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Thiago Coelho (@taj_studies) Caderno FBDG – Noções de Economia – Prof: Luiz Marques 1. Conceitos introdutórios 1.1 – Questões básicas sobre economia O que é economia? – É a área do conhecimento que estuda a produção e distribuição de riqueza no mundo; Como ela pode afetar a minha qualidade de vida? – A economia encontra-se extremamente vinculada à vida da população por envolver temáticas como inflação, desemprego, concentração fundiária, poder de compra, etc...; O que é macro e microeconomia? – A macroeconomia apresenta um ramo de estudo mais abrangente, contemplando blocos, enquanto a microeconomia vincula-se a empresas e indivíduos; Qual a razão que leva a tantas notícias sobre crise econômica no Brasil atual? – A razão consiste no fato da economia estar relacionada ao desemprego, preço dos produtos, geração de renda, etc...; OBS: O Brasil saiu da sétima (7) economia mundial em 2014 para a décima quarta (14) em 2021, sendo ultrapassado por Rússia, Índia, Canadá, Coréia do Sul, Austrália e Espanha. Thiago Coelho (@taj_studies) 1.2 – Conceitos importantes 1.2.1 – PIB: Produto interno bruto – medidor da renda nacional; 1.2.2 – PNB: Índice que leva em consideração apenas a renda da mão-de-obra de um país no exterior (menos usual e representando uma ideia de “status” ou “poder); 1.2.3 – Variáveis reais: Não incluem inflação; 1.2.4 – Variáveis nominais: Incluem inflação; 1.2.5 – PIB per capita – PIB/número de habitantes: Renda média de um indivíduo em uma região; 1.2.6 – IDH: Índice de desenvolvimento humano (varia de 0 a 1, sendo a Noruega o principal destaque positivo com 0,942) – leva em consideração fatores como concentração fundiária, expectativa de vida, alfabetismo, etc; OBS: Um país considerado rico deve, obrigatoriamente, apresentar elevado PIB per capita, contudo a recíproca não é verdadeira, conforme evidenciado em Oman e na Arábia Saudita – países com elevado PIB per capta mas extremamente desiguais. 1.2.7 – Coeficiente de Gini: Medidor da concentração fundiária em um determinado país. No Brasil, o Estado do Maranhão possui maior coeficiente de gini. Os menores são registrados em Santa Catarina, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, não necessariamente nessa ordem; Thiago Coelho (@taj_studies) 2. Evolução do pensamento econômico Século XVII – Fisiocratas – primeiros a estudarem economia separadamente Século XVIII, Séculos das Luzes, Iluminismo – Liberalismo Econômico – John Locke e Adam Smith – corrente de pensamento defensora da liberdade individual e da mínima intervenção do Estado na economia. O lema do Liberalismo Econômico ficou conhecido como “não existe desemprego involuntário” 2.1 – Adam Smith Em 1776, publicou A origem da riqueza das nações, mesmo ano em que a Independência dos EUA foi concretizada; R – D > 0 Receita é maior que a despesa Superávit R – D = 0 Receita e despesa se equilibram Equilíbrio R – D < 0 Receita é inferior à despesa Déficit Para financiar o déficit público, Smith aponta para a existência de duas alternativas: emissão de moeda ou por dívida pública Emissão de moeda – baseia-se em emitir mais moeda, contudo, conduz à inflação, isto é, à desvalorização monetária. Vale ressaltar que, visando a contenção da inflação, alguns países lançam políticas públicas de estímulo ao desemprego na rede privada. A lógica funciona na seguinte sequência: mais pessoas desempregadas menor a capacidade de consumo populacional queda dos preços dos produtos volta a gerar receita pelo maior poder de compra; Dívida pública – o financiamento através de dívida pública, coordenado pelo Tesouro Nacional, acaba acarretando no aumento da dívida mesmo pagando-a. Dessa forma, os bancos passam a negociar menos com o governo, provocando o aumento os juros e, consequentemente, a redução dos investimentos privados. Por conseguinte, assim como evidenciado na emissão de moeda, haverá uma tendência ao desemprego; Na concepção de Smith, o governo deveria evitar o déficit, uma vez que, as duas únicas formas existentes para financiá-lo conduziriam à inflação e, posteriormente, ao desemprego. Pertencente ao Liberalismo Econômico, Adam Smith defendeu a existência de um Estado pequeno e detentor de intervenção mínima, ocorrendo esta apenas em setores como educação, infraestrutura e justiça. O Hedonismo (muito forte no pensamento liberal até hoje), foi um conceito bastante explorado por Smith, constituindo no alcance do prazer mediante Thiago Coelho (@taj_studies) investimentos financeiros). Ex: Um pai fica satisfeito em pagar uma boa escola para o seu filho. 2.2 – Jean Babtiste Say Say defendeu a existência de uma separação entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo. De acordo com o teórico, o trabalho produtivo seria aquele vinculado às indústrias, responsável, por conseguinte, pela produção de bens materiais. Destarte, os demais exercícios laborais (como professores, advogados, médicos, psicólogos...) seriam inseridos na categoria de trabalho improdutivo, uma vez que produzem bens abstratos. Say concluiu, portanto, que um país seria considerado rico caso o trabalho produtivo fosse superior ao improdutivo. Say ainda foi responsável por sintetizar a famosa “Lei de Say”, baseada na crença de que toda produção determina uma demanda de igual valor. Dessa forma, nunca haveria crise de superprodução tendo em vista que a economia se equilibra de forma espontânea caso não existam empecilhos como a presença do déficit. 2.3 – David Ricardo Realizou estudos mais aprofundados em relação à tributação. Para o economista, a tributação seria sempre um mal uma vez que aquele dinheiro reduziria o poder aquisitivo populacional, isto é, o dinheiro disponível para o investimento e o consumo. 3. Críticas realizadas por Thomas Malthus ao pensamento liberal Criticou a visão de Smith em relação ao déficit ser sempre negativo, uma vez que este, eventualmente, pode ser positivo para incentivar investimentos privados; Criticou a dicotomia entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo para Say, uma vez que não haveria essa distinção pois profissionais como advogados, professores, psicólogos, entre tantos outros, caso estejam empregados, são fundamentais para o aumento do consumo, para a realização de investimentos e para a dinâmica econômica; Criticou a visão de David Ricardo que considerava a tributação como algo sempre negativo. De acordo com Malthus, a tributação poderia apresentar um caráter positivo uma vez que o dinheiro arrecadado poderia ser investido em setores que trariam benefícios à população – educação, saúde, transporte, lazer...; Malthus também criticou a Lei de Say, apontando para o Princípio da demanda efetiva, baseado na ideia de que a demanda seria responsável por determinar a produção; Thiago Coelho (@taj_studies) 4. A lógica marxista Marx, filósofo e sociólogo alemão, considerado pai do Socialismo Científico, buscou compreender a lógica capitalista e as transformações ocorridas na Europa resultantes das duas principais revoluções que marcaram o século XVIII – a Revolução Industrial e a Revolução Francesa; O Socialismo Científico foi a vertente responsável pela defesa da igualdade material visando suprir a desigualdade nítida entre a burguesia e o proletariado e, para isso, seria necessário a luta de classes visando à instalação de uma ditadura do proletariado; A instalação do Comunismo ocorreria paulatinamente, isto é, de forma gradual, passando por estágios – Capitalismo (responsável pelo acúmulo de riquezas), Socialismo (responsável pela estatização das propriedades) e Comunismo (responsável pela extinção do Estado); 5. Início do século XX e John Maynard Keynes O início do século XX foi marcadopor uma intensa instabilidade, destacando-se a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e a Crise de 29 – a maior crise até então vivenciada na era capitalista. Thiago Coelho (@taj_studies) A Crise de 1929 consistiu em uma crise de superprodução ou subconsumo, iniciada nos Estados Unidos e que repercutiu em todos os países do mundo, com exceção da União Soviética. A Crise de 29 representou a decadência do pensamento liberal bem como do seu lema “não existe desemprego involuntário”. Esse cenário caótico contribuiu para a quebra da bolsa de valores de NY, para o aumento do índice de desemprego e, por conseguinte, para a ascensão dos casos de suicídio. O Liberalismo não conseguia mais explicar o mundo. Era necessária uma nova teoria para explicar o capitalismo – concepções como a autorregulação do mercado, a Lei de Say e a ideia do desemprego involuntário perderam credibilidade. Então surge Lorde Keynes. Keynes foi fortemente influenciado por Malthus, sobretudo pelo Princípio da demanda efetiva e propôs a necessidade de intervenção estatal em momentos de crise. Em 1936, John Maynard Keynes lança a Teoria geral do emprego do juro e da moeda, propondo soluções para evitar uma nova crise, inspirando-se nas ideias malthusianas. Dessa forma, o pensador defendeu a criação de políticas públicas voltadas para a demanda pois assim estimularia o PIB e, consequentemente, promoveria a geração de empregos. Keynes buscou analisar em qual variável o Estado poderia intervir visando solucionar a crise. Destarte, chega a conclusão de que tal ação ocorreria nos gastos correntes do governo através de políticas fiscais expansionistas. Keynes nega a Teoria Liberal Clássica, criando a Teoria Geral. Keynes apontou, ainda, para a existência de uma outra variável responsável por influenciar a realização de investimentos privados além da taxa de juros: a expectativa de ganhos futuros. Dessa forma, conseguia explicar o fenômeno da armadilha da liquidez, isto é, a quebra de expectativa motivada pela incoerência aparente entre taxas de juros baixas e baixa quantidade de investimentos privados. Thiago Coelho (@taj_studies) Verdades e mentiras sobre Keynes: Keynes não defendia a intervenção ininterrupta do Estado na economia, somente em momentos de crise (quando ninguém estiver gastando), caso contrário, se necessário, eventuais ajustes em determinadas épocas; “Na economia dos nossos netos, um economista será um profissional igual a um dentista”; “Não é a propriedade dos meios de produção que convém ao Estado possuir desde que ele controle as variáveis que determinam a demanda agregada”; 6. A Era de Ouro do Capitalismo e a queda dos ideais keynesianos A Revolução Keynesiana foi a base de sustentação do crescimento econômico eufórico do pós-Segunda Guerra Mundial (1945 – 1973), a denominada Era de Ouro do Capitalismo. O exemplo prático da Era de Ouro do capitalismo foi o Welfare State, isto é, o Estado de bem-estar-social europeu, sobretudo nos países nórdicos (Suécia, Noruega, Finlândia). O Welfare State foi caracterizado por um forte cunho keynesiano, tendo em vista a forte intervenção governamental visando à melhoria dos serviços públicos oferecidos à população como educação, saúde, previdência, etc... Vale ressaltar que hoje em dia é nítida uma deturpação das ideais keyenesianas quando se associam ao denominado keynesianismo, utilizado para se referir a algumas vivências em determinados estados ao longo da história. Em 1973, ocorre a Primeira Crise do Petróleo – retaliação dos membros da OPEP em relação aos EUA e à Inglaterra, diminuindo a produção de petróleo e, por conseguinte, elevando o preço do barril. Por conta da crise, o pensamento de Keynes passa a entrar em descrédito – aquele que foi considerado o salvador de uma crise agora era o vilão. Thiago Coelho (@taj_studies) Em meio a esse cenário, as ideias liberais voltam a ganhar força, sobretudo através de nomes como Freedman e Hayek. Hayek, defensor do liberalismo econômico, prevê o déficit desregulando a economia. Milton Freedman, também adepto da economia liberal, sugeria a criação de um imposto de renda negativo, em que aqueles com rendimentos mais baixos receberiam pagamentos do governo em complemento à sua renda. Apesar da Crise de 1973, ocorria o aumento da liquidez internacional e, consequentemente, as taxas de juros internacionais desabam. Quando Paul Volcker assume o FED em 1979, ele pega a economia americana com elevado déficit público e déficit externo. Decide, assim, triplicar a taxa de juros da política monetária dos EUA, com isso todas as taxas de juros do mundo também sobem e os países que estavam endividados com taxas pós fixadas (grande parte da América Latina) quebram. Como apesar da crise, os governos autoritários do Brasil e de outros países da América Latina não puxaram o freio perante os gastos públicos, logo esses países vieram a se endividar com empréstimos internacionais em grande monta para financiar suas obras de desenvolvimento. Dessa forma, em vários países latinos, a década de 80 ficou conhecida como a “década perdida”, realidade completamente diferente do ocorrido na Europa e nos EUA, países que haviam acompanhado a dinâmica econômica e adotado medidas preventivas. Assim, uma medida preventiva que poderia ter sido feita para evitar o colapso em países como o Brasil seria a redução das taxas pós-fixadas. Em 1979, pós-Segunda Crise do Petróleo (1978), mesmo ano em que Paul Volcker assumiu o FED, Margaret Thatcher assumiu o UK, realizando medidas liberais como um processo de ajuste, em especial em função das privatizações iniciadas por Thatcher. Thiago Coelho (@taj_studies) Em 1989, ocorre a queda do Muro de Berlim, grande símbolo da bipolaridade existente durante a Guerra Fria e a realização do Consenso de Washington. O consenso de Washington foi responsável pela criação do Plano Braddy, um plano de auxílio na reestruturação dos países da América Latina. O Plano Braddy representou um processo de ajuste caracterizado por: Demissão de funcionários públicos; Privatizações; Controle da inflação; Redução do déficit público; Abertura da economia ao comércio internacional; Thiago Coelho (@taj_studies) 7. Inflação 7.1 – Conceito: consiste na desvalorização do poder de compra da moeda, sendo o cálculo feito a partir da média de variação de preços de cestas fixas pré-estabelecidas. %31,41001 00,518 30,540 x Thiago Coelho (@taj_studies) 7.2 – Impactos: Concentração de renda – rigidez dos salários fixos frente aos preços (passa a não ser suficiente para viver bem) e a bancarização (capacidade de acesso e usufruto de bancos/serviços bancários); Dificuldade de planejamento a longo prazo; Perda do poder de referência do valor da moeda (o indivíduo pode ter, inclusive, a sensação errônea de estar enriquecendo); Probabilidade de ocorrência de uma recessão futura (para controlar a inflação) com o aumento do desemprego 7.3 – A inflação de demanda: A inflação de demanda é explicada através da Curva de Philips, que funciona através de uma lógica semelhante ao gráfico de Keynes – a inflação ocorre em momentos prósperos da economia. Thiago Coelho (@taj_studies) Visando à contenção da inflação de demanda, conforme já citado nas anotações passadas, é plausível recorrer a adoção de políticas contracionistas, isto é, voltada para o desaquecimento da economia. Essas podem ser caracterizadas pelo aumento das taxas de juros, aumento da receita, redução das despesas e valorização da taxa de câmbio. O objetivo central consiste em estimular o desemprego, para, consequentemente, controlar a inflação. Os quadrantes daCurva de Philips Thiago Coelho (@taj_studies) Primeiro quadrante – cenário de otimismo econômico, marcado por uma inflação de demanda acentuada e baixo índice de desemprego; Segundo quadrante – embora a Curva de Philips não explique, esse quadrante apenas ilustra o fenômeno da estagflação, isto é, um cenário caótico caracterizado pela simultaneidade entre hiperinflação e desemprego elevado. Diversas causas como envolvimento em guerras e políticas econômicas ineficazes resultam nesse fenômeno. Ao longo da história, Alemanha (1920), Hungria (1946), Brasil (1985) foram Estados que vivenciaram esse cenário. Hoje, a Venezuela vive uma estagflação, sem perspectiva de mudança tão cedo; Terceiro quadrante – cenário de pessimismo econômico, marcado por uma inflação de demanda baixa e índice de desemprego alarmante; Quarto quadrante – cenário do “paraíso” econômico, marcado por baixos índices de inflação e desemprego. Mesmo sendo muito difícil de ser alcançado e de ser consolidado, os Estados Unidos vivenciaram esse contexto no período de transição da década de 1990 para os anos 2000; 7.4 – A inflação de custos ou choque de ofertas: Ocorre quando uma matéria-prima ou insumo fundamental na cadeia de produção tem seu preço aumentado (aumento do custo de produção aumento do valor de venda no mercado); Choque de oferta – ocorre quando uma matéria-prima ou insumo na cadeia de produção tem sua oferta radicalmente reduzida; Thiago Coelho (@taj_studies) Vale salientar que as políticas tradicionais de demanda não são eficazes para solucionar esse tipo de inflação. Nesse sentido, quem discordar da afirmação anterior está inserido no rótulo de negacionista econômico; As alternativas mais plausíveis para solucionar esse tipo de inflação trata-se da troca da matéria-prima na linha de produção ou, sendo mais viável, o uso dos subsídios, ou seja, tributos indiretos ao contrário; Ex: Na década de 1970, os países da OPEP aumentaram o preço do barril de petróleo. Por conseguinte, países como o Brasil tiveram que importar mais caro, resultando no aumento do preço dos produtos derivados do petróleo em solo nacional; 7.5 – A inflação inercial: É aquela causada pelo reajuste automático de preços provenientes de males passados, geralmente inflação; Inácio Rangel, em 1962, lançou um livro chamado A inflação brasileira, sendo responsável por identificar o problema estrutural do mercado bancário brasileiro e abrindo espaço para futuras discussões acerca da inflação inercial; A inflação inercial vincula-se à indexação bancária, isto é, a alteração automática dos preços no presente devido a um fator passado (geralmente inflação) – em síntese, trata-se de um excesso de correção monetária que acaba sendo prejudicial; Quando Sarney assume a presidência do Brasil em 1985, ele pega a economia brasileira em forte estagflação. Os economistas que estavam com ele no governo eram de linha heterodoxa e indicaram que políticas tradicionais de aquecimento da demanda seriam ineficazes para resolver o problema pois a inflação não era causada nem por demanda alta nem por choque de ofertas. Daí, surge o enigma – o que causava a inflação no Brasil? Eles identificaram que a realidade brasileira era similar ao que acontecia na Argentina, na Bolívia e em Israel. Portanto, chegaram a conclusão de que seria uma inflação inercial, ou seja, os preços subiam por inércia devido ao fato dessas sociedades serem indexadas de maneira brutal, todos os preços eram corrigidos de maneira formal e informal; Visando a solucionar a crise, Sarney cria o Plano Cruzado, baseado no congelamento de preços e salários, porém, este foi um verdadeiro colapso. A situação brasileira somente veio a se reajustar a partir de meados da década de 1990 com a criação do Plano Real. De acordo com o Banco Central do Brasil, a inflação no país despencou de 2489,1% para 929,3% e, depois para 22,0%. Thiago Coelho (@taj_studies) Thiago Coelho – FBDG – 2021.1 @taj_studies As políticas macroeconômicas, ou simplesmente, econômicas, são pensadas e executadas pelo governo para poder induzir/gerenciar variáveis macroeconômicas, tais como taxa de crescimento do PIB, taxa de desemprego e a taxa de inflação. Entre as políticas econômicas pode-se citar: a) Política fiscal – executada pelo Governo Federal, Ministério da Economia (junção da fazenda e planejamento) e também pelos governos estaduais e municipais; b) Política monetária – executada pelo Banco Central; c) Política cambial – executada pelo Banco Central; 1. Política fiscal – gestão estratégica das receitas e despesas do governo R – D > 0 Receita é maior que a despesa Superávit R – D = 0 Receita e despesa se equilibram Equilíbrio R – D < 0 Receita é inferior à despesa Déficit Thiago Coelho (@taj_studies) Conforme já visto no pensamento econômico de Adam Smith, todo o déficit precisa ser financiado, existindo duas formas para a realização de tal ação: emissão de moeda ou endividamento público. Todavia, as duas possibilidades do financiamento do déficit apresentam uma tendência em provocar inflação e o aumento da taxa de juros. 1.1 – Orçamento público: ato pelo qual o Poder Legislativo autoriza o Poder Executivo por certo período e em pormenor, a gastar e a arrecadar para o funcionamento dos serviços públicos. - Obrigatório; - Elaborado por lei; e - Iniciativa do Chefe do Executivo 1.2 – Bases legais para Orçamento no Brasil: 1.2.1 – Constituição Federal de 1988; 1.2.2 – Lei 4.320/1964 – Criou regras para a elaboração e execução do orçamento público; 1.2.3 – Lei 101/2000 – Lei da Responsabilidade Fiscal – apropriou-se da lei anterior, realizando alguns acréscimos e algumas modificações visando ao controle do déficit público de estados, municípios e do Governo Federal 1.3 – Peças orçamentárias no Brasil (CF/1988 – Art. 165) Plano Plurianual – PPA (planeja) – plano estratégico de obras públicas para os próximos quatro anos; Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO (orienta); Lei Orçamentária Anual – LOA (executa); Thiago Coelho (@taj_studies) 1.4 – Tipos ou impactos da política fiscal: 1.4.1 – Política fiscal expansionista: Caracterizado pela diminuição da receita e/ou aumento da despesa, conduzindo ao aumento do déficit e/ou diminuição do superávit). Nesse sentido, o objetivo é conter o desemprego, embora possa gerar inflação. A tendência, por conseguinte, é caminhar em direção ao primeiro quadrante da Curva de Philips (caso consiga ir em direção ao “paraíso” do quarto quadrante será ainda melhor); O único responsável por controlar as taxas de juros é o Banco Central, principalmente pela política monetária. Percebendo-se o ritmo acelerado da economia ocorre o aumento da taxa de juros pelo fato dos investimentos estarem crescendo a todo o vapor (otimismo econômico); Thiago Coelho (@taj_studies) OBS: Se o governo estiver superando em superávit, o superávit irá crescer. Caso esse esteja operando em déficit, o déficit irá diminuir, podendo, inclusive, se tornar um superávit. OBS: A política fiscal expansionista apresenta um caráter keynesiano. 1.4.2 – Política fiscal contracionista – caracterizada pelo aumento da receita e/ou diminuição da despesa, conduzindo ao aumento do superávit e/ou diminuição do déficit. O objetivo da política fiscal contracionista é controlar a inflação de demanda, mesmo que haja uma tendência em elevar o índice de desemprego. Portanto, a tendência é da saída do primeiro quadrante da Curva de Philips em direção ao terceiro quadrante. Observa-se uma queda na taxa de juros. O Banco Central, atento à dinâmica econômica, resolve diminuir as taxas de juros visando a estimular a realização de investimentos, tendoem vista que esses diminuíram por conta do desemprego (redução do poder aquisitivo populacional). OBS: Tais políticas se relacionam apenas à inflação de demanda (aquela ilustrada e explicada pela Curva de Philips) e o impacto inicial sempre ocorrerá no bolso da sociedade. Thiago Coelho (@taj_studies) POLÍTICA FISCAL INIMIGOS EFEITOS COLATERAIS Expansionista Desemprego Aumento da inflação de demanda e aumento das taxas de juros Contracionista Inflação Aumento do desemprego 2. Dívida pública 2.1 – Origens: 2.1.1 – Uma captação de recursos para financiar o déficit público do momento atual; 2.1.2 – Uma captação de recursos para financiar gastos de capital; 2.2 - Tipos de dívida pública: 2.3 – Visões sobre a dívida pública: 2.3.1 – Smith (1776) – O ideal é o orçamento equilibrado; o déficit é um mal em si mesmo pois sempre implica o seu financiamento e este financiamento traz problemas para a economia: ou inflação ou redução da atividade econômica devido ao incremento da dívida pública. Assim, o Estado deve ser o mais eficiente possível pois gastando pouco não precisará também tributar a sociedade em grande medida. O Thiago Coelho (@taj_studies) crescimento da dívida pública tende a implicar elevação do risco e da taxa de juros cobrada pelos empréstimos ao governo, reduzindo; 2.3.2 – Keynes (1936) – O Estado é entidade fundamental para a dinâmica do capitalismo e, em momentos de crise generalizada somente o setor público possui condições de aumentar seus gastos e induzir o crescimento da atividade econômica. Em momentos de depressão econômica (crise), o Estado deve gastar mesmo assumindo o déficit público, pois ele é expansionista, pois com o incremento da atividade econômica, o Estado passará a arrecadar mais em função do incremento do PIB; 2.3.3 – Novos clássicos (a partir da década 1980) – Retorno ao pensamento original dos economistas liberais clássicos com a adaptação de agora – entenderem que o resultado público deve ser superavitário. Com o superávit não se cria dívida nova ao tempo em que tem condições de se honrar os juros e amortização do estoque da dívida passada. Assim, no médio e longo prazo, a dívida pública se reduzirá, reduzindo a relação dívida/PIB, reduzindo o risco e a taxa de juros e, por fim, incrementando a atividade econômica. Essa lógica faz parte do pensamento do Consenso de Washington (1989). Antecedentes: Friedman e Hayek; 3. Curva de Lafer – associada a um pensamento liberal, é um gráfico que ilustra a existência de uma relação positiva entre a arrecadação do governo e o aumento da tributação. Existente, entretanto, uma dada pressão tributária que implica em uma arrecadação máxima. A partir desse momento, o aumento das pressões tributárias será insuficiente pois o governo arrecadará menos. Por conseguinte, a sociedade reagirá de forma contrária a essa tributação. Isso poderá ocorrer por duas razões: a) Legal – redução do ânimo ao trabalho, mudança de sede/país; b) Ilegal – sonegação, isto é, o atraso proposital de pagamentos; Thiago Coelho (@taj_studies) 4. Efeito Tanzi ou Oliveira-Tanzi – relaciona o impacto de uma elevada taxa de inflação sobre a arrecadação real de tributos e os gatos públicos, portanto, sobre o orçamento do governo. 4.1 – Efeito Tanzi pelo lado da receita – negativo para o governo; 4.2 – Efeito Tanzi pelo lado da despesa – representa um ganho no orçamento do governo em momentos de elevada taxa de inflação, em simplesmente postergar pagamentos de maneira proposital, mas ao fazer estes pagamentos ou fazê-los sem qualquer correção de valor, fazendo pelo valor nominal; 5. Doutrinas para tributação: 5.1 – Neutralidade: todos pagam a mesma taxa proporcional; 5.2 – Equidade: ocorre uma modificação no que diz respeito à proporcionalidade da taxa, visando a um ideal de justiça social Thiago Coelho (@taj_studies) 5.2.1 – Equidade pelo critério de capacidade de pagamentos: os ricos pagam mais proporcionalmente. Esse critério auxilia na melhoria do Coeficiente de Gini, auxiliando a minimizar a concentração fundiária (a relação entre as classes fica mais próxima); 5.2.2 – Equidade pelo critério do benefício: aqueles que usufruem mais de serviços públicos tendem a pagar uma maior taxa proporcional. Vale ressaltar que geralmente, em países que adotaram esse critério como o Brasil, as maiores taxas proporcionais recaem sobre os pobres. Esse critério piora o Coeficiente de Gini, auxiliando a maximizar a concentração fundiária (a relação entre as classes fica mais espaçada); 6. Tipos de cargas tributárias 6.1 – Carga tributária neutra: associa-se à doutrina da neutralidade. Nesse sentido, todos pagam proporcionalmente o mesmo (associação com a doutrina da neutralidade); Thiago Coelho (@taj_studies) 6.2 – Carga tributária progressiva: quanto mais a sociedade enriquece, mais paga-se proporcionalmente – equidade por capacidade de pagamento. Esse tipo de carga tributária é bastante identificada nos países nórdicos, os quais apresentam vínculos mais fortes com os tributos diretos (incidentes sobre grandes fortunas); 6.3 – Carga tributária regressiva: os ricos pagam menos proporcionalmente em relação aos pobres – equidade pelo critério do benefício. Esse tipo de carga tributária é verificada nos EUA, na América Latina e na África, possuindo um maior vínculo com os tributos indiretos (aqueles incidentes sobre bens e serviços); 7. Métodos de apuração do resultado fiscal 7.1 – Resultado nominal: simplesmente R-D sem fazer nenhum cálculo adicional (RN); 7.2 – Resultado operacional: é o resultado nominal sem a inflação do período RN – Inflação = RO; 7.3 – Resultado primário: é o resultado operacional sem os juros pagos pelo governo no período RO – Juros = RP; Thiago Coelho (@taj_studies) 8. Política monetária – gestação estratégica do volume de moeda que circula no mercado financeiro pelo Banco Central (BACEN). Vale ressaltar que a política monetária não possui nenhuma relação com receitas (tributos) e despesas do governo, mas sim com a liquidez (M), isto é, com a oferta monetária. 8.1 – Tipos de política monetária: POLÍTICA MONETÁRIA INIMIGOS FUNCIONAMENTO EFEITOS COLATERAIS Expansionista Desemprego Diminuição das taxas de juros (i) e/ou aumento da Aumento da inflação e aumento das taxas de juros Thiago Coelho (@taj_studies) liquidez (M) Contracionista Inflação Aumento das taxas de juros (i) e/ou diminuição da liquidez (M) Aumento do desemprego 8.2 – Mecanismos (ferramentas) do BC para expansão e redução da liquidez: gestão da taxa básica de juros, open-market, taxa de redesconto e depósitos compulsórios. 9. Taxa básica de juros: Trata-se do principal condutor da política monetária na maioria dos países; Trata-se da taxa básica de referência dos bancos para a precificação de suas operações; Em síntese, corresponde a taxa que o governo paga a quem empresta ao governo nas operações pós-fixadas, com riscos muito baixos; No Brasil, a taxa básica de juros, a mais importante das taxas, denomina-se Selic (Sistema especial de liquidação e custódia), responsável por controlar as operações com títulos públicos federais; O Conselho Monetário Nacional é o responsável por determinar a expectativa inflacionária anual, sendo composto pelo Ministro da Economia/Fazenda (Paulo Guedes) e o presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto); Quem determina a Selic é o COPOM, Comitê de Política Monetária, reunião de 45 em 45 dias, dos Diretores e Presidente do Banco Central; A Selic é utilizada como taxa de referência dos bancos em seu processo de precificação de ativos e passivos; Enquanto que no Brasil existe o COPOM, nos EUA existe o FOMC.A diferença principal consiste no fato de que o FOMC nos EUA é mais plural e democrático, uma vez que envolve profissionais relevantes externos ao Banco Central como professores universitários. Além disso, além da meta de inflação, o FOMC prevê uma meta de geração de empregos. Em síntese, o FOMC apresenta a Curva de Philips nas suas mãos; Quando se aumenta a Selic, trata-se de uma política monetária contracionista, reduzindo- se o volume de empréstimos à sociedade. Quando se diminui a Selic, trata-se de uma política monetária expansionista, aumentando-se o volume de empréstimos à sociedade; 10. Open-market Trata-se do mercado de operações dos títulos públicos federais visando ao aumento ou à diminuição da liquidez. Quando o BC vende títulos públicos, ele atua a partir de uma óptica Thiago Coelho (@taj_studies) contracionista, porém, ao receber títulos públicos, ele atua a partir de uma óptica expansionista; 11. Taxa de redesconto Certificado de depósito interbancário – empréstimos entre bancos – cobre o CDI (“o preço do dinheiro entre os bancos”). Nesse sentido, trata-se de uma espécie de anarquismo visto que não há interferência governamental nem a atuação do BACEN; A taxa de redesconto é a taxa que o BACEN cobra ao realizar empréstimos a bancos. Vale ressaltar que caso esse valor sempre será maior que o CDI por dedução lógica; Caso o redesconto for um pouco maior em relação ao CDI percebe-se um cunho expansionista, todavia, se essa diferença for significativa, percebe-se um caráter contracionista; Quando um banco encontra-se em uma situação de emergência e este pede empréstimos aos demais bancos, os seus concorrentes poderão negá-lo tendo em vista o receito iminente de uma falência e que, caso concretizada, esse dinheiro não retornará. Assim, o banco recorre ao Banco Central que, conforme citado anteriormente, poderá realizar empréstimos através da cobrança de uma taxa de redesconto; Entretanto, caso o Banco Central resolva não emprestar, este pode realizar uma intervenção no banco necessitado de duas formas – RAET (Regime de administração especial temporária) ou LEJ (Liquidação extra-judicial); O RAET possui um caráter mais ameno e é baseado no afastamento dos diretores, na busca pelo reajuste do banco e pela venda deste. Assim, funcionários e clientes não são prejudicados; Entretanto, o LEJ possui um caráter mais devastador e, além do afastamento dos diretores, é concretizado o encerramento das atividades do banco. Em síntese, o banco é quebrado, ele fecha e a busca pelos culpados ocorre de uma forma mais rigorosa; Thiago Coelho (@taj_studies) OBS: Não se pode divulgar, no momento de atuação, qual o banco encontra-se no redesconto. Além disso, é proibido divulgar quanto tempo o banco ficou no redesconto mesmo após decretada a sua falência; Os bancos Econômico, Nacional e Bamerindus quebram. O BACEN aprova o SGC (R$ 20.000,00/CPF); Em seguida, o BC aprova o PROER – programa para que bancos saudáveis comprassem a parte boa dos bancos quebrados, a parte podre ficou com o BC – objetivo: evitar um efeito dominó de quebras sucessivas de bancos; Excel comprou o Econômico Excel-Econômico BBVA comprou o Excel Econômico Bradesco comprou o BBVA; Unibanco comprou o nacional Nacional-Unibanco Itaú comprou o Nacional-Unibanco; HSBC (inglês) comprou o Bamerindus HSBC Bamerindus Bradesco comprou o HSBC Bamerindus; BC do governo FHC também aprovou o PROES, sendo o foco a privatização do setor público bancário estadual – BANEB (BA), BANESPA (SP), BANERJ (RJ), BANDEPE (PE), BEMGE (MG), etc...; 12. Depósitos compulsórios – são depósitos obrigatórios que os bancos devem realizar ao BACEN. Quanto maior for a taxa dos compulsórios, mais dinheiro os bancos depositam no BACEN e, consequentemente, reduz a oferta para a população (política monetária contracionista). Entretanto, quanto menor for a taxa dos compulsórios, menos dinheiro os bancos depositam no BACEN e, por conseguinte, aumenta a oferta para a população (política monetária expansionista); Thiago Coelho (@taj_studies) Normalmente o dinheiro do cliente depositado em um banco não retorna. O curioso é que esse dinheiro não acaba ou não se reduz devido ao fenômeno da criação endógena de moeda pelo mercado comercial; Os bancos comerciais criam moeda no seu processo de captação e empréstimo, com isso o dinheiro cresce através do multiplicador de política monetária (MPM); M1 = MPM. Mh, Sendo M1 a oferta monetária, MPM o multiplicador de política monetária e Mh, a base monetária. Thiago Coelho (@taj_studies) 13. Política cambial : Trata-se da gestão estratégica da taxa de câmbio pelo Banco Central (BACEN). Vamos analisar uma possível situação envolvendo o real e o dólar, tomando como referência a paridade 1 dólar = 5 reais. GESTÃO DA TAXA DE CÂMBIO CONSEQUÊNCIAS EXEMPLO Aumento da taxa de câmbio O real se desvaloriza em relação ao dólar Um material que era comprado no exterior por 5 reais, agora pode ser comprado por 6 reais. Diminuição da taxa de câmbio O real se valoriza em relação ao dólar Um material que era comprado no exterior por 5 reais, agora pode ser comprado por 4 reais. 14. Balanço de Pagamentos (BP), Balanço de Transações Correntes (BTC) e Balanço de Capital (BCAP): O Balanço de Pagamentos (BP) corresponde a um demonstrativo contábil, oficial, controlado pelo Banco Central (BACEN), que registra todas as movimentações comerciais (entrada e saída de moedas estrangeiras do país), de serviços, patrimoniais e financeiras entre residentes e não residentes de um país no período de 1 ano; O BP é um demonstrativo de fluxo, não de estoque; São as transferências bancárias que são levadas em consideração no BP (desconsidera, por exemplo, o dinheiro levado no bolso dos cidadãos); O Balanço de Pagamentos (BP) é calculado a partir da soma entre o Balanço de Transações Correntes (BTC) e o Balanço de Capital (BCAP); O Balanço de Transações Correntes (BTC) é calculado a partir da soma entre o Balanço Comercial (BC), o Balanço de Serviços e Rendas (BSR) e o Balanço de Transações Unilaterais (BTU); BP = BTC + BCAP BP = BC + BSR + BTU + BCAP Thiago Coelho (@taj_studies) OBS: No Balanço de Transações Unilaterais (BTU) encontram-se as doações – doações humanitárias, doações entre parentes (pai para filho, por exemplo) e os remittances (doações de estrangeiros para suas famílias situadas em outro país); 15. Reservas internacionais e risco-país: As reservas internacionais representam uma espécie de colchão de liquidez ou um filtro do que entra e do que sai de um país em termos de moeda estrangeira. Em síntese correspondem a uma reserva de moeda estrangeira conversível; O risco-país ou risco soberano representa o acréscimo que os investidores internacionais exigem de retorno sobre o rendimento dos títulos públicos norte-americanos, para emprestarem recursos para um determinado país; Quanto maior o déficit em contracorrente maior será a probabilidade da ocorrência de um “default” dessa economia, assim aumentará o risco bem como o “spread” exigido para emprestar novos recursos. Em síntese, o risco soberano representa a probabilidade do país realizar um calote; Vale ressaltar que existem outros fatores que interferem no risco-país, mas estamos considerando um dos mais importantes que corresponde ao Balanço de Pagamentos (BP); 16. Análise do cenário brasileiro (1994 a 2020): A moeda mais desvalorizada frente ao dólar desde 2020 foi o real. Começa a faltar dólar no mercado, valorizando tanto o dólar quanto o real; Thiago Coelho (@taj_studies) O Balanço Comercial possui uma tendência de ser superavitário no Brasil, apesar de alguns momentos isso não ter ocorrido(1995 – 1998 e 2014); O apogeu do Balanço Comercial brasileiro ocorreu durante o Governo Temer (2017); Não houve um ano que o Balanço de Serviços e Rendas brasileiro, desde que se começou a ser contabilizado, foi superavitário; As reservas internacionais brasileiras cresceram durante o Governo Lula, se estabilizaram durante o Governo Dilma e, atualmente, vem caindo; As doações que envolvem o Brasil não são muito relevantes, sendo dotadas de uma maior importância para países pequenos; O Balanço de Transações Correntes no Brasil foi superavitário durante o Governo Lula (entrando mais dólar do que saindo) e, nos demais governos, foi deficitário; Os IED’s (investimentos estrangeiros diretos) tenderam a crescer entre 2010 e 2019; O investimento em carteira diminuiu, significativamente, pós-Governo Dilma. No caso do Governo Bolsonaro, a ocorrência da pandemia e a instabilidade política foram determinantes para essa queda. Vale salientar que o investimento em carteira corresponde ao investimento para banco e bolsa de valores; O Brasil teve uma iminência de Default durante o Governo FHC, sendo necessário recorrer ao FMI. Lula amortizou essa dívida antecipadamente durante o seu governo; Durante a transição do Governo Lula para o Governo Dilma foram registrados os piores números no Balanço de Pagamentos; A inflação que o Brasil vive hoje corresponde à uma inflação relacionada ao aumento dos custos de produção em virtude da desvalorização cambial (real se desvalorizando em relação ao dólar); Thiago Coelho (@taj_studies) 17. Como o BACEN tenta controlar o câmbio? O governo “joga” com o mundo e não mais somente com a sociedade daquele país. Trata-se de uma questão, portanto, muito conjuntural e complexa; PIB = AI + (X-M), sendo o AI, a absorção interna, ou seja, aquilo que se consome, investe e gasta internamente (AI = C + I + G); POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO CAMBIAL POLÍTICA DE DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL Funciona como uma política cambial contracionista, embora esse termo não seja empregado; Tende a direcionar a economia para o terceiro quadrante da Curva de Philips (esfriamento econômico); As exportações tendem a diminuir (X < M); O Balanço Comercial tende a ser deficitário (X – M < 0); Os produtos nacionais ficam mais caros no exterior e, por conseguinte, perdem competitividade. Além disso, os exportadores são desestimulados; Apesar de ser positivo para o controle da inflação, tende a acentuar o índice de desemprego; A oferta de emprego tende a diminuir; PIB < AI – consome-se, investe-se e gasta- se internamente mais do que se produz; Uma das estratégias adotadas pelo Plano Real visando ao controle da inflação brasileira na década de 1990; Funciona como uma política cambial expansionista, embora esse termo não seja empregado; Tende a direcionar a economia para o primeiro quadrante da Curva de Philips (aquecimento econômico); As exportações tendem a aumentar (X > M); O Balanço Comercial tende a ser superavitário (X – M > 0); Os produtos nacionais ficam mais baratos no exterior e, por conseguinte, ganham competitividade; Apesar de ser positivo para a geração de empregos (controlar o desemprego), tende a contribuir para o aumento da inflação; A oferta de empregos aumenta; PIB > AI – produz-se mais do que se consome, se investe e se gasta internamente; 18. Tipos de câmbio: 18.1 – Câmbio Fixo: O Banco Central define a taxa de câmbio através de um decreto governamental; O mercado continua a existir, seja de forma legal ou de forma ilegal; Thiago Coelho (@taj_studies) Bastante criticado pelos liberais, pois o BACEN intervém de forma significativa, limitando a atuação do mercado; O BACEN busca controlar a saída de reservas e tende a valorizar o câmbio (“política cambial contracionista”); A Argentina, no ano de 1991, adotou o Plano Cavallo, criado por Domingo Cavallo, determinando na Constituição Federal que 1 peso argentino = 1 dólar. O país conseguiu controlar a hiperinflação, mas, por outro lado, perdeu a capacidade de executar as políticas cambial e monetária (tendo em vista que atrelou sua base monetária às reservas internacionais); Um país, ao atuar a partir de um câmbio fixo, busca evitar a desvalorização da sua moeda, controlar as reservas e impedir uma eventual ascensão inflacionária; Em situações de câmbio fixo, a tendência é que o mercado paralelo (também denominado “mercado negro”) ganhe peso e relevância, pois o mercado paralelo passa a cotar a moeda estrangeira diferentemente da cotação oficial; 18.2 – Câmbio flutuante: Representa o caso diametralmente oposto ao câmbio fixo; Na teoria, o BACEN não atua e deixa o mercado atuar livremente, pela oferta e demanda, definindo a taxa de câmbio; Apesar de previsto teoricamente, não há registro histórico de algum BC que tenha permitido o mercado atuar de forma totalmente autônoma; 18.3 – Câmbio flutuante sujo: Representa um meio-termo entre o câmbio fixo e o câmbio flutuante; O BACEN determina os limites máximo e mínimo, permitindo que o mercado atue livremente obedecendo aos limites fixados; Caso o limite superior venha a ser excedido, o BACEN atua promovendo uma valorização cambial a partir da venda de reservas; Caso o limite inferior venha a ser excedido, o BACEN atua promovendo uma desvalorização cambial a partir da compra de reservas; Thiago Coelho (@taj_studies) OBS: Caso um país venha a entrar em Default (quando não há moeda estrangeira conversível suficiente), quem entra em ação é o FMI (Fundo Monetário Internacional). O Brasil recorreu ao FMI durante o governo FHC; Thiago Coelho – FBDG – 2021.1 @taj_studies
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