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FRoNt_SENAD_MJSP_Modulo_4

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Prévia do material em texto

MÓDULO 4
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 
NO BRASIL
GOVERNO FEDERAL 
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS 
 
SECRETÁRIO NACIONAL 
Paulo Gustavo Maiurino
DIRETOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS E ARTICULAÇÃO 
INSTITUCIONAL 
Marcelo de Oliveira Andrade
 
COORDENADOR-GERAL DE INVESTIMENTOS, PROJETOS,
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 
Gustavo Camilo Baptista 
 
PLANEJAMENTO E GESTÃO
Glauber da Cunha Gervásio
Carlos Timo Brito
Eurides Branquinho da Silva
 
CONTEUDISTAS 
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa 
 
REVISÃO DE CONTEÚDO 
Fernanda Flávia Rios dos Santos
Maria de Fátima de Moura Barros 
 
APOIO 
Kathyn Rebeca Rodrigues Lima
EXPEDIENTE
Baixe o aplicativo Zappar no seu celular ou tablet
REALIDADE AUMENTADA (RA) 
Nas páginas deste material encontram-se códigos como este ao lado 
que dão acesso a conteúdos extras. Para visualizá-los, baixe o aplicativo 
Zappar no seu celular ou tablet e enquadre os códigos no aplicativo (você 
precisa ter conexão à internet).
Todo o conteúdo do Curso FRoNt - Fundamentos para Repressão ao Narcotráfico e ao 
Crime Organizado, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), Ministério 
da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Governo Federal - 2022, está licenciado sob 
a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não Comercial- Sem Derivações 
4.0 Internacional.
BY NC ND
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD)
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Luciano Patrício Souza de Castro
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
SUPERVISÃO TÉCNICA EAD
Giovana Schuelter 
SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL
Daniele Weidle 
SUPERVISÃO DE MOODLE
Andreia Mara Fiala 
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Elson Rodrigues Natário Junior
Maria Eduarda dos Santos Teixeira
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Gabriel de Melo Cardoso
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
Unidade 1 | CRIMInaLIdade FaCCIOnada 
nO BRaSIL: enTendIMenTO
Unidade 2 | a CRIMInaLIdade 
FaCCIOnada nO BRaSIL e SUaS 
PRInCIPaIS ORGanIZaÇÕeS
1.1 Criminalidade faccionada no Brasil e abertura 
do mercado consumidor de drogas
2.1 O Primeiro Comando da Capital (PCC)
2.2 O Comando Vermelho (CV)
6
7
18
aPReSenTaÇÃO 5
1.2 Criminalidade faccionada no Brasil, a guerra 
nos presídios e o mercado (atacadista e varejista) 
de drogas
15
2.3 Algumas diferenças entre o PCC e o CV
20
30
33
ReFeRÊnCIaS 43
2.4 As milícias
2.5 Outras organizações criminosas de origem 
brasileira
34
40
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 5
aPReSenTaÇÃO
Olá, cursista! 
O presente módulo tem por objetivo apontar, identificar e apresentar 
diferentes variações de organizações criminosas em atuação no Brasil 
em 2020, de origem local.
De início, torna-se oportuno lembrar que o crime organizado, em 
regra, é um fenômeno transnacional e não respeita os limites das 
fronteiras nacionais (simbólicas ou concretas). Assim, não é intenção 
do módulo explorar a atuação de organizações criminosas de origem 
estrangeira com eventual atuação no país.
Este módulo buscará, portanto, examinar as peculiaridades das 
organizações brasileiras no que concerne ao mercado de drogas e 
questões conexas. Os conteúdos dos módulos anteriores poderão 
auxiliar na aplicação dos conceitos e definições previamente ensi-
nados, tendo como foco as organizações criminosas em geral e as 
do narcotráfico brasileiro.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar 
para assistir ao vídeo de 
apresentação do módulo.
RA
OBjeTivOS dO MódULO
 � Descrever e modelar o conhecimento sobre a expressão 
brasileira do crime organizado, comparando e contrastando essa 
expressão local com a genérica e universal do mesmo fenômeno.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 6
UnIdade 1
CRIMInaLIdade FaCCIOnada nO 
BRaSIL: enTendIMenTO
No módulo anterior, você teve acesso a uma visão panorâmica de 
diversas organizações criminosas, de estética mafioide, que operam 
em todos os continentes. Assim, você pode perceber que o crime orga-
nizado se encontra globalizado e, de uma forma ou de outra, impacta 
nossa realidade no Brasil.
COnTexTUaLiZandO 
Foto: Adaptado de © [mrtimmi] / Adobe Stock.
Somos afetados em nosso cotidiano e também em nosso papel no 
Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (SISNAD). Para relem-
brar resumidamente o que já estudamos nos módulos anteriores e 
fortalecer os principais conceitos e abordagens que serão úteis para 
o entendimento da problemática do crime organizado no Brasil, mais 
uma vez recorremos a um trecho de um documento das Nações Unidas 
que possui muita pertinência para este momento de nosso curso:
Fatos rápidos
Estima-se que o crime organizado transnacional gere 
US $ 870 bilhões por ano – mais de seis vezes o montante 
da ajuda oficial ao desenvolvimento e cerca de sete por 
cento das exportações mundiais de mercadorias (2009).
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 7
Todos os anos, inúmeras vidas são perdidas em consequência 
do crime organizado. Problemas de saúde e violência 
relacionados com as drogas, mortes por armas de fogo e 
métodos e motivos inescrupulosos de traficantes de seres 
humanos e contrabandistas de migrantes fazem parte disso.
O crime organizado transnacional não está estagnado, mas 
é uma indústria em constante mudança, adaptando-se 
aos mercados e criando novas formas de crime. Em suma, 
é um negócio ilícito que transcende as fronteiras culturais, 
sociais, linguísticas e geográficas e que não conhece 
fronteiras nem regras.
Existem muitas atividades que podem ser caracterizadas 
como crime organizado transnacional, incluindo tráfico 
de drogas, contrabando de migrantes, tráfico de pessoas, 
lavagem de dinheiro, tráfico de armas de fogo, produtos 
falsificados, vida selvagem e propriedade cultural e até 
mesmo alguns aspectos do crime cibernético.
(UNODC, 2011)
Assim, a proposta didático-pedagógica desta unidade é apontar e apre-
sentar a estrutura e as características do funcionamento da criminali-
dade faccionada, enumerando as principais organizações criminosas 
brasileiras que guardam padrões semelhantes de operação (modus 
operandi). Sempre bom lembrar que este módulo deverá permitir que 
você possa fazer generalizações acerca de padrões da criminalidade 
organizada constituída no restante do mundo, mais particularmente 
no que tange às dez maiores organizações criminosas na América 
Latina (conforme apontado pela organização InSight Crime).
glossáRio
Faccionar é dividir em facções, em 
bandos, enquanto facção é reunião das 
pessoas que se comportam ou pensam 
de uma maneira diferente em relação às 
pessoas que fazem parte do seu próprio 
grupo, partido, etc. ou daquelas que 
causam perturbação à ordem pública ou 
têm propósitos ilícitos: facção criminosa.
1.1 CRiMinaLidade FaCCiOnada nO 
BRaSiL e aBeRTURa dO MeRCadO 
COnSUMidOR de dROGaS
Nos módulos anteriores, você teve a oportunidade de estudar sobre 
um dos principais fatores críticos para a segurança pública no Brasil: 
a extensa fronteira do país com os maiores centros de cultivo, produção 
e distribuição de cocaína no planeta: Colômbia, Peru e Bolívia – três 
países andinos fronteiriços ao Brasil.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 8
BRASiL
COLÔMBIA
PERU
BOLÍViA
| FRONTEiRa DO BRaSil cOM PERU, BOlívia E cOlôMBia
É importante lembrar que essasituação se agrava ainda mais por conta 
do papel do Paraguai na dinâmica do contrabando internacional de 
armas e no cultivo e exportação de maconha para o Cone Sul.
A fronteira do Paraguai com o Brasil se estende por 1.366 km, sendo 
uma das mais extensas do planeta. Isso faz com que o Brasil seja um 
elo importante na cadeia logística do narcotráfico internacional, 
tornando-se um dos maiores países com mercados consumidores 
globais de drogas.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo sobre 
como a Polícia Federal 
tem enfrentado o tráfico 
de maconha no Brasil 
com ações no território 
Paraguaio.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 9
Leia a matéria do Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada (IPEA) intitulada “Faixa de fronteira 
do Brasil é tema de estudo do Ministério da 
Integração e Ipea”, disponível em: https://www.
ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_
content&view=article&id=30512&Itemid=7.
SaiBa MaiS
E quando associamos esse assunto ao ponto de vista da violência e 
da economia das drogas, verificamos que essa realidade se tornou 
ainda mais complexa com a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
Foto: © [kittyfly] / Adobe Stock.
Até 2006, qualquer pessoa flagrada fumando maconha ou usando 
qualquer outra droga ilícita era detida pela Polícia Militar (PM), 
levada para a Delegacia/Distrito Policial e só era liberada mediante 
fiança. Com raras exceções, ninguém em sã consciência se permitia 
usar droga em público. Ao avistar uma viatura da PM, o usuário de 
drogas sabia que estava “encrencado.”
Quem ousava fazer o consumo de drogas ou o fazia em festas res-
tritas, de classes média e alta, ou escondidas em ambientes mais 
propícios, como prédios abandonados, sem iluminação e embaixo 
de copas de árvores.
https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30512&Itemid=7
https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30512&Itemid=7
https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30512&Itemid=7
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 10
Foto: © [serpeblu] / Adobe Stock.
Ou seja, a maioria absoluta da população, principalmente as crianças, não 
tinha um contato tão constante e intenso com drogas como se vê hoje.
Tudo mudou rapidamente com o advento da Lei nº 11.343, de 23 de 
agosto de 2006, quando consumir drogas deixou de ser razão de 
apenamento. O resultado disso foi a explosão do consumo de drogas 
em locais públicos como praças, esquinas e tantos outros. Isso é ainda 
mais significativo quando lembramos que, para a psicologia social, 
critérios como tempo, frequência e intensidade são os principais fa-
tores que determinam a atitude, ou seja, a aceitação dos mais variados 
objetos e comportamentos por parte dos indivíduos.
Com a Lei nº 11.343/2006, uma geração inteira tem vivido com uma 
exposição precoce, frequente e intensa às drogas e entorpecentes, 
o que tem retroalimentando o ciclo desurgimento de novos con-
sumidores. Essa explosão no consumo, além dos resultados óbvios 
para a saúde pública, também teve consequências graves para a 
segurança pública.
O ano de 2006 foi marcado pelo maior ataque coordenado a forças de 
segurança pelo crime na história do estado de São Paulo. Os ataques 
perpetrados pelo PCC a unidades policiais e agentes da lei no horário 
de folga foram típicos dos cartéis da Colômbia e das gangues peni-
tenciárias Barrio 18 e MS-13. Tudo isso está registrado em detalhes 
em uma entrevista concedida pelo ex-comandante-geral da Polícia 
Militar do Estado de São Paulo, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges.
Entender a influência da Lei nº 11.343/2006, principalmente os efeitos 
sociais gerados após sua aprovação, é de grande importância para 
sua atuação no combate do mercado de drogas.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 11
A entrevista concedida pelo ex-comandante-geral da 
Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Elizeu Eclair 
Teixeira Borges, referenciada anteriormente, pode ser 
acessada no link: https://www.facebook.com/watch/
live/?v=717874988801850&ref=watch_permalink.
Dica DE MíDia
Vale considerar que até 2006 a legislação brasileira reprimia tanto 
o tráfico (em suas diferentes modalidades) quanto o consumo de 
drogas, e o advento da Lei nº 11.343/2006 reverteu uma política 
pública de 30 anos.
Nesse sentido, veja na sequência dois dispositivos da revogada Lei 
nº 6.368/1976, a qual regia os temas:
Antes 
Lei nº 6.368
de 21 de outubro de 1976
Art. 12. 
Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, 
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância 
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar;
Pena: Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 
(cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
Art. 16. 
Adquirir, guardar ou trazer consigo, para o uso próprio, substância 
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar:
Pena: Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 
(vinte) a 50 (cinquenta) dias-multa.
https://www.facebook.com/watch/live/?v=717874988801850&ref=watch_permalink
https://www.facebook.com/watch/live/?v=717874988801850&ref=watch_permalink
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 12
Depois
Lei nº11.343/2006
de 21 de outubro de 1976
Art. 3º.
O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar 
as atividades relacionadas com:
I. a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social 
de usuários e dependentes de drogas;
II. a repressão da produção não autorizada e do tráfico 
ilícito de drogas.
Assim, a nova lei optou por medidas de caráter educativo, tendo como 
objetivo a prevenção do uso de drogas, a atenção e a reinserção social 
dos usuários e dependentes.
No Módulo 1, já tivemos a oportunidade de estudar que dentro da 
temática “economia das drogas” há visões que se contrapõem dire-
tamente à proibição do comércio de drogas. Foram citados exemplos 
de juristas, políticos e de cidades no exterior que seguem um caminho 
diferente do que se chama de “proibicionismo”.
No vídeo “Da proibição nasce o tráfico”, de Laerte, 
Dahmer e Arnaldo, você tem a oportunidade de conhecer 
mais um pouco dos argumentos que sustentam a visão 
contrária à proibição do comércio e do consumo de 
drogas, disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=s53leELilaQ&feature=emb_logo.
Dica DE MíDia
Em 2008, passados dois anos da mudança na política criminal de 
drogas no país, dois pesquisadores policiais militares enfrentaram 
o tema em um curso de especialização promovido por uma parceria 
entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Secretaria Nacional de 
Segurança Pública (SENASP). Pela precisão do prognóstico realizado 
por Popov e Ferreira (2008), vale a pena você conhecer o resumo do 
trabalho nas palavras dos próprios autores:
https://www.youtube.com/watch?v=s53leELilaQ&feature=emb_logo
https://www.youtube.com/watch?v=s53leELilaQ&feature=emb_logo
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 13
Pelo posicionamento dos autores, podemos entender que a Lei nº 
11.343/2006 representou uma importante mudança de paradigma 
na política nacional de drogas.
Ao mesmo tempo que foi instituído o SISNAD, houve o que Popov e 
Ferreira chamam de instituição de penas mais brandas para o con-
sumo, e o Supremo Tribunal Federal (STF) já se manifestou no sentido 
de que houve de fato a despenalização do consumo (BRASIL, 2007).
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo sobre os 
efeitos da Lei11.343 –
Lei Nacional Antidrogas.
RA
Em outras palavras, a conduta descrita no artigo 28 da Lei nº 
11.343/2006 continua sendo crime, contudo, ao consumidor de 
drogas não pode ser imposto qualquer tipo de pena privativa de 
liberdade ou pecuniária (ex.: multa), e muito menos a imposição de 
fiança quando apresentado em uma delegacia ou distrito policial.
Com o advento da Lei nº 11.343/06, o Brasil instituiu o 
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) 
pelo qual, além de outras implicações passou a adotar uma 
modelo penal com maior ênfase na punição do traficante 
e a adoção de penalidades relativamente brandas para o 
usuário. Contudo, tanto traficante quanto usuário mantém 
uma relação de interdependência sistêmica evidenciada pela 
correlação de oferta e demanda de drogas, sendo ambos, 
mutuamente responsáveis pelas consequências maléficas 
que essa atividade causa à sociedade brasileira. O tráfico e o 
consumo de drogas estão intimamente ligados à prática de 
vários crimes e desta maneira, não há como negar que ambos 
alimentam a violência e a cultura do medo. 
A discussão em torno do entendimento do consumo de drogas 
como mero problema de saúde pública ou como questão de 
segurança pública é feita através da comparação da atual lei e 
da antiga lei de entorpecentes (Lei nº 6.368/76). 
São utilizados como exemplo alguns crimes ocorridos 
no Distrito Federal com relação direta ou indireta com o 
consumo e o tráfico de drogas. Entender o consumo de 
drogas como mero problema de saúde pública desqualifica 
o potencial ofensivo do crime cometido, pois abranda as 
penas aplicáveis. O aumento na demanda por drogas é uma 
presunção esperada e discutida neste trabalho, partindo-se 
do pressuposto de que punições amenas tendem a diminuir 
certos freios legais para os usuários, por sua vez a oferta 
sofrerá um incremento, no sentido de atender a procura.
 As repercussões deste instrumento jurídico somente poderão 
ser realmente avaliadas a longo prazo.
(POPOV; FERREIRA, 2008)
Outro ponto destacado por Popov e Ferreira e que tem relação direta 
com o presente curso é o resultado da liberação do consumo no au-
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 14
[...] A população com maior poder aquisitivo é a responsável 
pela maior parte do consumo de cocaína e maconha vendida 
no Brasil. O que se comprova com a pesquisa é que a relação 
entre oferta e demanda se aplica perfeitamente ao tráfico 
de drogas. O consumo aquece o mercado ilícito de drogas e 
garante o comércio, já que proporciona retorno. 
Nessa relação evidencia-se a violência como forma de 
garantia de pontos de vendas (varejos), de aquisição de 
drogas na origem (atacado) ou como forma de obtenção de 
meios de aquisição por parte do usuário. 
(POPOV; FERREIRA, 2008, p. 26)
Fato tanto emblemático como lamentável, nesse sentido, foi o as-
sassinato de um jovem em uma festa na Faculdade de Direito da 
Universidade de Brasília por criminosos que possuíam histórico com 
o tráfico de drogas. O episódio teria ocorrido em mais um evento 
que envolve bagunça, barulho, bebedeira, sexo, consumo e tráfico 
de drogas nas dependências de uma universidade pública brasileira.
Até aqui, é importante rememorar que praticamente 
toda a coca do mundo é cultivada e processada em escala 
industrial basicamente em três países do altiplano andino: 
Peru, Colômbia e Bolívia, com uma crescente participação 
do Equador e da Venezuela no refino e no tráfico de cocaína. 
Até 2006, depois de processada, parte da cocaína deixava 
esses países vizinhos e passava pelo Brasil em direção a 
mercados mais lucrativos, como o europeu e o americano. 
Uma vez que o consumo de drogas deixou de ser punido no 
Brasil e explodiu o número de consumidores, os traficantes 
reconheceram que seria muito mais lucrativo intensificar 
seus investimentos por aqui mesmo do que levar a droga 
para outros continentes. Afinal, nenhum outro país com 
a população e as dimensões territoriais colossais do Brasil 
possui um mercado consumidor de drogas completamente 
aberto como se tornou a realidade nacional.
Esse mercado extraordinário começou a atrair 
empreendedores. No começo, o terreno era vasto e as 
organizações criminosas até mesmo cooperavam entre si. 
Porém, quanto mais os cartéis cresciam, mais precisavam 
PodcAst TRaNScRiTO
mento da demanda por drogas e consequentemente em toda a dinâmica 
do mercado de drogas no país. Citando uma pesquisa que apontou ser 
a população com maior poder aquisitivo a que mais consumia drogas 
no Brasil àquela altura, os autores destacaram que:
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 15
avançar sobre o território de outros cartéis, até o ponto 
de terem de se enfrentar para garantir os territórios 
conquistados. Traficantes não disputam clientes e espaço 
no mercado por meio de preço e qualidade do serviço 
prestado. Como já vimos nos elementos caracterizadores 
das organizações mafioides, no mundo do crime, a violência 
muitas vezes é a estratégia mais eficiente para se ganhar 
mercados. Possivelmente, esta seja uma das explicações 
para o mar de sangue no qual se tornaram os presídios 
brasileiros, uma das principais arenas de disputa entre as 
facções do narcotráfico.
1.2 CRiMinaLidade FaCCiOnada nO 
BRaSiL, a GUeRRa nOS PReSídiOS e O 
MeRCadO (aTaCadiSTa e vaRejiSTa) 
de dROGaS
O livro “A guerra: ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil”, 
de Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias (2018), descreve em de-
talhes a relação entre as ações das facções nos presídios e o mercado 
atacadista e varejista de drogas no Brasil.
Foto: © [motortion] / Adobe Stock.
Os autores iniciam a obra afirmando que, por trinta anos, o crime 
organizado ligado ao tráfico de drogas no Brasil formava uma rede que 
se dividia em duas vertentes com atribuições específicas. Por um lado, 
havia a vertente atacadista, articulada nas fronteiras para introduzir 
e distribuir drogas no país ou enviá-las para o exterior, como a busca 
da droga em fazendas do Paraguai ou da Amazônia andina, a travessia 
de fronteiras e a entrega aos centros distribuidores. Por outro lado, 
havia a vertente varejista, organizações locais que vendiam drogas 
nas ruas de seus Estados (“mercados abertos”, conforme estudado 
anteriormente). Veja, a seguir, o que caracteriza cada vertente.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 16
VERTENTE ATACADISTA
Vertente mais endinheirada e 
sofisticada da rede do narcotráfico.
Envolve planejamento, 
articulação de agentes qualificados 
(às vezes pilotos de aeronaves), 
e capital financeiro para o 
investimento na mercadoria e no 
suborno de autoridades.
VERTENTE VAREJISTA
Vertente mais envolvida com a 
criminalidade violenta no dia a dia 
das ruas brasileiras.
Garantem seus pontos de venda 
em confrontos com rivais 
e com a polícia.
Dividem-se em duas subvertentes, 
ou modelos: modelo paulista e 
Comando Vermelho (CV).
Perceba que, ainda dentro da vertente varejista, surgem duas sub-
vertentes, ou modelos. Cada um com sua especificidade de atuação 
dentro da própria vertente.
Do primeiro modelo varejista surgiu o Comando Vermelho, no final 
da década de 1970, com estrutura centralizada e hierarquizada. 
Para ser imposto, esse modelo exigiu disputas cinematográficas, 
como invasões de comunidades com armamento pesado e resgates 
de seus líderes em operações complexas nos presídios.
Já o modelo paulista, que também se verificou no restante do país, 
baseou-se no acesso direto aos atacadistas por pequenos grupos 
ou mesmo indivíduos. Esses dois modelos varejistas de negócio 
não prescindiram do uso de violência e seus agentes morriam em 
disputas internas e confrontos com rivais e com a polícia ou mesmo 
por ações de grupos de extermínio. Isso sem contar os assassinatos 
por motivos banais. Esse modelo aparentemente continua em vigor. 
Ou seja, os processos varejistas e atacadistas continuam a existir.
Vale entendermos que cada vez mais, como vem acontecendono mer-
cado formal de itens básicos no Brasil, as organizações criminosas, antes 
regionais, vêm ganhando musculatura e concentrando os processos 
atacadistas e varejistas naquilo que vem se denominando “atacarejo”.
glossáRio
Atacarejo é uma modalidade de comércio 
criada a partir da junção do atacado com 
o varejo. Tal estilo de venda deu origem 
ao conceito “cash and carry” (“pagar e 
levar”), isso porque, num atacarejo, basta 
o cliente encontrar o que procura para levar 
imediatamente para casa, o que acaba por 
eliminar a intermediação de vendedores e, 
consequentemente, reduz o preço.
Leia sobre a origem e o segredo do sucesso do atacarejo no 
Brasil na matéria intitulada “O fenômeno dos atacarejos 
no Brasil”, disponível em: https://www.senior.com.br/
blog/o-fenomeno-dos-atacarejos-no-brasil. 
SaiBa MaiS
https://www.senior.com.br/blog/o-fenomeno-dos-atacarejos-no-brasil
https://www.senior.com.br/blog/o-fenomeno-dos-atacarejos-no-brasil
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 17
Assim, finalizamos nossa primeira unidade do módulo. Até aqui pu-
demos conhecer mais sobre o mercado de drogas e a criminalidade 
faccionada no Brasil. Siga para a próxima unidade para continuarmos 
com o aprendizado.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 18
UnIdade 2
a CRIMInaLIdade FaCCIOnada 
nO BRaSIL e SUaS PRInCIPaIS 
ORGanIZaÇÕeS
COnTexTUaLiZandO 
Como vimos no módulo anterior do curso, a plataforma digital InSight 
Crime organizou uma lista com as dez organizações criminosas com 
maior poder e influência na região.
Exército Nacional de Libertação (ENL)
Primeiro Comando da Capital (PCC)
Cartel de Sinaloa
Jalisco Cartel Nova Geração (CJNG)
Ex-FARC Máfia
Comando Vermelho (CV)
MS-13
Autodefesas Gaitanistas de Colombia (AGC)
Cartel do Golfo
Barrio 18
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
ESTADOS UNiDOS
EL SALVADOR
MAR 
DO 
CARiBE
OCEANO 
PACÍFiCO
COLÔMBiA
BRASiL
MÉXiCO
1
5
3
4
7
10
9
2
6
8
Fonte: Adaptado de InSight Crime (2020).
| RaNKING DOS 10 MaiORES GRUPOS cRiMiNOSOS Da aMéRica laTiNa (2019)
Quase todas essas organizações foram estudadas no módulo ante-
rior, à exceção das organizações de origem brasileira, as quais serão 
examinadas a seguir.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 19
De todo modo, para chegar a essa lista, a fundação fez uma apuração 
detalhada por um procedimento metodológico com a definição de dez 
categorias que permitiram que as organizações fossem comparadas 
entre si. Relembre essas categorias no quadro a seguir.
Indicador Definição
1. Estrutura Estrutura político-militar que garante resiliência e coesão 
à organização.
2. Liderança central Poder centralizado em um líder ou em um grupo de líderes, 
a exemplo das organizações mafioides.
3. Identidade/ideologia Identidade, código ou ideologia que facilita o recrutamento de 
novos integrantes, com vistas ao fomento de uma reputação e 
de uma marca própria garantindo a lealdade de seus membros. 
As estruturas criminosas com maior êxito ao longo da história, 
como a máfia siciliana e a Yakuza, criaram uma mitologia 
que se traduz em um estrito código de conduta que inclui, 
inclusive, ritos de iniciação. Trata-se, em última instância, 
de justificativas morais calcadas em ideologias como o 
marxismo-leninismo, ou em ideologias de defesa de território, 
como vimos no nascedouro da máfia siciliana.
4. Poderio econômico Corresponde não somente à acumulação de poder econômico, 
mas também à diversidade do portfólio criminal e à capacidade 
de absorver perdas. Nessa categoria também se encontra a 
capacidade que a organização possui de lavar dinheiro.
5. Penetração no Estado Capacidade que a organização possui de evitar que o Estado 
não interfira negativamente ou contribua com seus negócios. 
Isso é possível pela corrupção ou pela infiltração de criminosos 
na estrutura do Estado, inclusive por vias legítimas, tais quais 
eleição, nomeação em cargos comissionados, nomeação em 
conselhos e assinatura de contratos.
6. Ameaças ou exercício da violência A violência e o crime organizado são quase que indivisíveis 
na América Latina. Na ausência de recursos legais para o 
cumprimento de acordos, a reputação violenta constitui 
elemento-chave para a realização dos negócios.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 20
Indicador Definição
7. Efetivo e capacidade militar Quantidade de combatentes que a organização possui à sua 
disposição e capacidade de realizar operações sofisticadas e precisas 
ao estilo militar para facilitar e proteger os empreendimentos 
criminais. Esse critério também envolve o treinamento de novos 
agentes do crime para a realização dessas atividades.
8. Alianças criminais Capilaridade e capacidade de se articular em rede com outras 
organizações criminais.
9. Influência territorial e governança 
criminal
Capacidade de controlar áreas geográficas (territórios). 
Isso envolve o controle de rendas ilegais e o impedimento de 
invasões por grupos rivais. Além disso, há a criação de governos 
paralelos com a cobrança de taxas e a aplicação da justiça privada 
(tribunais do crime, justiçamentos etc.)
10. Longevidade Tempo de existência do grupo criminoso.
Metodologia Empregada pela InSight Crime para 
medir e comparar os grupos criminosos que atuam 
na América Latina e no Caribe. 
Fonte: InSight Crime (2020).
Nessa lista elaborada pelo InSight Crime, há duas organizações de 
origem brasileira: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando 
Vermelho (CV). Convergentemente, segundo o Observatório Brasileiro 
de Informações Sobre Drogas (OBID), os grupos que traficam drogas 
ilícitas no Brasil têm suas atividades estruturadas a partir exatamente 
desses dois grupos. Ambos nasceram a partir de associações formadas 
em presídios brasileiros nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, 
respectivamente. Seus líderes e integrantes são na maioria brasileiros.
2.1 O PRiMeiRO COMandO 
da CaPiTaL (PCC)
O Primeiro Comando da Capital (PCC) é uma organização criminosa 
com origem no estado de São Paulo, tendo surgido no início da dé-
cada de 1990. O PCC figura, conforme apontado pelo InSight Crime, 
no segundo lugar da lista dos dez maiores grupos de organizações 
criminosas da América Latina, perdendo apenas para o Exército da 
Libertação Nacional (ELN) da Colômbia. 
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 21
Assim, vale destacar os seguintes fatos acerca do PCC, de acordo com 
publicação da organização InSight Crime (2020):
O crescimento explosivo do PCC nos últimos anos se deve ao 
seu envolvimento cada vez maior no comércio de cocaína. 
Se a receita inicial dele consistia no microtráfico de drogas 
nas prisões e depois na região sede da organização em São 
Paulo, hoje o PCC adquire cocaína na Bolívia, na Colômbia 
e no Paraguai e participa da movimentação de remessas de 
drogas para o exterior, principalmente para a Europa, isso 
tudo via portos, como o de Santos.
Ou seja, a rota de drogas da organização se estendeu a nível internacional.
BRASiL
ÁFRiCA DO SUL
ÁFRiCA 
OCiDENTAL
PORTUGAL
iNGLATERRA
iTÁLiA
GUiANA
COLÔMBiA
PERU
BOLÍViA
PARAGUAi
FRANÇA
| aS ROTaS Da DROGa DO Pcc
Fonte: Adaptado de Defesa Net (2018).
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MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 22
Uma monografia apresentada por Oklak Martins Cortes à Universi-
dade Federal de Roraima, em 2019, sob o título “Reflexões sobre o 
Combate às Facções Criminosas pelos Órgãos de Inteligência de Se-
gurança Pública de Roraima” (CORTES, 2019), traz alguns elementos 
informativos adicionais sobre o PCC. 
Primeiramente o PCC apossou-se do slogan “Paz, Justiça e Liberdade”, 
originalmente utilizado pelo Comando Vermelho. Paralelamente, 
os “dirigentes” da organização se preocuparam em dominar todo o 
processo produtivo do tráfico ilícito de entorpecentes, controlando 
desde a matéria-prima produzida pelos fornecedoresaté a distribuição 
no atacado e no varejo do seu produto final.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir a animação sobre 
a história do Primeiro 
Comando da Capital.
RA
Foto: © [fusssergei] / Adobe Stock.
Também foi amplamente desenvolvido o estímulo à progressão 
funcional de seus “colaboradores”, através de “promoções” a cargos 
mais importantes, de acordo com o nível de lealdade e produtividade 
demonstrado pelos merecedores (CORTES, 2019).
Embasando toda essa estratégia, estava o estatuto da facção, reforçado 
pelas ordens emanadas dos chefes estaduais, através dos chamados 
“salves”, reproduzidos de forma manuscrita em todas as unidades 
prisionais onde se encontravam os “irmãos” do crime.
Fonte: © Lucas Lacaz Ruiz/AE (Correio 24h).
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MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 23
Jozino (2017) esclarece como começou uma das mais poderosas 
facções do crime organizado do Brasil, que tem ramificações es-
palhadas por vários países da América Latina. O autor destaca os 
embriões da facção, relatando os diálogos que motivaram a orga-
nização dessa facção e os principais personagens que se tornaram 
membros da história da criação do que veio se tornar conhecido como 
Primeiro Comando da Capital. Essa organização criminosa passaria 
a comandar o crime no estado de São Paulo. Sua mensagem logo se 
espalhou como propaganda pelas penitenciárias, pelas carceragens 
dos distritos policiais, pelas cadeias públicas, pelas paredes e muros, 
e pelas portas de celas. Até mesmo camisas eram confeccionadas 
estampada com a imagem de Che Guevara, ou com o número 15.3.3.
Uma curiosidade, a exemplo do Comando Vermelho, o Primeiro 
Comando da Capital também passou a usar um número para caracte-
rizar a sigla PCC, o número 15.3.3 faz referência ao “alfabeto congo”, 
no qual a sigla “P” se refere à décima quinta letra do alfabeto e as 
siglas “C” se referem à terceira letra na ordem alfabética.
P C C
15 3 3
O dia 2 de outubro de 1992 deve ter ficado marcado na 
vida de muitos brasileiros, principalmente na população 
carcerária de todo o país. O dia em que uma rebelião 
foi finalizada com a ação da tropa de choque da Polícia 
Militar do Estado de São Paulo e resultou na morte de 111 
presos que estavam cumprindo pena no pavilhão 9, que 
era conhecido como complexo do Carandiru. Tal fato foi 
o principal incentivador da criação de uma das maiores 
facções criminosas, que passaria a comandar o crime no 
estado de São Paulo.
(CORTES, 2019, p. 24-25)
Apesar de a imprensa ter feito o fato ficar conhecido como “Massacre 
do Carandiru”, grande parte da população tinha outra opinião a respeito 
do ocorrido. “Em São Paulo os telefones das principais emissoras de 
rádio não paravam de tocar. Muita gente ligando para saudar a atitude 
dos PMs. Alguns lamentavam que o número de mortos não fosse maior. 
Defendiam até a implosão do presídio com todos os presos dentro” 
(JOZINO, 2017, p. 18 apud CORTES, 2019, p. 25). 
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MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 24
As informações trazidas pela plataforma InSight Crime e Cortez 
(2008) destacam alguns elementos mafioides do PCC que estruturam 
e distinguem a organização como forma de preservação dos códigos 
comportamentais. São eles:
Emprego
da violência
Organização
em rede
Discurso
ideológico
moral
Mais à frente, ainda neste módulo, você vai conhecer mais sobre essa 
organização, que tem crescido em poder e influência dentro e fora 
das fronteiras brasileiras.
Segundo Manso e Dias (2018), a configuração das redes 
(atacadistas e varejistas) começou a mudar no final dos anos 1990. 
Uma figura icônica desse momento foi Fernandinho Beira-Mar. 
O traficante, empresário varejista do Comando Vermelho (CV), 
ao perceber a importância estratégica das fronteiras e da parceria 
com grandes produtores, passou a eliminar intermediários. Juntando 
atacado e pontos que já possuía sob seu controle, Beira-Mar obteve 
boa entrada junto aos criminosos do mercado varejista paulista.
Fernandinho Beira-Mar.
Fonte: © Erbs Jr./ Frame (Folhapress).
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MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 25
Com a prisão do líder do CV, em 2002, o Primeiro Comando da Capital 
(PCC) – na época, uma agremiação criminosa local – aproximou-se 
dos centros produtores em ações articuladas a partir de presídios. 
Nesse processo, o PCC se aproveitou das técnicas do Comando Ver-
melho; contudo, o advento do telefone celular nas prisões permitiu 
a potencialização das articulações realizadas a partir dos presídios, 
as quais passaram a ter caráter profissional.
Outras inovações trazidas pelo ingresso do PCC no mercado ataca-
dista foram sua forma de gestão e seu discurso ideológico, muito 
à semelhança das justificativas de cunho moral das organizações 
mafioides. Nas palavras de Manso e Dias (2018):
Os paulistas diziam que seus crimes eram praticados em 
nome dos ‘oprimidos pelo sistema’ e não em defesa dos 
próprios interesses, o que os diferenciava do personalismo 
dos traficantes cariocas. Eles assumiam a existência de um 
mundo do crime e da ilegalidade, tanto nas prisões como nas 
periferias, conhecidas como ‘quebradas’. Com o PCC, o crime 
passaria a se organizar em torno de uma ideologia: os ganhos 
da organização beneficiariam os criminosos em geral.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 26
Podemos entender ainda mais o cunho ideológico adotado pelo 
Comando Vermelho por meio dos mandamentos criados e seguidos 
pelos envolvidos:
1. Não negar a pátria.
2. Não cobiçar a mulher do próximo.
3. Não conspirar.
4. Não acusar em vão.
5. Fortalecer os caídos.
6. Orientar os mais novos.
7. Eliminar nossos inimigos.
8. Dizer a verdade mesmo que custe a vida.
9. Não caguetar.
10. Ser coletivo.
0S MandaMenTOS dO 
COMandO veRMeLhO
Ou seja, no lugar de se enfrentarem e se autodestruírem, os criminosos 
do PCC adotavam uma filosofia de união, autoproteção e aumento de 
lucros. Adotava-se, assim, a máxima: “o crime fortalece o crime”. 
Nessa perspectiva, os verdadeiros inimigos eram os policiais e os 
demais criminosos que não comungavam dos mesmos princípios.
Com o novo modelo de negócio e filosofia, o PCC passou a reunir 
recursos para chegar diretamente aos fornecedores de maconha e 
da pasta-base de cocaína, tornando-se um grande atacadista que 
distribuía drogas para varejistas de todos os estados brasileiros.
Não demoraria para essa rede dar origem a novas 
rivalidades e conflitos capazes de produzir um efeito em 
cascata. Os integrantes desse mundo perderam o status de 
bichos soltos. Agora a trajetória de cada um estava ligada às 
facções a que pertenciam.
(MANSO; DIAS, 2018, p. 10)
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 27
Em agosto de 2018, o PCC conseguiu enviar para Europa sua primeira 
carga de cocaína. Trata-se de um marco na trajetória logística da 
organização que demonstrou a capacidade de comprar cocaína na 
Bolívia e entregá-la diretamente ao comprador em outro continente. 
Tal feito era um objetivo da organização criminosa e foi concluído 
pelos criminosos Gegê e Paca. Essa operação era chamada pelo grupo 
de “princezinha” ou “tomate”.
Ressaltando a importância do feito para a mudança de padrão na cri-
minalidade brasileira, o Observatório Brasileiro de Informações Sobre 
Drogas (OBID, 2020) registrou a situação com as seguintes palavras:
É interessante deixar relacionado que esta foi a primeira 
atividade deste tipo feita com o nome da organização, mas 
vários membros individuais, já o faziam isso, sem passar sua 
expertise à organização, como: Luciano Geraldo Daniel, vulgo 
‘Tio Patinhas’, Valdeci Alves dos Santos, vulgo ‘Colorido’ [...]. 
Convém relacionar que apesar do PCC estar em brigas com 
organizações locais, percebe-se que este faz negócios com 
quem paga, não sendo possível afirmar que tem desavenças 
com outras organizações criminosas transnacionais.
O envolvimento e as parceriasdo PCC com organizações criminosas 
internacionais têm alçado a organização a ocupar lugar de destaque 
no cenário global. 
Como já vimos na Unidade 2, a InSight Crime posiciona 
o PCC no topo das organizações criminosas latino-
americanas. Ao seu turno, o pesquisador Ryan Berg, 
associado ao American Enterprise Institute, afirma que o 
PCC rapidamente tem se tornado o grupo criminoso mais 
bem estruturado da América do Sul. Sobre as conexões do 
PCC com organizações criminosas estrangeiras, vamos 
conhecer mais alguns trechos do relatório do Observatório 
Brasileiro de Informações Sobre Drogas (OBID, 2020) 
enviado pelo governo brasileiro à UNODC em 2020.
Associação do PCC com cartéis mexicanos
No dia 12 de agosto de 2019, foi preso em Arraial do Cabo 
(Rio de Janeiro) Décio Gouveia da Silva, conhecido como 
Decinho. No dia de sua prisão, os policiais encontraram em 
seu telefone indícios de que Decinho teria contato com 
o Cartel de Sinaloa. Através da prisão de Décio, policiais 
PodcAst TRaNScRiTO
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 28
paulistas chegaram no braço responsável pela logística de 
transporte de drogas. No ano de 2019, após ser preso, Décio 
expôs sua vontade de realizar uma delação premiada.
Em outro caso, no dia 28 de dezembro de 2017, um dos três 
líderes do Cartel foi preso na cidade de Fortaleza, no Ceará. 
A prisão de José Gonzalez Valencia, vulgo ‘Chepa’, aconteceu 
através de informações coletadas que diziam que um cartel 
mexicano estaria se associando ao PCC, para compra de 
drogas na Bolívia e transporte até a Inglaterra, a presença 
de uma das lideranças no Ceará do CJNG fez aumentar as 
suspeitas. O Ceará foi o local utilizado para escoamento 
internacional de drogas das quadrilhas lideradas por 
Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como ‘Fuminho’, 
e por Rogério Geremias de Simone, o ‘Gegê’, e Fabiano Alves 
dos Santos, o ‘Paca’, todos do PCC e responsáveis pelo envio 
da droga para a Inglaterra (OBID, 2020).
Conexão do PCC com ORCRIM italiana
Em 31 de julho de 2019, os italianos Nicola e Patrick Assisi, 
membros da Ndragueta, foram presos na cidade de Praia 
Grande, conhecida por ser um dos grandes berços do PCC 
no estado de São Paulo. Foram encontrados documentos 
que relacionavam ligações destes com o PCC. Rocco 
Morabito, também membro da Ndragueta, fora preso no 
Uruguai com passaportes falsos brasileiros, na época de 
sua prisão, foram apreendidos diversos materiais que 
permitiam afirmar que ele havia morado certo tempo no 
Brasil. Em 2019 Morabito fugiu da prisão no Uruguai com 
dois brasileiros e um argentino, a ‘Ndrangheta controla 
o porto de Gioia Tauro, um dos portos que mais recebe 
cocaína enviada pelo PCC para Europa.
Perceba que o envolvimento e as parcerias do PCC com organizações 
criminosas internacionais contribuem para a expansão dos crimes e 
isso tem chamado a atenção de autoridades governamentais e aca-
dêmicas no Brasil e no Exterior. 
Para manter sua expansão e as posições já conquistadas, o PCC precisa 
manter-se “abaixo do radar”, por meio da lavagem de dinheiro e da 
ocultação de recursos obtidos com o crime. Outra forma de tornar-se 
sustentável é por meio da corrupção de agentes públicos ou mesmo 
da infiltração nas estruturas do Estado. A má notícia é que isso parece 
que já está em curso e em um estágio avançado.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 29
Foto: © [motortion] / Adobe Stock.
Segundo promotores italianos que estudam a ligação do PCC com a 
máfia ‘Ndrangheta, aparentemente ainda não se registra no Brasil 
o mesmo cenário de penetração do crime na política que se verifica 
na Itália, sobretudo na região da Calábria. Entretanto, investigações 
da Polícia Federal já indicam indícios do financiamento do PCC em 
campanhas eleitorais no Brasil. Essas mesmas investigações, por meio 
de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, têm 
revelado que, em quatro anos, mais de 70 empresas lavaram R$ 32 
bilhões para o PCC. É justamente a sofisticação na lavagem de dinheiro 
que torna o PCC mais próximo do modelo de mafioide italiano.
O PCC tem superado etapas importantes rumo a uma estrutura mafioide 
semelhante àquela que tantas iniquidades trouxeram à sociedade 
italiana ao se tornar amalgamada com a estrutura do próprio Estado. 
É exemplo do fortalecimento da instituição o próprio uso da infraes-
trutura nacional (estradas, portos e aeroportos) para escoar a cocaína 
e a maconha vindas dos países vizinhos para centros consumidores 
no Brasil e ao redor do mundo. De igual forma, a ORCRIM também 
tem se fortalecido por meio de operações de lavagem de dinheiro e 
mistura de negócios ilícitos com negócios lícitos, a exemplo de outras 
organizações mafioides. Aqui, caminhamos para o terceiro estágio da 
relação do crime organizado com o Estado, naquilo que Juliet Berg 
(1998 apud DANTAS, 2002) denominou de “convivência tácita”. 
Vale relembrar o conceito de “convivência tácita”:
Nesse estágio, seria eleita pelo Estado a opção de tirar 
proveito das operações ilícitas, na medida em que 
beneficiassem a economia, a sociedade, ou mesmo os 
funcionários da Segurança Pública eles próprios.
 (DANTAS, 2002, não paginado)
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 30
2.2 O COMandO veRMeLhO (Cv)
O Comando Vermelho é a sexta organização criminosa constante da 
lista da plataforma InSight Crime. Na última unidade deste módulo, 
você terá a oportunidade de conhecer mais sobre essa organização. 
Apesar de sua popularidade no Brasil, negócios pelo mundo e de seu 
poder bélico nas favelas cariocas, o Comando Vermelho não ocupa 
o topo da classificação da InSight Crime por conta da ausência de 
um exército de natureza quase regular como ocorre com os cartéis 
mexicanos e com as forças paramilitares de guerrilha que operam na 
Colômbia (Ex-Farc Máfia e ELN). 
No livro “Comando Vermelho: a história secreta do crime organizado”, 
Amorim (1993) aponta que o Comando Vermelho teve sua origem 
na convivência entre presos políticos e presos comuns no Instituto 
Penal Cândido Mendes, conhecido como presídio da Ilha Grande, em 
Angra dos Reis, estado do Rio de Janeiro.
Muitos revolucionários políticos foram presos e encarcerados 
no presídio de Ilha Grande. Os ativistas revolucionários 
de esquerda agiam movidos por uma ideologia política, 
seguiam o pensamento de Che Guevara, adotando, os que 
eram mais rebeldes, a luta armada.
(MAIA, 2014, p. 7)
Acerca da transferência de conhecimentos dos revolucionários para 
os criminosos comuns, Maia (2014) segue afirmando que:
O intercâmbio cultural proporcionou aos bandidos comuns 
uma nova visão, uma maior conscientização do mundo que 
os cercava, absorveram as idéias daqueles e as aplicaram 
em suas atividades criminosas. Como conseqüência ocorre o 
surgimento de um tipo de crime mais elaborado, planejado 
com mais cuidado.
(MAIA, 2014, p. 8)
Ou seja, os criminosos na Ilha Grande encontraram nos ideais da luta ar-
mada socialista a autojustificação moral muito comum às organizações 
mafioides. E dentro deste estatuto moral inspirado nos movimentos de 
guerrilha marxista latino-americanos até mesmo a violência extrema 
e instrumental passou a ser justificada. Nesse sentido, vale sublinhar 
uma das frases célebres de um dos maiores ícones da esquerda mundial, 
e ainda mais influente à época, Ernesto Che Guevara (1967):
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 31
O ódio é o elemento central de nossa luta! O ódio é tão 
violento que impulsiona o ser humano além de suas 
limitações naturais, convertendo-o em uma máquina 
de matar com violência e a sangue frio. Nossos soldados 
têm que ser assim.
Ao verificarmos a ideologia que levou a guerrilha ao poder em Cuba, 
o foquismo, fica mais fácil entender por que a violência e o terror se 
tornaram os primeiros recursos da caixa de ferramentas dos grupos 
revolucionários inspirados no que ocorreu na ilha caribenha.
Assim, Amorim (1993) nos mostraque, quando não mais havia presos 
políticos em Ilha Grande, houve uma sangrenta disputa de poder entre 
as facções de bandidos comuns que permaneciam em condições sub-
-humanas no presídio. Dessa disputa, o Comando Vermelho, facção 
que mais tarde ganharia as páginas dos jornais e a tela dos cinemas, 
sagrou-se vencedor. 
A partir da tomada do presídio de Ilha Grande, a facção passou pau-
latinamente a ganhar força e influência dentro e fora da prisão. 
Para tanto, o Comando Vermelho contou com a tecnologia de ação 
da guerrilha no enfrentamento de seus adversários e, principalmente, 
para a tomada de territórios e a conquista de novos correligioná-
rios. De uma estratégia de sobrevivência na adversidade extrema no 
cárcere, agora o CV conquistava territórios, mentes e corações pelo 
lema gestado a partir da convivência com os membros foquistas da 
luta armada brasileira: “paz”, “justiça” e “liberdade”. Trata-se de 
uma mensagem tão sedutora que ainda hoje é acolhida pela mídia de 
massa e inclusive por seu principal adversário na atualidade, o PCC.
glossáRio
O foquismo se traduzia na estratégia 
de espalhar focos de guerrilha pelo 
mundo, provocando danos constantes 
e intensos (inclusive assassinatos) no 
imperialismo capitalista. 
Assim, desde suas origens, o Comando Vermelho preserva uma 
característica típica das organizações criminosas mafioides: 
a busca constante por se legitimar perante seus membros e aqueles 
que as cercam em suas respectivas bases territoriais. 
Sobre esse assunto, Amorim afirma que existem situações em que 
outras quadrilhas alugam ou emprestam homens e armas para ações 
do Comando Vermelho. Isso sob a condição de que não se atinja a po-
pulação do território em que o grupo está instalado ou os interesses 
da organização. Ou seja, tal qual ocorre com outras organizações 
criminosas de estética mafioide, está clara a tentativa de criação e 
manutenção de vínculos com o meio social em que a organização 
criminosa mafioide está inserida.
Atualmente, o Comando Vermelho também possui outros atributos 
típicos de organizações mafioides como a forte hierarquia e disciplina 
entre seus membros. Como destaca Amorim (1993): 
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 32
Por fim, convidamos-lhe a refletir sobre a trajetória e as caracterís-
ticas dessa organização, relembrando os elementos distintivos de 
uma organização mafioide.
Para os chefões do crime organizado, esse tipo de ação 
indiscriminada simplesmente não interessa. Porque não 
vale a pena ser preso e atrapalhar os negócios lucrativos 
da droga por qualquer besteira. As quadrilhas que servem 
ao Comando Vermelho punem com a morte qualquer 
desobediência. Dentro do grupo não se admitem ações 
individuais, salvo quando autorizadas pelos líderes.
Atributo Descrição
 1. Autojustificação moral Prática de crimes para evitar agressões “maiores” a uma 
comunidade que supostamente se quer proteger.
2. Organização em rede Permeabilidade das organizações criminosas ao longo de 
grandes territórios ou mesmo de todos eles (globalização ou 
translocalização do crime).
3. Severa organização hierárquica 
e disciplinar
O equivalente a chefes, conselheiros, capos, soldados, 
dependendo das denominações locais.
4. Existência de um capo famiglia Figuras máximas na estrutura de comando: “poderosos chefões” 
na alusão real e até mesmo ficcional a eles.
5. Mistura de negócios lícitos e ilícitos Uso de negócios legais (restaurantes, bares, transportadoras, 
etc.) para ocultar negócios ilegais. Crimes perpetrados em 
conexão com políticos, financistas, sindicalistas, doleiros, 
operadores do direito, etc.
6. Lavagem de dinheiro, evasão fiscal 
e semelhantes
Aquisição de bens de luxo, manutenção de negócios comuns (como 
pizzarias, comércios diversos, etc.). Articulação de fuga de capitais 
para organizações bancárias estrangeiras, evasão fiscal, etc.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 33
Atributo Descrição
7. Omertà “Códigos de Silêncio” frente a justiçamentos, chacinas; 
estatutos de crime; demonização da polícia, etc.
 8. Recurso à violência Ameaças, agressões, sequestros, homicídios (incluindo 
chacinas), justiça própria (morte ou punições).
9. Corrupção de agentes públicos Cooptação de agentes públicos ou infiltração de membros da 
organização na estrutura do Estado (inclusive pelo processo 
político eleitoral).
2.3 aLGUMaS diFeRenÇaS enTRe 
O PCC e O Cv
Como vimos anteriormente, o PCC possui gerenciamento de modelo 
empresarial, com estrutura piramidal, tal qual a estrutura hierárquica 
de outras organizações mafioides, contudo sem a figura patriarcal, por 
exemplo, do capo família (máfia italiana) ou do pai (máfia chinesa). 
Sua cúpula, apesar de presa, empenha-se em manter o comando da 
organização, coordenando ações criminosas de dentro dos presídios, 
valendo-se de advogados e familiares para disseminação de ordens.
CONSELHO DELiBERATiVO DiRETOR PRESiDENTE
R’S
FiNANCEiRO
CONDEPE
ViCE-PRESiDENTE
R6
R3
R18
R30 R32 R33 R35 R36 R37 R38 R41 RX RX RX RX
R19 R20 R21 R22 R23 R24 R25 R26 R27 R28 R29
R4 R5 R7 R8 R9 R10 R11 R12 R13 R14 R17
F1
DH
R1 R2
Ilustração representativa do Conselho e a Sintonia 
Final, órgão de decisão suprema do PCC. 
Fonte: Adaptado de Farah (2017).
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 34
Por sua vez, a hierarquia de comando no CV é dividida por territórios. 
Cada líder de território, preso ou não, é independente para orientar 
ações em suas áreas de domínio, podendo contar ainda com ajuda 
mútua entre faccionados para conquistar e manter territórios de 
vendas de drogas.
Como as demais gangues presidiárias latino-americanas, fora de seus 
Estados de origem, o PCC e o Comando Vermelho funcionam muito 
mais como franquias do crime do que como organizações com rígida 
unidade de comando.
O PCC e o CV permanecem rivais. Disputam as rotas e os 
mercados das drogas, bem como o domínio e o controle 
dos presídios em praticamente todo o território nacional. 
Ambos possuem vínculos internacionais, visto que as 
drogas ilícitas que circulam no país quase sempre têm 
origem nos países vizinhos (Paraguai, Bolívia, Colômbia e 
Peru). Atualmente, o PCC domina grande parte das rotas 
do tráfico internacional da cocaína, que tem a Europa e a 
África como principais mercados imediatos. De outro giro, 
as facções brasileiras contam com parcerias com os grupos 
criminosos latino-americanos para levar drogas para o 
mercado norte-americano.
Na tentativa de evitar que as organizações sejam 
comandadas de dentro dos presídios estaduais, 
autoridades brasileiras passaram a custodiar os principais 
líderes e outros membros de maior envergadura em 
estabelecimentos penais federais de segurança máxima. 
O líder do CV, Marcelo dos Santos Nepomuceno, conhecido 
como “Marcinho VP”, atualmente cumpre pena no presídio 
federal localizado no estado do Paraná. Marcos Willians 
Herbas Camacho, mais conhecido como “Marcola”, 
principal líder do PCC, cumpre pena no presídio federal 
localizado no Distrito Federal. Em 2020, as forças de 
segurança do Distrito Federal foram postas em alerta por 
conta de rumores de que Marcola estava por ser resgatado.
PodcAst TRaNScRiTO
2.4 aS MiLíCiaS
A conhecida linguista Squarisi (2013), editora do periódico Correio 
Braziliense, tece algumas considerações acerca do significado ou do 
que vem a ser a palavra milícia. Vale citar parte da matéria de sua 
autoria, datada de 12 de março de 2019:
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 35
Pensar nessa expressão atrai, portanto, ideias 
em associação com militares ou paramilitares 
de diferentes espécies, incluindo indivíduos 
egressos das Forças Armadas propriamente 
ditas, militares das forças de segurança pública 
dos entes federativos, chegando a alcançar até 
mesmo seus meros assemelhados, como é o 
caso de guardas penitenciários, guardas civis, 
MiLÍCiA
vigilantes e toda e qualquer outra categoriaque 
atueem algo tão genérico como “militância” 
(conforme constante da citação acima). 
Milicianos e traficantes, no contexto das organi-
zações criminosas, parecem entidades siamesas 
– mais dia, menos dia, estão lado a lado no 
mundo do crime, por mais antagônicos que 
sejam entre si. 
“Origem – Milícia vem do latim militias. Pertence à família de miliciano, milico, militança.”
Segurança Pública Terça-feira, 12 de Março, 2019
Após uma primeira delimitação cognitiva remontando ao sentido 
etimológico da expressão milícia, vale situá-la também no tempo 
e no espaço, o que remete o fenômeno ao estado do Rio de Janeiro 
nas décadas mais recentes. A razão da citação às milícias em um 
curso sobre drogas está no fato de elas existirem no mesmo tempo 
e espaço de outras organizações criminosas associadas especifica-
mente ao narcotráfico.
Num tempo de acentuada polaridade político-ideológica, 
também vale destacar que as milícias estão associadas, por 
alguns, ao conservadorismo (“direita”), enquanto aquelas 
outras organizações criminosas – as do narcotráfico – estão 
associadas, por outros, a um garantismo jurídico reformista 
ou revolucionário (“esquerda”). 
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 36
Conforme já estudado neste mesmo módulo, organizações revolu-
cionárias de esquerda como o ELN e as FARC possuem associação 
notória com o narcotráfico continental. No polo oposto, ainda no 
exemplo latino-americano, estão organizações direitistas como as 
Autodefesas Unidas da Colômbia e o Los Zetas do México. Por último, 
importante citar que as milícias também estão associadas ao que 
possa existir de um “poder paralelo” nos locais de sua presença. 
Parte desse fenômeno, o poder político do estado do Rio de Janeiro 
não poderia deixar de estar envolvido no imaginário daqueles que 
tratam ou já trataram acadêmica e/ou midiaticamente do tema das 
milícias. Disso decorre a seguinte citação de Brancoli e Vasquez 
(2016) nas eleições locais do Rio de Janeiro em 2012:
Nesse contexto, à medida que as disputas iam sendo 
centralizadas nos candidatos mais bem colocados nas 
enquetes, Luiz Carlos Pezão (PMDB) e Marcelo Crivela 
(PRB), as conversas começaram a ficar galvanizadas a 
respeito dos mecanismos de governança dos supostos 
contendores. Na narrativa mainstream, a primeira teria 
o apoio, ao longo de outros segmentos, das “milícias”, 
organizações paraestatais que usam a extorsão de algumas 
comunidades para obter o controle de bairros inteiros.
(BRANCOLI; VASQUEZ, 2016, p. 112, 
tradução nossa, grifo nosso)
Já o professor Arias (2013), da renomada Faculdade de Justiça Cri-
minal John Jay da Universidade de Nova Iorque, amplia e generaliza 
a visão sobre as organizações criminosas da América Latina inteira, 
incluídas as milícias, mas com um “olhar” específico. 
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 37
Arias elabora academicamente sobre o potencial disruptivo de tais 
organizações sobre o Estado Democrático de Direito, e para tanto 
aponta vínculo entre membros do crime organizado e prepostos 
do estado no Rio de Janeiro (somando, de maneira genérica, ainda 
mais aos argumentos de Brancoli e Vasquez).
Na tradução livre do texto correspondente de Arias: “Os impactos 
da dominação armada diferencial da política no Rio de Janeiro, 
Brasil”, podemos evidenciar o seguinte trecho que elucida melhor a 
questão do colapso gerado pelas organizações criminosas no Estado 
Democrático de Direito.
glossáRio
No Estado Democrático de Direito, as 
leis são criadas pelo povo e para o povo, 
respeitando-se a dignidade da pessoa 
humana.
Prepostos são agentes do Estado, como 
funcionários públicos e políticos.
Em todas as Américas, do norte do México aos vales 
montanhosos da Colômbia e às favelas do Brasil, 
a escalada da violência armada e o crescente poder das 
organizações criminosas gerou uma enorme preocupação 
pública sobre o colapso do Estado Democrático de Direito. 
Enquanto alguns formuladores de políticas e jornalistas 
escrevem sobre a falha do Estado e o surgimento de 
espaços sem governo, as evidências apresentadas neste 
artigo mostram que, longe de uma falta de governança 
ou falha do Estado, as organizações criminosas 
frequentemente colaboram com uma variedade de atores 
do Estado para criar sistemas variados de ordem localizada 
que perpetuam o poder do crime e minam a maioria dos 
esforços políticos para controlar o crime e a violência. 
Em contraste com a dependência de estudos anteriores em 
estudos de casos únicos para analisar os esforços de atores 
armados para construir ordens localizadas, este artigo 
oferece uma análise comparativa sistemática de uma 
rede de proteção conectada à polícia e a uma gangue de 
traficantes operando em dois bairros do Rio de Janeiro sob 
condições políticas semelhantes. A análise das evidências 
mostra variação nas estruturas organizacionais dos atores 
armados e, em particular, como sua proximidade com 
funcionários do Estado apresenta consequências variadas 
para o desenvolvimento local, incluindo a dinâmica da 
política e formulação de políticas, vida associativa e 
violência e segurança. 
(ARIAS, 2013)
Ainda que as referências ao crime organizado, especificamente 
milícias, enfatizem seus trabalhos atuais, e, de maneira geral, 
no espaço geográfico que corresponde ao Rio de Janeiro, tal unidade 
federativa certamente não deve ser tomada como um caso isolado do 
fenômeno. Mesmo que o estado do Rio de Janeiro seja paradigmático 
na origem de fenômenos como o “jogo do bicho”, “comandos” (caso 
do PCC e CV), tráfico de drogas e, mais atualmente, milícias, ele é 
muito mais um “show room” desses fenômenos do que um lócus 
exclusivo da incidência deles.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 38
Foto: Adaptado de © [pabloprat] / Adobe Stock.
As milícias estão, sim, mais ou menos distribuídas pelo país inteiro. 
Misse (2011) trata desse mesmo tema em seu trabalho “Crime orga-
nizado e crime comum no Rio de Janeiro: diferenças e afinidades”, 
cujo resumo aponta que:
O artigo trata das relações entre ‘crime organizado’ e 
‘crime comum’ no Rio de Janeiro. Seu objetivo é definir 
as condições para responder a questões como o quanto 
o crime organizado explica as lógicas do crime comum 
ou se estamos subestimando ou superestimando essa 
relação entre um e outro. A análise foca três atividades 
criminais violentas organizadas: (i) o ‘jogo do bicho’; (ii) 
os ‘comandos’ que controlam e disputam territórios de 
venda a varejo de drogas e outras mercadorias ilícitas; (iii) 
as “milícias”, que disputam com os “comandos” o controle 
desses territórios, com vistas a impor a venda de proteção 
aos seus moradores. Concluímos defendendo que o modelo 
das milícias, como também ocorreu com o jogo do bicho e 
com o tráfico de drogas, todos surgidos no Rio de Janeiro, 
vem sendo adotado em cidades de outros estados brasileiros, 
nacionalizando formas de organizações criminosas que têm 
no recurso à violência uma de suas principais características. 
A dinâmica de funcionamento dessas organizações depende, 
primordialmente, de sua constituição como mercados 
ilegais, em que cada mercadoria explorada – jogo, drogas, 
armas e proteção – possuem diferentes propriedades como 
capital. A dinâmica social, a atuação e a violência associados 
a cada uma dessas atividades, por sua vez, estão ligados a 
essas propriedades.
(MISSE, 2011, p. 13)
Dessa forma, podemos entender que a milícia carioca está para o 
território brasileiro como um dia esteve a máfia italiana para o ter-
ritório norte-americano. Em outras palavras, no lugar de um ente 
onipresente e extratemporal, trata-se muito mais de um modelo 
(lembre-se do que foi aprendido sobre “padrões”) que extrapola o 
território de origem, adaptando-se aos mais variados ambientes nos 
quais venha a se fixar. 
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 39
É justamente com esse olhar que o convidamos agora a refletir sobre 
as premissasabaixo, extraídas de um trabalho de Hidalgo e Lessing 
(2014), sobre as milícias do Rio de Janeiro:
A fraqueza do Estado pode ser autorreforçada, encorajando 
grupos rebeldes ou criminosos a desafiar diretamente o 
poder do Estado, gerando conflitos frontais que podem 
enfraquecer ainda mais o Estado.
Com os paramilitares – grupos não revolucionários 
pró-governo, muitas vezes com laços informais com as 
forças do Estado –, o enfraquecimento do Estado ocorre 
menos por meio de conflito aberto do que por canais mais 
indiretos, incluindo a política eleitoral.
Um exemplo disso está nos grupos milicianos ligados à 
polícia do Rio de Janeiro. Antes exclusivos para algumas 
favelas, onde enfrentavam as poderosas organizações do 
tráfico da cidade, as milícias proliferaram rapidamente entre 
2003 e 2007 para controlar cerca de 170 comunidades. 
A eleição de líderes da milícia e candidatos simpatizantes 
da polícia em 2006 levou à especulação de que a coerção 
armada por milícias havia efetivamente transformado 
comunidades dominadas em redutos eleitorais. 
A expansão da milícia no Rio de Janeiro acompanhou o 
aumento drástico da proporção de votos dos candidatos 
que adotavam o discurso de simpatia para com a polícia.
Por fim, as milícias usaram o poder político para enfraquecer 
os esforços do Estado para restringir suas atividades.
Perceba que são premissas que podem ser extrapoladas para as demais 
organizações criminosas estudadas até o momento, principalmente 
na perspectiva dos riscos que essas organizações criminosas repre-
sentam para o Estado Democrático de Direito e para tudo o que ele 
significa para a paz e a segurança de um país.
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 40
2.5 OUTRaS ORGaniZaÇÕeS 
CRiMinOSaS de ORiGeM BRaSiLeiRa
Além das citadas organizações criminosas, a Família do Norte (FDN), 
radicada no estado do Amazonas, teve, por breve período, destaque 
no cenário nacional. A FDN adquire drogas, principalmente a cocaína 
e a maconha do tipo skank, na Tríplice Fronteira formada por Brasil, 
Colômbia e Peru. 
Na tentativa de se estabelecer, a FDN se aliou inicialmente com o 
Comando Vermelho e, posteriormente, com o Primeiro Comando da 
Capital. Atualmente, disputa, sem sucesso, com o CV o controle da dis-
tribuição de drogas em Manaus. Na tentativa de se posicionar de forma 
autônoma na região Norte do Brasil, a FDN se envolveu nos massacres 
que marcaram o primeiro semestre de 2019, logo após a posse do atual 
governo federal e dos governadores dos estados da região.
Leia a matéria sobre o massacre que marcou 2019 em 
Manaus intitulada “Massacre em presídios deixa 
dezenas de mortos em Manaus (AM)”, disponível em: 
https://veja.abril.com.br/galeria-fotos/fotos-massacre-
em-presidios-deixa-dezenas-de-mortos-em-manaus-
am-27-05-2019/..
SaiBa MaiS
Em relação à trajetória da Família do Norte, podemos destacar que se 
iniciou em 2007 em atividades organizada por facções. E, desde então, 
vem se tornando uma das maiores facções do país (OBID, 2020).
Breve nota sobre a trajetória da Família do Norte (FDN):
Inicialmente a Família do Norte dominava as negociações 
na tríplice fronteira (Brasil, Peru e Colômbia) e as rotas do 
transporte do entorpecente. Ocorre que líderes da Família 
do Norte foram presos e um deles, no interior do presídio, 
teve contato com membros do Comando Vermelho. 
Nesse contato, o Comando Vermelho passou a conhecer as 
rotas e as vantagens do preço do entorpecente negociado 
na tríplice fronteira. Com isso, de forma estratégica, 
o Comando Vermelho passou a enviar seus membros para 
o estado do Amazonas e a cadastrar ex-integrantes da 
Família do Norte, oferecendo vantagens e fornecendo 
PodcAst TRaNScRiTO
https://veja.abril.com.br/galeria-fotos/fotos-massacre-em-presidios-deixa-dezenas-de-mortos-em-manaus-am-27-05-2019/
https://veja.abril.com.br/galeria-fotos/fotos-massacre-em-presidios-deixa-dezenas-de-mortos-em-manaus-am-27-05-2019/
https://veja.abril.com.br/galeria-fotos/fotos-massacre-em-presidios-deixa-dezenas-de-mortos-em-manaus-am-27-05-2019/
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 41
equipamentos para tentar ingressar no mercado vantajoso 
da Tríplice Fronteira Amazônica.
No passado, o Primeiro Comando da Capital também tentou 
realizar a mesma manobra, enviando seus membros para o 
Estado do Amazonas e tentando recrutar outros membros 
da Família do Norte, porém sem êxito. Atualmente, três 
facções criminosas mais conhecidas disputam a liderança 
pelas negociações do entorpecente na tríplice fronteira 
amazônica, a FDN – que ganhou o apoio do PCP (Primeiro 
Comando Puro) – na batalha contra o Comando Vermelho, 
e toda essa disputa tem sido marcada pelo derramamento 
de muito sangue dentro e fora dos presídios.
Também existem outras organizações criminosas menores que atuam 
no varejo local de drogas. A maioria, a depender do contexto, busca 
alianças pontuais com o PCC ou com o CV para obtenção de drogas 
destinadas à comercialização, bem como de armas para defesa de seus 
territórios. Entre essas alianças destacam-se:
ROAC
DF
RNCE
Guardiões do Estado (GDE), 
no estado do Ceará
Sindicato do Crime (SDC), 
no Rio Grande do Norte, 
se aliou ao CV
Bonde dos 13, 
no estado do Acre
Comboio do Cão, 
no Distrito Federal
Comando do Panda, 
em Rondônia
Curso FRoNt
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL 42
Vamos relembrar os pontos principais desta unidade? Veja uma 
síntese dos marcos mais importantes relacionados às facções 
criminosas brasileiras.
Surge o primeiro modelo varejista, o Comando 
Vermelho (CV), no Presídio de Ilha Grande/RJ.
O empresário e líder do CV, Fernandinho
Beira-Mar, é preso e surgem as articulações
dentro dos presídios por meio de telefone celular.
O Brasil se tornou o maior mercado consumidor
legal de drogas do mundo.
Surge a Família do Norte (FND), uma das 
maiores facções do Brasil.
O PCC envia sua primeira carga de cocaína 
para a Europa.
O PCC e o CV estão entre os 10 maiores grupos
criminosos da América Latina (InSight Crime).
Acontece o “Massacre do Carandiru” e surge o
Primeiro Comando da Capital (PCC).
1970
1992
2002
2006
2007
2008
2019
Assim, chegamos ao fim de mais uma jornada de aprendizado. 
43
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