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CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA VANESSA CAMILA DE OLIVEIRA FONSECA ANÁLISE FINANCEIRA E O PAPEL DO ANALISTA NA SOCIEDADE JUNDIAÍ – SP 2011 CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA VANESSA CAMILA DE OLIVEIRA FONSECA ANÁLISE FINANCEIRA E O PAPEL DO ANALISTA NA SOCIEDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pela aluna Vanessa Camila de Oliveira Fonseca, à disciplina do curso de Ciências Contábeis pelo Centro Universitário Padre Anchieta, como requisito parcial para colação de grau de Bacharel em Ciências Contábeis, sob a orientação do Professor Especialista Jair Perandini. JUNDIAÍ – SP 2011 Dedico este trabalho ao meu marido Rui Donizeti Fonseca e aos professores Jair Perandini e Aristides Lucas Guimarães. AGRADECIMENTO Ao Rui, meu marido, que com sua presença amorosa, tem compartilhado bons e maus momentos ao meu lado, fazendo meu dia a dia ser diferente e melhor. Que me ajudou a acreditar que eu era capaz e acima de tudo por todos os conselhos, todo carinho, cumplicidade e compreensão. Aos meus pais, Flávio e Solange, que de forma indireta tem me incentivado a buscar meus objetivos que é de estar cursando minha faculdade. Aos meus professores, que se dedicaram e me deram atenção para poder realizar este projeto. E a todos que de forma direta e indiretamente tem me ajudado no desenvolvimento deste trabalho. “arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivemos em mente dos relatórios tradicionais de suas extensões, se for o caso”. Deve-se ter a consciência de que a Análise das Demonstrações Financeiras é uma arte, que por sua vez não existe nenhum roteiro padronizado que leve sempre às mesmas conclusões, dentro das mesmas circunstâncias. Outro fator a ser lembrado, é que a Análise das Demonstrações Financeiras, pela sua natureza financeira, apresenta limitações, que deverão ser sempre lembradas. (Sérgio Iudicibus, 1998). RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar as mudanças que vem ocorrendo na profissão de Contabilidade, pois antes o contador, que era visto meramente como um “guarda - livros”, hoje tornou-se um agente indispensável nas empresas, fornecendo dados essenciais aos empresários para a tomada de decisão, por isso atualmente necessita sempre estar à frente das várias informações de diversificados setores, para assim ser capaz de transmitir a qualquer pessoa que as necessita. Os empresários devem estar atentos a todas as mudanças e os profissionais de contabilidade, devem estar sempre se atualizando, já que o mercado de trabalho e todas as suas necessidades, estão cada vez mais exigentes, beneficiando a todos. Cabe a todos nós divulgar e esclarecer para toda a sociedade a importância de se trabalhar em conjunto, respectivamente em sua área, não esquecendo-se de observar o que está ao nosso redor e acima de tudo, valorizar o serviço do próximo, obtendo dessa forma o objetivo em comum: o sucesso e a prosperidade do país. Palavra-chave: Empresa; Dados essenciais. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Demonstrações Financeiras ................................................................................... 31 Tabela 2 – Análise Vertical das Demonstrações Financeiras .................................................. 32 Tabela 3 – Demonstrações Financeiras ................................................................................... 33 Tabela 4 - Análise Horizontal das Demonstrações Financeiras .............................................. 34 Tabela 5 – Análise Margem x Giro (Du Pont) ........................................................................ 55 Tabela 6 – Balanço patrimonial após evento econômico de captação de recursos ................. 57 Tabela 7 – Balanço patrimonial após evento econômico de aquisição de imobilizado. .......... 59 Tabela 8 – Balanço Patrimonial após evento econômico de compra de mercadorias. ............ 60 Tabela 9 – Balanço patrimonial após evento econômico de venda de mercadorias. ............... 62 Tabela 10 – Balanço patrimonial após evento econômico de despesas operacionais. ............ 64 Tabela 11 – Estrutura de custos e despesas – em percentual. .................................................. 66 Tabela 12 – Balanço patrimonial após evento econômico de despesas financeiras. ............... 67 Tabela 13 – Balanço patrimonial após evento econômico de impostos sobre o lucro. ........... 68 Tabela 14 – Balanço Gerencial “Natura Cosméticos S.A”...................................................... 73 Tabela 15 – Análise Horizontal x Vertical (Balanços Patrimoniais) ....................................... 80 Tabela 16 – Análise Horizontal x Vertical (Demonstrações Financeiras) .............................. 81 Tabela 17 – Prazo de Retorno do Investimento ....................................................................... 84 Tabela 18 – Esquema Du Pont................................................................................................. 85 Tabela 19 – Ciclo Operacional ................................................................................................ 98 Tabela 20 – Necessidade de Capital Giro ................................................................................ 99 Tabela 21 – Fator de Insolvência ........................................................................................... 101 Tabela 22 – Alavancagem Financeira “GAF” ....................................................................... 102 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Objetivos da análise econômico-financeira. .......................................................... 36 Figura 2 – Partes interessadas na análise econômico-financeira. ............................................ 37 Figura 3 – Ciclo Operacional de compras e vendas. ............................................................... 42 Figura 4 - Ciclo de Conversão de Caixa. ................................................................................. 43 Figura 5 – Termômetro de Insolvência. .................................................................................. 50 Figura 6 – Estrutura do Passivo. .............................................................................................. 58 Figura 7 – Estrutura do Ativo. ................................................................................................. 60 Figura 8 – Balanços Patrimoniais. ........................................................................................... 71 Figura 9 – Demonstrações Financeiras.................................................................................... 72 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ANÁLISE FINANCEIRA ................................ 12 1.1. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS EXIGIDAS ................................................ 13 1.1.1. Demonstrações Financeiras Comparativas ........................................................................................ 13 1.1.2. Notas Explicativas ............................................................................................................................... 14 1.1.3. Parecer dos Auditores Independentes ................................................................................................14 1.1.4. Normas emitidas pela CVM de acordo com os padrões internacionais ............................................ 14 1.1.5. Finalidade das demonstrações contábeis pelo CFC........................................................................... 15 1.2. BALANÇO PATRIMONIAL .................................................................................. 16 1.2.1. Ativo ..................................................................................................................................................... 16 1.2.2. Ativo Circulante e Realizável a longo prazo ...................................................................................... 16 1.2.3. Passivo ................................................................................................................................................. 19 1.2.4. Passivo Circulante e Passivo Não Circulante .................................................................................... 19 1.2.5. Patrimônio Líquido ............................................................................................................................. 20 1.3. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO .................................... 22 1.3.1. Receita Bruta, deduções das vendas, abatimentos e impostos ........................................................... 22 1.4. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ........................................................ 24 1.4.1. Caixa e equivalentes de caixa ............................................................................................................. 24 1.4.2. Forma da demonstração dos fluxos de caixa ..................................................................................... 24 1.5. DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ................................................. 26 1.5.1. Receitas ................................................................................................................................................ 27 1.6. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÕNIO LÍQUIDO .............. 29 2. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL ........................................................... 30 2.1. ANÁLISE VERTICAL ............................................................................................ 30 2.2. ANÁLISE HORIZONTAL ...................................................................................... 33 3. INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS ............................................... 35 3.1. ÍNDICES DE LIQUIDEZ ........................................................................................ 38 3.1.1. Indicadores e Prazos de Realização.................................................................................................... 39 3.1.2. Liquidez Corrente ................................................................................................................................ 39 3.1.3. Liquidez Seca ...................................................................................................................................... 39 3.1.4. Liquidez Imediata ................................................................................................................................ 40 3.1.5. Liquidez Geral ..................................................................................................................................... 40 3.2. ÍNDICES DE ATIVIDADE PRAZOS MÉDIOS .................................................... 41 3.2.1. Índices de Atividades e Situação Financeira ..................................................................................... 42 3.2.2. Necessidade de Capital de Giro .......................................................................................................... 43 9 3.3. ESTRUTURA DE CAPITAL .................................................................................. 45 3.3.1. Imobilização do Capital Próprio ......................................................................................................... 45 3.3.2. Endividamento Geral .......................................................................................................................... 46 3.3.3. Endividamento Financeiro ................................................................................................................. 46 3.3.4. Estrutura do Ativo ............................................................................................................................... 46 3.3.5. Estrutura do Passivo ........................................................................................................................... 47 3.3.6. Índices Combinados ............................................................................................................................ 49 3.4. ANÁLISE DA RENTABILIDADE ......................................................................... 52 3.4.1. Análise da Taxa de Retorno sobre Investimentos (Margem de Lucro x Giro do Ativo) .................. 52 3.4.2. Análise da Margem x Giro .................................................................................................................. 54 3.4.3. A Fórmula Du Pont ............................................................................................................................ 54 3.5. GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA ....................................................... 56 3.6. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ÍNDICES ............................................. 57 4. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONOMICA, FINANCEIRA E DA RENTABILIDADE DA EMPRESA NATURA COSMÉTICOS S.A. NO PERÍODO DE 2008 E 2 2009. ......................................................................................................................... 70 4.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 70 4.2. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ..................................................................... 71 4.3. BALANÇO GERENCIAL ........................................................................................ 73 5. SITUAÇÃO ECONOMICA – ESTRUTURA PATRIMONIAL ......................... 74 5.1. ESTRUTURA DAS FONTES ................................................................................... 74 5.1.1. Participação do Capital de Terceiros no Ativo Total (Endividamento) ............................................. 74 5.1.2. Participação do Capital Próprio no Ativo Total ................................................................................. 75 5.1.3. Permanência do Capital Próprio ........................................................................................................ 75 5.2. ESTRUTURA DAS APLICAÇÕES ......................................................................... 77 5.2.1. Participação do Capital de Giro de Curto Prazo no Ativo Total ....................................................... 77 5.2.2. Participação do Capital de Giro de Longo Prazo no Ativo Total ...................................................... 78 5.2.3. Participação do Capital Fixo no Ativo Total ...................................................................................... 79 5.3. ANÁLISE VERTICAL X HORIZONTAL ............................................................... 80 5.4. RENTABILIDADE ................................................................................................... 82 5.4.1. Margem de Lucro Operacional .......................................................................................................... 82 5.4.2. Rentabilidade Do Investimento Global (ROI) 5 ................................................................................... 83 5.5. PRAZO DE RETORNO DO INVESTIMENTO (ISOQUANTA) ............................ 84 5.6. ESQUEMA DU PONT .............................................................................................. 85 5.7. SEGREGAÇÃO DOROI .......................................................................................... 86 5.7.1. Lucro produzido pelo Capital Próprio (R$)........................................................................................ 86 5.7.2. Lucro produzido pelo Capital Próprio (R$)........................................................................................ 86 10 5.7.3. Rentabilidade do Capital Próprio (ROI – Capital Próprio) ............................................................... 86 5.7.4. Rentabilidade do Capital de Terceiros ................................................................................................ 87 5.8. REMUNERAÇÃO ..................................................................................................... 88 5.8.1. Remuneração do Capital Realizado ................................................................................................... 88 5.8.2. Remuneração pelo Capital Próprio .................................................................................................... 89 5.9. ÍNDICES DE LIQUIDEZ (SITUAÇÃO FINANCEIRA) ......................................... 90 5.9.1. Liquidez Seca ...................................................................................................................................... 90 5.9.2. Grau de Dependência dos Estoques ................................................................................................... 91 5.9.3. Liquidez Geral ..................................................................................................................................... 91 5.10. GARANTIA DE CAPITAL DE TERCEIROS ......................................................... 93 5.11. SOLVÊNCIA GERAL .............................................................................................. 94 5.12. ESTOQUE ................................................................................................................. 95 5.12.1. Rotação de Estoque ............................................................................................................................. 95 5.12.2. Prazo de Permanência dos Estoques .................................................................................................. 95 5.13. DUPLICATA A RECEBER (CLIENTES) ............................................................... 96 5.13.1. Rotação de Duplicatas a Receber ....................................................................................................... 96 5.13.2. Prazo Médio de Recebimento das Vendas .......................................................................................... 96 5.14. PAGAMENTO DAS COMPRAS ............................................................................. 97 5.14.1. Rotação de Fornecedores .................................................................................................................... 97 5.14.2. Prazo Médio de Pagamento das Contas ............................................................................................. 97 5.15. DETERMINAÇÃO DA NCG (NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO) ........... 99 5.16. TERMÔMETRO DE INSOLVÊNCIA ................................................................... 100 5.16.1. Termomêtro de Insolvência (Kanitz) ................................................................................................ 100 5.17. ALAVANCAGEM FINANCEIRA “GAF” ............................................................ 102 5.18. RELATÓRIO CONCLUSIVO “NATURA COSMÉTICOS S.A” ......................... 103 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 104 11 INTRODUÇÃO O analista é qualquer profissional que desenvolva a análise de uma empresa. Portanto, ele se preocupa com as demonstrações financeiras que, por sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam concluir se a empresa merece ou não de crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívidas, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá falir ou se continuará operando. A responsabilidade profissional do Analista é de interpretar as informações disponíveis e emitir seu parecer, cabendo a ele analisar com cautela as situações duvidosas, ocorridas pelo fato das informações não serem suficientemente claras, procedendo assim, nesse caso, a uma reclassificação de contas dentro de uma forma conservadora. Conforme referências bibliográficas este trabalho enfatiza a importância de prover informações e dissecá-las para seu melhor entendimento para curto e longo prazo tendo em vista a projeção de resultados. O objetivo deste trabalho é apresentar as Demonstrações Financeiras e sua estrutura, onde os mesmos são as bases e diretrizes para o desenvolvimento das análises, conforme as Normas Brasileiras de Contabilidade. 12 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ANÁLISE FINANCEIRA A prática da Análise das Demonstrações Contábeis, ou simplesmente, Análise de Balanços é comumente posicionada nos primórdios da Contabilidade. Em seu estado primitivo, a utilização da Contabilidade remonta a ± 4000 a.C, época em que se registram os primeiros inventários de rebanhos, principal atividade econômica daqueles tempos, bem como a preocupação do homem em inventariar a variação da riqueza em determinado período (aumento do rebanho). Diante da análise da variação do rebanho, realizada pela comparação entre o que já existia e o que foi acrescido ou reduzido (nascimentos e mortes) é possível afirmar que a Análise de Balanços é tão antiga quanto à Contabilidade. Mesmo diante dessa afirmação posiciona-se em época mais recente o surgimento da Análise das Demonstrações Contábeis em caráter mais sólido e desenvolvido. No século XIX, verifica-se a maturidade dos sistemas de créditos, em primeira manifestação dos banqueiros americanos, que passaram a solicitar das empresas candidatas a contrair empréstimos, a apresentação das suas demonstrações contábeis (mais precisamente o Balanço). Devido à exigência de início, somente do Balanço para se efetuar a análise, firmou-se a expressão Análise de Balanços, que perdura até os dias de hoje. Com o tempo, a exigência foi ampliada para outras demonstrações contábeis, como a Demonstração do Resultado do Exercício, porém sem a inclusão no nome da técnica. O argumento que se utilizava para a manutenção do nome era de que a Demonstração do Resultado do Exercício nada mais era do que um Balanço de Resultado, assim como o Fluxo de Caixa sendo um Balanço Financeiro. Com o surgimento dos Bancos Governamentais, bastante interessados na situação econômico-financeira das empresas tomadores de financiamentos, e a abertura do Capital por parte das empresas (companhias, S.A), tornando possível a participação societária de pequenos e grandes investidores, a Análise de Balanços desenvolveu-se ainda mais, tornando- se indispensável ferramenta para a tomada de decisão. 13 1.1. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS EXIGIDAS A Sociedade anônima é obrigada a preparar as suas demonstrações contábeis na data de encerramento do seu exercício social, sendo prevista no seu estatuto social. Na prática, essas demonstrações financeiras são elaboradas ao final de cada mês, de forma a permitir que a administração da Sociedade possa ser acompanhada periodicamente. Os objetivos dessas demonstrações contábeis são os seguintes: Balanço patrimonial (BP) – é a situação patrimonial e financeira da Sociedade. Demonstração do Resultado (DRE) – é o quanto a Sociedade ganhou (lucro) ou perdeu (prejuízo) durante o exercício social. Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA)1 – são as alterações ocorridas durante o exercício social na conta de lucros ou prejuízos acumulados. Demonstraçãodos Fluxos de Caixa (DFC)2 – são os pagamentos e recebimentos ocorridos durante o exercício social, relacionados com as atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos da Sociedade. Demonstração do Valor Adicionado (DVA) – relata a riqueza gerada pela Sociedade e como foi distribuída e retida, durante o exercício social. 1.1.1. Demonstrações Financeiras Comparativas Conforme a lei societária as demonstrações deverão conter os números do exercício social atual e do exercício social anterior. O grande objetivo da comparação é que a análise de uma empresa é feita sempre com vista no futuro. Por isso, é fundamental verificar a evolução passada, e não apenas a situação de um momento. _____________________________________ 1 A Sociedade tem como a opção de preparar a demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) em substituição à DLPA. 2 Com a reforma na lei societária (Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09) substituiu a demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR) pela DFC e instituiu a DVA. 14 1.1.2. Notas Explicativas As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas, quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis necessárias á plena avaliação da situação e da evolução patrimonial da empresa. A lei enumera o mínimo dessas notas e induz à sua ampliação quando for necessário para o devido “esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício”. Nesse mínimo incluem-se a descrição dos critérios de avaliação dos elementos patrimoniais e das práticas contábeis adotadas, dos ajustes dos exercícios anteriores, reavaliações, ônus sobre ativos, detalhamentos das dívidas de longo prazo, do capital e dos investimentos relevantes em outras empresas eventos subseqüentes importantes após a data do balanço etc. 1.1.3. Parecer dos Auditores Independentes As demonstrações contábeis são sempre de responsabilidade da administração da empresa e são assinadas pelo contabilista devidamente autorizado. O parecer de auditores independentes sobre elas é de fundamental importância. Por esse motivo foi determinado que as demonstrações contábeis das companhias abertas sejam auditadas por auditores independentes registrados na CVM. Além disso, normas específicas exigem que as instituições subordinadas ao Banco Central, à Superintendência de Seguros Privados e outras também tenham suas demonstrações contábeis auditadas. 1.1.4. Normas emitidas pela CVM de acordo com os padrões internacionais Esse parágrafo foi introduzido na lei nº 6.404/76 e pela lei nº 11.638/07. O Brasil decidiu utilizar o padrão contábil internacional do IASB (pronunciamentos técnicos denominados de IASB e IFRS). As normas contábeis estão sendo emitidas pelo CPC e a CVM que torna-as obrigatórias para as companhias abertas. 15 1.1.5. Finalidade das demonstrações contábeis pelo CFC As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informações da entidade acerca do seguinte: (a) ativos; (b) passivos; (c) patrimônio líquido; (d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; (e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e (f) fluxos de caixa. Essas informações, juntamente com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis na previsão dos futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração. 16 1.2. BALANÇO PATRIMONIAL A expressão balanço decorre do equilíbrio: Ativo = Passivo + PL, ou da igualdade: Aplicações = Origens. Parte-se da idéia de uma balança de dois pratos em que sempre se encontra a igualdade A expressão patrimonial origina-se do Patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos e obrigações. Daí origina-se a expressão Patrimônio Líquido, que significa a parte líquida do patrimônio, a riqueza líquida da empresa num processo de continuidade, a situação líquida. Juntando as duas expressões, forma-se o Balanço Patrimonial, o equilíbrio do patrimônio, igualdade patrimonial. 1.2.1. Ativo São todos os bens e direitos de propriedade e controle da empresa, que são avaliáveis em dinheiro e que representam benefícios presentes ou futuros para a empresa. Bens: máquinas, terrenos, estoques, dinheiro (moeda), ferramentas, veículos, instalações etc. Direitos: contas a receber, duplicatas a receber, títulos a receber, ações títulos de crédito etc. Para ser Ativo é necessário que qualquer item preencha quatro requisitos simultaneamente: a) constituir bem ou direito para a empresa; b) ser de propriedade, posse ou controle de longo prazo da empresa; c) ser mensurável monetariamente; d) trazer benefícios presentes ou futuros. 1.2.2. Ativo Circulante e Realizável a longo prazo No ativo circulante e no realizável a longo prazo, são classificado os bens e direitos realizáveis da Sociedade. Os bens e direitos que irão realizar-se até o término do exercício 17 social seguinte são registrados no ativo circulante; após esse prazo, são contabilizados no realizável a longo prazo. A realização está no sentido de se transformar em dinheiro ou ser apropriado como despesa ao resultado do exercício (despesa antecipada). Os principais subgrupos dessas contas são os seguintes: Disponibilidades; Contas a receber; Estoques; Títulos, valores mobiliários e bens; Despesas antecipadas. As contas são dispostas nos grupos de contas do ativo circulante e do realizável a longo prazo por ordem decrescente de grau de liquidez. Note que os estoques de produtos acabados (sociedade industrial) ou de mercadorias (sociedade comercial) são vendidos a prazo aos clientes, se transformam em contas a receber de clientes, que depois de recebidas se convertem em disponibilidades. Visão geral dos subgrupos de contas do ativo circulante e do realizável a longo prazo: Disponibilidades – contempla dinheiro em caixa, saldos de contas bancárias e aplicações financeiras. Esses recursos são detidos com a finalidade de ir ao encontro dos compromissos de caixa a curto prazo da sociedade e não para investimento ou outros propósitos. Contas a receber – as contas a receber representam direitos adquiridos por vendas a prazo de bens e serviços relacionados com o objetivo social da Sociedade. Estoques - os estoques representam bens destinados à venda ou à fabricação, relacionados com objetivos e atividades da Sociedade. Títulos valores mobiliários e bens – nesse grupo de contas, são classificados principalmente as aplicações financeiras e os ativos destinados à venda, que não sejam estoques e títulos de liquidez imediata. 18 Despesas antecipadas - as despesas antecipadas representam o saldo de pagamentos efetuados referentes a serviços ainda não totalmente recebidos. Investimentos: Nesse grupo de contas, são classificadas principalmente as participações societárias em sociedades controladas, coligadas e controladas em conjunto. Sociedades controladas - é definido como a possibilidade de dirigir as políticas financeiras e operacionais de uma empresa, a fim de obter os benefícios e riscos de suas atividades.Sociedades coligadas - uma sociedade é considerada como coligada quando a investidora possui influência significativa. A influência significativa é geralmente evidenciada em uma ou mais das seguintes formas: 1. Representação no conselho de administração ou órgão equivalente da investida; 2. Participação nos processos de criação de políticas; 3. Transações relevantes entre o investidor e a investida; 4. Intercâmbio de pessoal administrativo; 5. Fornecimento de informações técnicas essenciais. Imobilizado: São classificados nesse grupo de contas os ativos fixos utilizados na manutenção das atividades da companhia. A seguir os bens classificados no imobilizado: 1. Terrenos; 2. Edifícios; 3. Máquinas e equipamentos; 4. Instalações; 5. Móveis e utensílios; 6. Veículos; 7. Computadores; 8. Ferramentas; 9. Construções em andamento; 10. Adiantamentos a fornecedores para compra de bens do imobilizado. 19 Intangível: Os ativos intangíveis são usados na manutenção dos negócios da Companhia, e se diferenciam dos ativos imobilizados por não terem existência física: São exemplos de ativos intangíveis: 1. Marcas (aquisição da marca de um produto bastante conhecida no mercado); 2. Patentes (fórmulas de novos produtos). 1.2.3. Passivo Simplificadamente, evidência toda a obrigação (dívida) que a empresa tem com terceiros; contas a pagar, fornecedores de matéria-prima (a prazo), impostos a pagar, financiamentos, empréstimos etc. 1.2.4. Passivo Circulante e Passivo Não Circulante No passivo circulante e no passivo não circulante, são classificadas as dívidas da Sociedade. As dívidas com expectativa de liquidação até o término do exercício social seguinte são classificadas no passivo circulante; após esse prazo, são registradas no passivo não circulante. As obrigações da Sociedade compreendem geralmente os seguintes grupos de contas: Empréstimos e financiamentos a pagar – são recursos captados pela Sociedade para financiar suas operações (vendas a prazo a clientes, compras de bens do ativo imobilizado e etc). Fornecedores a pagar - são compras a prazo de bens (estoques, imobilizados etc.) e serviços de terceiros no país e no exterior. Impostos sobre o lucro a pagar – são dívidas tributárias devidas com base no lucro fiscal apurado pela Sociedade. 20 Impostos sobre a receita a pagar – são impostos que são calculados sobre a receita bruta, tais como ICMS, IPI, ISS, PIS e COFINS. Folha de pagamento a pagar – são valores devidos relacionados com pessoal, tais como salários, encargos sociais, 13° salário e férias. Adiantamentos a clientes – são recursos recebidos antecipadamente de clientes por conta de futura entrega de bens e serviços. Provisões para contingências tributárias, trabalhistas e cíveis – são processos movidos por terceiros contra a Sociedade, cuja probabilidade de perda foi considerada como provável. 1.2.5. Patrimônio Líquido Evidencia recursos dos proprietários aplicados no empreendimento. O investimento inicial dos proprietários (a primeira aplicação) é denominado, contabilmente, Capital Social. Capital Social - O capital social é constituído ou aumentado através de contribuições dos acionistas com bens suscetíveis de avaliação em dinheiro, transferências de dívidas e incorporação de recursos de reservas de capital, de reservas de lucros e de lucros acumulados. Reservas de Capital - Consiste em registrar doações e subvenções para investimento, ágio e deságio na emissão de ações, entre outros casos. Reservas de Lucros - As reservas de lucros representam valores retidos de lucros apurados pela Sociedade, ou seja, são constituídas com o objetivo de atender à lei (legal), ao estatuto (estatutária) e às determinações dos administradores e acionistas (contingências, incentivos fiscais, retenção de lucro a realizar). Lucros ou Prejuízos Acumulados - Essa conta representa o saldo remanescente dos lucros (ou prejuízos) líquidos das apropriações para reservas de lucros e dos dividendos distribuídos, saldo esse que faz parte do patrimônio líquido na data do Balanço e também representa a interligação entre o Balanço e a Demonstração do Resultado do Exercício. 21 Dividendos - Os dividendos representam uma destinação do lucro do exercício, dos lucros acumulados ou de reservas de lucros aos acionistas da companhia. Em casos especiais, poderão ser utilizadas as reservas de capital para o pagamento de dividendos às ações preferenciais. Ações em Tesouraria - Representa uma conta de natureza devedora, classificada no patrimônio líquido, onde são registradas as aquisições de ações de emissão da própria Companhia, em contrapartida com conta-corrente bancária, no caso de compras a vista, ou em contrapartida com conta passivo, no caso de uma aquisição a prazo. Ajuste a Valor Presente - Esse critério contábil é imprescindível para ajustar o valor das obrigações e dos créditos prefixados que contenham, dentro de seu valor nominal, uma parcela de juros como compensação do prazo de pagamento ou recebimento. Dessa maneira, uma venda ou uma compra a prazo, ainda não recebida ou paga, deve ser ajustada à data do balanço, extraindo-se os juros computados no seu valor que foram adicionados para fazer face ao prazo de realização. 22 1.3. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO O objetivo dessa demonstração é relatar efetivamente o desempenho em termos de lucro ou prejuízo apurado pela companhia durante o exercício social. As receitas e as despesas são computadas no resultado de acordo com certas regras contábeis estabelecidas na Lei nº 6.404/76 e nos pronunciamentos técnicos do CPC, sendo a principal o regime de competência, independentemente se as despesas foram pagas. 1.3.1. Receita Bruta, deduções das vendas, abatimentos e impostos Representam vendas de mercadorias (Sociedade comercial), de produtos (Sociedade industrial) e de serviços (Sociedade prestadora de serviços), relacionadas com o objetivo social da entidade. A receita líquida representa a receita bruta deduzida dos impostos correspondentes, das devoluções de clientes, dos descontos (após emissão da nota fiscal, como por exemplo, em função de defeitos nos produtos) e das bonificações (devido ao volume de compras do cliente). Custo dos produtos e serviços vendidos - Representa o custo das mercadorias vendidas (Sociedade comercial), dos produtos vendidos (Sociedade industrial) e dos serviços prestados (Sociedade prestadora de serviços). Despesas com vendas e gerais e administrativas - As despesas de vendas estão diretamente relacionadas com os esforços da Sociedade em realizar as vendas, tais como salários e encargos sociais dos vendedores, comissões sobre vendas, gastos com entrega dos produtos vendidos, propaganda e publicidade etc. As despesas gerais e administrativas estão vinculadas aos gastos com manutenção da estrutura administrativa da Sociedade, tais como salários e encargos sociais do pessoal administrativo, depreciação do ativo fixo administrativo, telefone, luz, água etc. Despesas financeiras e outras despesas e perdas - No grupo das despesas financeiras, são classificadas as despesas incorridas com a utilização de recursos de terceiros, tais como: juros, 23 variação monetária, variação cambial, comissão bancária na abertura de financiamentos, impostos sobre operações financeiras etc. Receitas financeiras e demais receitas e ganho - No grupo das receitas financeiras, são registradas as receitas auferidas em função de terceiros utilizarem os recursos da empresa, como, por exemplo: juros sobre duplicatas de clientes pagas em atraso, rendimentos provenientes de aplicações em renda fixa e em renda variável, variações monetárias ativas decorrentes de atualizações de direitos a receber. Impostos sobreo resultado e impostos diferidos - Os impostos que incidem sobre o resultado das entidades são Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Esses impostos são apresentados em duas linhas na demonstração do resultado ou em nota explicativa às demonstração financeiras. Uma linha é para os impostos diferidos. Impostos correntes são os impostos que a entidade irá recolher ao fisco de acordo com a legislação fiscal vigente. Os impostos diferidos são contabilizados em atendimento ao regime de competência, contemplando prejuízos fiscais, bases negativas de CSLL e diferenças geradas entre ativos e passivos reconhecidos para fins fiscais e seus correspondentes valores apresentados nas demonstrações financeiras. 24 1.4. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Seguindo uma tendência internacional e também em função das necessidades principalmente por parte dos analistas de mercado e investidores institucionais, a Lei n° 11.638/07 modificou a Lei n° 6.404/76, incluindo a substituição da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) pela Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). Essa última demonstração evidencia as modificações ocorridas no saldo de disponibilidades (caixa e equivalentes de caixa) da entidade em um determinado período, através de fluxos de recebimentos e pagamentos. Embora a DOAR seja considerada pelos especialistas como uma demonstração mais rica em termos de informações, os conceitos nela contidos, como, por exemplo a variação do capital circulante líquido, não são facilmente compreendidos pelos usuários das demonstrações financeiras. A DFC, ao contrário, por utilizar linguagem e conceitos mais simples, possui uma comunicação melhor com a maioria dos leitores das demonstrações financeiras. O objetivo da DFC é fornecer informações relevantes sobre recebimentos e pagamentos de caixa de uma companhia durante certo período. 1.4.1. Caixa e equivalentes de caixa Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de curto prazo e não para investimento ou outros fins. Portanto se qualifica como equivalente de caixa quando tem vencimento de curto prazo, por exemplo, três meses ou menos, a contar da data da contratação. 1.4.2. Forma da demonstração dos fluxos de caixa A forma da DFC é a seguinte: Atividades operacionais – representam pagamentos e recebimentos atrelados principalmente à geração do lucro operacional da Sociedade. 25 Atividades de investimento – significam pagamentos e recebimentos relacionados fundamentalmente com realizáveis a longo prazo, investimentos, imobilizados, intangíveis e ativos financeiros em instrumentos de capital e em instrumentos de dívidas não classificados como equivalentes de caixa. Atividades de financiamento – representam pagamentos e recebimentos vinculados essencialmente a passivos e patrimônio líquido. Existem duas modalidades para elaboração da DFC: o método direto e o método indireto. A principal diferença é quanto à apresentação das atividades operacionais. A metodologia direta divulga informações mais complexas e de melhor qualidade, enquanto a metodologia indireta é mais simples e, consequentemente, requer menos trabalho em sua elaboração. Método direto - apresenta por transação (recebimento de clientes, pagamentos a fornecedores etc), ou seja, evidencia a movimentação do saldo de caixa no período, partindo da geração de caixa por meio da demonstração de resultados e das variações dos elementos patrimoniais do balanço que geram ou necessitam de caixa. Método indireto – apresenta uma conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa das atividades operacionais. Evidencia a movimentação do saldo de caixa do período, coletando as informações específicas das entradas e saídas de numerário constante das contas de disponibilidades (caixa, bancos e aplicações financeiras). Os demais segmentos do fluxo de caixa, de investimentos e financiamentos, são similares ao método direto. Segundo PADOVEZE, e BENEDICTO (2010, p.57) “O ponto de análise mais importante é a necessidade do saldo positivo do fluxo de caixa operacional, uma vez que seu principal formador é o lucro operacional. Este fluxo representa a razão de ser da organização, porque o lucro operacional reflete a eficácia empresarial.” 26 1.5. DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO A nova norma da lei societária (Lei n° 11.638/07) alterou os arts. 176 e 188 da Lei n° 6.404/76, incluindo a obrigatoriedade da apresentação da demonstração do valor adicionado (DVA), somente para as companhias abertas. Logo, a DVA faz parte do conjunto de demonstrações financeiras de uma companhia aberta, que contempla também o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, a demonstração das mutações do patrimônio líquido, a demonstração dos fluxos de caixa e as notas explicativas. As companhias fechadas e as empresas limitadas poderão optar pela apresentação da DVA. Essa é uma demonstração surgida na Europa, principalmente por influência da Inglaterra, França e Alemanha, e que tem sido cada vez mais exigida em nível internacional, inclusive em virtude de expressa recomendação por parte da ONU. A DVA evidencia o quanto ela adicionou de valor, e de que forma essa riqueza foi distribuída (entre empregados, governo, acionistas, financiadores de capital etc.) e quanto ficou retido na empresa. Essa informação é tão importante que, além da sua utilização pelos países europeus, alguns outros países emergentes só aceitam a instalação e a demonstrar qual será o valor adicionado que irá produzir. O objetivo dessa demonstração contábil é apresentar o montante de valor adicionado pela Sociedade e sua forma de distribuição. O valor adicionado significa a riqueza gerada pela Companhia, que na prática compreende a receita bruta deduzida dos valores debitados no resultado relativos às riquezas oriundas de terceiros (bens e serviços consumidos), tais como matérias-primas, mercadorias, materiais, serviços etc. Deverá ser evidenciada a distribuição do valor adicionado entre empregados, financiadores, acionistas, governo e outros; bem como a parcela retida para reinvestimento (lucros retidos na conta de lucros acumulados e nas contas Reservas de Lucros). A demonstração do valor adicionado representa, de forma prática e efetiva, os dados, principalmente da demonstração do resultado do exercício, apresentados de um outro modo. As informações sobre a destinação do resultado do exercício, na forma de dividendos e de retenção de lucros, constantes na demonstração das mutações do patrimônio líquido, também são utilizadas para fins de elaboração da demonstração do valor adicionado. 27 1.5.1. Receitas . Representa a receita bruta computada na demonstração do resultado, relacionada com venda de mercadorias (empresa comercial), venda de serviços (empresa prestadora de serviços). Outras receitas – representam ganhos oriundos, principalmente, de alienações de ativos imobilizados, de investimentos e de ativos intangíveis, e outras transações incluídas na demonstração do resultado do exercício. Receitas relativas à construção de ativos próprios – esses valores não transitam pela demonstração do resultado do exercício. Representam gastos com construção de ativos para utilização pela entidade, principalmente ativos imobilizados, incluindo juros incorridos que tenham sido debitados no ativo imobilizado em construção. Insumos adquiridos de terceiros – representam transações computadas na demonstração do resultado, principalmente em Custo das Vendas, Despesas Gerais e Administrativas e Despesas de Vendas, relacionadas com bens e serviços adquiridos de terceiros, tais como: mercadorias. Depreciação, amortização e exaustão – Os valores das depreciações (ativoimobilizado), das amortizações (ativos intangíveis) e das exaustões (ativos imobilizados relacionados principalmente com minas e florestas) contabilizados durante o exercício são considerados como redutores do valor líquido produzido pela entidade, independentemente se esses valores foram debitados em despesas no resultado do exercício ou em custo da produção do estoque. Valor adicionado recebido em transferência – representa, essencialmente, as riquezas geradas por outras sociedades e transferidas para a Companhia na forma de agregação ou remuneração dos ativos aplicados. Distribuição (pessoal) – representa, principalmente, os seguintes gastos diretos e indiretos da sociedade com os seus empregados, computados na demonstração do resultado do exercício, geralmente nos grupos de contas de custo das vendas (companhia industrial e empresa prestadora de serviços) e de despesas operacionais (despesas de vendas e administrativas). 28 Distribuição (impostos, taxas e contribuições) – representam impostos, taxas e contribuição incorridos e computados na demonstração do resultado, com os fiscos federal, estadual e municipal. Os impostos não cumulativos (a entidade se credita na compra) devem ser considerados pelos valores efetivamente recolhidos ou devidos ao fisco (diferença entre os valores, se creditados fiscalmente com Insumos Adquiridos de Terceiros). Distribuição (remuneração de capitais de terceiros) – representa geralmente os gastos incorridos e debitados na demonstração do resultado com a utilização de recursos de terceiros. Distribuição (remuneração de capitais próprios) – representa a destinação do lucro líquido do exercício. 29 1.6. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÕNIO LÍQUIDO O objetivo dessa demonstração é relatar todas as transações que ocorreram nas contas do patrimônio líquido durante o exercício social, partindo do saldo no início do ano e, de forma cronológica, chegando ao saldo no final do ano. A DMPL é uma demonstração mais completa e abrangente, apresenta as variações de todas as contas do Patrimônio Liquido durante o exercício social, seja ela proveniente da correção monetária, de aumento de capital, de reavaliação de elementos do ativo, de lucro ou de simples transferência entres contas, relacionadas no grupo do Patrimônio Liquido. Essa demonstração é facultativa na maioria das companhias, mas quando apresentadas, substitui a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) que é uma demonstração onde mostra as retenções de lucros, as distribuições de lucros aos sócios, os ajustes de exercícios anteriores, saldos ainda não destinados. Por esse motivo a DMPL se caracteriza como um elemento complementar do que como peça através da qual se pode obter informações que possibilitam a tomada de decisão, desta forma a DMPL não é analisada conforme o Balanço e a Demonstração do Resultado do Exercício. 30 2. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL As mudanças dos valores das demonstrações financeiras em números relativos ou percentuais é de grande importância para a análise financeira, ou seja, melhora a visibilidade e possibilita a identificação de pontos positivos ou negativos. Este instrumento básico tem sido denominado análise vertical e horizontal. A primeira caracteriza-se como uma análise da variação de crescimento ou decréscimo do valor dos elementos constantes das demonstrações financeiras. Segundo IUDÍCIBUS (pag. 74, 2008) “A análise de balanços deve ser entendida dentro de suas possibilidades e limitações. De um lado, mais aponta problemas a serem investigados do que indica soluções; de outro, desde que convenientemente utilizada, pode transformar-se num poderoso “painel de controle” da administração.” 2.1. ANÁLISE VERTICAL A análise vertical é o estudo de participações percentuais ou de estrutura dos elementos das demonstrações contábeis, ou seja, permite avaliar a estrutura de composições de itens e sua evolução do tempo. Portanto para o balanço patrimonial, convencionou-se adotar como 100% o total do ativo e do passivo. Para a demonstração de resultados, estabeleu-se adotar como 100% o valor do total da receita de vendas, líquida dos impostos. Assim a análise vertical da demonstração de resultados é muito mais significativa do que o balanço patrimonial, pois, pelo fato de atribuir 100% à receita operacional, permite uma visão da estrutura de custos e despesas da empresa, em termos de média. A seguir a estrutura das demonstrações financeiras e a metodologia do cálculo da análise vertical: 31 Tabela 1 – Demonstrações Financeiras Para o cálculo da análise vertical do balanço patrimonial é feita assumindo como 100% o total geral do ativo e do passivo conforme a tabela 1, portanto o cálculo representa cada elemento patrimonial em relação ao total, obtendo-se assim a estrutura de participação dos elementos no ativo total. Portanto: AVBP = Elemento Patrimonial do Ativo ou Passivo x 100 Ativo (Passivo) Total AV – Estoques = $ 27.000 x 100 = 45% $ 60.000 AV – Fornecedores = $ 21.000 x 100 = 35% $ 60.000 Assim a interpretação linear é simples: Os estoques representa 45% do ativo total da empresa e os fornecedores representa 35% do total do passivo da empresa. A análise vertical da demonstração de resultados toma como referência a receita de vendas líquidas dos impostos, que passa a representar 100%. Assim calcula-se percentualmente todos os elementos da demonstração para verificar sua representatividade em ATIVO CIRCULANTE $ PASSIVO CIRCULANTE $ Estoques 27.000 Fornecedores (-) 21.000 ATIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO Imobilizado 33.000 Capital Social 39.000 TOTAL GERAL 60.000 TOTAL GERAL 60.000 Demonstração do Resultado Vendas 80.000 (-) Custo das Vendas 46.400 (-) Despesas 24.000 Lucro 9.600 32 relação às vendas líquidas, onde as relações obtidas traduzem-se na verificação da estrutura de custos e despesas da empresa e da mensuração das margens ou lucratividade das vendas. Portanto: AVDR = Resultado da Demonstração de Resultados x 100 Receita Operacional Líquida AV – Custos das Vendas = $ 46.400 x 100 = 58% $ 80.000 A interpretação também é simples: Significa que para cada $ 1,00 de valor de venda tem um custo médio dessa venda de 58%. A tabela 2, mostra a mesma estrutura das demonstrações financeiras com todos os cálculos da análise vertical. Tabela 2 – Análise Vertical das Demonstrações Financeiras O ativo representa 45% dos estoques e 55% de imobilizados. No passivo, a participação do capital social é de 65%, e fornecedores representa 35%. Na demonstração de resultados, o custo das vendas equivale a 58% e despesas representa, em média 30% do faturamento líquido. A lucratividade representa pela margem de lucro de 12%, em média, para cada venda. ATIVO CIRCULANTE $ AV - % PASSIVO CIRCULANTE $ AV - % Estoques 27.000 45% Fornecedores (-) 21.000 35% ATIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO Imobilizado 33.000 55% Capital Social 39.000 65% TOTAL GERAL 60.000 100% TOTAL GERAL 60.000 100% Demonstração do Resultado AV - % Vendas 80.000 100% (-) Custo das Vendas 46.400 -58% (-) Despesas 24.000 -30% Lucro 9.600 12% 33 2.2. ANÁLISE HORIZONTAL A finalidade principal da análise horizontal é apontar o crescimento de itens dos balanços e das demonstrações de resultados através dos períodos, a fim de caracterizar tendências. Toma-se como 100% todas as contas de um determinado período e faz-se uma relação percentual em cima dos mesmos dados. Assim a relação permite verificar se o período subsequente é maior ou menor que o período anterior e utilizando vários períodos acaba indicando uma tendência de crescimento ou diminuição. Na tabela3, mostra as demonstrações financeiras em dois períodos e a metodologia da análise horizontal: Tabela 3 – Demonstrações Financeiras Essa análise permite avaliar a variação de um ano em relação ao anterior, em termos percentuais, de aumento ou diminuição. Portanto: AH = ((Valor do Período Atual) -1) x 100 Valor do Período Anterior AH = Fornecedores = (($ 22.050) – 1) x 100% = ((1,05) -1) x 100% = 5% $ 21.000 AH = Lucro no Período = (($ 7.552) -1) x 100% = ((0,787) -1) x 100% = -21,03% $ 9.600 ATIVO CIRCULANTE 31.12.XX 31.12.XY PASSIVO CIRCULANTE 31.12.XX 31.12.XY Estoques 27.000 31.050 Fornecedores (-) 21.000 22.050 ATIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO Imobilizado 33.000 30.000 Capital Social 39.000 39.000 TOTAL GERAL 60.000 61.050 TOTAL GERAL 60.000 61.050 Demonstração do Resultado 31.12.XX 31.12.XY Vendas 80.000 87.200 (-) Custo das Vendas 46.400 49.648 (-) Despesas 24.000 30.000 Lucro 9.600 7.552 34 A interpretação é literal e simples: a conta de fornecedores cresceu 5% em relação ao período anterior, provavelmente porque os estoques também aumentaram. O lucro de XY foi inferior ao ano anterior em -21,03%. Tabela 4 - Análise Horizontal das Demonstrações Financeiras Conforme a tabela 4, o valor do imobilizado reduziu em 9,1%, provavelmente porque as depreciações contabilizadas como despesas foram de valor superior ao das novas aquisições de imobilizados. Segundo IUDÍCIBUS (pag. 87, 2008) “Conclusões apressadas devem ser evitadas a partir das análises vertical e horizontal, tomadas isolada ou conjuntamente. Somente a apreciação conjunta dos vários quocientes poderá dar uma idéia mais nítida da situação da empresa” ATIVO CIRCULANTE 31.12.XX AH 31.12.XY AH Estoques 27.000 - 31.050 15,0% ATIVO NÃO CIRCULANTE Imobilizado 33.000 - 30.000 -9,1% TOTAL GERAL 60.000 - 61.050 1,8% PASSIVO CIRCULANTE 31.12.XX AH 31.12.XY AH Fornecedores (-) 21.000 - 22.050 5,0% PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 39.000 - 39.000 0,0% TOTAL GERAL 60.000 - 61.050 1,8% Demonstração do Resultado 31.12.XX AH 31.12.XY AH Vendas 80.000 - 87.200 9,0% (-) Custo das Vendas 46.400 - 49.648 7,0% (-) Despesas 24.000 - 30.000 25,0% Lucro 9.600 - 7.552 -21,3% 35 3. INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS A seguir os principais eventos econômicos de uma empresa, dentro de um formato simplificado e evidenciando os indicadores de análise de balanço, onde necessariamente os eventos econômicos conduzem a uma análise da empresa, em seus aspectos de solvência, patrimônio e rentabilidade, permitindo estruturar resumidamente os valores dos dois relatórios contábeis principais, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício. Segundo WALTER, (1981, p. 60) “O objetivo da análise das demonstrações contábeis compreende a indicação de informações numéricas, preferencialmente de dois ou mais períodos regulares, de modo a auxiliar gestores, acionistas, clientes, fornecedores, instituições financeiras, governo, investidores e outras pessoas interessadas em conhecer a situação da empresa ou tomar decisão.” Segundo ASSAF NETO, (1981, p.47) “a análise visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinam a evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise extraem- se informações sobre a posição passada, presente e futura (projetada) de uma empresa.” 36 Figura 1 – Objetivos da análise econômico-financeira. PADOVEZE, BENEDICTO (2010, p90) Razões da Análise Econômico-Financeira – Diversas razões ou objetivos específicos também levam os diversos usuários das demonstrações contábeis a se debruçarem sobre eles para obter uma avaliação da situação da empresa. O quadro a seguir apresenta uma série dessas razões: Caracterização da Análise Econômico Financeira Exame de Dados Indicadores da Análise Econômico-Financeira ● Conhecimento da Situação ● Julgamento da Realidade Finalidade da Análise Econômico-Financeira Verificar a Capacidade de Solvência Conhecer a Estrutura Patrimonial Descobrir a Potencialidade de Gerar Resultados Situação Financeira Estado Patrimonial Situação Econômica 37 Liberação de Crédito Investimentos de Capital Fusão de Empresas Incorporação de Empresas Rentabilidade/Retorno Saneamento Financeiro Perspectivas da Empresa Fiscalização ou Controle Relatórios Administrativos. A figura a seguir dá uma visão geral dos usuários interessados na análise econômico- financeira: Figura 2 – Partes interessadas na análise econômico-financeira. PADOVEZE, BENEDICTO (2010, p92) ● Governo ● Bolsas de Valores ● Instituições de Pesquisa ● Órgãos de Controle ● Possíveis Compradores ● Outras Entidades Usuários Interessados na Análise Principais Interessados Outros Interessados Gestores Credores Investidores 38 3.1. ÍNDICES DE LIQUIDEZ A principal idéia dos indicadores de liquidez é a necessidade de avaliar a capacidade de pagamento da empresa, portanto a palavra liquidez em finanças significa a disponibilidade em moeda corrente para fazer pagamentos de extinguir a obrigação. Um ativo líquido é um ativo sem possibilidade de redução, ou seja, os índices de liquidez querem medir se os bens e direitos da empresa (ativos) são suficientes para a liquidação das dívidas. Os ativos podem ser classificados quanto à sua condição maior ou menor de ser tornarem líquidos, então avalia-se o ativo mais líquido da empresa que é o numerário de caixa depois seguido dos depósitos em bancos. A seguir, vêm as aplicações financeiras de curto prazo, pois rapidamente pode ser transformar em dinheiro. Depois seguem os valores a receber e os estoques, como os principais ativos realizáveis, ou seja, denomina-se realização o processo de um ativo se transformar em dinheiro. Os indicadores de liquidez procuram evidenciar a condição da empresa de saldar suas dívidas e dessa maneira engloba os relacionamentos entre contas do balanço que refletem uma situação estática de posição de liquidez ou o relacionamento entre fontes diferenciadas de capital. Segundo MARION (2002, p.83) “São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato.” Segundo PADOVEZE, e BENEDICTO (2010, p. 148) “O analista financeiro deve ter em mente que esses indicadores se referem apenas a uma data e, portanto, não podem simplesmente ser avaliados como indicadores definitivos de dados, quais as possibilidades futuras da empresa de gerar novos lucros, aumentar ou diminuir seus ativos realizáveis e aumentar ou diminuir seus passivos exigíveis.” 39 3.1.1. Indicadores e Prazos de Realização O balanço apresentar ativos e passivos com diferentes características e prazos de realização foi determinado a necessidade de se criar mais de um indicador de capacidade de pagamento. Os analistas financeiros têm trabalhado com quatro indicadores de liquidez: Corrente; Seca; Imediata; Geral. 3.1.2. Liquidez Corrente Liquidez Corrente = Ativo Circulante Passivo Circulante Esse indicador mostra a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo conversíveis em dinheiro em relação às dívidas de curto prazo, ou seja, indica a quantidade de recursos que a empresa tem nos ativos circulantes para a utilização no pagamentodos passivos circulantes. Esse indicador é considerado o principal e o mais utilizado para avaliar a capacidade de pagamento da empresa. 3.1.3. Liquidez Seca Liquidez Seca = Ativo Circulante - Estoques Passivo Circulante Esse índice é adequado para avaliar a situação de liquidez da empresa, pois elimina os estoques que é uma fonte de incerteza, ou seja, o seu ciclo é muito mais longo do que os outros ativos para se transformar em caixa porque têm-se a necessidade de produzir, vender e posteriormente receber. A exclusão dos estoques é para verificar se a empresa tem ou não dependência das vendas para liquidar seus compromissos. 40 Portanto, calcula-se a liquidez de curto prazo excluindo-se os estoques para ter uma visão da capacidade de pagamento de curto prazo mai líquida. 3.1.4. Liquidez Imediata Liquidez Imediata = Disponibilidades Passivo Circulante Esse índice representa o valor de quanto dispomos imediatamente para saldar as dívidas de curto prazo, pois trabalha com elementos patrimoniais do ativo circulante que é o grupo de disponibilidades que compreendem os valores em caixa, saldos bancários e aplicações financeiras de curto prazo. Segundo MARION, (2002, p. 91) “...a empresa deverá manter certos limites de segurança, não desejando o analista obter índices altos, pois o Caixa e Bancos perdem o poder aquisitivo com a inflação.” 3.1.5. Liquidez Geral Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Passivo Não Circulante Esse índice mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a curto e longo prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (curto e longo prazo). Portanto, é um indicador que mostra a capacidade de pagamento geral da empresa, tomando como numerador os ativos circulantes e realizáveis a longo prazo, e como denominador os passivos totais (circulante e exigível a longo prazo). Esse índice serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez). 41 3.2. ÍNDICES DE ATIVIDADE PRAZOS MÉDIOS Esses indicadores buscam evidenciar o dinamismo operacional da empresa em seus principais aspectos, refletidos no balanço patrimonial e na demonstração de resultado do exercício. Assim, o saldo no final do exercício de Duplicatas a Receber (BP) representa uma parcela do total de vendas (DRE). Portanto as Duplicatas a Receber representam as vendas do final do ano que seriam as vendas acumuladas no decorrer do exercício da empresa. O objetivo é comparar os dois índices ao final do exercício dada as distorções causadas pela inflação e as variações de vendas. Prazo Médio de Recebimento de Vendas PMRV = 360 dias x Duplicatas a Receber Vendas Brutas Esse índice indica, em média, quantos dias a empresa espera para receber suas vendas. Prazo Médio de Pagamento de Compras PMPC = 360 dias x Fornecedores Fornecedores Esse índice indica, em média, quantos dias a empresa demora para pagar suas compras. Prazo Médio de Renovação de Estoques PMRE = 360 dias x Estoques Custo das Vendas Esse índice indica, em média, quantos dias a empresa leva para vender seu estoque. Posicionamento de Atividade (Posição Relativa) PA = PMRE + PMRV PMPC Esse índice indica, em média, quanto a empresa demora para vender (PMRE) e, para receber suas vendas (PMRV). 42 3.2.1. Índices de Atividades e Situação Financeira É necessário a compreensão do ciclo completo de cada tipo de atividade que se divide- se em três conceitos: Ciclo econômico, financeiro e operacional. Ciclo Econômico: É o período em que a mercadoria permanece nas dependências da empresa, ou seja, inicia-se com a compra da mercadoria e encerra-se com a venda da mesma. Este ciclo é o giro de estoques, ele nos diz quanto tempo a empresa está demorando para girar o seu estoque. Ciclo Financeiro: Tem início com o desembolso de numerários para a aquisição da mercadoria que será revendida pela empresa e encerra-se com o recebimento relativo à venda da mesma. Este é o ciclo de caixa. O reflexo do Ciclo Econômico se dará neste ciclo. Se o giro do estoque é lento, primeiro a empresa pagará para após receber, ocasionando em desembolso desnecessário. Ciclo Operacional: Representa os dois ciclos juntos, iniciando-se quando da compra da mercadoria e encerrando-se quando da venda ou do recebimento dos recursos da venda. Conforme a figura que ilustra o ciclo operacional. Figura 3 – Ciclo Operacional de compras e vendas. PADOVEZE, BENEDICTO (2010, p169) Recebimento Produção Vendas Compra de Materiais ou Matérias-Primas 43 Exemplo: Uma empresa gira o estoque em 30 dias e recebe as vendas em 54 dias, pagando as suas compras em 90 dias. Conforme demonstrado nas figuras 4 e 5. A empresa tem uma folga financeira de seis dias, ou seja, após vender e receber, esperará seis dias para pagar suas compras com fornecedores. Assim, admitamos que a empresa tivesse que pagar suas compras em 60 dias. Nesse caso, a posição relativa seria de 84/60 = 1,40 – considerada desfavorável. Figura 4 - Ciclo de Conversão de Caixa. MARION, (2002, p.125) O período de 24 dias que a empresa pagaria antes de receber as vendas, conhecido como Ciclo Financeiro, significa Necessidade de Capital de Giro a ser financiada. 3.2.2. Necessidade de Capital de Giro A Necessidade de Capital de Giro significa o cálculo mais adequado sobre a comparação entre o Giro de Estoque (PMRE) e ao Recebimento das Vendas a Prazo (PMRV) assim relaciona-se com o Pagamento de Fornecedores (PMPC). Portanto, ao se produzir estoque e vendê-los, que é o ciclo ininterrupto das operações da empresa, passa a ser considerados como contas cíclicas, pois sempre estão sendo alimentadas na produção e venda dos estoques. Equivalente ao Ciclo Operacional = 84 dias Folga PMRE 30 dias - 6 dias PMRV 54 dias PMPC = 90 dias PMRE = 30 dias PMRV = 54 dias Equivalente ao Ciclo Operacional = 84 dias PMPC = 60 dias Ciclo Financeiro 44 Ativo Circulante Passivo Circulante Quando compra Matéria-prima (MP) Fornecedores Quando transforma MP em estoques Salários a pagar Quando vende a prazo os estoques Impostos a recolher Portanto: NCG = Ativo Circulante Cíclico – Passivo Circulante Cíclico. Assim a necessidade de capital de giro representa em montante o Ciclo Financeiro, pois sempre a empresa terá que acelerar o recebimento das vendas ou liquidar estoques para gerar lucro talvez reduzir prazo do giro do estoque e até mesmo ampliar prazos de compra, negociar com novos fornecedores. Portanto, os índices de atividade são fundamentais para enriquecer a análise da situação financeira da empresa. Segundo ASSAF NETO, (1998, p. 192) “O comportamento do capital de giro é extremamente dinâmico, exigindo modelos eficientes e rápidos de avaliação da situação financeira da empresa. Uma necessidade de investimento em giro mal dimensionada é certamente uma fonte de comprometimento da solvência da empresa, com reflexos sobre sua posição econômica de rentabilidade.” 45 3.3. ESTRUTURA DE CAPITAL A principal finalidade dos indicadores é transformar em percentuais a participação dos valores dos principais grupos representativos do balanço patrimonial, ou seja, mensurar percentualmente sua relação com o capital próprio, representado pelo patrimônio líquido. Portanto esses indicadores mostram a porcentagem financiada com capitais de terceiros e próprios ou se a empresa tem dependência de recursos de terceiros. Segundo PADOVEZE, e BENEDICTO (2010, p.155) “Contrapõe-se à abordagem ortodoxa a MM (Modigliani & Miller) quando diz que é irrelevante a estrutura de capital, ou seja, tanto faz a maneira como a empresa é financiada. Assim, seria irrelevante ter mais ou menos capital próprio (patrimônio líquido) ou mais ou menos capital de terceiros (empréstimos). A abordagem ortodoxa, que é a mais utilizada, também privilegia no processo analítico o capital próprio. Consequentemente, é relevante a estrutura de capital e o capital de terceiros deve ser pago, devendo apenas ser utilizado quando da alavancagem financeira, isso é, mais lucro para os proprietários.” 3.3.1. Imobilização do Capital Próprio Imobilização do Capital Próprio (ICP) = Ativo Fixo Patrimônio Líquido Esse índice demonstra quanto maior a aplicação de recursos no ativo fixo, maiores serão os custos fixos da empresa (depreciação, seguros e despesas de manutenção), contribuindo para elevar o ponto crítico ou o desequilíbrio da condição financeira da empresa. Quanto mais a empresa investir no ativo fixo, menos recursos próprios sobrarão para o ativo circulante e, em consequência, maior será a dependência de capitais de terceiros para o financiamento do ativo circulante. 46 3.3.2. Endividamento Geral Endividamento Geral (EG) = Passivo Circulante + Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido Esse índice mostra a possibilidade de que no futuro, em uma condição teórica de descontinuidade das operações, a empresa tenha condições de garantir todas as suas dívidas com os próprios recursos. Como as dívidas estão contidas no passivo circulante e no exigível a longo prazo, relaciona-se o total dessas exigibilidades com o valor do patrimônio líquido, que representa os recursos próprios da empresa. Portanto, é um indicador que expressa a capacidade de a empresa garantir os capitais de terceiros. 3.3.3. Endividamento Financeiro Endividamento Financeiro (EF) = Empréstimos e Financiamentos (CP e LP) Patrimônio Líquido Esse índice utiliza como passivo exigível apenas os valores obtidos de empréstimos e financiamentos, sejam eles de curto ou longo prazo. Este conceito de endividamento é mais coerente com a estrutura do passivo como fonte de financiamentos, fazendo a relação entre capital de terceiros e capital próprio. Assim não considera os passivos relacionados com o giro, que compõem a maior parte do passivo circulante. 3.3.4. Estrutura do Ativo Participação do ativo circulante no ativo total (PAC) PAC = Ativo Circulante x 100 Ativo Total Participação do realizável a longo prazo no ativo total (PRLP) PRLP = Realizável a Longo Prazo x 100 Ativo Total Participação do ativo fixo no ativo total (PAF) 47 PAF = Ativo Fixo x 100 Ativo Total Esses índices mostra uma análise da participação de cada grupo de contas do ativo total da empresa. Assumindo a base de 100% para o ativo total, calcula-se a participação do ativo circulante, do realizável a longo prazo e do ativo permanente neste total. Esses dados já são obtidos pela análise vertical do balanço demonstrado no capítulo anterior. Esses indicadores devem ser analisados em relação aos períodos anteriores da empresa ou em relação a padrões setoriais, tendo como finalidade básica permitir visualizar e acompanhar a evolução da estrutura do ativo. Uma oscilação desses indicadores é um sinal de alerta para se tentar uma melhor explicação para as mudanças ocorridas. Participação do capital de giro no ativo operacional (PCG) PCG = Capital de giro próprio x 100 Ativo Operacional Participação do ativo fixo ou permanente no ativo operacional (PAF) PAF = Ativo Fixo ou Permanente Ativo Operacional Esses índices mostra dois grandes grupos de ativos, o capital de giro próprio e o ativo fixo. Assim busca analisar a estrutura do ativo para qualquer empresa, setor ou atuação. Pois as variações significativas devem ser analisadas permitindo assim as causas das mudanças. 3.3.5. Estrutura do Passivo Participação do passivo circulante no ativo total (PPC) PPC = Passivo Circulante x 100 Ativo Total 48 Participação do passivo não circulante no ativo total (PNC) PNC = Passivo Não Circulante x 100 Ativo Total Participação do exigível total no ativo total (PPL) PET = Passivo Circulante + Passivo Não Circulante x 100 Ativo Total Participação do patrimônio líquido no ativo total (PPL) PPL = Patrimônio Líquido x 100 Ativo Total Esses índices são medidas de financiamento do ativo que toma como base 100% para o ativo total, calcula-se a participação do passivo circulante, do passivo não circulante e do patrimônio líquido nesse total. Portanto evidencia o reflexo das políticas de alavancagem financeira da empresa e financiamento do capital de giro a cada final de período. O primeiro índice é uma medida que mostra a porcentagem dos ativos totais financiada com os passivos circulantes. O segundo indica a porcentagem dos ativos totais financiada com recursos de terceiros a longo prazo. O terceiro indica a porcentagem do ativo total financiada com capitais de terceiros a curto e longo prazos. E o último representa o quanto do ativo foi financiado com capital próprio. Participação do capital de terceiros no passivo operacional (PCT) PCT = Empréstimos e Financiamentos de Curto e Longo Prazo x 100 Passivo Operacional Participação do capital próprio no passivo operacional (PCP) PCP = Patrimônio Líquido x 100 Passivo Operacional Esses índices mostra a estrutura do passivo no formato financeiro, pois resulta em apenas dois tipos de fontes de recursos, ou de financiamentos: os empréstimos e financiamentos, remunerados por juros, que representam o capital de terceiros, diminuídos 49 das aplicações financeiras; o capital social e as reservas do patrimônio líquido, que representam o capital próprio da empresa fornecido pelos sócios ou acionistas. Segundo PADOVEZE, e BENEDICTO (2010, p. 164) “Em nosso país, em termos práticos, há um entendimento de que deva ser ao redor de 50% de cada tipo de fonte. A participação excessiva de capital de terceiros, tendo em vista as oscilações bruscas que tem sofrido nossa economia, é considerada de maior risco, e os agentes de crédito têm mais restrições na concessão de crédito para empresas com esse tipo de estrutura.” 3.3.6. Índices Combinados No Brasil, Stephen C. Kanitz desenvolveu um modelo muito interessante de como prever falências, por meio de tratamento estatístico de índices financeiros de algumas empresas que realmente faliram. O objetivo não é analisar o risco de falência, mas também avaliar a empresa, dando-se uma nota para a mesma, nota que varia de (-) 7,0 até 7,0. Se a nota da empresa for positiva (de zero a 7,0), pode-se dizer que há um equilíbrio na administração do “tripé”, sendo melhor quanto mais se aproximar do 7,0. Se a nota for menor que (-) 3,0, a situação tende à falência. Entre (-) 3,0 e zero, é uma região nebulosa, podendo a empresa sair da situação difícil, como pode falir. O modelo consiste, em primeiro lugar, em encontrar o Fator de Insolvência, não tendo sido explicado pelo referido professor como se chegou a ela. X1 = Lucro Líquido x 0,05 Patrimônio Líquido X2 = Liquidez Geral x 1,65 X3 = Liquidez Seca x 3,55 X4 = Liquidez Corrente x 1,06 X5 = Exígivel Total x 0,33 Patrimônio Líquido 50 Fator de Insolvência = X1 + X2 + X3 + X4 + X5 A figura a seguir mostra os intervalos que recai o Fator de Insolvência no Termômetro de Insolvência. Figura 5 – Termômetro
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