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Justiça Aristótelica

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Aristóteles nasceu em Estagira, na Macedônia, em 
384 a.C. Com 17 anos, partiu para Atenas e começou 
a frequentar a Academia de Platão. 
 
] 
Segundo 
Aristóteles, a justiça é uma virtude considerada de 
saber prático, ou seja, que só se aprende fazendo. 
O conceito tem sua origem através da ética, segundo 
o termo grego ―Ethos‖, que significa hábito e 
costume. Assim, ética é de saber prático, entendida 
por aquilo que obedecemos com habitualidade, ou seja, 
nosso jeito de ser e como agimos como cidadãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Logo, justiça pode ser entendido como um costume, 
uma disposição de caráter que torna a pessoa 
propensa a fazer e desejar o que é justo. Para o 
filósofo, a cidadania e a ética andam juntos, desta 
forma, ser justo e ser bom cidadão são conceitos 
igualitários. A justiça deve ser aplicada na cidadania, 
além dos afazeres domésticos, ou seja, não pensando 
somente no contexto particular, mas também nas 
relações sociais. Ele completa que justiça é uma 
virtude e pode ser aprendida, caso seja praticada. O 
filósofo retrata ainda que o justo está vinculado como 
o respeito às leis que aceitamos ao viver em 
sociedade. 
As leis têm em mira a vantagem comum, quer de 
todos, quer dos melhores ou daqueles que detêm o 
poder ou algo nesse gênero; de modo que, em certo 
sentido, chamamos justos aqueles atos que tendem 
a produzir e a preservar, para a sociedade política, 
a felicidade e os elementos que a compõem. 
(ARISTÓTELES, 1991, p 96). 
 
 
 
ÉTICA 
Filosofia Clássica 
Bibliografia 
Justiça Aristotélica 
As virtudes éticas são hábitos que, como tais, se 
adquirem pela experiência. Não são extraídas de 
conceitos universais e estáticos. 
Significa hábito 
JUSTIÇA Ser justo é 
praticar 
reiteradamente 
atos voluntários 
de justiça. 
EXEMPLO: Ao proferir uma sentença, não basta 
simplesmente que ela seja justa, é necessário que o 
juiz, voluntariamente, queira praticar o ato de “ser 
justo”. 
 
 
 
Ser justo é obedecer às leis, pois elas são feitas 
por todos e para todos. Para Aristóteles, atos 
justos são os que tem o objetivo de preservar a 
sociedade. 
 
Para maior entendimento do significado da expressão 
“justo” vê-se necessário dividi-lo em justo geral e 
justo particular. 
Justo geral consiste em obedecer ao ordenamento 
jurídico vigente em sentido amplo, com aplicação mais 
extensa e abrangente, visando o bem comum na 
comunidade. Logo a obediência às leis é o primeiro 
passo para se atingir a justiça geral. 
A Justiça particular, ao contrário da justiça geral, é 
a justiça em sentido estrito, aplicável na relação 
entre particulares. 
Da justiça particular e do que é justo no sentido 
correspondente, (A uma espécie é a que se 
manifesta nas distribuições de honras, de dinheiro 
ou das outras coisas que são divididas entre aqueles 
que têm parte na constituição (pois aí é possível 
receber um quinhão igual ou desigual ao de um 
outro) (ARISTÓTELES, 1991, p 99). 
Assim como a justiça geral, a particular diz que a 
pessoa que viola a racionalidade tende a ser injusta. O 
conceito de justiça particular ainda é subdivido em dois 
casos: justiça distributiva, corretiva ou retributiva e 
recíproca. Esta, se manifesta nas distribuições de 
honras, de dinheiro e nas relações entre indivíduos, e 
aquela tem por função desempenhar um papel 
corretivo nesta relação. 
 Justiça Distributiva: é uma justiça 
proporcional, permite que a distribuição seja 
proporcional ao merecimento de cada um, 
por esse motivo é factível que alguns 
recebam mais do que outros. Ocorre nas 
relações entre governo e súditos na 
distribuição de cargos, dinheiro e honras. 
 Segundo Aristóteles, ―as distribuições devem 
ser feitas de acordo com o mérito; pois todos 
admitem que a distribuição justa deve recordar 
com o mérito‖ (ARISTÓTELES, 1991, p100). 
Na atualidade, a justiça distributiva se vale tanto do 
critério da meritocracia, quanto do critério da 
necessidade para realizar a distribuição dos recursos. 
Exemplos: cargos públicos por meio de concurso 
(meritocracia); transferência de renda para pessoas 
em situação de vulnerabilidade econômica 
(necessidade); financiamento estudantil (meritocracia 
+ necessidade). 
 
 
 
 Justiça Corretiva: a justiça corretiva, que 
tanto surge nas transações voluntárias 
(contratos de compra e venda, por exemplo) 
como nas involuntárias (estelionatos, 
homicídios, roubos etc), está associada à 
recomposição da situação de igualdade entre 
os envolvidos. Essa recomposição é feita pelo 
Juiz, que é aquele “que divide ao meio”, 
através da aplicação da pena. A justiça 
corretiva será o meio-termo entre a perda 
e o ganho. A proporcionalidade é também um 
critério da justiça corretiva, negando 
Aristóteles a ideia de que a pura e simples 
reciprocidade seja justa: “... se uma autoridade 
fere alguém, não deve ser ferida em 
represália, mas se uma pessoa qualquer fere 
uma autoridade, não apenas deve ser ferida, 
como também punida”. 
Aristóteles divide a justiça corretiva em dois 
momentos: voluntário e involuntário. Segundo o autor, 
voluntária é a situação que a pessoa entra na relação 
de justiça voluntariamente, ou seja, ela quis participar 
por vontade própria. O filósofo diz que a pessoa tem 
liberdade de estipulação e vinculação acerca do 
conteúdo da relação de justiça, ou seja, os entes que 
Justo Comum X Justo Particular 
A justiça distributiva deve analisar o mérito e o 
contexto social de cada pessoa, objetivando 
valorar grupos mais fracos e assim igualar a 
sociedade. 
entram na relação de justiça, querem estabelecer a 
relação de liame. Como o contrato por exemplo, em 
que os contratantes querem esse liame subjetivo. 
Por outro lado, na involuntária o ente é forçado a 
entrar na relação de justiça. 
 
 Justiça Reciproca: segundo Aristóteles: "a 
reciprocidade deve fazer-se de acordo com 
uma proporção e não na base de uma 
retribuição exatamente igual” (ARISTÓTELES, 
1991, p 104). 
Procedem das trocas voluntárias, pois ter mais do 
que aquilo que é nosso chama-se ganhar, e ter 
menos do que a nossa parte inicial chama-se 
perder, como, por exemplo, nas compras e vendas 
e em todas as outras transações em que a lei dá 
liberdade aos indivíduos para estabelecerem suas 
próprias condições; quando, todavia, não recebem 
mais nem menos, mas exatamente o que lhes 
pertence, dizem que têm o que é seu e que nem 
ganharam nem perderam. Logo, o justo é 
intermediário entre uma espécie de ganho e uma 
espécie de perda, a saber, os que são involuntários. 
Consiste em ter uma quantidade igual antes e 
depois da transação. (ARISTÓTELES, 1991, p104). 
O objeto não é o mérito e contexto social, 
e sim um justo meio entre a perda e 
ganho, evitando o excesso ou a falta, logo 
é algo aritmético e matemático. O justo 
da reciprocidade se difere da justiça 
retributiva ou corretiva, porque não há 
subordinação entre as partes, assim 
como busca comportamentos 
proporcionais e não aritméticos. 
Em uma sociedade mediana complexa, as 
pessoas não produzem tudo que usam, 
elas produzem algo e adquirem outras 
coisas. Aristóteles diz como trazer 
reciprocidade em coisas diferentes 
nessa troca sem perder o equilíbrio 
entre o ganho e a perda. 
 
 
 
Aristóteles apresenta outros dois conceitos: justo 
legal e justo natural, ou Nomos x Physis para os 
gregos, em que este tem o significado pelo que existe 
por natureza, ou seja, a coisa que o homem não tem 
a capacidade de modificar, como a gravidade por 
exemplo. O conceito provém do direito natural, tem 
características como universalidade, 
irrenunciabilidade e igualdade. Entretanto, Nomos, 
JUSTO PARTICULAR CORRETIVO 
JUSTO 
COMUTATIVO 
Corresponde, na sua origem, às 
relações voluntárias, por exemplo, 
relações contratuais. 
 
 
JUSTO 
REPARATIVO 
Aplica-se às relações involuntárias, 
são àquelas situações em que a 
jurisdição estatal é acionada para 
intervir e garantir que se reparem 
erros cometidos por particularesa 
outros particulares (ex: ações de 
indenização). 
JUSTO PARTICULAR 
 
JUSTIÇA 
DISTRIBUTIVA 
É a geométrica/relativa: refere-se a 
distribuição realizada pelo governo 
aos seus súditos, realiza-se na 
distribuição de cargos, dinheiro e 
honras. 
 
JUSTIÇA 
CORRETIVA 
É aritmética/absoluta: é aquela 
capaz de produzir correções nas 
relações entre particulares. 
 
JUSTIÇA 
RECÍPROCA 
É equivalência: aplica-se nas trocas 
de mercadorias e serviços, diz 
respeito a equivalência entre um 
produto A e um produto B. 
Justo Natural X Justo Legal: 
definido por regras ou normas, são contextos que o 
homem interfere na criação, ou seja, não é natural 
como por exemplo a escravidão. O Justo legal pode 
ser exemplificado também como as normas criadas 
pelo legislador visando regular as relações complexas 
entre indivíduos. 
Da justiça política, uma parte é natural e outra 
parte legal: natural, aquela que tem a mesma força 
onde quer que seja e não existe em razão de 
pensarem os homens deste ou daquele modo; legal, 
a que de início é indiferente, mas deixa de sê-lo 
depois que foi estabelecida: por exemplo, que o 
resgate de um prisioneiro seja de uma mina, ou que 
deve ser sacrificado um bode e não duas ovelhas, 
e também todas as leis promulgadas para casos 
particulares, como a que mandava oferecer 
sacrifícios em honra de Brásidas, e as prescrições 
dos decretos. (ARISTÓTELES, 1991, p 109). 
 
 
 
Para entender justiça o autor aborda outro conceito 
chamado de equidade. Esse conceito serve para 
atenuar os rigores da lei ou resolver casos em que a 
lei precise de abordagens mais complexas. Aristóteles 
já sabia que as leis eram abstratas e universais, assim 
elas tinham o fim de atender os interesses gerais e 
comuns e não casos separados. 
Quando a lei se expressa universalmente e surge 
um caso que não é abrangido pela declaração 
universal, é justo, uma vez que o legislador falhou e 
errou por excesso de simplicidade, corrigir a 
omissão — era outras palavras, dizer o que o 
próprio legislador teria dito se estivesse presente, 
e que teria incluído na lei se tivesse conhecimento 
do caso. (ARISTÓTELES, 1991, p 118). 
 
 
 
 
Deve ser utilizado a equidade pelo responsável por 
julgar o caso usando desta racionalidade para atenuar 
a lei. A equidade é a justiça no caso concreto, não 
valendo da regra geral cegamente, observando o 
contexto individual em que a lei rigorosa será aplicada. 
Na atualidade se usam os princípios, sendo a equidade 
um desses princípios que o operador do direito 
poderá recorrer no caso concreto. 
Art. 140, § único, CPC: “O juiz só decidirá por 
equidade nos casos previstos em lei.” 
 
 
 
JUSPOSITIVISMO X JUSNATURALISMO 
 
JUSTO 
NATURAL 
É parte do justo político que 
encontra respaldo na própria 
natureza humana e não depende da 
vontade do legislador. 
 
JUSTO 
LEGAL 
Diz respeito ao conjunto de normas 
vigentes na pólis e que são 
resultantes da vontade do legislador. 
A legislação perfeita deveria convergir direito 
natural e direito positivo, promover a 
adequação do legal ao natural. 
 EQUIDADE E JUSTIÇA 
 
Equidade é a correção dos rigores da lei. É a 
medida corretiva da justiça legal quando esta 
engendra injustiça pela generalidade de seus 
preceitos.

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