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Classificação de risco/ vulnerabilidade e organização do fluxo de atendimento da demanda espontânea na Atenção Primária à Saúde. Coordenação do Projeto Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Coordenação Geral da DTED/UNA- SUS/UFMA Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Paola Trindade Garcia Coordenação de Ofertas Educacionais da UNA-SUS/UFMA Elza Bernardes Monier Coordenação de Tecnologia da Informação da UNA-SUS/UFMA Mário Antonio Meireles Teixeira Professora-autora Ediane Arimatéa Silva Validadora Técnica do Departamento de Saúde Coletiva/UNB Cláudia Brandão Gonçalves Silva Validadoras Técnicas do MS Amanda Firme Carletto DESF/SAPS Beatriz Zocal da Silva DESF/SAPS Michelle Leite da Silva DESF/SAPS Nathalie Alves Agripino CGSAT/ DSASTE/SVS/MS Glauciene Glau DPS/SAPS Izabella Barbosa DPS/SAPS Validadora Pedagógica Cadidja Dayane Sousa do Carmo Revisora Textual Vitória Regina de Alencar Araújo Designer Instrucional Elisa Miranda Costa Designer Gráfico Caio Marques Gomes Créditos: SILVA, Ediane Arimatéa. Classificação de risco/vulnerabilidade e organização do fluxo de atendimento da demanda espontânea na Atenção Primária à Saúde. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Cuidado nas queixas comuns no atendimento à demanda espontânea na Atenção Primária à Saúde. Descompensação do Diabetes Mellitus e alterações agudas da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). São Luís: UFMA; UNA-SUS; UFMA, 2021. © 2021. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Fundação Oswaldo Cruz & Universidade Federal do Maranhão. É permitida a reprodução, a disseminação e a utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade, nos termos da licença para usuário final do Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (ARES). Deve ser citada a fonte e é vedada sua utilização comercial, sem a autorização expressa COMO CITAR ESTE MATERIAL SUMÁRIO Apresentação.................................................................................................... 4 1 O CONTEXTO DA DIABETES MELLITUS E A HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NO BRASIL.................................................................................... 5 2 ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO DAS EQUIPES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA PARA O ATENDIMENTO DA DEMANDA ESPONTÂN EA..................................................................................................................... 6 2.1 Avaliação de riscos e vulnerabilidades................................................... 7 2.2 Classificação geral dos casos de demanda espontânea na Atenção Primária à Saúde.............................................................................................................. 9 Considerações Finais...................................................................................... 11 Referências...................................................................................................... 12 Sabe-se que condições crônicas não transmissíveis como Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica são bastante comuns e estão entre as principais causas de internações por condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde (APS). Paralelamente, essas condições são consideradas queixas comuns entre os usuários dos serviços de saúde e são absorvidas frequentemente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por demanda espontânea. Pensando nisso, você conhece a melhor forma de manejar e classificar a vulnerabilidade? Neste recurso, você aprenderá sobre a avaliação de risco e vulnerabilidades, a classificação geral dos casos de demanda espontânea na APS e a organização do processo de trabalho das equipes nesse nível de atenção à saúde para o atendimento da demanda espontânea. Bons Estudos! Apresentação Olá, aluna(o)! Ao final da leitura deste recurso, você será capaz de compreender a classificação de risco/vulnerabilidades como ferramenta para organização do fluxo dos casos para o fluxo de atendimento da demanda espontânea na Atenção Primária à Saúde. OBJETIVO Pensando nisso, você conhece a melhor forma de manejar e classificar a vulnerabilidade? Há evidências de que o manejo dessa doença na APS reduz o número de hospitalizações e mortes por doenças cardiovasculares e cerebrovasculares², . 4 1.O CONTEXTO DA DIABETES MELLITUS E A HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NO BRASIL A APS é uma das principais portas de entrada do sistema de saúde e é fundamental no cuidado das pessoas com doenças crônicas. São condições muito prevalentes e multifatoriais, que coexistem com determinantes biológicos e socioculturais, necessitando, para isso, de uma abordagem integral e multiprofissional. O nosso país é o quinto com maior prevalência de diabetes no mundo3. Nele, o Diabetes Mellitus é responsável por aproximadamente 5% da taxa de internação por condições sensíveis à APS. Além disso, é um problema considerado como uma Condição Sensível à APS. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica caracterizada por níveis sustentadamente elevados de pressão arterial ao longo do tempo. Está relacionada a um aumento do risco de eventos cardiovasculares e a alterações estruturais de seus órgãos-alvo, como5: Diabetes Mellitus é um transtorno metabólico caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos1,2. Trata- se de uma doença com uma prevalência alta e em ascensão, estimada em 16,8 milhões de pessoas no Brasil em 2019, e projetada para 21,5 milhões em 2030. % Fonte: UNA-SUS/UFMA. A Atenção Primária à Saúde, em seu importante papel de porta de entrada do sistema de saúde, é fundamental no cuidado das pessoas com doenças crônicas. São condições muito prevalentes, multifatoriais, que coexistem com determinantes biológicos e socioculturais, necessitando, para isso, de uma abordagem integral e multiprofissional. 5 2.ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO DAS EQUIPES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA PARA O ATENDIMENTO DA DEMANDA ESPONTÂNEA. Ao longo dos últimos 10 anos, 77% dos custos com hospitalizações no SUS com Doença Arterial Coronariana são representados por doenças relacionadas à hipertensão arterial e aumentaram 32% entre 2010 e 20196,7,8,9. De acordo com dados de 2019, do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 25% da população brasileira adulta seja hipertensa, algo entre 35 e 40 milhões de pessoas. O acolhimento à demanda espontânea e a urgências e emergências deve ser realizado em todos os pontos da rede, mas o papel da APS nesse atendimento é diferenciado. Isso ocorre devido às particularidades desse nível de atenção, como¹ : Trabalho em equipe. Conhecimento prévio da população. Disponibilidade de registros em prontuário anteriores à queixa aguda. Estabelecimento de vínculo, garantindo a continuidade do cuidado em vez de um atendimento pontual. Atendimento longitudinal por uma mesma equipe, possibilitando retorno, acompanhamento do quadro. No acolhimento à demanda espontânea, é importante que você tenha em vista o conceito de equidade, que se baseia no pressuposto de que é preciso tratar de maneira diferente as situações ou pessoas diferentes, realizando uma diferenciação positiva, ou seja, tratando cada um de acordo com a sua necessidade. Os profissionais que estão em atendimento na Unidade de Saúde da Família (USF) devem ter o hábito de fazer uma observação da sala de espera para a identificação destes casos, em especial nos dias em que a USF estiver mais cheia. 2.1. Avaliação de Riscos e Vulnerabilidades Uma ferramenta que você pode usar, para garantir um acesso com equidade, é a avaliação de risco/vulnerabilidades, que possibilita identificar os diferentes graus de risco, as situações de maior urgência e, através disso, priorizar o acesso a quem mais precisa¹ . É preciso que você considere, também, outras vulnerabilidades que não necessariamente são as condiçõesclínicas dos usuários e que podem ser entendidas como risco biológico. Há algumas condições que aumentam a vulnerabilidade das pessoas e o acolhimento representa uma oportunidade de inseri-las num plano de cuidado continuado. No contexto da APS, é preciso que haja um trabalho em equipe, no qual os profissionais que trabalham na recepção da unidade possam ajudar a identificar situações de maior risco, sofrimento e/ou vulnerabilidade, quando estas aparecem de uma forma objetivamente visível. Esse tipo de intervenção é útil, mas não retira a garantia dos espaços para uma escuta qualificada e individualizada do usuário(a), além do sigilo, pois algumas queixas podem não aparecer no ambiente de sala de espera, como queixas ginecológicas ou sofrimentos mentais¹ . Fonte: UNA-SUS/UFMA. Fonte: UNA-SUS/UFMA. Quando usuários que não costumam frequentar o serviço de saúde procuram atendimento para um problema clinicamente simples e de baixo risco, esse momento deve ser aproveitado para ofertar ou programar outras necessidades de cuidado. Você também deve levar em conta os riscos sociais ou subjetivos, que podem requerer uma intervenção mais rápida, mesmo em situações de risco biológico baixo10. Em acréscimo ao que você viu sobre a classificação de risco e vulnerabilidades, pode ser aplicada uma classificação geral dos casos de demanda espontânea, que correlaciona avaliação de risco/vulnerabilidades e intervenções cabidas. Essa classificação deve ser encarada de maneira dinâmica, dada a possibilidade de mudança e evolução dos quadros que se apresentam. Veja abaixo, a classificação geral para a demanda espontânea na APS e as condutas possíveis, de acordo com o Ministério da Saúde. 2.2 Classificação geral dos casos de demanda espontânea na Atenção Primária à Saúde Esses espaços de troca de conhecimento e compartilhamento de decisões são fundamentais para uma melhor gestão do cuidado na APS10. Um exemplo possível é uma criança que apresenta um quadro de gastroenterite, mas não tem acompanhamento de puericultura há oito meses. Sua ida à USF deve ser oportunizada para garantir a continuidade do cuidado. É importante que sejam utilizados os espaços de reuniões de equipe para que todos estejam alinhados quanto aos critérios e sinais que devem ser utilizados para priorização do atendimento, sejam eles clínicos ou de contexto social. Fonte: UNA-SUS/UFMA. Fonte: UNA-SUS/UFMA. 8 Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na atenção básica [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/ cadernos_ab/caderno_28.pdf>. Situação não aguda Situação aguda ou crônica agudizada Orientação específica e/ou sobre as ofertas da unidade. Agendamento/programação de intervenções. Atendimento imediato (alto risco de vida): necessita de intervenção da equipe no mesmo momento, obrigatoriamente com a presença do médico. Exemplo: Parada cardiorrespiratória, dificuldade respiratória grave, convulsão, rebaixamento do nível de consciência, dor severa. Atendimento no dia (risco baixo ou ausência de risco com vulnerabilidade importante): situação que precisa ser manejada no mesmo dia pela equipe levando em conta a estratificação de risco biológico e a vulnerabilidade psicossocial. O manejo poderá ser feito pelo enfermeiro e/ou médico e/ou odontólogo ou profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) dependendo da situação e dos protocolos locais. Exemplo: disúria, tosse sem sinais de risco, dor lombar leve, renovação de medicamento de uso contínuo, conflito familiar, usuário que não conseguirá acessar o serviço em outro momento. Adiantamento de ações previstas em protocolos (exemplo: teste de gravidez, imunização). Vale salientar que o tempo para o agendamento deve levar em consideração a história, a vulnerabilidade e o quadro clínico da queixa. Atendimento prioritário (risco moderado): necessita de intervenção breve da equipe, podendo ser ofertada inicialmente medidas de conforto pela enfermagem até a nova avaliação do profissional mais indicado para o caso. Influencia na ordem de atendimento. Exemplo: Crise asmática leve e moderada, febre sem complicação, gestante com dor abdominal, usuários com suspeita de doenças transmissíveis, pessoas com ansiedade significativa, infecções orofaciais disseminadas, hemorragias bucais espontâneas ou decorrentes de trauma, suspeita de violência. Ficamos felizes de saber que você finalizou sua leitura e estudos. A partir do apresentado, você pode afirmar que consegue compreender como classificar os riscos de vulnerabilidades das demandas espontâneas? Frequentemente, demandas espontâneas, como a Diabetes Melittus e HAS, podem se transformar em potenciais causas de internação hospitalar e mortalidade. Portanto, é salutar que você compreenda melhor o manejo das mesmas no âmbito da APS. Neste recurso, você conheceu mais sobre avaliação de risco e vulnerabilidades, classificação geral dos casos de demanda espontânea na APS e organização do processo de trabalho das equipes para o atendimento da demanda espontânea. Esperamos que os conteúdos aqui abordados tenham sido proveitosos e que você consiga aplicar os novos conhecimentos adquiridos em seu ambiente de trabalho. Até a próxima! Considerações finais 1. ALBERTI, K.; ZIMMET, P. Definition, diagnosis and classification of diabetes mellitus and its complications. Part 1: diagnosis and classification of diabetes mellitus provisional report of a WHO consultation. Diabetic medicine: a journal of the British Diabetic Association, Chichester, v. 15, n.º 7, p. 539-553, jul. 1998. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/ cadernos_ab/caderno_28.pdf>. 3. IDF. Atlas 9th edition and other resources [Internet]. [citado 23 de fevereiro de 2021]. Disponível em: <https://diabetesatlas.org/en/resources/>. 4. ALFRADIQUE, M. et al. Internações por condições sensíveis à atenção primária: a construção da lista brasileira como ferramenta para medir o desempenho do sistema de saúde (Projeto ICSAP - Brasil). Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n.º 6, p. 1337-1349, jun. 2009. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <https://aps.saude.gov.br/ biblioteca/visualizar/MTIxNA==>. 6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Nova diretriz de hipertensão arterial traz mudanças no diagnóstico e tratamento [Internet]. Sociedade Brasileira de Cardiologia, [s. l.], dez. 2020. Disponível em: <https://www. portal.cardiol.br/post/nova-diretriz-de-hipertensão-arterial-traz-mudanças- no-diagnóstico-e-tratamento>. Referências 7. BARROSO, W. et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 116, n.º 3, p. 516-658, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.36660/abc.20201238>. 8. NILSON, E., et al. Custos atribuíveis a obesidade, hipertensão e diabetes no Sistema Único de Saúde, Brasil, 2018. Revista Panamericana de Salud Pública [Internet], v. 44, n.º 32, abr. 2020. Disponível em: <https://www.ncbi. nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7147115/>. 9. NILSON, E.; SILVA, E.; JAIME, P. Developing and applying a costing tool for hypertension and related cardiovascular disease: Attributable costs to salt/ sodium consumption. The Journal of Clinical Hypertension, Greenwich, v. 22, n.º 4, p. 642-648, abr. 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1111/ jch.13836>. 10. BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na atenção básica [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/ cadernos_ab/caderno_28.pdf>.Referências
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