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1UNIDADE 1A origem da Filosofia
Objetivos de aprendizagem
 � Identificar os principais fatores históricos que 
permitiram o surgimento da filosofia.
 � Comparar as narrativas de Homero e Hesíodo com o 
nascente discurso filosófico‑racional.
 � Compreender as principais diferenças entre o 
pensamento mítico e o pensamento filosófico.
 � Compreender as noções de physis, causalidade, 
arqué, cosmo, lógos e crítica.
Seções de estudo
Seção 1 O mito como forma de conhecimento
Seção 2 Apogeu e declínio da mitologia grega
Seção 3 A origem histórica da filosofia
Seção 4 Noções fundamentais da mentalidade filosófica
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Pensar é uma atividade que faz parte do ser humano. Tentar 
compreender nós mesmos e a realidade que nos cerca faz parte 
da nossa natureza. A necessidade de saber quem somos, de 
onde viemos, para onde vamos, buscar uma explicação para os 
acontecimentos e compreender o sentido da vida – tudo isso está 
presente em todas as civilizações, de forma às vezes mais, às 
vezes menos elaborada. 
Mas os gregos antigos inventaram uma forma original de lidar 
com essas questões.
Nesta unidade de estudo, você vai poder identificar quais 
foram as peculiaridades desse jeito grego de pensar: o jeito 
filosófico‑científico‑racional. 
A partir de agora, você é o nosso convidado nessa jornada às 
origens da filosofia.
Seção 1 – O mito como forma de conhecimento
Historicamente, cada civilização construiu suas próprias formas 
de compreender e explicar a realidade. Nos primórdios do 
processo civilizatório, a carência de informações sistematizadas, 
de métodos de investigação e de instrumentos de pesquisa faz 
com que a explicação dos fenômenos naturais seja simplista 
(às vezes, simplória), parcial e com uma forte tendência ao 
subjetivismo.
A vida em sociedade exige que se estabeleça um conjunto de 
verdades aceitas coletivamente. Sem essa base compartilhada 
de crenças, a convivência em grupo não seria viável. Mas como 
fazer com que todos os indivíduos de uma sociedade aceitem 
as mesmas explicações como sendo as verdadeiras? Uma saída 
simples e eficaz para esse problema é o mito.
19
História da Filosofia I
Unidade 1
O mito consiste numa narrativa passada de geração 
a geração, contendo, geralmente, elementos que 
podem ser utilizados na explicação de fenômenos 
naturais ou na prescrição de condutas morais. 
O mito não é apresentado como verdade absoluta, e sim como 
um conhecimento elaborado por antigos ancestrais ou indivíduos 
extraordinários que, por sua grande sabedoria ou até mesmo por 
poderes sobrenaturais, teriam compreendido a realidade de uma 
forma mais profunda.
Em cada cultura, os mitos mais fundamentais são 
os chamados “mitos de origem”, aqueles que 
narram a forma como o mundo foi criado e, mais 
especificamente, como o ser humano e o próprio 
grupo social foram criados. Esse tipo de mito tem 
sido encontrado nas raízes de todas as culturas que 
conhecemos atualmente.
Um bom exemplo de um mito de origem é a narrativa que 
encontramos no Gênesis, o primeiro livro da Bíblia Sagrada. 
Nessa narrativa, temos uma descrição da origem do mundo a 
partir da vontade de Deus. Segundo o Gênesis, o Deus único 
produz o universo a partir do nada e gera também um ser 
especial, o ser humano, para reinar sobre os outros seres. Essa 
narrativa descreve também a origem do bem (a vontade de Deus) 
e do mal (desobediência humana) e estabelece as bases da ação 
moral. Além disso, ela descreve o surgimento de diferentes povos 
e culturas e estabelece a ideia de “povo escolhido”.
O mito de origem serve para dar uma resposta àqueles 
questionamentos mais fundamentais que nos afligem quando 
buscamos encontrar um sentido para a nossa própria existência: a 
origem do mundo e do ser humano, a vida e a morte, o bem e o 
mal, a saúde e a doença, a guerra e a paz, etc. É uma explicação 
que serve de fundamento para todas as outras explicações.
Além dos mitos de origem, há também mitos mais específicos, 
que servem para explicar fenômenos particulares, como os 
ventos, por exemplo, ou mesmo um acontecimento particular 
20
Universidade do Sul de Santa Catarina
como, por exemplo, a guerra de Troia. Em todas as suas 
variedades, o conhecimento mítico é uma resposta para 
tudo aquilo que é inexplicável, quando se utilizam apenas as 
experiências já acumuladas.
O conhecimento mítico possui algumas características e limitações 
que o diferenciam de outros tipos de conhecimento mais 
elaborados, disponíveis atualmente. Vejamos essas características:
 � O mito é uma representação alegórica da realidade, uma 
fantasia. Enquanto conhecimento da realidade, o mito 
não possui a intenção de ser uma explicação exata. Ao 
contrário, ele possui apenas uma significação simbólica. 
Dessa forma, o mito é uma ficção que serve de analogia 
para que se possa compreender a realidade.
 � O mito utiliza elementos sobrenaturais para explicar 
os fenômenos naturais. Ele se torna útil justamente 
quando não conseguimos dar uma explicação racional 
para os fatos do cotidiano. Quando temos necessidade de 
superar um problema cognitivo, o mito surge como uma 
estratégia eficaz, que consiste em empurrar o problema 
para fora do alcance das nossas angústias mais ordinárias. 
Querer saber por que está ventando é uma pretensão 
cognitiva legítima. Mas, se não houver nenhuma 
resposta convincente para essa questão, uma boa saída é 
afirmar simplesmente que o deus do vento está fazendo 
ventar. Por outro lado, querer saber por que o deus do 
vento está fazendo ventar já extrapola os limites das 
nossas pretensões cognitivas legítimas. O recurso ao 
sobrenatural é a saída mais fácil e eficaz sempre que se 
esgotam as possibilidades da explicação racional.
 � O mito é maleável. Embora tenha uma estrutura que 
se mantém mais ou menos inalterada, certos detalhes 
podem ser deixados de lado ou suprimidos, ou, ao 
contrário, podem ser supervalorizados, dependendo de 
cada situação ou da intenção de quem faz a narrativa. 
Além disso, como vai passando de geração a geração, 
o mito vai‑se modificando ao longo do tempo e 
adaptando‑se a novas situações.
21
História da Filosofia I
Unidade 1
 � O mito envolve uma carga muito grande de 
subjetividade. Já na sua origem, o mito é uma 
representação subjetiva e arbitrária, dado que ele precisa 
ser criado por alguém. Todo mito tem um autor, alguém 
que contou a estória pela primeira vez. É claro que, ao 
ser contada novamente por outra pessoa, essa estória 
vai ganhar novas nuanças. Cada novo narrador torna‑se 
co‑autor do mito. Cada um dá a sua contribuição 
subjetiva à narração.
 � Embora envolva uma grande dose de subjetividade, o 
mito é sempre um fenômeno cultural. Trata‑se de uma 
narrativa de domínio público e funciona como uma 
representação da verdade que é aceita, de forma implícita, 
por cada um dos membros da coletividade. O próprio 
fato da aceitação de um mito por um determinado 
indivíduo pode ser tomado como critério para a sua 
inclusão, ou não, em um determinado grupo social. 
A aceitação geral do mito, sem questionamentos, serve 
como um elemento que reforça a unidade de um povo.
Para que o mito possa alcançar plenamente a sua finalidade, 
é comum o encontrarmos, no processo civilizatório, 
associado a mecanismos de imposição social. Cada 
indivíduo, como membro de um grupo marcado por 
uma identidade cultural, deve aceitar como adequadas as 
explicações dadas pela tradição, sem questioná‑las.
Além disso, o mito possui vários mecanismos de convencimento. 
O principal é a educação. Para garantir que os mitos não 
se percam com o passar do tempo, eles são incorporados na 
formação das novas gerações. Assim, as crianças precisam 
conviver, desde pequenas, com as narrativas míticas. 
O conhecimento dos mitos e a capacidade de narrá‑los de forma 
completa e detalhada passam a constituir um dos sinais de 
refinamento cultural. 
Mas só a educação não é suficiente para garantir a aceitação 
universaldo mito. Por isso um segundo mecanismo de sua 
imposição social é a religião. É comum encontrarmos, nas 
sociedades mais antigas, a função de explicação dos fenômenos 
da realidade associada à função religiosa. Isso faz sentido 
na medida em que ambas fazem referência a elementos 
22
Universidade do Sul de Santa Catarina
sobrenaturais. Assim, traçar os limites entre mitologia e religião 
pode ser uma tarefa difícil ou mesmo impossível. 
Um terceiro mecanismo de imposição do mito é o poder 
político. Na maioria das civilizações, o poder político surge e 
se desenvolve intimamente associado ao poder religioso. Dessa 
forma, a aceitação geral e incondicional de certos mitos interessa 
ao Estado. Nesse sentido, o poder político se encarrega de 
estabelecer normas que obriguem a aceitação de certas versões de 
um mito em detrimento de outras versões e de outros mitos.
Atenção! 
Como você pode ver, o mito tem um papel 
fundamental no florescimento de uma cultura. Mas o 
conhecimento mítico tem muitas limitações também. 
Entre as limitações do conhecimento mítico, podemos destacar 
duas fundamentais: sua reduzida capacidade explicativa e sua 
restrita abrangência populacional.
A primeira grande limitação do mito é a falta de uma base 
concreta que sustente suas explicações. Como vimos, o 
conhecimento mítico é elaborado para suprir as carências 
do conhecimento empírico; trata‑se de uma explicação 
alegórica para aquilo que é inexplicável a partir dos dados 
da experiência. O mito é uma explicação forjada, sem 
compromisso com a verdade.
A outra grande limitação tem uma feição política. Todo mito é 
sempre fruto de uma cultura. E toda cultura tem seus mitos. Isso 
faz com que toda vez que ocorra um contato entre duas ou mais 
culturas, surja um conflito entre mitos. Quando o mito determina 
a compreensão da própria existência de um grupo social e da 
realidade que o cerca, um confronto entre mitos implica um 
conflito existencial para toda uma população. O choque entre 
mitos concorrentes coloca em risco a própria identidade cultural 
de um povo. Isso faz com que o diálogo intercultural torne‑se 
algo indesejável nas sociedades que se fundamentam sobre mitos, 
levando‑as ao fundamentalismo e à intolerância.
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História da Filosofia I
Unidade 1
Atenção! 
Como você pode ver, o mito possui qualidades e 
vantagens que seduzem o ser humano. Mas também 
apresenta desvantagens e riscos que não podem 
deixar de ser levados em consideração. 
Na Antiguidade mais remota, todas as grandes civilizações 
cresceram sustentadas pelos mitos. Entretanto, por volta do 
séc. VI a.C., uma civilização emergente, que até então se 
desenvolvera alicerçada nos mitos, vislumbrou um caminho 
diferente. Era a civilização grega que, devido a uma confluência 
de fatores históricos, geográficos e culturais, tornou‑se o berço da 
democracia, da filosofia e da ciência. Eles não sabiam, mas esse 
novo caminho mudaria a história da humanidade. 
É essa nova proposta civilizatória que nós veremos a partir da 
próxima seção. 
Seção 2 – Apogeu e declínio da mitologia grega
A mitologia grega formou‑se a partir da tradição oral popular. 
Para facilitar a memorização, as narrativas mitológicas 
eram transformadas em poemas, que se decoravam e eram 
costumeiramente recitados como entretenimento. Com o 
passar do tempo, surge na Grécia uma classe artística composta 
de aedos (poetas que recitavam suas próprias composições) e 
rapsodos (artistas que recitavam poemas de outros autores ou 
mesmo poemas de domínio público). As comemorações religiosas 
e cívicas costumavam ser abrilhantadas pela participação de 
aedos e rapsodos, alguns dos quais se tornaram personalidades 
ilustres da história grega.
24
Universidade do Sul de Santa Catarina
Homero
O mais famoso poeta grego foi Homero (séc. IX a.C.). 
Costuma‑se atribuir a ele a autoria de dois poemas épicos: 
a Ilíada e a Odisséia. Homero era cego e, talvez por isso, 
tenha desenvolvido a habilidade de memorização de forma 
tão extraordinária: a Ilíada é formada por 15.693 versos e a 
Odisséia, por 12.110. As apresentações de Homero consistiam 
em espetáculos que duravam vários dias e atraíam multidões. 
Homero tornou‑se um grande ídolo. Muitos poetas tentavam 
imitá‑lo. O público se esforçava em decorar pelo menos algumas 
dezenas de versos, para conferir se o poeta era capaz de repetir 
exatamente os mesmos versos em uma outra apresentação. 
Figura 1.1 - O poeta Homero 
Fonte: Portal dos professores, (2006).
O sucesso de Homero ajudou a difundir o dialeto que ele usava 
nos poemas, e isso foi decisivo para conferir certa unidade 
linguística à cultura grega. As histórias de deuses e heróis 
passaram a fazer parte do imaginário coletivo. A memorização 
dos versos mais famosos e a incorporação dos ideais neles 
contidos tornaram‑se a base da educação grega.
Mas qual era a concepção de mundo dos poemas 
de Homero?
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História da Filosofia I
Unidade 1
Os poemas de Homero relatam os feitos dos grandes 
heróis, seres extraordinários, de sangue nobre, notáveis 
por suas virtudes (areté) e que deveriam ser vistos como 
modelo para a ação humana. As virtudes desses heróis são 
a coragem, a força física, a habilidade no uso de armas, o 
poder de persuasão através do discurso e, principalmente, a 
lealdade. Para o herói das epopeias homéricas, a honra vale 
mais que a própria vida. E, em busca dessa honra, o herói 
deve esforçar‑se para se sobressair e para que seu nome seja 
lembrado por incontáveis gerações. O herói homérico é 
aquele que luta continuamente para superar em qualidades 
todos que o cercam e também para superar a si mesmo.
A ação do herói, no entanto, é limitada pelo destino e sofre 
constantemente a interferência dos deuses. O destino, uma vez 
traçado, não pode mais ser alterado. Além disso, o herói precisa 
compreender que, sem a ajuda dos deuses, ele se torna incapaz de 
alcançar seus objetivos. A pior desgraça na vida humana, mesmo 
para um herói, é o ódio dos deuses. Portanto o complemento 
necessário das virtudes do herói é a piedade (a devoção e o 
respeito aos deuses).
Hesíodo
Outro poeta fundamental para o desenvolvimento da 
mitologia grega foi Hesíodo (séc. VIII a.C.). Como aedo, 
Hesíodo tornou‑se famoso e reverenciado por toda a 
cultura grega. 
Em sua obra Teogonia (do grego theos: deus, e gonia: 
origem), Hesíodo faz uma compilação bastante completa 
da origem e genealogia dos deuses. Hesíodo sistematizou 
os antigos mitos da criação e organizou as relações entre 
deuses e heróis numa sequência lógica. A genealogia 
é composta por três gerações: a de Urano (céu), a de 
Cronos (tempo) e a de Zeus. 
Numa outra obra, Os Trabalhos e os Dias, Hesíodo situa a origem da 
humanidade em uma etapa da sucessão de raças em decadência: à 
raça de ouro seguem‑se as raças de prata, de bronze, a dos heróis e, 
Figura 1.2 - O poeta Hesíodo 
Fonte: Universidade Federal de Minas 
Gerais, [20??].
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Universidade do Sul de Santa Catarina
por fim, a raça de ferro, à qual nós próprios pertencemos. Assim, 
Hesíodo desqualifica a origem nobre como elemento fundamental 
da virtude. Se todos nós somos descendentes decaídos de raças 
mais elevadas, não é a origem familiar que nos torna melhores, ou 
piores. Dessa forma, Hesíodo nivela todos os seres humanos. Para 
ele, o que realmente nos diferencia é o esforço individual na busca 
da excelência. 
Em Hesíodo, a interferência dos deuses sobre a ação humana 
é minimizada. Embora os deuses tenham interferido nas 
ações das outras raças, inclusive nas ações dos heróis, nossa 
raça tornou‑se insignificante para eles e ficou entregue a 
si mesma. A busca da excelência (areté) através do esforço 
pessoal é a única forma de que o ser humano agora dispõe 
para fugir dos infortúnios da vida. Os deuses, embora 
existam e tenham poder para interferir na vida humana, 
distanciam‑se e passam a se preocupar consigo mesmos.
Essas duas inovações de Hesíodo, o nivelamento 
da espécie humana e o distanciamento dos deuses,formaram as bases ideológicas para o aparecimento 
da democracia e para a laicização da cultura grega. 
Seção 3 – A origem histórica da filosofia
A temática sobre as origens da filosofia é tão antiga 
como sua consolidação em forma de pensamento (tipo de 
conhecimento). Já, na Antiguidade, há o debate entre a tese 
orientalista e a ocidentalista.
A primeira defende que os gregos nada fizeram além de 
aperfeiçoar elementos do pensamento oriental. A segunda 
defende a tese do milagre grego, tomando a filosofia como uma 
criação puramente grega.
Laicização: processo de tornar 
laico ou de desvincular de 
conotações religiosas.
27
História da Filosofia I
Unidade 1
Esse debate perdurou até o final do século XIX, mudando com 
as novas descobertas arqueológicas do final do século XIX e 
início do século XX, com a confluência de novas pesquisas da 
linguística e da antropologia, particularmente quanto ao estudo 
da mentalidade primitiva ou arcaica.
Passa‑se, então, a procurar entender de que modo, num dado 
ambiente e em certas condições históricas, a mentalidade mítica 
foi dando lugar à mentalidade filosófico‑científica. Não se trata 
mais de pensar a filosofia como um milagre, no sentido religioso; 
tampouco pensá‑la como mero legado do Oriente. Certamente os 
gregos antigos desenvolveram o legado oriental e são devedores 
deste: a matemática e a astronomia constituem bons exemplos 
disso. Contudo muitos historiadores contemporâneos defendem 
que a filosofia, enquanto uma forma de pensamento, uma 
teorização, é uma invenção grega.
Jean‑Paul Vernant, um helenista, defende ter sido uma série 
de condições sociopolíticas que levaram a essa mudança de 
mentalidade. Marilena Chaui (2000a, p. 31‑32), em parte, 
fundamentando‑se neste helenista, resume essas condições:
Helenista: estudioso que 
se dedica a investigar a 
história e a cultura da 
Grécia antiga.
 � As viagens marítimas, que permitiram aos gregos descobrir 
que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, 
titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres 
humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam 
habitados por monstros e seres fabulosos não possuíam 
nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram 
o desencantamento ou a desmistificação do mundo, que 
passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem, 
explicação que o mito já não podia oferecer.
 � A invenção do calendário, que é uma forma de calcular 
o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os 
fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, 
uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção 
do tempo como algo natural e não como um poder 
divino incompreensível.
 � A invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca 
que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos 
concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, 
uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas 
diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de 
abstração e de generalização.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
 � O surgimento da vida urbana, com predomínio do comércio 
e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de 
fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias 
da aristocracia proprietária de terras, por quem e para 
quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de 
uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar 
pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho 
poderio da aristocracia de terras e de sangue (as linhagens 
constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o 
prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos 
conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a Filosofia 
poderia surgir.
 � A invenção da escrita alfabética, que, como a do calendário 
e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de 
abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética 
ou fonética, diferentemente de outras escritas ‑‑ como por 
exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos 
chineses ‑‑ , supõe que não se represente uma imagem da 
coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se 
pensa e se transcreve.
 � A invenção da política, que introduz três aspectos novos e 
decisivos para o nascimento da Filosofia:
1. A ideia da lei como expressão da vontade de uma 
coletividade humana que decide por si mesma o que 
é melhor para si e como ela definirá suas relações 
internas. O aspecto legislado e regulado da cidade – da 
pólis – servirá de modelo para a Filosofia propor o 
aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como 
um mundo racional.
2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um 
novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele 
que era proferido pelo mito. Nesse, um poeta‑vidente, 
que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa 
Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta) uma 
iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, 
dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses a 
que eles deveriam obedecer. Agora, com a pólis, isto 
é, a cidade política [cidade‑estado], surge a palavra 
como direito de cada cidadão de emitir em público sua 
opinião, discuti‑la com os outros, persuadi‑los a tomar 
uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o 
discurso político como a palavra humana compartilhada, 
como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, 
como decisão racional e exposição dos motivos ou das 
razões para fazer ou não fazer alguma coisa. A política, 
valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a 
persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento 
racional e criou condições para que surgisse o discurso ou 
a palavra filosófica.
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História da Filosofia I
Unidade 1
3. A política estimula um pensamento e um discurso 
que não procuram ser formulados por seitas secretas 
dos iniciados em mistérios sagrados, mas que 
procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, 
transmitidos, comunicados e discutidos. A ideia de 
um pensamento que todos podem compreender e 
discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é 
fundamental para a Filosofia.
Fonte: Centro de Filosofia e Ciências Humanas, (2008).
Essa passagem de uma narrativa mítica (caracterizada por 
um discurso sacralizante, que busca dar conta das origens, 
não como produto de um ser humano transformador, mas 
de uma divindade [ou divindades], que traça [ou traçam] o 
destino dos seres humanos) para uma narrativa centrada na 
racionalidade – o lógos – não se deu repentinamente, e muitos 
elementos que encontramos nos primeiros filósofos – os 
pré‑socráticos – ainda carregam aspectos míticos. 
Seção 4 – Noções fundamentais da mentalidade 
filosófica 
De acordo com Danilo Marcondes (2001, p. 22‑27), algumas 
noções são fundamentais para entendermos a diferenciação entre 
o pensamento mítico e o filosófico‑científico. São elas: a physis, a 
causalidade, a arqué (ou arkhé), o cosmo, o lógos e o caráter crítico. 
Veja‑as em detalhes, na sequência. 
1 – A physis
Esta palavra grega pode ser traduzida por natureza, entendendo esta 
em, pelo menos, três sentidos, conforme Chaui (2000b, p. 257): 
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Universidade do Sul de Santa Catarina
1) processo de nascimento, surgimento, crescimento 
(sentido derivado do verbo phýomai); 2) disposição 
espontânea e natureza própria de um ser; características 
naturais e essenciais de um ser; aquilo que constitui 
a natureza de um ser; 3) força originária criadora 
de todos os seres, responsável pelo surgimento, 
transformação e perecimento deles. Physis é o 
fundo inesgotável de onde vem o Kósmos; e é fundo 
perene para onde regressam todas as coisas, a 
realidade primeira e última de todas as coisas.
Assim, a physis é o mundo natural, a totalidade dos entes, a 
totalidade daquilo que é.
2 – A causalidade
Esta totalidade, reforça Marcondes (2001, p. 24‑25), é 
engendrada (produzida) por uma relação de causa e efeito. 
A característica central da explicação da natureza 
pelos primeiros filósofos é, portanto, o apelo à noção 
de causalidade,interpretada em termos puramente 
naturais. O estabelecimento de uma conexão causal 
entre determinados fenômenos naturais constitui assim 
a forma básica da explicação científica e é, em grande 
parte, por esse motivo que consideramos as primeiras 
tentativas de elaboração de teorias sobre o real como o 
início do pensamento científico. Explicar é relacionar um 
efeito a uma causa que o antecede e determina. Explicar 
é, portanto, reconstruir o nexo causal existente entre os 
fenômenos da natureza, é tomar um fenômeno como 
efeito de uma causa. É a existência desse nexo que torna a 
realidade inteligível e nos permite considerá‑la como tal. 
 
É importante, entretanto, que o nexo causal se dê entre 
fenômenos naturais. Isto porque podemos considerar 
que o pensamento mítico também estabelece explicações 
causais. Assim, na narrativa da guerra de Tróia na Ilíada 
de Homero, vemos os deuses tomar o partido dos gregos 
e dos troianos e influenciar os acontecimentos em favor 
destes ou daqueles, portanto, fenômenos humanos e 
naturais têm nesse caso causas sobrenaturais. Trata‑se de 
uma explicação causal, porém dada através da referência 
31
História da Filosofia I
Unidade 1
a causas sobrenaturais. É por isso que o que distingue a 
explicação filosófico‑cientí fica da mítica é a referência 
apenas a causas naturais. 
A explicação causal possui, entretanto, um caráter 
regressivo. Ou seja, explicamos sempre uma coisa por 
outra e há assim a possibilidade de se ir buscando uma 
causa anterior, mais básica, até o infinito. Cada fenômeno 
poderia ser tomado como efeito de uma nova causa, que 
por sua vez seria efeito de uma causa anterior, e assim 
sucessivamente, em um processo sem fim. Isso, contudo, 
invalidaria o próprio sentido da explicação, pois, mais 
uma vez a explicação levaria ao inexplicável, a um misté‑
rio, portanto, tal como no pensamento mítico.
Para evitar que isso aconteça, surge a necessidade de se 
estabelecer uma causa primeira, um primeiro princípio, ou 
conjunto de princípios, que sirva de ponto de partida para todo o 
processo racional. É aí que encontramos a noção de arqué.
3 – Arqué (ou arkhé)
A arqué é o princípio originário. Tem também o sentido de 
comando e, como aponta Marcondes (2001, p. 25‑26), serve para 
resolver o problema da causalidade ao infinito. 
A importância da noção de arqué está exatamente na 
tentativa por parte desses filósofos de apresentar uma 
explicação da realidade em um sentido mais profundo, 
estabelecendo um princípio básico que permeie toda a 
realidade, que de certa forma a unifique, e que ao mesmo 
tempo seja um elemento natural. Tal princípio daria 
precisamente o caráter geral a esse tipo de explicação, 
permitindo considerá‑la como inaugurando a ciência. 
Mais à frente você verá como a arkhé foi tratada por cada um dos 
filósofos originários – os pré‑socráticos.
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4 – O cosmo
Em grego, cosmo significa ordenado, ornado. Tendo presente 
essas acepções, podemos entender o cosmo como belo – logo, 
um princípio, também, estético –, pois o que é bem ordenado, 
harmônico, é belo e justo. Nesse sentido, diz Marcondes (2001, 
p. 26) que
O cosmo é assim o mundo natural, bem como o espaço 
celeste, enquanto realidade ordenada de acordo com 
certos princípios racionais. A idéia básica de cosmo é, 
portanto, a de uma ordenação racional, uma ordem 
hierárquica, em que certos elementos são mais básicos, 
e que se constitui de forma determinada, tendo a 
causalidade como lei principal. O cosmo, entendido 
assim como ordem, opõe‑se ao caos ( , que seria 
precisamente a falta de ordem, o estado da matéria 
anterior à sua organização. É importante notar que 
a ordem do cosmo é uma ordem racional, “razão” 
significando aí exatamente a existência de princípios e leis 
que regem, organizam essa realidade. É a racionalidade 
deste mundo que o torna compreensível, por sua vez, ao 
entendimento humano. É porque há na concepção grega 
o pressuposto de uma correspondência entre a razão 
humana e a racionalidade do real – o cosmo – que este 
real pode ser compreendido, pode‑se fazer ciência, isto 
é, pode‑se tentar explicá‑lo teoricamente. Daí se origina 
o termo “cosmologia”, como explicação dos processos e 
fenômenos naturais e como teoria geral sobre a natureza 
e fundamento do universo.
5 – O lógos
Lógos, a principal noção filosófica, pode ser traduzida por 
palavra, discurso, “razão”. É a narrativa explicativa, a qual supõe 
encadeamento de juízos de forma coerente e o estabelecimento 
das relações de causa e efeito racionalmente. Nesse sentido, 
difere‑se de mythos – o discurso mítico, dos poetas, pois, neste, 
certos princípios lógicos não são necessários. Para reforçar tudo 
isso, tomemos Marcondes (2001, p. 26‑27) novamente:
No geral, para os gregos 
antigos, certos conceitos têm 
concomitantemente um sentido 
estético, ético, utilitário e 
ontológico. Mesmo assim, cabe 
salientar que, nos pensadores 
originários – os pré-socráticos 
-, a relação entre ética e estética 
ainda não está totalmente 
consolidada. É a partir de Sócrates, 
particularmente como a noção de 
kalokagathia – ser belo e bom – que 
isso se consolidará. Contudo esse 
aspecto em particular será tema 
de outra disciplina: a Estética.
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História da Filosofia I
Unidade 1
O lógos é fundamentalmente uma explicação, em que 
razões são dadas. É nesse sentido que o discurso dos 
primeiros filósofos, que explica o real por meio de causas 
naturais, é um lógos. Essas razões são fruto não de uma 
inspiração ou de uma revelação, mas simplesmente 
do pensamento humano aplicado ao entendimento da 
natureza. O lógos. É, portanto, o discurso racional, 
argumentativo, em que as explicações são justificadas e 
estão sujeitas à crítica e à discussão (ver tópico seguinte). 
Daí deriva, por exemplo, o nosso termo “lógica”. Porém, 
o próprio Heráclito caracteriza a realidade como tendo 
um lógos, ou seja, uma racionalidade (ver o conceito de 
cosmo acima) que seria captada pela razão humana. 
Portanto um dos pressupostos básicos da visão dos 
primeiros filósofos é a correspondência entre a razão 
humana e a racionalidade do real, o que tornaria possível 
um discurso racional sobre o real.
6 – O caráter crítico
Essa é a verdadeira essência da atitude filosófica. Diferente das 
noções anteriores, que são teóricas, essa é uma noção prática, 
relacionada à atitude necessária para que se possa pensar 
filosoficamente. Baseado em Popper, Marcondes (2001, p. 27) 
descreve assim essa noção:
Um dos aspectos mais fundamentais do saber que 
se constitui nessas primeiras escolas de pensamento, 
sobretudo na escola jônica, é seu caráter crítico. Isto é, 
as teorias aí formuladas não o eram de forma dogmática, 
não eram apresentadas como verdades absolutas e 
definitivas, mas como passíveis de serem discutidas, de 
susci tarem divergências e discordâncias, de permitirem 
formulações e propostas alterna tivas. Como se trata de 
construções do pensamento humano, de idéias de um 
filósofo – e não de verdades reveladas, de caráter divino 
ou sobrenatural –, estão sempre abertas à discussão, 
à reformulação, a correções. O que pode ser ilustrado 
pelo fato de que, na escola de Mileto, os dois principais 
seguidores de Tales, Anaxímenes e Anaximandro, 
não aceitaram a idéia do mestre de que a água seria o 
elemento pri mordial, postulando outros elementos, 
respectivamente o ar e o apeiron, como tendo esta função. 
Isso pode ser tomado como sinal de que nessa escola 
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filosófica o debate, a divergência e a formulação de 
novas hipóteses eram estimulados. A única exigência era 
que as propostas divergentes pudessem ser justificadas, 
explicadas e fundamen tadas por seus autores, e que 
pudessem, por sua vez, ser submetidas à crítica.
Síntese
Entre os séculos X e VI a.C., os gregos antigos inventaram uma 
forma original de explicar a realidade. Essa nova forma de pensar 
se caracteriza por uma valorização do ser humanoenquanto 
parâmetro para compreender o universo, e se opõe às explicações 
baseadas em decisões divinas e em forças sobrenaturais. 
Uma série de condições sociopolíticas contribuíram 
para o desenvolvimento dessa nova mentalidade. 
Entre elas, podemos destacar as viagens marítimas, o 
surgimento da vida urbana e a invenção do calendário, 
da moeda, da escrita alfabética e da política.
Essa passagem de uma mentalidade mítica para uma mentalidade 
centrada na racionalidade ocorreu de forma lenta e gradual. 
Mas, a partir do séc. VI a.C., já é possível identificar algumas 
noções fundamentais da mentalidade filosófica: a physis, a 
causalidade, a arqué, o cosmo, o lógos e o caráter crítico.
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História da Filosofia I
Unidade 1
Atividades de autoavaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. 
O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas se esforce para 
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará 
promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.
1) Em relação às condições sociopolíticas que levaram ao declínio da 
mentalidade mítica e ao surgimento da mentalidade filosófica, numere 
a 2ª coluna de acordo com a 1ª (alguns números se repetem):
1. Viagens marítimas
2. Invenção do 
calendário
3. Invenção da moeda
4. Surgimento da vida 
urbana
5. Invenção da escrita 
alfabética
6. Invenção da política
a) ( ) Produz uma capacidade de abstração 
nova, tornando a percepção 
do tempo como algo natural, e 
não como um poder divino.
b) ( ) Estimula uma nova formulação das 
explicações, que seja acessível à 
compreensão de todos, e não mais 
apenas de uma minoria de iniciados.
c) ( ) Produz o desencantamento e a 
desmistificação do mundo.
d) ( ) Faz aparecer um novo tipo de 
discurso, fundado no diálogo, na 
discussão e na persuasão, diferente 
daquele que era proferido pelo 
mito e que pretendia ter sua origem 
em uma revelação sobrenatural.
e) ( ) Produz mudanças econômicas e sociais 
como a valorização do comércio e do 
artesanato e a diminuição do prestígio 
da aristocracia proprietária de terras, 
para quem os mitos foram criados.
f) ( ) Revela uma nova capacidade de 
abstração e de generalização, 
que permite comparar coisas 
totalmente diferentes.
g) ( ) Introduz a ideia de lei como 
expressão da vontade humana.
h) ( ) Revela o crescimento da 
capacidade de abstração e de 
generalização, uma vez que permite 
representar ideias abstratas.
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2) A invenção da filosofia na Grécia antiga representou o surgimento de 
uma nova forma de pensar. Isso não significa que as outras formas 
desapareceram totalmente. Ao contrário, até hoje encontramos formas 
de compreender e explicar a realidade que são amplamente difundidas 
e que não se enquadram nas exigências que caracterizam a filosofia. 
Um bom exemplo disso é a religião. O Livro Gênesis (1º livro da Bíblia), 
por exemplo, narra a origem do mundo e da humanidade, e o faz de 
uma forma totalmente diferente da forma filosófica. Propomos, então, 
que você identifique essa diferença, seguindo este roteiro:
a) identifique as noções fundamentais da mentalidade filosófica;
b) leia a parte inicial do Gênesis (Basta ler o capítulo 1. Caso você não 
tenha uma Bíblia, consulte o e‑book respectivo, disponível na Internet, 
e acessível por seu buscador e navegador preferido);
c) verifique, uma a uma, se as noções fundamentais da mentalidade 
filosófica estão contempladas no texto bíblico. 
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3) Vamos aprender grego?
Escreva a palavra grega que corresponde a cada um dos vocábulos 
abaixo:
a) origem; elemento primordial: _______________
b) natureza: _______________
c) razão: _______________
d) cidade‑Estado: _______________
e) virtude/excelência: _______________
f) ordenado [aquilo que está em ordem]: _______________
g) desordenado: _______________
Saiba mais
Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade, 
consultando as seguintes referências:
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: 
dos pré‑socráticos a Wittgenstein. 6. ed. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 2001. 
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000a.
CHAUI, Marilena. Introdução à história da filosofia. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2000b.

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