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SISTEMAS ORGÂNICOS I ANATOMIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Isabela Almeida Gomes O sistema respiratório é composto por nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios principais, árvore brônquica (brônquios lobares, brônquios seguimentares, bronquíolos, bronquíolos terminais bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos). Os alvéolos são capazes de emitir trocas gasosas (CO2 e O2), isto é, a hematose. Retira gás carbônico do sangue para o ar atmosférico e retira oxigênio do ar atmosférico e transfere-o para o sangue. A difusão do gás é determinada pela concentração dos gases (do maior para o menor), ou seja, deve haver gás carbônico e oxigênio tanto no sangue quanto no ar atmosférico para que haja hematose. Os alvéolos são de quantidade tão grande que formaram os pulmões. A respiração é dividida em: ventilação (inspiração o e expiração), difusão (hematose), transporte e controle. Em relação ao transporte, interessa saber como os gases são transportados no sangue: o CO2 reage com água presente no plasma, formando ácido carbônico, que dissocia formando íons bicarbonato e H+, os quais são transportados e na hora da hematose, há a reação inversa na qual o CO2 é eliminado e a água permanece no plasma. A partir do entendimento do transporte de gases, percebe-se outra função importante do sistema respiratório: juntamente com os rins garante o equilíbrio ácido básico. O controle da respiração envolve os centros da respiração presentes no tronco cefálico. Os movimentos da respiração envolvem o diafragma, músculos intercostais e do pescoço e pleuras (parietal e visceral) que, ao contraírem-se, expandem os pulmões, diminuindo a pressão interna (negativa em relação ao meio externo). Essa diferença de pressão faz o ar entrar para dentro do sistema respiratório. VIAS RESPIRATÓRIAS SUPERIOR E INFERIOR (Divisão anatômica) Ø SUPERIOR: é formado por órgãos localizados fora da caixa torácica • Nariz externo • Cavidade nasal • Faringe • Laringe • Parte superior da traqueia A traqueia é o “divisor de águas”, pois o terço superior é o que delimita o fim do trato respiratório superior. As vias superiores são estudadas por otorrinolaringologista (+ ouvido). Ø INFERIOR: órgãos localizados dentro da caixa torácica • 2/3 inferiores da traqueia • Brônquios (principais, lobares, seguimentares) • Bronquíolos (terminais e respiratório) • Ductos alveolares • Alvéolos • Pulmões As vias inferiores são estudadas pelo pneumologista. PORÇÃO CONDUTORA E PORÇÃO RESPIRATÓRIA (Divisão funcional) Ø CONDUTORA • Fossas nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. • Condicionamento do ar (não há trocas gasosas) Ø RESPIRATÓRIA (hematose) • Bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos. NARIZ E CAVIDADE NASAL Ø Funções • Olfato • Via aérea para a respiração • Filtrar, aquecer e umidificar o ar inspirado • Liberação de substâncias estranhas extraídas do ar • Recepção e eliminação de secreções dos seios paranasais e ductos lacrimonasais. As vibrissas (pelos nasais) são uma barreira mecânica que retém partículas pesadas (poeira) contidas no ar e oferecem resistência à passagem do ar = filtração do ar. As partículas ficam retidas no muco presente na via respiratória. A tonsila faríngea é composta por tecido linfoide que capta os patógenos. Quando fica muito aumentada por processo infeccioso é chamada de “carne esponjosa”popularmente (adenoide) -> atrapalha a passagem do ar ou do alimento -> respiração pela boca. Se a tonsila faríngea for retirada cirurgicamente, pode causar faringites de repetição por não ter mais a proteção contra patógenos provenientes de via aérea. Se houver muita secreção com poeira no trato respiratório, pode acumular-se nos alvéolos, aumentando a barreira alvéolo capilar. Isso atrapalha o processo de hematose. A região de nariz e cavidade nasal é rica em vascularização, possui irregularidades nas paredes laterais e é dividida em dias partes pelo septo nasal. Essa dificuldade para o ar entrar serve para turbilhonar, batendo nas paredes, onde ganha água e calor (condições para que o ar chegue no alvéolo e mantenha uma boa hematose). Quando está muito calor, há maior vasodilatação das arteríolas nasais, o que pode levar a sangramentos. Na parte superior da cavidade nasal, próximo ao osso etmoide, há a sensação de olfação, pois a lâmina cribriforme do osso permite a inervação pelo nervo craniano olfatório do bulbo. A abertura do seio nasal serve para liberar as substâncias do seio. Já o canal lacrimal (e depois ducto lacrimonasal), drena as lágrimas produzidas nos olhos para a cavidade nasal; no entanto, ao chorar, há uma produção muito grande de lágrimas, que é bastante drenada para a cavidade nasal, então a mucosa responde, produzindo muito muco para expulsar a lágrima e é por isso que o nariz entope. O excesso de lágrima também é expulsado dos olhos pelas pálpebras. A sensação de gosto envolve também a olfação, pois o ar da mastigação do alimento “sobe”para a cavidade nasal e é captado pelos receptores olfatórios. Ø NARIZ É um órgão osteocartilaginoso, ou seja, formado por ossos nasais e maxila e cartilagens alares maiores e menores, nasais acessórias (cartilagem hialina) e cartilagem do septo. A gordura é, na verdade, tecido fibroadiposo do nariz. A parte externa (cartilaginosa e fibroadiposa) é encaixada numa abertura no crânio, chamada de “abertura piriforme”. Todo ele é revestido por pele grossa que se estende até a região interna onde há vibrissas. A asa do nariz, que é vestida por pele, possui também músculos da face fixados, que fazem com que ela se movimente. Em momento de exercício extenuante, observa-se movimento de batimento de asa do nariz. Ø CAVIDADES NASAIS Na imagem acima, não há a parte externa/ cartilaginosa do nariz, mas consegue-se perceber a parte óssea. A cavidade nasal é dividida pelo septo nasal: que apresenta um esqueleto osteocartilaginoso (osso vômer e a lâmina perpendicular do etmoide) e cartilagem. • LIMITES o Anterior: narinas (abertura/ asa do nariz) o Posterior: cóanos (abertura) O limiar do nariz divide o vestíbulo nasal do restante da cavidade própria do nariz. O vestíbulo nasal possui epitélio estratificado pavimentoso com vibrissas, enquanto que a cavidade própria do nariz possui epitélio pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes que são produtoras de muco (epitélio respiratório). Na cavidade própria do nariz, o epitélio também possui neurônios olfatórios que formam o epitélio olfatório. Por isso, a região superior da cavidade nasal é chamada de olfatória, enquanto que o restante, de respiratória. o Superior: ósseo composto por osso frontal, nasal etmoide e lâmina cribriforme (maior parte) o Inferior: palato (duro e mole) o Medial: septo nasal o Lateral: conchas nasais Numa vista frontal, como na imagem, não dá para enxergar a concha nasal superior devido à sobreposição do osso nasal. Alguns indivíduos possuem uma “concha nasal suprema” acima da concha nasal superior. Pode aparecer até um meato nasal supremo. Constitui uma variação anatômica muito rara. - Meato nasal comum: espaço por onde o ar passa entre parede medial (septo) e parede lateral (conchas). IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA A irrigação arterial das paredes medial e lateral da cavidade nasaltem 5 procedências: 1. Artéria etmoidal anterior (da artéria oftálmica) 2. Artéria etmoidal posterior (da artéria oftálmica) 3. Artéria esfenopalatina (da artéria maxilar) 4. Artéria palatina maior (da artéria oftálmica) 5. Ramo septal da artéria labial superior (da artéria facial) SEIOS PARANASAIS Os seios paranasais servem para comunicá-los com a cavidade nasais = circulação de ar, fonação e drenagem de eventuais secreções. Por meio da comunicação, uma infecção nos seios estimula a produção de muco, que será expectorado para a cavidade nasal a fim de eliminar o agente agressor. No entanto, se houver obstrução da comunicação, o muco não é eliminado, podendo aumentar a gravidade da infecção e aumentar a pressão = SINUSITE. Numa radiografia de face, o normal é aparecerem os seios todos escuros devido à presença de ar. Seios infeccionados = facial, maxilar e etmoidais esquerdos. Estudo de caso: Sistema respiratório Sinusite aguda Criança, 6 anos, sexo feminino, foi levada ao serviço de pediatria próximo a sua residência em virtude de febre alta, astenia (fraqueza) e cefaleia (dor de cabeça). Há 20 dias apresentou resfriado, com resolução espontânea. A mãe da paciente referiu que a filha necessitava de cirurgia para extração das adenoides, que prejudicavam muito a respiração, o que foi confirmado ao exame físico. Apresentou temperatura de 39,5°C, respiração bucal e dor à palpação das maxilas, além de leve desvio do septo nasal. A TC de crânio revelou opacificação do seio maxilar esquerdo associado a desvio do septo nasal. A criança foi medicada para sinusite aguda com antibiótico e antipirético (antitérmico). COMUNICAÇÕES • Seio esfenoidal: abertura do seio esfenoidal = recesso esfenoetmoidal • Seio frontal = ducto frontonasal. Para o infundíbulo etmoidal no hiato semilunar (meato nasal médio) • Seio maxilar = meato nasal médio • Células etmoidais = meato nasal • Ducto lacrimonasal = abertura meato nasal inferior Bolha etmoidal – volume formado pelas células etmoidais médias. Para as células anteriores, a drenagem ocorre no hiato semilunar, para as médias, no meato nasal médio e posteriores, no meato nasal superior. FRATURA DE NARIZ: Dependendo de como fica a fratura do osso nasal, pode haver um processo infeccioso, afetar a passagem de ar à cavidade nasal e até ferir internamente as comunicações nasais. Normalmente, essas fraturas provocam um desvio lateral de nariz. Também pode haver lesão da lâmina cribriforme, onde há a mucosa olfatória, ou seja, pode haver dano ao nervo olfatório. DESVIO DE SEPTO: Há o estreitamento de um dos lados da cavidade nasal, o que aumenta resistência e diminui o fluxo aéreo. Isso pode levar a uma inspiração bucal. RINITE ALÉRGICA: É a inflamação das vias aéreas superiores. Há muito espirro, secreção, prurido, irritação. Pode se espalhar e afetar a conjuntiva, aparelho lacrimal etc. FARINGE • Situada logo atrás das cavidades nasais na base do crânio, cavidade da boca, da laringe e logo a frente às vértebras cervicais (C6) • Comum via de passagem de ar e alimento (dependendo da porção) Parte nasal • Epitélio respiratório Parte oral • Epitélio estratificado pavimentoso Parte laríngea • Epitélio estratificado pavimentoso No momento em que há deglutição, a parede do esôfago, que fica colabada, se abre empurrando a traqueia. O final da parte laríngea da faringe e esôfago ficam fechados para criar resistência à passagem do ar. Só se abrem para a passagem do alimento. Na deglutição, os músculos suprahiódeos atuam no controle da epiglote, fechando e abrindo a abertura da traqueia a partir da movimentação da laringe a fim de evitar com que passe líquidos ou fragmentos de alimentos para a cavidade errada e esses se direcionem ao esôfago. Assim, quando há engasgo, pode ser tanto pelo fechamento inadequado da epiglote ou por acúmulo de alimento na valécula da epiglote que pode adentrar a traqueia. O óstio faríngeo da tuba auditiva comunica o ouvido interno com a faringe. É protegido pelo toro tubário. A infecção de ouvido pode ser provocada por uma faringite, a qual é possível devido à comunicação. Recesso piriforme – região sensível que pode ser machucado por alimentos mal mastigados. Pode danificar nervos laríngeos, comprometendo o controle da laringe. A faringe é irrigada pelos ramos da artéria facial. LARINGE • Órgão curto que conecta a faringe com a traqueia • Possui cartilagens • Situa-se: o na linha média do pescoço o Diante da terceira (início), quarta, quinta e sexta (final) vértebras cervicais • Três funções: o Atua como passagem para o ar durante a respiração o Produz som, ou seja, a voz (pregas vocais) o Impede que o alimento e objetos estranhos entrem nas estruturas respiratórias como a traqueia É composta por 6 diferentes tipos de cartilagens além de tecido conjuntivo e músculos associados: • Elásticas: o Epiglote (ímpar) – anterior o Corniculado (par) – posterior o Cuneiforme (par) – posterior • Hialinas o Tireóidea (ímpar) – anterior e lateral o Cricóidea (ímpar) – circunferência o Aritenóidea (par) Por conta da testosterona, na puberdade, a cartilagem tireóidea muda de ângulo, ficando mais proeminente no homem. Isso é responsável pela alteração da voz. GLOTE – espaço aéreo compreendido pelas pregas e ventrículo No edema de glote, como consequência de reação alérgica, as pregas encostam uma na outra, então não passa ar. O espaço entre as pregas vestibulares é chamado “rima do vestíbulo” e, o espaço entre as pregas vocais, “rima da glote”. No processo de fala, a conformação da rima da glote muda. Os músculos intrínsecos da laringe estão localizados próximos à prega vocal e são responsáveis pela movimentação da prega vocal. Já os extrínsecos, do hióide para a mandíbula, são os supra-hióideos, enquanto que os músculos abaixo do osso hióideo são os infra-hióideos. Os supra, contraem e elevam a laringe no momento de fechá-la; para voltar à posição normal, são os infra. VASCULARIZAÇÃO A laringe é irrigada e drenada por ramos das artérias e veias tributárias das artérias e veias tireóidea superior e inferior. TRAQUEIA É um órgão tubular fibrocartlagíneo constituído por 16 a 20 anéis cartilaginosos incompletos (cartilagem traqueal) unidos pelos ligamentos anulares (tecido conjuntivo). É de C6 a T5. Na parede posterior há o músculo liso traqueal (parede membranácea da traqueia), o qual auxilia na passagem do bolo alimentar pelo esôfago, que empurra-o para adquirir espaço. É dividida em partes cervical e torácica. A carina traqueal é uma projeção de cartilagem encontrada na bifurcação da traqueia em brônquios principais direito e esquerdo. Para ocorrer a divisão da traqueia em brônquios principais direito e esquerdo externamente há uma bifurcação, mas internamente a cartilagem se sobrepõem formando uma crista chamada “carina traqueal”. Essa carina é importante para acentuar a divisão de ar que se encaminhará para cada pulmão de forma igual. Os brônquios principais direito e esquerdo não são semelhantes em comprimento porque o esquerdo deve ser maior devido ao posicionamento do coração. Além disso, o BPE é diametralmente menor que o BPD, então por ser mais curto, o BPD é mais largo para receber o fluxo de ar que o lado esquerdo e para compensar a velocidade de passagem de ar que seria maior por o BRD ser mais curto. Como o pulmãoesquerdo é pressionado pelo coração, é mais estreito que o pulmão direito, mas é um pouco mais comprido que o direito. A ramificação dos brônquios principais levam à divisão em lobos dos pulmões, sendo 2 ramos e 2 lobos do lado esquerdo e 3 ramos e 3 lobos do lado direito. Essas ramificações são chamadas brônquios lobares superior, médio e inferior do lado direito (a mesma nomenclatura vale para os lobos) e superior e inferior do lado esquerdo. Os brônquios lobares são ramificados formando os brônquios segmentares. Internamente, há, aproximadamente 10 brônquios segmentares em cada pulmão. PULMÕES A face interpolar está entre os lobos pulmonares, na qual entra a pleura visceral e reveste as faces. A incisura cardíaca é a reentrância criada na margem anterior pulmonar pelo coração. BRÔNQUIOS SEGMENTARES PULMÃO DIREITO LS: Segmento apical (SI) Segmento posterior (SII) Segmento anterior (SII) LM: Segmento lateral (SIV) Segmento medial (SV) LI: Segmento superior (SVI) Segmento basilar medial (SVII) Segmento basilar anterior (SVIII) Segmento basilar lateral (SIX) Segmento basilar posterior (SX) PULMÃO ESQUERDO LS: Segmento apicoposterior (SI +II) Segmento anterior (SII) Segmento lingular superior (SIV) Segmento lingular inferior (SV) LI: Segmento superior (SVI) Segmento basilar medial (SVII) (segmento cardíaco) Segmento basilar anterior (VIII) Segmento basilar lateral (SIX) Segmento basilar posterior (SX) PLEURAS Membrana serosa que reveste externamente os pulmões. Apresenta dois folhetos contínuos na região do hilo: pleura visceral e pleura parietal que formam a cavidade pleural. São formadas por mesotélio (epitélio simples pavimentoso e uma simples camada de tecido conjuntivo com fibras colágenas e elásticas (membrana serosa). Fáscia endotorácica (linha vermelha pontilhada) é uma lâmina fina extracelular de TCF entre pleura parietal e parede torácica. Sua função é manter aderida a pleura parietal às estruturas da caixa torácica. A região de costelas e diafragma da fáscia é considerada um espaço cirúrgico seguro. Nervo vago (X par) – penetra no mediastino para distribuir - se nos pulmões, coração, esôfago, continuando no abdome. CAVIDADE TORÁCICA Divisão: duas cavidades laterais que alojam os pulmões; e uma cavidade central, denominada mediastino, onde se localiza o coração, os vasos da base do coração, parte da traqueia e do esôfago LIMITES: - SUPERIOR: linha imaginária que passa pelo manúbrio do osso esterno, clavícula e 1ª vértebra torácica. - INFERIOR: músculo diafragma.