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PARTE ESPECIAL TEORIA DA NORMA TEORIA DO DELITO TEORIA DA PENA Princípios que regem o Direito Penal Combinação de leis penais Conflito aparente de normas Aplicação da lei penal O que é crime Tipicidade Antijuricidade Culpabilidade Erro de tipo Erro de proibição Excludentes do crime Concurso de agentes Concurso de crimes Inter Criminis Consequência jurídica da prática de um crime. Espécies de pena Aplicação da pena Regimes prisionais TEORIA DA NORMA 1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – nullum crimem, nulla poena sine legia (não há crime sem lei posterior que o defina) 2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO NO ESPAÇO Lugar do crime REGRA – o tempo rege o ato (Um crime foi praticado em 17 de janeiro de 2023 (data do fato), nessa data se encontrava em vigor a Lei X. Ao final dos autos o inquérito foi enviado ao MP, e o promotor ofereceu a denúncia, nessa data se encontrava em vigor a Lei Y. Processo foi aberto, instruído, teve alegações finais. O juiz profere a sentença, sendo que nessa ocasião já se encontrava em vigor uma nova lei, a Lei Z. (Sucessões de leis penais no tempo) (ninguém pode ser punido duplamente pelo mesmo fato - bis in idem) (a lei a ser aplicada é a da data dos fatos) (nesse caso será aplicada a Lei X) EXCEÇÃO – Novatio legis in mellius – se depois do crime vier uma nova lei e esta for mais benéfica para o acusado é ela que será aplicada, mesmo não sendo ela a vigente na data dos fatos. Aplica-se a nova lei retroativamente, como se fosse ela a vigente na época dos fatos) (Quando o crime foi praticado estava em vigor a lei X que previa a pena de 10 anos para o crime, foi aberto o inquérito, o promotor ofereceu a denúncia, sendo que nesta data já estava vigorando a Lei Y, que estipula que a punição do crime passa a ser de 5 anos e posteriormente na data da REGRA – Princípio da territorialidade – em regra somente se pode aplicar a lei brasileira se o crime for praticado no Brasil. O que é território brasileiro? Território Real (efetivo – o que se está vendo) Território por extensão Espaços: 1. Físico 2. Aéreo 3. Marítimo Três hipóteses que envolvem navios e aeronaves: 1. Navios e aeronaves públicas – aonde quer que estejam serão considerad os territórios brasileiros por extensão. (Paulo estava em uma aeronave da FAB, sentença veio uma nova lei, a Lei Z estipulando que o crime passaria a ser punido com uma pena de 15 anos) ( nesse caso será aplicada a Lei Y, que embora não existisse na data do fato, ela é mais benéfica para o réu) (Uma lei nova somente retroage se ela for mais benéfica para o réu) sendo que o avião estava sobrevoan do a Europa, sendo que nessa localidade Paulo veio a desferir um tiro em André – a lei a ser aplicada é a brasileira, pois a aeronave é pública – portanto, território brasileiro por extensão) 2. Navios ou aeronaves particulare s ou mercantes de bandeira estrangeira desde que estejam em portos ou aeroportos brasileiros. (Um navio holandês pertencent e a um médico particular percorre o mundo para que as pessoas possam fazer uso recreativo da substância entorpecen te vulgarment e conhecida como maconha. Sabendo- se que na Holanda tal conduta não é punível, mas no Brasil é punível. O navio atraca no porto de Paranaguá , onde nele vários brasileiros nele ingressam para se utilizar da maconha- existe crime, será aplicada a lei brasileira por extensão) 3. Navios ou aeronaves particulare s de bandeira brasileira que estejam em território de ninguém (não está em espaço brasileiro e nem de outro país) (Paulo embarca em um navio e no meio do oceano mata João – se aplica a lei brasileira por extensão) Novatio legis in pejus – lei nova que piora a condição do réu – não pode retroagir em hipótese alguma. EXCESÃO: Extraterritorialidade – caso em que se aplica a lei brasileira para um crime que não foi cometido no Brasil. Hipóteses de extraterritorialidade: Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (Presidente da República brasileiro passa férias no Japão e nesse país alguém tenta mata- lo – aplica-se a lei brasileira) b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) OBS.: Caso de extraterritorialidade previsto na Lei de tortura (Lei 9455/97) (Paulo, brasileiro passa férias na Inglaterra, onde sofre um crime de tortura – crime de tortura que tenha sido praticado por brasileiro ou que tenha como vítima brasileiro se aplica a lei brasileira) OBS.: 1. Súmula 611 STF - Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna"). A ele caberá, ao exame das condutas criminosas, unificá-las considerando o crime como único ou como continuado. (Paulo foi condenado na vigência de uma Lei X, a condenação transitou em julgado, durante a execução da pena sobrevém uma Novatio legis in mellius. Mesmo que já tenha ocorrido o trânsito em julgado a lei mais nova retroage – o trânsito em julgado não impede a retroatividade da nova lei mais benéfica) (Depois do trânsito em jugado da sentença, a competência para aplicação da lei mais benéfica é do juiz da Vara de Execução) 2. Súmula 711 STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. (Crimes continuados (Paulo assalta uma farmácia, sai desta e comete novo roubo em outra farmácia e sucessivamente adentra em outra farmácia e comete novo delito – Paulo cometeu três roubos continuados) e crimes permanentes (momento consumativo se alonga no tempo – sequestro – agente comete um único delito – enquanto a vítima estiver no cativeiro o crime estará acontecendo) (No início do sequestro se encontrava vigente a lei X, durante o sequestro veio uma nova lei, a Lei Y – em crimes continuados e permanentes, quando se tem uma sucessão de leis penais, durante o crime, se aplica a última lei, ou seja, aquela que estava em vigor quando cessou a permanência, ainda que ela seja mais grave que a primeira – no caso em foco a lei a ser aplicada será a Lei Y) 3. Art. 3 CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Leis temporárias e leis excepcionais – não são feitas para durar para sempre – prazopré-definido para a sua vigência) (Em janeiro de 2020 entrou em vigor uma lei temporária que vigoraria durante um ano – ela tinha a seguinte redação todos os que praticarem crime terão como sanção uma pena de 10 anos. Paulo veio a cometer um delito durante a vigência da lei temporária e teve uma pena aplicada de 10 anos. Após o prazo de vigência dessa lei o governo editou uma nova lei, Lei N que tem como redação que o crime agora será punido com uma pena de 5 anos. A Lei N veio posteriormente e é mais benéfica. Entretanto, no caso em foco a Novatio Legis in Mellius não será aplicada, pois o crime foi praticado durante a vigência de uma lei temporária ou excepcional) 3 . TEORIA DO DELITO 3.1. Conceito Analítico de crime – pressupõem a análise, a verificação de alguns elementos – crime é um fato típico, antijurídico e culpável. Primeiramente se verifica se existe tipicidade e somente após essa confirmação da antijuridicidade e posteriormente verifica-se a existência da culpabilidade. Na falta de qualquer um desses elementos o Direito Penal não pode intervir e não há que se falar em pena. 3.2. Fato típico – Elementos que compõem o fato típico: A. Conduta Humana B. Resultado (conduta que lesa o bem jurídico tutelado) C. Nexo causal D. Tipo legal (normas penais que proíbem alguns tipos de conduta) *Hipótese que excluem a tipicidade: 1. Coação física irresistível 2. Caso Fortuito e força maior 3. Atos reflexos 4. Estados de inconsciência 5. Princípio da insignificância afasta o aspecto material da tipicidade 6. Princípio da adequação social – se a conduta é socialmente aceita ou tolerável o Direito Penal não deve intervir. (Lutadores que se batem em um ringue) 7. Erro de tipo 3.3. Antijuricidade – qualidade de um comportamento não autorizado pelo Direito – prática de um ato ilícito. Causas de exclusão da antijuricidade: A. Estado de necessidade B. Legítima defesa C. Estrito cumprimento do dever legal D. Exercício regular do direito E. Causa supralegal de exclusão de ilicitude – consentimento do ofendido – a vítima do crime consente com a lesão. 3.4 Culpabilidade – juízo de reprovação que recai sobre a conduta do agente. Para que haja a culpabilidade são necessários 3 requisitos: A. Imputabilidade – capacidade – se o sujeito possui capacidade de discernimento e ainda assim faz coisa errada, logo sua conduta deve ser reprovada. Sujeitos considerados inimputáveis – menor de 18 anos, doente mental, desenvolvimento mental incompleta, embriaguez completa ou acidental (tornam o indivíduo inimputável, logo sem capacidade para ser responsabilizado pelo delito). B. Potencial consciência da ilicitude – exclusão da potencial consciência de ilicitude se dá pelo erro de proibição. C. Exigibilidade de conduta diversa – causas de inexigibilidade: Coação moral irresistível (grave ameaça) e obediência hierárquica.
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