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Efeito dos agentes tóxicos no homem e no ambiente de trabalho

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DESCRIÇÃO
A toxicologia como ferramenta de avaliação e prevenção de riscos associados à saúde do
trabalhador.
PROPÓSITO
Compreender a importância da toxicologia para a avaliação dos efeitos nocivos causados pelas
substâncias químicas presentes no ambiente ocupacional é fundamental no contexto da
segurança do trabalho, pois serve como uma ferramenta de controle dos fatores de risco e
prevenção de intoxicação, permitindo um ambiente de trabalho saudável.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os efeitos adversos mais comuns associados à exposição às substâncias tóxicas
no ambiente laboral
MÓDULO 2
Identificar os agentes químicos e as principais características de substâncias químicas de
interesse ocupacional
MÓDULO 3
Descrever as principais ferramentas de identificação e reconhecimento de riscos de acidentes
ocupacionais
INTRODUÇÃO
O crescimento da indústria e o aumento do uso de produtos químicos faz com que qualquer
tipo de ocupação trabalhista não esteja completamente livre de exposição. Existem diversas
substâncias que são capazes de produzir efeitos nocivos para a saúde e, nesse sentido, a
toxicologia ocupacional se preocupa com os efeitos para a saúde provocados pela exposição a
produtos tóxicos no local de trabalho. Esse ramo da toxicologia busca identificar, quantificar,
avaliar e controlar a utilização de substâncias químicas que possam causar doenças
ocupacionais e problemas ambientais, com os objetivos de prevenir danos à saúde do
trabalhador e tornar o ambiente de trabalho seguro.
Neste conteúdo, vamos conhecer um assunto de grande relevância para a saúde e a
segurança no ambiente de trabalho. Para alcançarmos os objetivos, abordaremos algumas
características das substâncias químicas e dos efeitos tóxicos ao organismo provocados por
elas, o que é fundamental para identificar e reconhecer riscos de acidentes no ambiente de
trabalho. Além disso, vamos estudar os aspectos toxicológicos e a avaliação de riscos à
exposição a substâncias de interesse ocupacional e compreender os limites de tolerâncias para
a determinação de segurança de uso.
MÓDULO 1
 Reconhecer os efeitos adversos mais comuns associados à exposição às
substâncias tóxicas no ambiente laboral
Os trabalhadores estão expostos a diversos compostos, o que é conhecido como exposição
ocupacional. Na maioria das vezes, as exposições ocupacionais que causam doenças nos
trabalhadores são crônicas. As exposições agudas nos locais de trabalho normalmente
acontecem em casos de acidentes, quando ocorrem vazamentos, por exemplo.
O contato desses agentes tóxicos com o organismo pode ocasionar efeitos prejudiciais, os
quais são denominados adversos ou tóxicos. Em outras palavras, um efeito adverso é uma
alteração anormal, indesejável ou prejudicial ocorrida após a exposição às substâncias
potencialmente tóxicas. Existem diferentes tipos de efeitos adversos possíveis. Órgãos
específicos podem ser afetados por determinada substância, ou várias partes do corpo podem
ser acometidas simultaneamente. Veja na imagem a seguir alguns efeitos locais e sistêmicos
ocasionados por substâncias perigosas:
Imagem: Shutterstock.com e Pixabay, Adaptada por Rossana Ramos
 Efeitos locais e sistêmicos provocados por substâncias perigosas.
A seguir, vamos discutir os efeitos adversos mais comumente observados em exposições
ocupacionais.
EFEITOS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO
A principal função do sistema respiratório é capturar o oxigênio necessário para as células do
corpo e eliminar o gás carbônico. Observe na imagem a seguir a representação do sistema
respiratório.
Imagem: Caroline de Lima Mota.
 Representação do sistema respiratório.
A exposição por meio da inalação é uma via muito importante, em especial no ambiente de
trabalho. Os agentes tóxicos que entram no pulmão podem também exercer um efeito direto
em suas células ou serem absorvidos pelo sistema circulatório. Dessa forma, a exposição por
meio da inalação pode afetar o tecido pulmonar e órgãos distantes, que são atingidos após a
substância entrar no organismo.
As substâncias tóxicas presentes no ar podem causar danos nas células desde as narinas até
a região das trocas gasosas (alvéolos). As partículas pequenas são difíceis de serem
eliminadas e podem se alojar nos pulmões, onde poderão provocar graves problemas
respiratórios.
 EXEMPLO
Várias substâncias presentes em meio ocupacional podem provocar doenças, como, por
exemplo, a asma ocupacional, caracterizada por crises de falta de ar devido ao estreitamento
dos brônquios. Materiais associados ao desenvolvimento da asma são proteínas de animais e
plantas, substâncias utilizadas em tintas em spray , espumas e adesivos dentre outras.
PNEUMOCONIOSE
A pneumoconiose é a representação clássica de doença que afeta os pulmões provocada
pela inalação de partículas de poeira em ambiente ocupacional. Os sinais e sintomas variam de
acordo com o agente causador, podendo ser assintomáticos ou sintomáticos, apresentar
sintomas como tosse, dispneia (Falta de ar) , fadiga, disfunção respiratória,
bronquite (Inflamação dos brônquios) , enfisema pulmonar (Perda de elasticidade dos
pulmões) etc. As principais pneumoconioses são:
SILICOSE
Causada pela exposição à sílica, presente em diversos processos industriais como na
marmoraria, lapidação e corte de pedras, jateamento, moagem, britagem, pedreiras, cerâmica,
vidros, matéria-prima em indústrias que utilizam material contendo sílica (quartzo, granito,
argila) etc. É uma doença caracterizada pela formação de tecido conjuntivo fibroso no pulmão,
chamada de fibrose, que diminui a elasticidade pulmonar e prejudica as trocas gasosas. O
adoecimento por silicose propicia o aumento do risco de câncer pulmonar e de doenças
autoimunes.
ASBESTOSE
Caracterizada pela deposição das fibras de amianto (ou asbesto) nos pulmões, provocando
fibrose. É causada pela inalação das fibras de amianto utilizado na construção civil e
empregado em telhas de amianto, caixas d’água, tubos para canalizações, dutos, materiais de
vedação e isolamento térmico. A contaminação do ar é uma grande preocupação e levou ao
banimento do uso do amianto em diversos países. O amianto é cancerígeno para os seres
humanos e não há níveis seguros para a exposição. Outras doenças por exposição a asbesto
incluem câncer de pulmão e mesotelioma. Um longo período de exposição é necessário para
o desenvolvimento da asbestose.
PNEUMOCONIOSE DOS TRABALHADORES DO
CARVÃO (PTC)
Também conhecida como pneumoconiose dos carvoeiros ou doença do pulmão negro, é uma
doença pulmonar causada pela inalação de pó de carvão durante muitos anos (geralmente
mais de 10 anos). Esta doença ocorre principalmente em trabalhadores da mineração, na
produção ou uso de grafite, carbono e seus derivados. Outras doenças estão relacionadas à
PTC, como a bronquite crônica, o enfisema pulmonar e a fibrose maciça progressiva, na qual
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se formam cicatrizes extensas nos pulmões (no mínimo 1,5 cm de diâmetro) que prejudicam o
tecido pulmonar e os vasos sanguíneos dos pulmões.
OUTROS TIPOS DE PNEUMOCONIOSES
DOENÇA CRÔNICA POR EXPOSIÇÃO AO BERÍLIO
BISSINOSE
SIDEROSE
DOENÇA CRÔNICA POR EXPOSIÇÃO AO BERÍLIO
Em que há inalação constante de pó ou gases de berílio (mineração, produção de ligas de
berílio, usinagem de ligas metálicas, aparelhos eletrônicos, telecomunicação, indústria
automotiva, reciclagem de resíduos de metal, computador e aparelhos eletrônicos).
BISSINOSE
Caracterizada pela inalação de poeira das fibras de algodão, linho ou cânhamo (atividades
relacionadas ao processamento e manuseio dessas fibras).
SIDEROSE
Em que há exposição a poeira contendo partículas de ferro (mineração de hematita, magnetita,
limonita e siderita, manipulação de esmeril, na siderurgia e na metalurgia, fabricação de aços,
fundições de ferro e de outras ligas que o contenham, e principalmente, o processo de
soldagem).
Para conhecer o histórico de utilização, fontes de exposição e principais efeitosà saúde
relacionados à exposição ao amianto, assista ao vídeo a seguir.
AMIANTO: HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO,
FONTES DE EXPOSIÇÃO E PRINCIPAIS
EFEITOS À SAÚDE.
EFEITOS NO SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso é dividido em central (SNC) e periférico (SNP):
O SNC é composto pelo cérebro e medula espinhal.
O SNP é uma estrutura nervosa externa ao SNC, que conduz os impulsos ao cérebro.
O corpo recebe estímulos (como toque, som, luz, dor, frio, calor) que são fornecidos para o
sistema nervoso pelos receptores. A unidade funcional do sistema nervoso é o neurônio, uma
célula altamente especializada que conduz ou transmite mensagens (impulsos nervosos) de
uma parte a outra do corpo. Diferentemente de outros tipos celulares, os neurônios não se
reproduzem. Portanto, quando um neurônio é destruído, não é substituído, o que torna o
sistema neuronal vulnerável.
Imagem: Caroline de Lima Mota.
 Ilustração esquemática de um neurônio.
MESOTELIOMA
Tipo raro de câncer na pleura, membrana que reveste os pulmões e o interior da parede
torácica.
O mercúrio é um exemplo de substância que pode causar toxicidade aos neurônios. Um
caso muito conhecido aconteceu na Inglaterra, em 1902, onde trabalhadores de uma fábrica
eram expostos ao nitrato de mercúrio utilizado no processo de feltração, nas oficinas de
confecção de chapéus. Eles apresentaram uma síndrome caracterizada por movimentos
involuntários dos músculos da face e das extremidades e distúrbios psiquiátricos.
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FELTRAÇÃO
Feltração ou feltragem é o processo na estabilização de fibras de lã por meio de
prensagem, adensamento ou pressionamento.
 VOCÊ SABIA
A intoxicação por origem ocupacional é bem ilustrada pelo personagem “Chapeleiro Louco”,
do livro Alice no País das Maravilhas. Os trabalhadores expostos ao nitrato de mercúrio
utilizado na feltração apresentaram a doença, que ficou conhecida como “loucura dos
chapeleiros”, origem da expressão “mad as a hatter”; ou seja, louco como um chapeleiro.
Diversos tipos de ocupações envolvem o mercúrio, como as indústrias de cloro-álcalis,
produção de lâmpadas fluorescentes, baterias, materiais odontológicos. Sendo assim,
trabalhadores desses setores sofrem o risco de exposição a essa substância.
Outra substância neurotóxica é o chumbo, presente em muitas atividades industriais como
automobilísticas, de tintas e estabilizantes para plásticos, produção de cerâmicas e de baterias,
soldagem e petrolífera. As principais vias de absorção são respiratória e gastrointestinal, e o
chumbo absorvido se deposita nos ossos, dentes, cérebro, fígado, rins e medula óssea. O
nome dado à doença causada pela intoxicação pelo chumbo é saturnismo. Os sintomas dessa
doença são inespecíficos (podem aparecer em outras doenças) e incluem náuseas, vômitos,
dor abdominal, fadiga e irritabilidade, além de manifestações neurológicas, alterações
hematológicas (ex.: anemia) e mau funcionamento dos rins.
EFEITOS NO SISTEMA IMUNOLÓGICO
O sistema imunológico é a defesa que protege o organismo de moléculas “estranhas” –
chamadas de antígenos – e neutraliza ou elimina organismos invasores como vírus, bactérias,
células tumorais, e agentes ambientais. Os neutrófilos, macrófagos e linfócitos são algumas
das células importantes que compõem o sistema imune.
Imagem: KLAASSEN; WATKINS e CASARETT (2010, p. 165).
 Componentes do sistema imune.
As substâncias que afetam o sistema imune são chamadas de imunotoxinas. Os efeitos
adversos mais comuns são:
IMUNOSSUPRESSÃO
HIPERSENSIBILIBIDADE
AUTOIMUNIDADE
IMUNOSSUPRESSÃO
Caracterizada pela inibição (não funcionamento) do sistema imunológico, o que aumenta a
susceptibilidade do organismo a infecções. Pode ser causada por diversos agentes químicos e
físicos como radiação ultravioleta, chumbo, mercúrio, cádmio, pesticidas, asbestos, sílica,
fumaça de cigarro, micotoxinas, dentre outros. Outras substâncias que podem causar
imunossupressão são as bifenilas policloradas (PBBs), empregadas há muitos anos em
diversos setores industriais, como os de plastificantes, adesivos, transformadores elétricos,
fluídos hidráulicos, pesticidas etc.
HIPERSENSIBILIBIDADE
São as alergias, uma resposta imunológica exagerada do corpo após a exposição a uma
substância estranha em indivíduos previamente sensibilizados ou que tenham uma
predisposição genética. Entre as manifestações clínicas estão: febre, asma, dermatite de
contato (alergia de pele, que resulta em erupção cutânea, inchaço, formação de bolhas e
coceira na pele). Entre as substâncias que podem causar alergias estão: poliisocianatos e
diisocianatos de toluenos (usados na produção de adesivos e revestimentos); anidridos ácidos
inalados (utilizados na produção de tintas, vernizes, revestimentos, seladoras); cobre, platina,
níquel, cromo, cobalto, que são responsáveis pela hipersensibilidade pulmonar e de contato;
látex, utilizado em mais de 40 mil produtos desde balões até luvas cirúrgicas; formaldeído,
presente em indústrias cosméticas e têxteis, de móveis e de resinas.
AUTOIMUNIDADE
O sistema imune perde a capacidade de fazer distinção entre suas próprias células e células
estranhas, e ataca a si próprio, resultando em danos nos tecidos. Algumas substâncias
associadas com doenças autoimunes são certos pesticidas, cloreto de vinila, mercúrio e sílica.
EFEITOS HEPÁTICOS
O fígado possui várias funções e está envolvido:
Na digestão

No metabolismo

Na síntese de nutrientes e detoxificação de drogas e substâncias químicas
Esse órgão recebe e processa substâncias absorvidas pelo trato gastrointestinal para que
sejam distribuídas aos tecidos. O fígado é o primeiro local de metabolização da gordura e fonte
de glicogênio, que é revertido em energia quando necessário. Ele ainda produz bile, colesterol
e proteínas responsáveis pela coagulação e a albumina.
Imagem: Caroline de Lima Mota.
 Ilustração esquemática do fígado.
Além disso, o fígado é o principal órgão no qual as substâncias químicas são
biotransformadas e, por fim, excretadas. As substâncias tóxicas podem sofrer um processo
de desintoxicação no fígado (biotransformação), produzindo metabólitos que, em geral, são
muito menos tóxicos aos humanos do que a substância original e mais solúvel em água e,
portanto, mais fáceis de serem excretados.
Como consequência dessa função de biotransformação exercida pelo fígado, as células do
fígado (também chamadas de células hepáticas ou hepatócitos) estão expostas a
concentrações significativas dessas substâncias tóxicas, que podem resultar em disfunção
hepática, dano celular e até falência do órgão. A magnitude do dano depende da intensidade
da ação, do tipo de células afetadas e se a exposição foi aguda ou crônica.
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Um exemplo de dano ao fígado pode ser caracterizado pelo acúmulo de gordura (esteatose),
que pode ter como origem distúrbios no metabolismo de lipídeos. A esteatose, uma resposta de
exposição aguda às substâncias hepatotóxicas, geralmente é reversível e não provoca morte
dos hepatócitos. Ela tem entre suas causas o excesso de ingestão de bebidas alcoólicas,
hepatites, uso de anabolizantes, e exposição de trabalhadores da indústria a produtos químicos
tóxicos para o fígado.
SUBSTÂNCIAS HEPATOTÓXICAS
Substâncias que podem causar danos ao fígado.
BIOTRANSFORMADAS
A biotransformação é o processo pelo qual fármacos, nutrientes, toxinas e outras
substâncias exógenas são modificadas por meio de reações químicas, muitas vezes
promovidas por enzimas. Apesar de serem estruturalmente semelhantes, substâncias
biotransformadas apresentam características químicas diferentes daquelas que lhes
deram origem e são chamadas de metabólitos.
DISFUNÇÃO HEPÁTICA
Funcionamento anormal ou prejudicado do fígado.
Outros danos ao fígado que podem ser resultado da exposição a diversos agentes são a
fibrose e a cirrose.
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Fibrose
Em exposições crônicas a substâncias químicas, as células do fígado são destruídas e
substituídaspor um tecido fibroso. A fibrose é caracterizada por esse acúmulo de fibras de
colágeno como resposta a um dano direto ou a uma inflamação.

Cirrose
Quando essa alteração é difusa, designa-se um quadro de cirrose e o fígado tem uma
capacidade mínima de realizar suas funções. A cirrose é uma doença crônica irreversível,
resultado do consumo crônico de álcool, de hepatite viral ou de exposição a agentes químicos.
Outra manifestação hepática decorrente da exposição a substâncias são as neoplasias,
observadas em exposições ao arsênio, cloreto de vinila, solventes, bifenilas policloradas
(PCBs), radiação ionizante. Essas são típicas de ocupações como mecânico de veículos
de motor, operador de indústria química, bem como de trabalhadores rurais.
EFEITOS NO SISTEMA CARDIOVASCULAR
O sistema cardiovascular é formado pelo coração, responsável pelo bombeamento do sangue
e vasos sanguíneos (artérias, veias e capilares).
Imagem: KLAASSEN; WATKINS; CASARETT (2010, p. 250).
 Esquema ilustrando a anatomia básica do coração.
O sistema circulatório promove a circulação do sangue e o transporte de nutrientes, gases
respiratórios, hormônios e metabólitos. Também é responsável pela regulação da temperatura
corporal e manutenção do pH celular e tecidual.
Além dos fatores de risco muito conhecidos para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, como sedentarismo, tabagismo, etilismo, estresse, dieta, histórico familiar de
doenças cardiovasculares e colesterol alto, outras substâncias também estão relacionadas.
Entre elas estão substâncias de origem natural (esteroides e hormônios relacionados), toxinas
animais e vegetais (como veneno de cobra, aranha, escorpião) e agentes industriais, como
solventes, hidrocarbonetos halogenados, cetonas e metais pesados.
As doenças cardiovasculares caracterizam-se por alterações no sistema cardiovascular que
interferem no transporte de oxigênio e nutrientes às células.
 VOCÊ SABIA
Essas doenças representam a principal causa de morte da população adulta e são
responsáveis, no Brasil, por um alto número de pedidos de aposentadoria precoce.
Um exemplo são trabalhadores expostos ao chumbo carregado pelo ar presente em atividades
de mineração, fábrica de baterias, indústria cerâmica e fundições. É observado que uma
grande porcentagem de pessoas que exercem atividades nesses locais apresenta hipertensão
arterial e têm taxas de chumbo no corpo aumentadas.
Outros metais relacionados a doenças cardiovasculares são o mercúrio (presente nas
indústrias de cloro-álcalis, na produção de lâmpadas fluorescentes, baterias, equipamentos ) e
o arsênio (usado na fabricação de herbicidas e de raticidas, em semicondutores e em
pirotecnia) que estão associados ao desenvolvimento de arritmia cardíaca, uma alteração nos
batimentos do coração, que pode comprometer o bombeamento do sangue para o corpo e, em
casos extremos, pode levar a morte súbita. O tolueno, um solvente utilizado largamente em
setores industriais, também pode provocar arritmias cardíacas e, consequentemente, morte
súbita por inalação.
Outro exemplo é o monóxido de carbono que, além de estar presente em fontes ambientais
tais como fumaça de tabaco e escapamento de automóveis, está também em indústrias como
de queima de tabaco, biomassa e termelétricas. A intoxicação por monóxido de carbono
prejudica o transporte de oxigênio e está relacionada a algumas doenças, como arritmia
cardíaca, parada cardíaca e infarto agudo do miocárdio.
Além de substâncias químicas e metais, fatores de risco físicos presentes no ambiente laboral
também estão relacionados a doenças cardiovasculares como a síndrome de Raynaud. Nesse
fenômeno, as artérias menores que fornecem sangue para a pele se contraem em reação às
substâncias, ao frio e a vibrações excessivas, o que limita o fornecimento de sangue para as
áreas afetadas. Um exemplo são trabalhadores que utilizam equipamentos que geram
vibrações como parafusadeiras e lixadeiras.
 VOCÊ SABIA
O ambiente de trabalho pode influenciar na saúde como causador de estresse psicoemocional,
aumentando o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares. Um exemplo são os
motoristas profissionais, como de ônibus, que estão expostos a um estresse cotidiano. Trata-se
de um grupo no qual se observa um aumento de risco de desenvolvimento de hipertensão e
infarto agudo do miocárdio.
EFEITOS NO SISTEMA ENDÓCRINO
Existem ainda doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas com o trabalho. O
sistema endócrino é formado por um conjunto de células especializadas que sintetizam,
armazenam e liberam suas secreções (hormônios) na corrente sanguínea. É constituído por
diversas glândulas secretoras de diferentes hormônios que atuam como sinalizadores químicos
e garantem o funcionamento adequado do organismo.
Imagem: Pixabay
 Ilustração das glândulas endócrinas no organismo.
Agentes tóxicos podem influenciar tanto na síntese, quanto no armazenamento e liberação
desses hormônios. Exemplo de substâncias presentes em meio ocupacional são o chumbo e
os hidrocarbonetos halogenados, que podem causar hipotiroidismo, um distúrbio no qual a
tireoide não produz a quantidade adequada de hormônios, e pode afetar, por exemplo, a
frequência cardíaca, a temperatura corporal e aspectos do metabolismo.
Outros compostos capazes de alterar o funcionamento do sistema endócrino são os chamados
disruptores endócrinos:
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DISRUPTORES ENDÓCRINOS
Compostos químicos naturais ou sintéticos que podem causar danos à saúde e
comprometer o potencial reprodutivo.
Os disruptores endócrinos são substâncias utilizadas como esteroides, fármacos, pesticidas
e produtos de indústrias.
A maior exposição aos disruptores endócrinos se dá pelo contato com agrotóxicos, que são
substâncias químicas utilizadas no controle de pragas.
A lista de substâncias é extensa, e os agrotóxicos são utilizados de maneira intensiva na
agricultura brasileira, representando um grande perigo ocupacional para as comunidades
rurais, que podem apresentar problemas de saúde como doenças crônicas, intoxicações
agudas, problemas reprodutivos e neoplasias.
EFEITOS EM OUTROS SISTEMAS
Existem ainda muitos outros sistemas do organismo que podem ser afetados pela exposição
ocupacional a agentes químicos, físicos e biológicos. Além disso, como você já deve ter
percebido, uma única substância pode causar danos a diferentes órgãos ou locais do corpo.
Várias substâncias podem provocar efeitos adversos no sangue e nos tecidos formadores do
sangue. Um exemplo clássico é o benzeno, que pode provocar efeitos decorrentes de
exposições tanto agudas quanto crônicas, tais como: anemia aplástica, leucemia e outras
hemopatias malignas.
O sistema ocular também pode ser afetado por substâncias de origem ocupacional. Solventes
orgânicos que espirram nos olhos causam uma reação dolorosa e imediata. Alguns solventes
podem ainda danificar o epitélio e produzir edema. Substâncias químicas e metais, como
cloreto de etila, iodo, flúor, arsênio e berílio, também têm o potencial de causar danos oculares.
Além disso, fontes de radiação são agentes de fototoxicidade que podem causar conjuntivites,
cataratas, queimaduras, lesões na pele etc. Um exemplo são as radiações ionizantes, às quais
operadores de raio-x e radioterapia estão frequentemente expostos, e que podem causar
conjuntivite, ceratite (Inflamação da córnea.) e ceratoconjuntivite, catarata, além de efeitos em
outros sistemas, como neoplasias dos ossos, de cartilagem e de pele, anemias, leucemias,
entre outros.
Imagem: Shutterstock.com
CERATOCONJUNTIVITE
Inflamação ocular que afeta a córnea e a conjuntiva.
Existem ainda doenças do ouvido relacionadas ao trabalho, tais como otite e perfuração do
tímpano, causadas por atividades em que os trabalhadores são expostos a pressão
atmosférica inferior à pressão padrão, como atividades em altas altitudes. Os ruídos
representam um dos principais fatores de exposição que provocam alteraçõesauditivas,
observadas em trabalhadores da siderurgia, metalurgia, vidraria, indústria gráfica ou têxtil etc.
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Imagem: Shutterstock.com
As substâncias tóxicas na circulação sanguínea passam pelos rins em quantidades
relativamente altas, por isso, a acumulação e transformação de substâncias tóxicas contribuem
para a susceptibilidade dos rins e os danos decorrentes da toxicidade. As toxinas que afetam
os rins são chamadas de nefrotoxinas, e um efeito tóxico no rim pode atingir todas suas
funções. Um exemplo é a insuficiência renal causada por mercúrio, que pode levar à falência
do rim depois de 24-48 horas de exposição. Muitos metais pesados são nefrotóxicos, como
cádmio, cromo, chumbo, platina, urânio e mercúrio, bem como hidrocarbonetos halogenados,
solventes orgânicos e alguns pesticidas.
Imagem: Shutterstock.com
Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho também podem ser
ressaltadas. Entre elas podemos citar a exposição ocupacional ao Clostridium tetani, em
circunstâncias de acidentes do trabalho na agricultura, na construção civil, na indústria ou em
acidentes de trajeto que levam a ferimentos externos, permitindo a entrada de esporos da
bactéria.
Outro exemplo são as hepatites virais, decorrentes de exposição aos vírus de hepatite em
trabalhos envolvendo manipulação, acondicionamento ou emprego de sangue humano ou de
seus derivados, contato com "águas usadas" e esgotos, trabalhos com materiais provenientes
de doentes ou objetos contaminados por eles.
De fato, são diversas doenças associadas à exposição ocupacional a agentes químicos, físicos
e biológicos. Neste módulo, foram apresentadas algumas delas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM TRABALHADOR EXERCE DETERMINADA ATIVIDADE NA QUAL
ESTÁ EXPOSTO COTIDIANAMENTE A UM SOLVENTE, SEM USO DE
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO OBRIGATÓRIOS, SENDO ESSA
SUBSTÂNCIA CONHECIDA POR TER POTENCIAL DE CAUSAR UMA
DOENÇA TÓXICA DO FÍGADO COM HEPATITE CRÔNICA. DIZ-SE QUE
ESSA SUBSTÂNCIA É:
A) Nefrotóxica.
B) Hepatotóxica.
C) Carcinogênica.
D) Neurotóxica.
E) Teratogênica.
2. QUANDO O ORGANISMO DE INDIVÍDUOS PREVIAMENTE
SENSIBILIZADOS OU QUE APRESENTEM PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA
RESPONDE DE MANEIRA EXAGERADA APÓS A EXPOSIÇÃO A UMA
SUBSTÂNCIA ESTRANHA, TEMOS UM QUADRO DE ALERGIA. ENTRE AS
POSSÍVEIS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA ALERGIA ESTÃO AS
DERMATITES DE CONTATO (ALERGIA DE PELE, QUE RESULTA EM
ERUPÇÃO CUTÂNEA, INCHAÇO, FORMAÇÃO DE BOLHAS E COCEIRA
NA PELE). SÃO FATORES DE RISCO DE ALERGIA POR EXPOSIÇÃO
OCUPACIONAL EXCETO:
A) Fabricação e manipulação de cosméticos.
B) Borracha.
C) Cromo e seus compostos.
D) Vibrações.
E) Cimento.
GABARITO
1. Um trabalhador exerce determinada atividade na qual está exposto cotidianamente a
um solvente, sem uso de equipamentos de proteção obrigatórios, sendo essa
substância conhecida por ter potencial de causar uma doença tóxica do fígado com
hepatite crônica. Diz-se que essa substância é:
A alternativa "B " está correta.
Substâncias capazes de levar a danos nas células do fígado com substituição por tecido
fibroso, por exemplo, são denominadas hepatotóxicas.
2. Quando o organismo de indivíduos previamente sensibilizados ou que apresentem
predisposição genética responde de maneira exagerada após a exposição a uma
substância estranha, temos um quadro de alergia. Entre as possíveis manifestações
clínicas da alergia estão as dermatites de contato (alergia de pele, que resulta em
erupção cutânea, inchaço, formação de bolhas e coceira na pele). São fatores de risco
de alergia por exposição ocupacional exceto:
A alternativa "D " está correta.
Exemplos de agentes que podem causar alergias de pele são cromo, fabricação e manipulação
de cosméticos, borracha, adesivos e manipulação de plantas em exposição ocupacional. No
ambiente de trabalho, o contato com alguns produtos químicos e outras substâncias pode
causar uma série de alergias.
MÓDULO 2
 Identificar os agentes químicos e as principais características de substâncias
químicas de interesse ocupacional
Sabemos que o uso de produtos químicos é essencial para algumas atividades e, portanto,
possibilita o desenvolvimento econômico. Apesar de todos os benefícios que os produtos
químicos trazem para a humanidade e a vida moderna, muitas dessas substâncias são
prejudiciais à saúde. Os processos industriais geram diversos resíduos que podem causar
impactos ambientais, prejuízos à saúde e à sustentabilidade do planeta.
Nesse sentido, diversas atividades ocupacionais expõem os trabalhadores a agentes químicos
prejudiciais a sua saúde e integridade física. Os trabalhadores estão expostos a diversos
compostos, o que é conhecido como exposição ocupacional.
 SAIBA MAIS
Segundo a Norma Regulamentadora 9 (NR 9), agentes químicos são substâncias,
compostos ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de
poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, podem ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por
ingestão. Este módulo disponibilizará informações básicas sobre a classificação das
substâncias químicas encontradas no ambiente de trabalho.
SUBSTÂNCIA
Substância é a denominação genérica de elementos caracterizados por uma única e
idêntica constituição (por exemplo o gás cloro, Cl2).
COMPOSTO
Composto é uma substância cuja molécula é constituída de vários átomos diferentes
(por exemplo, o ácido clorídrico, HCl).
IDENTIFICAÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA
QUÍMICA
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Em geral, uma substância química pode ser identificada por:
Um nome químico, por exemplo: benzeno (sinônimos: benzol, ciclohexatrieno);
Sua composição química, determinada por uma análise química. Ex.: > 99% de benzeno e <
1% de tolueno.
Um número de registro de chemical abstracts services (CAS) quando disponível. O CAS é um
número de registro que consta no banco de dados da American Chemical Society, que atribui
esses números a cada produto químico que é descrito na literatura. Funciona como o “número
de identidade da substância”.
Veja na tabela a seguir alguns exemplos de como as substâncias químicas podem ser
identificadas.
Nome químico CAS Sinônimo
ACETONA 67-64-1 2-Propanona; Dimetilcetona
ÁCIDO ACÉTICO 64-19-7 Ácido Etanoico; Ácido de Vinagre
BENZENO 71-43-2 Benzol
CLORO 7782-50-5 
DIÓXIDO DE
CARBONO
124-38-9 Gás Carbônico; Anidrido Carbônico
MERCÚRIO 7439-97-6 Mercúrio Metálico
NITRATO DE AMÔNIO 6484-52-2 
ÓXIDO DE ETILENO 75-21-8
Óxido de Eteno ; 1,2-Epóxi-etano ;
Oxirano
TOLUENO 108-88-3 Metilbenzeno; Metilbenzol; Toluol
 
 Tabela: Nome químico, número CAS e sinônimos de algumas substâncias químicas.
Elaborado por Caroline de Lima Mota.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS
QUÍMICAS
Existem diversas maneiras de classificar uma substância química, como, por exemplo:
QUANTO À NATUREZA
(origem animal, vegetal, mineral, sintética).
QUANTO AO USO
(produtos industriais, agrícolas, domésticos, alimentícios, medicamentos).
QUANTO À VIA DE ABSORÇÃO
(inalatória, digestória, cutânea).
QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS
(orgânica, inorgânica, aminas, hidrocarbonetos, metais etc.), entre outras.
Veja a seguir a classificação das substâncias químicas quanto a: forma (características
físicas), riscos que representam e mecanismos de efeitos tóxicos.
CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
PELA FORMA (CARACTERÍSTICAS FÍSICAS)
Os riscos à saúde decorrentes da exposição a substâncias tóxicas em meio ocupacional
podem ocorrer por:
Imagem: Shutterstock.com
INALAÇÃO
Imagem: Shutterstock.com
INGESTÃO
Imagem: Shutterstock.com
CONTATO COM A PELE
Imagem: Shutterstock.com
CONTATO COM OS OLHOS
Essas substâncias podem ser encontradas nos estados físicos como: aerodispersoides, gases
e vapores.
Os aerodispersoides são pequenas partículas em estado sólido ou líquido disseminadas no
ar. Elessão classificados em poeiras, fumos e fibras (particulados sólidos) e, névoas e
neblinas (particulados líquidos).
Poeira em ambiente de trabalho. Foto: Shutterstock.com
Poeiras são partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de um sólido. Como exemplo
de atividades em que ocorre exposição a poeiras estão: corte de pedras (como em
marmorarias), corte de madeira, moagem e jateamento de areia . Um exemplo de doença
causada pela exposição a poeiras é a silicose, provocada pela inalação de sílica cristalina,
presente em construção civil, indústrias de cerâmica, agricultura e metalurgia.
Foto: Shutterstock.com
Os fumos são partículas sólidas originadas pela condensação ou oxidação de vapores de
substâncias sólidas em condições normais. São característicos de atividades em que um metal
ou plástico é fundido (aquecido), vaporizado e resfriado rapidamente, normalmente em
presença de processos de soldagem e fundição. Exemplos são: soldagem, fundição e extrusão
de plásticos .
Foto: Shutterstock.com
As fibras são agentes químicos em estado sólido – assim como as poeiras – e são formadas
pelo rompimento mecânico de materiais sólidos. Entretanto, as fibras são partículas mais
alongadas. Exemplos: fibras de lã.
Spray liberando partículas líquidas (névoa). Foto: Andrew Magill de Boulder, EUA / Wikimedia
Commons / CC BY 2.0
Névoas são partículas líquidas produzidas mecanicamente que estão suspensas no ar. São
encontradas em ambientes de trabalho como: pinturas na forma de spray e aplicação de
agrotóxicos, também denominados pesticidas ou praguicidas.
As neblinas correspondem à suspensão de partículas líquidas formadas pela condensação do
vapor de uma substância que é líquida.
CONDENSAÇÃO
Condensação é a passagem de um vapor para o estado líquido.
A seguir, a especialista Cristiane Paiva apresentará aspectos importantes como:
características, utilização, riscos, principais sinais e sintomas de envenenamento por
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agrotóxicos.
AGROTÓXICOS: O QUE SÃO, UTILIZAÇÃO
E QUAIS RISCOS REPRESENTAM.
 ATENÇÃO
Apesar dos termos névoa e neblina serem muito confundidos, é fundamental a distinção entre
eles para a determinação dos equipamentos de proteção adequados (Ex.: seleção dos filtros
para respiradores).
Gases
Os gases são substâncias químicas que se apresentam em estado gasoso sob condições
normais de temperatura e pressão (25 °C e 760 mmHg). Essas substâncias não têm forma e
podem ocupar qualquer espaço disponível (Ex.: monóxido de carbono, cloro, dióxido de
enxofre, gás sulfídrico).

Vapores
Os vapores normalmente são substâncias líquidas ou sólidas, que passam para o estado
gasoso por mudanças de temperatura ou pressão (Ex.: gasolina e solventes de modo geral,
tais como álcoois, éteres, hidrocarbonetos).
O tamanho das partículas dos aerodispersoides varia de acordo com a substância. No geral, as
poeiras são formadas por partículas de mais de 0,5 µm (mícrons ou micrômeros) de diâmetro,
e os fumos metálicos, por partículas menores do que 0,5 µm (1 µm= 0,000001 m).
CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS QUÍMICOS
QUANTO AOS RISCOS
Os produtos químicos perigosos são classificados, de acordo com a Organização das Nações
Unidas (ONU), em nove classes de riscos e suas respectivas subclasses, conforme mostram
os dados do quadro a seguir, disponíveis na Resolução n. 420/2004 da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT):
Classificação Subclasse Definição Exemplos
Classe 1
Explosivos
1.1
Substâncias e artigos
com risco de explosão
em massa.
TNT, fulminato de
mercúrio
1.2
Substâncias e artigos
com risco de projeção,
mas sem risco de
explosão em massa.
Granadas
1.3
Substâncias e artigos
com risco de fogo e com
pequeno risco de
explosão ou de projeção,
ou ambos, mas sem
risco de explosão em
massa.
Artigos pirotécnicos
1.4
Substância e artigos que
não apresentam risco
significativo.
Dispositivos
iniciadores
1.5
Substâncias muito
insensíveis, com risco de
explosão em massa.
Explosivos de
demolição
1.6
Artigos extremamente
insensíveis, sem risco de
explosão em massa.
Artigos explosivos
extremamente
insensíveis
Classe 2
Gases
2.1
Gases inflamáveis:
gases que, a 20 °C e à
pressão de 101,3 kPa
são inflamáveis quando
em mistura de 13 % ou
menos, em volume, com
o ar; ou que apresentam
faixa de inflamabilidade
com o ar de, no mínimo
12 %, independente do
limite inferior de
inflamabilidade. Os
aerossóis e os pequenos
recipientes contendo gás
devem ser incluídos
nesta subclasse (quando
o conteúdo incluir mais
de 45 %, em massa, ou
mais de 250 g de
componentes
inflamáveis).
Brometo de vinila e
butadieno
estabilizado
2.2
Gases não inflamáveis,
não tóxicos: são gases
asfixiantes (gases que
diluem ou substituem o
oxigênio normalmente
existente na atmosfera;
são capazes de impedir
a chegada do oxigênio
aos tecidos), oxidantes
(gases que, por
fornecerem oxigênio,
podem causar ou
contribuir para a
combustão de outro
material) ou que não se
enquadrem em outra
subclasse.
Clorodifluorometano,
argônio comprimido
2.3
Gases tóxicos: são
gases reconhecida ou
supostamente, tóxicos e
corrosivos que
constituam risco à saúde
das pessoas.
Brometo de
hidrogênio, cloreto
de bromo
Classe 3
Líquidos
Inflamáveis
- Líquidos inflamáveis: são
líquidos, misturas de
líquidos ou líquidos que
contenham sólidos em
solução ou suspensão,
que produzam vapor
inflamável a
temperaturas de até 60,5
Álcoois, gasolina e
solventes
°C, em ensaio de vaso
fechado, ou até 65,6 oC,
em ensaio de vaso
aberto, ou ainda os
explosivos líquidos
insensibilizados
dissolvidos ou
suspensos em água ou
outras substâncias
líquidas.
Classe 4
Sólidos
inflamáveis;
substâncias
sujeitas a
combustão
espontânea;
substâncias
que, em
contato com
água, emitem
gases
inflamáveis
4.1
Sólidos inflamáveis,
substâncias
autorreagentes e
explosivos sólidos
insensibilizados: sólidos
que, em condições de
transporte, sejam
facilmente combustíveis,
ou que por atrito possam
causar fogo ou contribuir
para tal; substâncias
autorreagentes que
possam sofrer reação
fortemente exotérmica;
explosivos sólidos
insensibilizados que
possam explodir se não
estiverem
suficientemente diluídos.
Nitrito de diciclo-
hexilamônio e
enxofre
4.2
Substâncias sujeitas a
combustão espontânea:
aquelas sujeitas a
aquecimento
espontâneo em
condições normais de
transporte, ou a
aquecimento em contato
com ar, capazes de se
inflamarem.
Fósforo branco
4.3
Substâncias que, em
contato com água,
emitem gases
inflamáveis: substâncias
que, por interação com a
água, podem tornar-se
espontaneamente
inflamáveis ou liberar
gases inflamáveis em
quantidades perigosas.
Carbureto de cálcio
e
alumínio, em pó,
não revestido
Classe 5
Substâncias
oxidantes e
peróxidos
orgânicos
5.1
Substâncias oxidantes:
aquelas que podem, em
geral pela liberação de
oxigênio, causar a
combustão de outros
materiais ou contribuir
para isso.
Peróxido de ureia,
clorato de zinco
5.2
Peróxidos orgânicos: são
substâncias
consideradas derivados
do peróxido de
hidrogênio,
termicamente instáveis
que podem sofrer
decomposição
exotérmica (que libera
energia) autoacelerável.
Além disso, podem
apresentar uma ou mais
das seguintes
propriedades: ser
sujeitas a decomposição
explosiva; queimar
rapidamente; ser
sensíveis a choque ou a
atrito; reagir
perigosamente com
outras substâncias;
causar danos aos olhos.
Peróxido orgânico
Classe 6
Substâncias
tóxicas e
substâncias
infectantes
6.1
Substâncias tóxicas:
aquelas capazes de
provocar morte, lesões
graves ou danos à
saúde humana, se
ingeridas ou inaladas, ou
se entrarem em contato
com a pele.
Acetato de
bromometila, ácido
cloracético
6.2
Substâncias infectantes:
aquelas que contêm ou
possam conter
patógenos capazes de
provocar doenças
infecciosas em seres
humanos ou em animais.
Microrganismos que
possam causar
doençasClasse 7
Material
radioativo
-
Qualquer material ou
substância que contenha
radionuclídeos, cuja
concentração de
atividade e atividade
total na expedição
(radiação), excedam os
valores especificados.
Urânio
Classe 8
Substâncias
corrosivas
- São substâncias que,
por meio de reação
química, causam
severos danos quando
em contato com tecidos
vivos ou, em caso de
Ácido sulfúrico,
ácido clorídrico
vazamento, danificam ou
mesmo destroem outras
cargas ou o próprio
veículo.
Classe 9
Substâncias e
artigos
perigosos
diversos
-
São aqueles que,
durante o transporte,
apresentam um
risco não abrangido por
nenhuma das outras
classes.
Acetaldeído de
amônia, hidrossulfito
de zinco
 Quadro: Classificação ONU dos riscos dos produtos perigosos. Adaptado da Resolução n.
420/2004 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS
TÓXICAS QUANTO AOS MECANISMOS DE
EFEITOS TÓXICOS
Existem maneiras diversas pelas quais produtos químicos podem causar danos e doenças. A
classificação das substâncias químicas quanto aos efeitos sobre o organismo é baseada
principalmente na ação tóxica (efeitos fisiológicos) exercida pelos agentes químicos no
ambiente de trabalho. Considerando a principal ação da substância, elas podem ser
classificadas em:
ASFIXIANTES
Substâncias capazes de interferir no transporte do oxigênio, o que leva à redução da
quantidade de oxigênio nos tecidos e órgãos. São classificadas como:
ASFIXIANTES SIMPLES
ASFIXIANTES QUÍMICOS
ASFIXIANTES SIMPLES
Gases inertes, cujo perigo está relacionado à sua alta concentração no ambiente. São capazes
de deslocar o oxigênio do ar e provocar asfixia (sufocamento) devido à diminuição da
concentração de oxigênio inalado.
Ex.: metano, GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) , nitrogênio, hidrogênio.
ASFIXIANTES QUÍMICOS
Substâncias que provocam asfixia mesmo em baixas concentrações, pois se ligam à
hemoglobina e reduzem a absorção de oxigênio nos glóbulos vermelhos. Embora o oxigênio
possa ser inalado, o organismo não consegue transportá-lo para os tecidos.
Ex.: monóxido de carbono, sulfeto de hidrogênio, gás sulfídrico.
IRRITANTES
São substâncias químicas capazes de produzir um processo inflamatório nas áreas com as
quais entram em contato. Essas substâncias afetam principalmente pele, conjuntiva ocular e
tecidos de revestimento das vias respiratórias.
 EXEMPLO
Amônia, cloro, soda cáustica, ácidos, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, gás sulfídrico,
solventes.
ANESTÉSICOS E NARCÓTICOS
Substâncias capazes de causar depressão do sistema nervoso central. A intensidade do efeito
depende da concentração do agente tóxico. Pode causar perda da consciência, parada
respiratória e morte.
 EXEMPLO
Álcoois, éteres, cetonas, clorofórmio, benzeno, tolueno etc.
ALERGÊNICOS
Substâncias capazes de provocar hipersensibilidade ao sistema imunológico (alergias).
 EXEMPLO
Exemplos de substâncias que podem estar presentes em ambiente ocupacional com potencial
alergênico são: resinas epóxi, tintas, adesivos, acrilatos, isocianetos, metais como níquel e
cobalto, além de substâncias naturais como poeira, pólen, fibras de algodão etc.
CANCERÍGENOS
Substâncias que podem iniciar ou potencializar o desenvolvimento de câncer, proliferação de
células neoplásicas malignas ou potencialmente malignas. Alguns compostos químicos
interagem direta ou indiretamente com o DNA e causam alterações permanentes. Os
carcinógenos são substâncias tóxicas crônicas, já que os efeitos geralmente se manifestam
após um longo tempo de exposição, ou exposição repetida.
 EXEMPLO
Benzeno, níquel, benzidina, formaldeído e outros. A Agência Internacional de Pesquisa em
Câncer (IARC, na sigla em inglês) é a agência especializada em câncer da Organização
Mundial de Saúde (OMS) que analisa diversos fatores suspeitos de causar câncer, desde
substâncias químicas até estilo de vida, e tem uma documentação criada com o objetivo de ser
uma fonte segura a respeito das causas do câncer. Nessa documentação, estão relacionadas
as substâncias classificadas como cancerígenas.
TERATOGÊNICOS
Substâncias que, ao entrarem em contato com o embrião, podem causar morte ou má-
formação do bebê, uma vez que, quando uma mulher grávida é exposta a substâncias
químicas, o feto também está exposto.
 EXEMPLO
Exemplos de substâncias teratogênicas: fármaco (como a talidomida), vírus (como o zika
vírus), e substâncias químicas como mercúrio, chumbo e xileno.
MUTAGÊNICOS
Substâncias químicas que podem causar mutações, ou seja, afetar o material genético das
células (DNA) que podem resultar em várias doenças ou anomalias em gerações futuras.
 EXEMPLO
Clorofórmio e óxido de etileno podem afetar células do sistema reprodutivo (esperma e óvulos);
benzeno, chumbo, cloreto de vinila podem afetar células que não são parte do sistema
reprodutivo (rins, fígado ou células sanguíneas).
TESTES DE TOXICIDADE
A classificação das substâncias quanto aos efeitos sobre o organismo é baseada na avaliação
toxicológica dos produtos/substâncias químicas. Essa avaliação é realizada por meio de
pesquisa técnica na literatura e pelos ensaios/testes de toxicidade. Com os dados obtidos
pelos testes de toxicidade e pela literatura científica, é possível classificar uma substância
quanto aos riscos associados à exposição.
Testes de toxicidade são ensaios laboratoriais realizados sob condições controladas, utilizados
para estimar a toxicidade de substâncias, ou seja, para caracterizar os efeitos tóxicos que um
produto químico é capaz de produzir. Nesses ensaios, organismos-teste são expostos a
diferentes concentrações da substância e os efeitos tóxicos resultantes são analisados.
Os estudos in vitro e em animais permitem conhecer os mecanismos que levam às doenças
desencadeadas por substâncias específicas que estamos estudando. Esses tipos de estudos
produzem informações que ajudam a entender a toxicidade de uma substância nos humanos.
Além disso, permitem a identificação de biomarcadores aplicáveis na avaliação do risco
associado à exposição ocupacional, antecipadamente ao surgimento de sintomas.
VEJAMOS ALGUNS TESTES DE TOXICIDADE EM
ANIMAIS:
O primeiro teste de toxicidade realizado para um novo produto químico é o de toxicidade
aguda. Nesse teste, são observados a DL50 (dose letal aguda) e outros efeitos tóxicos agudos
em uma ou mais espécies de animais, após a administração do produto químico por uma ou
mais vias de administração (via oral ou a via de exposição prevista para a substância). Os
animais são observados diariamente, e registra-se o número de mortes no período de 14 dias
após uma única dose. Os testes de toxicidade aguda fornecem importantes informações sobre
a toxicidade dos agentes tóxicos tais como:
Estima a quantitativa da toxicidade aguda.
Identifica os órgãos afetados e manifestações clínicas das intoxicações agudas.
Verifica se a resposta tóxica é reversível, entre outras.
Esse tipo de teste é uma questão controversa, sob o ponto de vista ético, pois envolve o uso de
animais em experimentos laboratoriais.
 SAIBA MAIS
DL50 é a quantidade de uma substância química que, quando administrada em uma única
dose por via oral, causa a morte de 50% dos animais expostos, dentro de um período de
observação de 14 dias. Dessa forma, podemos dizer que, quanto menor a DL50 de uma
substância, mais tóxica ela é.
Categoria DL 50 Exemplo
Extremamente tóxico < 1 mg/kg Fluoroacetato de sódio
Altamente tóxico 1 mg/kg a 50 mg/kg Cianeto de sódio
Moderadamente tóxico 50 mg/kg a 500 mg/kg DDT
Ligeiramente tóxico 0,5 g/kg a 5 g/kg Acetanilida
Praticamente não tóxico 5 g/kg a 15 g/kg Acetona
Relativamente atóxico > 15 g/kg Glicerol
 Tabela: Categorias de agentes tóxicos. Adaptado de Ruppenthal (2013, p. 17).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Outros testes de toxicidade utilizadossão os de irritação dérmica e ocular.
IRRITAÇÃO DÉRMICA
No teste de irritação dérmica, o produto químico é aplicado na pele de animais de laboratório (e
coberto por 4 horas) para avaliar o grau de irritação da pele.
IRRITAÇÃO OCULAR
No teste de irritação ocular, o produto é instilado no olho do animal, e o olho contralateral é
usado como comparativo (os olhos são examinados várias vezes após a aplicação).
Existem alguns modelos alternativos in vitro para esses testes, incluindo queratinócitos
epidérmicos e modelos de cultura epiteliais da camada córnea.
Além dos testes de irritação, outras características são importantes a respeito do potencial de
sensibilização de substâncias que podem entrar em contato com a pele repetidas vezes. A
substância é testada na pele de animais durante um período de semanas, no qual são
observados os efeitos resultantes. Existem também os testes de toxicidade subagudos, que
são estudos de doses repetidas, realizados para obter informações sobre a toxicidade de um
produto químico após a administração repetida (em geral por 14 dias).
Os ensaios subcrônicos têm o objetivo de estabelecer o nível mais baixo para um efeito
adverso observável e identificar os órgãos afetados pela substância após a administração
repetida. Esses ensaios duram geralmente 90 dias, período em que pelo menos três doses são
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empregadas, e os animais são observados algumas vezes por dia para sinais de toxicidade.
São observadas várias determinações bioquímicas (como glicemia, cálcio, potássio, ureia,
triglicerídeo, colesterol etc.), e feitas análises hematológicas (hemoglobina, hematócrito,
eritrócitos, leucócitos, plaquetas etc.) e exames de urina (pH, proteínas, glicose, cetonas etc.).
Os ensaios crônicos são semelhantes aos subcrônicos, entretanto, o período de exposição é
maior, costuma ser de 6 meses a 2 anos. Esse tipo de ensaio geralmente é utilizado para
avaliar a toxicidade cumulativa e o potencial carcinogênico de produtos químicos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA CLASSIFICAÇÕES DE
SUBSTÂNCIAS DE ACORDO COM SUA FORMA (CARACTERÍSTICAS
FÍSICAS):
A) Gás, vapor e DL50.
B) Poeira, fibra e pH.
C) Vapor, DL50 e pH.
D) Poeira, fibra e DL50.
E) Aerodispersoides, gases e vapores.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA A CLASSIFICAÇÃO DE
SUBSTÂNCIAS QUE CAUSAM ASFIXIA MESMO QUANDO PRESENTES EM
PEQUENAS CONCENTRAÇÕES PORQUE INTERFEREM NO
TRANSPORTE DO O2 POR INTERMÉDIO DA HEMOGLOBINA:
A) Irritantes.
B) Anestésicos.
C) Asfixiantes químicos.
D) Asfixiantes simples.
E) Corrosivas.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que indica classificações de substâncias de acordo com sua
forma (características físicas):
A alternativa "E " está correta.
Os agentes químicos no ambiente de trabalho são classificados quanto à sua forma física em
aerodispersoides (pequenas partículas sólidas ou líquidas dispersas no ar), gases (substâncias
na forma gasosa em temperatura ambiente) e vapores (substâncias líquidas ou sólidas que
passam ao estado gasoso por variação de temperatura ou pressão).
2. Assinale a alternativa que indica a classificação de substâncias que causam asfixia
mesmo quando presentes em pequenas concentrações porque interferem no transporte
do O2 por intermédio da hemoglobina:
A alternativa "C " está correta.
Algumas substâncias químicas são capazes de se ligar à hemoglobina e reduzir o transporte
de oxigênio para as células, levando à asfixia ainda que a pessoa seja capaz de inalar o
oxigênio. Alguns exemplos dessas substâncias são: monóxido de carbono, sulfeto de
hidrogênio e gás sulfídrico.
MÓDULO 3
 Descrever as principais ferramentas de identificação e reconhecimento de riscos de
acidentes ocupacionais
A redução do número de acidentes e das doenças ocupacionais é uma preocupação
importante, bem como o controle das exposições é fundamental para se assegurar a saúde e a
segurança do trabalhador. A avaliação dos riscos presentes no ambiente de trabalho e nos
processos produtivos deve ser estudada com atenção. Este é o ponto de partida para que
sejam possíveis a redução da exposição, a diminuição dos riscos à saúde do trabalhador e a
definição das melhores estratégias de controle.
Imagem: Shutterstock.com
 Ilustração de riscos ocupacionais.
Vejamos, agora, as etapas envolvidas na avaliação dos riscos inerentes ao ambiente de
trabalho.
IDENTIFICAÇÃO E RECONHECIMENTO DOS
RISCOS
Identificar as atividades insalubres no ambiente de trabalho, por meio do reconhecimento dos
agentes de risco, significa reconhecer as situações capazes de provocar doenças no
trabalhador. Dessa forma, a presença de um profissional qualificado é indispensável uma vez
que, se os riscos não forem identificados adequadamente, não serão controlados, e o
trabalhador poderá ter sua saúde prejudicada.
Para o reconhecimento de riscos em um ambiente de trabalho é necessário conhecer as
matérias-primas utilizadas, os resíduos gerados, os processos e as atividades desenvolvidas
etc. Isso pode ser feito por diferentes abordagens, tais como a observação do trabalho, o
histórico de acidentes e a identificação de medidas de controle existentes. Além disso, no caso
de substâncias químicas, é importante fazer o reconhecimento dos riscos identificando a forma
como elas são utilizadas e como estão acondicionadas no ambiente. Adicionalmente, é
importante conhecer suas propriedades pela avaliação da toxicidade, das características físico-
químicas, da solubilidade na água ou no ar etc.
FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE OS
PRODUTOS QUÍMICOS
Quando um trabalhador lida com produtos químicos diariamente, é imprescindível que estejam
disponíveis as informações dessas substâncias para os envolvidos na empresa. É importante
ter acesso a fontes de informação como quais medidas devem ser tomadas em caso de
acidentes ou derramamento, como manuseá-las, e os riscos apresentados pelas substâncias.
Existem diversas fontes de informações sobre as substâncias químicas. Para a área de saúde
e segurança ocupacional, os rótulos e as fichas de dados de segurança são as mais
conhecidas.
RÓTULO
O rótulo é a primeira fonte de informação relativa a um produto. Identifica possíveis perigos
associados a uma substância, e deve transmitir informações de maneira clara e objetiva, para
minimizar os riscos de acidentes.
Os rótulos são fontes de informações que servem como lembretes sobre os principais perigos
da substância. A importância dos rótulos está relacionada ao manuseio, armazenamento e
transporte de maneira segura, tendo em vista a minimização de acidentes.
Os produtos químicos apresentam em sua embalagem símbolos que identificam o grau de
toxicidade da substância. O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem
de Produtos Químicos (GHS) é uma abordagem que traz orientações para a comunicação de
perigos dos produtos químicos, entre outras. O GHS conceitua os perigos físicos à saúde e ao
meio ambiente e estabelece critérios uniformes para a classificação e a comunicação da
informação sobre eles. O rótulo deve conter os seguintes elementos: identificação do produto e
telefone de emergência do fornecedor, composição química, pictogramas de perigo, palavras
de advertência, frases de perigo, frases de precaução e informações suplementares, conforme
a NR-26.
 SAIBA MAIS
As palavras de advertência alertam e indicam a gravidade de perigo (“perigo” e “atenção”). As
frases de perigo são textos padronizados descritos na NBR 14725-3, correspondentes à
classificação de perigo do produto (Ex.: H225 Líquidos e vapores altamente inflamáveis –
Informação de um líquido inflamável). As frases de precaução estão de acordo com as
categorias de perigo, as propriedades específicas e a utilização pretendida (Exemplos de
frases de precaução – prevenção: P210 Mantenha afastado do calor, faísca, chama aberta,
superfícies quentes. Não fume).
Os pictogramas representam um conjunto de elementos gráficos, incluindoum símbolo,
que indica a classe de perigo associado à utilização da substância ou mistura perigosa,
importante para proteção e prevenção de acidentes. Trata-se da composição gráfica que
transmite a informação específica de perigo do produto.
Esses elementos são padronizados em formas e em cores. O pictograma tem formato
quadrado, símbolo preto e fundo branco dentro de uma moldura vermelha. São nove
pictogramas distintos associados às classes de perigos físicos, à saúde e ao meio ambiente.
Os pictogramas são acompanhados por palavras-sinal, advertências de perigo (frases H,
descrevem a natureza dos perigos de uma substância ou mistura, como mostrados no quadro
a seguir), recomendações de prudência (frases P, descrevem as medidas recomendadas para
minimizar ou prevenir efeitos adversos decorrentes da exposição à substância, como
“Mantenha o recipiente hermeticamente fechado”) e dados sobre o produto e o fornecedor.
Oxidante
Fonte:Shutterstock
Inflamável; autorreativo; pirofórico; autoaquecimento;
emite gás inflamável; peróxido orgânico
Fonte:Shutterstock
Explosivo; autorreativo; peróxido orgânico
Fonte:Shutterstock
Tóxico agudo (severo)
Fonte:Shutterstock
Corrosivo à pele; causa danos severos aos olhos;
corrosivo aos metais
Fonte:Shutterstock
Gás sob pressão
Fonte:Shutterstock
Carcinogênico; sensibilizante respiratório; tóxico
reprodutivo; tóxico a órgão alvo específico (exposições
repetidas); mutagênico a células germinativas;
perigoso por aspiração
Fonte:Shutterstock
Tóxico à vida aquática (agudo); tóxico à vida aquática
(crônico)
Fonte:Shutterstock
Irritação da pele e dos olhos; sensibilizante da pele;
tóxico a órgão alvo específico (única exposição); tóxico
agudo (prejudicial); prejudicial à camada de ozônio
Fonte:Shutterstock
 Quadro: Pictogramas de perigo. Adaptado de Uema e Ribeiro (2017, p. 355)
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
FICHAS DE DADOS DE SEGURANÇA
As fichas de dados de segurança são documentos que fornecem informações sobre perigos e
possíveis riscos associados ao produto químico em questão.
Existem alguns tipos de documentos, entre os quais os mais utilizados como fonte de
informação na área da saúde e segurança do trabalho são o SDS / MSDS (Ficha de Dados de
Segurança) e a FISPQ (Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos). Ambos os
documentos têm como função comunicar riscos vinculados ao uso do produto químico e
possuem informações importantes para a segurança ocupacional, tais como dados físicos,
químicos, toxicidade, efeitos para a saúde, primeiros socorros, armazenamento, descarte,
equipamentos de proteção, cuidados com derramamentos e vazamentos.
A FISPQ é um documento normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
conforme NBR 14725, responsável por fornecer todas as informações essenciais sobre vários
aspectos do produto químico quanto a segurança, saúde e meio ambiente. É um documento
obrigatório para comercialização dos produtos químicos e segue as normas da Organização
Mundial de Saúde (OMS) sobre rotulagem de produtos, o GHS.
Para mais informações sobre a elaboração e interpretação de FISPQ (Ficha de Informações de
Segurança de Produto Químico) de acordo com a Norma ABNT NBR 14725-4, assista ao vídeo
a seguir:
FISPQ: ELABORAÇÃO E INTERPRETAÇÃO.
As informações que constam na FISPQ são identificadas em dezesseis seções obrigatórias
que não podem ser alteradas. São elas:
1. Identificação do produto e da empresa;
2. Identificação dos perigos;
3. Composição e informação dos ingredientes;
4. Medidas de primeiros socorros;
5. Medidas de combate a incêndio;
6. Medidas de controle para derramamento ou vazamento;
7. Manuseio e armazenamento;
8. Controle da exposição e proteção individual;
9. Propriedades físico-químicas;
10. Estabilidade e reatividade;
11. Informações toxicológicas;
12. Informações ecológicas;
13. Considerações sobre destinação final;
14. Informações sobre o transporte;
15. Regulamentações;
16. Outras informações (que sejam importantes para a segurança, saúde e meio
ambiente, mas que não fazem parte das seções anteriores. Por exemplo: necessidades
especiais de treinamento, restrições ao produto químico etc.).
 Quadro: Seções obrigatórias de informações que constam na FISPQ.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
LIMITES DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
Os valores-limite de exposição ocupacional referem-se aos agentes químicos, físicos e
biológicos do ambiente de trabalho, que visam à promoção da saúde e à segurança do
trabalhador. Esses limites são uma referência, ou um parâmetro de comparação, que
estabelece os limites de exposição e referem-se às concentrações às quais, acredita-se, a
maioria dos trabalhadores expostos não sofrerão efeitos adversos à saúde. Eles são definidos
com base nas propriedades físico-químicas das substâncias e em estudos experimentais e
epidemiológicos.
Os limites de exposição ocupacional são estabelecidos como padrões por agências
regulatórias, guias por grupos de pesquisas ou agências privadas. Nos Estados Unidos,
algumas agências reconhecidas são a Administração/Departamento de Segurança e Saúde
Ocupacional (OSHA) e o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH) que
publicam limites de exposição frequentemente atualizados. A Conferência Americana de
Higienistas Industriais Governamentais (ACGIH) é uma organização privada, também muito
reconhecida, que analisa e compila dados publicados na literatura. No Brasil, temos limites de
exposição ocupacional na Norma Regulamentadora 15, denominados Limites de tolerância (a
NR 15 utiliza os valores adaptados da ACGIH).
Os limites de exposição servem de orientação para os profissionais de segurança do trabalho.
O recomendado é buscar fazer uma comparação entre os limites nacionais e internacionais,
como medida preventiva. Na tabela a seguir estão exemplos de limites de exposição
ocupacional (LEO) adotados ou recomendados para o benzeno em vários países, bem como
as referências de órgãos internacionais para o risco de leucemia. Como você pode observar, os
limites de exposição ocupacional podem variar significativamente entre os países e agências,
mesmo para o benzeno, que é uma substância que reconhecidamente não apresenta limites
seguros para exposição, por ser um composto carcinogênico.
País LEO/recomendações
Brasil
1 ppm (Partes por milhão) (VRT (Valor
de Referência Tecnológico) 8h)
Petroquímicas
2,5 ppm (VRT 8h) Siderúrgicas
China 2 ppm (TWA 8h)
3 ppm (STEL)
EUA 
ACGIH
0,5 ppm (TWA 8h)
2,5 ppm (STEL)
NIOSH
0,1 ppm (TWA 10h)
1 ppm (STEL)
OSHA
1 ppm (TWA 8h)
5 ppm (STEL)
EPA
Risco para leucemia a 1ppm de
exposição de 7,1 × 103 a 2,5×10-2
 Tabela: Limites de Exposição Ocupacional (LEO) adotados ou recomendados para o
benzeno em alguns países. Adaptado de MENDES et al. (2017)
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 SAIBA MAIS
Existem algumas variações nos limites de exposição adotados por vários países, denominados
de diferentes formas. Os Limites de Exposição Ocupacional (LEO) propostos pela ACGIH são
chamados TLV (Threshold Limit Values – valores limite). No Brasil, é utilizado o Limite de
Tolerância (LT) (Ministério do Trabalho – Norma regulamentadora NR 15) que se refere às
concentrações máximas ou mínimas, relacionadas com a natureza e com o tempo de
exposição do agente que não causará danos à saúde do trabalhador durante a sua vida laboral
(jornada de 8h/dia, 48 horas/semana). Existem casos particulares como, por exemplo, o
benzeno, para o qual foi adotado o Valor de Referência Tecnológico (VRT), no lugar de LT,
assumindo que, mesmo estabelecendo um limite de benzeno no ar, não se excluiu o risco à
saúde. É importante destacar que 8 horas por dia, 5 dias por semana é diferente de 40 horas
seguidas. O organismo necessita de tempo para voltar ao equilíbrio depois da exposiçãoaos
agentes químicos.
IDENTIFICAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA
DA EXPOSIÇÃO
Para que os riscos ocupacionais sejam reduzidos e controlados nos ambientes de trabalho, é
necessário que profissionais capacitados conduzam um processo de identificação e
classificação dos riscos por meio de avaliações qualitativas e quantitativas das exposições aos
agentes potencialmente nocivos. Os objetivos principais são identificar, avaliar e estimar a
magnitude dos riscos.
Avaliações qualitativas
As avaliações qualitativas são baseadas em observações, experiências ou estudos anteriores.

Avaliações quantitativas
Já as avaliações quantitativas são baseadas na comparação de resultados de medições
anteriores e nos valores limite de exposição ocupacional recomendados.
 ATENÇÃO
Quando existe um risco evidente e óbvio para a saúde, a recomendação é que mesmo antes
de ser realizada uma avaliação quantitativa do risco, medidas preventivas sejam estabelecidas.
Vamos falar com mais detalhes sobre esses dois tipos de avaliações.
AVALIAÇÃO QUALITATIVA
A avaliação qualitativa se inicia na busca por informações básicas sobre o ambiente e o
processo de trabalho, como os tipos de substâncias utilizadas, as propriedades físicas e
químicas, as quantidades que comumente são utilizadas, seus efeitos à saúde, como é
utilizada no local de trabalho, possíveis vias de exposição e identificação das situações em que
a utilização da substância tem potencial de causar danos à saúde do trabalhador.
Foto: Shutterstock.com
Com isso em mente, podemos notar como é importante a observação de fontes de informações
sobre os produtos químicos, como a FISPQ, para a análise qualitativa dos agentes químicos.
Para realizar esta avaliação, um profissional capacitado pode realizar entrevistas com os
trabalhadores e observar o local de trabalho e, assim, fazer um levantamento sobre as
situações de risco, ou seja, buscar compreender o risco que os trabalhadores estão correndo
no processo do trabalho. Nesse caso, o profissional não utilizará nenhum tipo de equipamento,
mas observará o ambiente de trabalho, conversará com as pessoas que entram em contato
com os possíveis agentes de riscos e identificará as rotas de exposição.
Um exemplo prático de identificação de situações de risco químico em uma empresa é a
observação do fluxo dos produtos químicos, desde aquisição, recebimento/entrega,
armazenagem, manuseio, processamento, até o descarte. Para tal, deve-se fazer passeios
exploratórios pelos diversos setores da empresa, durante dias e horários diferentes.
Nessa análise, é importante observar as atividades dos trabalhadores e as condições de
utilização dos produtos químicos, como, por exemplo: se há desperdício ou perda de material;
a maneira como os produtos são armazenados, manuseados e transportados, que pode
representar riscos à saúde e segurança do trabalhador; se ocorre formação de nuvens de
poeira durante a manipulação dos produtos; se os frascos estão vedados adequadamente; se
as embalagens são rotuladas, caso estejam danificadas; se os equipamentos de segurança
individuais (EPIs) são adequados ao trabalho; se as condições de temperatura e ventilação são
apropriadas; se em alguns locais já ocorreram incidentes no passado; se há altos índices de
ausência por motivos médicos, entre outros.
Além dos riscos à segurança dos trabalhadores, os riscos ao meio ambiente também devem
ser levados em consideração, como, por exemplo: o descarte indevido na água, no ar e no
solo; explosões; fogo etc.
Após a identificação dos riscos, ações para controle devem ser colocadas em prática. A
avaliação e a implementação dessas medidas devem ser revisadas periodicamente. Além
disso, também se deve fazer uma revisão quando houver mudanças significativas nas
atividades, no processo, na utilização dos produtos, após a instalação de novos equipamentos
ou a contratação de novos funcionários.
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA
A avaliação quantitativa de um agente de risco é o tipo de avaliação na qual se utiliza um
instrumento de medição que determina um valor de concentração ou exposição ao agente.
Essa avaliação gera resultados mensuráveis e objetivos, além de permitir verificar a eficiência
de medidas de controle de risco que tenham sido implementadas.
Foto: Andy Butkaj / Wikimedia Commons / CC BY 2.0
 Termômetro digital de ambiente.
Para ficar mais claro, vamos pensar em uma fábrica de móveis que utilize diversos
equipamentos e máquinas que geram ruídos. Esse ruído é o agente de risco e pode causar
desconforto e ser prejudicial para a audição dos trabalhadores dessa fábrica (além de outros
problemas de saúde que não vamos mencionar aqui). Nessa fábrica, foi realizado um
levantamento de riscos e, para mensurar o ruído, foi utilizado um Dosímetro Digital individual,
que marcou 91dB (decibéis). No Brasil, o limite de tolerância é de 85 dB(A) por 8 horas diárias,
portanto, o ruído dessa fábrica estava acima do limite estabelecido, e foi necessário adotar
medidas corretivas e preventivas para garantir a saúde e a segurança do trabalhador, tais
como o uso de equipamento de proteção individual (EPI) para preservar a audição dos
trabalhadores.
Foto: Shutterstock.com
 Equipamento de proteção individual – protetor auricular.
Assegurar que os trabalhadores não estejam expostos a limites de tolerância acima dos
estabelecidos é fundamental para evitar danos à saúde. Dessa forma, a avaliação quantitativa
é importante para a construção de laudos técnicos, perícias, caracterização dos riscos,
identificação da concentração ou exposição do trabalhador ao risco e, a partir disso, é possível
implementar medidas de controle para proteção da integridade física e saúde dos
trabalhadores.
Após a identificação da substância e da situação em que deve ser realizada a avaliação
quantitativa, realiza-se a coleta das amostras em campo e a sua análise. Existem prestadores
de serviços que desempenham ambas as atividades, outros que fazem amostragem em campo
e enviam para um laboratório de terceiros para a amostra ser analisada. Cada agente de risco,
de acordo com sua natureza, tem seu próprio método de análise para determinar o valor que
esteja presente em determinada área de trabalho. Com base nos resultados, os valores podem
então ser comparados com seus respectivos limites de exposição ocupacional (LEO)
estabelecidos pela legislação e observar se existe a necessidade de implementar ações de
controle da exposição, as propriedades do agente de risco e um cronograma.
Diferenças entre as avaliações qualitativas e quantitativas dos riscos
Avaliação quantitativa
Na avaliação quantitativa, é possível conhecer os tipos de risco e quantificá-los de forma
numérica, atribuindo um valor de concentração ou exposição do trabalhador ao agente.

Avaliação qualitativa
Já na avaliação qualitativa, a identificação dos riscos é de forma subjetiva, sendo feita a
caracterização da presença do risco sem realizar medições para comprovar a existência do
agente no ambiente de trabalho.
A avaliação quantitativa tem a vantagem de proporcionar resultados mensuráveis que são
objetivos e facilitam a sensibilização do trabalhador. Entretanto, muitas vezes são necessários
equipamentos, cálculos complexos e metodologias estruturadas. Já a avaliação qualitativa é
mais simples e não requer quantificações. Por outro lado, é um método subjetivo e depende da
experiência dos avaliadores. O ideal é realizar as duas metodologias, embora isso possa ser
dispendioso.
Como a avaliação quantitativa permite determinar o nível exato da exposição ao risco ao qual
o trabalhador está exposto, deve ser realizada sempre que necessário para:
Comprovar o controle da exposição ou a inexistência de riscos identificados na etapa de
reconhecimento.

Identificar situações em que limites de exposição poderiam ter sido ultrapassados, ou para
dimensionar a exposição dos trabalhadores.

Verificar se as medidas de controle estabelecidas foram adequadas.
VERIFICANDOO APRENDIZADO
1. A FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS
QUÍMICOS (FISPQ) É UM DOCUMENTO NORMALIZADO PELA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). SOBRE
ESSA FICHA, É CORRETO AFIRMAR QUE:
A) É um documento facultativo para a comercialização de produtos químicos, e os fabricantes
e fornecedores não precisam necessariamente disponibilizá-lo.
B) É um documento confidencial, não deve estar disponível para os trabalhadores.
C) É um documento com informações sobre diversos aspectos dos produtos químicos quanto a
segurança, saúde e meio ambiente.
D) É um documento que possui seis seções que podem ser redefinidas de acordo com a
necessidade e periculosidade do produto químico.
E) É um documento facultativo para a comercialização de produtos químicos que lista as
medidas de primeiros socorros adequadas.
2. EM UMA INDÚSTRIA DE REMOVEDORES DE ESMALTES, FOI FEITA
UMA AVALIAÇÃO POR MEIO DE UMA BOMBA GRAVIMÉTRICA E
OBSERVOU-SE UMA CONCENTRAÇÃO DE ACETONA ACIMA DO VALOR
ESTABELECIDO PELA NORMA REGULAMENTADORA 15. O TIPO DE
AVALIAÇÃO REALIZADO E O VALOR ESTABELECIDO PELA NR15 SÃO
RESPECTIVAMENTE:
A) Avaliação quantitativa e limites de tolerância.
B) Avaliação qualitativa e limites de tolerância.
C) Avaliação quantitativa e limite de quantificação.
D) Avaliação qualitativa e limite de quantificação.
E) Avaliação quantitativa e limite de detecção.
GABARITO
1. A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) é um documento
normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Sobre essa ficha, é
correto afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
A FISPQ é um documento que contém informações sobre o transporte, manuseio,
armazenamento e descarte de produtos químicos, considerando os aspectos de segurança,
saúde e meio ambiente. É documento obrigatório para a comercialização de produtos
químicos, em que o fabricante ou fornecedor deve disponibilizar as fichas junto com o produto.
2. Em uma indústria de removedores de esmaltes, foi feita uma avaliação por meio de
uma bomba gravimétrica e observou-se uma concentração de acetona acima do valor
estabelecido pela Norma Regulamentadora 15. O tipo de avaliação realizado e o valor
estabelecido pela NR15 são respectivamente:
A alternativa "A " está correta.
A avaliação quantitativa utiliza um instrumento, em que é atribuído um valor de concentração
ou exposição ao agente. No Brasil, temos limites de exposição ocupacional na NR15,
denominados limites de tolerância.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As indústrias são essenciais e economicamente importantes para a sociedade. Apesar do
avanço na legislação e a regulamentação das atividades industriais, as indústrias são fontes de
contaminação ambiental e humana por muitos agentes nocivos como, por exemplo,
substâncias químicas perigosas.
Como você pôde perceber, a preocupação primordial da toxicologia ocupacional é a
possibilidade de um trabalhador desenvolver algum problema de saúde pela exposição a um
agente tóxico em um ambiente de trabalho.
Além disso, vimos que o estudo dos riscos associados à exposição a compostos tóxicos no
ambiente ocupacional deve ser cuidadoso, sempre visando à redução dessa exposição e,
consequentemente, dos riscos associados a ela. Dessa forma, precisa ser capaz de
estabelecer medidas de segurança e prevenção de intoxicação.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 14725-3: Produtos
químicos: Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente: Parte 3: Rotulagem. Rio de
Janeiro, 2010. Versão corrigida. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 14725-4: Produtos
químicos: Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente: Parte 4: Ficha de
informações de segurança de produtos químicos (FISPQ). Rio de Janeiro, 2010. Versão
corrigida.
BRASIL. Ministério dos Transportes. Resolução n. 420, de 12 de fevereiro de 2004. Aprova as
instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos.
Brasília, 2004.
BRASIL. Norma Regulamentadora 15 (NR 15). Atividades e operações insalubres. Brasília,
1978.
BRASIL. Norma Regulamentadora 26 (NR 26). Sinalização de Segurança. Brasília, 1978.
BRASIL. Norma Regulamentadora 9 (NR 9). Programa de prevenção de riscos ambientais.
Brasília, 1978.
BUSCHINELLI, J. T. P. Toxicologia ocupacional. São Paulo: Fundacentro, 2020. 
EUROPEAN CHEMICALS AGENCY. ECHA. Identificação da substância. Consultado na
internet em: 16 abr. 2021.
KLAASSEN, C. D.; WATKINS, J. B.; CASARETT, L. J. Casarett & Doull’s essentials of
toxicology. 2. ed. New York: McGraw-Hill Medical, 2010. 
MENDES, M. et al. Normas ocupacionais do benzeno: uma abordagem sobre o risco e
exposição nos postos de revenda de combustíveis. In: Rev. bras. saúde ocup., v. 42, supl. 1, 
e3s, São Paulo, 2017.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. OMS. Programa Internacional de Segurança
Química. Substâncias químicas perigosas à saúde e ao ambiente. São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2008.
PERUZZO, L. Toxicologia e segurança. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 
RUPPENTHAL, J. Toxicologia. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria. Rede e-
Tec Brasil, 2013. 
SPRADA, E. Toxicologia. Instituto Federal do Paraná. Rede e-Tec Brasil, 2013. 
UEMA, L. K.; RIBEIRO, M. G. Pictogramas do GHS e sua aplicação como ferramenta de
comunicação de perigos para estudantes de graduação. In: Química Nova, v.40, n.3, 2017.
EXPLORE+
Você pode ter mais informações sobre as doenças relacionadas ao trabalho, bem como a
relação de agentes ou fatores de riscos de natureza ocupacional, consultando a Portaria
n. 1339, de 18 de novembro de 1999, do Ministério da Saúde.
Aprenda mais sobre abordagem qualitativa na avaliação de risco químico, lendo o artigo
Abordagem qualitativa na avaliação de risco químico em atividade de lavagem de peças
de impressão gráfica com solvente orgânico, escrito por Daniela Passos Simões de
Almeida Tavares, Maria Juliana Ferreira dos Santos, Maria Isabel Ferreira dos Santos e
Mariana Karla Gurjão Pontes, e publicado na Revista Principia, em 2020.
CONTEUDISTA
Caroline de Lima Mota
 CURRÍCULO LATTES
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