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Conservação de Lichias 'Bengal'

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS 
CAMPUS DE JABOTICABAL 
 
 
 
 
 
 
 
APLICAÇÃO DE MÉTODOS COMBINADOS NA 
CONSERVAÇÃO DA QUALIDADE DE LICHIAS ‘BENGAL’ 
 
 
 
 
Ellen Toews Doll Hojo 
 Engenheira Agrônoma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL 
Agosto de 2010 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS 
CAMPUS DE JABOTICABAL 
 
 
 
 
 
 
 
APLICAÇÃO DE MÉTODOS COMBINADOS NA 
CONSERVAÇÃO DA QUALIDADE DE LICHIAS ‘BENGAL’ 
 
 
 
 
Ellen Toews Doll Hojo 
 
Orientador: Prof. Dr. José Fernando Durigan 
 
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e 
Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como 
parte das exigências para a obtenção do título de 
Doutor em Agronomia (Produção Vegetal). 
 
 
JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL 
Agosto de 2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hojo, Ellen Toews Doll 
H719a Aplicação de métodos combinados na conservação da qualidade 
de lichias ‘Bengal’ / Ellen Toews Doll Hojo. – – Jaboticabal, 2010 
 xi, 120 f. : il. ; 28 cm 
 
 Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de 
Ciências Agrárias e Veterinárias, 2010 
 Orientador: José Fernando Durigan 
Banca examinadora: Ben-Hur Mattiuz, Ricardo Alfredo Kluge, 
Jairo Osvaldo Cazetta, Marcos David Ferreira 
 Bibliografia 
 
 1. Litchi chinensis . 2. Antocianina. 3. Escurecimento do 
pericarpo. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e 
Veterinárias. 
 
CDU 631.56: 634.2 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – 
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal. 
 
 
 
 
ii
DADOS CURRICULARES DA AUTORA 
 
ELLEN TOEWS DOLL HOJO – Nascida em 26 agosto de 1978 na cidade de 
São Paulo-SP, filha de Derli Toews Doll e Ivone Ribeiro Doll. Engenheira Agrônoma 
graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) da região Centro 
Sul da Bahia, em dezembro de 2002. Durante a graduação foi bolsista do Programa 
Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq) por dois anos, 
desenvolvendo trabalhos e projetos na área. Obteve o grau de Mestre em Ciências dos 
Alimentos, em agosto de 2005, na Universidade Federal de Lavras (UFLA), com a 
dissertação “Qualidade de mangas ‘Palmer’ tratadas com 1-metilciclopropeno e 
armazenadas sob refrigeração” sob orientação da Profª. Dra. Celeste Maria de Patto de 
Abreu, como bolsista da CAPES. No ano de 2006 ingressou no Programa de 
Desenvolvimento Tecnológico Regional 2 (DTR2) da UESB, como bolsista da FAPESB. 
Em março de 2007 ingressou no curso de doutorado da Faculdade de Ciências Agrárias 
e Veterinárias, UNESP, Campus de Jaboticabal, no Departamento de Tecnologia, 
concentrando seus estudos na área de Pós-colheita de Frutas, onde desenvolveu 
trabalhos e teve a oportunidade de participar de reuniões científicas e publicar 
diferentes trabalhos na área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii
EPÍGRAFE 
 
 
“A verdadeira educação não desconhece o valor dos conhecimentos científicos 
ou aquisições literárias; mas acima da instrução aprecia a capacidade, acima da 
capacidade a bondade, e acima das aquisições intelectuais o caráter. O mundo não 
necessita tanto de homens de grande intelecto, como de nobre caráter. Precisa de 
homens cuja habilidade seja dirigida por princípios firmes.” 
 
 
Ellen G. White (1835-1915) 
Livro Educação p.138 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
DEDICATÓRIAS 
 
 
 
A Deus, 
por estar sempre ao meu lado me guiando e 
abençoando com pessoas especiais em 
minha vida. 
Aos meus pais, Derli Toews Doll e Ivone Ribeiro Doll 
que, mesmo em dificuldades, sempre se 
esforçaram para que eu tivesse acesso aos 
estudos, e por todo amor e dedicação. 
A meu irmão, Eder Toews Doll, 
pela amizade e apoio. 
A minha irmã, Regina M. Hojo, 
pela força, amizade e apoio. 
OFEREÇO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu marido, Ronaldo H. Hojo, 
por toda paciência, amor e apoio 
em todos os momentos. 
À minha querida filha, 
Emi D. Hojo, 
por me fazer feliz, 
DEDICO. 
 
 
v 
AGRADECIMENTOS 
 
 
À Universidade Estadual Paulista (UNESP-FCAV) e ao Departamento de Tecnologia, 
pela oportunidade de realização do curso. 
Ao CNPq e à FAPESP, pela concessão da bolsa de estudos. 
Ao professor Dr. José Fernando Durigan, pela orientação, confiança, ensinamentos, 
convívio e apoio que deu origem a essa Tese. 
Ao professor Dr. Antonio Baldo Geraldo Martins pelos ensinamentos, credibilidade, 
amizade e postura em todos os momentos solicitados. 
Ao professor Dr. Ben-Hur Mattiuz e sua querida esposa, Cláudia, pelo apoio, amizade e 
ensinamentos. 
Aos meus amigos conquistados nesta cidade querida, Carol, Cristiane, Gustavo, Júlia, 
Juliana, Leandra, Maria Elisa, Maria Fernanda, Poliana, Ramilo, Ramon, Taiza e 
Valquíria, pelo agradável convívio, auxílio nas análises de laboratório e por compartilhar 
experiências. 
À Dirce Renata Tostes, por todo apoio e ajuda. 
Aos funcionários do Departamento de Tecnologia, em especial a Renata de Paula R. de 
Campos, e aos funcionários do Departamento de Produção Vegetal, em especial a 
Nádia Lynn Oliveira, pelos excelentes auxílios prestados nos momentos solicitados. 
A todos os professores e colegas do curso de doutorado, aos funcionários da Seção de 
Pós-graduação, da Revista Brasileira de Fruticultura e da Biblioteca, pelo auxílio e 
amizade. 
Ao Colégio Santo André e seus funcionários, por possibilitar a utilização da estrutura da 
Biblioteca e da sala de professores e apoio prestado para escrever a minha Tese. 
Aos produtores de lichia, Aparecido (Cido), Kobayashi, Roberto Santoro e Luis Carlos. 
A todos os meus amigos, bem sabem eles quem são. 
Obrigada. 
 
 
 
 
 
 
vi 
SUMÁRIO 
 Página 
RESUMO................................................................................................................ viii 
SUMARRY............................................................................................................. x 
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 01 
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 03 
2.1 Aspectos gerais................................................................................................ 03 
2.2 Desenvolvimento e fisiologia do amadurecimento........................................... 03 
2.3 Problemas na pós-colheita............................................................................... 05 
2.4 Tratamentos pós-colheita................................................................................. 06 
2.4.1 Refrigeração.................................................................................................. 07 
2.4.2 Tratamento hidrotérmico e acidificação........................................................ 09 
2.4.3 Modificação da Atmosfera............................................................................. 10 
3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 14 
3.1 Matéria-prima................................................................................................... 14 
3.2 Instalação e condução dos experimentos........................................................ 14 
3.3 Análises............................................................................................................ 18 
3.3.1 Análises físicas..............................................................................................18 
- Perda de massa fresca........................................................................................ 18 
- Coloração e aparência......................................................................................... 18 
3.3.2 Análises químicas e bioquímicas.................................................................. 18 
- Preparo das amostras.......................................................................................... 18 
- Sólidos solúveis (SS)........................................................................................... 19 
- Acidez titulável (AT)............................................................................................. 19 
- Relação SS/AT..................................................................................................... 19 
- pH......................................................................................................................... 19 
- Ácido ascórbico.................................................................................................... 19 
- Antocianina.......................................................................................................... 19 
- Atividade da polifenoloxidase (PPO) e da peroxidase (POD)................... .......... 20 
3.3.3 Atividade respiratória..................................................................................... 20 
3.4 Identificação das doenças................................................................................ 21 
3.5 Análise estatística............................................................................................ 21 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 22 
4.1 Experimento I – Uso de tratamento hidrotérmico, associado ou não com 
imersão em solução de HCl, na conservação de lichias ‘Bengal’, sob condição 
de ambiente............................................................................................................ 22 
4.2 Experimento II – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ utilizando-se diferentes 
temperaturas.......................................................................................................... 36 
4.3 Experimento III – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ sob atmosfera 
controlada............................................................................................................... 52 
4.4 Experimento IV – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ sob atmosfera 
controlada com diferentes concentrações de CO2.......................................................................... 
 
68 
4.5 Experimento V – Uso de atmosfera modificada, através de embalagens 83 
 
 
vii
plásticas e cobertura de quitosana, na conservação pós-colheita de 
lichias..................................................................................................................... 
5 CONCLUSÕES................................................................................................... 103 
5.1 Experimento I – Uso de tratamento hidrotérmico, associado ou não com 
imersão em solução de HCl, na conservação de lichias ‘Bengal’, sob condição 
de ambiente............................................................................................................ 
 
 
103 
5.2 Experimento II – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ utilizando-se diferentes 
temperaturas.......................................................................................................... 103 
5.3 Experimento III – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ sob atmosfera 
controlada............................................................................................................... 103 
5.4 Experimento IV – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ sob atmosfera 
controlada com diferentes concentrações de CO2.......................................................................... 104 
5.5 Experimento V – Uso de atmosfera modificada, através de embalagens 
plásticas e cobertura de quitosana, na conservação pós-colheita de 
lichias..................................................................................................................... 104 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 105 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 106 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii
APLICAÇÃO DE MÉTODOS COMBINADOS NA CONSERVAÇÃO DA QUALIDADE 
DE LICHIAS ‘BENGAL’ 
 
 
Visando prolongar a vida útil da lichia, principalmente quanto à manutenção da 
cor e da qualidade, executaram-se experimentos para avaliar a eficiência dos 
tratamentos hidrotérmico e com solução de ácido clorídrico (HCl); do armazenamento 
sob refrigeração, em atmosfera controlada e em diferentes embalagens plásticas e de 
coberturas com quitosana. No Experimento I, testou-se a imersão em HCl a 0,087M por 
6 minutos; o tratamento hidrotérmico por imersão a 52ºC por 1 minuto, seguido de 
resfriamento em água a 10ºC por 6 minutos; e o tratamento hidrotérmico com 
resfriamento em HCl a 0,087M a 10ºC por 6 minutos. O tratamento hidrotérmico 
seguido de resfriamento em HCl conservou a coloração dos frutos até o 3º dia, e a 
polpa com qualidade adequada até o 12º dia. No Experimento II, utilizou-se o melhor 
tratamento do experimento anterior (hidrotérmico com resfriamento em HCl) e testaram-
se diferentes temperaturas de armazenamento: 2ºC (91% UR); 5ºC (98% UR); 10ºC 
(80% UR); e 20ºC (70% UR). Os frutos foram analisados após 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 
e 25 dias. O armazenamento de lichia a 5 ºC manteve a boa aparência por até 13 dias e 
a qualidade da polpa até o final do período, 25 dias. O armazenamento a 2 ºC levou a 
maiores prejuízos na aparência. As temperaturas, de 10 ºC e 20 ºC, não foram efetivas 
para a manutenção da cor vermelha da casca. No Experimento III, foi testado o efeito 
da atmosfera controlada, associado aos melhores tratamentos dos experimentos 
anteriores. Os frutos foram armazenados a 5ºC e 94% UR, em atmosfera controlada 
contendo 5%, 10%, 20% e 80% de O2, com avaliações após 0 (inicial), 3, 7, 14, 21, 28 
dias. As lichias de todos os tratamentos mantiveram a boa qualidade da polpa por até 
21 dias, com os frutos sob atmosfera com 5% de O2, apresentando menor 
escurecimento da casca. As lichias apresentaram escurecimento da casca, acima de 
50%, após 7 dias. No Experimento IV, testaram-se diferentes concentrações de CO2, 
0%, 5%, 10%, 15% e 20%, combinados com a melhor concentração do experimento 
anterior, 5% de O2. Os frutos foram armazenados por 16 dias e avaliados a cada quatro 
dias. Atmosfera controlada com 5% de O2 e 0-5% de CO2 conservou as lichias por 8 
 
 
ix
dias, com escurecimento em 25% da casca, e a polpa com boa qualidade por até 16 
dias. No Experimento V, avaliou-se o uso da atmosfera modificada testando-se os 
tratamentos: Testemunha; Bandejas rígidas de poliestireno (22,4cm x 14,8cm) 
recobertas com filme poliolefínico (FP) de 0,015mm (PD955); Bandejas rígidas de 
polietileno tereftalato (PET) de 500mL, transparente e com tampa; Bandejas de 
poliestireno recobertas com filme de cloreto de polivinila (PVC) de 0,014mm; e Imersão 
em quitosana a 0,5%, 1,0% e 1,5%. Os frutos foram armazenados a 5ºC, por 16 dias, e 
avaliados após 0 (inicial), 4, 8, 12 e 16 dias. O armazenamento das lichias sob 
refrigeração, associado ao tratamento com quitosana a 0,5%, proporcionou a 
manutenção da coloração vermelha da casca por 16 dias. A atmosfera estabelecida 
pelo filme de PVC foi a mais efetiva em reduzir a perda de massa fresca e conservar a 
coloração vermelha. 
 
 
Palavras-Chave: Litchi chinensis, antocianina, escurecimento do pericarpo, peroxidase, 
polifenoloxidase, embalagens, quitosana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
x
APPLICATION OF COMBINED METHODS IN THE CONSERVATION OF QUALITY 
LITCHIS ‘BENGAL’ 
 
 
ABSTRACT – Aimingto extend litchi life, especially regarding to color and quality 
maintenance, experiments were performed to evaluate the treatment efficiency under 
heat and using hydrochloric acid solution (HCl), refrigerated storage, controlled 
atmosphere, different plastic containers, and chitosan coatings. In Experiment I, it was 
tested immersion in 0,087M HCl for 6 minutes; hydrothermal treatment by immersion at 
52ºC for 1 minute, followed by water cooling at 10ºC for 6 minutes; and hydrothermal 
treatment with 0,087M HCl cooling at 10 ºC for 6 minutes. Hydrothermal treatment 
followed by HCl cooling preserved fruit color until the 3rd day and adequate pulp quality 
until the 12th day. In Experiment II, it was used the best treatment in the previous 
experiment (hydrothermal with HCl cooling) and different storage temperatures were 
tested: 2ºC (91% RH), 5ºC (98% RH), 10ºC (80% RH), and 20ºC (70% RH). Fruits were 
analyzed after 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22, and 25 days. Storage at 5ºC kept the good fruit 
appearance for up to 13 days, and pulp quality until the 25th day. The 2ºC led to to ligher 
losses in appearance. The temperatures of 10ºC and 20ºC, were not effective for 
maintaining the red color of the skin. In Experiment III, the effects of controlled 
atmosphere combined with improved treatments of previous experiments were tested. 
Fruits were stored at 5ºC and 94% RH in a controlled atmosphere containing 5%, 10%, 
20% and 80% O2, with evaluations after 0 (initial), 3, 7, 14, 21, 28 days. Litchis in all 
treatments maintained good pulp quality for up to 21 days, with the fruits under a 5% O2 
atmosphere showing a lower skin browning. Litchis showed over 50% skin browning 
after 7 days. In Experiment IV, different concentrations of CO2 (0%, 5%, 10%, 15%, and 
20%) combined with the best concentration in the previous experiment, 5% O2, were 
tested. Fruits were stored for 16 days and evaluated every four days. Litchis showed 
only 25% skin browning after 8 days under an atmosphere containing 5% O2 associated 
with 0% and 5% CO2, and pulp quality remained good for up to 16 days. The fruits 
stored under an atmosphere containing CO2 concentrations above 5% had the lowest 
intensity in skin browning. In Experiment V, it was evaluated the use of modified 
 
 
xi
atmosphere with the treatments: control; rigid polystyrene trays (22.4cm x 14.8cm) 
coated with a 0.015mm (PD955) polyolefin film (PF); 500ml transparent rigid 
polyethylene terephthalate (PET) trays with lid; polystyrene trays covered with 0.014mm 
polyvinyl chloride (PVC) film; and immersion in 0.5%, 1.0% and 1.5% chitosan. Fruits 
were stored at 5ºC for 16 days and evaluated after 0 (initial), 4, 8, 12 and 16 days. The 
refrigerated storage of litchi, associated with treatment with chitosan at 0.5%, provided 
the maintenance of skin red color of the shell for 16 days. The atmosphere established 
with PVC films was the most effective in reducing mass and red coloration losses. 
 
 
KEY WORDS: Litchi chinensis, pericarp browning, anthocyanins, peroxidase, 
polyphenol oxidase, packaging, chitosan. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Um dos maiores problemas da lichia, na sua pós-colheita, é o escurecimento do 
pericarpo, pois sua atrativa cor vermelha não é retida por mais que 48 horas a 25 ºC. O 
escurecimento do seu pericarpo tem sido parcialmente atribuído à degradação da 
antocianina, devido à ação das enzimas oxidativas, polifenoloxidase (PPO), peroxidase 
(POD) e ácido ascórbico oxidase. Este escurecimento também pode estar relacionado 
com o ataque de patógenos, dessecação do pericarpo e outros fatores ainda não 
conhecidos, como o aumento do pH da seiva da casca. 
Relata-se também, que o escurecimento da casca é devido ao colapso celular, 
que permite a mistura de enzimas e substratos, resultando em oxidação dos substratos 
na presença de oxigênio e produção de substâncias com coloração escura. Por esta 
razão, retardar ou reduzir a oxidação enzimática tem sido a forma de se aumentar o 
período de armazenamento e preservar a qualidade comercial de lichias. 
Vários tratamentos têm sido sugeridos para reduzir o escurecimento citado, 
principalmente a imersão em ácido ascórbico ou cítrico, quitosana, lecitina, ceras, 
compostos de enxofre e acondicionamento em embalagens plásticas. A fumigação com 
dióxido de enxofre também tem sido muito usada para prevenir o escurecimento da 
lichia (UNDERHILL et al., 1997), mas este tratamento tem sido evitado, pois deixa 
resíduos indesejáveis, altera o sabor do fruto e resulta em riscos à saúde dos 
consumidores e aos trabalhadores das casas de embalagens. A Europa, Austrália e 
Japão têm permitido um limite máximo de resíduo de 10 µg g-1 e nos Estados Unidos da 
América, o enxofre só está registrado para uso na pós-colheita de uva (UNDERHILL et 
al., 1997). 
Um tratamento alternativo ao enxofre é o uso de ácidos, dado seu efeito na 
estabilidade da cor de antocianinas e na atividade de oxidases. O ácido clorídrico é o 
mais usado para devolver a cor de lichias e tem sido utilizado em associação com a 
fumigação por enxofre (ZAUBERMAN et al., 1991; JIANG et al., 2004). Outra técnica 
utilizada, isoladamente ou associada com ácidos, para diminuir ou inibir a atividade da 
 
 
2 
polifenoloxidase (PPO) e da peroxidase (POD), é a aplicação de calor por tratamento 
hidrotérmico (LICHTER et al., 2000). 
A atmosfera modificada (AM) também tem sido testada e é considerada benéfica 
por manter a umidade alta, essencial para prevenir a perda de água e o escurecimento 
do pericarpo (KADER, 1994; PESIS et al., 2002). A atmosfera controlada (AC), com 
baixo teor de O2 e alto de CO2, também tem sido testada, com indicações de que reduz 
a ocorrência de podridões, mantém a qualidade e aumenta a vida de armazenamento. 
O tratamento com alto teor de oxigênio também foi considerado efetivo para inibir a 
descoloração enzimática, prevenindo a fermentação anaeróbica e limitando o 
crescimento microbiano (DAY, 1996). 
Contudo, há falta de trabalhos que integrem a utilização do tratamento 
hidrotérmico, com a aplicação de ácido clorídrico e com o uso de AM e AC na 
conservação da qualidade de lichia. 
Visando estabelecer condições que aumentem a vida útil da lichia, com 
manutenção de sua cor e qualidade, o objetivo foi avaliar a eficiência dos tratamentos 
hidrotérmico e com solução de ácido clorídrico (HCl), do armazenamento sob 
refrigeração, em atmosfera controlada e em diferentes embalagens plásticas e de 
coberturas com quitosana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 Aspectos gerais 
A lichieira (Litchi chinensis Sonn.) produz frutos na forma de drupas, com 
tamanho variável, e dependendo da cultivar eles podem ser redondos, ovais ou 
cordiformes e atingir até 5 cm de comprimento por 4 cm de largura e peso entre 10 g e 
35 g. Seu epicarpo é delgado, coriáceo, quebradiço e vermelho-brilhante, quando 
maduro, recoberto por pequenas protuberâncias. O mesocarpo é um arilo branco e 
translúcido, suculento, doce e aromático, que envolve uma semente grande e de 
coloração marrom-brilhante, com tamanho de 10-18% do fruto. Pode ocorrer o aborto 
desta semente, formando a estrutura conhecida como “língua-de-galinha”, sem redução 
no tamanho da fruta, que terá, conseqüentemente, maior porcentagem de polpa 
(CHITARRA & CHITARRA, 2006). 
A composição química de sua polpa varia de acordo com as condições da 
cultura, variedade e estádio de maturação, entre outros fatores, e segundo Martins 
(1992) são constituídas principalmente de água (82,1%), carboidratos (16,3%), ácidos 
orgânicos, sais minerais, proteínas (0,8-0,9%), pigmentos e vitaminas, principalmente 
vitamina C (40-90 mg 100g-1). 
 
2.2 Desenvolvimento e fisiologia do amadurecimento 
A lichia não amadurece após ser colhida, pois não é climatérica, e seus frutosdevem ser colhidos quando apresentam ótima aparência e qualidade para o consumo 
(KADER, 2002). Para NAKAZONE & PAULL (1998), os frutos devem ser colhidos 
quando apresentam coloração vermelha totalmente desenvolvida, pois frutos imaturos 
são ácidos, não amadurecem e não melhoram o sabor. 
Segundo AKAMINE & GOO (1973), durante o desenvolvimento dos frutos ocorre 
declínio na respiração e na produção de etileno, com os frutos imaturos (20 dias depois 
da antese) apresentando uma taxa respiratória oito a dez vezes maior que a dos frutos 
maduros (20 mL de CO2 kg
 -1 h -1 a 25 ºC). CHEN et al. (1986), estudando frutos de 
 
 
4 
várias cultivares armazenados sob condições de ambiente, encontraram aumento na 
produção de etileno nos primeiros três a cinco dias após a colheita, que diminuiu em 
seguida, sem evidenciar pico climatérico. Quando armazenados sob baixas 
temperaturas (<8 ºC), os frutos apresentam baixas taxas respiratórias e de produção de 
etileno. 
De forma similar, PENG & CHENG (2001) observaram atividades respiratórias 
iniciais altas, próximo de 250 mLCO2 kg
-1 h-1, seguido de redução até estabilizar-se em 
40 mLCO2 kg
-1 h-1 em lichias ‘Heiye’ tratadas com ácido clorídrico e armazenadas a 4 
ºC por 40 dias. 
Dentre as características de qualidade, a coloração é o atributo de qualidade 
mais atrativo para o consumidor. Os produtos de coloração forte e brilhante são os 
preferidos embora, na maioria dos casos, esta coloração não se correlacione com o 
valor nutritivo ou com a qualidade comestível do produto (CHITARRA, 1998). Com 
relação aos pigmentos, para a maioria das frutas, o primeiro sinal de amadurecimento 
consiste no desaparecimento da cor verde. 
A clorofila do pericarpo da lichia diminui com o início do crescimento do fruto e 
este declínio coincide com a síntese de flavonóides, particularmente antocianina solúvel 
em água, cujo teor aumenta durante o amadurecimento e é responsável pela 
pigmentação vermelha do pericarpo. Esse aumento na concentração de antocianina é 
de 1,68 mg g-1 para 2,06 mg g-1 (PAULL et al., 1984). Ela está localizada nos vacúolos 
do interior do mesocarpo e, em menor extensão, na epiderme (UNDERHILL & 
CRITCHLEY, 1992). Após o aumento inicial no teor de antocianina há uma gradual 
degradação, associada à senescência do fruto (LEE & WICKER, 1991). 
Segundo PAULL et al. (1984), os teores de compostos fenólicos no arilo 
diminuem no início do desenvolvimento e permanecem abaixo de 1 mg 100g-1. 
Entretanto, JAISWAL et al. (1986) observaram aumento no teor destes compostos no 
pericarpo e arilo durante o amadurecimento e decréscimo nos mesmos, com o avanço 
da senescência. Os teores de compostos fenólicos são maiores no pericarpo (1,4 mg 
100g -1) que no arilo (0,5 mg 100g-1), e estas concentrações dependem da cultivar. 
 
 
 
5 
2.3 Problemas na pós-colheita 
O escurecimento do pericarpo é o principal problema pós-colheita da lichia. 
Embora seja somente uma injúria considerada “cosmética”, que tem pouco ou nenhum 
efeito no sabor, torna os frutos não adequados para a venda em diversos mercados, 
principalmente na Europa e nos Estados Unidos (HOLCROFT & MITCHAM, 1996). Os 
consumidores orientais, mais familiarizados com a lichia, consomem os frutos com 
coloração escurecida. 
Este escurecimento está associado à dessecação (SCOTT et al., 1982), todavia, 
o estresse em altas temperaturas, a senescência, os danos por frio, as pragas e as 
doenças, também podem provocá-lo. JOUBERT & LELYVELD (1975) observaram que 
as células do mesocarpo foram as primeiras a escurecer, seguidas pelas do epicarpo e 
endocarpo. UNDERHILL & CRITCHLEY (1995) verificaram que o escurecimento do 
pericarpo começa nas protuberâncias do mesmo e se estende por toda sua superfície, 
avançando pelo epicarpo e camadas inferiores do mesocarpo. 
Este escurecimento tem sido atribuído à degradação de antocianinas, devido a 
ação das enzimas oxidativas, polifenoloxidase (PPO), peroxidase (POD) e ácido 
ascórbico oxidase (UNDERHILL, 1992). 
Há evidências de que a atuação da PPO sobre o escurecimento da lichia é 
indireto e que ela é ativada pela perda de umidade dos frutos e, portanto, tratamentos 
que visem a redução de umidade podem aumentar a ação desta enzima (TAYLOR, 
1993). A atividade desta enzima é baixa até a maturidade (UNDERHILL & CRITCHLEY, 
1992), com aumento durante os primeiros dois dias de armazenamento e modificação 
na concentração de antocianina (LIN et al., 1988). O calor pode induzir a aumento na 
atividade da PPO, causando rápido aumento no escurecimento do pericarpo e 
conseqüente redução na concentração de antocianina (UNDERHILL & CRITCHLEY, 
1993). A reversibilidade na mudança da coloração da antocianina pelo dióxido de 
enxofre sugere que, enquanto a atividade da PPO pode ser responsável por alguma 
degradação das antocianinas, o escurecimento do pericarpo está mais ligado à 
degradação de outros compostos (UNDERHILL & CRITCHLEY, 1994). 
O papel da POD parece ser mais importante que o inicialmente proposto 
 
 
6 
(UNDERHILL & CRITCHLEY, 1995), pois sua atividade no pericarpo aumenta 
rapidamente após a colheita, com aumento na concentração de aldeído malônico, um 
produto da degradação da peroxidação de lipídeos (LIN et al., 1988). Relataram 
também, que a atividade da POD aumentou até seu máximo durante os primeiros 15 
dias de armazenamento, enquanto a atividade da PPO foi baixa na colheita e durante 
os primeiros 29 dias de armazenamento. 
Aumento na atividade da PPO em lichias foram relatados por outros autores, ao 
longo do armazenamento refrigerado (ZAUBERMAN et al., 1991; TIAN et al., 2005), 
assim como reduções nesta atividade após ter alcançado um pico de atividade (LIN et 
al., 1988; PENG et al., 1999). Estes resultados discordantes podem ser o resultado de 
diferenças entre os métodos de extração e determinação da enzima e as cultivares 
estudadas. 
A oxidação do ácido ascórbico aumentou a degradação da antocianina. Os 
mecanismos desta reação não estão bem esclarecidos, mas CHICHESTER (1976) 
sugere que o peróxido de hidrogênio, produzido pela degradação do ácido ascórbico, 
participa da oxidação da antocianina. UNDERHILL (1992) e UNDERHILL & 
CRITCHLEY (1992) relataram aumento na oxidação do ácido ascórbico no pericarpo da 
lichia, durante o escurecimento, apesar das baixas concentrações desta vitamina neste 
tecido (1 mg 100 g-1). 
Segundo HOLCROFT & MITCHAM (1996), a estrutura e a cor da antocianina são 
dependentes das condições internas das células, particularmente do pH, da presença 
de íons e de moléculas fenólicas. A importância do pH intracelular, na fixação e 
reversão de antocianinas tem sido reconhecida e explicada por UNDERHILL et al. 
(1992). A desidratação pode aumentar o pH da célula, enfatizando a influência da água 
no escurecimento. 
 
2.4 Tratamentos pós-colheita 
Entre os diversos fatores que contribuem para a manutenção da qualidade dos 
frutos, destacam-se: a qualidade inicial do produto; a temperatura na qual o produto foi 
manuseado, armazenado, transportado e distribuído; a umidade relativa do ambiente 
 
 
7 
pós-colheita; o uso de atmosfera controlada ou modificada durante o armazenamento e 
transporte; os tratamentos químicos utilizados para o controle de desordens fisiológicas; 
o tratamento térmico para o controle de doenças e pragas; as embalagens; e os 
sistemas de manuseio. 
 
2.4.1 Refrigeração 
A temperatura utilizada durante o armazenamento é de grande importância, pois 
exerce influência direta na taxa de respiração e de transpiração das frutas. Excesso de 
transpiração na pós-colheita resulta no enrugamento do fruto, desenvolvimento 
desuniforme da cor, amadurecimento irregular, além de afetar suas características 
sensoriais (KADER, 2002). 
De acordo com UNDERHILL & CRITCHLEY (1993), a lichia é propensa à 
transpiração, causa dano à aparência dos frutos, que perdem sua coloraçãovermelha, 
característica do produto fresco, tornando-se marrom, pela perda de água pelo 
pericarpo. Esta desidratação causa micro ferimentos na superfície do fruto (pericarpo), 
que aceleram o qual acelera a perda de água e o seu escurecimento. Eventualmente, o 
arilo também perde água e o fruto fica flácido e insípido. 
O armazenamento refrigerado é o meio mais simples e efetivo para se aumentar 
a vida útil de lichias, controlando o escurecimento do pericarpo (UNDERHILL et al., 
1997). Elas são comumente armazenadas a 5 ºC (SCOTT et al., 1982), todavia vários 
trabalhos relatam a manutenção dos frutos em temperaturas tão baixas quanto 0 ºC, 
por três semanas (SANDHU & RANDHAWA, 1992). SAAVEDRA DEL AGUILA (2009) 
indica as temperaturas de 0 ºC e 5 ºC para conservação da lichia ‘Bengal’, por 15 dias. 
A vida útil de lichia, quando armazenados sem o uso de proteções e a 25 ºC, é 
de somente 2-4 dias (DATTA et al., 1963), mas se protegidos com filme de polietileno, 
na mesma temperatura, aumenta para até 7 dias (NIP et al., 1988). Quando se reduziu 
a temperatura para 5 ºC, esta vida útil foi aumentada para até 4 semanas (DATTA et al., 
1963; SCOTT et al., 1982). 
Lichias que são rapidamente resfriadas para 3 ºC e mantidas sob baixas 
temperaturas (5 ºC) tendem a ser menos susceptíveis à desidratação e doenças. Ao 
 
 
8 
contrário do que se pensa, as lichias não se resfriam rapidamente quando colocadas 
em câmaras frias. A taxa de resfriamento de frutos embalados em sacos plásticos de 
polipropileno é relativamente lenta e pode levar até dois dias para que as frutas atinjam 
5 ºC (BAGSHAW et al., 1994). O resfriamento por ar forçado requer alta capacidade da 
câmara fria e pelo menos 12 horas (WATKINS, 1990), o que leva à desidratação dos 
frutos, a menos que o sistema opere com umidade relativa de 95%. Por outro lado, o 
resfriamento com água, ”hidrocooler“, é mais rápido que o com ar forçado, evita 
problemas com desidratação e é relativamente barato (UNDERHILL et al., 1997). 
Em lichia, recomendam-se como métodos de resfriamento rápido o ar forçado a 
5°C por quatro horas, a água fria a 4°C por 10 a 20 minutos, sendo este último método 
o mais usado. Porém, uma vez removido do armazenamento refrigerado e colocado no 
ambiente, os frutos podem deteriorar-se rapidamente devido ao escurecimento do 
pericarpo e ao aparecimento de podridões (MENZEL & WAITE; 2005; JIANG et al., 
2006). Enquanto SAAVEDRA DEL AGUILA (2009) relata que o pré-resfriamento da 
lichia ‘B3’ com água auxilia na minimização da perda de qualidade destes frutos, mas 
favorece o surgimento de altos índices de podridões. 
O armazenamento em baixas temperaturas, logo em seguida à colheita, é a 
técnica mais utilizada para prolongar a conservação dos frutos. A redução da 
temperatura faz com que as reações enzimáticas, especialmente as associadas à 
respiração e senescência, ocorram mais lentamente. Essa diminuição da atividade 
respiratória é o principal processo fisiológico pós-colheita, e propicia na sua 
decorrência, menores perdas de características físicas e químicas, tais como aroma, 
sabor, textura, cor e outros atributos de qualidade dos frutos (BRON et al., 2002). 
Segundo OLESEN et al. (2003), a temperatura ótima para o armazenamento de 
lichias, visando a retenção da cor vermelha do pericarpo, se encontra entre 2 ºC e 5 ºC. 
Já KADER (2004), menciona que a faixa ótima de temperatura para o armazenamento 
de lichias, varia entre 1,5 ºC e 5,5 ºC, dependendo da cultivar e do tempo de 
armazenamento, e que a umidade relativa do ar de armazenamento deve ser de 90 - 
95%. 
 
 
 
9 
2.4.2 Tratamento hidrotérmico e acidificação 
OLESEN et al. (2004), ao imergirem lichias ‘Kwai May Pink’ em água a 48 ºC, 50 
ºC e 52 ºC por 1, 2, 3, 4 e 5 minutos, para controlar podridões, concluíram que os 
melhores resultados foram conseguidos com 52 ºC por 1 minuto. Este tratamento levou 
a correlacionamento linear e positivo entre o tempo de imersão e a intensidade da cor, 
mas causou danos às células do epicarpo. No final da imersão, a diminuição rápida da 
temperatura da superfície para o centro do fruto causa grande efeito na resistência 
térmica do fruto, sendo que a pasteurização pode distribuir melhor o calor da casca 
para o arilo. 
SOUZA et al. (2010), utilizando tratamento térmico em lichias ‘Bengal’, quando 
aplicado por 5 e 10 minutos a 45 ºC, verificaram que este tratamento é eficaz na 
manutenção da coloração dos frutos e as enzimas POD e PPO podem ser 
consideradas marcadores bioquímicos de escurecimento em lichia. O tratamento 
térmico com 10 minutos de imersão favoreceu o possível aumento no tempo de 
comercialização devido ao prolongamento da vida pós-colheita, sendo que a fruta 
possui safra muito curta e alto preço. 
PAULL et al. (1998), determinando o resíduo de enxofre em lichias ‘Kwai Mei’ 
tratadas com SO2, verificaram que a imersão em água quente, 49 ºC por 20 minutos, 
reduziu o resíduo de enxofre na polpa a menos de 5 mg de enxofre por kg de polpa, 
mas causou danos à casca. 
O tratamento dos frutos com soluções diluídas de HCl tem possibilitado o 
restabelecimento da coloração natural, pela conversão dos pigmentos escurecidos a 
íons flavino, predominantes em pH baixo. ZAUBERMAN et al. (1991) demonstraram 
que a imersão dos frutos em HCl a 1M, por dois minutos, resultou em completa 
recuperação da coloração dentro de 24-48 horas após o tratamento. 
Lichter et al. (2000), ao armazenarem lichias ‘Mauritius’ pulverizadas com água 
quente (55 ºC por 20 segundos), e tratamento com ácido clorídrico (4% por 15-30 
minutos), relataram que a cor vermelha manteve-se por até 35 dias a 1,5 ºC e 95 %UR, 
mas com a ocorrência de manchas marrons e rachaduras na casca, que não 
comprometiam a qualidade interna ou o sabor. 
 
 
10 
JIANG et al. (2004) emergiram lichias ‘Huaizhi’ em diferentes concentrações de 
HCl (0,5%, 1% e 2%) por 2, 4, 6, 8 e 10 minutos e constataram que os tratados com 
HCl a 1%, por 6 minutos, apresentaram a melhor coloração vermelha e o menor índice 
de lesões no pericarpo. Este tratamento permitiu a inibição da atividade da PPO e 
manteve o elevado teor de antocianinas do pericarpo. Estes autores, quando 
associaram o uso de HCl a 1% por 6 minutos com posterior congelamento, -18 ºC por 
12 meses, observaram que os frutos tiveram vida útil de apenas 12 horas a temperatura 
ambiente, com coloração vermelha uniforme e qualidade aceitável. Sugeriram o uso 
comercial do HCl a 1% para prolongar a vida de lichias, durante o armazenamento 
congelado. 
MIZOBUTSI et al. (2004), avaliando o efeito da imersão dos frutos da cv. 
Brewster em solução de HCl a 0,1M por 5, 10, 20 e 30 minutos, que foram embalados 
em bandejas recobertas ou não com filme de cloreto de polivinila (PVC) e armazenados 
a 5 ºC e 10 ºC, observaram que aqueles que não receberam o tratamento com HCl 
tornaram-se 100% marrons, após o terceiro dia de armazenamento ao ambiente. O 
tratamento com HCl a 5 ºC e a 10 ºC foi eficiente em reduzir a atividade da peroxidase e 
da polifenoloxidase e em manter a coloração do pericarpo da lichia. Os frutos imersos, 
por 10 minutos, na solução de HCl e armazenados a 5 ºC na embalagem protegida com 
o filme de PVC permaneceram com o pericarpo totalmente vermelho por 30 dias. 
 
2.4.3 Modificação da atmosfera 
A atmosfera modificada refere-se ao armazenamento de frutas e hortaliças em 
atmosferas cujas concentrações de oxigênio (O2), gás carbônico (CO2) e nitrogênio (N2) 
são diferentes daquelas encontradas na composição normal do ar ambiente, ou seja, 
21% de O2, 0,03% de CO2 e 78% de N2 (SIGRIST et al., 2002). Este armazenamento 
pode ser conduzido em ambientes herméticos, tanto em contêineres utilizados no 
transporte a longas distâncias como em embalagens individuais (LABUZA & BREEN, 
1989). 
Os termos de atmosfera controlada (AC) e modificada (AM) têm sido 
freqüentemente usados e indicama adição ou remoção de gases na atmosfera de 
 
 
11 
armazenamento, o que resultaria em uma composição atmosférica diferentes do ar 
normal e indica que os níveis de CO2, O2, N2 e etileno podem ser manipulados. O 
armazenamento sob AC geralmente se refere a decréscimo da concentração de O2 e 
acréscimo da de CO2 e preciso controle destas concentrações. O termo 
armazenamento sob AM é usado quando a composição da atmosfera não é 
precisamente controlada, como nas embalagens plásticas, onde as mudanças na 
composição da atmosfera ocorrem intencionalmente ou não (WILLS et al., 1998). 
A atmosfera modificada é utilizada para prolongar a vida de prateleira de frutas, 
que pode ser obtida pelo acondicionamento das frutas em filmes plásticos ou pelo 
recobrimento com ceras especiais (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Durante os 
últimos 50 anos tem-se utilizado o armazenamento sob atmosfera controlada ou 
modificada, para aumentar a vida útil de muitas frutas, incluindo maçãs, bananas, kiwis 
e morangos. A presença de uma barreira artificial à difusão de gases, em torno da fruta, 
resulta em redução no nível de O2, aumento no de CO2 e alteração nas concentrações 
de etileno, vapor de água e outros compostos voláteis no interior da fruta. Isto retarda o 
amadurecimento, pois desacelera várias alterações metabólicas, como o amolecimento. 
A magnitude dessas alterações é dependente da natureza e da espessura da barreira, 
da taxa respiratória do produto, da relação entre a massa de produto e a área da 
barreira, e da temperatura e umidade do ambiente (LANA & FINGER, 2000). 
FONTES et al. (1999), na tentativa de retardar o escurecimento e promover 
melhor conservação pós-colheita de lichias ‘Brewster’, embalaram os frutos com filmes 
de polietileno de baixa densidade, perfurado ou não, e de PVC, e conservaram-nos a 
temperatura ambiente (27 ºC) e a 5 ºC. Observaram que, independente da temperatura, 
o filme de polietileno sem perfurações permitiu menor perda de matéria fresca, porém a 
5 ºC, ele apresentou o inconveniente da condensação de água no interior da 
embalagem, impedindo a perfeita visualização do produto. O filme de PVC, por sua vez, 
não apresentou esse inconveniente e a perda de matéria fresca foi semelhante ao 
tratamento com polietileno sem perfuração. Concluíram que o melhor tratamento foi o 
filme de PVC, associado à temperatura de 5 ºC, que permitiu a manutenção da boa 
intensidade da cor vermelha dos frutos por até 36 dias, após a colheita. Na temperatura 
 
 
12 
ambiente (27 ºC), o uso dos filmes de polietileno perfurado e PVC retardou o 
escurecimento do pericarpo, que se iniciou após quatro dias da colheita e que em oito 
dias atingiu 15,6% e 5,0% dos frutos. 
CHAIPRASART (2005) verificou perdas de massa superiores a 6% em lichias 
‘Hong Huai’ mantidas em atmosfera com filmes de PVC e polietileno e armazenadas a 5 
ºC por 12 dias. CARO & JOAS (2005) e JOAS et al. (2005) observaram perdas de 
massa superiores a 3% em lichias ‘Kway Mi’ tratadas com quitosana a 1% e 
armazenadas a 10 ºC por 10 dias. HOSOKAWA et al. (1990) afirmaram que a quitosana 
tem baixa permeabilidade ao oxigênio e gás carbônico e pode formar uma cobertura 
semipermeável, a qual pode modificar a atmosfera interna, retardando o 
amadurecimento e diminuindo as taxas de transpiração de frutas e hortaliças. 
A atmosfera modificada (17% de O2 e 6% de CO2), criada por filmes de 
polipropileno bi-orientado, permitiu a manutenção da qualidade de lichias ‘Mauritius’ 
durante o armazenamento, pois reduziu o escurecimento do pericarpo dos mesmos 
(SIVAKUMAR & KORSTEN, 2006). 
SOMBOONKAEW & TERRY (2010a) trabalhando com lichias ‘Mauritius’ 
embaladas com propaFreshTM 0,025mm e armazenadas a 13 ºC, por 9 dias, 
observaram perda de massa de apenas 0,37%. Estes autores relataram que os 
resultados obtidos indicam que o filme propaFreshTM foi melhor embalagem que os 
filmes de polipropileno microperfurado com 0,025mm, e celofane com 0,030 mm, por 
manter os teores de açúcares, acidez e antocianina das frutas até o final do 
armazenamento. Resultados semelhantes foram encontrados por estes autores quando 
trabalharam com a mesma cultivar e embalagem para lichias, porém com 
armazenamento a 5 ºC, por 11 dias (SOMBOONKAEW & TERRY, 2010b). 
DUAN et al. (2004) verificaram que o índice de escurecimento aumentou 
rapidamente com o tempo de armazenamento em lichias ‘Huaizhi’, a 25 ºC e 80-85 
%UR por 6 dias, embora a atmosfera com 100% de O2 + 0% de CO2 tenha promovido 
redução no escurecimento, com a casca dos frutos apresentando, no 6º dia, um índice 
de escurecimento de 25%. Estes dados são concordantes com os de TIAN et al. (2002), 
que observaram que o uso de atmosfera com 70% de O2 preveniu o escurecimento da 
 
 
13 
casca de longan. 
TIAN et al. (2005), ao testar o armazenamento de lichias ‘Heiye’ a 3 ºC e 95 
%UR por 42 dias sob atmosfera controlada (5% O2 + 5% CO2 e 70% O2 + 0% CO2), que 
relataram redução gradual nos teores de antocianinas ao longo do armazenamento e 
aumento na atividade da POD. Embora a atividade da PPO tenha se apresentado 
inicialmente alta ela decresceu rapidamente até o 14º dia, cujo escurecimento da casca 
era de 40%. 
Por outro lado, ZHANG & QUANTICK (1997), estudando o efeito da aplicação de 
quitosana em lichias ‘Huaizhi’, armazenadas a 4 ºC e 90 %UR por 33 dias, verificaram 
contínuos incrementos na atividade da POD, que nos tratamentos com recobrimentos 
foram inferiores ao do tratamento Testemunha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
3 MATERIAL E MÉTODOS 
 
 
3.1 Matéria-prima 
Foram utilizados lichias (Litchi chinensis Sonn.) da variedade Bengal, adquiridos 
de pomar localizado no município de Guatapará-SP (21°30'18,6"S e 48°02'17,4"O) para 
os Experimentos I e II, de Avaré-SP (23°05’47,7"S e 48°55’01,4"O) para os 
Experimentos III e V, e de Taquaritinga-SP (21°24’43,2"S e 48°29’54,1"O) para os 
Experimentos IV e VI. 
 
3.2 Instalação e condução dos experimentos 
Os frutos foram colhidos manualmente pela manhã, no estádio de maturação 
maduro, definido a partir da coloração da casca (vermelha), conforme padronização 
estabelecida para comercialização no mercado interno (SALOMÃO et al., 2006). 
Após a colheita, em todos os experimentos, os frutos foram acondicionados em 
contentores e cuidadosamente transportados até o Laboratório de Tecnologia dos 
Produtos Agrícolas do Departamento de Tecnologia, da FCAV - UNESP, Campus de 
Jaboticabal – SP. Em seguida, foram selecionados quanto ao tamanho, cor e ausência 
de injúrias, descartando-se aqueles com defeitos, antes de serem higienizados por 
imersão, 5 minutos em água a 200 mg L-1 de hipoclorito de sódio, e deixados escorrer 
por 3 minutos. 
Antes da aplicação dos tratamentos, 3 parcelas contendo 8 frutos cada foram 
avaliadas, em triplicata, a fim de caracterizar os frutos no dia da colheita, em todos os 
experimentos. 
 
Experimento I – Uso de tratamento hidrotérmico, associado ou não com imersão em 
solução de HCl, na conservação de lichias ‘Bengal’, sob condição de 
ambiente. 
O armazenamento dos frutos foi feito sob condição de ambiente (20±0,7 ºC e 82 
%UR), pelo período de 12 dias, de 28 de novembro a 10 de dezembro de 2007. 
 
 
15 
Este experimento foi instalado obedecendo a um delineamento estatístico 
inteiramente casualizado, disposto em esquema fatorial 4 x 7, com 3 repetições, onde o 
primeiro fator correspondeu aos tratamentos: Testemunha; Imersão em HCl a 0,087M, 
por 6 minutos (HCl); Tratamento hidrotérmico, com imersão em água a 52 ºC por 1 
minuto, seguido de resfriamento em água a 10 ºC, por 6 minutos (Hidrotérmico); e 
Tratamento hidrotérmico, com resfriamento em HCl a 0,087M, a 10 ºC, por 6 minutos 
(Hidro + HCl). O segundo fator ou os períodos de armazenamento foram, 0 (inicial), 1, 
2, 3, 6, 9 e 12 dias. Cada parcela foi composta por 7 frutos, mantidos em embalagem 
rígidasde poliestireno (22,4 cm x 14,8 cm). 
 
Experimento II – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ utilizando-se diferentes 
temperaturas. 
 Utilizou-se o melhor tratamento do experimento anterior, hidrotérmico seguido de 
resfriamento em HCl a 0,087M, na realização do segundo experimento. Testou-se 
diferentes temperaturas de armazenamento, no período de 12 de dezembro de 2007 a 
5 de janeiro de 2008. 
 O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 3 repetições (8 
frutos/parcela), onde os tratamentos estudados foram as temperaturas de 
armazenamento: 2±0,7 ºC (91 %UR); 5±1,2 ºC (98 %UR); 10±0,7 ºC (80 %UR); e 
20±0,8 ºC (70 %UR). Os frutos foram analisados após 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 e 25 
dias de armazenamento. 
 
Experimento III – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ sob atmosfera controlada. 
Este experimento foi conduzido para verificar o efeito da associação da 
atmosfera controlada, ao melhor tratamento indicado pelo experimento anterior, e foi 
realizado no período de 9 de janeiro a 6 de fevereiro de 2008. 
Os frutos foram armazenados sob atmosfera controlada, em contentores 
plásticos herméticos de 20L (câmara de armazenamento), a 5±0,5 ºC e 94 %UR, 
balanceado com nitrogênio (N2) e fluxo da mistura gasosa de 100 mL min
-1, contendo 
as seguintes concentrações de oxigênio: 5%, 10%, 20% e 80%. A composição da 
 
 
16 
atmosfera foi controlada diariamente usando-se analisador de atmosferas (Dansensor 
Checkmate 9001, PBI Dansensor, Dinamarca). 
O delineamento estatístico também obedeceu delineamento inteiramente 
casualizado, com o experimento disposto em esquema fatorial 4 x 8, com quatro níveis 
de O2 (5%, 10%, 20% e 80%) e avaliação após 0 (inicial), 3, 7, 14, 21, 28 dias de 
armazenamento. Utilizou-se 3 repetições com 8 frutos por parcela. 
Para se conseguir as atmosferas desejadas foram utilizados, como fonte de 
nitrogênio (N2), cilindros K 6,0 m
3 (White Martins Gases Ltda). Ar comprimido foi 
utilizado como fonte de oxigênio (O2), nas concentrações de 5%, 10% e 20%, 
utilizando-se um compressor de ar odontológico (Shulz, modelo MS 3/30L, São Paulo, 
Brasil). Para a obtenção da concentração de 80% de O2 utilizou-se cilindros T 10,0 m
3 
(White Martins Gases Ltda). O ar comprimido ou o O2 a 80% e o N2, em linhas 
separadas, foram umidificados através da passagem por recipientes de plástico 
contendo água destilada. Depois da umidificação, as linhas com gases passavam por 
um controlador de pressão (barostato) com coluna de água de 60 cm, o que permitiu 
controlar e manter a pressão de saída dos gases. 
Para estabelecer os fluxos desejados foram utilizados tubos capilares de vidro 
com diferentes diâmetros internos e comprimentos, cuja regulagem da vazão foi medida 
com o uso de bolhômetros. Depois de estabelecidos os fluxos, os gases foram 
misturados em câmaras de acrílico (3,0 x 3,0 x 4,0 cm) antes de serem conduzidos às 
câmaras de armazenamento, que continham os frutos. 
 
Experimento IV – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ sob atmosfera controlada com 
diferentes concentrações de CO2. 
Após obtenção da melhor concentração de O2 foi conduzido este experimento 
com cinco concentrações de CO2 associadas com o melhor tratamento do experimento 
anterior, 5% de O2, pelo período de 16 dias, de 10 a 26 de dezembro de 2008. 
Este experimento foi conduzido nas mesmas condições de atmosfera controlada 
que o Experimento III. Para a obtenção das concentrações de dióxido de carbono (CO2) 
utilizou-se cilindros K 26,0 kg (White Martins Gases Ltda). Os frutos foram armazenados 
 
 
17 
em baldes plásticos herméticos de 20 L (câmara de armazenamento), a 5±0,5 ºC e 94 
%UR, com fluxo da mistura gasosa de 100 mL min-1 contendo as seguintes 
concentrações de oxigênio e dióxido de carbono: 5 %O2 + 0 %CO2; 5 %O2 + 5 %CO2 ; 5 
%O2 + 10 %CO2; 5 %O2 + 15 %CO2; e 5 %O2 + 20 %CO2. A composição da atmosfera 
foi controlada diariamente usando-se analisador de atmosferas (Dansensor Checkmate 
9001, PBI Dansensor, Dinamarca). 
 O delineamento estatístico também obedeceu delineamento inteiramente 
casualizado, disposto em esquema fatorial 5 x 5, sendo cinco níveis de CO2 (0%, 5%, 
10%, 15% e 20%), avaliados após 0 (inicial), 4, 8, 12 e 16 dias de armazenamento. O 
número de frutos por parcela foram 8, com 3 repetições. 
 
Experimento V – Uso de atmosfera modificada, através de embalagens plásticas e 
cobertura de quitosana, na conservação pós-colheita de lichias 
Este experimento foi conduzido com o intuito de se verificar a eficiência do 
emprego de atmosfera modificada na conservação de lichia, observando-se os 
parâmetros estabelecidos nos Experimentos III e IV. 
O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado, disposto em esquema 
fatorial 7 x 5, com 3 repetições, onde o primeiro fator correspondeu aos tratamentos: 
Testemunha; Bandejas rígidas de poliestireno (22,4 cm x 14,8 cm) recobertas com filme 
poliolefínico (FP) de 0,015 mm (PD955 da Cryovac®); Bandejas rígidas de polietileno 
tereftalato (PET) de 500 mL (Neoform N-90), transparente e com tampa; Bandejas de 
poliestireno (22,4 cm x 14,8 cm) recobertas com filme de cloreto de polivinila (PVC) de 
0,014 mm (Omnifilm®); Imersão em quitosana (>90% de desacetilação, Sigma - Aldrich) 
a 0,5%, 1,0% e 1,5%. A quitosana foi diluída em ácido tartárico a 10%, pH=0,8. O 
segundo fator foi o tempo de armazenamento, 0 (inicial), 4, 8, 12 e 16 dias. Cada 
parcela foi composta por 8 frutos, sendo que os tratados com quitosana foram contidos 
em bandejas rígidas de poliestireno (22,4 cm x 14,8 cm), sem filme. 
 
 
 
 
 
18 
3.3 Análises 
Em cada data de armazenamento as amostras coletadas foram analisadas 
quanto nos seguintes parâmetros: 
 
3.3.1 Análises físicas 
 
- Perda de massa fresca 
Calculada pela diferença entre a massa inicial dos frutos e a obtida em cada 
tempo da amostragem, expressa em porcentagem. Foi determinada com auxílio de 
balança semi-analítica Marte modelo AS2000, com capacidade para 1200 g e precisão 
de 0,1 g. 
 
- Coloração e aparência 
A coloração foi determinada utilizando-se um reflectômetro Minolta CR400, que 
se expressa segundo o sistema proposto pela Commission Internacionale de 
L’Eclaraige (CIE) em L*a*b* (color space) e efetuando-se duas leituras por fruto, na 
região equatorial. A coloração foi expressa em luminosidade, ângulo hue e 
cromaticidade (MINOLTA CORP., 1994). 
A aparência das frutas também foi avaliada visualmente, usando-se uma escala 
de notas: 5=vermelho; 4=25% da casca escurecida; 3=50% da casca escurecida; 
2=75% da casca escurecida; e 1=totalmente escurecida. 
 
3.3.2 Análises químicas e bioquímicas 
 
- Preparo das amostras 
 O mesocarpo (polpa) foi triturado e utilizado nas determinações do pH e dos 
teores de sólidos solúveis e acidez titulável. Para as análises bioquímicas, atividade da 
peroxidase e polifenoloxidase, assim como para a determinação dos teores de 
antocianinas, os frutos de cada tratamento foram descascados, a polpa e a casca 
cortadas em pedaços, imediatamente congeladas em nitrogênio líquido e armazenadas 
a -18 ºC. 
 
 
19 
- Sólidos solúveis (SS) 
Esta determinação foi feita na polpa triturada e filtrada em gaze, 
refratometricamente, usando-se refratômetro digital ATAGO PR-100, e os valores 
expressos em ºBrix (AOAC, 1997, proc. 920.151). 
 
- Acidez titulável (AT) 
Foi determinada por titulação da polpa diluída em água destilada, com solução 
padronizada de NaOH a 0,1M, tendo como indicador a fenolftaleína, pH 8,1 (AOAC, 
1997, proc. 932-12)e os resultados expressos em g de ácido málico por 100 g de 
polpa. 
 
- Relação SS/AT 
Obtida pela relação entre os teores de sólidos solúveis e de acidez titulável. 
 
- pH 
Determinado utilizando-se potenciômetro e com leituras feitas diretamente em 5 
g de polpa triturada e homogeneizada em 50 mL água destilada (AOAC, 1997). 
 
- Ácido ascórbico 
O conteúdo de ácido ascórbico foi determinado por titulação do extrato da polpa 
obtido com ácido oxálico a 0,5%, a 5 ºC, usando-se 2,6 diclorofenolindofenol de sódio a 
0,1% (RANGANNA, 1977). Os resultados foram expressos em mg de ácido ascórbico 
por 100 g de polpa. 
 
- Antocianina 
O teor de antocianinas da casca foi determinado através de método 
colorimétrico, que utiliza como extrator a mistura de etanol a 95 ºGL e HCl a 1,5M 
(15:85, v:v), e leitura direta da absorbância a 535 nm (FRANCIS, 1982). Os resultados 
foram expressos em mg de antocianina por 100 g de casca. 
 
 
 
20 
- Atividade da polifenoloxidase (PPO) e da peroxidase (POD) 
Foram determinadas na casca e na polpa dos frutos utilizando-se o sobrenadante 
de amostras homogeneizadas em tampão fosfato de potássio a 0,2M, pH 6,7, e 
centrifugadas a 11655xg, por 10 minutos, a 4 ºC. O sobrenadante foi utilizado para 
determinar a atividade da enzima peroxidase conforme o indicado por LIMA et al. 
(1998), com leitura feita espectrofotométrica a 505 nm e expressa em nmol H2O2 
consumido min-1 g-1 e a da polifenoloxidase, segundo o proposto por ALLAIN et al. 
(1974), com leituras a 420 nm e a atividade expressa em µmol de fenol consumido min-1 
g-1. 
 
3.3.3 Atividade respiratória 
Nos Experimentos I e II, a atividade respiratória foi determinada mantendo-se 
amostra dos frutos (8 frutos) em frasco hermético (2000 mL) por 80 minutos e 
quantificando-se o CO2 produzido neste período. Nos Experimentos III e IV, a atividade 
respiratória foi determinada diretamente nas embalagens contentoras dos frutos, com 
interrupção do fluxo por 1 hora e determinação da quantidade de CO2 produzido neste 
período. Os resultados foram expressos em mL de CO2 kg
-1 h-1. 
As amostras analisadas nos Experimentos I e II, com 0,3 mL e tomadas no início 
e após o tempo de contenção estabelecido em ambiente hermético, assim como as dos 
gases presentes nos tecidos dos frutos, foram analisadas em cromatógrafo a gás 
(Finningan, modelo 9001, Finningan Corporation, San Jose, EUA) equipado com 
colunas de aço inox preenchida com Porapack-N e peneira molecular (5A), detectores 
de condutividade térmica (150 ºC) e de ionização de chama (150 ºC), e que usa 
nitrogênio como gás de arraste (30 mL min-1). Os teores de O2 e CO2 foram 
determinados usando-se o “software” Borwin (Borwin version 1.20, JMBS 
Developpements, Le Fontanil, França). 
No Experimento V, a avaliação dos teores de O2 e CO2 no interior das 
embalagens foi feita usando-se analisador de gases Checkmate 9900, PBI Dansensor. 
Nos frutos tratados com quitosana, os teores de O2 e CO2, nos seus tecidos, 
foram determinados usando-se o método indicado por SALTVEIT (1982). Os frutos 
 
 
21 
foram colocados dentro de funil de vidro com septo, e este por sua vez era imerso em 
água destilada previamente fervida e mantida em dessecador, no qual foi aplicado 
vácuo parcial para retirada dos gases presentes nos frutos. O ar extraído do interior dos 
frutos ficava retido na haste do funil, que era analisado utilizando-se cromatógrafo. 
 
3.4 Identificação das doenças 
 Constatada a presença de doenças, através da identificação visual dos sintomas, 
os frutos, independentemente do tratamento, eram encaminhados ao Laboratório de 
Fitopatologia do Departamento de Defesa Fitossanitária para a identificação dos seus 
agentes causais através da comparação de laminas com o apresentado por BARNETT 
(1972). 
 
3.5 Análise estatística 
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e à comparação de 
medias utilizando-se o teste de Tukey, a 5% de probabilidade. A descrição das 
variáveis, em função dos períodos de armazenamento, foi feita utilizando-se análise de 
regressão e os modelos foram selecionados observando a significância do teste F para 
cada modelo e seus respectivos coeficientes de determinação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
4.1 Experimento I – Uso de tratamento hidrotérmico, associado ou não com 
imersão em solução de HCl, na conservação de lichias ‘Bengal’, sob condição de 
ambiente 
 
Visando a caracterização inicial dos frutos foi realizada a análise de uma amostra 
no dia da colheita, cujos resultados são apresentados na Tabela 1. 
Tabela 1 – Caracterização de lichia ‘Bengal’, recém-colhidos, em 28 de novembro de 
2007. 
Variáveis Média DP* Variáveis Média DP 
Massa (g) 14,0 0,67 Cromaticidade 44,0 2,56 
SS (ºBrix) 19,0 0,50 Luminosidade 45,0 2,29 
AT (ác. málico 100g-1) 1,5 0,23 Antocianina (mg 100g-1) 63,9 8,04 
pH 3,2 0,23 Polifenoloxidase 
Ácido ascórbico (µmol de fenol min
-1 g-1) 4,5 1,11 
(mg 100g-1) 57,7 6,92 Peroxidase 
Ângulo hue 33,3 2,86 (nmol de H2O2 min-1 g-1) 4,4 0,8 
* DP = desvio-padrão. 
 
A perda de massa fresca, indicada na Figura 1, foi influenciada pelo período de 
armazenamento e não se verificou interação entre os fatores estudados. Foi observado 
incremento linear na perda de massa fresca, independentemente dos tratamentos, que 
evoluiu de 7,09%, em 1 dia, para 28,62%, após 12 dias. As condições do 
armazenamento foram os fatores determinantes na perda de massa por este fruto. 
CHEN et al. (2001) relatam que perda de massa superior a 18,21% é suficiente para 
causar escurecimento total do pericarpo de lichias, enquanto, BRYANT (2004) 
considera que uma perda de 3-5% pode causar este efeito. 
 
 
23 
y = 2,1281x + 4,6523
R2 = 0,9358*
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
P
er
da
 d
e 
m
as
sa
 fr
es
ca
 (
%
)
 
FIGURA 1 – Perda de massa fresca por lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento 
hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e 
armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
 
Observa-se redução intensa na atividade respiratória no segundo dia de 
armazenamento, a partir do qual se manteve praticamente inalterada, apresentando 
assim um padrão não climatérico. Os frutos que receberam o tratamento Hidrotérmico 
ou com HCl apresentavam, no 1º dia, atividade respiratória mais intensa, 73,03 mL de 
CO2 kg
-1 h-1 e 85,61 mL de CO2 kg
-1 h-1, respectivamente, quando comparada com a do 
Testemunha, 58,71 mL de CO2 kg
-1 h-1, ou a dos que receberam o tratamento 
hidrotérmico seguido de resfriamento em HCl, 59,88 mL de CO2 kg
-1 h-1 (Figura 2). Isto, 
provavelmente foi devido ao estresse sofrido pelos frutos na colheita e tratamento 
(MORAES, 2005). 
 
 
24 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
A
tiv
id
ad
e 
R
es
pi
ra
tó
ria
(m
L 
C
O
2 
kg
-1
 h
-1
)
HCl Hidrotérmico Hidro+HCl Testemunha
 
FIGURA 2 – Atividade respiratória em lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento 
hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e 
armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
 
Observou-se, em todos os tratamentos, que o teor de sólidos solúveis (SS) 
aumentou linearmente durante o período de armazenamento (Figura 3) como efeito da 
perda de massa, enquanto o de acidez titulável (AT) diminuiu (Figura 4), o que é 
característico de frutos não climatéricos (WILLS et al., 1998). Esta redução tem sido 
atribuída ao consumo dos ácidos orgânicos no processo respiratório (CHITARRA & 
CHITARRA, 2005). Comportamento semelhante também foi verificado em lichias ‘Groff’ 
por HOLCROFT & MITCHAM (1996), em ‘Brewster’ por RIVERA-LÓPEZ et al. (1999) e 
em ‘Huaizhi’ por JIANG et al. (2004). 
PENG & CHENG (2001) não observaram efeito significativo do tratamento 
hidrotérmico (98ºC), por 3 segundos, seguido de resfriamento em ácido (pH = 0,5), por 
5 minutos, no teor de sólidos solúveis de lichias ‘Heye’. 
 
 
25 
y HCl = 0,5184x + 17,963
R2 = 0,7694*
y Hidrotérmico= 0,4271x + 17,979
R2 = 0,7437*
y Hidro + HCl= 0,5358x + 18,167
R2 = 0,9498*
y Testemunha = 0,4371x + 18,493
R2 = 0,9217*
0
5
10
15
20
25
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
S
S
 (
°B
rix
)
HCl Hidrotérmico Hidro + HCl Testemunha
 
FIGURA 3 – Teor de sólidos solúveis (SS) na polpa de lichias ‘Bengal' submetidas a 
tratamento hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 
0,087M, e armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
y = -0,0437x + 1,4391
R2 = 0,9099*
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
A
T
 (
g 
ác
. m
ál
ic
o 
10
0g
-1
)
 
FIGURA 4 – Acidez titulável (AT) na polpa de lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento 
hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e 
armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
 
26 
Como conseqüência da redução na acidez titulável, os frutos de todos os 
tratamentos apresentaram aumento no pH, ao longo do período de armazenamento 
(Figura 5). Os valores de pH da polpa dos frutos submetidos aos tratamentos não se 
mostraram diferentes, e aumentaram de 3,21 para 3,88. 
 
y = 0,0046x2 - 0,0104x + 3,3018
R2 = 0,8995*
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
pH
 
FIGURA 5 – pH da polpa de lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento hidrotérmico, 
associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e armazenadas sob 
condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
Houve interação significativa entre os tratamentos e o tempo de armazenamento 
para a relação entre os teores de sólidos solúveis e acidez titulável (SS/AT), que 
aumentou durante o período de armazenamento (Figura 6). Nos frutos que receberam 
somente o tratamento Hidrotérmico, esta relação foi menor, o que pode ser devido ao 
menor teor de sólidos solúveis e à utilização dos ácidos na respiração. 
Esta relação é um índice bastante utilizado para a determinação da maturação e 
da palatabilidade de frutos, pois indica o equilíbrio entre os teores de ácidos orgânicos e 
de açúcares (CHITARRA & CHITARRA, 2005). 
 
 
 
27 
y HCl= 0,146x2 - 0,6101x + 15,949
R2 = 0,876*
y Hidrotérmico= 0,1245x2 - 0,5507x + 13,8
R2 = 0,8105*
y Hidro + HCl= 1,1197x + 11,684
R2 = 0,8501*
y Testemunha= 1,3746x + 11,968
R2 = 0,9655*
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
S
S
/A
T
HCl Hidrotérmico Hidro + HCl Testemunha
 
FIGURA 6 – Relação entre os teores de sólidos solúveis e acidez titulável (SS/AT) na 
polpa de lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento hidrotérmico, associado 
ou não com imersão em HCl a 0,087M, e armazenadas sob condição de 
ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
Os teores de ácido ascórbico na polpa dos frutos tratados com HCl a 0,087M, por 
6 minutos, se apresentaram menores que nos frutos submetidos aos outros tratamentos 
(Figura 7), o que pode ser resultado de oxidações, e não foi o observado por JIANG et 
al. (2004) em lichias ‘Huaizhi’. 
 
 
 
 
28 
y HCl= 0,3084x2 - 3,724x + 55,225
R2 = 0,9043*
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
 A
A
 (
m
g 
10
0g
-1
)
HCl Hidrotérmico Hidro + HCl Testemunha
y Hidro + HCl = Não ajustável
R2 < 0,70
y Hidrotérmico = Não ajustável
R2 < 0,70
y Testemunha = Não ajustável
R2 < 0,70
 
FIGURA 7 – Teor de ácido ascórbico (AA) na polpa de lichias ‘Bengal' submetidas a 
tratamento hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 
0,087M, e armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
No início do armazenamento, a casca dos frutos apresentava tonalidade 
vermelha, com hue = 33,81, cromaticidade = 45,86 e luminosidade = 44,65. O aumento 
nos valores de hue e a diminuição nos de cromaticidade (Figuras 8 e 9) e variação na 
luminosidade (Figura 10), durante o armazenamento, indicam que a coloração da casca 
dos frutos tornou-se vermelha escurecida. Segundo ZAUBERMAN et al. (1991), a cor 
vermelha da casca de lichias pode ser preservada se o pH do pericarpo permanecer 
ácido, o que pode ser conseguido com a imersão dos frutos em soluções diluídas de 
HCl, que converte os pigmentos escuros a íons flavino. Este efeito do tratamento com 
HCl não foi observado neste experimento. 
SOUZA et al. (2010), estudando lichias ‘Bengal’ submetidas a tratamento 
hidrotérmico, concluíram que os melhores tratamentos para a manutenção dos valores 
de luminosidade para os frutos foram os de 5 e 10 minutos de imersão em água a 45ºC. 
Os tratamentos que foram submetidos por 15, 20 e 25 minutos apresentaram 
diminuição significativa nos valores deste parâmetro. 
 
 
29 
y = -0,0505x2 + 0,9283x + 33,453
R2 = 0,9454*
33,0
33,5
34,0
34,5
35,0
35,5
36,0
36,5
37,0
37,5
38,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
Â
ng
ul
o 
hu
e
 
FIGURA 8 – Ângulo hue da casca de lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento 
hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e 
armazenadas sob condição ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
y HCl= 0,2399x2 - 3,6736x + 41,628
R2 = 0,7131*
y Hidrotérmico= 0,2661x2 - 4,0003x + 41,976
R2 = 0,7379*
y Hidro + HCl = -0,0751x3 + 1,5857x2 - 9,3264x + 44,344
R2 = 0,7681*
y Testemunha= 0,2319x2 - 3,456x + 39,07
R2 = 0,6708*
0
10
20
30
40
50
60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
C
ro
m
at
ic
id
ad
e
HCl Hidrotérmico Hidro + HCl Testemunha
 
FIGURA 9 – Cromaticidade da casca de lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento 
hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e 
armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
 
30 
y = -0,0443x3 + 0,9441x2 - 5,789x + 43,15
R2 = 0,8564*
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
Lu
m
in
os
id
ad
e
 
FIGURA 10 – Luminosidade da casca de lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento 
hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e 
armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
A evolução na coloração determinada objetivamente por colorimetria (Figuras 8, 
9 e 10), não foi observada visualmente, ou seja, que a aplicação de HCl influenciou 
positivamente na manutenção da aparência dos frutos. Neste período, os frutos 
submetidos ao tratamento hidrotérmico seguido de resfriamento em HCl a 0,087M 
(Hidro + HCl), somente 25% da casca estava escurecida, ou com nota 4 (Figuras 11 e 
12). Este escurecimento da casca somente atingiu a área superficial dos frutos. 
Efeito semelhante também foi relatado por HUANG & SCOTT (1985) que 
trabalharam com lichias ‘Sui Dong’, armazenadas a 28-31 ºC e 90-95 %UR. 
LICHTER et al. (2000), no entanto, ao armazenarem lichias ‘Mauritius’ 
pulverizadas com água quente (55 ºC por 20 segundos), seguido de tratamento com 
ácido clorídrico a 4%, por 15-30 minutos, relataram que a cor vermelha manteve-se por 
até 35 dias, mas sem que a ocorrência de manchas marrons e rachaduras na casca, 
que não comprometiam a qualidade interna ou o sabor, fosse considerada. 
 
 
 
31 
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A
pa
rê
nc
ia
 e
xt
er
na
 (n
ot
as
)
Dias de armazenamento 
HCl Hidrotérmico Hidro + HCl Testemunha
 
FIGURA 11 – Aparência de lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento hidrotérmico, 
associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e armazenadas sob 
condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR) (Notas: 5= vermelho-brilhante; 4= 
25% da casca escurecida; 3= 50% da casca escurecida; 2= 75% da casca 
escurecida; e 1= completamente escurecida). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 12 – Aspecto das lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento hidrotérmico, 
associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e armazenadaspor 
2 dias sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
Observou-se também, redução significativa no teor de antocianina da casca dos 
frutos, ao longo do armazenamento (Figura 13). A melhor conservação deste pigmento 
foi nos que receberam o tratamento hidrotérmico, com resfriamento em HCl, seguido 
dos tratados com HCl. A manutenção dos teores mais elevados de antocianina na 
casca é resultado de sua degradação menos intensa e tem relação direta com a 
preservação da aparência, pois o escurecimento tem sido atribuído à degradação deste 
pigmento pela ação de enzimas oxidativas, polifenoloxidase, peroxidase e ácido 
ascórbico oxidase (UNDERHILL, 1992). No entanto, LEE & WICKER (1991) não 
observaram relação entre os teores de antocianina e a cor vermelha do pericarpo de 
lichias. 
Em lichias ‘Wai Chee’, tratadas com HCl a 1M por 2 minutos, e armazenadas a 
25 ºC e 60 %UR, UNDERHILL & CRITCHLEY (1994) também observaram redução no 
teor de antocianina, sem que houvesse relação entre esta taxa de redução e a perda de 
massa. Quando armazenaram lichias ‘Bengal’ a 25 ºC e 60 %UR, estes autores 
também relataram decréscimo no teor de antocianina, mas relacionaram esta 
HidrotHidrotHidrotHidrotéééérmico + rmico + rmico + rmico + HClHClHClHCl
HidrotHidrotHidrotHidrotéééérmicormicormicormico
HClHClHClHCl
TestemunhaTestemunhaTestemunhaTestemunha
HidrotHidrotHidrotHidrotéééérmico + rmico + rmico + rmico + HClHClHClHCl
HidrotHidrotHidrotHidrotéééérmicormicormicormico
HClHClHClHCl
TestemunhaTestemunhaTestemunhaTestemunha
 
 
33 
degradação com a perda de umidade e o desenvolvimento de escurecimento no 
pericarpo (UNDERHILL & CRITCHLEY, 1993), o que foi reafirmado por ZHANG et al. 
(2001), que armazenarem lichias ‘Huaizhi’ a 30 ºC e 70 %UR e que também foi o 
observado neste trabalho (Figuras 1 e 13). 
y HCl = 0,1894x2 - 4,5539x + 68,883
R2 = 0,9238*
y Hidrotérmico= 0,2964x2 - 5,2924x + 63,624
R2 = 0,8905* y Hidro + HCl = -2,0145x + 72,917
R2 = 0,8818*
y Testemunha= 0,2073x2 - 4,1599x + 61,905
R2 = 0,939*
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
A
nt
oc
ia
ni
na
 (
m
g 
10
0g
-1
)
HCl Hidrotérmico Hidro + HCl Testemunha
 
FIGURA 13 – Teor de antocianina na casca de lichias ‘Bengal' submetidas a tratamento 
hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 0,087M, e 
armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
Os resultados obtidos neste trabalho indicam que a atividade da polifenoloxidase 
(PPO) na casca das lichias submetidas aos diferentes tratamentos e armazenadas a 20 
ºC e 82 %UR aumentou em todos os tratamentos até o 3º dia, seguido de estabilização 
(Figura 14). A atividade desta enzima foi maior nos frutos do Testemunha, com 
aumento de 6,31 para 10,88 µmol de fenol consumido min-1 g-1, enquanto no tratamento 
com imersão em HCl aumentou de 4,50 para 7,88 µmol de fenol consumido min-1 g-1, no 
Hidrotérmico, de 4,08 para 8,25 µmol de fenol consumido min-1 g-1, e no Hidrotérmico 
seguido de resfriamento em HCl, de 3,55 para 7,45 µmol de fenol consumido min-1 g-1. 
Aumento semelhante, durante os primeiros dois dias de armazenamento, também foi 
relatado por LIN et al. (1988), enquanto UNDERHILL & CRITCHLEY (1993 e 1994), 
 
 
34 
LICHTER et al. (2000) e SOUZA et al. (2010) relataram redução progressiva nesta 
atividade. ZAUBERMAN et al. (1991) não encontraram mudanças significativas na 
atividade da PPO durante este período. Estes resultados discordantes podem ser 
devidos às diferenças entre os métodos utilizados e/ou cultivares estudadas. 
y Testemunha = -0,0769x2 + 1,0697x + 6,381
R2 = 0,5537*
y Hidro + HCl = -0,0461x2 + 0,7148x + 4,4988
 R2 = 0,5961*
0
2
4
6
8
10
12
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
P
ol
ife
no
lo
xi
da
se
(µ
m
ol
es
 d
e 
fe
no
l d
eg
ra
da
do
 g
-1
 m
in
-1
)
HCl Hidrotérmico Hidro + HCl Testemunha
y HCl = Não ajustável
R2 < 0,70
y Hidrotérmico = Não ajustável 
R2 < 0,70
 
FIGURA 14 – Atividade da polifenoloxidase na casca de lichias ‘Bengal' submetidas a 
tratamento hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 
0,087M, e armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
A atividade da peroxidase (POD) na casca dos frutos do Testemunha reduziu-se, 
enquanto nos tratados ela aumentou até o 6º dia (Figura 15). Nos tratados 
hidrotermicamente, resfriados ou não em HCl, este aumento foi pequeno, apesar da 
possibilidade de regeneração parcial da atividade da peroxidase após o tratamento 
hidrotérmico (KHAN & ROBINSON, 1993). 
Observou-se também, que a atividade da polifenoloxidase e da peroxidase na casca 
dos frutos submetidos ao tratamento hidrotérmico seguido de resfriamento em HCl a 
0,087M (Hidro + HCl) foram as mais reduzidas, indicando que este protegeu as 
antocianinas, o que vem ao encontro dos teores de antocianina e das notas obtidas 
para a aparência. Outros autores também observaram que a inibição na atividade da 
 
 
35 
PPO e da POD retardou o escurecimento do pericarpo em lichias (JIANG & FU, 1999; 
JIANG et al., 2004) e que há correlação positiva entre a atividade da POD 
(UNDERHILL & CRITCHLEY, 1994), assim como da PPO (JIANG, 2000), com o 
escurecimento celular. 
y Hidro + HCl = -1E-05x2 + 0,0002x + 0,0032
R2 = 0,5424*
y HCl = -2E-05x2 + 0,0003x + 0,0033
R2 = 0,6002*
y Testemunha = 3E-05x2 - 0,0004x + 0,0047
R2 = 0,8481*
y Hidrotérmico = -1E-05x2 + 0,0002x + 0,0032
R2 = 0,5424*
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias de armazenamento
P
er
ox
id
as
e
(n
m
ol
es
 d
e 
H
2O
2 
de
gr
ad
ad
o 
g-
1 m
in
-1
)
HCl Hidrotérmico Hidrot + HCl Testemunha
 
FIGURA 15 – Atividade da peroxidase na casca de lichias ‘Bengal' submetidas a 
tratamento hidrotérmico, associado ou não com imersão em HCl a 
0,087M, e armazenadas sob condição de ambiente (20 ºC; 82 %UR). 
 
Não se detectou atividade da polifenoloxidase ou da peroxidase na polpa dos 
frutos submetidos aos diferentes tratamentos, o que reafirma o relatado por 
UNDERHILL & CRITCHLEY (1993), ou seja, que o escurecimento está restrito ao 
pericarpo do fruto. 
Os resultados obtidos permitem deixar observado que: 
A combinação entre os tratamentos hidrotérmico e HCl permitiu conservar a 
coloração das lichias até o 2º dia, com 25% de escurecimento, e até o 3º dia ,com 50% 
de escurecimento. 
Os tratamentos com HCl e Hidrotérmico não mantiveram a coloração dos frutos, 
que após 1 dia apresentavam 50% de escurecimento. 
 
 
36 
A aplicação dos tratamentos não interferiu na qualidade interna e no sabor da 
polpa dos frutos, que se manteve adequada até o 12º dia. 
 
4.2 Experimento II – Armazenamento de lichias ‘Bengal’ utilizando-se diferentes 
temperaturas 
 
A caracterização inicial ou no dia da colheita, dos frutos utilizados neste 
experimento, é apresentada na Tabela 2. 
 
Tabela 2 – Caracterização de lichia ‘Bengal’, recém-colhidos, em 12 de dezembro de 
2007. 
Variáveis Média DP* Variáveis Média DP 
Massa (g) 16,5 0,98 Cromaticidade 52,0 5,51 
SS (ºBrix) 18,0 0,83 Luminosidade 42,0 1,59 
AT (ác. málico 100g-1) 1,4 0,16 Antocianina (mg 100g-1) 71,3 10,51 
pH 3,3 0,10 Polifenoloxidase 
Ácido ascórbico (µmol de fenol min-1 g-1) 6,2 1,29 
(mg 100g-1) 61,4 5,51 Peroxidase 
Ângulo hue 30,3 2,32 (nmol de H2O2 min-1 g-1) 4,4 0,3 
* DP = desvio-padrão. 
 
 A perda de massa fresca aumentou significativamente ao longo do período de 
armazenamento, observando-se a maior intensidade nos frutos mantidos a 20 ºC 
(24,93%) aos 12 dias, seguido dos a 10 ºC (27,23%), 2 ºC (19,75%) e 5 ºC (16,10%), 
após 24 dias (Figura 16). Isto evidencia o efeito da redução da temperatura na perda de 
massa por este fruto, como resultado da redução no metabolismo dos mesmos. 
Resultados inferiores de perda de massa (13%) foram obtidos por NAGAR (1994), em 
lichias ‘Calcuttia’, durante 10 dias de armazenamento a 25 ºC e 80 %UR. 
Os resultados obtidos

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