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Empresa foi criada pelo Grupo Graal Investimentos em 2011 A GraalBio, empresa de soluções em biotecnologia do Grupo Graal Investimentos S.A., a holding empresarial da família Gradin. Presidida por Bernardo Gradin, ex-sócio da Odebrecht, a companhia foi fundada em junho de 2011 e nasceu com a visão de atuar na indústria de biocombustíveis e bioquímicos. Em maio deste ano anunciou a construção da primeira planta comercial de segunda geração do Hemisfério Sul. A unidade, que será construída em Alagoas e deve entrar em operação no fim de 2013, receberá R$ 300 milhões em investimentos e terá capacidade de produção de 100 milhões de litros por ano. Para a primeira planta, a GraalBio comprou da Chemtex — empresa italiana — os direitos de uso da tecnologia de pré-tratamento da matéria-prima desenvolvida pela Beta Renewables — joint-venture entre o grupo italiano Mossi & Ghissolfi (M&G), controlador da Chemtex, e o fundo americano TPG. A GraalBio também tem como parceiros os grupos Novozymes (fornecedora de enzimas), DSM (fornecedora de leveduras), Carlos Lyra (produtor de etanol de primeira geração), além da Unicamp (pesquisa básica de micro-organismos), Ridesa (pesquisa de variedades de cana), e BNDES (financiamento). 70 Tecnologia vai permitir a fabricação do combustível utilizando a palha e o bagaço da cana Oprofessor GonçaloGuimarães Pereiratrabalha no Laboratório de Genômica e Expressão da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordena a instalação da planta piloto da fábrica de etanol 2G. Ele conta que a unidade da empresa, que vai testar novos organismos geneticamente modificados para a síntese de celulose, vai trabalhar com até 50 pessoas e também irá realizar experiências para a obtenção, não só de etanol a partir da celulose, mas também de outros materiais sintéticos. A unidade, que ganhará o nome de Biocélere, terá um laboratório e manterá a planta piloto, que ficará no Techno Park, localizado na Rodovia Anhanguera. “Vamos melhorar o processo e o desempenho das enzimas que realizam a síntese da celulose, aperfeiçoando a qualidade de produção da planta industrial que ficará em Alagoas”. Pereira afirma que o álcool produzido a partir da celulose é um procedimento revolucionário. “Um ano de petróleo consumido pela humanidade precisou de 3 milhões de anos para ser produzido. Com essa produção, teremos combustível com as plantações produzindo anualmente”, disse. O mercado brasileiro prevê que sejam consumidos 20 bilhões de litros de etanol este ano, chegando a 50 bilhões até 2020. (HB/AAN) Industriários e produtores reclamam da dificuldade para alavancar setor no País e cobram a desoneração tributária Henrique Beirangê DA AGÊNCIA ANHANGUERA henrique.beirange@rac.com.br Campinas terá a primeira planta de testes para a pro- dução de álcool fabricado a partir da palha e do bagaço da cana-de-açúcar do He- misfério Sul. A unidade da empresa GraalBio entrará em operação em oito meses e vai realizar experiências com novos compostos quí- micos que possam melhorar o processo de síntese de ce- lulose para a fabricação do etanol. O chamado etanol 2G (segunda geração) tem um custo de fabricação 20% menor do que o produzido nas usinas tradicionais, por aproveitar a biomassa da ca- na, enquanto na produção comum, a maior parte deste material acaba virando resí- duo. A GraalBio investe US$ 10 milhões no projeto, que surge num momento em que a indústria da cana pas- sa por crise e diz ter fecha- do 41 usinas nos últimos quatro anos em decorrência da perda de competitivida- de com a gasolina. A planta piloto terá a finalidade de di- tar os moldes da futura usi- na de etanol 2G que será inaugurada pela GraalBio em Alagoas até dezembro de 2013. A empresa foi cons- tituída recentemente e deci- diu apostar alto no investi- mento. Com recursos do BNDES, serão aplicados R$ 300 mi- lhões na primeira fábrica, e a expectativa é que outras quatro unidades sejam im- plantadas até 2017, com uma produção que pode chegar a 1 bilhão de litros até 2020. A tecnologia para a fabricação do etanol a par- tir da celulose existe desde a década de 90 nos Estados Unidos. No entanto, os cus- tos por lá são mais caros do que o produzido pelo mode- lo tradicional e dependem de subsídios do governo pa- ra se manterem viáveis. De acordo com o vice- presidente executivo da GraalBio, Alan Hiltner, a si- tuação no Brasil é bem mais favorável para a produção do etanol a partir da celulo- se originária da cana. Ele afirma que os custos com as enzimas que realizam a sín- tese de celulose caíram 80% nos últimos 10 anos, e a pa- lha da cana se aproveita em 50% de sua totalidade para a produção do etanol, en- quanto a palha do milho gi- ra entre 12% a 15%. Além disso, cerca de 20% do baga- ço da cana também é maté- ria-prima para a produção de etanol com o uso da tec- nologia 2G. Para ampliar a capacida- de produtiva de etanol de se- gunda geração, a empresa vai investir na abertura de novos canaviais, só que com uma diferença: a cana energia. Diferente da cana comum, que produz uma grande quantidade de saca- rose e pouca biomassa, a ca- na energia possui mais pa- lha e mais fibras. Com isso, a cana energia é capaz de fornecer 70 toneladas de ce- lulose por hectare, enquan- to a cana comum, apenas 40. A GraalBio pretende tam- bém procurar os produtores que tenham interesse em vender o bagaço de cana e a palha que sobra nos cana- viais, e acaba sendo incine- rado. “É uma situação históri- ca, em que essas tecnolo- gias se tornaram competiti- vas. Com a evolução dos or- ganismos geneticamente modificados, o modelo se tornou mais produtivo”, afir- ma Hiltner. De acordo com os cálculos da empresa, en- quanto um litro de etanol produzido pelos meios tradi- cionais custa U$$ 0,50 (R$ 1,00), o litro do etanol pro- duzido utilizando a celulose sai por menos de U$$ 0,40 (R$ 0,80). Hoje, o produtor vende o combustível a R$ 1,08 e des- de que o governo decidiu ze- rar a Cide — imposto sobre os combustíveis — da gasoli- na e, não para o etanol, a competitividade entre os dois produtos se acentuou. A decisão, de acordo com o governo, foi para evitar o au- mento da gasolina e o im- pacto sobre a inflação. Laboratório prepara o etanol 2G Reunidos durante o World Biofuels Market Brazil 2012, evento que discute o futuro da produção dos biocombus- tíveis, em São Paulo, na últi- ma semana, industriários e produtores de cana reclama- ram das dificuldade que têm encontrado para alavancar o setor no País. O presidente da Organização dos Produto- res de Cana da Região Cen- tro-Sul (Orplana), Ismael Pe- rina, se queixou da perda de rentabilidade do etanol fren- te à gasolina e reclamou que faltariam políticas públicas para o setor. “Os últimos quatro anos foram de dificul- dades para o etanol. Houve perda de rentabilidade e de competitividade”, disse. Pa- ra André Rocha, presidente do Sindicato dos Produtores de Etanol de Goiás, é preci- so pensar em medidas de curto e médio prazo para ti- rar o setor do vermelho. “Penso que em médio prazo o governo poderia exigir maior eficiência energética dos motores flex. Já que há um incentivo na redução do IPI, que também se converta em exigências de maior ca- pacidade do álcool fazer frente à gasolina, haja vista, que o etanol tem uma defi- ciência energética de 30% com relação ao combustível fóssil. Para o curto prazo te- mos que pensar em desone- ração tributária”, disse. O empresário Maurílio Biagi Fi- lho e membro do Conselho de Desenvolvimento Econô- mico do Governo disse que o setor se “encontra no pior dos mundos”. “Precisamos de políticas públicas. Ouço falar do etanol celulósico (2G) há 20 anos. Precisamos de algo para o agora”, afir- mou. (HB/AAN) Unidade será instalada no Techno Park Usineiros se queixam de falta de estímulos à produção De celulose por hectare é a produção da cana energia, ante as 40 toneladas da cana comum EVOLUÇÃO ||| PESQUISA Divulgação Érica Dezonne/AAN Professor Gonçalo Pereira coordena a instalação de planta piloto Plantação de cana energia, que possui mais palhae fibras que a comum TONELADAS Custo de fabricação é 20% inferior ao das usinas tradicionais B14 CORREIO POPULAR ECONOMIA Campinas, domingo, 23 de setembro de 2012
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