Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mecânica Quântica 1 Verificação de Aprendizagem 2 1 de Fevereiro de 2023 1 (a) Considere uma partícula de spin −1/2 ( carga -e, massa m) em repouso na origem, na presença de um campo magnético girante de módulo constante B0, cuja direção percorre um cone com ângulo de abertura α, com velocidade angular ω: ⃗B(t) = B0[sinαcos(wt)̂i+ senαsen(wt)ĵ + cosαk̂] (1) O Hamiltoniano, dependente do tempo, que governa o sistema é dado por: H(t) = −µS⃗ · B⃗(t) (2) onde S⃗ é o operador vetorial de spin −1/2 e µ = −e/m. (a) Encontre os conjuntos de autovalo- res E± e autovetores |Ez(t)⟩ de H(t), onde |E+(t)⟩ e |E−(t)⟩ representam os vetores de estados de spin para cima e para baixo, respectivamente, ao longo da direção instantânea de B⃗(t). Resolução: B⃗(t) = B0[senα cos(ωt)̂ı+ senα sen(ωt)ȷ̂+ cosαk̂] S⃗ · B⃗(t) = SxB0 senα cos(ωt) + SyB0 senα sen(ωt) + SzB0 cosα S⃗ · B⃗(t) = ℏℏ 2 B0 ( cosα senα cos(ωt)− i senα sen(ωt) senα cos(ωt) + i senα sen(ωt) − cosα ) S⃗ · B⃗(t) = ℏ 2 B0 ( cosα senαe−iωt senαeiωt − cosα ) (3) Dessa forma, temos que: H(t) = eℏB0 2m ( cosα senαe−iωt senαeiωt − cosα ) (4) Agora vamos calcular os autovalores e autovetores de H(t). det(H(t)− λ1) = 0( eℏB0 2m cosα− λ )( −eℏB0 2m cosα− λ ) − ( eℏB0 2m )2 sen2 α = 0 (5) − ( eℏB0 2m )2 cos2 α− eℏB0 2m cosαλ︸ ︷︷ ︸+ eℏB02m cosαλ︸ ︷︷ ︸+λ2 − ( eℏB0 2m )2 sen2 α = 0 − ( eℏB0 2m )2 + λ2 = 0 ⇒ λ = ±eℏB0 2m E+ = + eℏB0 2m ;E− = − eℏB0 2m (6) Assim, o autovetor referente ao autovetor |E+⟩= + eℏB02m será: eℏB0 2m ( cosα senαe−iωt senαeiωt − cosα )( a b ) = eℏB0 2m ( a b ) (7) Então: { a cosα + b senαe−iωt = a b = a(1−cosα) senα eiωt (8) 2 Utilizando: { 1− cosα = 2 sen2 ( α 3 ); senα = 2 sen ( α 3 ) cos ( α 3 ) (9) Temos: { b = a · sen ( 1 3 ) cos ( α b ) eiωt (10) Assim o autovetor |E+(t)⟩ é dado por: ⇒ |E+(t)⟩ = [ 1 sen α 2 cos α 2 eiωt ] (11) Normalizando, temos : |E+(t)⟩ = [ cos ( α 2 ) sen ( α 2 )eiωt ] |E+(t)⟩ = cos (α 2 ) |+⟩+ sen (α 2 )eiωt |−⟩ (12) Assim, seguindo os mesmo passos, teremos o autovetor referente ao autovalor E−= − eℏB02m : eℏB0 2m ( cosα senαe−iωt senαeiωt − cosα )( c d ) = −cℏB0 2m ( c d ) (13) Então: { c cosα + d senαe−iωt = −c d = −c(1+cosα) senα eiωt (14) Utilizando: { 1 + cosα = 2 cos2 α 2 ; senα = 2 sen α 2 cos α 2 (15) Temos: { d = −c cos ( α 2 ) sen ( α 2 ) eiωt (16) Assim o autovetor |E−(t)⟩ é dado por: ⇒ |E−(t)⟩ = 1 − cos ( α 2 ) sen ( α 2 )eiωt (17) Normalizando, temos : |E−(t)⟩ = [ sen ( α 2 ) − cos ( α 2 )eiωt ] |E−(t)⟩ = sen (α 2 ) |+⟩ − cos (α 2 ) eiωt |−⟩ |E−(t)⟩ = sen (α 2 )e−iωt |+⟩ − cos (α 2 ) |−⟩ (18) 3 (b) Determine o vetor de estado |ψ(t)⟩, o qual é a solução exata da equação de Schrödinger dependente do tempo para um tempo t arbitrário, assumindo que o sistema inicia sua evolução no estado de spin para cima |E+(0)⟩ [ao longo de B⃗(0)] no tempo t = 0. Para isso, resolva explicitamente a equação de Schrödinger dependente do tempo, mostrando que: |ψ(t)⟩ = ([ cos(λt/2) + i(ω1 + ω) λ sen(λt/2) ] cos( α 2 ) exp −iωt 2[ cos(λt/2) + i(ω1 − ω) λ sen(λt/2) ] sen( α 2 ) exp iωt 2 ) (19) onde λ ≡ √ ω2 + ω21 + 2ωω1cosα (20) ω1 ≡ −eB0 m (21) Resolução: O estado inicial do sistema é dado por: |E+(t)⟩ = cos (α 2 ) |+⟩+ sen (α 2 ) |−⟩ (22) A Equação de Schrödinger dependente do tempo é dada por: iℏ ∂ ∂t |ψ(t)⟩ = H(t) |ψ(t)⟩ (23) Vamos considerar que |ψ(t)⟩ = ( f(t) g(t) ) e utilizando o H(t) já conhecido: iℏ ∂ ∂t ( f(t) g(t) ) = eℏB0 2m ( cosαα senαe−iωt senαeiωt − cosα )( f(t) g(t) ) iℏ ∂ ∂t ( f(t) g(t) ) = −ℏ 2 ω1 ( cosα senαe−iωt senαeiωt − cosα )( f(t) g(t) ) ⇒ i ( ∂f(t) ∂t ∂g(t) ∂t ) = ω1 2 ( f(t) cosα + g(t) senαe−iωt f(t) senαeiωt − g(t) cosα ) (24) Assim, podemos chegar em : ∂f(t) ∂t = i ω1 2 ( f(t) cosα + g(t) senαe−iωt ) ∂g(t) ∂t = i ω1 2 ( f(t) senαeiωt + g(t) cosα ) (25) Ok! Agora vamos olhar para a primeira parte do sistema (25) : ∂f(t) ∂t = i ω1 2 ( f(t) cosα + g(t) senαe−iωt ) −2i ω1 ∂f(t) ∂t − f(t) cosα = g(t) senαe−iωt g(t) = −2i ω1 eiωt senα ∂f(t) ∂t − f(t) cotαeiωt (26) 4 OK! Agora vamos olhar para a segunda parte do sistema (25) : ∂g(t) ∂t = i ω1 2 ( f(t) senαeiωt + g(t) cosα ) −2i ω1 ∂g(t) ∂t + g(t) cosα = f(t) senαeiωt (27) Derivando o resultado encontrado em (25), temos: ∂g(t) ∂t = −2i ω1 1 senα ( iωeiω1t ∂f(t) ∂t + eiωt ∂2f(t) ∂t2 ) − f(t) cotα(iω)eiωt − ∂f(t) ∂t cotαeiωt (28) Substituindo os resultados encontrados das derivadas, teremos: −4 ω21 1 senα ( iωeiωt ∂f(t) ∂t + eiωt ∂2f(t) ∂t2 ) − 2ω ω1 f(t) cotαeiωt+ 2i ω1 ∂f(t) ∂t cotαeiωt︸ ︷︷ ︸− 2i ω1 ∂f(t) ∂t cotαeiωt︸ ︷︷ ︸−f(t) cos2α senα eiωt = f(t)senαeiωt (29) Multiplicando por senαe−iωt : −4 ω21 ∂2f(t) ∂t2 − −4 ω21 iω∂f(t) ∂t − 2ω ω1 cosαf(t)− cos2αf(t) = sen2αf(t) −4 ω21 ∂2f(t) ∂t2 − −4 ω21 iω∂f(t) ∂t − 2ω ω1 cosαf(t)− cos2αf(t)− f(t) = 0 ∂2f(t) ∂t2 + iω∂f(t) ∂t + ωω1 2 cosαf(t) + ω21 4 f(t) = 0 ∂2f(t) ∂t2 + iω∂f(t) ∂t + ( ωω1 2 cosα + ω21 4 ) f(t) = 0 (30) Sendo assim, para encontrarmos uma equação semelhante para g(t), vamos derivar o resultado da equação (28) e substituir o resultado e a própria equação (28) em (25) : f(t) = −2i ω1 1 senα e−iωt ∂g(t) ∂t + g(t) cotαe−iωt Derivando o resultado encontrado: ∂f(t) ∂t = −2i ω1 1 senα ( − iωe−iωt∂g(t) ∂t + e−iωt ∂2g(t) ∂t2 ) − g(t)iω cotαe−iωt + ∂g(t) ∂t cotαe−iωt (31) Substituindo os dois resultados encontrados em (25), temos: −4 ω21 1 senα ( − iωe−iωt∂g(t) ∂t + e−iωt ∂2g(t) ∂t2 ) − 2g(t)ω ω1 cotαe−iωt − 2i ω1 ∂g(t) ∂t cotαe−iωt︸ ︷︷ ︸+ 2i ω1 ∂g(t) ∂t cotαe−iωt︸ ︷︷ ︸ −g(t)cos 2α senα e−iωt = g(t)senαe−iωt (32) 5 Multiplicando esse resultado por senαeiωt, temos: 4iω ω21 ∂g(t) ∂t − −4 ω21 ∂2g(t) ∂t2 − 2ω ω1 cosαg(t)− cos2αg(t) = sen2αg(t) −4 ω21 ∂2g(t) ∂t2 + 4iω ω21 ∂g(t) ∂t − 2ω ω1 cosαg(t)− g(t) = 0 ∂2g(t) ∂t2 − iω∂g(t) ∂t + ( ωω1 2 cosα + ω21 4 ) g(t) = 0 (33) Ok! Agora tudo o que precisamos fazer é resolver as EDO’s de f(t) e g(t). Vamos começar por f(t) : ∂2f(t) ∂t2 + iω∂f(t) ∂t + ( ωω1 2 cosα + ω21 4 ) f(t) = 0 (34) Utilizando o método do polinômio característico, temos: r2 + iωr + ( ωω1 2 cosα + ω21 4 ) = 0 r = −iω ± √ −ω2 − 2ωω1cosα− ω21 2 (35) Fazendo a substituição de λ ≡ √ ω2 + 2ωω1cosα + ω21 temos que r = iω ± iλ 2 (36) Desta forma, a solução da EDO referente a f(t) é dada por: f(t) = c1e iω+iλ 2 + c2e iω−iλ 2 f(t) = ( c1e iλt 2 + c2e −iλt 2 ) e iωt 2 (37) Usando a condição inicial, temos que f(0) = cosα 2 , assim : c1 + c2 = cos α 2 (38) O que nos leva à: f(t) = [ c1 ( cos (λt 2 ) + isen (λt 2 )) + c2 ( cos (λt 2 ) − isen (λt 2 ))] e −iωt 2 f(t) = [ cos (α 2 )cos (λt 2 ) + (c1 − c2)isen (λt 2 )] e −iωt 2 (39) 6 Ao aplicarmos t = 0 na equação (25), teremos: −2i ω1 ( ic1 −ω + λ 2 − ic2 ω + λ 2 ) − cosα 2 cosα = sen α 2 senα c1 ω1 (−ω + λ)− c2 ω1 (ω + λ) = cos α 2 λ ω1 (c1 − c2)− ω ω1 (c1 + c2) = cos α 2 λ ω1 (c1 − c2)− ω ω1 cos α 2 = cos α 2 λ ω1 (c1 − c2) = cos α 2 (ω1 + ω ω1 ) ∴ c1 − c2 = cos α 2 (ω1 + ω λ ) (40) Então, nosso f(t) toma a seguinte forma: f(t) = ( cos α 2 cos λt 2 + cos α 2 (ω1 + ω λ ) isen λt 2 ) e−iω t 2 f(t) = ( cos λt 2 + (ω1 + ω λ ) isen λt 2 )) cos α 2 e−iω t 2 (41) Seguindo os mesmos passos, somos capazes de encontrar uma solução para g(t), onde g(0) = senα 2 = ( c3 + c4 ) , e, c3 − c4 = senα2 ( ω1−ω λ ) ∴ g(t) = ( cos λt 2 + (ω1 − ω λ ) isen λt 2 ) sen α 2 eiω t 2 (42) Assim, agora somos capazes de determinar o estado |ψ(t)⟩ |ψ(t)⟩ = ( f(t) g(t) ) |ψ(t)⟩ = ( cosλt 2 + ( ω1+ω λ ) isenλt 2 )) cosα 2 e−iω t 2( cosλt 2 + ( ω1−ω λ ) isenλt 2 ) senα 2 eiω t 2 (43) 7 (c) Mostre que a probabilidade de transição |⟨E−(t)|ψ(t)⟩|2 para o estado |E−(t)⟩ em um ponto arbitrário t é dada por: |⟨E−(t)|ψ(t)⟩|2 = [ ω λ sen λt 2 ]2 (44) Resolução: Sabemos que |E−(t)⟩ toma a forma:|E−(t)⟩ = [ sen ( α 2 ) − cos ( α 2 )eiωt ] (45) Assim, |⟨E−(t)|ψ(t)⟩|2 = ( sen α 2 − cosα 2 e−iωt ) ( cosλt 2 + ( ω1+ω λ ) isenλt 2 )) cosα 2 e−iω t 2( cosλt 2 + ( ω1−ω λ ) isenλt 2 ) senα 2 eiω t 2 = [ cos λt 2 + (ω1 + ω λ ) isen λt 2 ] cos α 2 sen α 2 e−iω t 2 − [ cos λt 2 + (ω1 − ω λ ) isen λt 2 ] cos α 2 sen α 2 e−iω t 2 = cos α 2 sen α 2 e−iω t 2 [ cos λt 2 + (ω1 + ω λ ) isen λt 2 − cosλt 2 − (ω1 − ω λ ) isen λt 2 ] = cos α 2 sen α 2 e−iω t 2 [ 2 ω λ sen λt 2 ] = sen α 2 senα (ω λ ) e−iω t 2 (46) Por fim, |⟨E−(t)|ψ(t)⟩|2 = ( sen α 2 senα (ω λ ) e−iω t 2 )( sen α 2 senα (ω λ ) eiω t 2 ) |⟨E−(t)|ψ(t)⟩|2 = [(ω λ ) sen ( λt 2 )]2 (47) 8 (d) Que condição deve ser obedecida para que a evolução seja adiabática? Resolva essa questão calculando explicitamente a condição adiabática para o gap de energia, assumindo por simplicidade que a abertura do cone não tenda a zero. Mostre então que a probabilidade de transição do item (c) se anula no regime adiabático, ou seja, a partícula evoluirá continuamente para o estado de spin para cima |E+(t)⟩ instantâneo ao longo de B⃗(t). Resolução: A condição para que a evolução seja adiabática é dada por:∣∣∣∣∣⟨E−(t)|Ḣ(t)|E+(t)⟩(E+(t)− E−(t)) 2 ∣∣∣∣∣≪ 1 (48) Onde: E+ = + eℏB0 2m = −ℏ 2 ω1;E− = − eℏB0 2m = ℏ 2 ω1 ∴ ⟨E−(t)| = ( senα 2 cosα 2 e−iω t 2 ) |E+(t)⟩ = ( cosα 2 senα 2 e−iω t 2 ) Ḣ(t) = −ℏω1 2 ( 0 −iωsenαe−iωt iωsenαeiωt 0 ) (49) E, ao fazer Ḣ(t)|E+(t)⟩, teremos : Ḣ(t)|E+(t)⟩ = − ℏω1 2 ( 0 −iωsenαe−iωt iωsenαeiωt 0 )( cosα 2 senα 2 e−iω t 2 ) Ḣ(t)|E+(t) = − ℏω1 2 ( −iωsenαsenα 2 iωsenαcosα 2 eiωt ) (50) Assim, ⟨E−(t)|Ḣ(t)|E+(t)⟩ = − ℏω1 2 ( senα 2 cosα 2 e−iω t 2 )( −iωsenαsenα 2 iωsenαcosα 2 eiωt ) ⟨E−(t)|Ḣ(t)|E+(t)⟩ = − ℏω1 2 ( −iωsen2αsenα 2 −iωcos2 α 2 senα ) ⟨E−(t)|Ḣ(t)|E+(t)⟩ = ℏiω1ωsenα 2 (51) Aplicando a condição de adiabaticidade:∣∣∣∣∣ ℏiω1ωsenα2ℏ2ω21 ∣∣∣∣∣≪ 1 ⇒ ∣∣∣∣iωsenα2ℏω1 ∣∣∣∣ ∴ senα 2ℏ ω ω1 ≪ 1 (52) Como senα 2ℏ é constante, podemos concluir que a condição adiabática é dada, então, por: ω ≪ ω1 9 De forma que, da probabilidade de transição encontrada no item (c), temos: |⟨E−(t)|ψ(t)⟩|2 = [(ω λ ) sen ( λt 2 )]2 e sabemos que: λ ≡ √ ω2 + ω21 + 2ωω1cosα ∴ para ω ≪ ω1 ⇒ λ ≡ √ ω21 = ω1 ∴ |⟨E−(t)|ψ(t)⟩|2 = [ ω ω1 senαsen ( ω1t 2 )]2 (53) Devido a condição adiabática, ω ω1 ≪ 1, de forma que |⟨E−(t)|ψ(t)⟩|2 tende à zero.
Compartilhar