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0 Mayara Benício Galvão BRASIL, JANEIRO/2023. FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA PÚBLICA Dos Militares. 1. Forças Armadas A Constituição Federal estabelece que as Forças Armadas são instituições nacionais permanentes e regulares destinadas à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (artigo 142). Integram as Forças Armadas a Marinha, o Exército e a Aeronáutica. As três Forças são guiadas por dois pilares constitucionais: a hierarquia e a disciplina. O Presidente da República exerce o comando Supremo das Forças Armadas (artigo 84, XIII, da CRFB/88). Cabe ao Chefe do Executivo conceder aos militares as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes. Diferentemente dos servidores públicos (civis), os militares não têm direito de greve e nem de sindicalização, porque de suas atividades dependem a ordem e a segurança pública, de maneira que deve prevalecer o interesse público. Igualmente, os militares da ativa não podem se filiar a partidos políticos (artigo 142, parágrafo 3º, V, da CRFB/88). Isso não significa que militares sejam inelegíveis, vez que o parágrafo 8º, inciso II, do artigo 14, da Constituição Federal, expõe que o militar alistável é elegível. O que se tem apenas é que a filiação partidária não lhe é exigível como condição de elegibilidade, certo que somente a partir do registro da candidatura é que será agregado. Alguns direitos/obrigações destinados aos trabalhadores, contidos no artigo 7º da Constituição Federal, e alguns destinados aos servidores públicos (artigo 37) foram estendidos aos militares. São eles: 1. décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 2. salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 3. gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 4. licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; 5. licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 6. assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 7. limitação de remuneração/subsídio, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, ao subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. 8. não vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. 9. os acréscimos pecuniários percebidos não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; 10. irredutibilidade de subsídio/vencimento, com as ressalvas constitucionais. “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial (Súmula Vinculante 6).” A CF não estendeu aos militares a garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. Aqueles que prestam serviço militar obrigatório exercem um múnus público relacionado com a defesa da soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. O § 2º do artigo 142 da Constituição Federal estabelece que não cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a vedação apenas se refere à análise de mérito da punição, porque a legalidade da medida restritiva de liberdade de locomoção poderá ser feita pelo Judiciário, mormente quanto à hierarquia, ao poder disciplinar, ao ato ligado à função e à pena susceptível de ser aplicada disciplinarmente (HC 70.648). O Supremo Tribunal Federal também não admite habeas corpus para atacar decisão que determina perda de posto e patente de militar (HC 70.852). Nos termos do artigo 143 da Constituição Federal, o serviço militar é obrigatório. Em defesa do direito de liberdade de consciência, aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem escusa de consciência (artigo 5º, inciso VIII, da CRFB/88) entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar, as Forças Armadas deverão, na forma da lei, atribuir serviço alternativo. Entende-se por serviço alternativo o exercício de atividade de caráter administrativo, assistencial ou filantrópico ou mesmo produtivo. As mulheres e os eclesiásticos, em tempo de paz, ficam isentos do serviço militar obrigatório, podendo se sujeitar a outros encargos que a lei lhes atribuir. 2. Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares são os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Essas instituições são organizadas com base na hierarquia e na disciplina (artigo 42 da Constituição Federal). As polícias militares são responsáveis pela polícia ostensiva e pela preservação da ordem pública. Os corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. As polícias militares e corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do Exército, embora estejam subordinadas aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (não estão subordinadas ao Presidente da República e nem ao Ministro de Estado de Defesa!). Aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, nos termos do artigo 42, § 1º, da Constituição Federal, aplicam-se as seguintes disposições: 1. O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade (artigo 40, § 9º, da CRFB/88). 2. Os oficiais da ativa, da reserva ou reformados são asseguradas as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes (art. 142, § 3º, I, da CRFB/88). 3. Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve (art. 142, § 3º, IV, da CRFB/88). 4. O militar da ativa não pode estar filiado a partidos políticos (art. 142, § 3º, V, da CRFB/88). 5. O militar alistável é elegível. Se o militar contar com menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade, mas se contar mais de dez anos de serviço, deverá ser agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (art. 14, § 8º, da CRFB/88) 6. O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra (art. 142, § 3º, V, da CRFB/88). 7. O oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será também submetido a julgamento para definição de perda do oficialato por indignidade (art. 142, § 3º, VII, da CRFB/88). Com efeito, a declaração de indignidade e incompatibilidade para o oficialato apresenta-se em duas modalidades: a) decorrente do julgamento do Conselho de Justificação, que tem, segundo o Supremo Tribunal Federal, natureza administrativa, o que impossibilita a interposição de recurso extraordinário; b) aquela decorrente da condenação, em crime comum ou militar, por pena privativa de liberdade superior a dois anos. 8. A competência para processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atosdisciplinares militares, é da Justiça Militar estadual, exceto quando se tratar de crime doloso contra a vida, quando a vítima for civil, porque neste caso, a competência será do Tribunal do Júri (artigo 125, § 4º, da CRFB/88). Cuidado! Militares da União quando praticam crimes dolosos contra a vida de civis, em regra, serão julgados pela Justiça Militar da União e não pelo Júri. Não cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, em regra, não poderão acumular suas atribuições com outros cargos ou empregos públicos civis. Entretanto, a Emenda Constitucional 101/2019 estendeu aos militares estaduais as mesmas possibilidades de acúmulo aplicáveis aos servidores públicos civis (art. 42, § 3º, da CRFB/88). Assim, desde que haja compatibilidade de horários, com prevalência da atividade militar, poderá o militar também exercer as seguintes atividades: a) militar e professor; b) militar e cargo técnico ou científico; c) militar profissional de saúde e profissional de saúde civil. Cuidado! O militar das Forças Armadas, como já dito, só poderá acumular a hipótese “c”, isto é, apenas poderá ocupar dois cargos (um militar e um civil) de profissional de saúde. Da Segurança Pública A segurança pública é um dos direitos sociais elencados no artigo 6º da Constituição Federal e tem a finalidade de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas (brasileiras ou estrangeiras) e do patrimônio (inclusive de pessoas jurídicas). Direito e responsabilidade de todos, é dever do Estado, que deve desenvolver políticas públicas que objetivem a sua efetivação plena. O artigo 144 da Constituição Federal enumera um rol taxativo de órgãos que compõem a segurança pública. Cabe à lei disciplinar a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. São eles: 1. Polícia Federal; 2. Polícia Rodoviária Federal; 3. Polícia Ferroviária Federal; 4. Polícias Civis; 5. Polícias Militares; 6. Corpos de Bombeiros Militares e 7. Polícias penais federal, estaduais e distrital. O legislador constituinte classificou a atividade policial em três categorias: 1) polícia administrativa 2) polícia judiciária e 3) polícia penal. A polícia administrativa atua preventivamente (para evitar que o crime aconteça) e ostensivamente (para reprimir condutas delitivas). Por outro lado, a polícia judiciária é polícia investigativa e atua depois que o crime já aconteceu, para apontar condutas delitivas e a sua autoria. ] A polícia penal, criada pela EC 104/2019, promove a segurança nos estabelecimentos penais. A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal são órgãos federais de segurança pública. Já as Polícias Civis, as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares são órgãos estaduais. As polícias penais podem ser federais, estaduais ou distrital. Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei (art. 144, § 8º, da CRFB/88). Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir a segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas (art. 144, § 10, da CRFB/88). Quanto às Guardas Municipais e aos órgãos de segurança viária, tem- se faculdade de criação, isto é, não existe a obrigatoriedade de que os Municípios instituam Guarda Municipal, nem mesmo a de que Estados, Distritos Federal e Municípios criem órgãos de segurança viária. Caso o façam, deverão ter o cuidado de, em suas legislações, não usurparem atribuições dos órgãos de segurança elencados na Constituição Federal. O Supremo Tribunal Federal, no RE 658.570, entendeu ser constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas, vez que tal atribuição não é privativa da Polícia Militar. Os servidores públicos e os militares integrantes dos órgãos de segurança pública devem ser remunerados por subsídio fixado por lei, em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação, obedecidos os tetos constitucionais (subsídio de Ministro do Supremo Tribunal Federal, no caso de órgãos federais, e do Governador, no caso de órgãos estaduais). A segurança pública não é um serviço público específico e divisível e não pode ser custeada por taxas, mas por impostos. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de lei municipal que instituiu a taxa de combate a sinistros, vez que a prevenção e o combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo consideradas atividades de segurança pública (RE 643.247). Órgãos da União A Polícia Federal, instituída por lei, é órgão permanente estruturado em carreira, organizado e mantido pela União, destinado a (art. 144, § 1º, da CRFB/88): 1. apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei. Cuidado! Cabe à Polícia Federal a apuração de infrações penais em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, mas não de sociedades de economia mista. Neste caso (crime contra o patrimônio, bens e serviços de sociedade de economia mista), cabe à Polícia Civil apurar as infrações. À polícia federal, como órgão da União, cabe apurar os crimes da competência da Justiça Comum Federal (excluídas as contravenções), nos termos do artigo 109 da Constituição Federal, ressalvada a competência da Justiça Militar. 2. prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência. A atribuição da polícia federal limita-se ao tráfico transnacional de drogas (STF. Súmula 522). Nos demais casos, a competência é dos Estados. 3. exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. 4. exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. A Polícia Rodoviária Federal é destinada, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. O patrulhamento ostensivo das ferrovias federais é da responsabilidade da Polícia Ferroviária Federal. Os dois órgãos são permanentes, estruturados em carreira e organizados e mantidos pela União. Órgãos dos Estados A Polícia Civil é responsável por fazer a polícia judiciária nos Estados (ressalvada a competência da União) e por apurar infrações penais, exceto as militares. Entende-se por infrações militares aquelas descritas no Código Penal Militar e não as que envolvam militares. Assim, a competência da Polícia Civil para apurar condutas delitivas praticadas no âmbito do Estado não abarca crimes militares. Entretanto, não exclui aqueles crimes em que há militares envolvidos, mas em situações comuns, fora do exercício das atividades militares (HC 89.102). Subordinada ao Governador, a polícia civil é dirigida por delegado de polícia de carreira. Seus integrantes são servidores públicos estaduais. Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, na ADI 3614, entendeu que ainda que o Departamento de Polícia Civil não conte com servidor de carreira para exercer as funções de delegado, o atendimento nas delegacias não poderá ser feito por militares estaduais, já que cabe à Polícia Civil o papel de polícia investigativa. A respeitodos delegados, o Supremo Tribunal Federal entende incabível a concessão de foro por prerrogativa de função a essas autoridades, dada a incompatibilidade entre a prerrogativa de foro e outros dispositivos constitucionais, mormente o que dá ao Ministério Público permissão para exercer o controle externo da atividade policial (ADI 2587). A competência para legislar sobre organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis é concorrente (artigo 24, XVI, da CRFB/88). Assim, cabe à União também legislar sobre o tema, desde que para criar normas gerais. Os Estados, no caso, exercem a competência suplementar (acrescentam normas específicas). A Polícia Militar atua ostensivamente e preventivamente, para assegurar a ordem pública. O Corpo de Bombeiros Militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. A iniciativa de lei que disponha sobre Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares é privativa do Governador, vez que a gestão da segurança pública estadual é atribuição do Chefe de Governo (ADI 2819). Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. Lembre-se: a polícia penal pode ser federal, estadual ou distrital. 1. No tocante ao Distrito Federal, a Constituição Federal estabelece que compete à União organizar e manter a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militares (artigo 21, inciso XIV) e que lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil, penal e militar e do Corpo de Bombeiros Militares (art. 32, § 4º). Assim, o Distrito Federal não tem competência para legislar sobre o assunto, de forma que cabe à União regulamentar a carreira, o subsídio, a aposentadoria/reforma e o número de membros desses órgãos de segurança pública. Entretanto, Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal são subordinados ao Governador do Distrito Federal (e não ao Presidente da República). 2. Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, embora policiais civis, federais, ferroviários federais e rodoviários federais sejam servidores públicos civis, não fazem jus ao direito de greve previsto no artigo 37, VII, da CRFB/88, em razão da essencialidade do serviço que prestam à sociedade. Essa mesma interpretação foi estendida aos integrantes das guardas municipais. Assim, todos os integrantes da segurança pública não podem fazer greve (ARE 654.432). QUESTÕES COMENTADAS 1-(2018/CESPE/PGM - Manaus – AM/Procurador do Município) Considerando a jurisprudência do STF a respeito do direito de greve dos servidores públicos, julgue o item seguinte. Os servidores públicos, sejam eles civis ou militares, possuem direito a greve. Gabarito: Errado. A Constituição Federal proíbe expressamente a greve aos militares, quer sejam da União quer sejam dos Estados (artigo 142, parágrafo 3º, IV, da CF). Na mesma linha, o STF, ao fazer interpretação teleológica da Constituição, entendeu que todos os servidores públicos integrantes dos órgãos de segurança pública não têm direito a greve, vez que o braço armado do Estado não pode paralisar as suas atividades (ARE 654.432). 2-(2016/FUNDATEC/ Prefeitura de Porto Alegre/Procurador) Consoante orientação, analise as assertivas abaixo: I. O Plenário do STF, com repercussão geral, decidiu que as guardas municipais têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas. II. O STF, em sede de repercussão geral, decidiu que não há responsabilidade solidária dos entes federados no dever de prestar assistência à saúde, tendo cada qual obrigações específicas definidas na Constituição Federal. III. O STF, em sede de repercussão geral, decidiu que o município é competente para legislar sobre meio ambiente com a União e o Estado no limite do seu interesse local e desde que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados. Quais estão corretas? A) Apenas I. B) Apenas I e II. C) Apenas I e III. D) Apenas II e III. E) I, II e III. Gabarito: C I. Certo. O Supremo Tribunal Federal, no RE 658.570, entendeu ser constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas, vez que tal atribuição não é privativa da Polícia Militar. II. Errada. Para o STF, “constitui obrigação solidária dos entes da Federação o dever de tornar efetivo o direito à saúde em favor de qualquer pessoa, notadamente de pessoas carentes”.(RE 855.178) III. Certo. "O município é competente para legislar sobre o meio ambiente, com a União e o Estadomembro, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (RE 586.224) 3-(2016/VUNESP/TJM-SP/Juiz de Direito Substituto) De acordo com a Constituição Federal, consideradas as peculiaridades das atividades exercidas pelos policiais militares, é correto afirmar que A) o militar que puder concorrer a cargos eletivos e contar com menos de dez anos de serviço será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. B) as polícias militares e os corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do Exército, justificando-se sua sujeição ao poder disciplinar das Forças Armadas. C) ao militar são proibidas a sindicalização e a greve, mas permitida a filiação a partidos políticos enquanto em serviço ativo, uma vez que é assegurado seu direito de concorrer a cargos eletivos. D) a lei disporá sobre o ingresso, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares. E) a perda de graduação como pena acessória criminal, ou em virtude de sanção disciplinar administrativa, é de competência exclusiva da Justiça Militar estadual, nos termos do § 4o do art. 125 da Constituição Federal. Gabarito: D A) Errado. O militar alistável que contar com menos de dez anos de serviço será afastado (artigo 14, parágrafo 8º, da CRFB/88). B) Errado. As polícias militares e os corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do Exército, mas subordinadas ao Governador. C) Errado. Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve. O militar da ativa não pode ter filiação partidária. D) Certo. O inciso X do § 3º do artigo 144 da Constituição dispõe que “a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.” E) Errado. Nos termos do § 4o do art. 125 da Constituição Federal, compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. Nem todos os Estados têm Justiça Militar própria, apenas os que têm mais de 20 mil militares poderão criar a Justiça Militar Estadual. 4-(2015/FCC/DPE-MA/Defensor Público) Considere as seguintes situações à luz da Constituição da República: I. Membro de Corpo de Bombeiros Militar que, com doze anos de serviço, é eleito paraexercer mandato de Deputado Estadual, passando, no ato da diplomação, automaticamente para a inatividade. II. Pensionista de membro de Corpo de Bombeiros Militar que percebe o benefício previdenciário em conformidade com o quanto fixado em lei específica do Estado respectivo. III. Membro de Polícia Militar que impetra habeas corpus contra a imposição de punição disciplinar militar, com vistas a questionar-lhe os pressupostos de legalidade. IV. Lei estadual específica que dispõe sobre ingresso, limites de idade, estabilidade e condições de transferência para a inatividade, em relação aos membros da Polícia Militar do Estado, prevendo, ainda, que compete ao Governador conferir as patentes de seus oficiais. Está correto o quanto se afirma em A) II, apenas. B) I, II, III e IV. C) I, II e IV, apenas. D) III e IV, apenas. E) I e III, apenas. Gabarito: B I. Certo. Militares que contam com mais de dez anos de serviço e querem concorrer a mandato eletivo deverão ser agregados. Se eleitos, no ato da diplomação, devem ser postos na inatividade (art. 14, § 8º, da CF). II. Certo. O artigo 42, § 2º, da Constituição dispõe que aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal. III. Certo. O artigo 142. § 2º dispõe que não caberá habeas corpus para combater o mérito de punições disciplinares militares.Entretanto, cabe HC para questionar a ilegalidade da medida. IV. Certo. O artigo 42, § 1º, da Constituição assevera que aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 142, § 3º, da Constituição, de maneira que o inciso X desse dispositivo afirma que lei específica disporá sobre as matérias elencadas. 5-(2013/MPM/MPM/Promotor de Justiça Militar) ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA: A) Pela atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é cabível o habeas corpus impetrado para discutir os pressupostos de legalidade de punição disciplinar militar. B) É constitucional legislação estadual que crie taxa de segurança pública tendo como fato gerador a efetiva ou potencial utilização, por pessoa determinada, dos serviços ou atividades policiais- militares, inclusive o policiamento preventivo, nas hipóteses de eventos privados abertos ao público, mesmo que sem participação paga. C) Em relação ao atual regime da declaração de inconstitucionalidade, é possível afirmar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não adotou a teoria da transcendência dos motivos determinantes, de modo que o efeito vinculante refere-se à decisão em si de inconstitucionalidade, mas não alcança a fundamentação ou razão que levou o tribunal a decidir daquela forma (ratio decidendi). D) Qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da Organização dos Estados Americanos pode apresentar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos petições que contenham denúncias ou queixas de violação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos por um Estado membro. Gabarito: B A) Certa. Pela atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é cabível o habeas corpus impetrado para discutir os pressupostos de legalidade de punição disciplinar militar. O que não se admite é a utilização de habeas corpus para combater o mérito da punição disciplinar, para não haver interferência do Judiciário em ato discricionário. B) Errada. É inconstitucional legislação estadual que crie taxa de segurança pública, vez que a segurança pública não é um serviço público divisível. O custeamento da segurança pública se dá por meio da arrecadação de impostos. C) Certa. Em relação ao atual regime da declaração de inconstitucionalidade, é possível afirmar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não adotou a teoria da transcendência dos motivos determinantes, de modo que o efeito vinculante refere-se à decisão em si de inconstitucionalidade, mas não alcança a fundamentação ou razão que levou o tribunal a decidir daquela forma (ratio decidendi). Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal já admite a abstrativização do controle difuso de constitucionalidade. D) Certa. O direito de petição junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, para apresentar denúncias ou queixas de violação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos por um Estado membro é a todos assegurado.
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