em torno do eixo z Nexz Normal de flambagem elástica por flexo-torção em torno do eixo x Neyz Normal de flambagem elástica por flexo-torção em torno do eixo y Ncr Normal crítica; carga crítica Npl Normal de plastificação M Momento fletor v Deslocamento horizontal P Carga axial Pcr Carga ou força crítica de Euler V Flecha; deformação C Constante Cw Constante de empenamento da seção transversal xiv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15 1.1 Tema ..........................................................................................................................16 1.2 Justificativa ................................................................................................................ 16 1.3 Problema .................................................................................................................... 17 1.4 Hipóteses .................................................................................................................... 18 1.5 Objetivos .................................................................................................................... 20 2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 22 2.1 Conceito de aço .......................................................................................................... 22 2.2 Classificação dos aços estruturais .............................................................................. 22 2.3 Propriedades dos aços estruturais .............................................................................. 24 2.4 Principais séries de aços estruturais ........................................................................... 28 2.5 Produtos de aço para uso estrutural ........................................................................... 29 2.6 Propriedades geométricas das seções planas transversais ......................................... 32 2.7 Elementos que compõe uma estrutura em aço e suas principais solicitações ............ 36 2.8 Segurança e estados-limites ....................................................................................... 39 2.9 Elementos estruturais em aço submetidos à força axial de tração ............................. 40 2.10 Elementos estruturais em aço submetidos à força axial de compressão ................ 47 3 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 70 3.1 O Excel e o VBA ....................................................................................................... 70 3.2 O Editor de VBA ....................................................................................................... 71 3.3 Como trabalhar com objetos em VBA ....................................................................... 73 3.4 Planejamento, organização , fluxogramas e programação das planilhas eletrônicas para o dimensionamento e verificação de elementos estruturais formados por perfis de aço laminados e soldados ............................................................................................................ 74 4 APLICAÇÃO DAS PLANILHAS NA RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS ..................... 82 4.1 Dimensionamento e verificação de elementos tracionados ....................................... 82 4.2 Dimensionamento e verificação de elementos comprimidos..................................... 87 5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 96 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 97 15 1 INTRODUÇÃO “Registros históricos demonstram que a tecnologia da construção metálica é anterior à tecnologia da construção em concreto. No entanto, no Brasil, sua implantação foi tardia e lenta, por motivos técnicos, econômicos, sociais e políticos” (SOUZA, 2010, p. 8). Com o passar dos anos, foram sendo descobertas gigantescas reservas de minérios no Brasil, sendo o minério de ferro um dos mais abundantes. Isso atraiu os interesses políticos e econômicos para a implantação, desenvolvimento e expansão da indústria siderúrgica no país. Como consequência, diversos setores foram impactados pelo crescimento da indústria siderúrgica, dentre eles a indústria da construção civil, cujo emprego do aço era limitado. A realidade atual é bem diferente, e o aço aparece frequentemente como alternativa viável para diversos tipos de empreendimentos. Deixou de ser o material empregado predominantemente em edifícios industriais e grandes coberturas, passando a ser utilizado em edifícios comerciais, shopping Centers, edifícios residenciais, pontes, viadutos, passarelas e várias outras aplicações. Esse incremento no uso do aço foi possível devido ao entendimento de suas características, que interferem de forma positiva em várias etapas da construção e, assim, reduzem o peso próprio, aliviam cargas nas fundações, facilitam instalações de canteiros de obras, e diminuem prazos e custos finais (SOUZA, 2010, p. 8). Em todas as regiões do Brasil isso pode ser observado em obras recentes construídas ou em fase de construção. Em Fortaleza, capital do estado do Ceará, podemos citar os viadutos sobre as avenidas Santos Dumont e Mr Hall, as estações da linha sul do metrô e as passarelas de pedestres ao longo da mesma, os prédios das diversas redes de supermercados e shopping centers, a Arena Coberta Plácido Aderaldo Castelo, o novo prédio do Tribunal de Contas do Estado, etc. Por conta dessa diversificação e aumento crescente do uso do aço na construção civil brasileira, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), lançou a nova norma brasileira ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios, resultado da evolução tecnológica dos projetos e da diversificação e fusão de metodologias construtivas (Construção em Aço + Construção em Concreto). Há, portanto, cada vez mais necessidade de estudo, conhecimento, ensino, pesquisa e divulgação da construção metálica nas escolas de engenharia. 16 1.1 Tema Este trabalho, cujo tema é Programação VBA e Criação de Macros em Planilhas Eletrônicas para o Dimensionamento e Verificação de Elementos Estruturais formados por Perfis de Aço Laminados e Soldados, tem cunho Teórico e Prático. Teórico porque nele são apresentados(as) os tipos de aços estruturais, as propriedades físicas dos aços estruturais, os produtos de aço para uso em elementos estruturais, as propriedades geométricas das seções transversais dos elementos que compõem uma estrutura de aço e as principais solicitações às quais poderão estar sujeitos. São também apresentados os conceitos e fundamentos teóricos que balizam o dimensionamento e verificação desses elementos estruturais segundo a ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Prático porque transforma os procedimentos de dimensionamento e verificação de elementos estruturais em aço da ABNT NBR 8800:2008 em fluxogramas e estes, em programação Visual Basic for Application (VBA) de macros para planilhas eletrônicas, com as quais será possível o dimensionamento e a verificação de elementos estruturais formados por perfis de aço laminados e soldados submetidos a um dado tipo e intensidade de solicitação. 1.2 Justificativa Um projeto como este proporcionará diversos benefícios a estudantes de graduação em engenharia interessados nesta área de estudo, como conhecimento teórico sobre dimensionamento e verificação de elementos estruturais em aço fundamentado em normas técnicas vigentes e em literatura técnica atualizada, conhecimento e aplicação da poderosa ferramenta de programação VBA na elaboração de macros para planilhas eletrônicas com recursos avançados para auxiliar em projetos de engenharia estrutural e, principalmente, tornar a tarefa de dimensionar e verificar elementos estruturais em aço menos trabalhosa e fatídica e com menor risco de subdimensionar ou superdimensionar as peças estruturais. Peças estruturais em aço, quando subdimensionadas, poderão causar desde problemas patológicos frequentes e recorrentes até o colapso parcial ou total da estrutura. Peças superdimensionadas oneraram o custo de uma estrutura em aço inviabilizando-a. Este trabalho é apenas o inicio de um projetoque poderá ser aperfeiçoado e expandido por outros estudantes de graduação em 17 engenharia interessados no assunto, pois trata apenas do dimensionamento e verificação de elementos estruturais simples formados por perfis de aço laminados e soldados submetidos a esforços solicitantes de cálculo de tração e compressão. Elementos estruturais simples formados por perfis de aço laminados e soldados submetidos a esforços de flexão simples, força cortante, elementos estruturais compostos formados por perfis de aço laminados e soldados, elementos estruturais mistos formados por aço e concreto, ligações parafusadas e soldadas e elementos estruturais submetidos a flexão composta, não serão abordados neste projeto ficando como sugestão, aos interessados no assunto, a apresentação teórica dos procedimentos de dimensionamento e verificação da ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios e a implementação computacional do dimensionamento e verificação desses elementos estruturais via planilhas eletrônicas. 1.3 Problema Para dimensionar os elementos que compõem uma estrutura de aço é necessário definir o tipo de aço, o tipo de perfil, a geometria da seção transversal dos elementos, o processo de montagem, o processo de ligação, os fatores estéticos, os fatores ligados a durabilidade, as ações e combinações de ações atuantes, fazer a análise estrutural e definir a envoltória de todos os esforços solicitantes de cálculo resultantes das combinações críticas das ações atuantes. Em seguida verificar se os elementos que compõem a estrutura atendem ao estado-limite último (ELU) e ao estado-limite de serviço (ELS), quando submetidos à envoltória de esforços solicitantes ao longo de sua vida útil. Segundo a ABNT NBR 8681:2003 – Ações e segurança nas estruturas – Procedimento, os estados-limites últimos (ELU) estão relacionados à perda de equilíbrio, global ou parcial, admitida a estrutura como um corpo rígido; à ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais; à transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático; à instabilidade por deformação; à instabilidade dinâmica. Já os estados- limites de serviço (ELS) estão relacionados a danos ligeiros ou localizados, que comprometem o aspecto estético da construção ou a durabilidade da estrutura; à deformações excessivas que afetem a utilização normal da construção ou seu aspecto estético; à vibração excessiva ou desconfortável. 18 Por tanto, o dimensionamento e verificação dos elementos estruturais de uma construção deverá ser feito de forma a evitar que qualquer um desses estados limites seja excedido ao longo da vida útil da construção. O uso de planilhas eletrônicas têm sido uma das ferramentas de grande utilidade para manipular dados em diversas atividades, permitindo receber, armazenar, organizar, selecionar e processar dados, obtendo assim, resultados para análise e tomada de decisão. A implementação computacional com programação Visual Basic for Application (VBA) de macros em planilhas eletrônicas para o dimensionamento e verificação de elementos estruturais em aço é o problema a ser solucionado ao longo deste trabalho, que exigirá conhecimento desses procedimentos de dimensionamento e verificação conforme as normas vigentes, conhecimento das ferramentas de programação VBA, criação de um banco de dados composto por todas as tabelas contendo os dados que serão necessários ao dimensionamento e verificação, bem como a criação das planilhas de dimensionamento e verificação, com botões de comando para selecionar e capturar dados no banco de dados criado, fazer o processamento do dimensionamento e verificação, exibir os resultados e possibilitar a impressão da planilha com todas as informações do dimensionamento e verificação dos elementos estruturais em aço. 1.4 Hipóteses Organizando um banco de dados de tabelas e transformando os procedimentos normativos de dimensionamento e verificação dos elementos estruturais formados por perfis de aço laminado e soldado em fluxogramas, pode-se, utilizando recursos de planilha eletrônica, automatizar o dimensionamento e verificação, atendendo a todas as condições de segurança e desempenho estruturais exigidas pela nova norma ABNT NBR 8800:2008- Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Com os resultados da análise do modelo estrutural do elemento (força axial de tração solicitante de cálculo e força axial de compressão solicitante de cálculo), obtidos com as combinações críticas das ações atuantes, faz-se o pré-dimensionamento do elemento estrutural dentro de limites práticos estabelecidos. No pré-dimensionamento de elementos tracionados, considera-se uma esbeltez, λ, máxima menor ou igual a 300 para o comprimento destravado, L, do elemento e determina-se 19 o raio de giração r. Escolhe-se nas tabelas de perfis aquele cujo valor do menor raio de giração correspondente mais se aproxima do obtido no pré-dimensionamento. Tem-se, então, por hipótese, um perfil que será o ponto de partida para o dimensionamento à tração. Segundo o subitem 5.2.1.2 da ABNT NBR 8800:2008, no dimensionamento de elementos estruturais submetidos à força axial de tração, deve ser atendida a condição: Nt,Sd ≤ Nt,Rd (1) onde: Nt,Sd → força axial de tração solicitante de cálculo; Nt,Rd → força axial de tração resistente de cálculo, determinada conforme os subitens 5.2.2, 5.2.6 ou 5.2.7 da ABNT NBR 8800:2008, o que for aplicável. Devem ainda ser observadas as considerações estabelecidas no subitem 5.2.8 da ABNT NBR 8800:2008, relacionadas à limitação da esbeltez. O perfil mais econômico resultado do dimensionamento à tração será aquele, escolhido nas tabelas de perfis, para o qual a diferença entre a força axial de tração resistente de cálculo e a força axial de tração solicitante de cálculo mais se aproximar de zero e cujo peso próprio seja o menor possível. Esses são os passos para a resolução dos problemas de dimensionamento e verificação de elementos estruturais tracionados. Transforma-se esses passos em um fluxograma, o qual deverá ser implementado computacionalmente através da elaboração de planilhas eletrônicas contendo macros programadas em VBA capazes de fazer o dimensionamento e verificação de elementos estruturais formados por perfis de aço laminados e soldados submetidos a esforços axiais de tração. O pré-dimensionamento de elementos comprimidos, pode ser feito através do seguinte procedimento: conhecendo-se L, fy, Nc,Sd, a1, adotando-se χ=0,3 , Q=1 e aplicando- se Nc,Sd ≤ Nc,Rd, determina-se o valor aproximado da área A, em cm2, da seção transversal do elemento estrutural por meio da expressão A= (Nc,Sd . a1) / (χ.Q.fy). Escolhe-se nas tabelas de perfis aquele cujo valor da área da seção transversal correspondente mais se aproxima da obtida no pré-dimensionamento. Tem-se, então, por hipótese, um perfil que será o ponto de partida para o dimensionamento à compressão. Segundo o subitem 5.3.1 da ABNT NBR 8800:2008, no dimensionamento de elementos estruturais submetidos à força axial de compressão, deve ser atendida a condição: Nc,Sd ≤ Nc,Rd (2) onde: 20 Nc,Sd → é a força axial de compressão solicitante de cálculo; Nc,Rd → é a força axial de compressão resistente de cálculo, determinada conforme o subitem 5.3.2 da ABNT NBR 8800:2008. Devem ainda ser observadas as prescrições estabelecidas no subitem 5.3.4 da ABNT NBR 8800:2008, relacionadas à limitação da esbeltez. O perfil mais econômico resultado do dimensionamento à compressão será aquele,escolhido nas tabelas de perfis, para o qual a diferença entre a força axial de compressão resistente de cálculo e a força axial de compressão solicitante de cálculo mais se aproximar de zero e cujo peso próprio for o menor possível. Esses são os passos para a resolução dos problemas de dimensionamento e verificação de elementos estruturais comprimidos. Transforma-se esses passos em um fluxograma, o qual deverá ser implementado computacionalmente através da elaboração de planilhas eletrônicas com macros programadas em VBA para o dimensionamento e verificação de elementos estruturais formados por perfis de aço laminados e soldados submetidos a esforços axiais de compressão. 1.5 Objetivos 1.5.1 Objetivo geral O objetivo geral deste trabalho é a elaboração de planilhas eletrônicas programadas em Visual Basic for Application (VBA), para dimensionar e verificar elementos estruturais em aço formados por perfis laminados e soldados submetidos à força axial de tração solicitante de cálculo, Nt,Sd, e à força axial de compressão solicitante de cálculo, Nc,Sd. Além disso as planilhas possibilitarão encontrar, em uma determinada tabela de perfis laminados ou soldados, aquele que melhor atenda à todas as condições de segurança e de desempenho em serviço impostas pelas normas vigentes para um dado tipo e intensidade de solicitação atuante no elemento estrutural com máximo desempenho e economia. A programação Visual Basic for application (VBA) de macros em planilhas eletrônicas seguirá rigorosamente os procedimentos normativos da ABNT NBR 8800:2008, subitem 5.2 - Barras prismáticas submetidas à força axial de tração e subitem 5.3 - Barras prismáticas submetidas à força axial de compressão. 21 1.5.2 Objetivos específicos Os objetivos específicos deste trabalho são apresentar de forma objetiva e clara os seguintes assuntos necessários ao processo de dimensionamento e verificação dos elementos estruturais em aço via planilhas eletrônicas programadas em VBA: • os tipos de aços estruturais usualmente utilizados nos elementos das estruturas de aço; • as propriedades físicas dos aços estruturais; • as propriedades geométricas das seções transversais dos elementos estruturais; • os produtos de aço para uso nos elementos estruturais; • as peças que compõe uma estrutura em aço e as principais solicitações a que estão sujeitas; • os conceitos e fundamentos teóricos que balizam os procedimentos normativos da ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios; • os procedimentos normativos de dimensionamento e verificação de elementos estruturais formados por perfis de aço laminados e soldados da ABNT NBR 8800:2008; • os fluxogramas para a implementação computacional dos procedimentos de dimensionamento e verificação dos elementos estruturais; • a elaboração de planilhas eletrônicas com macros em Visual Basic for Application (VBA) de acordo com os fluxogramas dos procedimentos de dimensionamento e verificação dos elementos estruturais, permitindo a escolha do perfil mais econômico para um elemento estrutural submetido a um dado tipo e intensidade de solicitação. 22 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Conceito de aço Em qualquer área de conhecimento específico que um profissional habilitado for atuar desenvolvendo atividades que gerem soluções adequadas, corretas, práticas e econômicas é fundamental que haja conhecimento e entendimento dos conceitos de tudo que está relacionado à essas atividades. Assim é que para desenvolver atividades relacionadas às construções em aço deve-se começar com o conceito de aço. Segundo Pfeil, W. e Pfeil, M. (1995, p. 1), “o aço é uma liga de ferro e carbono com outros elementos adicionais como silício, manganês, fósforo, enxofre etc. O teor de carbono varia de 0% a 1,7%.” 2.2 Classificação dos aços estruturais Tendo conhecimento do conceito de aço, citado no parágrafo anterior, pode-se entender que, devido à variações na composição química da liga, existem aços estruturais com resistência mecânica e propriedades físicas diferentes. Segundo Pfeil, W. e Pfeil, M. (1995, p. 1), “os aços utilizados em estruturas são divididos em dois grupos: aços-carbono e aços de baixa liga.” 2.2.1 Aços-carbono Segundo Pfeil, W. e Pfeil, M. (1995, p. 1), “os aços-carbono são os tipos mais usados, nos quais o aumento de resistência em relação ao ferro puro é produzido pelo carbono e, em menor escala, pelo manganês.” Isso quer dizer que quanto maior o teor de carbono presente na liga maior será a resistência e menor a ductilidade do aço produzido. Por isso, segundo Pfeil, W. e Pfeil, M. (1995, p. 1), “em função do teor de carbono, distinguem-se quatro categorias: baixo carbono (C<0,15%); moderado carbono (0,15%<C<0,29%); médio carbono (0,30%<C<0,59%) e alto carbono (0,60%<C<1,7%).” 23 Ainda segundo Pfeil, W. e Pfeil, M. (1995, p. 2), “em estruturas usuais de aço, utilizam-se de preferência aços com teor de carbono baixo até moderado, os quais podem ser soldados sem precauções especiais.” Como exemplos de aços-carbono mais usados em estruturas, de acordo com Bellei (2006, p. 7),“podemos citar: o ASTM A36 e A570, e os ABNT NBR 7007, 6648, 6649, 6650; DIN Stγ7.” 2.2.2 Aços de baixa liga Bellei (2006, p. 7) afirma que os aços de baixa liga são os aços carbono que, acrescidos de elementos de liga tais como: nióbio, cobre, manganês, silício, etc, em pequenas quantidades, provocam um aumento de resistência do aço através da modificação da microestrutura para grãos finos, obtendo-se aços de resistência elevada com teor de carbono da ordem de 0,20%, permitindo a soldagem dos aços sem precauções especiais. Entre estes, podemos citar como mais usuais: o ASTM A572, A441, os ABNT NBR 7007, 5000, 5004; DIN St52, etc. Os aços de baixa liga e alta resistência mecânica e resistentes à corrosão atmosférica, conhecidos também como aços patináveis, são obtidos com pequena variação na composição química e com adição de alguns componentes, tais como vanádio, cromo, cobre, níquel e alumínio, que aumentam de duas a quatro vezes sua resistência à corrosão atmosférica. Entre eles citam-se: o ASTM A588, os ABNT NBR 5920, 5921, 5008. (BELLEI, 2006, p. 7). 2.2.3 Aços com tratamento térmico Segundo Pfeil, W. e Pfeil, M. (1995, p. 3) “tanto os aços carbono como os de baixa liga podem ter suas resistências aumentadas pelo tratamento térmico. A soldagem dos aços tratados termicamente é, entretanto, mais difícil, o que torna seu emprego pouco usual em estruturas correntes.” São os chamados aços com tratamento térmico empregados na fabricação de parafusos e barras de aço para protensão. 24 “Os parafusos de alta resistência utilizados como conectores são fabricados com aço de médio carbono sujeito a tratamento térmico (especificação ASTM A325).” (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 3). “Os aços de baixa liga com tratamento térmico se empregam na fabricação de barras de aço para protensão e também de parafusos de alta tensão (especificação ASTM A490).” (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 3). 2.3 Propriedades dos aços estruturais O conhecimento das propriedades dos aços estruturais é relevante no ato da especificação dos tipos de aço que irão compor os elementos estruturais de uma estrutura em aço. Com o conhecimento dos tipos de aço e de suas propriedades os profissionais envolvidos nas etapas de projeto, fabricação, transporte, montagem, utilização e manutenção estarão habilitados e preparados para escolher a opção mais adequada de tipo de aço a ser empregado, levando em consideração o local e o ambiente de implantação do empreendimento, o projeto arquitônico com suas exigências estéticas e funcionais, os tipos de uso e finalidade do empreendimento, o sistema estrutural adotado,as exigências das normas técnicas vigentes quanto à segurança, desempenho e durabilidade e a viabilidade técnica e econômica do empreendimento. Portanto é fundamental esse conhecimento, visto que há diferenças significativas entre cada tipo de aço tanto do ponto de vista técnico como econômico. 2.3.1 Diagrama tensão x deformação dos aços estruturais Cada um dos tipos de aço produzidos nas indústrias siderúrgicas tem sua curva tensão x deformação característica. Souza (2010, p. 10) afirma que “para o projeto e dimensionamento de elementos estruturais em aço é importante conhecer o diagrama tensão x deformação que pode ser obtido por meio de ensaio de tração em corpos-de-prova padronizados.” À partir dos diagramas tensão x deformação definem-se a resistência ao escoamento (fy) e a resistência à ruptura (fu) dos diferentes tipos de aço. Os valores de resistência ao escoamento (fy) e de resistência à ruptura (fu) são utilizados nos procedimentos normativos de dimensionamento e verificação de elementos estruturais em aço. 25 Diagramas tensão x deformação típicos são apresentados nas Figuras 1a e 1b. No primeiro caso, tem-se um diagrama com patamar de escoamento definido, típico de aços virgens. No segundo caso, um diagrama tensão x deformação comum em aços que passaram por tratamento a frio, como por exemplo, o encruamento. Figura 1a – Diagrama tensão x deformação de aços virgens Fonte: Souza (2010) Figura 1b – Diagrama tensão x deformação de aços com tratamento a frio. Fonte: Souza (2010) “Para os procedimentos de dimensionamento a ABNT NBR 8800:2008 exige aços estruturais com fy ≤ 450MPa e fu/fy ≥ 1,18.” (SOUZA, 2010, p. 10). 2.3.2 Propriedades mecânicas gerais dos aços estruturais “Uma das vantagens do uso do aço em estruturas é o fato de ser um material homogêneo, com características mecânicas bem definidas e de simples caracterização.” (SOUZA, 2010, p. 9). 26 Independentemente do tipo de aço, as propriedades mecânicas da Tabela 1 são constantes. Tabela 1 – Propriedades mecânicas dos aços estruturais Propriedades mecânicas dos aços estruturais Módulo de elasticidade E = 20000KN/cm2 Módulo de elasticidade transversal G = 7700KN/cm2 Coeficiente de Poisson ѵ = 0,3 Coeficiente de dilatação térmica βa = 1,2x10-5 °C-1 Massa específica ρa = 7850 Kg/m3 Fonte: ABNT NBR 8800:2008 2.3.3 Propriedades físicas dos aços estruturais As propriedades físicas são inerentes do tipo de aço, ou seja, o comportamento mecânico de dois elementos estruturais com dimensões e características geométricas idênticas e submetidos às mesmas condições de carregamento é diferente quando esses elementos estruturais se diferem apenas no tipo de aço. A seguir são citadas e definidas as propriedades físicas mais importantes dos aços estruturais. 2.3.4 Ductilidade Denomina-se ductilidade a capacidade do material de se deformar sob a ação das cargas. Os aços dúcteis, quando sujeitos a tensões locais elevadas sofrem deformações plásticas capazes de redistribuir as tensões; esse comportamento plástico permite, por exemplo, que se considere numa ligação rebitada distribuição uniforme de carga entre os rebites. Além desse efeito local, a ductilidade tem importância porque conduz a mecanismos de ruptura acompanhados de grandes deformações que fornecem avisos da atuação de cargas elevadas. (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 7). 27 2.3.4.1 Fragilidade “É o oposto da ductilidade. Os aços podem ser tornados frágeis pela ação de diversos agentes: baixas temperaturas ambientes, efeitos térmicos locais causados, por exemplo, por solda elétrica etc.” (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 7). “O estudo das condições em que os aços se tornam frágeis tem grande importância nas construções metálicas, uma vez que os materiais frágeis se rompem bruscamente, sem aviso prévio.” (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 7). 2.3.4.2 Resiliência “É a capacidade de absorver energia mecânica em regime elástico.” (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 7). 2.3.4.3 Tenacidade “É a capacidade de absorver energia mecânica com deformações elásticas e plásticas. No ensaio de tração simples, a tenacidade é medida pela área total do diagrama tensão-deformação.” (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 8). 2.3.4.4 Dureza “Denomina-se dureza a resistência ao risco ou abrasão. Na prática mede-se dureza pela resistência que a superfície do material oferece à penetração de uma peça de maior dureza. Existem diversos processos como Brinnel, Rockwell, Shore”. (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 8). 28 2.3.4.5 Fadiga A resistência a ruptura dos materiais é em geral medida em ensaios estáticos. Quando as peças metálicas trabalham sob efeito de esforços repetidos em grande número, pode haver ruptura em tensões inferiores às obtidas em ensaios estáticos. Esse efeito denomina-se fadiga do material. (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 8). “A resistência à fadiga é em geral determinante no dimensionamento de peças sob ação de efeitos dinâmicos importantes, tais como peças de máquinas, de pontes etc”. (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 8). 2.4 Principais séries de aços estruturais A ABNT NBR 8800:2008, anexo A, traz as tabelas e recomendações das principais séries de aços estruturais utilizadas no Brasil. A seguir são citadas as séries de aços e os textos e tabelas da norma para consulta. 2.4.1 Aços para perfis, chapas e tubos – Série ABNT A Tabela A.1 do anexo A da ABNT NBR 8800:2008 apresenta os tipos de aços estruturais mais utilizados padronizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com seus respectivos valores nominais de resistência ao escoamento fy e resistência à ruptura fu. 2.4.2 Aços para perfis, chapas e tubos – Série ASTM A Tabela A.2 do anexo A da ABNT NBR 8800:2008 apresenta os tipos de aços estruturais mais utilizados da série ASTM, com seus respectivos valores nominais de resistência ao escoamento fy e resistência à ruptura fu. 29 2.4.3 Parafusos Na Tabela A.3 do anexo A da ABNT NBR 8800:2008 são apresentados os tipos de parafusos mais utilizados em estruturas de aço com as respectivas resistências ao escoamento fyb e à ruptura fub, segundo as especificações das normas ASTM e ISSO. 2.5 Produtos de aço para uso estrutural Os principais produtos usados como elementos ou componentes estruturais são: chapas finas a frio, chapas zincadas, chapas finas a quente, chapas grossas, perfis laminados estruturais, tubos estruturais com e sem costura, barras redondas e barras chatas, perfis soldados e perfis estruturais em chapas dobradas. (BELLEI, 2006, p. 14). As estruturas metálicas são formadas predominantemente por elementos lineares. As seções transversais desses elementos são denominadas comumente de perfis. Segundo Souza (2010, p.12) “a escolha da geometria do perfil depende do tipo e intensidade das solicitações, do processo de montagem, do processo de ligação, de fatores estéticos e de fatores ligados a durabilidade”. Ainda segundo Souza (β010, p.1β) “os perfis estruturais podem ser classificados em três grupos em razão do processo de obtenção: perfis formados a frio, perfis laminados (padrão americano e padrão europeu ou de abas paralelas) e perfis soldados”. A Figura 2 apresenta as principais seções de cada grupo. 30 Figura 2 – Principais tipos de perfis estruturais Fonte: Souza (2010) Os perfis formados a frio são obtidos por dobragem (conformação) de chapas planas. Os critérios de dimensionamento e verificação desse tipo de perfil são estabelecidos pela ABNT NBR 14762:2001, e não serão abordados neste trabalho. (SOUZA, 2010, p. 14). Os perfis laminados do padrão americano apresentam baixa relação inércia/peso e pouca variedade de formas e dimensões; além disso, as espessurasdos seus elementos são variáveis, o que dificulta as ligações. Nos perfis laminados de abas planas esses problemas são resolvidos, no entanto a oferta desses perfis no Brasil ainda é muito restrita. (SOUZA, 2010, p. 14). São usados na fabricação de estruturas metálicas e, secundariamente, como 31 caixilhos e grades. São classificados em perfis leves com alturas menores que 80mm, perfis médios com alturas variando de 80mm a 200mm, perfis pesados com alturas maiores que 200mm. (BELLEI, 2006, p. 17). Os perfis laminados são classificados em função da relação largura/espessura dos seus elementos em seções compactas, semicompactas e esbeltas. As seções compactas são aquelas em que é possível a plastificação total com grandes rotações anteriormente ao aparecimento de flambagem local, e por essa razão podem ser adequadas para análise plástica. As seções semicompactas não apresentam grande capacidade de rotação, no entanto é possível atingir a resistência ao escoamento, considerando os efeitos de tensões residuais, antes do aparecimento de flambagem local. Nas seções esbeltas não é possível atingir a resistência ao escoamento, pois um ou mais dos seus elementos apresentarão flambagem local em regime elástico. (SOUZA, 2010, p. 14). Os perfis soldados compostos a partir de três chapas, são largamente empregados nas estruturas metálicas, dada a grande versatilidade de combinações de espessuras com alturas e larguras. Com estes produtos o projetista passa a ter opções muito variadas e grande liberdade. A fim de facilitar os projetistas e calculistas a ABNT NBR 5884:2005 - Perfil I estrutural de aço soldado por arco elétrico – Requisitos gerais, padronizou cinco séries, a saber: série CS para colunas (d/bf=1), série VS para vigas (d/bf≤4), série CVS para colunas e vigas (1< d/bf ≤ 1,5), VSA para vigas de rolamento, VSM para vigas mistas. Como se trata de composição, o calculista tem total liberdade nos projetos dos perfis, respeitando as relações largura/espessura previstas nas normas. (BELLEI, 2006, p. 18). Em construções que exigem grande variedade de formas e dimensões das peças estruturais, os perfis laminados são menos utilizados, porque há poucas fábricas e o complexo processo de produção desses perfis laminados obriga a uma padronização das formas e dimensões dos mesmos. Por isso a maioria dos projetistas e fabricantes de estruturas de aço preferem os perfis soldados, os quais são obtidos da união de chapas de aço que podem ser cortadas e soldadas para obter-se perfis conforme as necessidades, dimensões e formas das peças estruturais que o projeto especificar e detalhar. 32 2.6 Propriedades geométricas das seções planas transversais Para o dimensionamento de peças estruturais, além da determinação da estabilidade do conjunto e dos esforços internos solicitantes, é necessário a determinação de algumas propriedades geométricas da seção plana transversal. Como propriedades geométricas principais tem-se: área, centro de gravidade, momento de inércia, produto de inércia, raio de giração, momento resistente elástico, momento resistente plástico. (PINHEIRO, 2005, p. 11) 2.6.1 Cálculo de áreas de seções planas transversais O cálculo para a determinação da área A de seções planas transversais como a da Figura 3 é definido como: A = (3) Para facilitar o cálculo da área de uma figura deve-se, sempre que possível, desmembra-la em figuras geométricas cujas áreas são conhecidas. (PINHEIRO, 2005, p. 11). Figura 3 – Área de uma seção transversal qualquer Fonte: Pinheiro (2005) 2.6.2 Centro de gravidade de áreas de seções planas transversais O centro de gravidade G de áreas de seções planas transversais como a da Figura 4 é obtido pela aplicação direta do momento estático de áreas. 33 Figura 4 – Centro de gravidade de uma seção transversal qualquer Fonte: Pinheiro (2005) Os momentos estáticos em relação aos eixos x e y na Figura 4 são: Msx = (4) Msy = (5) Também é possível definir os momentos estáticos como: Msx = yG A (6) Msy = xG A (7) Igualando as equações (4) e (6) temos: = yG A → yG = (8) Igualando as equações (5) e (7) temos: = xG A → xG = (9) Em seções planas com um eixo de simetria o centro de gravidade G está em uma posição sobre este eixo. Em seções planas com dois eixos de simetria o centro de gravidade G está sobre a intersecção desses eixos. (PINHEIRO, 2005, p. 12). 2.6.3 Momento de inércia de seções planas transversais Na Figura 5, o momento de inércia Ix de uma seção transversal plana qualquer de área A em relação ao eixo x é definido por: Ix = (10) Para o eixo y é definido por: Iy = (11) (PINHEIRO, 2005, p. 14) 34 Figura 5 – Momento de Inércia de uma seção transversal qualquer Fonte: Pinheiro (2005) 2.6.4 Produto de inércia de áreas de seções planas transversais É definido como sendo: Ixy = (12) Se a área possuir um eixo de simetria, o produto de inércia é nulo, pois para qualquer elemento de área dA com abscissa e/ou ordenada positiva, sempre existe um outro elemento de área dA, igual e simétrico, com abscissa e/ou ordenada negativa como mostra a Figura 6. (PINHEIRO, 2005, p. 17). Figura 6 – Produto de Inércia de uma seção transversal qualquer Fonte: Pinheiro (2005) 35 2.6.5 Raio de giração de áreas de seções planas transversais Essa propriedade é definida para o eixo x como: rx = (13) Para o eixo y como: ry = (14) (PINHEIRO, 2005, p. 26). 2.6.6 Momento resistente elástico Wsuperior = (15) Winferior = (16) (PINHEIRO, 2005, p. 28). 2.6.7 Módulo de resistência plástico O módulo de resistência plástico é uma característica importante das seções transversais dos elementos estruturais. Ao se trabalhar com estruturas no regime elástico e no regime plástico, deve-se levar em consideração que esses regimes pressupõem leis diferentes de distribuição de tensões, a partir das respectivas linhas neutras, isto é, linha neutra elástica (LNE) e linha neutra plástica (LNP). (PINHEIRO, 2005, p. 28). Na flexão de elementos estruturais tem-se: a) As forças de ambos os lados da linha neutra (LN) deverão ser iguais em módulo; b) Os planos dos momentos resistente e aplicado deverão ser paralelos. (PINHEIRO, 2005, p. 29). A LNP divide a áreada seção transversal em duas áreas iguais, não passando necessariamente pelo CG da seção. Ver Figura 7. 36 Z = (17) (PINHEIRO, 2005, p. 29). Figura 7 – Representação gráfica da flexão dos elementos Fonte: Pinheiro (2005) 2.7 Elementos que compõe uma estrutura em aço e suas principais solicitações Para ilustrar os vários aspectos de uma estrutura em aço e indicar os nomes dos seus elementos, apresenta-se, na Figura 8, o arranjo geral da estrutura de um galpão com um vão. A Figura 9 mostra um resumo destes elementos, com as principais solicitações a que estão sujeitos e os tipos mais usuais dos produtos de aço empregados. (BELLEI, 2006, p. 123). 37 Figura 8 – Perspectiva didática de um galpão industrial com indicação do nome usual de seus principais elementos. Fonte: Bellei (2006) 38 Figura 9 – Resumo dos principais elementos estruturais. Fonte: Bellei (2006) 39 2.8 Segurança e estados-limites “As estruturas devem ser projetadas para resistir a todas as ações atuantes durante sua vida útil com segurança, desempenho e durabilidade adequada à sua utilização, com custos de construção e manutenção compatíveis.” (SOUZA, β010, p. 15). 2.8.1 Critérios de segurança Os critérios de segurança estrutural são fundamentados na ABNT NBR 8681:2003 - Ações e segurança nas estruturas – Procedimento, exigindo que a estrutura seja dimensionada de modo que nenhum estado-limite seja excedido para as combinações de ações apropriadas. (SOUZA, 2010, p. 15). 2.8.2 Estados-limites De acordo com o subitem 4.6.2.1 da ABNT NBR 8800:2008, devem ser considerados os estados-limites últimos (ELU) e os estados-limites de serviço (ELS). Os estados-limites últimos estão relacionados com a segurança da estrutura sujeita às combinações mais desfavoráveis de ações previstas em toda a vida útil, durante a construção ou quando atuar uma ação especial ou excepcional. Os estados-limites de serviço estão relacionados com o desempenho da estrutura sob condições normais de utilização. De acordo com o subitem 4.6.2.2 da ABNT NBR 8800:2008, o método dos estados-limites utilizado para o dimensionamento de uma estrutura exige que nenhum estado- limite aplicável seja excedido quando a estrutura for submetida a todas as combinações apropriadas de ações. Se um ou mais estados-limites forem excedidos, a estrutura não atende mais aos objetivos para os quais foi projetada. 2.8.3 Condições usuais relativas aos estados-limites últimos (ELU) Conforme o subitem 4.6.3.1 da ABNT NBR 8800:2008, as condições usuais de segurança referentes aos estados-limites últimos são expressas por desigualdades do tipo: 40 θ ( Sd, Rd) ≥ 0 (18) onde: Sd → representa os valores de cálculo dos esforços atuantes (em alguns casos específicos, das tensões atuantes), obtidos com base nas combinações últimas de ações; Rd → representa os valores de cálculo dos correspondentes esforços resistentes (em alguns casos específicos, das tensões resistentes), obtidos conforme o tipo de situação. Conforme o subitem 4.6.3.2 da ABNT NBR 8800:2008, quando a segurança é verificada isoladamente em relação a cada um dos esforços atuantes, as condições de segurança tomam a seguinte forma simplificada: Rd ≥ Sd (19) 2.8.4 Condições usuais relativas aos estados-limites de serviço (ELS) No subitem 4.6.4.1 da ABNT NBR 8800:2008, as condições usuais referentes aos estados-limites de serviço são expressas por desigualdades do tipo: Sser ≤ Slim (20) onde: Sser → representa os valores dos efeitos estruturais de interesse, obtidos com base nas combinações de serviço das ações; Slim → representa os valores-limites adotados para esses efeitos, fornecidos no Anexo B. 2.9 Elementos estruturais em aço submetidos à força axial de tração A ABNT NBR 8800:2008, subitem 5.2, estabelece as prescrições e recomendações para o dimensionamento e verificação de elementos estruturais em aço submetidos a forças axiais de tração. Antes, porém, da apresentação desses procedimentos normativos, segue uma breve explanação dos fundamentos teóricos que os norteiam. 41 2.9.1 Fundamentos teóricos As forças de tração causam alongamento nas fibras do material. Elementos submetidos à tração são encontrados em barras de treliças, pendurais, barras de contraventamento, tirantes, etc. Segundo Souza (2010, p.37) “os elementos metálicos, quando submetidos a esforços de tração, não estão sujeitos a instabilidades (flambagens global e localizada). Por isso os estados limites aplicáveis estão relacionados ao escoamento da seção bruta e à ruptura da seção efetiva na região da ligação”. Ver Figura 10. Figura 10 – Distribuição de tensões em barras tracionadas Fonte: Souza (2010) Na seção bruta admite-se distribuição de tensões uniformes, ao contrário do que ocorre na seção líquida devido à concentração de tensões junto a parafusos e/ou soldas e pelo fato de a ligação, em certos casos, conectar apenas partes dos elementos que formam a seção. (SOUZA, 2010, p. 37). É comum que as ligações nas extremidades de barras tracionadas não se estendam a todos os elementos da seção. Nesses casos ocorrem concentração de tensões junto aos elementos conectados e alívio nas partes não conectadas do perfil, resultando em redução da eficiência da seção – ver Figura 11. (SOUZA, 2010, p. 38). 42 Figura 11 – Fluxo de tensões nas extremidades de barras tracionadas Fonte: Souza (2010) Esse efeito é considerado no cálculo, de forma indireta, por meio de um coeficiente de redução da área líquida (Ct), que depende do arranjo de parafusos e soldas nas ligações de extremidades. (SOUZA, 2010, p. 39). 2.9.2 Procedimentos normativos de dimensionamento e verificação O dimensionamento e verificação de elementos estruturais tracionados segue rigorosamente o que A ABNT NBR 8800:2008, subitem 5.2 – Barras prismáticas submetidas a forças axiais de tração prescreve. 2.9.2.1 Condições a serem atendidas Segundo o subitem 5.2.1.2 da ABNT NBR 8800:2008, no dimensionamento de elementos estruturais submetidos à força axial de tração, deve ser atendida a condição: Nt,Sd ≤ Nt,Rd (21) onde: Nt,Sd → força axial de tração solicitante de cálculo; 43 Nt,Rd → força axial de tração resistente de cálculo, determinada conforme os subitens 5.2.2, 5.2.6 ou 5.2.7 da ABNT NBR 8800:2008, o que for aplicável. Devem ainda ser observadas as considerações estabelecidas no subitem 5.2.8 da ABNT NBR 8800:2008, relacionadas à limitação da esbeltez. 2.9.2.2 Verificação do estado-limite último (ELU) - Determinação da força axial de tração resistente de cálculo O subitem 5.2.2 da ABNT NBR 8800:2008 determina que a força axial de tração resistente de cálculo, Nt,Rd, a ser usada no dimensionamento, é o menor dos valores obtidos, considerando-se os estados-limites últimos de escoamento da seção bruta e ruptura da seção líquida efetiva, de acordo com as expressões: a) para escoamento da seção bruta Nt,Rd = com a1=1,1 (22) b) para ruptura daseção líquida efetiva Nt,Rd = com a2=1,35 (23) onde: Ag → área bruta da seção transversal da barra; Ae → área líquida efetiva da seção transversal da barra; fy → resistência ao escoamento do aço; fu → resistência à ruptura do aço. 2.9.2.3 Determinação da área líquida efetiva O subitem 5.2.3 da ABNT NBR 8800:2008 prescreve que a área líquida efetiva, Aef, de uma barra é dada por: Aef = Ct,An (24) onde: An → área líquida da barra; Ct → coeficiente de redução da área líquida. 44 2.9.2.4 Determinação da área líquida O subitem 5.2.4.1 da ABNT NBR 8800:2008 determina que em regiões com furos, feitos para ligação ou para qualquer outra finalidade, a área líquida, An, de uma barra é a soma dos produtos da espessura pela largura líquida de cada elemento, calculada como segue: a) Em ligações parafusadas, a largura dos furos deve ser considerada 2,0 mm maior que a dimensão máxima desses furos, definida no subitem 6.3.6 da ABNT NBR 8800:2008, perpendicular à direção da força aplicada; b) No caso de uma série de furos distribuídos transversalmente ao eixo da barra, em diagonal a esse eixo ou em zigue zague, a largura líquida dessa parte da barra deve ser calculada deduzindo-se da largura bruta a soma das larguras de todos os furos em cadeia, e somando-se para cada linha ligando dois furos, a quantidade s2 / (4g), sendo s e g, respectivamente, os espaçamentos longitudinal e transversal (gabarito) entre esses dois furos (Figura 12); c) A largura líquida crítica daquela parte da barra será obtida pela cadeia de furos que produza a menor das larguras líquidas, para as diferentes possibilidades de linhas de ruptura; d) Para cantoneiras, o gabarito g dos furos em abas opostas deve ser considerado igual à soma dos gabaritos, medidos a partir da aresta da cantoneira, subtraída de sua espessura; e) Na determinação da área líquida de seção que compreenda soldas de tampão ou soldas de filete em furos, a área do metal de solda deve ser desprezada. Em regiões em que não existam furos, a ABNT NBR 8800:2008, subitem 5.2.4.2, prescreve que a área líquida, An, deve ser tomada igual a área bruta, Ag, da seção transversal. Figura 12 – Área líquida em regiões com furo em ziguezague Fonte: Souza (2010) 45 2.9.2.5 Determinação do coeficiente de redução da área líquida A ABNT NBR 8800:2008, subitem 5.2.5, prescreve que o coeficiente de redução da área líquida, Ct, tem os seguintes valores: a) Quando a força de tração for transmitida diretamente para cada um dos elementos da seção transversal da barra, por soldas ou parafusos: Ct = 1 (25) b) Quando a força de tração for transmitida somente por soldas transversais: Ct = (26) onde: Ac → área da seção transversal dos elementos conectados; c) Nas barras com seções transversais abertas, quando a força de tração for transmitida somente por parafusos ou somente por soldas longitudinais ou ainda por uma combinação de soldas longitudinais e transversais para alguns (não todos) elementos da seção transversal (devendo, no entanto, ser usado 0,90 como limite superior, e não se permitindo o uso de ligações que resultem em um valor inferior a 0,60): 0,60 ≤ Ct = 1- ≤ 0,90 (27) onde: ec → é a excentricidade da ligação, igual à distância do centro geométrico da seção da barra, G, ao plano de cisalhamento da ligação (em perfis com um plano de simetria, a ligação deve ser simétrica em relação a ele e são consideradas, para cálculo de Ct, duas barras fictícias e simétricas, cada uma correspondente a um plano de cisalhamento da ligação, por exemplo, duas seções T no caso de perfis I ou H ligados pelas mesas ou duas seções U, no caso desses perfis serem ligados pela alma – ver Figura 13); lc → é o comprimento efetivo da ligação (esse comprimento, nas ligações soldadas, é igual ao comprimento da solda na direção da força axial; nas ligações parafusadas é igual à distância do primeiro ao último parafuso da linha de furação com maior número de parafusos, na direção da força axial); 46 d) Nas chapas planas, quando a força de tração for transmitida somente por soldas longitudinais ao longo de ambas as suas bordas, conforme a Figura 13 (ver subitem 6.2.6.2.3 da ABNT NBR 8800:2008): Ct = 1 para lw ≥ 2b (28) Ct = 0,87 para 2b > lw ≥ 1,5b (29) Ct = 0,75 para 1,5b > lw ≥ b (30) onde: lw → comprimento dos cordões de solda; b → largura da chapa (distância entre as soldas situadas nas duas bordas). Figura 13 – Valores do coeficiente de redução da área líquida Ct Fonte: Souza (2010) 2.9.2.6 Verificação do estado-limite de serviço (ELS) - Limitação do índice de esbeltez De acordo com a ABNT NBR 8800:2008, subitem 5.2.8.1, recomenda-se que o índice de esbeltez das barras tracionadas, tomado como a maior relação entre o comprimento destravado e o raio de giração correspondente (L/r), excetuando-se tirantes de barras redondas pré-tensionadas ou outras barras que tenham sido montadas com pré-tensão, não supere 300. 47 De acordo com a ABNT NBR 8800:2008, subitem 5.2.8.2, recomenda-se que perfis ou chapas, separados uns dos outros por uma distância igual à espessura de chapas espaçadoras, sejam interligados através dessas chapas espaçadoras, de modo que o maior índice de esbeltez de qualquer perfil ou chapa, entre essas ligações, não ultrapasse 300, conforme exemplifica a Figura 14. Figura 14 – Seção composta com chapas espaçadoras (presilhas) Fonte: Souza (2010) 2.10 Elementos estruturais em aço submetidos à força axial de compressão A ABNT NBR 8800:2008, subitem 5.3, estabelece as prescrições e recomendações para o dimensionamento e verificação de elementos estruturais em aço submetidos a forças axiais de compressão. Antes, porém, da apresentação desses procedimentos normativos, segue uma explanação dos fundamentos teóricos que os norteiam. 2.10.1 Conceito de flambagem elástica e inelástica, devida a flexocompressão As forças de compressão causam encurtamento nas fibras do material. Souza (β010, p.4γ) diz que “o modo de colapso em barras submetidas à compressão pode estar associado ao escoamento da seção, à instabilidade global da barra ou à instabilidade local dos elementos que compõe a seção”. A flambagem nada mais é do que os estados de instabilidades global ou local de barras quando submetidas a forças de compressão. 48 2.10.1.1 Cargas normais de tração e compressão O dimensionamento de hastes sujeitas a esforços axiais, de tração ou compressão, se faz utilizando-se a tensão normal média σ que é obtida dividindo-se o esforço normal N pela área A da seção reta da haste: σ = (31) (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 96). Os esforços de tração tendem a retificar as hastes, reduzindo o efeito de curvaturas iniciais porventura existentes.Os esforços de compressão, ao contrário, tendem a aumentar os efeitos de curvaturas iniciais e, acima de um certo valor, provocam deslocamentos laterais visíveis; diz-se então que a haste apresenta flambagem, que é a instabilidade provocada por esforços de compressão. (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 96). 2.10.2 Instabilidade global – Fundamentos teóricos 2.10.2.1 Carga crítica de flambagem elástica Os primeiros estudos sobre o fenômeno de flambagem foram feitos por Euler (1707-1783), considerando as seguintes simplificações: uma barra ideal de material homogêneo, comportamento elástico linear perfeito, prismática e sem imperfeições, extremidades rotuladas, força aplicada sem excentricidades e a não ocorrência de instabilidades locais dos elementos da seção. (SOUZA, 2010, p. 43). Com essas simplificações e admitindo o equilíbrio da barra em uma posição levemente deformada, como mostra a Figura 15, é possível deduzir a equação diferencial que rege o problema partindo da equação da linha elástica: EI = M = -Pv ou + v = 0 (32) V = C1sen +C2cos (33) 49 Figura 15 – Barra para estudo da flambagem e equacionamento Fonte: Souza (2010) As condições de contorno nos apoios (v=0, x=0 e x=L) permitem determinar as constantes C1 e C2: C2=0 C1sen = 0 A segunda condição será satisfeita se sen = 0, o que ocorre para sen = nπ, permitindo que se determine a seguinte carga crítica: P = (34) O primeiro modo de flambagem ocorre para n=1 e a força correspondente é a força crítica de Euler: Pcr = (35) (SOUZA, 2010, p. 44). 50 Em regime elástico, isto é, para tensões normais abaixo do limite de proporcionalidade (limite de escoamento) do aço, demonstra-se a relação: v = (36) (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 97). Verifica-se que quando P se aproxima de Pcr a flecha v tende para o infinito, o que significa colapso da peça. A carga Pcr se chama carga crítica de flambagem da barra ou carga de Euler. (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 97). 2.10.2.2 Comprimento efetivo de flambagem O comprimento efetivo de flambagem Lef é o comprimento que uma barra, com condição de vínculo qualquer, deveria ter para flambar como uma barra biarticulada. Para isso, deve-se multiplicar o comprimento L da barra em questão por uma constante denominada coeficiente de flambagem K, que é função das condições de vínculo. Lef = KL (37) (SOUZA, 2010, p. 44). 2.10.2.3 Coeficiente de flambagem por flexão A ABNT NBR 8800:2008, anexo E, subitem E.2.1, estabelece as prescrições para determinação do coeficiente de flambagem por flexão. A Tabela 2 mostra as possíveis condições de vínculo que um elemento estrutural poderá ter e os respectivos valores do coeficiente de flambagem por flexão correspondentes. 51 Tabela 2 – Condições de vínculo e valores do coeficiente de flambagem Fonte: ABNT NBR 8800:2008 2.10.2.4 Coeficiente de flambagem por torção A ABNT NBR 8800:2008, anexo E, subitem E.2.2, estabelece as prescrições para determinação do coeficiente de flambagem por torção. O coeficiente de flambagem por torção Kz função das condições de contorno, deve ser determinado por análise estrutural, ou, simplificadamente, tomado igual a: a) 1,00, quando ambas as extremidades da barra possuírem rotação em torno do eixo longitudinal impedida e empenamento livre; b) 2,00, quando uma das extremidades da barra possuir rotação em torno do eixo longitudinal e empenamento livres e, a outra extremidade, rotação e empenamento impedidos. 2.10.2.5 Esbeltez e tensão de flambagem elástica A esbeltez λ de uma barra é a razão entre o seu comprimento efetivo de flambagem Lef (equação 37) e o raio de giração r da seção transversal. λ = (38) (SOUZA, 2010, p. 45). 52 A equação da tensão de flambagem elástica, σfl, obtém-se dividindo a força crítica de Euler Pcr, equação 35, pela área da seção transversal do elemento. σfl = (39) (SOUZA, 2010, p. 45). 2.10.2.6 Esbeltez limite de plastificação Para elementos muito esbeltos (valores elevados de λ) onde a tensão de flambagem elástica σfl é inferior à resistência ao escoamento do aço fy, a flambagem é atingida no regime elástico do diagrama tensão x deformação do aço. Nestes casos, a tensão de flambagem elástica σfl dada pela equação 39 é a tensão crítica σcr de colapso do elemento. Para elementos pouco esbeltos (valores baixos de λ) o valor de σfl ultrapassa o limite de proporcionalidade (limite de escoamento) do aço fy e, assim, a equação 39 não é mais válida. Nestes casos, a flambagem se processa em regime plástico, sendo a interpretação do fenômeno muito complicada. (PFEIL, W.; PFEIL, M., 1995, p. 98). Portanto, a esbeltez limite de plastificação λpl será aquela para a qual o elemento não apresente flambagem para uma tensão crítica σcr igual à tensão limite de escoamento do aço fy. σcr = fy = → λpl = (40) Com base na esbeltez limite de plastificação, define-se o coeficiente de esbeltez reduzido, que é a razão entre a esbeltez da barra e a esbeltez limite de plastificação. λ0 = (41) (SOUZA, 2010, p. 46). Portanto, em barras curtas com esbeltez λ ≤ λpl não ocorre flambagem, havendo falha por plastificação da seção. Em barras longas com esbeltez λ ≥ λpl ocorre flambagem em regime elástico dentro da validade das hipóteses de Euler. (SOUZA, 2010, p. 46). O comportamento tensão normal x esbeltez de um elemento comprimido é representado na Figura 16. É possível definir um fator de flambagem global dado por χ= fcr/fy 53 e apresentar esse comportamento independente das dimensões das grandezas envolvidas. (SOUZA, 2010, p. 46). Figura 16 – Comportamento tensão x esbeltez para elementos comprimidos Fonte: Souza (2010) 2.10.2.7 Modos de flambagem Os modos de flambagem possíveis de ocorrer em elementos submetidos a esforços de compressão são flambagem por flexão, torção e flexo-torção. A Figura 17 ilustra cada um desses modos de flambagem. Em seções duplamente simétricas (com dois eixos de simetria) os modos de flambagem ocorrem desacoplados podendo ocorrer flambagem por flexão em torno de cada um dos eixos de simetria da seção transversal do elemento e flambagem por torção em torno do eixo longitudinal do elemento, predominando o modo que resultar com menor carga crítica. Em seções monossimétricas (com um eixo de simetria) podem ocorrer flambagem por flexo-torção, resultante do acoplamento entre os modos de flambagem por flexão e torção em torno do único eixo de simetria da seção transversal do elemento ou flambagem por flexão em torno do eixo de não simetria, predominando o modo que resultar com menor carga crítica. Em seções
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