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HEMATOFÉRIAS MEGACARIOCITOPOESE/TROMBOCITOPOESE - “Megacariocitopoese” se refere à proliferação, diferenciação e maturação dos megacariócitos, os precursores das plaquetas/trombócitos, a partir da célula progenitora da medula óssea. Esse processo ocorre em tecidos hematopoiéticos, sobretudo na medula óssea. - A “Trombocitopoese/Trombopoese” é o processo de formação de plaquetas a partir de megacariócitos maduros e sua liberação à circulação sanguínea, sendo mediada, principalmente, pela trombopoetina, a qual sozinha, é a citocina responsável pelas modificações que ocorrem no citoplasma do megacariócito maduro, permitindo a liberação das plaquetas. PRINCIPIOS DA HEMATOPOESE - Nas 1ªs semanas de gestação, o saco vitelino é um local transitório de hematopoese. Porém, a hematopoese definitiva deriva de uma população de células-tronco observadas na região AGM (Aorta- gônadas-mesonefro). Esses precursores comuns às células endoteliais e hematopoiéticas (hemangioblastos) se agrupam no fígado, baço e medula óssea. O fígado e o baço se tornam os principais órgãos hematopoiéticos durante a 6ª semana até o 6º/7º mês de vida fetal; e continuam a produzir células até cerca de 2 semanas após o nascimento. - A medula óssea se torna o principal sítio de hematopoese a partir do 6º/7º mês de vida fetal; e durante a infância e vida adulta, torna-se a única fonte de células sanguíneas. A medula óssea é 100% hematopoiética até os 2 anos de vida, porém, ao longo da vida, há substituição progressiva da medula dos ossos longos por tecido adiposo, de modo que, no adulto, a medula óssea hematopoiética é confinada ao esqueleto axial/central e às extremidades proximais do fêmur e úmero. Desse modo, dividem-se em: medula óssea vermelha (hematopoiética) e medula óssea amarela (gordura). Em algumas condições patológicas, a medula óssea amarela é capaz de reverter à medula óssea vermelha. Além disso, diante do estresse, o fígado e o baço podem retomar o papel hematopoiético fetal (hematopoese extramedular). CÉLULAS TRONCO E CÉLULAS PROGENITORAS HEMATOPOIETICAS - A hematopoese se inicia com uma célula-tronco pluripotente, ou seja, não origina células de tecidos extraembrionários, apenas células dos folhetos embrionários (ectoderma, endoderma e mesoderma) de distintas linhagens celulares e pode se autorrenovar. Essas células são capazes de repovoar uma medula cujas células-tronco tenham sido eliminadas por irradiação ou quimioterapia letais. As células-tronco hematopoiéticas são escassas e ocorrem em cerca de uma em 20 milhões de células nucleadas da medula óssea. Vale ressaltar que todas as células-tronco pluripotentes (indiferenciadas) se originam no saco vitelino (embrião). A diferenciação das células-tronco passa por uma etapa de progenitores hematopoiéticos comprometidos, ou seja, com potencial de desenvolvimento restrito. Células progenitoras precoces são cultivadas no estroma da medula óssea, a exemplo do 1º precursor mieloide misto (indiferenciado), denominado Unidade Formadora de Colônias (CFU/UFC) que origina granulócitos, eritrócitos, monócitos e megacariócitos (GEMM). Além disso, temos a célula indiferenciada linfoide, que origina a linhagem linfocitária T e B. A célula tronco é capaz de se autorrenovar, de modo que a celularidade da medula óssea, em condições estáveis de saúde, permanece constante. Com o envelhecimento, seu número diminui e a proporção da produção de células mieloides também decresce. As células precursoras, contudo, são capazes de responder a fatores de crescimento hematopoético com aumento de produção seletiva de uma ou outra linhagem celular de acordo com as necessidades. ESTROMA DA MEDULA ÓSSEA - A medula óssea é um ambiente adequado para a sobrevida, autorrenovação e formação de células progenitoras diferenciadas. Esse meio é composto por células estromais (células-tronco mesenquimais, adipócitos, fibroblastos, osteoblastos, células endoteliais e macrófagos) e uma rede microvascular. As células do estroma secretam moléculas extracelulares, como colágeno, glicoproteínas (fibronectina e trombospodiona) e glicosaminoglicanos (ácido hialurônico e derivados condroitínicos), formando a matriz extracelular. Além disso, secretam fatores de crescimento necessários à sobrevida da célulatronco. As células-tronco mesenquimais são críticas na formação do estroma, pois, juntamente com os osteoblastos, formam nichos e secretam fatores de crescimento, moléculas de adesão e citocinas que dão suporte às células-tronco. As CTHs localizam-se em 2 nichos distintos na medula óssea: o endotelial e o vascular, os quais, são complexos e abrangem uma ampla variedade de células perivasculares estromais, células imunes e outras que têm diferentes funções na regulação das CTHs. O nicho endotelial está localizado na superfície da cavidade da medula óssea que é Arthur Rodrigues | @arthurnamedicina | Problema 01 composta pelo osso cortical e trabecular. O nicho vascular/sinusoidal é composto por vasos sinusoides de paredes finas, revestidos por uma camada única de endotélio, e servem como meio de comunicação entre a cavidade óssea e a circulação. - As células-tronco são capazes de circular no organismo. Para deixar a medula óssea, atravessam o endotélio vascular – processo este, aumentado por fatores de crescimento, como fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF). O processo reverso (homing “de volta ao lar”), depende de um gradiente quimiocinético, no qual o fator derivado do estroma (SDF-1) tem papel crítico, ligando-se ao receptor CXCR4 em células-tronco hematopoiéticas. A hematopoese começa com mitoses das células-tronco; em cada divisão, uma célula-filha repõe a célula-tronco (autorrenovação) e a outra se compromete com a diferenciação. MEGACARIOCITOPOESE/TROMBOCITOPOESE - As plaquetas derivam da célula- tronco medular, também chamada célula primordial, célula pluripotencial ou célula-tronco hematopoiética (CTH), após estímulo específico, principalmente pela IL-3. A célula-tronco diferencia-se em uma célula progenitora mieloide comum, denominada unidade formadora explosiva megacariocítica (BFU-Meg) e, posteriormente, em Unidade Formadora de Colônia Megacariocítica (CFUMeg). A CFU-Meg origina o megacarioblasto, o 1º precursor plaquetário reconhecível na medula óssea 1. O megacarioblasto é a última célula da linhagem megacariocítica que sofre mitose, contendo um citoplasma levemente basófilo, com núcleo redondo bilobulado e com múltiplos nucléolos. Posteriormente, ocorre formação do pré-megacariócito, uma célula maior, com 2 a 4 núcleos, raramente visualizada na medula óssea 2. O megacariócito, então, amadurece por um processo chamado endomitose/ replicação endomitótica sincrônica (replicação do DNA sem divisão nuclear e citoplasmática). Devido a esse processo, o citoplasma e o núcleo ficam gigantes, e o último chega a um poliploidismo de até 64N *Nas formas mais precoces, são vistas invaginações de membrana plasmática, chamadas de membrana de demarcação que evoluem com o desenvolvimento do megacariócito, constituindo uma rede altamente ramificada. Em um estágio variável do desenvolvimento (estágio de 8 lobos nucleares), o citoplasma torna-se granular. Ao amplificar o genoma, grandes quantidades de DNA se acumulam, iniciando uma fase de intensa síntese proteica, o que deixa o citoplasma repleto de grânulos destinados às plaquetas. O megacariócito emite prolongamentos digitiformes onde os grânulos serão “empacotados”, seguindo-se o desprendimento de pequenos discos plaquetários à circulação sanguínea. 3. As plaquetas/trombócitos são produzidas através da fragmentação de pseudópodos da membrana citoplasmática de megacariócitos na medula óssea. As plaquetas desprendem-sedos megacariócitos maduros diretamente no sangue por fragmentação citoplasmática ou pela constrição periódica de pseudópodos citoplasmáticos megacariocíticos *A trombopoese ocorre na medula óssea e em outros locais de hematopoese (ex: no baço). Também pode ocorrer nos pulmões, onde alguns megacariócitos maduros residem após deixar a medula óssea. FATORES E CITOCINAS ENVOLVIDAS TROMBOPOETINA (TPO) - É o principal fator de crescimento que regula a produção de plaquetas, sendo produzido, principalmente pelo fígado (95%), e em menor grau, pelos rins. Seus níveis plasmáticos dependem da remoção de sua ligação com receptores cMPL (receptor celular de trombopoetina) presente em megacariócitos, plaquetas e células CD34+ da medula óssea. Ao se ligar com esse receptor, a TPO aumenta o número e o ritmo de diferenciação dos megacariócitos. Ela promove: a. Formação de grânulos específicos das plaquetas b. Desenvolvimento das membranas de demarcação do megacariócito c. Expressão de proteínas específicas na membrana plaquetária, como as GP IIb/ IIIa e GP Ib/IX/V, que atuam como receptores, respectivamente, do fibrinogênio e do fator de Von Willebrand . d. Formação das plaquetas a partir do citoplasma dos megacariócitos -As plaquetas também tem receptores para c-MPL para trombopoetina e removem-na da circulação. Por esse motivo, o nível de TPO mostra-se elevado quando há trombocitopenia por falta de produção de plaquetas (aplasia), mas diminuído em pacientes com trombocitose. À medida que as plaquetas envelhecem, perdem ácido siálico. Isso expõe resíduos de galactose que se acoplam ao receptor de Ashwell-Morell no fígado, o que aumenta a síntese de nova trombopoetina. Embora não haja trombopoetina disponível para uso clínico, diversos agentes trombomiméticos (agonistas do receptor de trombopoetina) são utilizados clinicamente para aumentar a contagem de plaquetas. Ex: Romiplostim e Revolade. CITOCINAS - Citocinas não conseguem esses efeitos na maturação do megacariócito, caso a TPO esteja deficiente. Atua sinergicamente com a Trombopoetina, no desenvolvimento do megacariócito, citocinas como a IL-3, IL-6, IL-11 e o fator inibidor da leucemia (LIF). - IL-3: É sintetizada por linfócitos T, natural-killer, células mieloides e macrófagos. De modo geral, estimula a hematopoese como um todo. No caso da megacariocitopoese, atua nos estágios mais precoces e quase não influencia nos estágios mais tardios; em contraste, a TPO atua desde o início da maturação, tendo sua atividade amplificada conforme as linhagens mais maduras de megacariócitos se desenvolvem. - IL-6: produzida por linfócitos T, atua sinergicamente com a IL-3 e a trombopoetina durante todo o processo - IL-11: produzida por células do estroma medular, fibroblastos pulmonares e trofoblastos. Age sinergicamente com a IL-3 e TPO durante todo o processo, estimulando a megacariocitopoese. - Fator inibitório da Leucemia (LIF): é uma glicoproteína pertencente à família da IL-6 que estimula o crescimento da CFU-Meg por ação da IL-3, o que leva a um aumento na quantidade de precursores megacariocíticos e consequentemente na quantidade de plaquetas circulantes. DEGRADAÇÃO PLAQUETÁRIA - O baço é responsável pela captação e destruição das plaquetas. - O baço também interfere diretamente no número de plaquetas circulantes: *Esplenectomia: a remoção cirúrgica do baço, ou de parte dele, causa aumento do número de plaquetas circulantes *Esplenomegalia: o aumento do baço pode causar o sequestro excessivo de plaquetas, levando à diminuição do número de plaquetas na circulação PLAQUETAS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS - Possuem formato discoide, com a superfície pontuada por diversas invaginações da membrana plasmática que originam o sistema canalicular aberto, uma extensa rede tubular mergulhada no citoplasma, cujo interior se comunica com o meio externo. - Suas funções são: (1) servir de “cano de escape” para a exocitose dos grânulos intracelulares; (2) constituir uma reserva interna de membranas, que serão “regurgitadas” quando a plaqueta se ativar; (3) armazenar receptores de agregação plaquetária (inseridos nas membranas internas), o que aumentará o poder adesivo da plaqueta “ativada”. ZONA PERIFÉRICA: Consiste na membrana celular coberta por um revestimento superficial espesso de glicocálice, o qual consiste em glicoproteínas, glicosaminoglicanos e vários fatores da coagulação adsorvidos do plasma. As glicoproteínas integrais da membrana atuam como receptores na função plaquetária. ZONA ESTRUTURAL: Localizada próximo da periferia, compreende os microtúbulos, os filamentos de actina, de miosina e proteínas ligantes da actina, que juntos formam uma rede de sustentação da membrana plasmática. A banda marginal, contendo 8 a 24 microtúbulos espiralados, localiza-se como um feixe logo abaixo da rede de filamentos de actina. Essas múltiplas espirais microtubulares exibem um arranjo circunferencial e são responsáveis pela manutenção do formato discoide da plaqueta. ZONA DAS ORGANELAS: Ocupa o centro da plaqueta Consiste em mitocôndrias, peroxissomos, partículas de glicogênio e pelo menos 3 tipos de grânulos dispersos no citoplasma. - ALFA: São os mais numerosos. Contêm principalmente fibrinogênio, fatores da coagulação, plasminogênio, inibidor do ativador do plasminogênio e fator de crescimento derivado das plaquetas. O seu conteúdo desempenha importante papel na fase inicial de reparo dos vasos, na coagulação sanguínea e na agregação plaquetária. - DELTA: São menores, mais densos e menos numerosos. Contêm difosfato de adenosina (ADP), trifosfato de adenosina (ATP), serotonina e histamina, que facilitam a adesão das plaquetas e a vasoconstrição na área do vaso lesado - LÂMBIDA: Assemelham-se aos lisossomos encontrados em outras células, e contêm várias enzimas hidrolíticas - Seu conteúdo atua na reabsorção do coágulo durante os estágios mais avançados de reparação dos vasos; ZONA DA MEMBRANA: Consiste em 2 tipos de canais de membrana: o Sistema Canalicular Aberto e o Sistema Tubular Denso. - Sistema Canalicular Aberto: É o 1º tipo de canal de membrana. É um remanescente de desenvolvimento dos canais de demarcação das plaquetas e, simplesmente, constitui uma membrana que não participou na subdivisão do citoplasma do megacariócito. Com efeito, são invaginações da membrana plasmática dentro do citoplasma. - Sistema tubular denso: É o 2º tipo de canal. Contém um material elétron-denso que se origina do RER do megacariócito, que serve de local de armazenamento para íons cálcio. Os seus canais não se conectam com a superfície da plaqueta; porém, tanto o sistema canalicular aberto quanto o sistema tubular denso fundem-se em várias áreas da plaqueta para formar complexos de membrana que são importantes na regulação da concentração intraplaquetária de cálcio. HEMOSTASIA - É o processo fisiológico que envolve uma série de fenômenos biológicos encarregado de manter o sangue em estado fluido dentro dos vasos sanguíneos, sem que haja hemorragia (ou seja, parar o sagramento), ou trombose (obstrução do fluxo sanguíneo). O mecanismo hemostático inclui 3 processos: Hemostasia Primária, Coagulação (Hemostasia Secundária) e Fibrinólise. Dessa forma, a hemostasia normal depende das interações complexas de seus principais componentes: plaquetas, fatores de coagulação, fatores fibrinolíticos e vasos sanguíneos. - Ocorrem, ao longo do dia, pequenos traumatismos com a rotura de capilares na pele e mucosas, e graças à eficácia do sistema hemostático, não os percebemos. Quando este deixa de funcionar, surgem lesões. Grandes traumas, como acidentes e cirurgias, poderiam causar hemorragia fatal caso não houvesse uma reserva hemostática disponível.A hemostasia, didaticamente, divide-se em 2 etapas que ocorrem ao mesmo tempo no organismo: 1. Hemostasia Primária, que estanca o sangramento pela formação do trombo ou tampão plaquetário; 2. Hemostasia Secundária, que evita o ressangramento, pela formação de uma rede adesiva de fibrina que consolida o trombo, este que passa a se chamar coágulo. Para que isso ocorra sem a formação de trombos, que ocluiriam a luz do vaso sanguíneo e provocariam isquemia, é necessário um delicado equilíbrio entre estímulo pró-coagulante, anticoagulantes e fibrinolíticos. A própria cascata de coagulação ativa os sistemas anticoagulante e fibrinolítico, limitando a extensão do coágulo apenas à região de injúria. Tal função é centralizada pela célula endotelial, cuja participação no processo hemostático tem sido cada vez mais compreendida. ALTERAÇÕES LOCAIS -Imediatamente após a lesão vascular, o trauma da própria parede vascular provoca contração da musculatura lisa (vasoconstrição arteriolar transitória), mecanismo que reduz o fluxo sanguíneo ao local de lesão. Porém, esse efeito é fugaz, e o sangramento rapidamente retornaria se não fosse a ativação de plaquetas e dos fatores de coagulação -A vasoconstrição resulta de mecanismos neurogênicos reflexos, como: 1. Espasmo Miogênico Local, por ativação do mecanismo de reflexo miogênico 2. Fatores Autacoides locais liberados pelos tecidos traumatizados e pelas plaquetas. A exemplo disto, temos a endotelina, um potente vasoconstritor derivado do endotélio; 3. Reflexos Nervosos desencadeados - Os reflexos nervosos são ativados por impulsos nervosos dolorosos ou por impulsos sensoriais, originados no vaso traumatizado ou nos tecidos vizinhos. Porém, o maior grau de vasoconstrição resulta, provavelmente, da contração miogênica local dos vasos sanguíneos rompidos, iniciada pela lesão direta da parede vascular. - Além disso, para os vasos menores, as plaquetas são responsáveis por grande parte da vasoconstrição através da liberação de um potente vasoconstritor e agregador plaquetário, o tromboxano A2. PAPEL DO ENDOTÉLIO - As células endoteliais são as reguladoras chave da hemostasia, pois medeiam o equilíbrio entre a atividade anti e pró-trombótica. Desse modo, o endotélio determina se ocorrerá formação, propagação ou dissolução do trombo. As células endoteliais expressam uma variedade de fatores anticoagulantes que inibem a agregação plaquetária e a coagulação; e promovem a fibrinólise. Porém, se esse equilíbrio se altera, o endotélio adquire atividade pró-coagulante. Além do trauma, o endotélio pode ser ativado por patógenos microbianos, forças hemodinâmicas e uma série de mediadores pró-inflamatórios. PROPRIEDADES ANTITROMBÓTICAS DO ENDOTÉLIO (EFEITOS INIBITÓRIOS SOBRE AS PLAQUETAS) - Prostacicliona (PIG2): É o principal produto derivado do ácido araquidônico na célula endotelial. Atua como um potente vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária. Em condições normais são liberadas quantidades mínimas de PGI2. Sua produção é estimulada pela trombina. Ao inibir a agregação plaquetária e exercer o efeito vasodilatador, diminui-se a possibilidade de formação de trombos, sobretudo, nos vasos capilares. - Mecanismo de ação: a PGI2 inibe a atividade do fator plaquetário 3 (FP3) e bloqueia o aparecimento dos receptores de membrana plaquetária ao fibrinogênio e fator de von Willebrand. OBS: As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) inibem a produção de PGI2, enquanto que a de alta densidade (HDL), aumenta a produção. Sua produção é estimulada pela trombina. Por isso a tendência a trombos nos indivíduos com alto teor de LDL. - NO: -As plaquetas em repouso não aderem ao endotélio normal; mesmo com plaquetas ativadas, o óxido nítrico produzido pelo endotélio impedem sua adesão - É um potente vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária - Sua síntese pelas células endoteliais é estimulada por uma série de fatores (como trombina, citocinas) produzidos durante a coagulação. EFEITOS INIBITÓRIOS SOBRE OS FATORES DE COAGULAÇÃO - Essas ações são mediadas por fatores expressos nas superfícies endoteliais, particularmente as moléculas do tipo heparina, trombomodulina e inibidor da via de fator teciduaL. - Heparina: As moléculas do tipo heparina agem indiretamente. São cofatores que aumentam muito a inativação da trombina (e de outros fatores de coagulação) por meio da proteína plasmática antitrobina III - Esta ligação heparina-antitrombina III facilita a reação entre trombina e antitrombina, com formação de um complexo que entra na circulação sendo depois destruído pelo fígado - Quando a trombina é inibida previne-se a formação de coágulos. A vantagem da inibição após sua atividade no local da lesão é de prevenir e inibir a formação de tampões hemostáticos em outras áreas fora da lesão - A antitrombina III é a maior inibidora dos fatores de coagulação incluindo trombina, fator IXa e Xa. Em adição a propriedade anticoagulante, também possui efeitos antiinflamatórios e anti-angiogênicos. - Trombomodulina: Também age indiretamente: liga-se à trombina (ligação de alta afinidade), modificando, portanto, a especificidade do substrato da trombina pela formação do complexo trombomodulina-trombina, fazendo com que a trombina perca seu poder proteolítico e em vez de clivar fibrinogênio, clivar e ativar proteína C, um anticoagulante - A proteína C ativada inibe a coagulação por meio de clivagem e inativação de 2 prócoagulantes, fator V e fator VIIIa; ela requer um cofator, proteína S, que também é sintetizada pelas células endoteliais - Proteína C: -Apresenta-se de forma inativa no plasma, passando a forma ativa sob influência da trombomodulina. - É um fator vitamina K-dependente com propriedade anticoagulante e seu papel na coagulação se manifesta após a formação do complexo trombina-trombomodulina (T-T) - Inativa os fatores V e VIII da cascata de coagulação - Sua atividade é aumentada na presença de outra proteína do tipo vitamina K dependente, denomina proteína S - A proteína C ativada (APC) em combinação com a proteína S degradam os fatores Va e VIIIa que são necessários para sustentar a formação de trombina na coagulação - Tem propriedades que estimulam a fibrinólise. Isso se deve ao fato de existir um estímulo para a síntese de ativadores do plasminogênio (PA) e também por haver inibição direta para a formação de substâncias que são inibidoras da ativação do plasminogênio (PAI). - Fator inibidor da via de fator tecidual (TFPI): -A fase de iniciação é controlada pelo TFPI que atua inibindo o complexo FT/FVIIa - O seu maior sítio de produção é a célula endotelial - É uma proteína inibidora da ativação da coagulação dependente do fator tecidual, ao interagir com o fator Xa - Ao formar o complexo TFPI- fator Xa, este se liga ao complexo inicial da cascata de coagulação, denominado fator tecidual-fator VIIa, resultando na geração de um complexo quaternário que não possui atividade catalítica. PROPRIEDADES PRÓ-TROMBÓTICAS DO ENDOTÉLIO LESIONADO OU ATIVADO (ATIVAÇÃO DE PLAQUETAS): - Fator de Von Willebrand (FvW): É uma proteína que circula no plasma unida ao fator VIII de atividade coagulante, fator anti-hemolítico e fator VIIIc - Os 2 fatores formam um complexo FvW, além de armazená- lo em estruturas denominadas corpos de Weibel-Palase - As células endoteliais sintetizam e polimerizam o FvW e os armazena - As plaquetas produzem o FvW, que fica armazenado nos alfa-grânulos. Além desses, pode ser encontrado no sistema canalicular e na membrana plaquetária - Existe uma variedade de formas de FvW, isso depende de sua atividade hemostática, considerando-se que os grânulos multímeros sejam mais ativos ou eficientes do que os pequenos multímeros na hemostasia, pois teriammaior capacidade de promoverem a adesão das plaquetas circulantes ao endotélio lesado, em decorrência da maior capacidade de se fixarem a subendotélio vascular - É como se o FvW atuasse como uma verdadeira ponte, reagindo com receptores localizados tanto nas plaquetas como as estruturas do subendotélio (colágeno, fibronectina). - Fibronectina: É uma glicoproteína presente no plasma e na membrana basal da parede vascular - É sintetizada pelas células endoteliais, por fibroblastos e vários outros tipos de células - É encontrada em grande quantidade nos alfa-grânulos plaquetários e atua facilitando a adesão de plaquetas ao endotélio lesado, colaborando na formação do coágulo - Atuam como o FvW, sendo considerada substância importante na restauração das soluções de continuidade da parede vascular. - Fator tecidual/tissular (TF) ou fator III da coagulação ou tromboplastina: É sintetizado em vários órgãos (cérebro, placenta, pulmão) e pelas células presentes em camadas profundas da parede vascular - As células endoteliais produzem esse fator em pequena quantidade. O aumento de sua produção parece estar ligado a estímulo após a lesão endotelial - É considerado o principal iniciador da coagulação - Promove a transformação de protrombina em trombina - Quando ocorre a lesão dos tecidos adjacentes aos vasos liberam o TF, o qual se liga ao fator VII formando o complexo TF- VIIa. Este complexo, na presença de íons Ca+2, promove ativação dos fatores IX (IXa) e X (Xa) da coagulação. Curiosidade: Em resposta às citocinas (como fator de necrose tumoral – TNF e IL-1) ou certos produtos bacterianos incluindo endotoxina, as células endoteliais produzem fator tecidual. FIBRINÓLISE - Substâncias ativadoras do plasminogênio: Após a lesão vascular e a formação de um coágulo, este deve ser removido para que o sangue possa recircular normalmente no local - Nesse sentido, a dissolução da fibrina ao mesmo tempo que o endotélio se recompõe, pelo processo de fibrinólise - Desse modo, a célula endotelial participa dessa fibrinólise por meio da secreção de enzimas proteolíticas denominadas ativadores do plasminogênio - Esse plasminogênio constitui-se uma proenzima circulante que é transformada em plasmina, sendo que esse promove a dissolução dos trombos - As células endoteliais secretam: t-PA (fator ativador tissular) e tipo u-PA (uroquinase). OBS: O próprio endotélio é capaz de controlar a síntese dos ativadores de plasminogênio por meio da síntese de inibidores dos ativadores do plasminogênio denominados PAIs (PAI-1 e PAI-2). HEMOSTASIA PRIMÁRIA - A formação do tampão plaquetário no sítio de injúria vascular requer a integridade de 3 sistemas: adesão, ativação e agregação plaquetária. ADESÃO - Quando ocorre lesão endotelial, o endotélio dos vasos é rompido, o que expõe a matriz subendotelial, constituída por uma complexa rede de fibras - O colágeno da membrana basal e do estroma extravascular é o principal substrato para a adesão plaquetária - Esta adesão então se inicia mediante a presença das glicoproteínas Ia/ IIa (GP Ia/ IIa) VI (GpVI) - A ligação colágeno-GP VI, além de participar do fenômeno de adesão, transmite os 1ºs sinais de ativação plaquetária (o colágeno é o mais potente agonista plaquetário); Importante: Papel do Fator de Von Willebrand: as plaquetas circulantes precisam estar firmemente aderidas ao colágeno subendotelial exposta na parede do vaso lesado. Para isso, sua superfície apresenta receptores de colágeno (GP Ia/IIa e GP IV), mas estes não geram tensão suficiente para resistir ao fluxo sanguíneo. Desse modo, a ligação entre o colágeno, o fator de Von Willebrand e seu receptor GP Ib permite com que a plaqueta fique firmemente presa. Como isso é possível? O receptor GP Ib está conectado ao citoesqueleto, assim o Fator de Von Willebrand alinha as fibras de actina na direção da força exercida pelo sangue. A presença das moléculas de miosina permite certo grau de contratilidade ao citoesqueleto, o que garante a estabilidade do trombo plaquetário à medida que ele passa a fazer força contra a corrente sanguínea. - No 1º momento da lesão vascular ou caso ocorra em vasos com baixa força de cisalhamento, o colágeno exposto pela MEC subendotelial é capaz de mediar a adesão plaquetária por meio da interação com os receptores plaquetários GP Ia/ IIa e com o receptor GP VI - No entanto, nos locais de elevada força de cisalhamento, a adesão plaquetária ao subendotélio ocorre por meio da interação do receptor plaquetário GP Ib/ V / IX localizado na membrana plasmática da plaqueta que se liga com o fator de von willebrand (FvW) - Essa adesão é mais efetiva e promove a permanência do tampão, que, caso não existisse, seria levado pela força da corrente sanguínea. Em condições normais, o FvW circulante não interage com as plaquetas - Outros elementos proteicos adesivos da matriz extracelular endotelial, tais como fibronectina, trombospondina e laminina também interagem com as plaquetas circulantes durante a lesão vascular, se ligando principalmente aos receptores integrinas localizados na membrana plaquetária - A ligação do FvW ao complexo Ib também induz a secreção de ADP, que aumenta a adesão plaquetária e contribui para a formação posterior de um agregado plaquetário pela ligação ao fibrinogênio - Após a adesão, as plaquetas se unem umas às outras pela interação do fibrinogênio com os receptores de superfície (IIb e IIIa), induzida pelo ADP. À medida que ocorre essa aderência, elas se dilatam, centralizam suas organelas e, em seguida, formam pseudópodos e expressam receptores que promovem agregação de plaquetas adicionais - A agregação plaquetária e o recrutamento de plaquetas adicionais são induzidos pela reação de liberação, que esvazia o conteúdo de grânulos plaquetários, transferindo-os ao plasma e produz outros mediadores da coagulação (como o tromboxano). Resumo: 1. As plaquetas ativadas liberam: adenosina difosfato (ADP), para atrair outras plaquetas para o local da lesão, tromboxano A2, a fim de causar vasoconstrição e agregação plaquetária, e Ca2+, para participar do coágulo; 2. As células endoteliais liberam fator tecidual, que se liga ao fator VIIa para converter o fator X em fator Xa e iniciar a via comum da coagulação sanguínea. O fator de von Willebrand se liga ao receptor de plaqueta glicoproteína 1B (Gp1B) para facilitar a adesão das plaquetas ao colágeno e a laminina do espaço subendotelial; 3. As endotelinas, hormônios peptídicos secretados pelas células endoteliais, estimulam a contração do músculo liso e a proliferação das células endoteliais, além de doarem fibroblastos para acelerar o processo de reparo; ATIVAÇÃO - A plaquetas são estimuladas/ativadas por agonistas plaquetários, os quais se ligam aos seus receptores específicos, como o próprio colágeno, a epinefrina/adrenalina, o ADP, o tromboxano A2, o fator de ativação plaquetária (PAF) e a trombina - A trombina é um dos mais potentes agonistas da função plaquetária e ativa a plaqueta através da ligação e clivagem dos chamados receptores ativáveis por proteases, presentes na superfície celular da plaqueta (PAR1 e PAR4). - Ao se ligarem aos seus receptores específicos de membrana, os agonistas ativam a proteína Gq, que por sua vez, induz a cascata de sinalização via fosfolipase C, a qual hidrolisa o PIP-2 em 2 segundos mensageiros: IP3 e DAG. IP3: - Promove aumento do Ca+2 intracelular e a fosforilação da cadeia leve de miosina, como resultado, a plaqueta muda de forma e degranula: *Os grânulos densos liberam ADP, contribuindo para a ativação de novas plaquetas, além disso, a serotonina liberada causa vasoconstrição, o que ajuda a reduzir o sangramento *Os grânulos alfa secretam proteínas com o objetivo de aumentara adesividade das plaquetas e outras que participam diretamente da cascata de coagulação - O PDGF, ainda, estimula a multiplicação das células musculares lisas dos vasos, o que acelera a cicatrização da lesão vascular - Além disso, o aumento do Ca+2 intracelular promove a ativação da fosfolipase C, que libera o ácido araquidônico da membrana fosfolipídica. Esse é então substrato para as enzimas cicloxigenases (COX1, COX2 e peroxidase), que desencadeiam a síntese das prostaglandinas; - A enzima tromboxano sintetase age sobre a prostaglandina, realizado assim a síntese do tromboxano A2 (TXA2), o qual age como um potente agregador de plaquetas e vasoconstritor; DAG: - Ativa a proteinaquinase C (PKC), que leva à fosforilação de diversos substratos, inclusive da p47- phox, que contribuem para a secreção plaquetária de substâncias contidas nos grânulos densos e mudança de forma e agregação plaquetária - Além disso, promove alteração conformacional do receptor GP IIb/IIIa, tornando possível a ligação de proteínas de adesão necessárias para o fenômeno de agregação plaquetária, tais como o FvW e o fibrinogênio - O processo de ativação plaquetária participa diretamente da cascata de coagulação (hemostasia secundária) - A exposição do fosfolipídio, ou fator III, na membrana do trombócito ativado. Esta molécula (fosfatidilserina) funciona como um “gancho” no qual vão se prender as principais enzimas da cascata de coagulação. Isso faz com que estas reações se desenvolvam próximas à superfície do trombo, garantindo que a rede de fibrina seja formada em volta dele e aumente sua estabilidade e coesão. Resumo: 4. Fibrinogênio no plasma se liga a receptores de integrina ativados e as plaquetas são ligadas umas às outras 5. Trombina, ligada a seu receptor na superfície da plaqueta, atua no fibrinogênio para quebrar os fibrinopeptídeos e formar um monômero de fibrina 6. Monômeros de fibrina se agregam para formar um suave coágulo de fibrina. O fator XIII liga, de forma cruzada, os monômeros de fibrina. As plaquetas e a fibrina formam um tampão hemostático. AGREGAÇÃO - Consiste na formação de um trombo firme, bem aderido, e com várias camadas compactadas de plaquetas, consegue “estancar” o sangramento em curto espaço de tempo; - A agregação plaquetária é um fenômeno mediado pela glicoproteína IIb/IIIa (GP IIb/IIIa ou integrina alfa IIb-beta 3), que utiliza o fibrinogênio como “ponte” para a ligação de uma plaqueta à outra. Antes da ativação, a GP IIb/IIIa é incapaz de ligar ao fibrinogênio - A ativação plaquetária promove uma alteração conformacional desses receptores, que passam a interagir fortemente com o fibrinogênio circulante, permitindo agregação e, consequentemente, a formação de um trombo mais coeso - Inicialmente, a superfície de uma plaqueta em repouso tem cerca de 40.000 cópias da GP IIb/IIIa, após a ativação, esse número dobra. Esse aumento deriva da reserva interna de membranas (sistema canalicular aberto) - A GP IIb/IIIa apenas se liga ao fibrinogênio após a plaqueta sofrer a alteração para a forma de pseudópodos, ou seja, a glicoproteína IIb/IIIIa é Ca2+ dependente. Essa reação de agregação plaquetária é autocatalítica ativando outras plaquetas, levando à formação do tampão hemostático primário. Resumo: 7. Plasminogênio (proteína plasmática) é convertida em plasmina (protease) pelo ativador de plasminogênio tecidual (produzido pelas células endoteliais lesionadas e pelo TC subendotelial) 8. Plasmina dissolve o coágulo de fibrina. Importante: Após a ativação das plaquetas, a função desses fragmentos deve ser inibida após a finalização da injúria tecidual, a qual ocorre pelo AMPc, em que a prostaciclina (PGI2), liberada pelas células endoteliais, ativa a enzima adenilil-ciclase. O aumento do AMPc irá inibir a liberação de Ca2+ do sistema tubular denso ao citoplasma, impedindo a ação de diversas enzimas envolvidas na ativação plaquetária. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA - O sistema de coagulação é representado por um conjunto de proteínas plasmáticas que, inicialmente, estão inativas zimogênios), as quais ativam umas às outras numa sequência determinada. Tal processo faz com que o número de moléculas ativadas aumente exponencialmente (“Efeito de cascata”). - Desse modo, até mesmo pequenos estímulos pró- coagulantes podem resultar na produção de uma quantidade maciça de fibrina. Os monômeros de fibrina se polimerizam e formam uma “rede” em volta do plug plaquetário, acumulando também hemácias e leucócitos: é o chamado trombo vermelho, geralmente formado na circulação venosa. - O trombo branco é composto quase que exclusivamente por plaquetas (pouca fibrina), e predomina na circulação arterial. Dentre os fatores de coagulação, apenas o fator VIII não é sintetizado no fígado. Importante: alguns fatores de coagulação necessitam de modificações pós-sintéticas para funcionar adequadamente; são estes os fatores “dependentes de vitamina K”, o chamado complexo protrombínico. São os fatores II, VII, IX, X, além das proteínas C e S (as quais são anticoagulantes). E no que consiste essa modificação? A vitamina K é necessária à carboxilação dos resíduos de ácido glutâmico. O fosfolipídio plaquetário (fosfatidilserina) serve como um “gancho” no qual se prendem os fatores de coagulação com resíduos carboxilados. Desse modo são formadas enzimas multimoleculares imprescindíveis para a cascata de coagulação: a tenase (Xase, ou ativador do fator 10) e a protrombinase (ativador de protrombina). CASCATA CLÁSSICA DE COAGULAÇÃO - foi proposto para explicar a fisiologia da coagulação, segundo o qual ocorre por meio de ativação proteolítica sequencial de pró-enzimas por proteases plasmáticas, resultando na formação de trombina que, então, quebra a molécula de fibrinogênio em monômeros de fibrina. - Tal proposta divide a coagulação em uma via extrínseca (envolvendo elementos do sangue e também elementos que usualmente não estão presentes no espaço intravascular) e uma via intrínseca (iniciada por componentes presentes no espaço intravascular), que convergem para uma via comum, a partir da ativação do fator X (FX). Os mecanismos mais complexos que iniciam a coagulação são desencadeados por: (1) trauma da parede vascular ou dos tecidos adjacentes, (2) trauma ao sangue ou (3) contato do sangue com as células endoteliais lesionadas ou com o colágeno e outros elementos teciduais por fora do vaso sanguíneo. - Cada um desses casos leva à formação do complexo ativador de protrombina que, por sua vez, provoca a conversão da protrombina em trombina e todas as etapas subsequentes da coagulação. Via Extrínseca - É iniciada com a liberação do fator tecidual/tissular (TF), localizado nas células subendoteliais (fibroblastos, músculo liso) e entra em contato com o sangue em caso de lesão endotelial. - Na membrana celular, o fator VII (próconvertina) se liga ao fator tissular na presença de Ca2+, convertendo-se em fator VIIa. O complexo fator tecidual-Fator VIIa ativa o fator X (de Stuart), produzindo o fator Xa. 1. O fator tecidual/tissular (tromboplastina) é liberada pelo tecido traumatizado. É composto por fosfolipídios das membranas plasmáticas dos tecidos junto com complexos lipoproteicos, que atua como enzima proteolítica. 2. O fator tecidual, por sua vez, ativa o fator VII da coagulação e se une ao fator VIIa (a=ativado), formando o complexo fator tecidual-fator VIIa, o qual, em presença de íons Ca2+, atua enzimaticamente sobre o fator X para formar o fator Xa (ativado). 3. O fator Xa (ativado) se combina imediatamente com os fosfolipídios teciduais que fazem parte dos fatores teciduais, ou com fosfolipídios adicionais liberados pelas plaquetas, além do fator V da coagulação,formando um complexo denominado complexo ativador de protrombina. Além disso, o fator Xa, na ausência de seu cofator, transforma pequenas quantidades de protrombina em trombina, mas insuficiente para iniciar uma significativa polimerização de fibrina. Importante: Inicialmente, o fator V no complexo ativador da protrombina está inativo, mas assim que o processo de coagulação se inicia e a trombina começa a se formar, a ação proteolítica da trombina cliva o fator V em sua forma ativa, formando o fator V ativado que, por sua vez, passa a ser um potente acelerador adicional da ativação da protrombina em trombina, pelo complexo ativador de protrombina. 4. Em alguns segundos, em presença de Ca2+, essa combinação cliva a protrombina para formar trombina, e o processo de coagulação prossegue. Ao final da via extrínseca, conclui-se que o verdadeiro ativador da protrombina é o fator X ativado que, por sua ação proteolítica, cliva a protrombina em trombina; essa, por sua vez, ativa o fator V da coagulação, o qual atua como grande acelerador da atividade da protease do complexo ativador da protrombina. Esse mecanismo constitui um feedback positivo, em que o fator X ativado atua sobre a protrombina para formar a trombina que, por sua vez, ativa o fator V para amplificar a ação do complexo ativador de protrombina, acelerando ainda mais a conversão de protrombina em trombina Via Intrínseca - A ativação do fator XII é desencadeada pelo contato entre o sangue e uma superfície contendo cargas elétricas negativas (vidro, caolin e colágeno), processo denominado “Ativação por Contato” e requer a presença de outros componentes do plasma, tais como: pré-calicreína (serinoprotease) e cininogênio de alto peso molecular (CAPM/HMWK), um cofator não enzimático. 1. O trauma ao sangue ou a exposição do sangue ao colágeno da parede vascular lesionada altera 2 importantes fatores de coagulação do sangue: o fator XII (de Hageman) e as plaquetas *Quando o fator XII é afetado, tal como ao entrar em contato com o colágeno, ele assume nova configuração molecular que o converte na enzima proteolítica denominada fator XIIa *Simultaneamente, o trauma sanguíneo também lesa as plaquetas, devido à sua aderência ao colágeno, causando a liberação de fosfolipídios plaquetários que contêm a lipoproteína denominada fator plaquetário III, que também participa das reações de coagulação subsequentes 2. O fator XIIa atua convertendo a précalicreína em calicreína que atua de maneira estimulatória na ativação do fator XII (feedback positivo) 3. Ativação do fator XI: o fator XIIa atua enzimaticamente sobre o fator XI, ativando-o para sua forma de fator XIa. Essa reação necessita do cininogênio de alto peso molecular (CAPM), e é acelerada pela molécula de précalicreína. 4. Ativação do Fator IX (Anti-Hemolítico B): o fator XI ativado atua enzimaticamente sobre o fator IX e converte-o em sua forma ativa, denominada fator Ixa. 5. Ativação do Fator X (de Stuart): o fator IX, atuando em conjunto com o Ca2+, o fator VIIIa e com os fosfolipídios de membrana e com o fator plaquetário II, cliva o fator X para a sua forma ativa, denominada fator Xa 6. Formação do Complexo Ativador da Protrombina: essa etapa, na via intrínseca da cascata de coagulação, é a mesma etapa presenta na via extrínseca *Ou seja, o fator X ativado se combina com o fator V e com as plaquetas ou com os fosfolipídios teciduais para formar o complexo ativador da protrombina que, por sua vez, desencadeia a clivagem da protrombina para formar trombina, a qual cliva o fator V para a sua forma ativa, denominada fator V ativado, processo esse que resulta na aceleração da conversão de mais protrombina em trombina. Via Final Comum - Ambas as vias convergem para a “via final comum” a partir do momento em que o fator X é ativado. - O fator Xa também se liga ao fosfolipídio plaquetário para converter o fator II (protrombina) em fator IIa (trombina) na presença de Ca2+ e de um cofator, o fator Va. - Esse complexo multimolecular é chamado de protrombinase. - Uma grande quantidade de trombina será formada nesse momento, devido ao mecanismo de amplificação da “cascata de coagulação”. A trombina transforma o fibrinogênio plasmático (fator I) em monômeros de fibrina, por meio da liberação de fibrinopeptídeos A e B. Estes monômeros de fibrina se combinam para formar um polímero (rede de fibrina). - A trombina também ativa os fatores V (pró-acelerina), VIII e XIII, além de ser um potente ativador plaquetário. - As ligações fibrina-fibrina são estabilizadas (tornam-se covalentes) pela ação do fator XIIIa (fator estabilizador de fibrina). – A rede de fibrina reveste e estabiliza o plug plaquetário, finalizando o processo hemostático. CASCATA DE COAGULAÇÃO BASEADA EM SUPERFÍCIES CELULARES - A hemostasia requer substâncias procoagulantes ativadas que permaneçam localizadas no sítio da lesão vascular para a formação de tampão plaquetário de fibrina no local. - A cascata de coagulação se inicia pela exposição do fator tecidual/tissular (FT) na corrente sanguínea. O fator tecidual está presente na membrana celular das células ao redor do leito vascular, como células musculares lisas e fibroblastos. Desse modo, mediante à lesão endotelial, o fator tecidual é exposto na circulação sanguínea pela lesão endotelial e de células vizinhas ou pela ativação de células endoteliais ou monócitos. - Além disso, evidências sugerem que o FT também está presente no sangue em micropartículas celulares provenientes das membranas celulares de vários tipos celulares, como leucócitos, células endoteliais e plaquetas. - O complexo fator tecidual-fator VIIa ativa o fator X e o fator IX. Sendo fundamental para iniciar a coagulação in vivo. O fator tecidual é o único iniciador da geração de trombina e formação da fibrina. - O entendimento atual do processo hemostático considera a interrelação dos processos físicos, celulares e bioquímicos que atuam em uma série de estágios ou fases, e não em duas vias (intrínseca e extrínseca) como antes. FASE DE INICIAÇÃO 1. Ocorre quando células que expressam o fator tecidual (FT) em sua superfície são expostas aos componentes do sangue no sítio da lesão. Uma vez ligado ao FVII presente no sangue, rapidamente o ativa em FVIIa formando o complexo fator tecidual-fator VIIa (complexo tenase), responsável pela ativação de pequenas quantidades de fator IX e fator X. 2. O fator Xa associado com o seu cofator, fator Va, forma um complexo denominado protrombinase na superfície da célula que expressa o fator tecidual. O complexo protrombinase transforma pequenas quantidades de protrombina (fator II) em trombina, que são insuficientes para completar o processo de formação do coágulo de fibrina, mas são de fundamental importância para a fase de amplificação da coagulação. 3. O fator IXa atua na fase de propagação junto com o fator VIIIa, formando o complexo tenase e ativando o fator X. - As reações responsáveis pela iniciação da coagulação ocorrem constantemente fora do espaço vascular em indivíduos saudáveis. É comprovada a passagem de fatores da coagulação (FVII, FX e protrombina) do espaço vascular aos espaços entre os tecidos. - Desse modo, a via de iniciação permanece continuamente ativa, gerando pequenas quantidades de fatores ativados no estado basal. Assim, pequenas quantidades de trombina são produzidas continuamente fora do espaço vascular, independentemente de lesão vascular. Portanto, admite-se que pequena atividade da via do fator tecidual ocorre todo o tempo no espaço extravascular. - O processo da coagulação segue para a fase de amplificação somente quando há dano vascular, permitindo que plaquetas e fator VIII (ligado ao fator de vomWillebrand) entrem em contato com o tecido extravascular onde se aderem às células que expressam fator tecidual. FASE DE AMPLIAÇÃO - A pequena quantidade de trombina gerada pelas células que expressam o fator tecidual durante a fase de iniciação possui várias funções importantes. Ela pode interagir com as plaquetas e o complexo FVIII/ Fator de von Willebrand, desse modo, iniciando o processo hemostático culminando na formação de fibrina estável, a qual consolida o tampão plaquetário inicial, processo que resulta na hemostasia secundária. - Funções: *Ativação máxima de plaquetas: é sua principal função. As plaquetas expõem receptores e sítios de ligação (fator III) para os fatores de coagulação ativados. Como resultado da ativação, as plaquetas alteram a permeabilidade de suas membranas, permitindo influxo de Ca2+ e efluxo de substâncias quimiotáticas que atraem os fatores de coagulação para sua superfície; além da liberação de fator V parcialmente ativado. *A trombina formada durante a fase de iniciação também ativa cofatores na superfície das plaquetas ativas (fator V e fator VIII). O complexo fator VIII-fator de von Willebrand é dissociado, permitindo o FvW mediar a adesão e agregação plaquetárias no sítio da lesão, o FVIIa atua na formação do complexo tenase. *A trombina também ativa o fator XI, transformando-o em fator XIa na superfície das plaquetas ativadas. A ativação do fator XI pela trombina explica porque o fator XII não é necessário à hemostasia normal. - Na fase de amplificação, a via intrínseca, formada pelo complexo IXa e VIIIa (complexo tenase) na superfície do fosfolipídio e na presença de Ca2+, ativa o fator Xa suficientemente. O fator Xa em combinação com o fator Va, PL e Ca2+ forma o complexo protrombinase, e resulta na formação explosiva de trombina, que age no fibrinogênio para formar o coágulo de fibrina. FASE DE PROPAGAÇÃO - É caracterizada pelo recrutamento de um grande número de plaquetas para o sítio da lesão e pela produção dos complexos tenase e protrombinase na superfície das plaquetas ativadas. 1. Primariamente, o fator IXa ativado durante a fase de iniciação pode agora se ligar ao fator VIIIa na superfície das plaquetas formando o complexo tenase. Uma quantidade adicional de fator IXa pode ser produzida pelo fator XIa ligado às plaquetas; 2. Como o fator Xa não pode se mover efetivamente das células que expressam fator tecidual para a plaqueta ativada, maior quantidade de fator Xa deve ser produzida diretamente na superfície da plaqueta pelo complexo fator IXa/fator VIIIa. 3. Finalmente, o fator Xa rapidamente se associa ao fator Va ligado à plaqueta durante a fase de amplificação, resultando na formação do complexo protrombinase, o qual converte grande quantidade de protrombina em trombina. 4. Esta é responsável pela clivagem do fibrinogênio em monômeros de fibrina, que polimerizam para consolidar o tampão plaquetário inicial. Importante: A trombina hidrolisa o fibrinogênio, liberando fibrinopeptídeos A e B para formar monômeros de fibrina. Os monômeros de fibrina se unem espontaneamente para formar um polímero frouxo e insolúvel de fibrina. O fator XIIIa ativado pela trombina atua estabilizando os polímeros de fibrina com a formação de ligações covalentes cruzadas. O fibrinogênio consiste em 2 subunidades idênticas, cada uma com 3 cadeias polipeptídicas dissimilares (alfa, beta e gama) ligadas por pontes dissulfeto. Após a clivagem, formam-se 2 monômeros de fibrina com 3 cadeias pareadas que se polimerizam. FASE DE FINALIZAÇÃO - Uma vez formado o coágulo de fibrina sobre a área lesada, o processo de coagulação deve se limitar ao sítio da lesão para se evitar a oclusão trombótica do vaso. Para controlar a disseminação da ativação da coagulação, intervêm 4 anticoagulantes naturais, o inibidor da via do fator tecidual (TFPI), a proteína C (PC), a proteína S (PS), e a antitrombina (AT). - O TFPI é uma proteína secretada pelo endotélio, que forma um complexo quaternário fator tecidual/fator VIIa/fator Xa/TFPI inativando os fatores ativados e, portanto, limitando a coagulação. - As proteínas C e S são 2 outros anticoagulantes naturais, com capacidade de inativar os cofatores procoagulantes fator Va e fator VIIIa. *Proteína C (PC): é uma glicoproteína plasmática dependente de vitamina K, cuja síntese, quando ativada, promove a proteólise dos cofatores Va e VIIIa. É ativada pela trombina, que está ligada à proteína transmembrânica trombomodulina (TM) na superfície das células endoteliais intactas. *Proteína S (PS): sua atividade é aumentada por outro cofator inibidor, também vitamina K dependente. No plasma humano, aproximadamente 30% circula como proteína livre, consistindo na fração que funciona como cofator da proteína C ativada. - A antitrombina (AT) inibe a atividade da trombina e outras serino proteases, tais como FIXa, FXa, FXIa e FXIIa. As células endoteliais produzem uma variedade de glicosaminoglicanos, que funcionam como sítios, de ligação, de alta afinidade, para a AT, que são cruciais para uma rápida inativação da trombina. Importante: Glicosaminoglicanos: as células endoteliais sintetizam e expressam glicosaminoglicamos, como o heparan-sulfato e o dermatan-sulfato, os quais potencializam a atividade de substâncias inibidoras de serinoproteases, como a antitrombina e o cofator II da heparina. A antitrombina é um potente inibidor de serino proteases, como a trombina e o fator Xa. - A heparina é polissacarídeo conjugado com forte carga negativa. Por si própria, tem pouca ou nenhuma propriedade anticoagulante, mas quando se combina com a antitrombina III a eficácia desta aumenta e, dessa forma, ela atua como anticoagulante. HEMOSTASIA TERCIÁRIA - FIBRINÓLISE - A fibrinólise, assim como a coagulação, é uma resposta hemostática normal à lesão vascular. 1. O plasminogênio, uma proenzima Bglobulina no sangue e no fluido tecidual, é convertida na serina-protease plasmina, por ativadores na parede vascular (ativação intrínseca) ou do tecido (ativação extrínseca). 2. Segue-se, a liberação do ativador tecidual de plasminogênio (TPA) das células endoteliais. Esse TPA é uma serina-protease que se liga a fibrina, aumentando a capacidade de converter o plasminogênio ligado ao trombo em plasmina. A dependência da ação do TPA pela fibrina localiza e restringe a geração de plasmina por TPA à fibrina do coágulo. 3. Nesse sentido, o ativador tecidual de plasminogênio (TPA) é liberado depois de estímulos como traumatismo, exercício e estresse emocional. 4. A proteína C ativada, estimula a fibrinólise por destruir inibidores plasmáticos de TPA. 5. Entretanto, a trombina inibe a fibrinólise por ativar o inibidor de fibrinólise ativado por trombina (TAFI), que previne a ligação do plasminogênio ao coágulo de fibrina. 6. Assim, que ocorre a geração de plasmina nos sítios de lesão, limitando a extensão do trombo em formação. Os produtos de degradação oriundos da fibrinólise, também são inibidores competitivos da trombina e da polimerização da fibrina. Logo, de maneira geral qualquer plasmina livre é inibida localmente pela alfa2- antiplasmina e pela alfa2- macroglobulina. 7. Em suma, a plasmina é capaz de digerir fibrinogênio, fibrina, fatores V e VIII e muitas outras proteínas. FATOR QUE INIBE A HEMOSTASIA - ANTIPLAQUETÁRIOS Inibidores da Cicloxigenase - O ácido acetilsalicílico (AAS) inibe a síntese de prostaglandinas, e logo a reação de liberação dos grânulos de plaquetas não ocorre, interferindo na agregação plaquetária. Mecanismo de Ação - Para a ativação das plaquetas, as células endoteliais induzem a clivagem dos fosfolipídios de membrana pela fosfolipase A2 e liberação de ácido araquidônico. - Em seguida, o ácido araquidônicoé transformado em prostaglandina G2 (PGG2) pela enzima cicloxigenase. - Nas plaquetas, ocorre conversão da PGG2 em tromboxano A2 (TXA2), o qual, ao atuar por meio dos receptores TXA2 de superfície celular, provoca vasoconstrição localizada e age como potente indutor da agregação plaquetária e da reação de liberação dos grânulos das plaquetas. - Nas células endoteliais, o endoperóxido cíclico (PGG2) é convertido em prostaciclina (PGI2), a qual provoca vasodilatação localizada e inibe a agregação plaquetária e a reação de liberação do conteúdo dos grânulos das plaquetas. - Nesse sentido, o AAS atua por acetilação covalente de um resíduo de serina próxima ao sítio ativo da enzima COX, inibindo, assim, a síntese de endoperóxido cíclico e de vários de seus metabólitos. - Na ausência de TXA2, observa-se acentuada redução da agregação plaquetária e da reação de liberação dos grânulos das plaquetas Agentes Anticoagulantes - São usados tanto para prevenção quanto para tratamento de doenças trombóticas. - São 4 classes de fármacos anticoagulantes: Varfarina, Heparinas não fracionadas e de baixo peso molecular, Inibidores Seletivos do Fator Xa e Inibidores Diretos da Trombina Varfarina - Atua sobre a via de carboxilação, não por meio da inibição direta da carboxilase, mas pelo bloqueio da epóxido redutase que medeia a regeneração da vitamina K reduzida - Como a depleção da vitamina K reduzida no fígado impede a reação de carboxilação necessária para a síntese de fatores de coagulação biologicamente ativos, o início de ação dos anticoagulantes orais acompanha a meia-vida desses fatores de coagulação na circulação. - Inibe a síntese dos fatores de coagulação II, VII, IX e X, e também de proteína C e S, que são anticoagulantes naturais. Heparinas não Fracionadas e de Baixo Peso Molecular - É um mucopolissacarídeo sulfatado armazenado nos grânulos secretores dos mastócitos - Seu mecanismo de ação depende da presença de um inibidor específico da protease plasmática, a antitrombina III, que é responsável em inibir a trombina e inativar outras serinas proteases, incluindo fatores IXa, Xa, XIa e XIIa Inibidores Diretos da Trombina - O mais utilizado é a Lepirudina, que se liga com alta afinidade a 2 sítios na molécula de trombina: o sítio ativo enzimático e o “exossítio”. Tal ligação impede a ativação de fibrinogênio e fator XIII mediada pela trombina. VITAMINAS C E K METABOLISMO DA VITAMINA K - lipossolúvel, principalmente, na coagulação sanguínea. Se apresenta sob as formas de filoquinona (K1- predominante), dihidrofiloquinona (Dk), menaquinona (K2) e menadiona (K3). - Os fatores que interferem em sua absorção são: má absorção gastrointestinal, secreção biliar, ingestão insuficiente e uso de anticoagulantes, entre outros. - A vitamina K atua como cofator para a carboxilação de resíduos específicos de ácido glutâmico para formar o ácido gama carboxiglutâmico (GIa), aminoácido presente nos fatores de coagulação (fatores II, VII, IX e X). - [ necessária para a síntese hepática normal de 4 fatores de coagulação (II,VII, IX e X) e das proteínas C e S; - Para isso ocorrem os seguintes eventos: 1. A vitamina K em forma reduzida (KH2) atua como cofator essencial para o processo da gama carboxilação dos fatores de coagulação. Neste processo, a KH2 é oxidada a epóxivitamina K e a seguir retorna a KH2 pela ação de 2 redutases, completando o ciclo da vitamina K 2. Os fatores de coagulação II, VII, IX e X, a proteína C e a S são biologicamente inativos na forma de polipeptídeos não modificados após síntese proteica nos ribossomos 3. Essas proteínas adquirem atividade biológica pela carboxilação pós-translacional de seus resíduos de ácido glutâmico. 4. Os resíduos de glutamato gamacarboxilados são capazes de ligar-se a íons Ca2+. 5. A ligação do Ca2+ induz uma mudança de conformação nessas proteínas, necessária para sua ligação eficiente às superfícies de fosfolipídios. 6. A ligação do Ca2+ às moléculas gamacarboxiladas aumenta a atividade enzimática dos fatores de coagulação IIa, VIIa, IXa, Xa e da proteína C em até 1000 vezes. - Em um paciente que chega no hospital com hemorragia seria indicado aplicar vitamina K? Sim, pois ao aplicar a vitamina K teremos um efeito pró- coagulante. Em menos de 24h tem-se tal efeito Curiosidade: Anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal: os estrógenos aumentam os níveis sanguíneos de fatores de coagulação como o II, VII, VIII, IX e X, reduzem os níveis de antitrombina III, depletam o ativador de plasminogênio das paredes vasculares e aumentam complexos solúveis de monômeros de fibrina no plasma. Também geram alterações na viscosidade sanguínea e na parede vascular. O risco de TVP aumenta 2-8 vezes com uso de anticoncepcional e 2-4 vezes na terapia de reposição. VITAMINA C - Uma função do ácido ascórbico (AA) em nível tecidual está relacionada à síntese de colágenos e outros constituintes orgânicos de matriz extracelular em diversos tecidos, além de ser considerada um potente antioxidante que tem capacidade de agir in vivo e in vitro. - O AA é cofator para 2 enzimas essenciais na biossíntese do colágeno. A lisil e a polil hidroxilases catalisam a hidroxilação do resíduos prolil e lisil nos polipeptídeos colágenos, e essas modificações póstranslacionais permitem a formação e estabilização do colágeno, e sua secreção no espaço extracelular. -Estudos mostram que a administração de vitamina C junto à vitamina E, foi capaz de reduzir a agregação plaquetária e atrasar o tempo de formação do trombo. COAGULOGRAMA - É uma denominação antiga, mas recorrente, e que incluem os testes: *Contagem de Plaquetas - VR: 150.000 a 450.000/ mm3 - Este exame pode ser realizado por automação (aparelho Coulter) ou pela contagem manual no esfregaço periférico. Apesar de prático, o método do Coulter pode falhar, revelando baixas contagens plaquetárias em pacientes com plaquetometria normal (Pseuso-trombocitopenia). - É geralmente feito em sangue total não coagulado com EDTA, usando-se contadores automáticos das células -Estes aparelhos são capazes de avaliar ainda a distribuição do volume plaquetário, observando a presença de plaquetas grandes, regenerativas. - A enumeração das plaquetas pode ser feita também em lâmina, pelo método de Fonio, cujo precisão é menor, mas permite a análise morfológica das plaquetas. - A observação na lâmina também permite descartar falsa trombocitopenia, uma aglutinação plaquetária que ocorre in vitro e que é induzida pela presença de EDTA, com a participação de proteínas plasmáticas. INDICES PLAQUETÁRIOS VOLUME PLAQUETÁRIO MÉDIO (VPM) -VR: 3-12 fL -Aumentado: Sugere destruição periférica de plaquetas, como na PTI (Púrpura Trombocitopênica Imune), na PTT (Púrpura Trombocitopênica Trombótica), na Síndrome de Bernard-Soulier (aparecem plaquetas gigantes). Sendo que o estímulo aos megacariócitos da medula leva à liberação de plaquetas maiores -Diminuído: Pode ser por disfunção da medula óssea (ex: Aplasia e Síndrome de Wiskott-Aldrich) ÍNDICE DE ANISOCITOSE PLAQUETÁRIO (PDW) -VR: 10-16 fL -Mede a amplitude de distribuição das plaquetas - Aumento do VPM geralmente é acompanhado pelo aumento do PDW *Tempo de Coagulação (desaconselhável pela Associação Internacional de Hematologia devido à pouca sensibilidade analítica). -VR: 5-10 min -É o tempo necessário para que o sangue coagule dentro de um tubo de ensaio, à temperatura da nossa mão (36-37ºC). -Como no sangue circulante não existe o fator tecidual, a coagulação é ativada apenas pela via intrínseca, através do contato com o vidro do tubo (superfície negativa). Logo, o TC está elevado quando há uma deficiência grave de algum fator da via intrínseca ou comumda coagulação . -Nas deficiências leves e moderadas, encontra-se normal (baixa sensibilidade). *Tempo de sangramento (também desaconselhável pela AIH devido à pouco sensibilidade analítica) - VR: 3-7 min - É a medida da função plaquetária in vivo. - É o tempo necessário para que um pequeno corte superficial na pele pare de sangrar: consiste na realização de uma perfuração com cerca de 1mm de profundidade, de modo a lesar apenas pequenos vasos, onde atuam os processos envolvidos na hemostasia primária. - O TS depende da hemostasia primária (plaquetas, fator de von Willebrand), mas também da integridade vascular cutânea. - Geralmente é feito por uma lanceta padronizada no lobo auricular (Teste de Duke), com uma incisão em torno de 1mm de profundidade, ou na pele do antebraço (Teste de Ivy). - O método, apesar de simples e barato, não é muito fidedigno e apresenta variações diárias e interexaminador, não sendo um bom parâmetro pré- operatório em pacientes sem história de sangramento (ou seja, não se deve pedir TS “de rotina” no pré- operatório -Este exame deve ser valorizado apenas se houver forte suspeita de um distúrbio da hemostasia primária. Nesta situação, um TS significativamente alargado (>10min), diante de plaquetometria normal, sugere: *Doença de von Willebrand *Distúrbio genético da função plaquetária (trombopenia de Glanzmann, Síndrome de Bernard- Soulier) *Distúrbio genético adquirido (uremia, circulação extracorpórea, paraproteinemia). *Retração do Coágulo (atualmente substituído pelos testes de agregação plaquetária). TESTE DE AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA - na avaliação da função das plaquetas, através da exploração de diferentes vias de ativação plaquetária in vivo. - O método é baseado na medida da formação de agregados de plaquetas após sua exposição a um agente agregante. - Essa medida é realizada em um agregômetro, que é um aparelho espectrofotométrico capaz de medir a variação da transmissão de luz através de uma suspensão das plaquetas, quando estas se agregam na presença de agonistas. – Há vários agonistas utilizados na prática: colágeno, ADP, adrenalina, ácido araquidônico e trombina -O resultado do teste é habitualmente expresso em porcentagem de agregação, que traduz a quantidade de transmissão de luz e, portanto, da formação de agregados -A ristocetina não é agente agregante plaquetário, pois produz apenas aglutinação das plaquetas na presença de fator de Von Willebrand e na púrpura de Bernard- Soulier. *Prova do Laço *Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa) VR: 25-35 s - O TTPa é sensível ao nível dos fatores da via intrínseca e da via comum; é bastante sensível à presença de heparina, sendo o teste de escolha para sua monitorização. - Consiste na determinação do tempo de coagulação do plasma após adição de um ativador da fase de contato da coagulação e da cefalina, que substitui o fosfolipídio da membrana plaquetária Como funciona? -Adiciona-se o fator 3 plaquetário (fosfolipídio), proveniente do extrato de cérebro animal (cefalina), contando-se o tempo a partir da adição do cálcio ionizado -A “cefalina” não contém o fator tecidual (TF), sendo chamada, portanto, de “Tromboplastina Parcial” (“Tromboplastia” é um termo usado para nomear qualquer substância derivada de tecido que contribua para a coagulação) Como a coagulação é inicializada no PTT? -Como não há fator tecidual, o processo só pode ser iniciado pela via intrínseca, ou seja, pelo contato com o vidro do tubo de ensaio -Para acelerar o processo, adicionam-se partículas de vidro (caolin), quando então o exame ganha a nomenclatura “ativado” (PTTa) PTTa aumentado -Nas coagulopatias da via intrínseca, geralmente quando há deficiência moderada ou grave (< 25% da atividade normal) de apenas um fator ou quando há deficiência leva a moderada de vários fatores ao mesmo tempo -As condições que mais elevam o PTTa são: uso de heparina não fracionada, deficiência do fator VIII (hemofilia A), deficiência do fator IX (hemofilia B), e presença de inibidores circulantes (anticorpos antifator VIII, anticoagulante lúpico etc). *Tempo de Protrombina (TAP ou TP) -VR: 10-13 s - Consiste na determinação do tempo de formação do coágulo de fibrina após adição de tromboplastina tecidual (fator III) e de cálcio, o que promove ativação do fator VII, seguida de ativação do fator X, iniciando a via comum da coagulação. - O TP mede os fatores envolvidos na via extrínseca e via comum, sendo independente da via intrínseca - Depende do nível dos fatores vitamina K dependentes (II, VII e X), sendo o teste utilizado no controle de pacientes em uso de anticoagulantes orais -O TP pode ser expresso pela relação (R) do tempo obtido com o plasma doente e o tempo de um pool de plasmas de indivíduos normais *Tempo de Trombina (TT) - É obtido após adição de trombina em baixa concentração ao plasma puro, de maneira que o tempo de coagulação é influenciado pela concentração de fibrinogênio e pela presença de inibidores da formação de fibrina, tais como heparina OBS: Na presença de um teste de coagulação prolongado, deve-se repetir o teste em questão (TP, TTPa ou TT) usando-se mistura em partes iguais do plasma do doente com o plasma normal. O prolongamento do tempo de coagulação causado pela presença do inibidor não é corrigido pela adição de plasma normal, o que o diferencia da deficiência de fator, quando o tempo é corrigido pela adição de plasma normal. *Dosagem do Fibrinogênio Plasmático Relação Normatizada Internacional (RNI) -É uma relação é feita através dos valores do TP, da média do valor normal de um TP (que foi definida pela média de 20 valores normais de TP avaliada em um laboratório padronizado específico) e o índice internacional de sensibilidade (IIS), que é específico para cada reagente usado e é sempre informado pelo fabricante. - Com esses dados, é calculado o TP através da fórmula: -O RNI só é utilizado realmente para acompanhar os pacientes usando anticoagulante oral. Saber os valores do TP e interpretar suas variações continua tendo seu lugar em todas as demais situações, não é substituído totalmente pelo RNI -Quando formos analisar o valor do RNI dos pacientes, temos que ter em mente que o valor correspondente à normalidade é até 1,3 -O RNI varia diretamente conforme o TP. Quanto maior o TP (quanto maior o tempo para formação do coágulo), maior o RNI -O valor do RNI vai nos dizer se a anticoagulação do paciente está na faixa adequada para sua necessidade clínica. Vamos entender isso um pouco melhor na tabela abaixo: -Observamos que quanto mais para o lado trombótico for a condição do paciente, mais teremos como objetivo manter um RNI alto (ou seja, um TP alargado, um tempo maior até a formação do coágulo) -Quanto maior o RNI, maior o risco de sangramento -Por esse motivo, quando pacientes anticoagulados têm necessidade de realizar algum procedimento cirúrgico de alto risco de sangramento, o RNI deve ser reduzido para a faixa de 2 a 2,5, nunca para o valor de RNI normal (do paciente não anticoagulado) Provas da Hemostasia – Como utilizá-las? - Exemplo: PTTa alterado e TAP normal (o problema está na via intrínseca): uso de heparina, deficiências hereditárias da via intrínseca, como o fator VIII (hemofilia A), fator IX (hemofilia B), fator XI, Doença de von Willebrand (redução de fator VIII), anticorpos antifator VIII, IX ou XI. As deficiências de fator XII, pré-calicreína ou cininogênio de alto peso molecular alargam o PTTa mas não se associam a sangramento (pois, como vimos, as etapas iniciais da via intrínseca não são importantes para a coagulação do sangue in vivo)
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