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GINEAD SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL Unidade 3 - Regime geral da previdência social benefícios previdenciários OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 2 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD UNIDADE 3 > Analisar e compreender Finanças da seguridade social; como ocorre o custeio da seguridade social, seus aspectos financeiros; e a sustentabilidade financeira de todo o sistema previdenciário no Brasil. > Identificar como ocorrem a distribuição dos gastos e sua administração por meio da Lei Orgânica da Previdência Social. Todos os direitos reservados. Prezado(a) aluno(a), este material de estudo é para seu uso pessoal, sendo vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, venda, compartilhamento e distribuição. 3 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD 3 REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. INTRODUÇÃO Esta unidade irá abordar de forma objetiva de que forma a Seguridade Social é custeada no Brasil. No seu contexto de grande importância para a sociedade brasileira, a Seguridade Social ganhou destaque com a Constituição de 1988, visto que as fontes de custeio se ampliaram, visando garantir maior proteção social. Uma gestão tripartite que divide os custeio entre Trabalhadores, Em- pregadores e Sociedade tornou se importante e possibilitou ampliar os meios de arrecadação Estatal. Na presente unidade abordaremos os seguintes tó- picos: Definição de custeio, Fontes de custeio da Previdência Social, Nature- za jurídica da contribuição previdenciária, Contribuintes da seguridade social, Contribuições da seguridade social: arrecadação e recolhimento do Crédito da seguridade social. 3.1 DEFINIÇÃO DE CUSTEIO Como visto, a Seguridade Social está prevista na Constituição Federal e as ações integradas do poder público e da sociedade visam a assegurar diretos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. E o que se pergunta é “Quais as formas de garantir esses direitos”? Definição de custeio: “Ação ou efeito de custear; financiar os gastos e/ou despesas de; custeamento”. Complementando a ideia, pode-se dizer que os sistemas de custeios são os métodos utilizados para apuração e apropriação dos custos ao produto. 4 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD O que é custeio? É a ferramenta que auxilia a contabilidade de custos na geração de informações que servirão de suporte às tomadas de decisões dos gestores. Claramente, aqui não estamos falando do sistema de custeio financeiro da iniciativa privada, de uma produção ou de uma contabilidade empresarial, mas sim, da administração pública e a garantia de direitos sociais previstos constitucionalmente. Inicialmente, devemos definir o que é custeio. Segundo o dicionário é a “Ação ou efeito de custear; financiar os gastos e/ou despesas de; custeamento”. Com- plementando a ideia, pode-se dizer que: os sistemas de custeios são os métodos utilizados para apuração e apropriação dos custos ao produto, ou seja, a ferramenta que auxilia a contabilidade de custos na geração de informações que servirão de suporte às tomadas de decisões dos gestores. (LIBANO, 2019) Claramente, aqui não estamos falando do sistema de custeio financeiro da ini- ciativa privada, de uma produção ou de uma contabilidade empresarial, mas sim, da administração pública e a garantia de direitos sociais previstos consti- tucionalmente. Assim, devemos entender que o custeio, segundo o prisma estudado, é a for- ma de financiamento que o Estado encontra para a garantia desses direitos básicos de saúde, previdência e assistência social. Para tanto, o texto constitucional permite a criação das contribuições previ- denciárias que necessariamente deverão ser instituídas por lei, frente à nature- za tributária. Assim, a própria Constituição de 1988 previu, em seu Art. 195, que a seguridade social é financiada por toda a sociedade. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; 5 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. § 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. § 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o poder público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b. § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. 6 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não- cumulativas. § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. Fonte: BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <https://www. senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_26.06.2019/art_195_.asp>. Acesso em: 15 out. 2019. Nesse contexto da legislação específicae nos termos das leis instituidoras das contribuições previdenciárias, e mediante recursos dos orçamentos da União, dos Estados e Municípios. Dessa forma, tais fontes de recursos são o custeio, e serão tratadas em tópico seguinte. FIGURA 3 - PREVIDÊNCIA SOCIAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). 7 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 3.2 FONTES DE CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Partindo da definição de custeio, financiamento, partimos para o estudo das fontes de custeio da Previdência Social. A Constituição ordena que a seguridade social seja financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes do governo, das empresas e dos trabalhadores. Até mesmo o governo, caso contrate trabalhadores vinculados ao regime geral da previdência social (RPGS), contribuirá como uma empresa comum. Ou seja, a Lei Maior indicou a tríplice forma de custeio da seguridade social, qual seja, por meio do governo, empresas e trabalhadores. Entretanto, não confunda o RGPS com os regimes próprios. A PEC 41/03 instituiu a contribuição dos aposentados aos Regimes Próprios de Previdência Social para o financiamento do sistema previdenciário, mas não alterou a imunidade dos aposentados do Regime Geral, assim, tríplice forma de custeio, então, somente continua válida para o RGPS, pois, atualmente, os regimes próprios são financiados por quatro fontes: governo, trabalhadores, empresas e inativos (aposentados e pensionistas). A tríplice forma de custeio somente se aplica à previdência social, uma vez que é o único ramo da seguridade social em que a contribuição é indispensável, o que é expressamente indicado no artigo 167, XI, da Constituição Federal de 1988. O já citado artigo constitucional 195 dispõe, ainda, que seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 8 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 3.3 NATUREZA JURÍDICA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. As contribuições elencadas no Art. 195 produzem divergências em relação a sua natureza jurídica. Entretanto, na doutrina, é predominante o entendimen- to de que são tributos, mais precisamente contribuições especiais. Conceito de Tributo Segundo o Art. 3º, do Código Tributário Nacional, “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” (BRASIL. Código Tributário Nacional,2019, art. 3, acesso em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm, 28/10/2019) Lei Orgânica da Seguridade Social Corroborando tal entendimento, a própria Lei n. 8.1212/91, a Lei Orgânica da Seguridade Social, dispõe, em seu Art. 11, que as receitas que compõe o orçamento da seguridade social são receitas da União, das contribuições sociais e de outras fontes. Contribuição Especial Tem por critério de identificação a finalidade da criação do tributo, conforme disposto no artigo 149, da Constituição Federal, sendo necessária a sua vinculação ao fato que lhe deu causa. Contribuições Sociais ambém são chamadas de parafiscais, são classificadas como espécies tributárias que assumem importância no custeio de setores importantes na ideia da Constituição Federal de 1988, como saúde, moradia e lazer, por exemplo http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm 9 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL O conceito de tributo, no ordenamento jurídico brasileiro, é trazido pelo Códi- go Tributário Nacional, em seu Art. 3º: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (BRASIL, 2019) Corroborando tal entendimento, a própria Lei n. 8.1212/91, a, dispõe, em seu Art. 11, que as receitas que compõe o orçamento da seguridade social são receitas da União, das contribuições sociais e de outras fontes. Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto das seguintes receitas: I - receitas da União; II - receitas das contribuições sociais; III - receitas de outras fontes. (BRASIL, 1991) Em seguida, o parágrafo único do mesmo artigo elenca as contribuições so- ciais: Parágrafo único. Constituem contribuições sociais: a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço; b) as dos empregadores domésticos; c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário-de-contribuição; d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro; e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos. (BRASIL, 1991) A Contribuição Especial tem por critério de identificação a finalidade da cria- ção do tributo, conforme disposto no artigo 149, da Constituição Federal, sendo necessária à sua vinculação ao fato que lhe deu causa. Por usa vez, as Contribuições Sociais, também chamadas de parafiscais, são classificadas como espécies tributárias que assumem importância no custeio de setores importantes na ideia da Constituição Federal de 1988, como saúde, moradia e lazer, por exemplo. Assim a Contribuição Social pode ser entendida como uma espécie de Contri- buição Especial, dividindo-se inda em de Seguridade e Gerais. 10 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Primeiro tipo de contribuição: Constitui ações que visam a promover a saúde, a previdência ou a assistência social. Segundo tipo de contribuição: São as contribuições gerais, são definidas por exclusão, ou seja, que financiam outros direitos sociais que não sejam saúde, previdência ou assistência social. 3.4 CONTRIBUINTES DA SEGURIDADE SOCIAL. Inicialmente, devemos definir o que é contribuinte: é o sujeito passivo da obrigação tributária, sendo assim considerada toda pessoa (física ou jurídica) que, por determinação legal, está sujeita ao pagamento do tributo. A obrigação pode ser principal ou acessória. (COELHO, 2018) FIGURA 6 - PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO Fonte: Plataforma Deduca (2019). Contribuintes previdenciários são aqueles que, de forma direta e/ou indireta, asseguram os recursos necessários para a implementação de políticas de saú- de, previdência social e assistência social no Brasil. 11 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Pode ser tanto Pessoa física quanto jurídica. Na sua forma Direta, inclui em- pregado (urbano e rural e doméstico); empresa; empresário; facultativos. E na forma Indireta, toda a sociedade (impostos). Para um melhor entendimento, define-se melhor os principais contribuintes: • Empresa – empresário ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional. Equipara-se à empresa, para fins previdenciários, o contribuinte individual em relação ao segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras. (BRASIL, 2006) • Empregador Doméstico – pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, o empregado doméstico. • Trabalhador – pessoa que presta serviço com ou sem vínculo empregatício à empresa; aquele que exerce por conta própria atividade econômica remunerada. FIGURA 7 - CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). 12 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL O Art. 121 do Código Tributário Nacional define o sujeito passivo da obrigação principal como a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária: O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável,quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. (BRASIL, 2019) Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto. Saiba mais sobre as relações de trabalho em: ALVES, L.; ALMEIDA, L. F.; RODRIGUES, D. As principais características das relações de emprego e relações de trabalho. Águia Acadêmica - Revista Científica dos Discentes da FENORD, 2015. Disponível em: <http://www.fenord.edu.br/revistaacademica/ revista2015/textos/Art.04_Rev_Ag_Acad%20_Vol.03. pdf>. Acesso em:15/10/2019 Assim, segundo J. Coelho, [...] o segurado empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso são contribuintes da Seguridade Social (na medida em que sofrem o desconto do INSS de seus rendimentos), mas não são responsáveis pela obrigação principal (recolhimento deste valor à Previdência Social). Isto porque, consoante o disposto no inciso I do art. 30 da Lei 8.212/1991, é obrigação da empresa a arrecadação e o recolhimento das contribuições (descontando- as da respectiva remuneração) dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social. (Coelho, 2018) http://site.fenord.edu.br/revistaacademica/revista2015/textos/Art.04_Rev_Ag_Acad%20_Vol.03.pdf 13 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 3.5 CONTRIBUIÇÕES DA SEGURIDADE SOCIAL: ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO. Arrecadação e Recolhimento estão relacionados ao adimplemento da obriga- ção tributária principal (pagar as contribuições sociais), mas resta importante conceituar os dois institutos: Arrecadação: Ocorre quando o contribuinte (segurado) liquida a contribuição social devida junto ao Estado (por meio da RFB), ou seja, é quando o contribuinte paga a guia de recolhimento no banco, na lotérica ou no homebank (internet). Recolhimento (ou pagamento): É um momento posterior, ocorre quando o agente arrecadador (o banco) repassa o dinheiro arrecadado para o Tesouro Nacional. (JAHA, 2015) A partir dessas definições, o próprio ordenamento jurídico, de forma didática, dispõe sobre o tema, especialmente as Leis 8.212/91 (Plano de Custeio da Segu- ridade Social) e 8.213/91 (Plano de benefícios da Seguridade Social). O Art. 30, da Lei 8.212/91, assim prevê: A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: I - a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração; b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea anterior, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, inclusive adiantamentos, aos segurados empregados, empresários, trabalhadores avulsos a seu serviço, no dia 2 do mês seguinte ao de competência, prorrogado o prazo para o primeiro dia útil subseqüente se o vencimento cair em dia em que não haja expediente bancário; c) recolher as contribuições de que tratam os incisos I e II do art. 23, na forma e prazos definidos pela legislação tributária federal vigente; II - os segurados trabalhador autônomo e equiparados, empresário e facultativo estão obrigados a recolher sua contribuição por iniciativa própria, até o dia quinze do mês seguinte ao da competência; III - o adquirente, o consignatário ou a cooperativa são obrigados a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subseqüente ao da operação de venda ou consignação da produção, na forma estabelecida em regulamento. IV - o adquirente, o consignatário ou a cooperativa ficam sub-rogados nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea a do inciso V do art. 12 e do 14 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta lei, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; VI - o proprietário, o incorporador definido na Lei n° 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou o condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações; VII - exclui-se da responsabilidade solidária perante a Seguridade Social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária que realizar a operação com empresa de comercialização ou incorporador de imóveis, ficando estes solidariamente responsáveis com o construtor; VIII - nenhuma contribuição à Seguridade Social é devida se a construção residencial unifamiliar, destinada ao uso próprio, de tipo econômico, for executada sem mão-de-obra assalariada, observadas as exigências do regulamento; IX - as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei; X - a pessoa física de que trata a alínea a do inciso V do art. 12 e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição de que trata o art. 25 desta lei no prazo estabelecido no inciso III deste artigo, caso comercializem a sua produção no exterior ou, diretamente, no varejo, ao consumidor. (BRASIL,1991) Por sua vez, o Art. 33 da Lei n. 8.212/91 dispõe: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (BRASIL, 1991) Desde 2007, toda a parte de custeio da Seguridade Social está no âmbito da Receita Federal do Brasil (RFB), enquanto que toda a parte de benefícios está no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 3.6 CRÉDITO DA SEGURIDADE SOCIAL. Conforme visto, a ampla maioria da doutrina entende que a natureza jurídica da contribuição previdenciária é o tributo. Assim, essa contribuição deve seguir os trâmites formalizados pela legislação tributária nacional. 15 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Ocorrido o fato gerador descrito abstratamente na hipótese de incidência tributária, o Estado ainda não está apto a cobrar o tributo devido. Mister a realização de procedimentos administrativos, a fim de dar certeza e liquidez ao crédito a ser cobrado, quer pela via administrativa ou judicial. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível (art. 142 do CTN). A atividade administrativa de lançamento é vinculada – deve ser feita nos termos da lei – e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (Parágrafo único, do art. 142, do CTN). (SILVA; SANTOS, 2019). Após tais procedimentos administrativos, tem-se o crédito tributário, este cer- to, líquido, certo e exigível. Como afirma Hugo de Brito Machado: [...] o crédito tributário, portanto, é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional). (SILVA; SANTOS, 2019, apud MACHADO, 2002, p. 146) Assim, é preciso três requisitos para que o crédito tributário exista: sua previ- são em lei, o fato gerador e o lançamento do tributo. Portanto, diante do crédito tributário o Estado podearrecadar aquilo que lhe é devido e, nos termos da Constituição Federal de 1988, aplicá-los na Seguridade Social, a fim de que o Estado atinja a sua finalidade social. 16 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL CONCLUSÃO Essa unidade abordou de forma objetiva o Custeio da Seguridade Social, in- cluindo, nesse tema, a Previdência Social. O conhecimento sobre a distribui- ção dos gastos e sua administração Estatal permite-nos compreender a com- plexidade do sistema e refletir sobre questões importantes que envolvem a manutenção dele, como a participação dos entes Estatais, a Sociedade, os trabalhadores e as empresas privadas. Isso constatou se por meio da gestão quadripartite do custeio, percebendo assim que todos os setores devem estar envolvidos na manutenção do sistema social da seguridade, garantindo vida digna e a sustentabilidade de todos os indivíduos abarcados pelo sistema da seguridade social brasileira.
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