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Síndrome edematosa 1 Síndrome edematosa O tratamento é eminentemente dietético, consistindo na dieta sem glúten para o resto da vida do indivíduo. Sumário do capitulo O QUE É SÍNDROME EDEMATOSA EDEMA DE ORIGEM CARDÍACA EDEMA HEPÁTICO EDEMA RENAL EDEMA ENTÉRICO EDEMAS LOCALIZADOS ASCITE BATALHA DAS SÍNDROMES Síndrome edematosa O QUE É? Edema é definido como um inchaço palpável produzido pela expansão do volume de fluido intersticial. Anasarca é o excesso, maciço e generalizado, geralmente em mais de três regiões do corpo. Síndrome edematosa 2 Entendendo o problema Edema é uma condição em que há acúmulo de líquido nas camadas da pele e tecidos. É comum em várias doenças, especialmente insuficiência cardíaca, problemas nos rins e do fígado. A maioria das vezes acontece nas pernas, mas também pode ocorrer na face e na região pré-sacral. Edema ocorre devido a desequilíbrio entre o líquido dentro e fora dos vasos. Alguns medicamentos também podem causar edema. Existem quatro órgãos que podem estar relacionados diretamente ao edema : coração, fígado, rins e intestino. A causa do edema deve ser identificada para que possa ser tratada. Síndrome edematosa 3 Para facilitar nossa vida, criamos um mnemônico para te ajudar a lembrar de toda MEDICAÇÃO na hora que você for questionar seu paciente (veja abaixo). MEDICAMENTOS QUE CURSAM COM EDEMA GENERALIZADO M Metildopa E Esteroides D Dilatadores arteriais (hidralazina) I Imunoterapia C Ciscloporina A Altura (hormônio do crescimanto - gh) Ç Clonidina à AINES (anti-inflamatórios não esteroides) O Outro: Bloq. dos Canais de Cálcio Edemas de Origem Cardíaca Se o paciente tem problemas de respiração, como falta de ar progressiva (dispneia), problemas para respirar quando deitado (ortopneia) ou falta de ar à noite (dispneia paroxística noturna), e o exame físico mostra inchaço na veia jugular (estase julgular), som anormal no coração (B3) e teste do refluxo hepatojugular positivo, é provável que a causa do edema seja problemas cardíacos. É importante lembrar que algumas causas podem ser mais graves e devem ser tratadas o mais rápido possível. Criamos um lembrete para ajudar a não deixar passar nenhuma dessas causas. Síndrome edematosa 4 CAUSAS MAIS TEMIDAS T Tamponamento cardíaco E Embolia Pulmonar M Mudança de ritmos (arritmias ventriculares) I Infarto agudo do miocárdio D descarga de tireoide (crise tireotóxicac) A Aneurisma dissecante de aorta S Sepse Insuficiencia cardíaca (IC) O edema que é causado por problemas cardíacos ocorre quando o coração não consegue funcionar corretamente, seja na hora de contrair ou relaxar. Isso causa uma acumulação de líquido nos vasos, fazendo com que o líquido saia dos vasos e forme o edema. A insuficiência cardíaca (IC) é a principais causa de problemas de internação por doenças cardiovasculares. Ela acontece quando o coração não consegue fornecer oxigênio e nutrientes suficientes para o corpo. Ela tem relação com o envelhecimento, hipertensão e diabetes. A insuficiência cardíaca pode acontecer de forma súbita ou gradativamente ao longo dos anos. A maioria dos pacientes não apresentam sintomas, mas quando ocorrem eles variam de acordo com o ventrículo afetado. A insuficiência cardíaca pode ser dividida em dois tipos: esquerda e direita. Na insuficiência cardíaca esquerda, a dispneia é o sintoma principal, enquanto na direita temos edema nas pernas e na bolsa escrota, inchaço do fígado e baço e veia jugular inchada. O diagnóstico é feito através da anamnese e exame físico. Exames como ECG, raio-x do tórax, BNP, ecocardiograma, cintilografia e cateterismo cardíaco podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico. Síndrome edematosa 5 Refluxo hepatojulgular O teste do refluxo hepatojugular é uma avaliação da pressão nas veias no pescoço durante a compressão abdominal. Acredita-se que o aumento na pressão nas veias do pescoço depois da compressão do abdome é devido ao deslocamento de sangue das veias do abdome para o átrio direito. Este teste é usado para confirmar falha no ventrículo direito ou redução de sua capacidade. É realizado com o paciente sentado a 45 graus. Durante o teste, o paciente mantém a boca aberta e respira normalmente, para evitar a manobra de Valsava, que pode dar um resultado falso positivo. O teste é feito apertando o lado superior direito do abdome por 15 a 30 segundos e observando se há aumento na altura do pulso jugular > 1 polegadas. Se sim, o refluxo hepatojugular está presente. O teste é muito sensível (80%) em casos avançados de insuficiência cardíaca. Síndrome edematosa 6 Síndrome edematosa 7 Miocardite aguda O que é? É a inflamação do miocárdio é uma condição onde há danos nas células do músculo cardíaco, causados por infecções virais, medicamentos ou problemas imunológicos e não pela falta de fluxo sanguíneo. Em quem ocorre? Adultos jovens, sexo masculino. Uma das prin- -cipais causas de morte súbita em pessoas com menos de 40 anos e crianças. Qual deve ser a condulta? -Usar medicamentos chamados ECA ou BRA para controlar a função do sistema nervoso simpático e impedir que a doença piore. -Usar beta-bloqueadores para reduzir a atividade do sistema nervoso simpático em pacientes com disfunção ventricular. -Usar anticoagulante oral em caso de problemas de coagulação associado. -O tratamento específico dependerá da causa da miocardite e pode incluir medicamentos imunossupressores, antivirais ou imunomoduladores. Esses tratamentos são indicados para todos os pacientes, exceto se houver alguma contra-indicação. Pode causar alguma síndome? Síndrome edematosa - Dispneia Quais sinais e sintoma? Os sintomas podem variar desde formas leves como dilatação e disfunção ventricular sem sintomas, até formas graves como insuficiência cardíaca, dor no peito, alterações no ECG, palpitações, tontura e morte súbita. A maioria das formas de miocardite é causada por infecções virais, mas somente 30% dos pacientes apresentam sinais de infecção respiratória, gastrointestinal ou sistêmica. Síndrome edematosa 8 Como faço o diagnóstico? O teste chamado cateterização cardíaca com biópsia endomiocárdica do ventrículo direito é considerado o teste padrão, mas muitas vezes os médicos conseguem diagnosticar a miocardite baseando-se em sinais e sintomas e usando outros testes menos invasivos. Esses outros testes incluem: verificar marcadores inflamatórios e de danos na células do músculo cardíaco no sangue, testes para infecções e problemas imunológicos, ECG (registro dos batimentos cardíacos), ecocardiograma (imagem do coração usando som) e ressonância magnética cardíaca. Tome cuidado! Quando ocorre miocardite, os marcadores de dano na células do músculo cardíaco (necrose miocárdica) aumentam, mas o aumento desses marcadores pode também ser causado por outras doenças como o infarto agudo do miocárdio, então é importante fazer um diagnóstico diferencial. Nas síndromes coronarianas (doenças das artérias que levam sangue para o coração), os marcadores de dano na células do músculo cardíaco aumentam e depois diminuem, enquanto que na miocardite eles permanecem elevados por um período mais longo. Tamponamento Cardíaco O que é? É um tipo de lesão causada por ferimento no tórax que permite que líquidos e/ou gás entrem no pericárdio (uma membrana ao redor do coração) causando aumento da pressão e levando a uma emergência médica. A gravidade do problema depende da quantidade e velocidade com que o líquido ou gás entra. Síndrome edematosa 9 Quais os sinais e sintomas? Cursar com triade de Beck, que se caracteriza por 3 sinais principais: som de bufar nos pulmões (bulhas cardíacas), pressão arterial baixa (hipotensão arterial) e inchaço na veia do pescoço (estase julgular). Outros sinais e sintomas que podem ocorrer incluem: pulso que fica mais fraco ao inspirar (pulso paradoxal), falta de ar (dispneia), respiração rápida (taquipneia), batimentos cardíacos rápidos (taquicardia) e sinal de Küssmaul (respiração rápida e profunda). Qual deve ser a condulta? O primeiro passo é descobrir e tratar a causa do problema, e para estabilizar o paciente existem duas opções: Se o paciente estiver instável ou não for possível realizar uma cirurgia, é feita uma punção no pericárdio para retirar temporariamente esses líquidos. Se o paciente estiver estável, a opção é realizar uma cirurgia chamada toracotomia, para remover os líquidos ou gás acumulado. Em quem ocorre? A maioria dos casos de choque obstrutivo ocorrem em indivíduos que já tiveram ferimentos no coração causados por arma de fogo, especialmente homens jovens no Brasil. Como faço o diagnóstico? Para diagnosticar o choque obstrutivo, é necessário analisar os sintomas e o histórico do paciente. Em caso de dúvida, é preciso realizar algum procedimento/exame, como ecocardiograma transtorácico, ultra-som, ou pericardiostomia (cirurgia). Esses exames permitem a detecção precoce do problema, mas são dependetes do operador e/ou invasivos. Pode causar quais síndromes? DISPNEIA - DOR TORÁCICA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA Síndrome edematosa 10 PEGA A VISÃO A presença da tríade de Beck ajuda a detectar o tamponamento cardíaco, mas se houver falta de líquido no corpo (hipovolemia), pode ser que as veias do pescoço não estejam inchadas. TOME CUIDADO! O Pneumotórax Hipertensivo à esquerda pode parecer o Tamponamento Cardíaco. A diferença pode ser detectada pelos seguintes sinais: som de tímpano ao bater, desvio da traqueia, e diminuição ou ausência de som de bolhas nos pulmões afetados. Se esses sinais estiverem presentes, indica Pneumotórax Hipertensivo. Síndrome edematosa 11 Síndrome edematosa 12 Pericardite constrictiva O que é? A Pericardite Constrictiva (PC) é uma condição cardíaca resultante do endurecimento do pericárdio, que se torna cada vez mais rígido e espesso, dificultando o relaxamento adequado das câmeras cardíacas e causando uma síndrome congestiva. Quais os sintomas e sinais? Os sintomas desta patologia incluem sinal de Kussmaul, atrito pericárdico, turgência jugular, hepatomegalia congestiva, ascite, edema nos membros inferiores e genitália. Em fases avançadas, o paciente pode apresentar dispneia e sinais de congestão pulmonar devido à congestão sistêmica. TOME CUIDADO! Um diagnóstico diferencial bastante difícil da Pericardite Constrictiva é a Cardiomiopatia Restritiva (CMR), que representa uma dificul-dade de expansão da parede ventricular, devido à fibrose ou acúmulos de substancias no miocárdio. A diferenciação das duas é possível devido a dosagem de BNP. que é bem maior na cardiomiopatia restritiva. O BNP normal é < 1 OOpg/ml, o valor médio na pericardite é 128pg/ml, enquanto que na CMR é em torno de 825. A Pericardite Constrictiva é uma doença difícil de ser diagnosticada. Ela tem muitas semelhanças com outra doença chamada Cardiomiopatia Restritiva (CMR). A CMR é quando a parede do coração tem dificuldade para se expandir devido a coisas como fibrose ou acúmulo de substâncias. A diferença entre as duas doenças é possível de ser encontrada através de exames de sangue, especificamente o BNP. O BNP é mais alto na CMR do que na Pericardite Constrictiva. Valores normais de BNP são menores que 100pg/ml, enquanto valores médios na Pericardite são de 128pg/ml e valores médios na CMR são de 825. Pulo do gato Síndrome edematosa 13 Tríade no exame físico da pericardite constritictiva: atrito pericárdico + edema generalizado + sinal de Kussmaul. PRINCIPAIS CAUSAS C oncentração alta de ureia (Urêmica) O portunista (Histoplasmose) N eoplasias avançadas S arcoidose T uberculose R eumática (LES) I odo baixo (hipotireoidismo) C irurgia cardíaca T raumatismo I diopática V iral A rtrite Reumatoide Sinal de kussmaul O sinal de Kussmaul é um sinal importante da pericardite constrictiva. Em pessoas saudáveis, a pressão no sangue que volta para o coração diminui quando a pessoa inspira. Mas no sinal de Kussmaul, quando a pessoa inspira, a pressão no sangue aumenta ou não diminui como deveria, o que mostra que o coração não está relaxando e o sangue está tendo dificuldade para voltar para o coração. Esse sinal pode ser encontrado em casos graves de problemas no lado direito do coração (insuficiência ventricular direita) ou na cardiomiopatia restritiva. Síndrome edematosa 14 Doença de chagas O que é? A Doença de Chagas é uma doença que você pode pegar quando viaja para o nordeste, ou locais do país com pouca salubridade, e Ela é causada por um protozoário, que é um tipo de bactéria, chamado Trypanosoma cruzi. Ela é transmitida principalmente por um inseto chamado Triatoma infestans, que é conhecido como "barbeiro". A doença tem três fases: aguda, quando os sintomas aparecem entre 1 e 3 meses; indeterminada, quando a pessoa não tem sintomas por anos; e crônica, quando a pessoa tem sintomas por muitos anos. A doença afeta principalmente o coração, o esôfago, o cólon e o sistema nervoso central. Como faço o diagnóstico? Para diagnosticar a Doença de Chagas, os médicos usam diferentes tipos de testes. Na fase aguda, eles usam o exame da gota espessa ou o teste do barbeiro de laboratório. No exame da gota espessa, eles olham o sangue sob um microscópio e procuram o protozoário. No teste do barbeiro de laboratório, eles colocam um barbeiro de laboratório no braço do paciente e depois esperam alguns dias. Depois eles olham dentro do barbeiro para ver se o protozoário está lá. Na fase crônica, eles usam vários tipos de testes diferentes. Eles olham os sintomas do paciente, fazem um exame de eletrocardiograma (ECG) para ver se há problemas no coração, e um exame de ecocardiograma (ultra-som do coração) para ver se há alterações estruturais. Também fazem testes de sangue para procurar o protozoário e ver se o paciente tem anticorpos contra ele. Qual deve ser a conduta? Na fase aguda da Doença de Chagas, os médicos usam medicamentos chamados Mebendazol e Albendazol (5 - 10 mg/kg/dia), que são tomados por 60 dias. Eles também podem usar um medicamento chamado Nifurtimox (8 - 15 mg/kg/dia), que é tomado por 90 dias. As crianças geralmente precisam tomar doses maiores desses medicamentos. Na fase crônica, os médicos usam medicamentos para ajudar o coração a funcionar melhor e para aumentar a sobrevida do paciente. Eles também usam medicamentos para aliviar os sintomas, como diuréticos, digitálicos, Dobutamina Síndrome edematosa 15 e inibidores da fosfodiesterase. Se houver problemas de batimento cardíaco, os médicos podem usar um medicamento chamado Amiodarona. Se houver bloqueio no coração, pode ser necessário colocar um marca-passo. O tratamento do megacólon e megaesôfago geralmente é cirúrgico. Quais os sinais e sintomas? Forma aguda: geralmente acomete crianças e adolescentes após 7-10 dias da picada do barbeiro. Se apresenta com quadro gripal (febre, dor muscular, prostração), associado à linfadenopatia, hepatoesplenomegalia e linfomonocitose. Na maioria das vezes é auto! imitada e o paciente tende a melhorar em 1-3 meses. Eventualmente, pode ocorrer um quadro de miocardite aguda. Forma indeterminada: os pacientes permanecem por vários anos assintomáticos e sem alterações em exames laboratoriais. Forma crônica: pode se apresentar com acometimento digestivo, cardíaco ou ambos. Acometimento digestivo inclui megaesôfago (odinofagia, disfagia, dor retroesternal) e megacólon (constipação prolongada e cólica). Acometimento cardíaco inclui cardiomiopatia chagásica levando a ICC (congestão pulmonar e sistêmica), arritmias cardíacas (taqui ou bradiarritmias), tromboembolismo pulmonar e/ou sistêmico. Em quem ocorre? Moradores de áreas endêmicas. No Brasil as principais áreas endêmicas estão no interior de Minas Gerais e no Nordeste. Pode causar síndromes? SD. EDEMATOSA- ARRITMIAS - DISFAGIA CONSTIPAÇÃO- INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Endocardiomiofibrose O que é? Síndrome edematosa 16 Ela é rara e os médicos ainda não sabem exatamente o que a causa. A doença faz com que uma camada de tecido fibroso cresça dentro do coração, principalmente nas partes superiores dos ventrículos (câmaras inferiores do coração) e impede que o coração se expanda corretamente. Isso causa uma condição chamada insuficiência cardíaca restritiva, onde o coração não consegue bombear o sangue com eficiência. Em quem ocorre? Frequência bimodal em relação à idade: 10 à 30 anos de idade. Não há prevalência entre os sexos, mas existe predomínio na etnia negra. Endêmica na Àfrica equatorial, lndia, Colômbia e Brasil. Qual deve ser a conduta? Existe um jeito de cuidar de uma doença chamada ICC diastólica e problemas relacionados, como problemas no ritmo cardíaco e coágulos. Se possível, os problemas no ritmo cardíaco devem ser corrigidos, e se não for possível, usamos um remédio chamado warfarina. Outra opção é uma cirurgia, chamada endocardiectomia, que é quando tiramos uma parte do coração e trocamos as válvulas. Isso é indicado quando os sintomas são muito ruins e não melhoram com remédios. Pode causar síndromes? SD. EDEMATOSA- DISPNEIA- HEPATOMEGALIA Quais os sinais e sintomas? A maioria das pessoas com essa doença sente dificuldade para respirar (dispneia), inchaço na barriga (ascite), nas pernas e nos braços (edemas nos membros superiores e inferiores), e o coração fica grande. Também é comum sentir problemas com a válvula do coração que controla o fluxo de sangue, o que faz barulho e dificuldade para respirar. Isso pode causar problemas como batimentos cardíacos rápidos (taquicardia), problemas para respirar quando deitado (ortopneia) e problemas para respirar durante a noite (DPN). Outros problemas Síndrome edematosa 17 podem incluir coágulos no pulmão ou em outras partes do corpo devido ao acúmulo de sangue no coração. Como faço o diagnóstico? Existe um exame chamado ecocardiograma que mostra se tem um problema com as válvulas do coração, o que faz com que o sangue volte para o lugar errado. O exame também pode mostrar se há algum problema com a parte de cima do coração e se há líquido ao redor do coração. Outros exames, como TC e RM, podem ser usados para confirmar o diagnóstico quando há dúvida, especialmente se há uma condição chamada pericardite restritiva. IC e débito cardíaco A insuficiência cardíaca pode ser dividida em dois tipos: baixo débito e alto débito. O tipo de baixo débito é o mais comum, e ocorre quando o coração não consegue bombear o suficiente sangue para o corpo. Isso faz com que os tecidos não recebam o sangue de que precisam, causando fadiga, desmaio (síncope) e cansaço. No começo da doença, esses sintomas só acontecem quando a pessoa faz exercícios, mas com o tempo acontecem mesmo quando a pessoa está descansando. O tipo de alto débito ocorre quando o coração precisa trabalhar mais para atender às necessidades do corpo, como quando há um problema na tireoide, ou quando o sangue está sendo desviado para outro lugar. Nesse caso, a pessoa pode sentir os dedos quentes, batimentos cardíacos rápidos (taquicardia), pressão alta no pulso (hipertensão) e barulho no coração (sopro). Mesmo com o débito alto, o coração ainda não consegue atender às necessidades do corpo, e a pessoa pode sentir falta de ar (dispneia) e inchaço. É importante saber que, mesmo nos casos de alto débito, o paciente pode apresentar dispneia e edema que tendem a se resolver depois de serem tratadas as causas CAUSAS DE IC COM PREDOMÍNIO DE EDEMA E Estenose tricúspide severa D Doença de Chagas E Endocardiomiofibrose M Miocardite Restritiva Síndrome edematosa 18 A Ataque (infarto) do ventrículo direito S Severa insuficiência tricúspide IC DE AUTO DÉBITO - PRINCIPAIS CAUSAS T Tireotoxicose A Anemias severas Q Queda da Vitamina B1 (Beribéri) U União de sangue arterial e venoso* I Intensa remodelação óssea (Doença de Paget) TOME CUIDADO! Atenção para pacientes com hipertireoidismo! Cardiopatia prévia nesses casos pode gerar IC de alto débito em episódios de tireotoxicose. Quais exames eu peço? Existe um exame chamado dosagem de peptídeos nutriuréticos que pode ajudar a identificar se uma pessoa tem insuficiência cardíaca (IC), mas ele tem algumas limitações. Por exemplo, os resultados do exame podem ser afetados por anemia, problemas nos rins e idade avançada, e os níveis podem ser mais baixos em pessoas com obesidade. O exame tem um "ponto de corte" de 100-400, onde se os resultados forem menores que 100, é improvável que a pessoa tenha IC, entre 100-400 é provável e acima de 400 é muito provável. Outros exames utilizados para identificar IC incluem: Ecocardiograma transtorácico bidimensional com análise dos fluxos pelo método doppler (Eco-20-Doppler) é o exame de imagem preferencial para avaliar a IC. Ecocardiograma transesofágico é invasivo e só deve ser realizado em casos específicos, como doenças valvares. Radiografia de tórax pode ser solicitada principalmente em casos de IC aguda, para avaliar cardiomegalia e congestão pulmonar. Eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações é recomendado para avaliar sinais de cardiopatia estrutural, como hipertrofia ventricular esquerda, isquemia Síndrome edematosa 19 miocárdica, áreas de fibrose, distúrbios da condução atrioventricular, bradicardia ou taquiarritmias. Tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser utilizadas quando os exames anteriores que foram inconclusivos, ou em suspeita de miocardiopatias específicas. Edema Hepático O que é? O edema é quando tem muito líquido na pele e nos tecidos, fazendo as pernas e os braços incharem. Quando isso não acontecer por causa de problemas no coração, pode ser causado por problemas no fígado. Quando é causado pelo fígado, as pessoas podem ter pele amarelada (icterícia), vasos sanguíneos aparecendo na pele (telangiectasias), sangue e linfa acumulando no abdome (circulação colateral) e seios maiores nos homens (ginecomastia). Isso acontece porque o fígado produz uma proteína importante para manter o equilíbrio do sangue, e quando o fígado está danificado, essa proteína não é produzida o suficiente, causando o inchaço. Além disso, quando há problemas na estrutura do fígado, pode haver dificuldade no fluxo de sangue e linfa, causando inchaço. A cirrose é a principal causa de problemas no fígado que causam edema. Síndrome edematosa 20 Cirose hepática O que é? A cirrose hepática é uma condição médica em que o fígado sofre danos progressivos e seus tecidos são substituídos por cicatrizes fibrosas, impedindo que o fígado funcione normalmente. Síndrome edematosa 21 Sinais e sintomas Alguns desses sintomas são: pele e olhos amarelados (icterícia), mãos vermelhas e inchadas (eritema palmar), problemas mentais (encefalopatia hepática), mau hálito (hálito hepático), manchas arroxeadas na pele (equimoses), sangue no vômito ou fezes (hematêmese e melena), baço grande (esplenomegalia), vasos sanguíneos aparecendo na pele (telangiectasias), músculos fracos (hipotrofia muscular), perda de cabelo (alopécia), seios maiores nos homens (ginecomastia), testículos menores (atrofia dos testicular), acúmulo de líquido na barriga (ascite) e vasos sanguíneos adicionais na barriga (circulação colateral). Quais as causas? Doença Alcoólica do Fígado Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica Hepatites virais crônicas (C e B) Hepatite medicamentosa (eg, Metildopa, Amiodarona, Metotrexato, Fenitoína) Hepatite Autoimune Hemocromatose Doença de Wilson O que fazer? Quando alguém tem problemas no fígado, é importante descobrir o que causou isso e tratar essa causa. Além disso, é necessário tratar os sintomas. Se o problema no fígado estiver muito avançado, pode ser necessário trocar o fígado por um novo (transplante hepático). Como faço o diagnóstico? Exames de sangue podem mostrar se alguém tem problemas no fígado. Por exemplo, se as enzimas AST e ALT estiverem altas, isso pode indicar danos nos hepatócitos (células do fígado). Se a fosfatase alcalina e a Gama GT estiverem altas, isso pode indicar danos nos ductos biliares (lesão ductal) e obstrução da bile (colestase). Se o tempo de protrombina estiver alto e a albumina estiver baixa, isso pode indicar problemas no fígado. Exames de imagem, como a ultrassonografia, podem ser usados para ver o fígado sem precisar fazer uma cirurgia e são rápido e não invasivo. Síndrome edematosa 22 Hemocromatose O que é? A Hemocromatose é uma doença que as pessoas nascem com ela e faz com que o corpo acumule muito ferro. Isso pode causar danos aos tecidos, especialmente no fígado. É uma doença hereditária, ou seja, é passada de pais para filhos. Em quem ocorre? tem principalmente causas genéticas e afeta principalmente populações caucasianas. Como faço o diagnóstico? Para saber se alguém tem Hemocromatose, é preciso identificar os sinais e sintomas da doença e ver se há algo de errado com o metabolismo de ferro no corpo. Isso pode ser feito através de exames de sangue. Também pode-se procurar por uma mutação específica nos genes C282Y e H63D. É importante verificar se a sobrecarga de ferro não é causada por outras doenças, como as hepatites B e C. Quais sinais e sintomas? A Hemocromatose pode causar vários sintomas porque o corpo tem muito ferro. Por exemplo, a pele pode escurecer, pode haver diabetes, problemas no coração como arritmias, dor nas articulações (artralgia) e dor abdominal. Ela também pode causar cirrose no fígado. Esses sintomas surgem por causa da sobrecarga de ferro. Qual deve ser a conduta? O tratamento para Hemocromatose é retirar o ferro em excesso do corpo através de um procedimento chamado de sangria. Isso é feito retirando cerca de 350-450 ml de sangue de uma vez, uma ou duas vezes por semana. O objetivo é deixar os níveis de ferritina abaixo de 50 pg/L. Quando esses níveis são alcançados, as Síndrome edematosa 23 sangrias podem ser feitas menos frequentemente, cerca de uma vez a cada 2-3 meses, para manter os níveis de ferritina abaixo de 100 pg/L. Pode causar quais síndromes? DOR ABDOMINAL- CIRROSE HEPÁTICA PULO DO GATO O edema causado por problemas no fígado geralmente não vem com falta de ar, o que é uma boa forma de distingui-lo do edema causado por problemas no coração. Escurecimento da pele Quando uma pessoa tem hemocromatose, o ferro acumulado na pele junto com a melanina dá a ela uma aparência de bronzeamento ou cinza. Cerca de 70% das pessoas com hemocromatose tem essa mudança na cor da pele. A hemocromatose é uma doença genética que a pessoa nasce com, mas os sintomas geralmente só aparecem quando a pessoa envelhece (mais de 60 anos) e o corpo precisa menos ferro. Edema Renal o que é O rim é um órgão importante que ajuda a limpar o nosso corpo. Se algo estiver errado com o rim, isso pode causar acúmulo de fluido no corpo e causar inchaço, chamado de edema. Existem três principais problemas que podem causar edema no rim: síndrome nefrítica, insuficiência renal e síndrome nefrótica. Cada um desses problemas tem uma razão diferente para causar o edema, mas todos eles são relacionados a problemas no rim. Síndrome edematosa 24 Síndrome nefrítica? O que é? Os rins são órgãos do corpo que ajudam a limpar o sangue. Quando eles ficam inflamados, isso pode causar sinais e sintomas como dor na barriga, vermelhidão e Síndrome edematosa 25 inchaço. Isso é chamado de processo inflamatório agudo nos glomérulos renais. Quais sinais e sintomas? Hematúria é quando há sangue na urina. Proteinúria é quando há proteínas na urina. Subnefrótica significa que não há muitas proteínas na urina. Hipertensão é pressão alta. Edema é inchaço. Então, quando há sangue na urina, proteínas na urina, pressão alta e inchaço, isso é o quadro base de síndrome nefrítica. Como faço o diagnóstico? O diagnóstico é a forma de saber o que está causando o problema. Para saber o que está causando o problema quando há sangue na urina, proteínas na urina, pressão alta e inchaço, pode-se olhar os sinais e sintomas. Às vezes, é preciso fazer uma biópsia renal, que é uma pequena cirurgia para tirar uma parte do rim para examinar, indicado só quando não se consegue descobrir o problema somente olhando os sinais e sintomas. Quais as causas? Doença de Berger Anticorpos Anti-membrana Basal Glomerulonefrite Membranoproliferativa GN Pós-Estreptocócica (mais comum) Infecções como endocardite infecciosa, abscesso, hepatites B e C Nefrite Lúpica (LES) Crioglobulinemia Granulomatose com Poliangeíte Poliangeíte Microscópica Churg-Strauss Púrpura de Henoch-Schonlein Síndrome edematosa 26 O que fazer? A síndrome nefrótica é um problema nos rins que causa inchaço (edemas). Para tratar esse inchaço, precisamos comer uma dieta com pouco sal (hipossódica) e beber menos água (restrição hídrica). Também precisamos tomar remédios chamados diuréticos que ajudam a eliminar o excesso de água do corpo. Além disso, é importante controlar a pressão arterial e pode ser necessário tomar remédios chamados IECAs, mas é preciso cuidado para não ter níveis elevados de potássio no sangue. Glomerulonefrite pós-infecciosa O que é? A desordem glomerular comum é um problema nos rins causado por coisas estranhas chamadas imunocomplexos que se depositam no glomérulo, que é uma parte dos rins. Isso faz com que os rins fiquem inflamados e não funcionem direito. Em quem ocorre? A glomerulonefrite pós-estreptocócica é um problema nos rins que geralmente acontece com as crianças depois de uma infecção na garganta causada por um tipo de bactéria chamada Streptococcus do grupo A. Isso faz com que os rins fiquem inflamados e não funcionem direito. Geralmente acontece 1-4 semanas depois da infecção na garganta. Mas outras coisas também podem causar esse problema nos rins. Pode causar síndromes? SÍNDROME NEFRÍTICA Quais sinais e sintomas? A glomerulonefrite pós-estreptocócica geralmente começa de repente, fazendo as pessoas se sentirem mal, com febre e problemas nos rins. Pode ficar pior muito rapidamente e se tornar uma doença grave dos rins chamada glomerulonefrite rapidamente progressiva, que é mais difícil de tratar. Síndrome edematosa 27 Como faço o diagnóstico? Para saber se alguém tem glomerulonefrite pós-estreptocócica, os médicos vão olhar se a pessoa teve uma infecção recente, principalmente causada pela bactéria chamada Streptococcus do grupo A e se a pessoa tem problemas nos rins. Eles também vão verificar a urina da pessoa e ver se tem sinais de inflamação. Se os sinais de alerta forem presentes, como problemas persistentes nos rins, os médicos podem pedir uma biópsia renal para ter certeza do diagnóstico. Qual deve ser a doncuta? Para tratar a glomerulonefrite pós-estreptocócica, as pessoas precisam beber somente a quantidade de água de que precisam para ficar saudáveis. Se a infecção foi causada pela bactéria Streptococcus do grupo A, os médicos podem dar uma dose única de medicamento chamado Penicilina Benzatina. A dose é de 600.000 unidades para crianças com menos de 25 quilos e 1.200.000 unidades para crianças com mais de 25 quilos Glomerulopatias A nefropatia por lgA (imunoglobulina tipo A) é a causa mais comum de problemas nos rins no mundo. Ela geralmente afeta crianças e adultos jovens e começa com sangue na urina (hematúria) algumas semanas depois de uma infecção de garganta ou nariz. O diagnóstico é confirmado quando os médicos encontram depósitos de lgA nos rins. A glomerulonefrite rapidamente progressiva é uma doença grave dos rins que pode levar à morte se não for tratada corretamente. Ela é caracterizada por crescimentos anormais nas células dos rins. Existem várias causas para essa doença, incluindo problemas autoimunes, infecções e condições genéticas. A glomerulonefrite antimembrana basal glomerular é uma doença autoimune em que o corpo ataca a parte dos rins chamada membrana basal glomerular. Isso pode causar problemas graves nos rins e nos pulmões. A glomerulonefrite pauci-imune é outra condição caracterizada por crescimentos anormais nos rins, mas sem a presença de anticorpos específicos. Ela pode estar associada a vasculites sistêmicas. Existem também doenças hereditárias dos rins, como a síndrome de Alport. Síndrome edematosa 28 Síndrome de Alport O que é? A síndrome de Alport é uma doença genética que afeta os rins e os ouvidos. Ela é causada por mudanças nos genes que controlam a formação da membrana basal glomerular, que é uma parte importante dos rins. Essas mudanças podem causar problemas na produção de uma proteína chamada colágeno, que é importante para a saúde dos rins. A síndrome de Alport é hereditária e pode causar problemas graves nos rins e nos ouvidos, incluindo insuficiência renal e perda auditiva. Quais são os sinais e sintoma? O sintoma mais comum é a síndrome nefrítica, que é um conjunto de sinais e sintomas relacionados à inflamação dos rins e aumento da proteína na urina. É comum que essa doença comece na adolescência e evolua para uma insuficiência renal crônica e progressiva. É comum que essa doença seja acompanhada de surdez nervosa e distúrbios oculares. Pode causar quais síndromes? Síndrome nefrítica Qual deve ser a condulta A síndrome de Alport é uma doença genética que afeta os rins e os ouvidos e NÃO TEM CURA. No entanto, existem tratamentos que podem ajudar a controlar os sintomas e evitar a progressão da doença. Estudos mostraram que o uso de medicamentos chamados IECA (inibidores da enzima conversora de angiotensina) e BRA (bloqueadores dos receptores da angiotensina) podem ajudar a diminuir a proteína na urina e controlar a pressão arterial, o que pode diminuir o risco de insuficiência renal. Além disso, é importante controlar a pressão arterial e evitar doenças que possam piorar a função renal. É importante trabalhar com um médico especialista (NEFRO) em doenças renais para encontrar o melhor plano de tratamento para cada paciente. Síndrome edematosa 29 Síndrome nefrótica O que é? Síndrome nefrótica é um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem devido ao aumento anormal da permeabilidade dos glomérulos renais, que são os filtros dos rins. Isso leva a uma grande quantidade de proteína na urina (proteinúria maciça), normalmente mais de 3,5 gramas por dia. Os sinais e sintomas incluem inchaço (edema), aumento de proteína na urina e redução do nível de proteína no sangue (hipoproteinemia), aumento da pressão arterial (hipertensão arterial) e hematúria (sangue na urina). Pode ser causado por diversas condições, como doenças renais, infecções, doenças autoimunes e tumores. É importante que a causa específica seja identificada para que o tratamento adequado possa ser iniciado. Quais sinais e sintomas? A síndrome nefrótica é uma condição renal caracterizada principalmente por três sinais principais: proteinúria maciça (grande quantidade de proteína na urina), edema generalizado (inchaço em várias partes do corpo - anasarca), hipoalbuminemia (baixo nível de albumina, uma proteína importante no sangue) e dislipidemia (alterações no perfil de gordura no sangue). Esses sintomas podem ser causados por várias doenças renais, incluindo doenças autoimunes, infecções, tumores e outras condições. O tratamento varia de acordo com a causa específica da síndrome nefrótica. É importante consultar um médico especialista em doenças renais para avaliar e tratar adequadamente essa condição. Quais são as causas? Existem diversas formas de glomerulonefrite, cada uma com suas características e possíveis causas associadas. Síndrome edematosa 30 Doença de Lesão Mínima é uma condição caracterizada por proteinúria (proteína na urina) sem evidência de dano nos glomérulos renais. Ela pode ser associada a linfoma e uso de anti-inflamatórios. Glomeruloesclerose Focal Segmentar é uma condição caracterizada por danos focais e segmentares nos glomérulos renais. Ela pode ser primária ou secundária à doenças como anemia falciforme, diabetes, HIV, hipertensão arterial e outras. Glomerulonefrite Membranosa é uma condição caracterizada por espessamento da membrana que reveste os glomérulos renais. Ela pode ser associada a neoplasias sólidas, vírus da hepatite B e LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico). Glomerulonefrite Membranoproliferativa é uma condição caracterizada por espessamento da membrana que reveste os glomérulos renais e proliferação celular. Ela pode ser associada a vírus da hepatite C, LES, HAS (hipertensão arterial) e diabetes. Glomerulonefrite Mesangioproliferativa é uma condição caracterizada por proliferação celular e espessamento da membrana que reveste os glomérulos renais. Ela pode ser associada a sífilis e malária. É importante ressaltar que essas são apenas algumas das possíveis causas e não é exaustivo, para um diagnóstico preciso é necessário uma avaliação e tratamento por um nefrologista. Como faço o diagnóstico A síndrome nefrótica é uma condição que geralmente é diagnosticada a partir de sinais e sintomas clínicos e resultados laboratoriais anormais. O anasarca (edema em várias partes do corpo) é um sinal comum. O diagnóstico laboratorial é baseado na pesquisa de proteinúria maciça (mais de 3,5 gramas por dia), hipoproteinemia (baixo nível de proteína no sangue), dislipidemia (alterações no perfil de gordura no sangue) e pela biópsia renal. A biópsia renal é um procedimento invasivo que consiste em remover uma pequena amostra de tecido renal para exame ao microscópio. Ela é importante para determinar a causa específica da síndrome nefrótica e planejar o tratamento adequado. É importante consultar um médico especialista em doenças renais para avaliar e tratar adequadamente essa condição. O que fazer Síndrome edematosa 31 O tratamento da síndrome nefrótica é baseado em medidas gerais e específicas, dependendo da causa específica. As medidas gerais incluem: Restrição de sal para controlar o edema (inchaço) Uso de diuréticos para tratar o edema Redução da proteína na dieta para diminuir a proteinúria (proteína na urina) Tratamento da anemia (baixo nível de hemoglobina no sangue) com suplementos de ferro ou eritropoietina Anticoagulação (uso de medicamentos para evitar coagulação sanguínea) no caso de fenômenos tromboembólicos (formação de coágulos que podem bloquear vasos sanguíneos) As medidas específicas incluem: Uso de corticóides e outros imunossupressores (medicamentos que suprimem a resposta imune) de acordo com a causa específica da síndrome nefrótica. Medicamentos para tratar a hipertensão arterial e diabetes se essas condições estiverem presentes. Terapias específicas para doenças autoimunes, infecções, tumores e outras condições subjacentes. É importante que essas medidas sejam administradas e acompanhadas por um médico especialista em doenças renais para avaliar e tratar adequadamente essa condição. Insuficiencia renal aguda Síndrome edematosa 32 O que é? A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma condição grave em que os rins de repente param de funcionar corretamente. Isso pode acontecer devido a vários problemas, como doenças renais, lesões, infecções ou uso de medicamentos tóxicos. A IRA é caracterizada por uma redução súbita da taxa de filtração glomerular, que é a capacidade dos rins de filtrar o sangue e eliminar os resíduos. Como resultado, há retenção de sódio e água no corpo, causando edema (inchaço). Outros sintomas incluem hipocalcemia (baixo nível de cálcio no sangue), hiperfosfatemia (altos níveis de fósforo no sangue), aumento de escórias nitrogenadas (substâncias tóxicas) e distúrbios do equilíbrio ácido-base. A IRA é uma condição muito grave, e a mortalidade pode ser elevada, chegando a 90%. As causas da IRA podem ser divididas em três categorias: pré-renal, renal e pós- renal. A IRA pré-renal ocorre quando há diminuição da taxa de filtração glomerular devido a comprometimento do fluxo plasmático renal, o que pode ser causado por desidratação, choque ou outras condições que afetam o fluxo de sangue para os rins. A IRA renal ocorre quando há dano nas estruturas funcionais dos rins, como infecções, lesões, doenças autoimunes ou uso de medicamentos tóxicos. A IRA pós-renal ocorre quando há obstruções subsequentes à formação da urina, como tumores, cálculos renais ou estreitamento das vias urinárias. É importante procurar atendimento médico imediatamente se você suspeitar de IRA, pois essa condição pode ser fatal se não for tratada adequadamente. O tratamento será baseado na causa específica da IRA e pode incluir medidas para corrigir a desidratação, uso de medicamentos para ajudar os rins a funcionar melhor, e suporte para controlar os sintomas e complicações Edema entérico Para início de conversa, você deve ter em mente que o edema entérico é um diagnóstico de exclusão. Sendo assim, devemos desconfiar do edema de causa entérica quando as opções mais comumente causadoras de edema forem descartadas e o paciente apresentar algumas características clínicas e laboratoriais. São elas: • ASCITE • HIPOALBUMINEMIA • AUSÊNCIA DE PROTEINÚRIA Síndrome edematosa 33 • DIARRÉIA As Enteropatias Perdedoras de Proteínas são a grande causa do edema entérico. Estas enteropatias se caracterizam pela perda excessiva de proteínas séricas no trato gastrointestinal, causando o edema por meio do aumento da pressão osmótica. Entretanto, para concluir que o paciente realmente está sofrendo perda de proteínas pelo trato gastrointestinal, é preciso descartar a possibilidade de estar ocorrendo, na verdade, uma redução da síntese de proteínas, como ocorre em doenças hepáticas ou na desnutrição proteica. Eli-minando tais possibilidades, podemos seguir com o pensamento de que estamos diante de um quadro de enteropatia perdedora de proteínas, que apesar de ter muitas etiologias, tem um raciocínio clínico simples. Síndrome edematosa 34 Doença celíaca O que é? Intolerância a certos grupos alimentares que contêm a proteína do glúten, como trigo, cen-teio e cevada. Nesses indivíduos, o glúten agride e danif ica as vi losidades do intest ino delgado, comprometendo a absorção. Como faço o diagnóstico ? Endoscopia digestiva alta com biópsia do intesti-no delgado. Pode-se dosar os anticorpos Antiendomísio, Antitransglutaminase e AJigliadina. O mais comum é o teste terapêutico com exclusão do glúten da dieta para avaliar reversão do quadro clínico. Qual deve ser a conduta? O tratamento é eminentemente dietético, consistindo na dieta sem glúten para o resto da vida do indivíduo. Em quem ocorre? Prevalência de 1% na população caucasiana. Fatores de risco: diabetes mellitus tipo I, doença autoimune da tireoide, colangite biliar primária, síndrome de Turner, síndrome de Down. Quais os sintomas? Clínica variável, maioria oligossintomática. Os sintomas clássicos são diarreia intermitente com esteatorreia, distensão abdominal e anemia. Sintomas menos comuns: neuropatia periférica, ataxia, dermatite herpetiforme, alopecia, úlceras orais, artropatia, osteoporose. Pode causar quais síndromes? DIARREIA - SD. DISABSORTIVA SD. CONSUMPTIVA - ANEMIA Síndrome edematosa 35 Linfagiectasia intestinal O que é? Condição rara em que ocorre a dilatação dos vasos linfáticos localizados na mucosa, submucosa ou subserosa do intestino delgado. Quando a causa é congênita, temos a Linfagiectasia Intestinal Primária. Quando a alteração linfática é adquirida e decorrente de outra condição, temos a Linfagiectasia Intestinal Secundária. Em quem ocorre? A LI Secundária ocorre em pacientes com fibrose retroperitoneal, Pericardite Constrictiva, Insuficiência Cardíaca, Pancreatite, tumores abdominais ou retroperitoneais, Tuberculose Mesentérica, Doença de Crohn, má rotação intestinal, Doença de Whipple, Doença Celíaca e desordens infiltrativas que bloqueiam os linfonodos, gerando dilatação. Quais os sinais e sintomas? Edema maciço periférico, uni ou bilateral, que pode evoluir para anasarca. Episódios de diarreia, náuseas, vômitos e dor abdominal. Pode haver esteatorreia leve a moderada. O exame físico pode indicar a presença de ascite e de derrames pleurais, que devem ser confirmados com exames de imagem. Se houver manifestação dadoença na infância, podemos observar também Síndrome edematosa 36 um retardo no crescimento. COMO FAÇO O DIAGNÓSTICO? COMO FAÇO O DIAGNÓSTICO? O diagnóstico é feito através da biópsia do intestino delgado. O tecido é retirado através do endoscópio e examinado microscopicamente. Se encontrada acentuada dilatação e ectasia dos vasos linfáticos da mucosa e da submucosa, con-firma-se a suspeita. Uma alternativa à biópsia é a linfangiografia contrastada (injeção de material de contraste por via linfática), que pode indica r linfonodos intestinais anormais. Pode causar quais síndromes? DIARREIA- DOR ABDOMINAL- SD. EDEMA TOSA Causas mistas de edema Em algumas situações, podemos ter mais de uma condição causando a síndrome edematosa apresentada pelo paciente. A importância de verificar a existência desta sobreposição, está na efetividade do manejo e tratamento destes pacientes. A Hemocromatose, já apresentada, é caracterizada pelo acúmulo de ferro nos tecidos. O consequente desenvolvimento dos quadros de cirrose e insuficiência cardíaca congestiva são os motivos do edema de causa mista observado nos pacientes. Amiloidose também é causada por um acúmulo nos tecidos, mas de proteínas. Os quadros de insuficiência cardíaca congestiva e nefropatias decorrentes deste acúmulo geram o edema de causa mista nestes pacientes. Essas etiologias de síndrome edematosa também podem aparecer juntas sem que o paciente tenha uma amiloidose de base. O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença crônica inflamatória autoimune. que pode afetar vários órgãos e tecidos. Quando cursa com nefropatia + Síndrome edematosa 37 cardiopatia, podemos ter um paciente com edema causado pelas duas condições. A Policitemia Vera é uma anormalidade mieloproliferativa em que se tem o aumento da população de eritrócitos no sangue. A consequência disto é um processo edematoso em alguns tecidos, secundá rio ao aumento da pressão oncótica promovido pela policitemia. Outras causas de edema Existem algumas condições que fazem parte da síndrome edematosa, mas não se enquadram nas grandes causas de edema, já apresentadas neste capítulo. Apesar de menos comuns, é importante que você conheça cada uma, para saber manejar não somente pacientes edematosos de causa comum, mas também aqueles que apresentam um edema de causa mais infrequente. As manifestações clínicas e laboratoriais auxiliam na diferenciação de cada causa, por isso é importante para você saber que: Mixedema: caracteriza-se pela presença de edema pré-tibial, bilateral, assimétrico, associado a placas e nódulos. Pode se apresentar com oftalmopatia assintomática ou presença de prurido. A principal causa é o hipotireoidismo severo, como ocorre na doença de Graves Angioedema: Tem início em minutos a horas, e resolução espontânea em horas a dias. A distribuição do edema é assimétrica, apresenta tendência a não envolver áreas gravitacional-dependentes. É uma reação imune aguda anormal a alimentos, pelos de animais, medicamentos, entre outros. Síndrome de Clarkson: O edema é generalizado e o paciente pode apresentar hipotensão. Além disso, os exames laboratoriais podem mostrar hemoconcentração e hipoproteinemia. Esta síndrome advém do aumento da permeabilidade capilar sistêmica idiopática. Tome cuidado Síndrome edematosa 38 A Síndrome de Clarkson varia em frequência e gravidade, podendo ser fatal. Assim, o diagnóstico desta condição tem que ser feito de forma rápida. Pulo do gato O edema do mixedema caracteriza-se por ser duro e ter aspecto de pele opaca. Edemas localizados A localização do edema é um fator que, muitas vezes, auxilia no raciocínio sobre possíveis etiologias. Isto porque alguns processos patológicos comumente cursam com o aparecimento de edema em uma região específica do corpo. Neste sentido, destacam-se o edema de face, membros inferiores e mãos. Edema de face São muitas as condições que podem cursar com o edema de face, como você pode conferir a baixo no mnemônico PAPEIROOSS, fazendo uma alusão ao inchaço de face causado pela caxumba. Principais causas do edema de face P Pneumomediastino A Angioedema P Pericardite Constrictiva E Esclerodermia I Insuficiência Cardíaca R Renal (Insuficiência) O dOença Mista do Tecido Conjuntivo O trOmbose de veia subclávia Síndrome edematosa 39 S Síndrome Nefrótica S Síndrome da Veia Cava Superior Tome cuidado O inchaço da Caxumba, apesar de estar sendo usado neste mnemônico, não é um tipo de edema, e sim decorrente do aumento das glândulas salivares, em especial da parótida, por conta do processo inflamatório desencadeado pela infecção. Edema de membros inferiores Alguns processos podem cursar com edema de membros inferiores, sendo que a maior parte deles são identificáveis pela história clínica do paciente. Assim, uma história recente de cirurgia, por exemplo, fala a favor de um linfedema pós-cirúrgico, enquanto uma epidemiologia favorável à infecção por Wuchereria bancrofti com sintomatologia de infecção aguda no passado, nos leva a pensar em filariose. As causas de edema localizado nos membros inferiores são: Doença de Milroy (linfedema congênito), deficiência de inibidor C1, Síndrome de Clarkson, Filariose, gravidez, Linfedema Pós-cirúrgico e Síndrome da Veia Cava Inferior. Edema de mãos O edema de mãos é mais incomum na prática clínica e, por isso, apresenta causas bem específicas, são elas: Puffy Hands, Artrite Reativa, Hanseníase, Esclerodermia, Síndrome POEMS e uso de droga Ilícita intravenosa. Ascite Ascite é o resultado do acúmulo de líquido na cavidade peritoneal. Este acúmulo, por sua vez, pode ser causado por diversas etiologias, sendo as de origem hepática Síndrome edematosa 40 responsáveis pela maior parte dos casos. Pacientes com ascite apresentam distensão abdominal progressiva que pode estar associada a algum desconforto ou não. O aumento da pressão abdominal justifica o aparecimento de dispneia, observada em alguns pacientes. É importante ainda você saber que o tempo de evolução da ascite está intimamente ligado à etiologia, sendo as causas traumáticas mais agudas. Manobras de pesquisa de ascite 1. Macicez móvel: Percute-se o flanco direito, e em seguida se repete a percussão com o paciente posicionado em decúbito lateral esquerdo. Atente para a mudança do som nas duas percussões (maciço para timpãnico) devido à mobilidade do líquido na cavidade abdominal. Sinal presente em ascites menores (0.3 - 1 L). 2. Semicírculo de Skoda: Nessa manobra, começa-se percutindo a partir da linha abdominal e ca-minhando com a percussão de forma perpendicular à linha média do corpo, para o flanco direito do paciente. Esse movimento é então repetido alterando a angulação com que se caminha a percussão até se completar um semicírculo. Observe que a percussão no centro do abdome produz um somtimpânico, e à medida que se caminha para as extremidades o som se torna maciço devido à presença de líquido. Essa manobra é positiva para ascites de médio tamanho (1 - 3L). 3. Sinal do piparote: Pede-se que o paciente posicione a mão sobre a linha média umbilical e reali-za-se a percussão na lateral observando se passam ondulações para o lado oposto. Geralmente está presente em ascites de grande volume(> 3L).
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