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GINEAD SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL Unidade 2 - Conceitos básicos dos benefícios. previdência na constituição de 1988 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 2 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD UNIDADE 2 > Analisar em quais princípios se fundamenta o conceito de seguridade social. > Identificar a diferença entre Previdência Social e Seguridade Social. > Debater a crítica da Seguridade Social como instrumento de consolidação dos valores democráticos e dos direitos sociais. > Praticar as dogmáticas constitucional e infraconstitucional referente ao tema da disciplina. Todos os direitos reservados. Prezado(a) aluno(a), este material de estudo é para seu uso pessoal, sendo vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, venda, compartilhamento e distribuição. 3 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD 2 CONCEITOS BÁSICOS DOS BENEFÍCIOS. PREVIDÊNCIA NA CONSTITUIÇÃO DE 1988. INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará a Seguridade Social e a Previdência Social, para que reflitam sobre o papel desse sistema de filiação obrigatória, solidária e con- tributiva na nossa sociedade, destinado a pagar auxílios previdenciários aos segurados em momentos de fragilidade física e mental que os impede de trabalhar, seja para assegurar a democracia e a dignidade da pessoa humana, seja para evitar a sobrecarga do sistema de Assistencial Social. Através do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), em seu art. 3º da Lei n. 8.212/91, a Previdência Social deve: [...] assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. (BRASIL,1991) A enorme e complexa estrutura administrativa previdenciária trabalha sob re- gras e princípios contidos na Constituição Federal (CF) e em leis especiais, para atender aos segurados e desenvolver políticas públicas de segurança do traba- lho e proteção à saúde dos trabalhadores. Como, um dia, todos precisaremos recorrer ao sistema previdenciário, é muito importante conhecê-lo. 4 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD 2.1 SEGURIDADE SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL - CONCEITO E OBJETO DE ESTUDO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO Seguridade Social e Previdência Social não são institutos sinônimos. A segun- da está contida no universo da primeira, muito mais ampla e que engloba também a saúde e a assistência social. Porém, todas estão sob a égide da Or- dem Social, que, segundo o art. 193 da CF/1988 “tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”. (BRASIL, 1988) FIGURA 1 - ORDEM SOCIAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). A seguridade social está definida no art. 194 da Carta de 1988 da seguinte forma: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 5 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD É orientada pelos seguintes princípios: a. Princípio da Universalidade da Cobertura e do Atendimento (art. 194, inciso I, da CF/1988): garante proteção social ampla, para toda a sociedade. b. Princípio da Uniformidade e da Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais (art. 194, inciso II, da CF/1988): assegura tratamentos e benefícios semelhantes e com critérios de qualidade iguais para todos os segurados, urbanos e rurais. c. Princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefí- cios e Serviços (art. 194, inciso III, da CF/1988): os benefícios e serviços devem ser concedidos a quem realmente precisa e os hipossufi cientes devem ser prioridade nos orçamentos e políticas públicas. d. Princípio da Irredutibilidade dos Benefícios (art. 194, inciso IV, da CF): é inconstitucional reduzir o valor de benefícios legalmente concedidos. DIAGRAMA 1 - PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL Benefícios: caráter alimentar Garantia de dívidas Lei Veda Redução Penhora Arresto e Sequestro Fonte: Elaborado pela autora (2019). e. Princípio da Equidade na Forma de Participação no Custeio (art. 194, in- ciso V, da CF): os trabalhadores, empregados e administradores públicos devem participar equilibradamente, de forma direta e indireta, na gestão dos meios econômicos e fi nanceiros destinados à mantença e cumpri- mento das obrigações da Seguridade Social. 6 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 2 - EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO Fonte: Plataforma Deduca (2019). f. Princípio da Diversidade da Base de Financiamento (art. 194, inciso VI, da CF): significa que a receita da seguridade social vem de múltiplas fon- tes: impostos, contribuições sociais, doações, concursos de prognósticos, porcentagem nos leilões da receita federal, etc. Ela está disciplinada na Lei n. 8.212/1991, regulamentada pelo Decreto n. 3.048/1999. g. Princípio do Caráter Democrático e Descentralizado da Administração, Mediante Gestão Quadripartite, com Participação dos Trabalhadores, dos Empregadores, dos Aposentados e do Governo nos Órgãos Colegia- dos (art. 194, inciso VII, da CF): é uma garantia da participação da so- ciedade na gestão de recursos, programas, serviços e ações de saúde da previdência e da assistência social em nível federal, estadual e municipal. h. Princípio da Anterioridade Mitigada (art. 195, parágrafo 6°, CF): FIGURA 3 - PRAZOS Fonte: Plataforma Deduca (2019). 7 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Também denominado Anterioridade Especial, Nonagesimal ou Período de No- ventena. É o prazo de 90 dias, após a publicação de leis novas, para que a Admi- nistração Pública aplique novas regras de contribuição para a seguridade social. A Constituição Federal estabelece as regras da Previdência Social no art. 201: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). (BRASIL, 1998) 8 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL A Previdência Social pode ser definida como (Lazzari e Castro, 2016): O sistema pelo qual, mediante contribuição, as pessoas vinculadas a algum tipo de atividade laborativa e seus dependentes ficam resguardadas quanto a eventos de infortunística (morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de trabalho, desemprego involuntário), ou outros que a lei considera que exijam um amparo financeiro ao indivíduo (maternidade, prole, reclusão), mediante prestações pecuniárias (benefícios previdenciários) ou serviços. O conceito de Previdência Social, na Constituição Federal, art. 1°, inciso III, está assentado em princípios específicos elencados na Carta Magna, decorrentes do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, pilar da República Federativa do Brasil, balizador dos direitos e deveres do Estado e dos cidadãos, da auto- determinação individual e norte para todas as políticas públicas. FIGURA 4 - DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Fonte: PlataformaDeduca (2019). 9 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Nas palavras de Alexandre de Moraes (2017), é “ [...] a dignidade da pessoa humana que concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerente às personalidades humanas”. Os direitos humanos se subdividem em duas dimensões: 1. Intersubjetiva segundo Constituição Federal, art. 3°, inciso IV, assevera ser missão do Estado, em conjunto com a sociedade em geral, a garantia e o respeito à dignidade humana, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Por intersubjetividade se entende uma comunhão de consciências individuais, com visão de mundo, valores e crenças que se conectam em prol de um ou mais objetivos comuns (BRASIL, 1988). FIGURA 5 - COMUNHÃO Fonte: Plataforma Deduca (2019). 10 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 2. Assistencial que ordena ao Estado e à sociedade união na função assistencial, para garantir a todos os indivíduos o acesso ao mínimo existencial, ou mínimo vital, e a uma vida digna. Mínimo vital é o conjunto de bens e condições indispensáveis à sobrevivência com dignidade, discriminado no art. 6°, da Constituição Federal: “educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”. (BRASIL, 1988) Como as prestações estatais têm custo, as políticas previdenciárias e assisten- ciais estão condicionadas à “reserva do possível”, ou seja, à previsão anual de distribuição orçamentária entre os poderes e órgãos públicos, de acordo com as necessidades, interesses e bem-estar públicos. Na falta de pleno acesso aos direitos sociais, previdenciários ou assistenciais, os afetados, brasileiros ou estrangeiros, podem recorrer ao Estado-Juiz para recebê-los e/ou obter reparação por danos morais, materiais ou à imagem, decorrentes da sua falta ou de prestação defeituosa. FIGURA 6 - DIREITO Fonte: Plataforma Deduca (2019). 11 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Entretanto, e em que pese o fato de o Estado dever respeitar o orçamento pú- blico, a reserva do possível não pode ser usada como desculpa para o desres- peito aos direitos sociais, nem para negar aos indivíduos o acesso qualitativo às políticas públicas previstas no texto constitucional. Nem mesmo a má administração do dinheiro e dos bens públicos pode ser usada como desculpa pelo Estado e seus servidores para negar direitos sociais, sob pena de responsabilidade administrativa, civil e, conforme o caso, penal. O dever assistencial, porém, reitera-se, não é restrito ao Estado. Todos os cida- dãos, em solo nacional, devem participar ativamente na sociedade, pagando impostos e contribuições sociais, trabalhando em prol da subsistência própria e de seus dependentes, e colaborando como puderem para o bem comum na comunidade onde vivem. Afinal, tudo o que esteja além do mínimo existen- cial deve ser alcançado pelo próprio indivíduo, por meio de esforço pessoal. Nesse diapasão, pode-se concluir que o Direito Previdenciário regulamenta o sistema nacional de seguridade social e tem por objetivo disciplinar a Previ- dência Social; administrar o custeio; gerir as relações entre ela, os contribuintes e os beneficiários das prestações previdenciárias; bem como fiscalizar a previ- dência complementar, tudo para garantir o acesso dos trabalhadores às pres- tações da seguridade social a que façam jus, nos termos da lei, e à dignidade nos momentos em que se encontrem em vulnerabilidade social involuntária. 2.2 FUNDAMENTOS DA SEGURIDADE SOCIAL A Constituição Federal de 1988 garante a Seguridade Social sob três pilares fundamentais: Direito à Saúde, à Previdência e à Assistência Social. 1. Direito à saúde é um direito social assegurado a brasileiros e estrangeiros, residentes ou em trânsito, por meio de atendimento integral, preventivo e curativo, sob abordagem médica multidisciplinar, garantida por políticas públicas específicas, regionalizadas, hierarquizadas, descentralizadas e efetivadas conjuntamente pelos entes federativos e comunidade, consolidadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 12 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 7 - SUS Fonte: Plataforma Deduca (2019). 2. Assistência privada a assistência privada é permitida e complementar à do SUS. Além da assistência médica, hospitalar, odontológica e farmacêutica, o direito à saúde abrange a epidemiologia, o saneamento básico, o controle e fiscalização de produtos e serviços de interesse para a saúde, o desenvolvimento científico-tecnológico e a inovação, a fiscalização e a inspeção de alimentos, o controle e a fiscalização da produção, o transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos, a proteção do meio ambiente, etc. (art. 196 ao 200, da CF/1988). 3. Direito à Previdência Social é um direito social mediante contrapartida contributiva, cujo objetivo é garantir aos trabalhadores uma renda de, no mínimo, um salário mínimo, nos momentos de impedimento justificado para o trabalho como doença, invalidez, morte, velhice, gestação, maternidade e desemprego involuntário, salário-família e auxílio-reclusão para segurados com baixa renda, ou ainda pensão para dependentes menores ou inválidos, cônjuges ou companheiros de segurados falecidos (arts. 201 e 202, da CF/1988). 13 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 8 - DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). 4. Direito à Assistência Social é, a um só tempo, benefício social e serviço público em nível nacional, sem exigência de contraprestação, para ajuda a brasileiros e estrangeiros que não tenham meios de garantir o mínimo vital para si e/ou sua família. Sua finalidade é ajudar seres humanos em situação de vulnerabilidade social a sobreviver e superar a pobreza extrema. FIGURA 9 - VULNERABILIDADE SOCIAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). 14 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 5. BPC-LOAS têm o direito de receber o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC-LOAS), segundo os arts. 203 e 204, da CF/1988, os portadores de deficiência, física ou mental, e os maiores de 65 anos sem vínculo previdenciário, com renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo, sem meios de prover a própria subsistência ou de tê-la suprida pela família (BRASIL, 1988). 2.3 FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO: PREVIDÊNCIA NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 Toda a estrutura do Direito Previdenciário tem sua gênese na Constituição Federal. Nela, estão consagrados os seus princípios, a sua finalidade social, o seu norte inclusivo, o seu caráter contributivo e de filiação obrigatória, o seu equilíbrio financeiro e atuarial, os seus objetivos e o seu âmbito de cobertura assistencial, as suas diretrizes a serem seguidas pelas leis infraconstitucionais, as suas nor- mas administrativas, os servidores públicos e a sociedade em geral. Suas fontes são formais (principais) e materiais (secundárias). 1. Fontes formais as fontes formais emanam do Estado e são normas legais obrigatórias, dotadas de força coercitiva. São textos legais que exteriorizam e concretizam o direito. Exemplo: Constituição, emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, decretos etc. 2. Fontes materiais As fontes materiais têm caráter publicista e espelham valores sociais que, em algum momento, influenciam no nascimento das normas jurídicas. Exemplo: jurisprudência, doutrina, costumes, normas administrativas – em especial as exaradas pelo Conselho Nacional da Seguridade Social (CNSS), normas coletivas e regulamentos das empresas. 15 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Enfim, na ordem constitucional, o Direito Previdenciário é espécie de seguro contra adversidades econômicas, custeado diretamente pelos segurados pre- videnciários e por toda a sociedade, por meio de contribuiçõestributárias que têm basicamente três funções: garantir a subsistência do segurado e família; facilitar o retorno do indivíduo ao trabalho; e deixar para a Assistência Social o atendimento apenas os casos de pobreza extrema. 2.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO A Constituição Federal elenca, de forma objetiva, um rol mínimo de princípios que regem o sistema previdenciário brasileiro. São eles: a. Princípio da fili ção obrigatória e automática (art. 194, CF/1988): Todos os indivíduos com relação de emprego ou trabalho remunerado são, automática e obrigatoriamente, filiados à Previdência Social e obrigados a contribuir compulsoriamente, com desconto em folha de pagamento feito pelo empregador que, por sua vez, repassa os valores ao Estado. A exceção são os segurados facultativos, que contribuem voluntariamente. 1. Princípio da contributividade (art. 201, CF/1988, e art. 1°, Lei n. 8.212/91) é uma ordem de contribuição pecuniária para o custeio da Previdência Social, imposta aos trabalhadores e à sociedade, aliada à exigência de cumprimento de carência temporal para a aquisição do direito de gozo dos benefícios previdenciários. 16 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 10 - CONTRIBUIÇÃO Fonte: Plataforma Deduca (2019). 2. Exceção ao Princípio da Contributividade exceção são os casos de acidente do trabalho, nos quais não há carência para recebimento do auxílio-doença. Quando o recolhimento fica a cargo do empregador, o não repasse do dinheiro aos cofres públicos não impede que o empregado receba os benefícios. Porém, quando o recolhimento é feito pelo próprio segurado, a falta de pagamento das contribuições prejudica o direito aos benefícios. 1. Princípio do equilíbrio fina ceiro e atuarial (art. 201, CF/1988, e art. 80, inciso VII, Lei n. 8.212/91) impõe à Administração Pública responsabilidade na gestão do orçamento previdenciário, com harmonização entre receita e despesa para a garantia de uma boa e ininterrupta prestação de serviços aos segurados no longo prazo. 17 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 11 - EQUIDADE Fonte: Plataforma Deduca (2019). 2. Equilíbrio fina ceiro e atuarial o equilíbrio nas contas é importante para o pagamento dos benefícios no curto prazo. O equilíbrio atuarial é importante para resguardar a capacidade financeira da Previdência ao longo dos anos, frente a variações entre receita e despesa, nem sempre previsíveis, como diminuição da arrecadação, crises financeiras, envelhecimento da população, endemias incapacitantes etc. O controle imediato da regularidade e legalidade na concessão e no repasse dos benefícios é feito por meio de perícias médicas periódicas. Aliado ao pa- gamento do teto previdenciário máximo, são medidas que colaboram para o equilíbrio orçamentário da Previdência Social. Há apenas duas exceções ao teto previdenciário: o salário-maternidade para se- guradas empregadas e avulsas; e o acréscimo de 25% sobre a aposentadoria por invalidez, para os segurados que necessitam assistência permanente, a saber: 18 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 1. Princípio da universalidade de participação nos planos previdenciários mediante contribuição (art. 201, § 1°, CF, e art. 3°, a, Lei n. 8.213/91): este princípio ordena que todos, trabalhadores e empregados, sem distinção de nenhuma natureza, paguem contribuições sociais mensais como con- dição para terem o direito de receber benefícios previdenciários em caso de impedimento laboral justificado. O órgão gestor da Previdência Social não pode impedir ou escolher quem contribui, nem pode se eximir de pagar os benefícios a que os segurados façam jus. Brasileiros e estrangeiros com permissão de trabalho, e seus dependentes le- gais, podem receber benefícios previdenciários desde que contribuam para a Previdência Social. Porém, pessoas em pobreza extrema, que não contribuem e nem têm vínculos previdenciários, podem receber um salário mínimo por mês a título de auxílio social do LOAS. 2. Princípio do valor da renda mensal dos benefícios, substitutos do sa- lário de contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado, não inferior ao do salário mínimo (art. 201, § 2º, CF/1988, e art. 3°, b, Lei n. 8.213/91): os benefícios previdenciários têm caráter indenizatório ou subs- titutivo da renda laboral. Os de caráter indenizatório ou complementar podem ser pagos em valor inferior ao salário mínimo, caso do salário família e do auxílio-acidente (arts. 65 e 86, Lei n. 8.213/91). Porém, os subs- titutivos da renda não podem ser pagos em valor inferior ao salário míni- mo, caso da aposentadoria por idade, por tempo de contribuição e espe- cial, dos auxílios-doença e reclusão, do salário-maternidade e da pensão por morte. 3. Princípio do cálculo dos benefícios considerando-se os salários de con- tribuição, corrigidos monetariamente (art. 201, §3°, CF, e art. 3°, c, Lei n. 8.213/91): os benefícios previdenciários são calculados com base na média dos salários de contribuição dos segurados, atualizados pelo INPC. 4. Princípio da preservação do valor real dos benefícios (art. 201, §3°, 4°, CF, e art. 3°, d, Lei n. 8.213/91): por ordem deste princípio, a Previdência Social corrige o valor pago aos segurados a cada 12 meses, a fim de garantir o va- lor real de compra que o benefício tinha no momento da concessão. 19 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 12 - MERCADO Fonte: Plataforma Deduca (2019). 5. Princípio da previdência complementar facultativa, custeada por con- tribuição adicional (art. 202, CF, e art. 3°, e, Lei n. 8.213/91): é dever da Previdência Social pagar benefícios que assegurem a sobrevivência dig- na dos seus segurados, e não a renda, alta ou baixa, que tinham quando exerciam atividades laborativas. Para que os segurados aufiram renda equivalente aos das épocas de atividade laboral, a Constituição permite que, facultativamente, contratem e paguem unilateralmente uma previ- dência privada. Esse custo pode ser dividido com os empregadores, mas a previdência privada, mesmo quando prevista em acordos coletivos do trabalho, não é incorporada aos contratos de trabalho. 2.5 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS: MODELOS DE SEGURIDADE SOCIAL A Constituição Federal prevê dois tipos previdenciários: o regime de repartição simples, lastreado na solidariedade contributiva obrigatória; e o regime de ca- pitalização, complementar e facultativo. 20 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 13 - CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA Fonte: Plataforma Deduca (2019). a. O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) é um sistema gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social que, por sua vez, segue as diretrizes políticas da Secretaria de Previdência (SPrev), do Ministério da Fazenda, para pagamento dos benefícios e aposentadorias aos segurados da Previ- dência Social. b. O Regime de Capitalização é regulamentado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, que fiscaliza e supervisiona as entidades de previ- dência complementar e os fundos de pensão, com o auxílio da Empre- sa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (DATAPREV), que guarda e processa, em tempo real, os dados da Receita Federal, da saúde, das previdências social e privada e da assistência social. Outros cinco órgãos colegiados ajudam orientando, desenvolvendo, projetan- do e decidindo sobre as decisões previdenciárias, mas com norte na descentra- lização sobre base quadripartite – Governo, empresas, trabalhadores e aposen- tados. São eles: o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), a Câmara de Recursos da Previdência Complementar (CRPC) e o Conselho Nacional dos Dirigentes de Regimes Próprios de Previ- dência Social (CONAPREV). É a Lei Complementar n. 109/2001 que regulamenta a Previdência Privada, definindo-a como facultativa,complementar e autônoma ao Regime Geral da Previdência Social, mantida pelos participantes e operada por instituições pri- vadas com o objetivo de instituir e executar planos de benefícios previdenciá- rios privados. 21 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Ou seja, os Fundos de Pensão são criados e administrados por Entidades Fecha- das de Previdência Complementar (EFPCs), fundações privadas ou sociedades civis sem fins lucrativos (arts. 31 a 35 da LC 109), ou por Sociedades Anônimas, entidades abertas (art. 36 da LC 109), fiscalizadas pela Superintendência Nacio- nal de Previdência Complementar (PREVIC), autarquia federal vinculada ao Mi- nistério da Fazenda (Dec. n. 8.992/2017), com o objetivo de operar planos de benefício previdenciários privados para empresas, cooperativas ou associações, classistas ou setoriais, por meio de contribuições mensais ou pagamento único. Em que pese o fato de ser comum, em outros países, no Brasil, a previdência privada não goza da confiança da população por ser um investimento de lon- go prazo, caro para o padrão médio dos trabalhadores, mal fiscalizado pelo Po- der Público e, por isso, com alto risco de prejuízos decorrentes de fraudes e má gestão, a exemplo do que ocorreu com os fundos Petros, Funcef, Postalis, Ser- pros, CEDAE, Varig, Cia Docas, Montepio da Família Militar, Montevan, CORRFA, Interbrazil Seguradora, Interunion Capitalização, Internacional, entre outros. CONCLUSÃO Esta unidade fez uma análise dos princípios que fundamentam a Seguridade Social e explorou as diferenças entre ela, a Previdência Social e a Previdência Privada, com a finalidade de, por meio do conhecimento dos conceitos bási- cos que regem esse institutos, servir de base a uma análise crítica do sistema securitário brasileiro, seu valor para a democracia e para os direitos sociais. Conhecer e praticar os princípios e preceitos constitucionais e infraconstitu- cionais expostos nesta unidade é também imprescindível para o exercício da hermenêutica. A Previdência Social influencia e integra, de forma direta e indireta, a vida da maior parte dos brasileiros, com impactos positivos na sociedade, por meio da concretização de ações e serviços sociais cujo norte é a garantia do mínimo existencial, o bem-estar e a justiça social. Todos devem conhecê-la.
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