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CEL0014-WL-PP-Análise Textual-Verbos Nomes e Transitividade

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ANÁLISE TEXTUAL – VERBOS, NOMES E TRANSITIVIDADE 
 
REGÊNCIA NOMINAL 
 
 
A seguir alguns substantivos e adjetivos cujas regências merecem atenção: 
 
Acessível a 
Acostumado a ou com 
Adequado a 
Alheio a 
Alusão a 
Análogo a 
Ansioso por 
Apologia de 
Apto a ou para 
Atenção a ou para 
Atento a ou em 
Ávido por 
Benéfico a 
Compatível com 
Consulta a 
Curioso de 
Desacostumado a ou 
com 
Desatento a 
Desejoso de 
Desfavorável a 
Desrespeito a 
Equivalente a 
Falta a 
Favorável a 
Fiel a 
Grato a 
Grudado a 
Guerra a 
Hábil em 
Habituado a 
Hostil a 
Ida a 
Impotente para ou 
contra 
Impróprio para 
Inábil para 
Inacessível a 
Incapaz de ou para 
Incompatível com 
Ingrato com 
Intolerante com 
Invasão de 
Junto a ou de 
Leal a 
Maior de 
Morador em 
Natural de 
Necessário a 
Necessidade de 
Nocivo a 
Obediente a 
Ódio a ou contra 
Odioso a ou para 
Oposto a 
Parecido a ou com 
Paralelo a 
Passível de 
Preferência a ou por 
Preferível a 
Prestes a ou para 
Pronto para ou em 
Propensão para 
Próprio de ou para 
Próximo a ou de 
Querido de ou por 
Residente em 
Respeito a ou por 
Semelhante a 
Simpatia por 
Simpático a 
Sito em 
Situado em 
Superior a 
União com ou entre 
Útil a ou para 
 
 
REGÊNCIA VERBAL 
 
 
ABDICAR. Pode significar renunciar, desistir. Pode ser um verbo intransitivo, transitivo direto ou 
transitivo indireto. 
 
Exemplos: 
O rei abdicou. (verbo intransitivo) 
Não abdicarei dos meus direitos. (verbo transitivo indireto) 
 
 
 
 
2
AGRADAR. No sentido de contentar, satisfazer é transitivo indireto. 
 
Exemplos: 
O jogo não agradou ao técnico da Seleção Brasileira. 
O convite não lhe agradou. 
 
 
AGRADECER. Pode aparecer como transitivo direto (‘agradecer’ algo), transitivo indireto 
(‘agradecer’ a alguém’) e transitivo direto e indireto (‘agradecer’ algo a alguém). 
 
Exemplos: 
 
Agradeci as flores. (verbo transitivo direto) 
 
Agradeci aos diretores. (verbo transitivo indireto) 
 
Agradeci o presente ao amigo. (verbo transitivo direto e indireto) 
 
 
AJUDAR. Aparece como transitivo direto (‘ajudar’ alguém) e transitivo direto e indireto (‘ajudar’ 
alguém em algo; ‘ajudar’ alguém a fazer algo). 
 
Exemplos: 
 
Ela ajudava a meu pai. (verbo transitivo direto) 
 
Nós ajudávamos mamãe a arrumar a casa. (verbo transitivo direto e indireto) 
 
 
ASPIRAR. Será transitivo direto quando significar respirar e transitivo indireto no sentido de 
almejar, pretender, desejar ardentemente. 
 
Exemplos: 
Aspirou gás carbônico. 
Muitos aspiram a um mundo melhor. 
 
 
ASSISTIR. 
 
Transitivo direto com o significado de prestar assistência, ajudar, acompanhar um doente. 
 
Transitivo indireto com o significado de: 
 
a) presenciar, ver 
b) caber, pertencer. 
 
Intransitivo com o significado de morar, residir – pouco utilizado atualmente. 
 
Exemplos: 
 
O médico assistiu o doente. 
 
 
 
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Nós assistimos ao jogo da seleção. 
 
Assiste aos políticos o bem-estar social. 
 
Paulo assiste no Recife desde 2005. 
 
 
 
CHAMAR. Será transitivo direto no sentido de convidar, convocar. 
 
Exemplo: Chamei o professor de matemática. 
 
Será transitivo indireto com a preposição ‘por’ com o sentido de ‘invocar’. 
 
Exemplo. Sua mãe chamou por Nossa Senhora naquele momento difícil. 
 Chamei por seu pai. 
 
No sentido de ‘denominar’ há construções como1: 
 
a) Chamei João de bobo. (Transitivo direto + predicativo do objeto) 
b) Chamei a João de bobo. (Transitivo indireto + predicativo do objeto) 
 
 
Caso o complemento (objeto direto ou indireto) esteja representado por um pronome oblíquo átono, 
teremos as seguintes construções: 
 
Chamei-o de bobo. (‘O’ é o objeto direto; ‘de bobo’ é o predicativo desse objeto) 
 
Chamei-lhe de bobo. (‘Lhe’ é o objeto indireto; ‘de bobo’ é o predicativo desse objeto) 
 
Chamei-o covarde. Chamei-lhe bobo. 
 
 
 
 
 
CHEGAR, IR, VIR, SAIR. São intransitivos quando seguidos de lugar com a preposição ‘a’ (e não 
em) na indicação de destino e ‘de’ na indicação de procedência. 
 
Pedem objeto indireto quando significam ‘chegar, ir, vir, sair’ de um lugar a, para, até outro lugar. 
 
Exemplos: 
 
Eles chegaram cedo. 
Ele ainda não chegou. 
Ele chegou de Brasília. (Transitivo indireto) 
 
1 É curioso que a sintaxe original seja ‘Chamei João bobo’ e ‘Chamei a João bobo’. No entanto, o português culto do 
Brasil prefere as formas presentes nas letras (a) e (b). 
 
 
 
4
 
 
 
Vou a São Paulo. 
Fui de São Paulo para a França. (Transitivo indireto) 
 
 
 
CUSTAR. Quando significa ‘ser custoso, ser difícil’ é transitivo indireto com a preposição ‘a’. No 
sentido de acarretar será transitivo direto e indireto. 
 
Exemplos: 
Aquele novo escândalo custou ao político. (‘Custar’ a alguém) 
 
O escândalo custou-lhe a carreira. 
 
 
ENCONTRAR. 
a) É transitivo direto quando significa "achar, avistar". 
Exemplos: Ele encontrou a casa que tanto procurava. 
 Encontrei uma solução para o seu problema. 
 
b) É transitivo indireto, regido pela preposição ‘com’, no sentido de "deparar com alguém, ter 
ou marcar um encontro". 
Exemplo: Encontramos com ele no cinema. 
 
c) É pronominal com o sentido de "estar, achar-se em"; 
c1) Também é pronominal, mas com complemento preposicionado com o sentido de “reunir-se 
com alguém”. 
Exemplos: O gerente disse que se encontrava em reunião. 
 Ele vai se encontrar com o diretor amanhã. 
 
 
ENSINAR. Na norma culta, esse verbo é considerado transitivo direto e indireto, regido pela 
preposição ‘a’. 
 
Exemplo: Ensinei português aos alunos. 
 
 
 
ESQUECER/ LEMBRAR. São transitivos diretos quando não são pronominais e aparecerem nos 
sentidos de cair no esquecimento e vir à lembrança. 
 
Exemplos: 
 
Ele esqueceu a carteira. 
Ele esqueceu que tinha trabalho. / Ele lembrou que tinha trabalho. 
 
A casa lembrava uma casa de campo. 
 
 
Serão transitivos indiretos se forem pronominais. 
 
 
5
 
Exemplos: 
Esqueci o nome da rua. / Esqueci-me do nome da rua. 
Lembrei um caso antigo. / Lembrei-me de um caso antigo. / 
Esqueceu-se de que tinha um livro em casa. 
Lembrou-me de que tinha um caso antigo. 
 
Cunha e Cintra (1985:514) afirmam que do cruzamento da estrutura do verbo transitivo indireto 
com o verbo pronominal, transitivo indireto, surgiu uma terceira construção, condenada pela norma 
culta. 
 
‘Ele esqueceu a carteira’ + ‘Ele se esqueceu da carteira’= ‘Ele esqueceu da carteira.’ 
 
 
 
IMPLICAR. 
a) Transitivo direto no sentido de 'trazer como consequência', 'acarretar'; 
b) Transitivo indireto com o sentido de 'mostrar-se impaciente', 'demonstrar antipatia'. 
c) Com o sentido de "comprometer" ou "envolver", é transitivo direto e indireto com a 
preposição ‘em’. 
 
Exemplos: 
 
Sua decisão implicou mudanças no texto final do trabalho. 
Ele implicava com todas as crianças. 
O senador implicou o empresário no crime. (Implicar alguém em alguma coisa) 
 
 
INFORMAR. Normalmente, é usado com dois complementos: um sem preposição (objeto direto) e 
outro com preposição (objeto indireto). Admite duas construções: informar alguma coisa ‘a’ alguém 
ou informar alguém ‘de’ (ou ‘sobre’) alguma coisa. 
 
Exemplos: 
 
Eles informaram o preço do carro ao cliente. 
Eles informaram o cliente sobre o preço do carro. 
 
Esta regra a respeito do verbo INFORMAR aplica-se também aos verbos AVISAR, CERTIFICAR, 
CIENTIFICAR, NOTIFICAR e PREVENIR. 
 
 
OBEDECER / DESOBEDECER. São transitivos indiretos e regidos pela preposição ‘a’. 
 
Exemplos: 
 
O motorista desobedeceu ao regulamento. 
 
Os juristas obedecem ao Código Civil. 
 
 
Apesar de serem verbos transitivos indiretos, segundo Cunha e Cintra (idem: 520). 
 
 
6
Exemplo. As leis são obedecidas. 
 
 
PAGAR / PERDOAR. Se o complemento denota coisa, deve ir sem preposição (objeto direto); mas 
se o complemento denota pessoa, devevir regido pela preposição 'a' (objeto indireto). 
 
Exemplos: 
 
Paguei o carro ao gerente da loja. Pagar algo (=objeto direto) ‘a’ alguém (objeto indireto) 
Paguei o carro. 
Paguei ao gerente da loja. 
 
Perdoei as ofensas a meus ofensores. 
Perdoei as ofensas. 
Perdoei a meus ofensores. 
 
 
 
PRECISAR. É transitivo direto quando significa ‘marcar com precisão’; é transitivo indireto com o 
significado de ‘necessitar’ e regido pela preposição ‘de’. 
 
Exemplos: 
 
O professor precisou a hora e o local da aula de reposição. 
 
O Brasil precisa de políticos mais atuantes. 
 
PREFERIR. É um verbo transitivo direto e indireto: pede objeto direto para aquilo que se gosta 
mais e objeto indireto para aquilo que menos se gosta, regido pela preposição ‘a’. 
 
Exemplos: 
Preferia o caderno ao computador. 
Preferia o vinho à cerveja 
 
Observação: 
 
Como nesse verbo já existe a noção de comparação não se deve usar mais, muito mais, antes, 
que ou do que, ou seja, o uso da expressão "do que" no lugar da preposição "a" é incorreto. Assim, 
é errado dizer: "Eu prefiro comer bolo do que torta gelada". 
 
PROCEDER. É intransitivo com o sentido de 'ter fundamento', 'mostrar-se verdadeiro'; é transitivo 
indireto com complemento regido pela preposição a quando significa ‘levar a efeito’, ‘executar’. 
 
Exemplos: 
O advogado teve sua petição negada, pois a mesma não procedia. 
O detetive procederá a uma investigação criteriosa. 
 
 
QUERER. É transitivo direto quando significa 'desejar', 'ter vontade de'; é transitivo indireto com 
complemento regido pela preposição a quando significa ‘estimar’. 
 
Exemplos: 
 
 
7
As crianças queriam uma nova chance. 
As crianças querem a seus pais. 
 
 
RESPONDER. 
a) É transitivo direto e indireto quando significa ‘responder algo a alguém’. 
Exemplo: 
Ele respondeu o questionário ao professor. 
 
b) É transitivo indireto quando significa ‘dar resposta’, ‘replicar’. 
 
Exemplo: 
A menina respondeu ao pai. 
 
Observação. Com o significado de "ser submetido a", o emprego do artigo definido é facultativo. 
Exemplos: 
Ele responderá a inquérito (a inquéritos) 
Ele responderá ao inquérito (aos inquéritos) 
 
 
VISAR. É transitivo direto com o sentido de 'mirar' (=apontar) e de 'dar visto'; com o sentido de 'ter 
vista', 'objetivar', é transitivo indireto com complemento regido pela preposição a. 
 
Exemplos: 
O policial visou o alvo e atirou. 
O gerente mandou visar o cheque. 
Ele sempre visou o cargo de gerente. 
 
Referência Bibliográfica 
 
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Revista e ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999. 
CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 7ª ed. São Paulo: Ática, 1999. 
______. Dicionário prático de regência verbal. 7ª ed. São Paulo: Ática, 1999. 
SILVA, Sérgio Nogueira da. O português do dia-a-dia: como falar e escrever melhor. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2009.

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