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Aprendendo inteligência

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Sumário
Capa
Folha	de	rosto
Nota	à	terceira	edição
Prefácio
Introdução
Aprendendo	Inteligência
PARTE	1	–	A	“programação”	do	seu	cérebro
Por	que	estudar?
Quando	estudar?
Quanto	estudar?
Como	estudar?
PARTE	2	–	Acelerando	os	neurônios
Como	se	tornar	mais	inteligente?
Os	cinco	passos
Um	pouco	de	cibernética
E	agora,	uma	provinha
Referências
Agradecimentos
Sobre	o	autor
Notas	de	rodapé
Créditos	e	copyright
Nota	à	terceira	edição
A	 velocidade	 com	 que	 novos	 equívocos	 educacionais	 são
perpetrados	 no	 nosso	 Brasil	 é	 tão	 grande	 que	 me	 vi	 obrigado	 a
aproveitar	 o	 novo	 visual	 desta	 terceira	 edição	 para	 inserir	 algumas
observações	importantes.
A	 primeira	 delas	 é	 que	 o	 consumismo	 desvairado	 criou	 uma	 falsa
sensação	 de	 que	 a	 tecnologia	 (tablets,	 redes	 sociais,	 celulares	 com
acesso	à	internet	etc.)	estaria	ajudando	a	melhorar	o	nível	intelectual	de
jovens	 e	 crianças	 quando,	 na	 realidade,	 está	 produzindo	 um
emburrecimento	assustador.
A	 segunda	 é	 o	 uso	 desvairado	 e	 irresponsável	 de	 drogas,	 tipo
Ritalina,	para	resolver	problemas	que	deveriam	ser	resolvidos	por	terapia
de	 família.	 O	 famoso	 TDAH	 não	 é	 um	 distúrbio	 neurológico:	 é
comportamental	(falta	de	organização	e	horários	na	vida	da	criança	e	do
jovem).
A	terceira	observação	é	relativa	à	falta	de	incentivo	à	leitura	de	livros.
Infelizmente	nosso	sistema	escolar	se	tornou	um	incentivador	do	ódio	à
leitura,	empurrando	goela	abaixo	obras	pedantes	e	absurdamente	chatas
(em	nome	da	chamada	 “boa	 literatura”)	 com	o	pretexto	de	que	 “cai	 no
vestibular”.
Prefácio
Nesta	edição,	 com	outra	 veste	editorial,	 sentei	 para	escrever	 o	 que
haveria	de	novo	no	atual	volume.	Não	que	as	edições	anteriores	fossem
perfeitas,	 mas,	 na	 realidade,	 pouco	 encontrei	 para	 ser	 atualizado.	 Por
isso,	até	no	prefácio	só	alterei	este	primeiro	parágrafo!
No	início,	minha	intenção	ao	publicar	APRENDENDO	INTELIGÊNCIA
era	ajudar	muitos	alunos	a	transformar	seu	tempo	de	escola	em	algo	útil
e	 construtivo,	 fazendo-os	 subir,	 gradativamente,	 a	 escada	 da
inteligência.
Escrevi	 o	 óbvio.	 Nada	 do	 que	 está	 neste	 volume	 é	 particularmente
inovador	e/ou	revolucionário.
Foi	uma	contribuição	modesta,	sem	nenhuma	pretensão	de	se	tornar
uma	espécie	de	best-seller.
Apesar	disso,	o	livro	começou	a	circular	e	a	gerar	um	fenômeno	que
me	surpreendeu:	quanto	mais	vende...	MAIS	VENDE.
As	 pessoas	 que	 o	 leem	 tendem	 a	 emprestá-lo	 ou	 a	 indicá-lo	 para
outras.	 Ele	 foi	 adotado	 em	 muitas	 escolas	 e,	 mesmo	 tendo	 uma
linguagem	destinada	a	crianças	e	adolescentes,	fez	sucesso	em	muitos
cursos	superiores!
Com	esta	edição,	ultrapassamos	o	marco	dos	100	mil	exemplares!
Paradoxalmente,	todo	esse	sucesso	acabou	gerando,	em	mim,	certa
tristeza.
Eu	sei	que	é	muito	estranho	um	autor	se	sentir	um	pouco	triste	com	o
sucesso	obtido	por	um	de	seus	livros.	Mas	isso	tem	uma	explicação.
Tenho	 recebido	 inúmeras	 mensagens	 de	 leitores	 cuja	 frase	 mais
frequente	é:	“PENA	QUE	NÃO	O	LI	ANTES”!
É	 isto	o	que	me	entristece:	ver	 jovens	 jogarem	fora	anos	e	anos	de
escola	por	terem	recebido	uma	orientação	equivocada,	tanto	das	famílias
que	 fazem	uma	cobrança	errada	quanto	de	uma	pseudopedagogia	que
não	se	preocupa	em	transformar	ALUNOS	em	ESTUDANTES.
Jovens	que,	após	a	leitura	do	livro,	exclamam:	“POR	QUE	NINGUÉM
ME	DISSE	ISSO	ANTES?”.
Tristeza	e,	por	que	não,	um	pouco	de	arrependimento.
Afinal...	POR	QUE	NÃO	O	ESCREVI	ANTES?
Introdução
Ao	 longo	 do	 último	 meio	 século,	 tenho	 tentado	 fazer	 com	 que	 as
pessoas	que	me	rodeiam	–	colegas,	amigos,	alunos,	filhos	–	fiquem	cada
vez	mais	inteligentes.
Por	incrível	que	pareça...	tenho	conseguido!
Essa	é	a	 razão	pela	qual	 reduzi	minhas	atividades	em	sala	de	aula
(mas	que	nunca	irei	abandonar:	morrerei	com	um	pedaço	de	giz	na	mão)
e	tenho	me	dedicado	a	percorrer	escolas	fazendo	palestras,	de	forma	a,
se	não	eliminar,	pelo	menos	reduzir	os	absurdos	cometidos	por	alunos,
famílias,	professores	e	pedagogas	quando	o	assunto	é	ESCOLA.
Algumas	 noções	 de	 neuropedagogia	 permitem	 fazer	 com	 que	 as
pessoas	 percebam	 esses	 absurdos,	 presentes	 em	 99%	 das	 escolas
brasileiras.
A	receptividade	tem	sido	excelente	(com,	é	claro,	algumas	exceções),
mas,	em	minha	opinião,	insuficiente.
No	day	after	 tudo	parece	mudar	para	melhor,	mas,	com	o	correr	do
tempo,	velhos	vícios	retornam	e	os	absurdos	voltam	a	ser	cometidos.
Além	 disso,	 por	 mais	 que	 eu	 me	 predisponha	 a	 viajar,	 o	 Brasil	 é
imenso	e	o	número	de	escolas	que	precisariam	repensar	suas	certezas	é
gigantesco.
A	 solução	é	 óbvia:	 escrever	 um	 livro	 para	atingir	 um	público	maior.
Na	 realidade,	 três	 livros:	 um	para	alunos,	 outro	 para	pais	 e	 outro	 para
professores.
Este	é	o	primeiro,	porque	resolvi	começar	pelo	público	mais	disposto
a	mudar:	os	alunos.
O	 livro	 está	 dividido	 em	 duas	 partes:	 na	 primeira,	 o	 leitor	 (você)
poderá	entender	o	que	há	de	errado	na	maneira	de	encarar	a	ESCOLA	e
como,	de	forma	até	fácil	e	simples,	evitar	os	erros	mais	comuns.
Na	segunda	parte,	há	uma	espécie	de	receita	de	como	se	tornar	mais
inteligente.
Pode	acreditar...	funciona!
Um	 dos	 ingredientes	 da	 receita	 é	 obrigar	 o	 cérebro	 a	 fazer
“musculação	mental”,	ou	seja,	se	há	uma	forma	fácil	e	uma	difícil,	opte
pela	difícil.	Para	ser	coerente,	portanto,	coloquei	as	citações	em	 inglês
no	começo	de	cada	capítulo,	só	para	ficar	um	pouco	mais	difícil	[1]
Boa	leitura!
POR	QUE	ESTUDAR?
Population,	when	unchecked,	increases	in	a	geometrical	ratio.
Subsistence	increases	only	in	an	arithmetical	ratio	[2].
Thomas	Robert	Malthus	(1766-1834)
EXPLOSÃO	DEMOGRÁFICA	Quando	eu
tinha	uns	9	anos,	ainda	no	primário	(hoje
Fundamental	I),	um	professor	propôs	o
seguinte	problema:	Dentro	de	uma	garrafa,
cheia	de	um	líquido	nutritivo,	cai	um
micróbio.	O	micróbio	se	alimenta,	cresce	e
se	divide	em	dois.	Os	dois	se	alimentam,
crescem	e,	por	sua	vez,	se	dividem	dando
origem	a	quatro	micróbios.	Verificamos	que
o	número	de	micróbios	duplica	de	minuto
em	minuto.	Sabemos	que	o	primeiro
micróbio	caiu	na	garrafa	à	meia-noite	e	que
a	garrafa	chegou	a	se	encher	pela	metade
de	micróbios	em	quatro	horas,	ou	seja,	ela
está	pela	metade	às	quatro	horas	da	manhã.
A	que	horas	ela	estará	totalmente	cheia?
E	todos	nós,	trouxas,	caímos	na	armadilha	e	respondemos	quase	em
coro:	Às	oito	horas.
Com	muita	paciência,	o	professor	nos	explicou	que,	se	o	número	de
micróbios	 duplicava	 a	 cada	 minuto,	 em	 apenas	 mais	 um	 minuto	 a
garrafa,	que	já	estava	pela	metade,	iria	se	encher	completamente.
A	resposta	correta,	portanto,	seria:	Às	quatro	horas	e	um	minuto!
Nesse	 momento,	 experimentei	 a	 saudável	 sensação	 de	 ser	 um
verdadeiro	 tonto	 (sensação	 essa	 que	 se	 repetiria	 frequentemente	 ao
longo	de	minha	existência).
O	 episódio,	 porém,	 teria	 sido	 completamente	 esquecido	 se,	 muitos
anos	mais	 tarde,	eu	não	 tivesse	 lido	um	artigo	escrito	por	alguém	que,
com	certeza,	conhecia	a	história	dos	micróbios	[3].
Em	 resumo,	 a	 história	 começava	 com	 a	 garrafa	 pela	metade	 e	 um
micróbio	 político	 fazendo	 um	 discurso	 pela	 “Rede	 Ameba”:	 Minhas
compatriotas	e	meus	compatriotas!
Já	 faz	 muito	 tempo,	 quatro	 longas	 horas	 para	 ser	 exato,	 que
nosso	 ancestral	 comum	 chegou	 a	 essa	 garrafa	 deserta	 e,	 com
corajoso	espírito	pioneiro,	a	colonizou.
Nossa	 estirpe	 orgulhosamente	 cresceu,	 apesar	 dos	 gritos	 de
estúpidos	 ambientalistas	 que	 ficam	 bradando	 contra	 o	 que	 eles
denominam	 “crescimento	 desordenado”	 e	 “dilapidação	 dos
recursos	naturais”.
Será	que	eles	não	enxergam	que,	no	decorrer	de	toda	a	nossa
história,	 só	 consumimos	 a	 metade	 do	 espaço	 e	 dos	 recursos
disponíveis?	Toda	a	outra	metade	está	virgem	e	intocada	para	as
gerações	 seguintes!	 Além	 disso,	 para	 calar	 esses	 pessimistas,
quero	 dar	 uma	 excelente	 notícia	 em	 primeiro	 pseudópodo	 [4]:
Nossa	agência	espacial	enviou	algumas	sondas	para	exploração
no	espaço	extragarrafal	e	descobriunas	vizinhanças	seis	garrafas
idênticas	 à	 nossa,	 completamente	 desertas	 e	 cheias	 de	 líquido
nutritivo,	para	as	quais	já	transferimos	alguns	corajosos	colonos.
Portanto,	 se	 já	 consumimos	 o	 espaço	 e	 a	 comida	 de	 apenas
meia	garrafa	em	 toda	a	existência	de	nossa	nação,	as	gerações
futuras	irão	dispor	de	muitas	e	muitas	eras	antes	de	começar	a	se
preocupar,	dando	ouvidos	a	esses	chatos	dos	ambientalistas.
Se	 algum	 dia	 nossa	 garrafa	 ficar	 cheia,	 transferiremos	 num
instante	as	duas	metades	da	população	em	duas	garrafas	virgens.
E,	 sob	 aplausos	 entusiásticos,
nosso	 personagem	 desce	 do
palanque,	sorrindo	e	acenando	para	a
multidão,	e...
...três	 minutos	 depois,	 todos	 os
micróbios	 de	 todas	 as	 garrafas
começam	a	morrer	de	 fome!	Bonita
história	–	você	dirá.	–	Mas	o	que	isso
tem	a	ver	comigo?
Pois	 é,	 meu	 caro	 e	 jovem	 leitor,
você	 já	 deve	 ter	 ouvido	 algum(a)
professor(a)	 de	 história	 dizendo	 que
devemos	estudar	o	passado	para	não
cometermos	 os	 mesmos	 erros	 no
presente.
Acontece	 que	 há	 um	 erro	 que
jamais	 foi	cometido	no	passado	e	que,	pela	primeira	vez	na	história	da
humanidade,	está	sendo	cometido	agora.
E	não	foi	por	falta	de	aviso.
Entre	no	Google	e	dê	uma	pesquisada	sobre	o	tal	de	Malthus,	citado
no	começo	deste	capítulo:	
Há	uns	dois	mil	anos,	alguém	repetiu:	Crescei	e	multiplicai-vos.
Acontece	 que,	 naquela	 época,	 toda	 a	 população	mundial	 girava	 em
torno	de	100	milhões	de	seres	humanos.
Apenas	100	milhões!
Tente,	 por	 favor,	 imaginar:	 todos	 os	 nativos	 americanos,	 todos	 os
africanos,	 europeus,	 asiáticos,	 aborígenes	 australianos,	 polinésios	 etc.
somados	perfaziam	quase	a	metade	da	população	do	Brasil	 (que,	com
certeza,	não	podemos	dizer	que	esteja	“abarrotado”).
Se,	 para	 cada	 ser	 humano	 daquela	 época,	 houvesse	 uns	 dez	 nos
dias	de	hoje,	supondo	uma	racional	distribuição	de	renda...
...viveríamos	 todos	 com	 conforto,	 com	 eletricidade,	 água	 encanada,
moradia,	 lazer,	 trabalho	 e	 alimentação.	 Não	 haveria	 fome,	 miséria,
doença	e	guerras.	O	conselho	multiplicai-vos,	porém,	 foi	 levado	a	sério
demais	e,	em	vez	de	multiplicar	por	10,	multiplicamos	por	70!
Pois	 é,	 meu	 caro	 e	 jovem	 leitor:	 BEM-VINDO	 À	 EXPLOSÃO
DEMOGRÁFICA!
O	planeta	Terra	 (nossa	garrafa	que	 já	está	quase	 totalmente	cheia!)
está	 se	 degradando	 aceleradamente:	 poluição	 nos	 mares,	 buraco	 na
camada	de	ozônio,	guerras	e	 terrorismo,	aquecimento	global	devido	ao
efeito	 estufa,	 fome,	 epidemias	 e	 miséria	 generalizada	 (apenas	 4%	 da
humanidade	vive	em	razoável	situação	de	conforto).
E	as	coisas	vão	piorar!	Duvida?	Então	ouça,	a	partir	desse	alerta,	os
discursos	dos	políticos:	todos	eles	falam	em	“crescimento”!
Agora	entre	no	Google	e	digite:	Lemingue
Leia	o	que	vier	e	medite	um	pouco.
Depois	de	meditar,	entre	no	site	da	WWF...
www.wwf.org.br	...e	leia	alguns	relatórios	muito	esclarecedores!
O	bem	mais	escasso	Todas	as	escolas,	numa	falta	de
originalidade	até	benéfica,	propõem	trabalhos	sobre
o	que	é	considerado	o	recurso	mais	escasso	do
século	21:	água	potável.	Na	realidade	há	tanta	água
potável	no	século	21	quanto	havia	no	20.	O	que	há	é
excesso	de	pessoas	querendo	beber!
O	 bem	 verdadeiramente	 mais	 escasso
do	século	21	não	é	a	água...
...É	A	INTELIGÊNCIA!
A	 humanidade	 está	 sendo	 imbecilizada
cada	vez	mais.
Os	 jornalistas	 que	 insistem	 em	 publicar
“pesquisas”	 querendo	 mostrar	 que	 as
crianças	 e	 os	 jovens	 de	 hoje	 são	 mais
inteligentes	 que	 os	 do	 passado	 apenas
demonstram	 que	 é	 nos	 meios	 de
comunicação	 que	 o	 processo	 de
degradação	 intelectual	 está	 avançando
mais	rapidamente.
Meu	 caro	 e	 jovem	 leitor,	 este	 livro	 não	 é	 a	 respeito	 de	 perfumarias
como	 “busca	 da	 felicidade”,	 “cidadania	 responsável”	 ou	 “realização
profissional”.
Este	 livro	 não	 é	 um	 dos	 clássicos	 manuais	 de	 “autoajuda”,	 tão	 na
moda	atualmente.	Este	livro	é	um	manual	de...
...SOBREVIVÊNCIA!
Se	 você	 ler	 este	 livro	 até	 o	 fim,	 tentando	 entender	 e	 utilizar	 os
conceitos	 que	 nele	 são	 apresentados,	 talvez	 não	 encontre	 o	 caminho
correto	para	sua	vida	profissional,	porém	uma	coisa	eu	garanto:	vai	se
tornar,	com	o	passar	dos	anos,	cada	vez	mais...
...INTELIGENTE!
Você	 irá	 entrar	 num	 mercado	 de
trabalho	em	que	há	cada	vez	mais	gente	e
cada	 vez	 menos	 necessidade	 de	 mão	 de
obra.
No	 momento	 em	 que	 escrevo	 estas
linhas,	 de	 cada	 três	 desempregados	 no
Brasil,	 apenas	 um	 é	 “desempregado”	 de
verdade,	 ou	 seja,	 alguém	 que	 tinha	 um
emprego	 e	 o	 perdeu.	 Os	 outros	 dois	 são
jovens,	 com	 diploma	 universitário,	 que
ainda	 não	 conseguiram	 nenhum	 trabalho
porque	 há	 máquinas	 que	 os	 substituem
com	 vantagem.	 Atualmente	 um	 chip
(transponder	 ),	 colado	 no	 para-brisa	 do
automóvel,	por	exemplo,	e	que	funciona	24
horas	por	dia	e	365,25	dias	por	ano,	tira	o	emprego	de	quatro	jovens	que
poderiam	 se	 revezar	 numa	 cabine	 (hoje	 vazia)	 para	 dar	 o	 troco	 no
pedágio.
Imagine	quantos	bancários	perderam	o	emprego	devido	ao	aparecimento	dos
caixas	eletrônicos.
Neste	mundo	maluco,	 que	 sua	 geração	 vai	 receber	 como	 herança,
meu	 caro	 e	 jovem	 leitor,	 somente	 irão	 sobreviver,	 com	 um	mínimo	 de
qualidade	de	vida,	os	que	conseguirem	penetrar	no	mercado	de	trabalho.
E	o	mercado	de	trabalho	não	quer	mais	diplomas	e	títulos.	O	mercado
de	trabalho	quer	inteligência,	cultura,	criatividade.
O	título	deste	capítulo	é	“Por	que	estudar?”.
Pois	 é,	 se	 for	 para	 estudar	como	 todo	mundo	 estuda,	 a	 resposta
para	a	pergunta	do	título	é:	Para	nada!
Insisto:	Por	que	estudar?...	Para	nada!
Eu	sei	que	você	está	se	perguntando:	Como	é	estudar	como	todo
mundo	estuda?
Fácil:	estudar	para	as	provas,	para	tirar	boas	notas	e	passar	de	ano.
Passar	de	ano	para	tirar	um	diploma.
Ao	 descobrir	 que	 o	 diploma	 não	 é	 suficiente	 para	 arrumar	 um	 bom
emprego...	 conseguir	 mais	 diplomas!	 E,	 se	 possível,	 também	 seguir	 a
“onda”	da	moda	fazendo	a	chamada	MBA	[5].
E,	no	 fim	disso	 tudo,	descobrir	que,	 com	certeza,	não	vai	 conseguir
um	bom	emprego.
Mas...	por	quê?
Porque	você	usou	todo	o	seu	tempo	e	toda	a	sua	energia	na	direção
errada.
Portanto,	se	alguém	lhe	der,	caro	e	jovem	leitor,	o	clássico	conselho
“Estude	mais	para	vencer	na	vida”...	não	dê	ouvidos!
Esse	conselho	é	a	maior	furada!
Estudo	não	é	questão	de	quantidade:	é	questão	de	qualidade!
Portanto,	 o	 conselho	 correto	 não	 é	 estude	 mais,	 mas,	 sim,	 estude
melhor!	Estudando	melhor,	você	irá	se	tornar	cada	vez	mais	inteligente,
mais	 criativo,	 mais	 culto.	 As	 boas	 notas	 e	 os	 diplomas	 serão	 uma
consequência,	e	não	uma	finalidade.
Com	isso,	em	vez	de	ser	um	“enviador”	de	centenas	de	currículos,	em
vez	de	bater	inutilmente	na	porta	das	empresas	com	seu	suado	“em-bi-
ei”	embaixo	do	braço,	o	mercado	de	 trabalho	é	que	vai	correr	atrás	de
você.
Por	quê?
Porque	 você	 tem	 uma	 coisa	 preciosa	 e	 rara:	 você	 tem
INTELIGÊNCIA.	 Mas	 como,	 então,	 desenvolver	 minha	 inteligência?
Como	estudar	melhor?
Simples:	comece	a	ler	o	próximo	capítulo	e	aprenda	a	usar	o	melhor
computador	do	mundo:	SEU	CÉREBRO!
QUANDO	ESTUDAR?
The	roots
of
education
are	bitter,
but	the
fruit	is
sweet	[6].
Aristóteles	(384-322	a.C.)
RAM	&	HD	do	computador	No	Brasil,	acontece	um
fenômeno	estranhíssimo:	o	aluno	estuda	como	um
louco	para	tirar	boas	notas	e	terminar,	no	terceiro	ano
do	ensino	médio,	o	ciclo	básico.
Assim,	com	um	bom	histórico	escolar	nas	mãos,	presta	um	concurso
vestibular	em	uma	universidade	pública	e	fracassa	de	forma	vergonhosa!
Nesse	momento,	ele	 faz	uma	escolha:	ou	se	contenta	em	 ingressar
numa	 dessas	 faculdades	 particulares	 –	 muitas	 das	 quais	 verdadeiros
estelionatos	 educacionais	 –	 ou	 se	 matricula	 num	 cursinho	 para	 tentar
novamente	entrar	em	alguma	universidade	pública.
Depois	de	um,	dois,	três	ou	até	quatro	anos	de	cursinho,	acaba	sendo
admitido	na	tão	almejada	escola.
Novamente	se	mata	de	estudar	durante	os	quatro	ou	atéseis	anos	de
estudos	superiores	e	obtém	um	diploma	associado	a	um	bom	histórico
escolar.	 Então,	 todo	 feliz,	 ele	 vai	 prestar	 um	 exame	 de	 ingresso	 em
alguma	carreira.	Pode	ser	o	exame	da	Ordem	dos	Advogados	do	Brasil
(OAB)	 para	 obter	 sua	 carteira	 de	 advogado,	 pode	 ser	 o	 exame	 para
alcançar	 uma	 vaga	 de	 residente	médico	 ou,	 talvez,	 um	 concurso	 para
iniciar	 carreira	 na	 magistratura	 ou	 em	 algum	 cargo	 técnico	 no	 serviço
público.
Pode	 ser,	 ainda,	 um	 teste	 para	 entrar	 em	 uma	 grande	 empresa	 na
qual	poderá	conseguir	um	excelente	emprego.
E...	mais	uma	vez,	fracassa	vergonhosamente!
Nesse	 momento,	 começa	 a	 perceber,	 tarde	 demais,	 algo	 que	 você
poderá	 perceber	 agora,	 sem	 precisar	 passar	 por	 tantos	 sofrimentos	 e
decepções.
Ele	finalmente	percebe	que	estudou	muito,	mas	muito	mesmo...
...E	SEMPRE	NA	HORA	ERRADA!
Mas	 essa	 ainda	 não	 é	 a	 pior	 parte:	 além	 de	 descobrir	 que	 sempre
estudou	 no	 momento	 errado,	 descobre	 que	 isso	 ocorreu	 porque	 foi
induzido	a	cometer	esse	erro	pela	família	e	pelas	escolas	que	frequentou
–	ou	seja,	ele	é	muito	mais	uma	vítima	do	que	o	culpado	pelos	fracassos.
Como	começou	essa	tragédia?
Tente	 lembrar:	até	o	5º	ou	6º	ano	(antigas	4ª	e	5ª	série	–	mais	uma
dessas	 inexplicáveis	 mudanças	 de	 nome,	 mas	 não	 de	 qualidade,
impostas	pelo	Ministério	da	Educação)	você	ainda	era	um	ser	humano!
Em	seguida,	foi	transformado	num	robozinho	pela	frase	pronunciada	por
algum	 adulto:	Filhinho(a)	 –	 alguém	 disse	 –,	agora	 é	 para	 valer!	 Agora
você	vai	ter	de	ir	bem	nas	provas,	tirar	boas	notas	e	passar	de	ano.
E	você,	como	bom	filhinho	(ou	boa	filhinha),	se	esforçou	para	“ir	bem
nas	provas,	tirar	boas	notas	e	passar	de	ano”.
E	a	 família	 ficou	 feliz?	Claro!	Veja	que	 filhinho(a)	maravilhoso(a)	 eu
tenho!	Ele(a)	consegue	“ir	bem	nas	provas,	tirar	boas	notas	e	passar	de
ano”!
E	 a	 escola	 ficou	 feliz?	 Nossa!	Veja	 que	 aluno(a)	maravilhoso(a)	 eu
tenho!	Ele(a)	consegue	“ir	bem	nas	provas,	tirar	boas	notas	e	passar	de
ano”!
Depois,	 incentivada	 por	 todo	 esse	 entusiasmo,	 a	 pobre	 vítima
continua	se	esforçando	para	ir	bem	nas	provas,	tirar	boas	notas	e	passar
de	ano!
Faz	 isso	 do	 5º	 para	 o	 6º,	 do	 6º	 para	 o	 7º	 e	 assim	 por	 diante	 até
chegar	ao	3º	médio...
...e,	 nesse	 momento,	 bate	 de	 frente	 num	 paredão	 de	 concreto
chamado	 “vestibular”	 e,	 se	 tiver	 sorte,	 irá	 perceber	 que	 durante	 pelo
menos	sete	anos	de	sua	vida	estudou	para	ir	bem	nas	provas,	tirar	boas
notas	e	passar	de	ano,	e	nunca,	nunca...
...NUNCA	ESTUDOU	PARA	APRENDER!
Mas	como?,	 você	perguntará.	Se	alguém	 tirou	boas	notas,	 isso	não
significa	que	ele	aprendeu?
Claro	 que	 não!	 Isso	 significa	 que	 ele	 se	 tornou,	 incentivado
geralmente	pela	família	e	pela	escola,	um	especialista	em	tirar	boa	nota!
O	pior	de	tudo	é	que	essa	especialização,	muitas	vezes,	é	obtida	com
o	recurso	da	chamada	“cola”.	Mas,	se	a	escola	for	séria,	a	cola	não	dura
muito.	Nas	escolas	 sérias,	o	aluno	que	cola	pela	primeira	 vez	 também
estará	colando	pela	última.
Portanto,	 excluído	 o	 recurso	 da	 cola,	 sobra	 uma	 pergunta:	 como
conseguir	tirar	uma	boa	nota	sem	aprender?
A	resposta	é	simples:	ESTUDANDO	EM	CIMA	DA	HORA!
Todo	mundo	estuda	o	mais	em	cima	da	hora	possível.
Alunos	 mais	 previdentes	 estudam	 no	 dia	 anterior.	 A	 maioria,	 no
mesmo	dia.	Muitos...	minutos	antes!
Mas	por	que	estudar	o	mais	em	cima	da	hora	possível?
Mais	 uma	 vez,	 a	 resposta	 é	 simples:	 PARA	NÃO	DAR	TEMPO	DE
ESQUECER!
O	esquema,	portanto,	consiste	em	estudar	em	cima	da	hora,	colocar
as	 informações	 no	 cérebro	 de	 forma	 absurdamente	 instável,	 fazer	 a
prova	e,	logo	em	seguida,	esquecer	tudo!
Chegar	 em	 casa	 com	 uma	 boa	 nota	 e	 completar	 essa	 farsa,	 essa
verdadeira	palhaçada,	deixando	a	família	feliz.
Mas	qual	será	o	motivo	desse	estranho	comportamento?
Para	entender	melhor,	vamos	imaginar	um	computador	em	que	esteja
rodando	 um	 editor	 de	 texto	 como	 aquele,	 no	 qual	 minha	 mulher
pacientemente	digitou	tudo	o	que	escrevi	à	mão	[7].
Ao	 teclar,	 por	 exemplo,	 a	 letra	 E,	 maiúscula,	 o	 teclado	 envia	 um
código	 (no	 exemplo,	 o	 código	 69	 ou,	 em	 binário,	 1000101)	 para	 uma
memória	 de	 rascunho,	 chamada	 memória	 RAM	 (Random	 Access
Memory	=	Memória	de	Acesso	Não	Sequencial).
Essa	memória	é	muito	pequena	e	muito	provisória.	Se	 faltar	energia
de	repente,	todo	o	seu	conteúdo	será	perdido!
Justamente	para	evitar	 tragédias	desse	tipo	é	que	existe	o	chamado
no-break	(sem	parada)	que,	alimentado	por	uma	bateria	interna,	mantém
o	fornecimento	de	energia	até	que	tenha	tempo	de	salvar.
SALVAR?
Pois	é,	“salvar”	significa	acionar	uma	rotina	que	copia	o	conteúdo	da
RAM	para	o	HD	(Hard	Disk	=	Disco	Rígido),	uma	memória	magnética	[8]
e,	portanto,	permanente.
Se	 o	 computador	 for	 desligado,	 o	 conteúdo	 da	 RAM	 se	 perde,
enquanto	o	do	HD	é	mantido	para	uso	posterior.
Além	disso,	a	capacidade	do	HD	é	enorme,	ou	seja,	centenas	ou	até
milhares	de	vezes	maior	que	a	da	RAM.
RAM	&	HD	de	seu	cérebro	Como	você	já
deve	ter	notado,	enquanto	todo	mundo	sabe
“salvar”	no	micro,	quase	ninguém	sabe
“salvar”	no	cérebro!
O	que	 torna	 o	 sistema	 educacional	 brasileiro	 tão	 catastrófico	 (é	 um
dos	 piores	 do	 mundo!)	 é	 o	 fato	 de	 a	 maioria	 das	 escolas	 ser
ineficientemente	 burocratizada	 –	 elas	 não	 se	 preocupam	 em	 ensinar
seus	 alunos	 a	 realmente	 aprender,	 ou	 seja,	 em	 armazenar	 o
conhecimento	de	forma	permanente.
Para	 essas	 “escolas,”	 basta	 que	 a	 pequena	 vítima	 retenha	 as
informações	 tempo	 suficiente	 para	 tirar	 uma	 boa	 nota,	 de	 maneira	 a
deixar	os	clientes	 (família)	 felizes.	São	escolas	onde	alguns	alunos,	no
fim	do	ano,	não	assistem	mais	às	aulas	porque	já	“fecharam”!
Para	evitar	cair	nessa	armadilha,	 tenha	consciência	de	que,	em	seu
cérebro,	você	tem	os	equivalentes	a	uma	memória	RAM	e	a	um	HD.	Se
pudéssemos	 fazer	 a	 radiografia	 mental	 da	 cabeça	 de	 um	 aluno,
veríamos,	basicamente,	duas	estruturas.
No	 miolo	 temos	 o	 chamado	 sistema	 límbico,	 cheio	 de	 estruturas
complexas	 (tálamo,	 hipotálamo,	 amígdala	 etc.),	 nas	 quais	 se	 destaca
uma,	 denominada	 hipocampo,	 muito	 importante	 para	 a	 memória	 de
CURTO	PRAZO.	Envolvendo	esse	miolo,	como	se	fosse	a	casca	de	uma
árvore	 (em	 latim,	 cortex),	 temos	 a	 parte	 mais	 “nobre”	 do	 cérebro,
fundamental	na	memória	de	LONGO	PRAZO.
Como	você	 já	deve	ter	percebido,	o	sistema	límbico	faz	um	pouco	o
papel	 da	memória	RAM	 de	 um	micro,	 enquanto	 o	 córtex,	 entre	 outras
funções,	seria	o	equivalente	a	um	HD:	
“Escrever”	nessa	RAM	é	muito	fácil...
...mas	 “apagar”	 é	 mais	 fácil	 ainda!	 Você	 tem,	 nessa	 estrutura,	 um
rascunho	relativamente	pequeno	(no	qual	cabem	apenas	algumas	horas
de	informação).
Ela	 é	 muito,	 mas	 muito	 provisória.	 (As	 informações	 dificilmente
sobrevivem	a	uma	noite	de	sono!)	Se	alguém	lhe	disser	um	número	de
telefone,	por	exemplo,	você	será	capaz	de	retê-lo	por	alguns	minutos,	o
tempo	em	que	ele	ainda	estiver	“ressoando”	em	sua	mente.
Mas,	 se	 você	não	 tomar	alguma	medida	para	que	 fique	gravado	de
forma	 permanente,	 no	 dia	 seguinte	 (ou	 até	 algumas	 horas	 depois)	 o
número	estará	completamente	esquecido!
Quando	 essa	 parte	 do	 cérebro	 está	 no	 controle	 (o	 que	 costuma
acontecer	assim	que	você	acorda),	você	passa	a	ter	um	comportamento
que,	na	melhor	das	hipóteses,	poderia	ser	chamado	de	“abobado”,	pois
esse	rascunho	abriga	a	fração	menos	inteligente	de	sua	mente.
Em	compensação,	 no	HD	 (córtex)	 cabe	uma	quantidade	gigantesca
de	dados.	Se	alguém	estudasse	como	um	louco	dez	horas	por	dia,	todos
os	 dias	 de	 sua	 vida,	 esgotaria	 a	 capacidade	 de	 processamento	 e
armazenamento	de	seu	córtex	em,	aproximadamente,	quatro	séculos!
Para	 poder	 aproveitar	 todo	 esse	 potencial,	 porém,	 você	 deve	 ser
capaz	de	escrever	em	seu	córtex,	tarefa	nem	sempre	muito	fácil.
Isso	 ocorre	 porque,	 no	 HD	 do
cérebro,	 as	 informações	 sãoretidas	 de
forma	 bem	 diferente	 da	 de	 um
computador.
Enquanto	no	computador	a	estrutura
física	 (circuitos	 elétricos)	 fica	 inalterada
e	 as	 informações	 modificam	 apenas	 a
estrutura	 lógica,	 no	 cérebro	 humano
uma	 informação	 apenas	 será	 retida	 de
maneira	 permanente	 se	 as	 ligações
entre	os	neurônios	forem	alteradas.
Um	 neurônio,	 a	 célula	 nervosa
característica	 do	 cérebro,	 tem	 uma
estrutura	 peculiar:	 do	 corpo	 da	 célula
nascem	 ramificações	 (dendritos),	 cujos
terminais	podem	se	conectar	aos	outros
neurônios.
Uma	 espécie	 de	 cabo	 de
comunicação	 (axônio),	 revestido	 por
uma	 capa	 de	 mielina,	 transmite,	 se
devidamente	 estimulado,	 um	 pulso
eletroquímico	 que	 vai	 enviar	 um	 sinal
para	os	dendritos	de	outro	neurônio.
Um	 conjunto	 de	 centenas	 ou	 até	milhares	 de	 neurônios	 forma	 uma
rede	neural:	
Uma	informação,	portanto,	é	transformada	em	conhecimento	somente
se	as	redes	neurais	do	córtex	forem	reconfiguradas.	Sinapses	devem	ser
desfeitas,	outras	ativadas,	dendritos	morrem	ou	nascem,	caminhos	são
refeitos.	Portanto,	a	estrutura	física	do	cérebro	deve	ser	alterada!
Em	“informatiquês”,	diríamos	que	a	informação,	no	computador,	está
no	software,	enquanto	no	cérebro	humano	ela	está	no	próprio	hardware.
Escrever	no	córtex,	portanto,	 implica	 tantas	mudanças	 físicas	que	é
como	se	tentássemos	trocar	um	pneu	furado	com	o	carro	em	movimento!
Devido	a	essa	dificuldade,	só	conseguimos	escrever,	sem	esforço,	na
RAM	do	cérebro.
Assim,	praticamente	todas	as	informações	que	absorvemos	durante	o
dia	são	colocadas	(de	forma	instável,	insisto)	no	sistema	límbico.
Nossa	RAM,	porém,	além	de	volátil,	é	muito	pequena.
Consequentemente,	no	fim	do	dia,	o	cérebro	sente	a	necessidade	de
“resetar”.
Para	isso,	você	sente	sono	e	adormece.
Durante	 o	 sono,	 alternam-se	 períodos	 de	 sono	 profundo	 (ou	 sono
sem	sonho)	e	momentos	de	 intensa	atividade	 (que	pode	ser	detectada
pelo	 eletroencefalógrafo,	 instrumento	 que	mede	 a	 atividade	 elétrica	 do
cérebro).
É	por	isso	que	você	sente	sono.	Sono	não	é	a	consequência	de	um
corpo	cansado.	O	sono	é	causado	pela	necessidade	de	esvaziar	a	RAM.
É	 o	 cérebro	 pedindo:	 Por	 favor,	 pare	 o	 carro	 que	 preciso	 trocar	 o
pneu!
Se	 colocarmos	 eletrodos	 em	 sua	 cabeça	 na	 hora	 de	 ir	 dormir,	 e
gravarmos	em	papel	a	atividade	elétrica	do	cérebro,	verificaremos	uma
queda	 significativa	 dessa	 atividade	 na	 passagem	 da	 vigília	 (acordado)
para	o	sono	profundo.
Depois	 de	 algum	 tempo,	 porém,	 a	 atividade	 elétrica	 volta	 a	 se
intensificar,	apesar	de	você	ainda	estar	dormindo.
Se	você	for	acordado	nessa	fase,	provavelmente	irá	se	queixar	de	ter
tido	um	sonho	interrompido.
Esse	 padrão	 irá	 se	 repetir	 durante	 toda	 a	 noite,	 alternando	 sono
profundo	e	sonho.
Na	analogia	do	automóvel,	o	sono	profundo	seria	o	“parar	o	carro”,	e
o	 sonho	 é	 o	momento	 de	 “trocar	 o	 pneu”,	 ou	 seja,	 durante	 a	 fase	 do
sonho	é	que	é	feita	a	“manutenção”	de	seu	cérebro.	E,	também	durante
essa	fase,	uma	boa	parte	do	conteúdo	da	RAM	é	simplesmente	 jogada
na	lata	do	lixo:	
Essas	informações	nunca	mais	serão	recuperadas.
Se,	porém,	houve	um	preparo	prévio	durante	o	sono	profundo,	uma
pequena	 fração	 do	 conteúdo	 da	 RAM	 é	 enviada	 para	 o	 córtex,
reconfigurando	 redes	 neurais	 e	 sendo,	 assim,	 gravada	 de	 forma
permanente.
É	 nesse	 momento	 que	 ocorre	 o	 “salvar”!	 Mas	 –	 você	 poderia
perguntar	–,	o	que	vai	para	o	lixo	e	o	que	vai	ser	salvo?
Pois	é,	esse	é	o	grande	problema!
A	 decisão	 do	 que	 vai	 para	 onde	 é	 tomada	 com	 base	 na	 carga
emocional,	associada	a	cada	 fragmento	de	 informação,	e	não	à	carga
racional.
Explicando	melhor:	se	você,	ao	receber	aquela	informação	durante	o
dia,	 o	 fez	 de	 maneira	 alegre,	 prazerosa	 ou	 até	 muito	 triste,	 trágica,	 a
emoção	a	ela	associada	fará	com	que,	durante	o	sonho	noturno,	ela	seja
gravada	de	forma	permanente.
Entretanto,	 se	 a	 informação	 foi	 recebida	 com	 indiferença,	 tédio,	 de
maneira	a	não	abalá-lo(a)	nem	positiva	nem	negativamente,	com	certeza
ela	será	descartada	durante	a	noite.
Você	 já	deve	 ter	notado	que	algumas	das	coisas	mais	 tediosas	que
ocorrem	durante	o	seu	dia	são	justamente	suas	aulas	e	por	isso	são	as
primeiras	a	ir	parar	na	lata	do	lixo!
Se	 seu	 professor	 de	 geografia,	 por	 exemplo,	 der	 uma	 matéria
importantíssima	e,	 no	meio	da	aula,	 contar	 uma	piada,	 o	 que	 você	 vai
lembrar	da	aula	depois	de	algumas	semanas?	Da	piada!
Esse	é	o	motivo	pelo	qual	você	é	obrigado	a	estudar	toda	a	matéria	o
mais	em	cima	da	hora	possível	para	ter	alguma	chance	de	tirar	uma	nota
razoável.	O	irônico	é	que	toda	aquela	matéria	já	esteve	em	seu	cérebro
e	você,	ingenuamente,	a	deixou	escapar	durante	a	noite.
No	fundo,	a	rotina	da	esmagadora	maioria	dos	estudantes	brasileiros
consiste	em...
...assistir	à	aula	de	dia...	apagar	a	aula	à	noite	e...
...assistir	à	aula	de	dia...	apagar	a	aula	à	noite	e...
...assistir	à	aula	de	dia...	apagar	a	aula	à	noite...!
Dia	após	dia.	De	repente...	Prova!
Aí,	o	“esperto”	corre	para	os	apontamentos,	para	os	 livros	e	carrega
em	 sua	 RAM	 de	 forma	 desordenada	 e	 extremamente	 provisória	 um
amontoado	de	informações.	Para	se	garantir	prepara	uma	cola	[9]	e...
...seja	o	que	Deus	quiser!
O	pior	é	que,	agindo	assim,	o	“esperto”	até	consegue	nota!	O	trágico
é	que,	em	seguida,	ele	esquece	tudo!
Contava	 um	 antigo	 cardeal	 brasileiro,	 dom	Helder	 Câmara,	 que,	 ao
passar	por	um	grupo	de	alunos	debruçados	sobre	cadernos	e	 livros	no
pátio	 da	 PUC	 (Pontifícia	 Universidade	 Católica)	 de	 São	 Paulo,	 foi
interpelado	por	um	dos	estudantes,	 que	pediu:	 –	Eminência,	 por	 favor,
reze	por	nós	para	que	não	nos	esqueçamos	de	nada	na	hora	da	prova!
Sorrindo,	dom	Helder	acenou	que	sim	com	a	cabeça	e,	em	seguida,
foi	surpreendido	pelo	pedido	de	outro	estudante:	–	 ...e	 reze	para	que	a
gente	esqueça	tudo	depois	da	prova!
Dessa	 forma,	estude	apenas	e	exclusivamente	para	 tirar	nota	numa
prova	e	 tente	não	abarrotar	seu	cérebro	com	 informações	que,	em	sua
gigantesca	ignorância,	você	considera	inúteis!
Depois,	não	venha	se	queixar	de	que	não	conseguiu	emprego,	apesar
de	seu	“EM-BI-EI”!Tá	bom!	Tá	bom	–	já	ouço	você	exclamar	–,	você	me
convenceu!	Como	faço,	então,	para	não	jogar	as	aulas	de	hoje	na	lata	do
lixo?
Simples!
ESTUDE	POUCO!
Você	está	 louco?	–	 já	ouço	você	gritar.	–	Estudar	pouco?	Mas	meu
pai,	minha	mãe,	meus	professores	dizem	o	tempo	todo	que	devo	estudar
mais!
Exatamente!	 Esse	 é	 um	 dos	 motivos	 pelos	 quais	 o	 sistema
educacional	do	Brasil	é	um	dos	piores	do	mundo!
Estudo	não	é	questão	de	quantidade,	mas	de	qualidade.
Você	não	deve	estudar	mais,	deve	estudar	melhor.
A	começar	pelo	título	deste	capítulo.
Quanto?
A	resposta	é	“pouco...	mas	todo	dia”!
Assim,	 as	 aulas	 do	 dia	 devem	 ser	 estudadas	 no	mesmo	dia,	antes
que	se	passe	uma	noite	de	sono!
Durante	anos	vi	alunos	fracassarem	em	seus	estudos	(e	em	sua	vida
profissional)	 e	 vi	 alunos	 terem	 sucesso	 tanto	 durante	 sua	 fase	 de
estudante	quanto	depois,	no	ambiente	de	trabalho.
Qual	a	diferença?	Ao	contrário	do	que	pensa	a	maioria	das	pessoas,
os	 que	 têm	 sucesso	 não	 são,	 necessariamente,	 os	 mais	 inteligentes.
Aliás,	 é	 bom	 adiantar	 que	 essa	 história	 de	 que	 existem	 pessoas	 com
maior	ou	menor	grau	de	inteligência	é	besteira!
O	que	há,	na	realidade,	são	pessoas	que	aprendem	a	usar	o	cérebro
e	 outras	 que	 o	 utilizam	 mal.	 Mas	 –	 você	 dirá	 –,	 o	 que	 diferencia	 o
vencedor	do	fracassado?
A	 resposta	 é	 complexa,	 pois	 são	 vários	 os	 fatores,	 mas	 se	 nos
limitarmos	apenas	à	fase	dos	estudos,	poderíamos	imaginar	o	seguinte:
Existe	o	momento	da	aula...
...e	o	momento	do	exame:	
O	 vencedor	 é	 o	 que	 estuda	 imediatamente	 depois	 da	 aula:	
O	vencedor	é	o	que	estuda	pouco,	pois	é	apenas	o	conteúdo	de	uma
manhã	(ou	uma	tarde)	de	aula	que	o	seu	cérebro	deve	absorver.
Ao	estudar	antes	da	fase	do	sono,	ele	está	avisando	seu	cérebro	de
que	aquele	assunto	foialvo	de	atenção;	consequentemente,	não	deverá
ser	jogado	na	lata	do	lixo	na	hora	de	limpar	o	sistema	límbico.
O	fracassado,	por	sua	vez,	é	o	que	estuda	o	mais	perto	possível	do
exame:	
O	lema	do	vencedor	é:	AULA	DADA,	AULA	ESTUDADA...	HOJE!
Se	você	assistir	 à	aula	pela	manhã,	deverá	estudar	à	 tarde.	 (E	não
em	outro	dia!)	Se	você	assistir	à	aula	à	tarde,	deverá	estudar	à	noite.	(E
não	na	manhã	seguinte!)	Se	você	assistir	à	aula	à	noite,	deverá	ir	dormir
uns	40	minutos	mais	tarde;	mas,	em	qualquer	caso,	não	durma	antes	de
estudar	as	aulas	daquele	dia.
Se	 você	 estiver	 estudando	 em	 uma	 escola	 ou	 faculdade	 com	 o
mínimo	 de	 seriedade,	 nenhuma	 aula	 será	 dada	 sem	 que	 os	 alunos
recebam	uma	orientação	do	que	estudar	para	poder	fixar	o	essencial	da
aula.	 Essa	 “tarefa”	 não	 é	 uma	 forma	 de	 sadismo	 para	 estragar	 suas
horas	de	folga.	É,	ao	contrário,	uma	parte	tão	essencial	do	processo	que
eu	ousaria	dizer	que	é	tão	ou	até	mais	importante	que	a	própria	aula!
Se	 você	 criar	 esse	 hábito	 (estudar	 pouco,	 mas	 TODO	 DIA),	 irá
verificar,	 em	 pouco	 tempo,	 que	 o	 que	 você	 estudou	 não	 fica	 retido
apenas	tempo	o	bastante	para,	mal	e	porcamente	[10],	descarregar	num
papel	na	hora	da	prova.
Você	vai	perceber	que	as	informações	e	as	habilidades	que	adquiriu
estudando	 nesse	 ritmo	 irão	 ficar	 em	 sua	 mente	 PARA	 O	 RESTO	 DA
VIDA!
Agora	 imagine,	 por	 exemplo,	 que	 você	 queira,	 daqui	 a	 três	 anos,
tornar-se	governador	da	Califórnia.
Para	se	preparar	para	esse	objetivo,	 você	entra	numa	academia	de
musculação.	Seu	treinador	o	informa	que,	para	adquirir	um	físico	como	o
do	 Mister	 Schwarzenegger,	 terá	 de	 fazer	 mil	 horas	 de	 musculação.
Entretanto,	 o	 fisioterapeuta	 o	 alerta	 de	 que	 seu	 corpo	 só	 irá	 aguentar
uma	hora	de	musculação	por	dia.
É
claro	 que
se	 trata
de	 algo
para
daqui	 a
uns	 três
anos.
O	 que
uma
pessoa
inteligente	 e	 determinada	 faria?	 Começaria
hoje	para	estar	pronta	daqui	a	três	anos!
O	que	um	idiota	faria?
O	 idiota	esperaria	mais	de	dois	anos	sem	 fazer	nada	e,	nos	últimos
cem	dias,	tentaria	fazer	dez	horas	de	musculação	por	dia!	Claro	que	isso
acarreta	num	resultado	desastroso.
Qual	a	diferença?
Um	deles	 respeitou	os	 limites	de	seu	corpo	e	conseguiu	o	 resultado
planejado.	 O	 outro	 não	 quis	 nem	 saber	 de	 seus	 limites,	 apesar	 dos
alertas.
Pois	é,	seu	cérebro	é	um	instrumento	fantástico,	capaz	de	armazenar
uma	 quantidade	 imensa	 de	 informações,	 capaz	 de	 adquirir	 as
habilidades	 que	 você	 desejar,	 capaz	 de	 se	 tornar	 cada	 vez	 mais
inteligente,	MAS...
...UM	POUCO	DE	CADA	VEZ!
Repito:	Aula	dada,	aula	estudada...	hoje!
HOJE,	ou	seja,	antes	que	se	passe	uma	noite	de	sono,	ou	antes	que
se	passe	um	longo	período	de	sono.
Quero	deixar	 isso	bem	claro,	pois	se	você	é	uma	daquelas	pessoas
que	 assiste	 à	 aula	 pela	manhã,	 almoça	 e	 dá	 um	 cochilo	 de	 15	 ou	 20
minutos,	não	tenho	nada	contra!
Agora,	se	você	for	uma	daquelas	pessoas	que	têm	o	péssimo	hábito
de	 dormir	 uma,	 duas,	 ou	 até	 mais	 horas	 à	 tarde...	 esqueça	 o	 estudo
depois!	As	aulas	já	foram	parar	no	lixo!
Resumindo,	então:	estudar	pouco,	mas	todo	dia!	Todo	dia?	–	já	ouço
as	lamúrias	e	os	gritos	de	protesto.
Calma,	a	rigor	não	é	todo	dia.	Existe	um	dia	no	qual	você	nunca	deve
estudar!	Quando?	No	sábado?	No	domingo?...
Não!
NA	VÉSPERA	DA	PROVA!
QUANTO	ESTUDAR?
It	is	possible	to	store	the	mind	with	a	million	facts	and	still	be	entirely
uneducated	[11].
Alec	Bourne
Esta	é	a	parte	mais	difícil.	Se	você	entendeu	que	tem	de	estudar	todo
dia,	 já	 sabe	 “quanto”	 estudar:	 Pouco!	Mas	 quanto	 é	 esse	 pouco?	Dez
minutos,	uma	hora,	cinco	horas?
A	resposta	pode	parecer	estranha,	mas	é	a	que	realmente	funciona:
Quanto?...	Você	vai	descobrir.	Ou	seja,	ao	criar	o	hábito	de	estudar	todo
dia,	você	irá	perceber,	ao	se	autoavaliar	algumas	semanas	depois,	que
houve	dias	em	que	estudou	demais	(“choveu	no	molhado”)	e	outros	nos
quais	estudou	de	menos.
Em	 poucos	 dias	 ou,	 no	 máximo,	 em	 poucas	 semanas,	 você	 vai
encontrar	o	ritmo	correto.
Com	 certeza,	 porém,	 será	 pouco	 estudo	 quando	 comparado	 com
aquelas	“rachações”	de	véspera	de	prova	que	alguns	costumam	fazer.
No	fundo,	você	deve	se	perguntar,	ao	encerrar	um	período	de	estudo:
Daqui	a	alguns	anos,	quando	meu	filho	tiver	uma	dúvida	nessa	matéria,
vou	poder	ajudá-lo	ou	vou	passar	vergonha?
Porque,	lembre-se,	aprender	é	reter	para	sempre	e	não	para	daqui	a
pouco.
É	claro	que	se	num	momento	de	 insegurança	você	pegar	nos	 livros
na	 véspera	 da	 prova,	 sentirá	 a	 enorme	 diferença	 entre	 “rachar”	 e
“revisar”.
Agora,	dois	cuidados	importantes	devem	ser	tomados.
As	armadilhas	Em	primeiro	lugar,	lembre-se	de	que
todos	nós	temos	a	tendência	de	nos	dedicar	mais
àquilo	de	que	mais	gostamos	e	em	que	nos	sentimos
cada	vez	mais	seguros.
No	entanto,	 temos	 tendência	a	deixar	de	 lado	 justamente	aquilo	em
que	temos	mais	dificuldade.
Consequentemente,	se	não	 tomarmos	cuidado,	 teremos	a	 tendência
de	nos	tornar	cada	vez	melhores	naquilo	em	que	já	somos	bons	e	cada
vez	piores	naquilo	em	que	já	temos	deficiências.
O	 dia	 em	 que	 você	 ouvir	 frases	 do	 tipo:	 Eu	 não	 preciso	 saber
matemática:	eu	sou	da	área	de	humanas!
Ou	então:	Odeio	ler	literatura,	mas	não	me	preocupo	com	isso,	e	nem
preciso	disso,	afinal	sou	de	exatas!
Saiba	que	você	está	 lidando	com	pobres	coitados	que	caíram	nessa
armadilha.
Quantos	rounds?
Em	segundo	 lugar,	é	bom	saber	que
as	células	do	cérebro,	encarregadas	de
formar	 os	 circuitos	 que	 permitem	 reter
conhecimento,	são	os	neurônios.
Um	 neurônio,	 no	 fundo,	 é	 um
fantástico	 dispositivo	 eletroquímico	 que
funciona	como	uma	chave	que	permite,
dependendo	 de	 determinadas
condições,	 a	 passagem	 de	 um	 pulso
elétrico	 para	 outros	 neurônios,	 abrindo
ou	fechando	circuitos.
Ele	 recebe	 informações	 através	 dos
dendritos	 e,	 de	 acordo	 com	 a
intensidade	 com	 a	 qual	 elas	 chegam,
dispara	 um	 pulso	 elétrico,	 através	 do
axônio,	para	ativar	os	dendritos	de	outro
neurônio	 por	 meio	 de	 ligações
denominadas	sinapses.
No	neurônio	há	algumas	substâncias
químicas	 essenciais	 ao	 seu
funcionamento	 que,	 em	 caso	 de
utilização	intensa,	podem	se	esgotar	em
30	ou	40	minutos.
Para	 que	 possa	 continuar	 desempenhando	 seu	 papel	 no	 cérebro,	 é
necessário	que	tenha	tempo	para	se	recompor,	ou	seja,	reabastecendo-
se	daquelas	substâncias,	cuja	falta	o	haviam	tornado	ineficiente.
Essa	 ineficiência	 pode	 ser	 percebida	 por	 um	 fenômeno	 muito
frequente:	você	 já	está	estudando	há	um	bom	 tempinho	e,	de	 repente,
começa	a	ler	um	texto	qualquer.
Sem	que	você	perceba,	sua	atenção	é	desviada	para	outra	 linha	de
pensamento,	mas,	paradoxalmente,	você	continua	lendo!
No	 entanto,	 ao	 chegar	 ao	 fim	 do	 texto,	 você	 o	 olha	 perplexo	 e	 se
pergunta:	Céus,	o	que	eu	li?!
É	que,	antes	da	leitura,	já	estava	na	hora	de	um	pequeno	descanso.
Mas	–	você	pergunta	–,	quanto	tempo	devo	descansar?
Bem,	 você	 poderia	 começar	 com	 meia	 hora	 de	 estudo	 e	 uns	 dez
minutos	de	intervalo.
Na	meia	hora	de	estudo,	concentre-se	ao	máximo,	fazendo	a	tarefa	e
não	“se	livrando”	dela!
Nos	dez	minutos	de	 intervalo,	 entre	 uma	meia	 hora	 e	 a	 seguinte,	 o
ideal	 é	 uma	 atividade	 física,	 como	 um	 alongamento	 ou	 uma	 curta
caminhada	ou,	quem	sabe,	um	pouco	de	ginástica	ou	ainda	tocar	algum
instrumento	musical.
Porém,	 em	 hipótese	 alguma,	 utilize	 algum	 equipamento	 que	 tenha
tela!
Sim,	 sim,	 estou	 falando	 em	 televisão,	 videogame,	 computador	 e
smartphone.
Nunca,	nunca	deixe	essas	 três	coisas	 interferirem	em	seus	estudos.
Mas	–	já	ouço	perguntar	–	e	se	eu	precisar	usar	o	computador	para	uma
pesquisa	na	internet?
Sobre	 isso,	 nós	 vamos	 ter	 uma	 conversa	 muito	 séria	 num	 capítulo
mais	adiante!
O	ritmo	correto,	portanto,	será:	
Meia	hora	de	estudo...
Dez	minutos	de	intervalo...
Meia	hora	de	estudo...
Dez	minutos	de	intervalo...
...e	assim	por	diante.
Com	 o	 correr	 do	 tempo,	 após	 criaresse	 hábito,	 você	 poderá	 fazer
alguns	ajustes.
Como	 cada	 pessoa	 tem	 um	 ritmo	 próprio,	 talvez	 essa	 meia	 hora
possa	ser	esticada	para	40	ou	até	50	minutos.	(Mas	não	passe	disso!)	O
intervalo	 ainda	 pode	 ser	 ampliado	 para	 uns	 15	 ou	 20	 minutos.	 (Mas,
insisto,	 não	 passe	 disso!)	 Tenha	 consciência	 de	 que	 essa	 é	 a	 parte
realmente	importante	de	sua	vida	escolar.
No	Brasil,	 infelizmente,	criou-se	uma	cultura	estranha	que	 focaliza	a
aprendizagem	na	sala	de	aula.
Isso	é	um	equívoco.
NA	AULA	VOCÊ	NÃO	APRENDE...
NA	AULA	VOCÊ	ENTENDE!
Você	só	conseguirá	aprender	de	verdade	quando	estiver	sozinho!
Existe	um	velho	ditado	chinês	que	diz:	“Quando	você	vir	um	homem
com	fome,	não	lhe	dê	um	peixe...	ensine-o	a	pescar!”.
E	 é	 justamente	 nos	 momentos	 de	 isolamento,	 estudando	 sozinho,
sem	nenhum	professor	por	perto	que	possa	lhe	dar	um	peixe...	que	você
aprende	a	pescar!
Por	incrível	que	possa	parecer,	é	mais	importante	o	tempo	que	você
passa	estudando	sozinho	do	que	aquele	que	passa	assistindo	às	aulas!
COMO	ESTUDAR?
Training	is	everything.	The	peach
was	once	a	bitter	almond;
cauliflower	is	nothing	but	cabbage
with	a	college	education	[12].
Mark	Twain	(1835-1910)
Ao	 longo	 de	 minha	 carreira	 como	 professor,	 já	 me	 defrontei	 com
muitos	 alunos	 que,	 mesmo	 tendo	 o	 hábito	 salutar	 de	 estudar
diariamente,	apresentavam	grandes	dificuldades	para	reter	a	matéria.
Por	quê?
A	razão	é	simples:	eles	sabiam	quando	e	quanto	estudar,	mas	não
sabiam	como!
Vamos	descobrir,	agora,	“como”	estudar	[13].
Neste	capítulo,	vamos	discutir	o	estudo	pós-aula.
Como	já	vimos,	ele	deve	ocorrer	entre	a	aula	e	o	sono	noturno.
As	distrações	Você	deve	estar	em	um	local
sossegado,	confortável	e	que	permita
concentração.
Por	 isso...	 nada	 de	 TV	 e	 rádio!	 Mas	 não	 posso	 estudar	 ouvindo
música?
Pode,	 mas	 vamos	 entender	 algo	 muito	 importante	 com	 relação	 ao
funcionamento	de	 seu	cérebro:	 a	 transmissão	de	um	pulso	elétrico,	 de
um	 neurônio	 para	 o	 outro,	 é	 absurdamente	mais	 vagarosa	 do	 que	 na
fiação	de	um	computador.
Consequentemente,	para	superar	essa	“lerdeza”,	o	nosso	cérebro	usa
um	truque	que,	em	informática,	é	chamado	de	“processamento	paralelo”.
Isso	significa	que	várias	partes	do	cérebro	conseguem	realizar	tarefas
diferentes	 e	 ao	 mesmo	 tempo.	 Um	 ser	 humano	 consegue	 guiar	 um
automóvel	 mascando	 chiclete,	 ouvindo	 música	 no	 rádio	 e	 ainda
conversando	com	o	passageiro.
Analisando	com	detalhes	o	cérebro	de	um	ser	humano	não	canhoto
[14],	 vemos	 que	 cada	 uma	 das	 metades	 (denominadas	 “hemisférios
cerebrais”)	se	especializou	em	realizar	tarefas	específicas.
Imagine	um	crânio	visto	de	cima:	no	hemisfério	esquerdo,	 temos	os
módulos	 cognitivos	 Linguístico	 e	 o	 Lógico-matemático;	 no	 direito
localizam-se	 o	 Musical	 e	 o	 Espacial:	
1:	Linguístico	2:	Lógico-matemático	3:	Musical
4:	Espacial
Como	você	já	deve	ter	suspeitado,	ao	estudar	as	matérias	da	escola
você	utiliza	mais	os	módulos	1,	2	e	4.
Portanto,	se	estudar	ouvindo	música	 instrumental	(sem	que	alguém
cante	num	 idioma	que	você	conheça),	não	apenas	o	módulo	3	não	vai
interferir	com	os	outros,	como	até	ajudará	a	abafar	outros	ruídos	do	meio
ambiente	 que	 poderiam	 atrapalhar	 sua	 concentração.	Mas...	 e	 se	 eu
quiser	ouvir	uma	banda	de	rock	que	tenha	um	vocalista?
Que	 seja	 rock	 húngaro,	 pois	 se	 o	 vocalista	 cantar	 num	 idioma
compreensível	 (húngaro	 é	 absolutamente	 incompreensível,	 a	 não	 ser
para	os	próprios	húngaros...	e	mesmo	assim	com	ressalvas!),	a	letra	da
música	 irá	 interferir	 no	 módulo	 1,	 distraindo	 sua	 atenção	 daquilo	 que
você	possa	estar	 lendo	ou	escrevendo.	Bem,	até	agora	vi	o	que	não	é
para	fazer.
Mas,	então,	o	que	devo	fazer?
O	velho	ditado	chinês	
Para	 saber	 o	 que	 fazer,	 basta	 lembrar	 um	 antigo	 provérbio	 chinês:
Todo	segredo	está	aí!
Para	estudar,	é	indispensável	estudar	fazendo.
Não	adianta	nada	ficar	olhando	para	um	livro	aberto	de	forma	passiva
ou,	 quando	 muito,	 marcando	 com	 uma	 canetinha	 “amarelo
fosforescente”	 os	 trechos	 de	 um	 texto	 que	 você	 tenha	 achado
interessantes.
Nunca	 estude	 sem	 ter	 um	 lápis	 em	 atividade	 sobre	 um	 pedaço	 de
papel.
Se	o	objeto	de	estudo	 for	um	texto	de	história,	por	exemplo,	não	se
limite	a	lê-lo	ou,	pior,	em	tentar	decorá-lo.
Ao	 contrário,	 descubra	 quais	 os	 conceitos	 e	 fatos	mais	 importantes
(aqueles	 que	 você	 marcaria	 com	 a	 canetinha	 amarela)	 e	 escreva-os
numa	folha	de	papel.
O	próprio	ato	de	escrever	permite	maior	 fixação	posterior	 durante	a
noite.
A	 rigor,	 o	 papel	 pode	 ser	 jogado	 no	 lixo	 em	 seguida,	 pois	 o	 que
importa	não	é	o	que	está	gravado	nele,	mas	o	que	foi	gravado	em	sua
mente.	Se	não	quiser	ser	ecologicamente	incorreto,	pode	substituir	lápis
e	papel	por	giz	e	uma	pequena	lousa.
Importa	o	ato	de	escrever	e	não	o	que	está	escrito.
Se	você	estiver	estudando	na	praia,	escreva	na	areia.
A	maré,	ao	subir,	apagará	o	que	está	na	areia,	mas	não	o	que	você
gravou	no	cérebro	no	ato	de	escrever.
Agora,	 um	 cuidado!	 Como	 já	 vimos:	 DIGITAR	 NÃO	 É	 ESCREVER
[15]!
Não	 adianta	 nada	 fazer	 resuminhos	 no	 editor	 de	 texto!	 Eles	 ficarão
gravados	no	HD	do	computador	e	não	no	seu	HD!
Você	já	se	perguntou	qual	a	matéria	mais	fácil	de	aprender?
Pense	um	pouco...
...isso	mesmo:	matemática!
Se	 você	 não	 concorda	 com	 isso	 releia,	 por	 favor,	 a	 pergunta.	 Não
perguntei	qual	a	matéria	mais	fácil	de	entender.
Aliás,	 em	 certos	 assuntos,	 matemática	 é	 até	 bem	 difícil	 de	 ser
entendida.
Mas,	 uma	 vez	 entendida,	 se	 torna	 fácil	 de	 ser	 aprendida!	 Estudar
matemática	é	fazer,	fazer	e	fazer!
Por	 outro	 lado,	 há	 pessoas	 que	 acham	 que	 o	 estudo	 de	 história	 é
simples	porque,	durante	as	aulas,	entendem	tudo.	Depois	se	queixam	de
que	não	conseguem	guardar	o	que	aprenderam.
Na	realidade,	não	aprenderam,	só	entenderam.
Para	 realmente	aprender	história,	não	basta	assistir	à	aula	e	depois
ler	 um	 capítulo	 do	 livro.	 É	 necessário	 ter	 lápis	 e	 papel	 e	 escrever	 as
palavras-chave,	os	trechos	mais	significativos.
Não	há	necessidade	de	fazer	um	resumo	completo,	mas	é	importante
escrever,	de	forma	até	esquemática,	os	pontos	mais	importantes.
O	autodidata	Mas	vamos	agora	recordar	por
um	instante	o	velho	ditado:	
Agora,	pense	um	pouco	no	que	você	faz	(ou	deveria	fazer)	nas	horas
de	aula	e	nas	horas	de	estudo.
Note	 que,	 durante	 as	 aulas,	 normalmente	 você	ouve	 e	vê	 e	 pouco
faz.	Isso	significa	que,	durante	a	aula,	se	muito,	você	entende.
Depois,	no	momento	do	estudo,	é	que	você	tem	a	chance	de	fazer.
Fazer	por	ocasião	da	resolução	de	problemas,	fazer	enquanto	estiver
elaborando	o	resumo	de	um	texto,	fazer	ao	escrever	e	desenhar.
Por	 isso,	 é	 no	 momento	 do	 estudo	 que	 você	 aprende,	 ou	 seja,
prepara	 as	 condições	 para	 que	 suas	 redes	 neurais,	 naquela	 mesma
noite,	se	reconfigurem	alterando	fisicamente	a	estrutura	de	seu	cérebro.
Suponho	 que	 nesse	 momento	 você	 tenha	 percebido	 qual	 é	 o
verdadeiro	papel	de	um	professor.
O	bom	professor	não	dá	aula	para	fazer	o	aluno	aprender.
Ele	dá	aula	para	fazer	o	aluno	entender	a	matéria	e,	principalmente,
para	fazê-lo	gostar	do	que	está	sendo	apresentado.
Na	realidade,	o	único	professor	capaz	de	fazer	um	aluno	aprender...	é
o	próprio	aluno!
Lembre-se:	ninguém	aprende	coisa	alguma	se	não	for	autodidata,	ou
seja,	professor	de	si	mesmo.
Quando,	 em	 conversa	 com	mães	 de	 alunos,	 ouço	 frases	 do	 tipo:	 –
Minha	filha	estuda	de	manhã	e	vai	à	escola	aprender.
Eu	 costumo	 corrigir	 dizendo:	 –	 A	 senhora	 acaba	 de	 cometer	 dois
equívocos:	 sua	 filha	 não	 estuda	 de	manhã.	 Ela	assiste	 às	 aulas	 pela
manhã!	 Além	 disso,	 ela	 não	 frequenta	 as	 aulas	 para	 aprender!	 Ela	 as
assiste	para	entender.
No	outro	período	é	que	a	senhora	poderia	dizer:	–	Minha	filha	estuda
à	tarde	e	vai	para	casa	aprender.
Repito:	para	aprender	de	verdade,	só	sendo	autodidata!
Se	você	conseguir	se	transformar	em	autodidata,nunca	mais	vai	 ter
dificuldade	 com	 qualquer	 assunto.	 Qualquer	 assunto,	 hein?	 E
matemática?	Que	não	me	entra	na	cabeça	de	jeito	nenhum?!
Ora,	 se	 matemática	 não	 entra	 na	 sua	 cabeça	 é	 porque	 você	 a
estudou	de	forma	errada	até	hoje.
E	a	matemática	é	a	matéria	que	mais	sofre	com	a	forma	errada	como
todo	mundo	estuda.	Vamos	entender	isso.
Digamos,	por	exemplo,	que	eu	esteja	dando	um	curso	de	história.
Faça	de	conta	que	isso	signifique	construir,	na	cabeça	dos	alunos,	um
condomínio	de	casas.
Se	a	 forma	errada	de	estudar	na	véspera	das	provas	 fizer	uma	das
casas	ruir	(a	do	Egito	Antigo,	por	exemplo),	nada	impede	de	construir,	no
terreno	ao	lado,	uma	boa	Revolução	Francesa.
No	entanto,	em	um	curso	de	matemática,	também	tentamos	construir
um	 condomínio.	 Porém,	 em	 matemática,	 o	 condomínio	 é	 de
apartamentos.
Se	o	sexto	andar,	da	álgebra,	por	exemplo,	não	for	construído,	jamais
conseguiremos	levar	adiante	o	sétimo,	o	oitavo	etc.
Em	 matemática,	 as	 pessoas	 não	 têm
dúvidas...	têm	dívidas!
Sempre	 há	 algum	 ponto,	 no	 passado,
em	 que	 a	 construção	 parou.	 Quando
parou?
Quando	 você	 deixou	 de	estudar	 para
aprender	e	começou	a	estudar	para	tirar
nota	numa	prova...	o	prédio	parou!
O	pior	erro	que	alguém	pode	cometer	é
desistir	 de	 aprender	 o	 que	 quer	 que	 seja
apenas	 porque	 encontrou	 alguma
dificuldade.	 Matemática	 não	 consegue
entrar	em	sua	cabeça?
Procure	 ajuda	 de	 alguém,
principalmente	 para	 descobrir	 em	 que
andar	 seu	 “prédio”	 parou,	 e	 retome	 as
coisas	a	partir	desse	ponto.	Você	verá	que
conceitos	que	pareciam	grandes	mistérios
se	tornam	até	banais!
Portanto,	 agora	 que	 você	 entendeu:	 1.	 POR	 QUE	 ESTUDAR;	 2.
QUANDO	ESTUDAR;	3.	QUANTO	ESTUDAR;	4.	COMO	ESTUDAR;	O
quê?	Tem	mais?	Só	isso	não	é	suficiente?
Claro	 que	 não!	 Vamos,	 na	 próxima	 parte	 deste	 livro,	 avançar	 um
pouco	mais,	vendo	outras	ferramentas.
COMO	SE	TORNAR	MAIS
INTELIGENTE?
The	test	of	a	first-rate
intellingence	is	the	ability	to
hold	two	opposed	ideas	in
the	mind	at	the	same	time,
and	still	ratain	the	ability	to
function	[16].
F.	Scott	Fitzgerald	(1896-1940)
Antes	de	discutir	se	é	possível	aumentar	o	seu	nível	de	inteligência	e
sobre	 como	 se	 comportar	 para	 atingir	 esse	 objetivo,	 há	 uma	 pergunta
que	deve	ser	formulada:	O	que	é	inteligência?
Inteligência	 é	 uma	 qualidade	 de	 nosso	 cérebro	 um	 pouco	 difícil	 de
definir.	 Numa	 primeira	 tentativa,	 poderíamos	 compreendê-la	 como	 a
“habilidade	em	descobrir	regras”,	mesmo	que	elas	estejam	ocultas.
Vamos	exemplificar	para	entender	melhor.
Se	alguém	lhe	fornecer	a	sequência:	1,	3,	5,	7,	9,	...
e	perguntar	o	que	colocar	no	 lugar	das	reticências	 (...),	com	certeza
você	responderá	11!
Agora,	 se	 alguém	 perguntar	 “Por	 que	 11?”,	 você	 poderá	 dar	 várias
respostas:
1.	 A	sequência	é	de	números	ímpares	e	o	próximo	ímpar,	depois	do	9,	é	o	11.
2.	 Os	números	pulam	de	2	em	2;	portanto,	o	próximo	é	9	+	2	=	11.
3.	 O	n-ésimo	número	da	sequência	é	dado	pela	expressão:
2n	-	1
O	“9”,	por	exemplo,	é	o	quinto	número	da	sequência;	portanto,	como
n	=	5,	então:	2n	–	1	=	2(5)	–	1	=	9
As	reticências	estão	no	lugar	do	sexto,	então:	n	=	6.	Portanto:	2n	–	1	=
2(6)	–	1	=	12	–	1	=	11.
...e	assim	por	diante.
Note	 que	 a	 explicação	 do	 “porquê”	 depende	 de	 conhecimento,
enquanto	o	fato	de	responder	11	depende	da	inteligência.
Pode	até	acontecer	que	uma	pessoa	muito	inteligente,	mas	de	baixo
nível	de	conhecimento,	responda	corretamente	a	uma	série	de	perguntas
do	tipo	exemplificado	e	que,	apesar	disso,	não	saiba	dizer	o	porquê	de
suas	respostas!
É	claro	que	as	situações	a	respeito	das	quais	você	deve	ser	capaz	de
descobrir	as	regras	não	são,	necessariamente,	sequências	numéricas.
Talvez	 você	 acabe	 descobrindo	 que,	 por	 exemplo,	 não	 conversar
durante	a	aula	e	prestar	atenção	no	que	o	professor	está	explicando,	por
incrível	 que	 pareça	 (!!!),	 faz	 com	 que	 você	 entenda	 melhor	 o	 assunto
(incrível,	não	é?!);	ou,	talvez,	depois	de	levar	vários	“foras”,	você	acabe
descobrindo	qual	a	melhor	regra	para	arrumar	um(a)	namorado(a).
Essa	habilidade	é	o	que	costumamos	chamar	de	inteligência,	virtude
que,	como	estamos	vendo,	pode	ter	vários	aspectos.
Inteligências	múltiplas	Na	realidade,	hoje
em	dia,	fala-se	muito	em	“inteligências
múltiplas”.	Chega-se,	até,	a	enumerar	sete
delas.	(E	há	fortes	suspeitas	de	que	existam
mais!)	“Inteligência”,	porém,	é	uma	só,
desenvolvida,	harmoniosamente,	em	todas
as	suas	facetas,	sejam	elas	quais	e	quantas
forem.
O	 mais	 correto	 seria	 falar	 em	 “módulos	 cognitivos”	 e	 não	 em
“inteligências”.
Se	você	está	curioso	em	saber	quais	são	as	sete	facetas	básicas	da
inteligência	humana,	vamos	enumerá-las	e	descrevê-las	rapidamente.
Linguística	
É	 a	 que	 permite	 a	 recepção	 e	 transmissão	 da	 “palavra”,	 seja	 ela
falada,	escrita	ou	até	“gesticulada”,	como	é	o	caso	dos	sinais	utilizados
pelos	deficientes	auditivos.
Quem	consegue,	por	exemplo,	entender	o	“internetiquês”	está	usando
(muito	mal,	diga-se	de	passagem)	seu	módulo	cognitivo	linguístico.
Lógico-matemática	
É	a	que	permite	estabelecer	relações	de	causa	e	efeito,	possibilitando
a	manipulação,	 inclusive,	de	relações	numéricas,	como	a	que	foi	citada
há	pouco.
Muitos	 pensam	 que	 a	 matemática	 é	 difícil.	 Na	 realidade,	 o	 que
complica	a	vida	das	pessoas	é	a	falta	de	lógica.
Musical	
É	a	faceta	da	inteligência	humana	que	nos	torna	capazes	não	apenas
de	produzir	boa	música,	seja	tocando	um	instrumento	ou	cantando,	mas,
principalmente,	de	ouvi-la,	aprimorando	cada	vez	mais	nosso	gosto.
E	lembre-se:	talento	se	aprende!	Inclusive	o	talento	musical!
Espacial	
É	 a	 habilidade	 de	 se	 orientar	 no	 espaço,	 imaginar	 objetos	 e	 saber
relacionar	uma	planta	ou	um	mapa	com	o	objeto	real	nela	representado.
Qualquer	pessoa	deve	saber,	no	mínimo,	para	onde	aponta	o	Norte,
em	qualquer	momento	e	em	qualquer	 lugar.	Se	ela	não	souber,	é	uma
“desnorteada”!
Psicocinética	
É	 a	 habilidade	 que	 permite	 dominar	 o	 próprio	 corpo	 e	 seus
movimentos.	 Você	 é	 capaz	 de	 escrever	 tanto	 com	 a	 mão	 esquerda
quanto	com	a	direita?
Você	 tem	 boa	 pontaria?	 Sabe	 andar	 de	 bicicleta	 ou	 de	 patins?	 Em
quanto	tempo	você	é	capaz	de	separar	as	cartas	pretas	das	vermelhas
de	um	baralho?
Você	 consegue	 fazer	 uma	 mão	 girar	 no	 sentido	 horário	 e,
simultaneamente,	a	outra	no	anti-horário?
Interpessoal	
É	a	faceta	da	inteligência	que	permite	seu	relacionamento	com	outras
pessoas.
Se	 você	 já	 ouviu	 expressões	 como	 “liderança”,	 “carisma”,	 “trabalho
em	 equipe”	 etc.,	 saiba	 que	 elas	 se	 referem	 justamente	 a	 esse	 tipo	 de
módulo	cognitivo.
Intrapessoal	
A	famosa	frase	usada	pelos	filósofos	gregos	“Conhece-te	a	ti	mesmo”
refere-se	 justamente	 a	 esse	 tipo	 de	 habilidade.	 Esta	 última	 faceta	 é,
talvez,	a	mais	importante,	pois	quanto	mais	você	se	conhecer,	mais	vai
poder	se	desenvolver.
Como	você	deve	se	lembrar,	já	comentamos	a	armadilha	na	qual	caiu
o(a)	 pobre	 coitado(a)	 que	 diz	 absurdos	 do	 tipo:	 “Eu	 não	 gosto	 de
matemática	nem	preciso	dela;	eu	sou	da	área	de	humanas!”.
Pois	se	trata	de	alguém	que	achou	muito	mais	cômodo	e	gratificante
dedicar-se	 mais	 àquelas	 facetas	 de	 sua	 inteligência	 nas	 quais
encontrava	 maior	 facilidade,	 negligenciando	 as	 que	 requeriam	 algum
esforço.
Esse	tipo	de	preguiça	(sim,	trata-se	de	preguiça	mental	e	não	“falta	de
trabalho”,	 “falta	 de	 vocação”	 ou	 outra	 desculpa	 esfarrapada	 qualquer)
produz	pessoas	com	deficiências	mentais	permanentes	[17].
Portanto...	cuidado!	Não	caia	nessa	armadilha!
Conversei,	 uma	 vez,	 com	 uma	 pedagoga	 (cujo	 nome	 omitirei	 por
compaixão)	 que	 teve	 um	 papel	 importante	 numa	 das	 frequentes	 (e
ineficientes)	 reestruturações	 que	 o	 Ministério	 da	 Educação	 (MEC)
promove	periodicamente.
Lá	 pelas	 tantas	 ela	 me	 sai	 com	 a	 seguinte	 pérola:	 –	 Eu	 nunca
consegui	 aprender	 matemática,	 física	 e	 química,	 e	 isso	 não	 me	 fez	 a
menor	 falta,pois	 hoje,	 apesar	 disso,	 sou	 uma	 mulher	 extremamente
bem-sucedida!
Além	de	admitir	 ser	uma	deficiente	mental...	 tem	orgulho	disso!	E	o
pior	é	que	a	educação	brasileira	está	nas	mãos	de	pessoas	desse	tipo!
Portanto,	 lembre-se:	você	deve	desenvolver	todas	as	facetas	de	sua
inteligência,	sem	deixar	nada	de	lado.	Por	isso	o	módulo	intrapessoal,	ou
seja,	a	habilidade	da	autoanálise,	talvez	seja	o	mais	importante,	pois	é	o
que	desencadeia	a	melhoria	dos	outros.
Afinal,	 ao	 se	 autoanalisar	 você	 pode	 tomar	 consciência	 de	 suas
falhas,	 de	 onde	 se	 localiza	 sua	 deficiência.	 E,	 consequentemente,
poderá	planejar	as	medidas	necessárias	para	diminuí-la.
Acho	 que,	 a	 esta	 altura,	 você	 já	 percebeu	 que	 se	 tornar	 mais
inteligente,	no	fundo,	é	se	tornar	menos	burro	[18]!
Agora,	uma	coisa	que	você	deve	colocar	em	sua	cabeça	como	a	mais
importante	de	todas:	SÓ	DEPENDE	DE	VOCÊ!
OS	CINCO	PASSOS
A	journey	of	a
thousand	miles
begins	with	a
single	step	[19].
Lao-Tzu	(604
a.C.	-	531	a.C.)
Vamos	ver	agora	quais	são	os	cinco	passos	que	podem	torná-lo	cada
vez	mais	apto	a	sobreviver	neste	maluco	século	21.
Primeiro	passo:	ACREDITAR
Acreditar?	O	que	isso	significa?	–	você	pergunta.
ACREDITAR	 quer	 dizer,	 em	 primeiro	 lugar,	 acreditar	 nas	 próprias
falhas	mentais.
Em	segundo	lugar,	significa	acreditar	que	seja	possível	eliminá-las.
Acreditar	 que	 seu	 cérebro	 é	 o	 mais	 fantástico	 e	 poderoso
computador	que	existe	na	face	da	Terra	[20].
Acreditar	 que	 qualquer	 pessoa	 neurologicamente	 saudável	 (ou	 até
razoavelmente	 saudável)	 é	 capaz	 de	 desenvolver	 qualquer	 tipo	 de
habilidade	e	competência.
É	claro	que,	se	você	for	daltônico,	jamais	conseguirá	um	emprego	na
indústria	da	moda	para	decidir	sobre	cores	que	combinam.
Existem	algumas	limitações	intransponíveis.
As	mais	terríveis	e	nocivas,	porém,	são	aquelas	autoimpostas	(como
jamais	 vou	 conseguir	me	 orientar)	 ou	 as	 que	 foram	 colocadas	 por	 um
professor	 imbecil	 (filho,	 vai	 fazer	 engenharia,	 pois	 você	 jamais	 será
capaz	de	escrever	um	texto	que	preste	ou,	então,	esqueça	entrar	para	a
vida	artística,	você	é	muito	desafinada).
Livre-se	 dessas
horríveis	 etiquetas
que	 você	mesmo,	 ou
alguém,	 colocou	 em
sua	testa.
Lembre-se:	você	e
seu	 cérebro	 são
capazes	 de	 qualquer
coisa!
É	só	querer.
Por	 exemplo,
quando	 comecei,	 há
muitos	 anos,	 a	 dar
aula	 num	 curso	 pré-
vestibular	 em
Campinas	 (SP),	 os
alunos	 me	 pediram
para,	 além	 de	 dar
aula	 de	 física,
lecionar	outra	disciplina.
Para	 a	minha	 surpresa,	 a	 outra	 disciplina,	muito	 importante	 para	 os
vestibulares	da	época,	não	era	nem	química	(além	de	físico,	sou	químico
industrial)	 nem	 matemática	 (todo	 físico	 sabe	 quase	 tanta	 matemática
quanto	um	matemático).
Nada	 disso!	 Eles	 queriam	 que	 eu	 os	 preparasse	 para	 o	 exame	 de
nível	mental!
Esse	exame	media,	 justamente,	o	nível	de	 inteligência	do	candidato
com	 questões	 como	 a	 que	 está	 a	 seguir:	
Aceitei	a	tarefa	e	comecei	a	trabalhar	nisso	com	alguns	alunos.
Meus	colegas	me	chamaram	de	louco!
–	Imagine!	–	tive	de	escutar.	–	Um	burro	sempre	será	um	burro!	Seus
esforços	não	vão	dar	em	nada.
Pois	 deram!	 Consegui	 fazer	 alunos	 adquirirem	 raciocínio	 cada	 vez
mais	rápido,	ágil	e	criativo!
Questões	como	esta...
...	 passaram	 a	 ser	 respondidas	 de
maneira	 cada	 vez	 mais	 rápida	 e
correta!	 Aqueles	 alunos,
posteriormente,	 se	 saíram	 muito
melhor	 que	 o	 esperado	 no	 exame	 de
nível	mental.
Apesar	 dessa	experiência,	 que	me
convenceu	 de	 que	 era	 possível,
passei	várias	décadas	sendo	uma	voz
clamando	 no	 deserto!	 Apenas
recentemente,	 com	 o	 avanço	 do
estudo	 em	 neurociências,	 o	 mundo
acadêmico	 começou	 a	 admitir	 a
possibilidade	 de	 aumentar	 e
reconfigurar	 a	 inteligência	 de	 um	 ser
humano	[21].
Portanto,	acredite,	é	possível!
Aproveite	para	matar	esta	também:
Se	 a	 figura	 abaixo	 for	 recortada	 e
dobrada,	apenas	um	dos	cubos	abaixo
poderá	ser	montado.	Qual?
Segundo
passo:	EVITAR
A	BURRICE
Existem	algumas	coisas
que,	além	de	não	estimular
a	inteligência,	a	embotam!
Veja	 as	 mais
importantes.
Drogas	
Além	 das	 proibidas	 (maconha,	 cocaína	 e	 companhia),	 você	 deve
evitar	ao	máximo	as	“permitidas”	(tabaco,	álcool	e	Ritalina	[22]).
Além	 de	 reduzirem,	 de	 forma	 mais	 ou	 menos	 intensa,	 a	 rapidez	 e
lucidez	do	raciocínio,	elas	produzem	danos	permanentes.
Isso	 significa	 não	 só	 que	 o	 funcionamento	 do	 cérebro	 é	 seriamente
afetado	enquanto	a	pessoa	está	sob	o	efeito	da	droga,	mas	também	que
a	deficiência	mental	vai	se	 transformando	numa	deficiência	neurológica
irreversível!
Há	um	provérbio	chinês	que	diz:	
“Todo	 prazer	 vem	 associado	 a	 uma	 dor.	O	 verdadeiro	 prazer	 é
aquele	no	qual	a	dor	vem	antes”.
Pense	um	pouco.
Você	 se	 esforça	 e	 se	 sacrifica	 (dor	 antes)	 para	 corrigir	 algumas
deficiências.	 Ao	 obter	 o	 que	 queria,	 você	 começa	 a	 ter	 sucesso	 onde
antes	fracassava	(prazer	depois).
Agora	vamos	ver	o	oposto.
Você	fuma	maconha	(prazer	antes)	e	se	torna	um	imbecil	que	só	não
baba	no	olho	graças	à	lei	da	gravidade	(dor	depois).
Captou	a	mensagem?
Televisão	
Na	 segunda	 metade	 do	 século	 20,	 um	 laboratório	 farmacêutico
alemão	(Grünenthal)	inventou	um	remédio	fantástico	para	evitar	o	enjoo
que	 acomete	 algumas	 mulheres	 no	 início	 da	 gravidez.	 O	 remédio
cumpriu	 o	 que	 tinha	 prometido:	 as	 grávidas	 não	 sentiram	 enjoo.
Passados	 alguns	 meses,	 porém,	 descobriu-se	 uma	 coisa	 horrível:	 as
crianças	começaram	a	nascer	sem	braços,	sem	pernas	ou	sem	olhos!
Esse	remédio	chama-se	Talidomida	e,	até	hoje,	existem	hospitais	que
abrigam	as	“vítimas	da	Talidomida”.
Aquilo	que	parecia	ser	um	remédio	fantástico	acabou	se	revelando	o
pior	dos	pesadelos!
Pois	bem:	nessa	mesma	época,	começou	a	se	disseminar	um	meio
de	comunicação	fantástico:	a	 televisão.	Ela	surgiu	para	divertir,	educar,
informar,	entreter	e...	imbecilizar,	da	forma	mais	absoluta!
A	televisão	é	a	talidomida	mental	do	século	20!
Observe	 que	 não	 estou	 falando	 do	 nível	 e	 do	 conteúdo	 da
programação.	 Estou	 falando	 da	 televisão	 em	 si,	 como	 instrumento	 de
comunicação.	O	mais	 instrutivo	 documentário	 do	 canal	 educativo	 pode
ser	 tão	 imbecilizante	 quanto	 um	 “teste	 de	 fidelidade”	 ou	 outra	 baixaria
qualquer!
Eu	sei	que	isso	parece	paradoxal,	mas	a	explicação	é	simples:	esse
efeito	imbecilizante	se	deve,	primordialmente,	a	dois	fatores.
Um	é	comportamental:	 como	a	 televisão,	 infelizmente,	está	o	 tempo
todo	 ligada	 nos	 lares	 e	 nos	 locais	 públicos,	 as	 pessoas	 se	 sentem	 no
pleno	 direito	 de	 não	 prestar	 atenção	 nela	 e	 até	 de	 conversar	 entre	 si
enquanto	 alguém,	 na	 telinha,	 está	 se	 esforçando	 para	 captar	 sua
atenção.
Instintivamente,	 esse	comportamento	acaba	sendo	adotado	sempre,
seja	num	cinema,	num	templo,	numa	conferência	ou	numa	aula.	É	muito
comum	ouvir	pessoas	conversando	em	uma	sessão	de	cinema	e	falando
alto!
Durante	algumas	palestras	que	 realizei	em	escolas,	por	exemplo,	 já
me	aconteceu,	várias	vezes,	de	ver	um	pai	ou	uma	mãe	atendendo	ao
celular	e	conversando	em	voz	alta	enquanto	estou	falando!
No	 meio	 de	 uma	 palestra	 para	 vários	 secretários	 municipais	 de
educação,	no	Sul	do	Brasil,	bem	no	meio	do	ponto	mais	 importante	de
uma	explicação,	duas	pedagogas	começaram	a	bater	papo	em	voz	alta
sobre	assuntos	particulares!
Já	que	podemos	ser	mal-educados	com	a	televisão	(pois	ela	não	se
ofende),	passamos	a	ser	mal-educados	sempre.
Isso	faz	com	que,	por	exemplo,	minidondoquinhas	fúteis	e	estúpidas
se	permitam	conversar	e	fofocar	durante	uma	aula	como	se	estivessem
no	sofá	de	sua	sala.
E	 nem	 sequer	 têm	 consciência	 de	 quão	 vulgar	 e	 imbecil	 é	 esse
comportamento.	Isso	faz	com	que	as	vidiotas	interrompam	a	aula,	já	que
o	professor	é	obrigado	a	chamar	a	atenção	ou,	pior	ainda,	se	o	professor
também	for	um	vidiota	que	não	se	importa	com	o	zum-zum-zum	do	ruído
de	fundo,	 irá	permitir	a	fútil	 fofoca,	prejudicandoo	nível	de	atenção	dos
outros	alunos.
O	 segundo
fator	 é	 mental.
A	 televisão
substituiu	 a
mais	 útil,
divertida,
fantástica	 e
maravilhosa
forma	 de	 lazer:
a	leitura.
É	muito	mais
fácil	 ligar	 a	 TV
do	que	abrir	um
livro.	 Moral	 da
história:	 já	 foram	 criadas,	 pela	 TV,	 pelo	 menos	 três	 gerações	 com
grandes	porcentagens	de	analfabetos	funcionais	[23].
Como	 todo	analfabeto	 funcional	é,	por	definição,	alguém	com	sérias
deficiências	 em	 sua	 formação,	 acabamos	 de	 demonstrar	 o	 efeito
extremamente	maléfico	da	TV.
Um	 exame	 mundial,	 realizado	 em	 2003,	 demonstrou	 que	 os
estudantes	 brasileiros	 tinham,	 basicamente,	 um	 único	 problema	 que
justifica	o	catastrófico	resultado	obtido:	Não	sabem	ler!
Existem	outros,	mas	acho	que,	por	enquanto,	estes	dois	 fatores	são
suficientemente	preocupantes	para	que	você	pense	bem	antes	de	tocar
naquele	 botãozinho	 do
controle	remoto.
Games	Existem
alguns	jogos	que
rodam	no	computador
ou	num	console	de
videogame	que
podem	até	estimular	o
desenvolvimento	de
algumas	habilidades.
Por	 exemplo,	 você	 é	 o
Teseu	da	mitologia	grega	e
está	percorrendo	o	labirinto
à	procura	do	Minotauro.
Ao	 se	 sentir	 perdido,
você	 tecla	 F1	 (ajuda)	 e
aparece	 uma	 planta	 do
labirinto	 indicando	 onde
você	 está,	 para	 onde	 está
olhando,	 quais	 os	 pontos
cardinais	 e	 onde	 está	 o
monstro.
Nesse	momento,	você	começa	a	melhorar	sua	inteligência	espacial.
Com	 certeza,	 depois	 de	 jogar	 várias	 vezes,	 poderá	 ler	 um	 mapa
rodoviário	durante	uma	viagem	com	muito	mais	competência.
Além	 disso,	 sua	 cultura	 geral	 recebeu	 um	 pequeno	 acréscimo	 de
mitologia	grega	que,	se	você	tiver	um	milímetro	de	curiosidade,	irá	levá-
lo,	por	exemplo,	até	Ariadne,	Dédalo,	Egeu	e	 Ícaro.	Bom!	Então	posso
jogar	videogame	à	vontade!
Claro	que	não!	O	exemplo	que	dei	é	uma	exceção	e	não	uma	regra.
A	 esmagadora	maioria	 dos	 jogos	 consiste,	 porém,	 em	 competições
malucas	nas	quais	você	arrisca	tudo	para	ultrapassar	um	adversário.
Bateu?	Capotou?	Tudo	bem,	no	jogo	você	tem	meia	dúzia	de	vidas.
Aí	 o	 desgraçado	 compra	 uma	 carteira	 de	 habilitação	 (isso	 mesmo:
compra!)	 e	 sai	 pelo	 mundo	 dirigindo	 como	 se,	 na	 vida	 real,	 também
tivesse	chances	adicionais	de	 recomeçar	o	 jogo	depois	de	morrer	num
acidente.
Além	de	colocar	a	vida	em	risco	(ou	seja,	correr	“risco	de	vida”	e	não
“risco	de	morte”,	como	dizem	alguns	vidiotas),	ele	se	torna	uma	ameaça
pública.
O	 jogo	 também	 pode	 consistir	 numa	 missão	 de	 combate	 com
matanças	desenfreadas	numa	orgia	de	violência	incontida.
Resultado:	 na	 maioria	 das	 escolas,	 a	 frequência	 de	 brigas	 entre
alunos	aumentou	assustadoramente.
Não	 só	 o	 videogame	 estimula	 a	 agressividade,	 como	 a	 moda	 de
colocar	 o	 filho	 para	 treinar	 “artes	 marciais”	 com	 professores	 mal
preparados,	 que	 surgiu	 entre	 pais	 desorientados,	 contribui	 para	 esse
ressurgir	da	pancadaria.	Tudo	isso	com	o	auxílio	do	cinema	e	da	TV.
Uma	 vez,	 numa	 danceteria	 localizada	 numa	 ilha	 do	 litoral	 de	 São
Paulo,	surgiu	uma	briga	por	algum	motivo	banal,	do	tipo	“alguém	mexeu
com	a	minha	namorada”.
Resultado:	um	adolescente	deu	uma	cadeirada	na	cabeça	de	outro	e
o	matou!
Na	 delegacia,	 ainda	 em	 estado	 de	 choque	 pelo	 horror	 de	 ter	 se
tornado	um	assassino,	declarou:	–	Mas	nos	 filmes	não	é	a	cabeça	que
quebra!	É	a	cadeira!
Pois	é:	nos	filmes!
Além	 de	 todos	 esses	 estímulos	 negativos,	 o	 game	 tem	 outra
característica	extremamente	nociva:	como	é	jogado	durante	horas,	faz	a
vítima	 sair	 gradativamente	 do	 mundo	 real,	 prendendo-a	 num	 mundo
virtual	com	outras	regras,	outros	valores	e	até	outras	leis	físicas.
Essa	perda	da	sensação	de	realidade	vai	transformando	a	vítima	num
“autista	cibernético”,	cada	vez	mais	fechado	num	mundo	interior.
E,	ao	contrário	do	verdadeiro	autista,	cuja	mente	está	encerrada	num
mundo	interior	próprio,	com	pouca	comunicação	com	o	mundo	exterior,	o
“autista	cibernético”	precisa	da	muleta	mental
do	videogame.
Internet	O	computador	pessoal	e	as
redes	de	comunicação	que	acabaram
se	integrando	numa	grande	rede
mundial	chamada	internet	são	algumas
das	coisas	mais	maravilhosas	que	já
surgiram	no	final	do	século	passado.
Agora,	 temos	 um	 mundo	 maravilhoso	 de	 informações	 à	 nossa
disposição	num	piscar	de	olhos.
Toda	medalha,	porém,	tem	um	reverso!
O	grande	humorista	brasileiro	Millôr	Fernandes,	um	dos	raros	gênios
deste	 país,	 certa	 vez	 escreveu:	 Toda	 vez	 que	 você	 projetar	 algo	 que
possa	ser	usado	até	por	idiotas,	provavelmente	vai	ser	usado	de	maneira
idiota.
Foi	o	que	aconteceu	com	o	computador	pessoal	e	com	a	internet.
No	 século	 passado,	 até	 a	 década	 de	 1960,	 os	 computadores	 eram
máquinas	enormes,	que	custavam	milhões	de	dólares.
No	fim	da	década	de	1970,	surgiram	os	primeiros	microcomputadores
pessoais.	 Seus	 preços	 eram	 tão	 reduzidos	 que	 podiam	 ser	 adquiridos
por	pessoas,	e	não	mais	só	por	instituições.
Acontece	que	esses	computadores,	como	foi	o	caso	do	Sinclair,	ou	do
MSX,	eram	brinquedinhos	fantásticos	que,	além	de	custar	pouquíssimo,
obrigavam	o	usuário	a	pensar:	Quer	um	joguinho?	Escreva	o	programa!
Sua	 nave	 espacial	 entrou	 em	 um	 campo	 gravitacional	 e	 você	 precisa
desenhá-lo?
Escreva	o	programa!
Extraído	do	livro	Coleção	de	Programas	para	MSX	(vol.	II).	Editora	Aleph,	1987.
O	próprio	fato	de	ser	obrigado	a	programar	para	depois	poder	brincar
(lembra?	Dor	antes,	prazer	depois!)	estimulava	tanto	a	 inteligência	que,
atualmente,	 alguns	 dos	 melhores	 profissionais	 da	 área	 de	 informática
confessam	 que	 pegaram	 gosto	 pela	 coisa	 lendo,	 quando	 crianças,	 os
livros	que	escrevi	e	editei	naquela	época	sobre	esses	“brinquedinhos”.
Hoje,	o	usuário	do	micro	é	um	ser	passivo	que	não	cria	coisa	alguma
e	opta	por	um	software	(pronto)	em	vez	de	outro	(pronto)	usando	como
argumento:	“esse	é	mais	fácil	de	usar”!
Antigamente,	 um	 professor	 ou	 um	 palestrante	 tinha	 de	 preparar
meticulosamente	o	que	iria	dizer	e	armazenar	tudo	na	mente.
Hoje?
Hoje	ele	monta	um	Power	Point	e	vai	apresentando	o	conteúdo	lendo,
como	se	a	plateia	 fosse	 constituída	de	analfabetos	que	não	 sabem	 ler
sozinhos	(o	que,	em	alguns	casos,	infelizmente	é	verdade).
No	fundo,	se	você	pensar	bem,	ele	está	“colando”!
No	 entanto,	 com	 a	 chegada	 da	 internet,	 um	 mundo	 gigantesco	 de
possibilidades	se	abriu.
Infinitas	 possibilidades	 de	 pesquisa,	 cruzamento	 de	 informações	 e
troca	de	conhecimento	passaram	a	estar	ao	alcance	de	qualquer	pessoa
com	o	mínimo	de	inteligência	e	curiosidade.
Eu	disse:	“...	o	mínimo	de	inteligência”...:	esse	é	o	problema!
Com	 toda	 essa	 sabedoria	 ao	 seu	 alcance,	 o	 que	 os	 idiotas	 fazem?
Criam	contas	nas	 redes	sociais!	Usando	a	 internet	para	 fofocar	 [24]	de
forma	idiota,	passam,	imediatamente,	a	ter	três	sérios	problemas.
Primeiro	 problema:	 acham	 que	 fazer	 uma	 pesquisa	 na	 internet	 é
copiar	 trabalhos	elaborados	por	outros,	 sem	se	dar	 sequer	ao	 trabalho
de	lê-los	completamente.
Ctrl	+	C	 e	Ctrl	+	V	 resolvem	 rapidamente	o	problema	de	entregar	o
trabalho	no	prazo.
Existem	até	sites	que	têm	trabalhos	prontos!
Você	crê	que	o	idiota	que	faz	isso	aprendeu	alguma	coisa?
Segundo	 problema:	 na	 tentativa	 de	 serem	 “diferentes”,	 nivelam-se
com	a	maioria.	Está	certo	escrever	“vc”	no	lugar	de	“você”	se	estiver	com
pressa,	mas	escrever	“aki	naum”	no	lugar	de	“aqui	não”	já	demonstra	um
avançado	estado	de	debilidade	mental!
Há	pessoas	que	argumentam	que	essa	forma	distorcida	de	escrever	é
uma	 “variante	 dialetal”,	 ou	 seja,	 uma	espécie	 de	gíria,	 de	 código	entre
companheiros	 de	 uma	 mesma	 tribo	 e	 que,	 na	 hora	 de	 escrever
corretamente,	os	“internetígrafos”	voltam	à	chamada	“norma	culta”.
Mentira!
Os	 pobres	 idiotas	 já	 estão	 escrevendo	 “naum”	 em	 redações	 de
vestibular	ou	concursos	públicos!
Além	 disso,	 é
óbvio	 que,	 de	 tanto
ler	 palavras	 grafadas
de	 forma	 errada,	 o
coitado	 acaba
achando	 que	 aquela
é	a	forma	certa!Repare	 um	 pouco
nas	estradas:	é	muito
comum	 vermos
placas	 com	 uma
tremenda	 crase
indevida	 porque
quem	 as	 escreveu	 já
viu	 tantas	 crases
erradas	 que	 acha
que	 o	 errado	 é	 o
certo!
Dá	vontade	de	parar,	pegar	um	spray	e	corrigir	 como	se	 fosse	uma
prova!
Talvez,	 se	 todos	 os	 professores	 do	 Brasil	 fizessem	 isso,	 a
propagação	das	crases	seria	controlada!
Terceiro	 problema:	 pesquisas	 sérias	 e	 recentes	 revelam	 fatos
assustadores:	 a	 internet	 e,	 em	particular,	 as	 redes	 sociais	 viciam	 tanto
quanto	drogas	químicas.
Vemos,	hoje,	jovens	se	transformando	em	“autistas	cibernéticos”	que
passam	 horas	 em	 salas	 de	 bate-papo,	 em	 lan	 houses,	 em	webmails,
deixando	de	fazer	esportes,	deixando	de	se	relacionar	socialmente	com
outras	pessoas,	deixando	de	estudar,	em	resumo...
...DEIXANDO	DE	VIVER!
Já	 vi,	 numa	 festa	de	adolescentes,	 um	 jovem	conversando	com	um
amigo	sentado	ao	lado	dele	pelo	celular!
Já	me	contaram	casos	arrepiantes,	 como	o	de	uma	mãe,	 com	 rede
wireless	em	casa,	usando	a	internet	para	chamar	o	filho	para	jantar!
Nas	empresas,	podemos	ver	a	triste	cena	de	dezenas	de	funcionários
robotizados	 sentados	 à	 frente	 de	 seus	 terminais,	 conversando
(conversando?)	com	seus	colegas	de	trabalho	via	intranet.
Resultado?
Prósperos	negócios!	Prósperos	negócios?	–	você	pergunta,	perplexo.
Sim,	 prósperos	 negócios	 para	 os	 proprietários	 de	 clínicas	 de
desintoxicação	da	internet,	instituições	sérias	que	relatam	casos	clínicos
preocupantes.	 Elas	 abrigam	 jovens	 que,	 afastados	 do	 modem,	 têm
crises	de	abstinência	como	se	fossem	dependentes	químicos.
Psiquiatras	 descobrem	 nos	 jovens	 que	 utilizam	 compulsivamente	 a
internet	para	se	comunicar	um	 rebaixamento	de	Q.I.	 que	é	o	dobro	do
causado	pelo	uso	da	maconha	[25]!
E	agora,	o	que	me	diz?	Que	tal	“maneirar”	um	pouco?
Terceiro	passo:	ESTUDAR	POUCO
No	fundo,	toda	a	primeira	parte	deste	livro	foi	dedicada	a	este	terceiro
passo:	criar	o	hábito	de	estudar	pouco...	mas	TODO	DIA!
Além	disso,	você	deve	ter	consciência	de	que	a	escola	é	útil,	ou	seja,
o	motivo	pelo	qual	estão	tentando	ensinar	algo	não	é	porque	esse	algo
“cai	na	prova”.
A	frase	mais	catastrófica	que	um	professor	pode	pronunciar	é:	“Preste
atenção	que	isso	cai	na	prova!”.
Você	está	na	escola	para	aprender	e	não	para	tirar	nota	e	passar	de
ano.
Resumindo:	você	está	na	escola,	ou	frequentando	algum	curso,	para
se	tornar	cada	vez	mais	inteligente	e	não	para	obter	um	diploma.
Pense	um	pouco	no	exemplo	a	seguir...
Imagine	 um	 estudante	 universitário	 que	 cursa,	 DURANTE	 CINCO
ANOS,	uma	boa	faculdade	de	direito.
Durante	cinco	 longos	anos,	ele	 tem	centenas	de	aulas,	centenas	de
provas,	 discussões,	 debates	 e,	 principalmente,	 muitos	 e	 muitos	 textos
para	ler.
Terminados	 os	 cinco	 anos,	 ele	 recebe	 um	 diploma	 e	 se	 forma
bacharel	em	direito.
Como	ele	resolve	ser	advogado,	inscreve-se	para	prestar	o	exame	da
OAB,	 no	 qual	 é	 solicitada	 apenas	 uma	 pequena	 fração	 de	 tudo	 aquilo
que	foi	ensinado	na	faculdade.
Ele	presta	o	exame	e...
FRACASSA	VERGONHOSAMENTE!
Era	 o	 esperado:	 no	 Brasil	 inteiro	 cerca	 de	 80%	 dos	 candidatos	 ao
exame	da	OAB	são	reprovados	[26]!
Mas	qual	é	a	causa	dessa	vergonha?
Equivocadamente,	 tanto	 as	 autoridades	 de	 ensino	 do	 Ministério	 da
Educação	 quanto	 os	 dirigentes	 da	 OAB	 culpam	 a	 má	 qualidade	 das
inúmeras	faculdades	de	direito	disseminadas	pelo	País.
Não	é	essa,	porém,	a	principal	causa	dessa	situação.
Muitos	 dos	 reprovados	 são	 oriundos	 de	 faculdades	 tradicionais,
consideradas	verdadeiros	exemplos	de	excelência.
O	verdadeiro	responsável,	no	fundo,	é	o	próprio	aluno!
O	motivo?
Passou	 cinco	 anos	 se	 esforçando	 para	 tirar	 boas	 notas,	 passar	 de
ano	 e	 obter	 um	 diploma.	 Nunca,	 em	 momento	 algum,	 passou	 pela
cabeça	dele	estudar	para	aprender.
E,	como	já	vimos,	estudar	para	aprender	significa	estudar	pouco,	mas
todo	dia.
Para	isso	você	deve	se	organizar,	deve	ter	método.
Precisa	 de	 um	 local	 tranquilo,	 sem	 barulhos	 que	 distraiam	 sua
atenção,	sem	televisão	ligada	e,	principalmente,	uma	agenda	de	horários
a	serem	respeitados.
Assim,	seu	dia	vai	 render	muito	mais,	e	ainda	sobrará	 tempo	para	o
esporte	e	o	lazer.
Lembre-se:	durante	a	aula,	você	entende;	quando	está	sozinho	com
suas	 tarefas	é	que	você	aprende;	após	o	estudo	solitário,	ao	dormir,	é
que	você	fixa.	Mas	–	você	dirá	–,	será	que	ninguém	percebe	isso?	Será
que	 aquele	 estudante	 de	 direito	 não	 sabia	 que	 estava	 equivocado
estudando	daquela	forma?
Infelizmente,	 quando	 a	 esmagadora	maioria	 das	 pessoas	 comete	 o
mesmo	equívoco,	dificilmente	ele	será	percebido.	As	pessoas	fazem	as
coisas	por	costume,	e	raramente	se	questionam	sobre	os	reais	motivos
de	seu	comportamento	[27].
Uma	vez,	para	dar	um	exemplo	disso,	peguei	um	táxi	na	esquina	da
escola	em	que	 lecionava,	e	o	motorista,	um	 jovem	 rapaz,	que	 já	havia
me	 transportado	antes,	perguntou:	–	Professor,	na	sua	escola,	à	noite,
existe	um	cursinho	que	prepare	para	o	exame	da	OAB?
Fiquei	curioso	e	perguntei	por	que	ele	estava	à	procura	desse	tipo	de
cursinho.
–	 Sabe	 o	 que	 é,	 professor	 –	 respondeu	 o	 rapaz	 –,	 é	 que	 meus
colegas	 normalmente	 terminam	 o	 curso	 e	 fazem	 o	 cursinho	 no	 ano
seguinte,	podendo	obter	a	carteira	de	advogado,	se	passarem	no	exame,
apenas	um	ano	depois	de	formados.	Eu	pretendo	fazer	o	cursinho	junto
com	o	último	ano	da	 faculdade.	Assim,	eu	 tenho	chance	de	passar	no
exame	logo	que	me	formar.
–	Formar	em	quê?	–	perguntei,
fazendo-me	de	ingênuo.
–	Ué!	Em	direito!
–	E	nesse	curso	de	direito	que
você	está	fazendo	–	continuei	me
fazendo	ainda	mais	de	 ingênuo	–
você	 aprende	 receitas	 de
culinária	vegetariana?
–	Claro	que	não,	professor!
–	 Talvez	 você	 esteja
aprendendo	 como	 calcular	 uma
viga	 de	 concreto	 para	 que	 ela
aguente	 um	 determinado	 esforço
estrutural...
–	 Não,	 professor	 –	 respondeu
o	jovem,	cada	vez	mais	intrigado.
–	Bem,	então	o	que	você	estuda	nesse	tal	curso	de	direito	que	está
fazendo?
–	Direito,	ora	bolas!
–	E	no	tal	exame	da	OAB	cai	que	matéria?	–	retruquei	 levantando	a
voz.
–	Direito	–	disse	ele	baixinho,	quase	sussurrando.
Aí	eu	completei:	–	Será	que	você	não	percebeu	que	o	curso	de	direito
É	 UM	 CURSINHO	 PARA	 O	 EXAME	 DA	 OAB	 COM	 DURAÇÃO	 DE
CINCO	ANOS?!
Não,	não	tinha	percebido.	E	quase	nenhum	de	seus	colegas	também.
A	deformação	mental	do	estudante	brasileiro	é	 tão	disseminada	que
dificilmente	 as	 pessoas	 percebem.	 Quando	 todo	 mundo	 erra,	 errar	 se
torna	procedimento	normal!
Por	isso...	CUIDADO!
Não	caia	nessa	armadilha.	Seu	cérebro,	seu	maravilhoso	cérebro,	é
capaz	de	se	 tornar	cada	vez	mais	 inteligente,	desenvolvendo	cada	vez
mais	habilidades	e	conhecimentos.	Porém,	o	processo	é	lento	e	nada	no
mundo	pode	acelerá-lo.	A	dose	de	crescimento	diário	é	muito	pequena.
Esse	é	o	motivo	pelo	qual	devemos	estudar	pouco,	mas	sem	perder	um
dia	sequer.
Deixar	 de	 estudar	 o	 pouco	 daquele	 dia	 o	 transforma	 em	 um	 dia
perdido	na	sua	escalada	para	se	tornar	mais	inteligente.
Quarto	passo:	PROCURAR	DESAFIOS
Este,	 por	 definição,	 é	 o	 mais
difícil.	 Sabe	 por	 quê?	 Porque	 o
quarto	 passo	 consiste,	 justamente,
em...	enfrentar	desafios!
Explicando	 melhor:	 o	 cérebro,
tanto	 quanto	 o	 corpo,	 precisa
praticar	esporte.
No
entanto,	 no	 caso
do	 cérebro,	 trata-
se	 de	 uma
ginástica	mental.
Isso	 significa
que,	toda	vez	que
você	 puder	 optar
entre	 uma
maneira	 fácil	 e
uma	 maneira
difícil,	 o	 que
desenvolve	 a
inteligência	 é
escolher	a	difícil.
Palavras	 cruzadas,	 quebra-cabeças,	 charadas,
problemas	 de	 matemática,	 livros	 policiais	 e	 de
suspense	etc.	são	instrumentos	que	permitem	uma
boa	“musculação	mental”.
Você,	 com	 certeza,	 já	 deve	 ter	 assistido	 a
filmes	 que,	 em	 sua	 propaganda,	 pediam:	 “não
revele	o	 final	para	seus	amigos”.	Assistindo	a	um
filme	desses,	sem	saber	o	final,	existem	dois	tipos
de	espectadores.
Há	os	que	assistem	ao	 filme	entretidos	 com

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