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GINEAD SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL Unidade 6 - Previdência social: confl itos e consensos OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 2 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD UNIDADE 6 > Identificar a assistência social. > Identificar a saúde. > Analisar as novas discussões acerca do tema. > Analisar as alterações acerca do tema. Todos os direitos reservados. Prezado(a) aluno(a), este material de estudo é para seu uso pessoal, sendo vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, venda, compartilhamento e distribuição. 3 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD 6 PREVIDÊNCIA SOCIAL: CONFLITOS E CONSENSOS. LEI ORGÂNICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (LOPS). PROCESSO ADMINISTRATIVO. REGIME PREVIDENCIÁRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS. REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará Assistência Social, seus objetivos, seus fundamentos, suas fontes de custeio, seus serviços e seus benefícios assistenciais; o históri- co da saúde, suas características e seus princípios; o Sistema Único de Saúde (SUS); o processo administrativo previdenciário; o Regime previdenciário dos servidores públicos e a Previdência Complementar; as Reformas Previdenci- árias na vigência da Constituição de 1988; e, por fim, a Lei Orgânica da Previ- dência Social (LOPS). Conhecer a estrutura da Seguridade Social, tanto para os trabalhadores da área privada, como para os servidores efetivos da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, suas autarquias e suas fundações, é impres- cindível tanto para quem quer trabalhar na área previdenciária quanto para quem apenas precisará, um dia, pleitear direitos, benefícios e serviços de saú- de, assistenciais ou previdenciários. Saber a quem, como, quando e onde re- correr pode auxiliar muito no acesso aos serviços essenciais securitários. 4 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD 6.1 ASSISTÊNCIA SOCIAL: CONCEITO, OBJETIVOS E FUNDAMENTOS. O conceito e princípios que regem a Assistência Social estão nos Arts. 203 e 204 da Constituição Federal (CF) e na Lei n. 8.742, de 07 de dezembro de 1993, chamada Lei Orgânica da Assistência Social ou simplesmente LOAS. FIGURA 1 - ASSISTÊNCIA SOCIAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). Essas normas, baseadas na dignidade da pessoa humana, têm por norte políti- ca públicas de assistência social para a erradicação da pobreza e da marginali- zação; a redução das desigualdades sociais e regionais; e a garantia do mínimo vital para os hipossuficientes, pessoas socialmente vulneráveis por incapacida- de laboral momentânea que, para sobreviverem dignamente e subir na escala social, precisam da ajuda do Estado. 5 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD A Assistência Social está definida no Art. 1° da LOAS: Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. Têm direito à Assistência Social todos aqueles que não auferem o mínimo necessário para sobreviverem dignamente, ou seja, para garantir a si e a seus dependentes legais os direitos sociais básicos indicados no Art. 6° da Carta Magna: educação, saúde, alimentação, moradia, transporte e lazer. 1. Objetivo da Assistência Social: Tudo o que ultrapassa o mínimo vital deve ser alcançado por esforço próprio, pois o objetivo da Assistência Social é amparar apenas os hipossuficientes econômicos e os vulneráveis sociais, sem a necessidade de contraprestação em dinheiro, por meio de políticas públicas de proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; de integração dos desocupados no mercado de trabalho; de habilitação, reabilitação e integração à vida comunitária dos deficientes; além de garantir aos idosos e aos deficientes sem meios de prover a própria subsistência ou tê-la provida pela família, renda mensal equivalente a um salário mínimo. (Art. 203, I a V, CF) 6 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 2 - ASSISTÊNCIA AOS HIPOSSUFICIENTES Fonte: Platform Deduca (2019). 2. Universo de atuação Como o Art. 203 da Constituição Federal não é exaustivo, a atuação da Assistência Social é muito abrangente: conflitos familiares; combate aos vícios e consequências, ao racismo; igualdade e não discriminação étnica, de gênero, de idade, de deficiência, de saúde mental; representações culturais; proteção dos costumes comunitários; segurança laboral, alimentar e nutricional; etc. 7 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 6.2 CUSTEIO, SERVIÇOS E BENEFÍCIOS. Segundo o Art. 23, inciso XIV e XV, da Constituição Federal, há responsabili- dade e dever concorrente entre União, Distrito Federal, estados e municípios, para legislar, implementar e ampliar políticas públicas assistenciais. (BRASIL, 1988) FIGURA 3 - AÇÕES GOVERNAMENTAIS Fonte: Plataforma Deduca (2019). 8 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Segundo o Art. 204 c/c 195, Constituição Federal, as fontes de custeio das ações governamentais em Assistência Social são concursos de prognósticos, doa- ções, tributos sobre a importação, folhas de salário, rendimentos e lucro das empresas etc. (BRASIL, 1988) Esses valores integram, segundo o Art. 28, Lei n. 8.742/93, o Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), alimentado também por outras verbas: dinheiro da venda dos imóveis da extinta Fundação Legião Brasileira de Assistência, contribuições dos entes federados etc. (BRASIL, 1993) FIGURA 4 - FONTES DE CUSTEIO Fonte: Plataforma Deduca (2019). Enquanto política social e prestadora de serviços sociais, a Assistência Social, nos termos da Lei n. 8.742/1993, subdivide-se em: a. Serviços assistenciais (Art. 23): atividades contínuas para melhoria de vida da população de acordo com os objetivos, princípios e diretrizes es- tabelecidas na LOAS. 9 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL b. Programas de assistência social (Art. 24): “ações integradas e comple- mentares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais”. (BRASIL, 1993) c. Projetos de enfrentamento da pobreza (Art. 25): investimentos econômico- -sociais em grupos vulneráveis, com ajuda financeira e técnica para subsis- tência e para melhoria da qualidade de vida, da capacidade produtiva e de gestão, aliando atenção, escalada social e preservação do meio-ambiente. FIGURA 5 - ENFRENTAMENTO DA POBREZA Fonte: Plataforma Deduca (2019). 1. Benefício de Prestação Continuada O benefício assistencial previsto na LOAS é direito personalíssimo, destinado a pessoas não seguradas da Previdência Social, em estado de miserabilidade, sem óbice para recebimento por mais de um integrante da mesma família, cessando com a morte ou com a mudança de status social do beneficiado, dividindo-se em: 10 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL a) Benefício de Prestação Continuada da Assistência So- cial (BPC) (Art. 20 e 21 Lei n. 8.742/1993) Garante renda mensal de um salário mínimo a pessoas em estado de miserabilidade, subdividindo-se em: Benefício Assistencial ao Idoso, carentes com 65 anos ou mais; e Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência, carentes com deficiência física e mentais, independentemente da idade. FIGURA 6 - BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA Fonte: Plataforma Deduca (2019). b) Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência A deficiência, por si, não autoriza o direito ao benefício assistencial. Segundo o Art. 3º, IV, da Lei n. 13.146 de 2015, apenas os carentes com limitação física ou mental que obste o trabalho e a plena participação social, em igualdade de condição com as demais pessoas, têm direito a recebê-lo. (BRASIL, 2015) 11 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 1. BenefíciosEventuais Segundo o Art. 22 da Lei n. 8.742/1993 e o Decreto n. 6.307 de 2007, são auxílios temporários, suplementares à renda dos indivíduos e das famílias transitoriamente vulneráveis, como auxílios natalidade, funeral, calamidade, e a ajuda de 25% do salário mínimo para menores até 06 anos de idade, integrantes de família com renda mensal per capita de até ¼ do salário mínimo. (BRASIL, 1993; BRASIL, 2007) FIGURA 7 - BENEFÍCIOS EVENTUAIS Fonte: Plataforma Deduca (2019). 2. Avaliação dos Benefícios Eventuais A avaliação da carência se dá pelo critério do risco, “ameaça de sérios padecimentos, privação de bens e de segurança material, agravos sociais e ofensa, ou outras situações sociais que comprometam a sobrevivência”. (BRASIL, 2007). 12 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 6.3 SAÚDE: HISTÓRICO, CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS. O Sistema Único de Saúde (SUS) é um plano de reforma sanitária, criado pela Constituição e regulamentado nas Leis n. 8.080/90 e n. 8.142/90, para promo- ção, proteção e recuperação da saúde, por meio de ações e serviços em saú- de prestados pelos entes federados, em parceria com a iniciativa privada por meio de convênios, sob a orientação e a fiscalização do Ministério da Saúde, para atenção integral a todas as pessoas no território nacional. FIGURA 8 - ATENÇÃO INTEGRAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). No Brasil, ¼ da população, 58 milhões de brasileiros, recebe menos de um dólar/ dia, vivendo na miséria. Outros 44,8 milhões ganham até um salário mínimo. Ou seja, cerca de 103 milhões de brasileiros têm, no SUS, o único acesso a serviços de saúde, o que dá uma dimensão da sua importância social. (IBGE, 2019) 13 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Como a “saúde é direito de todos e dever do Estado” – Art. 196, CF –, a atenção plena, universal e qualitativa, sem qualquer discriminação, inclusive de nacio- nalidade e status social, independente de contraprestação pecuniária, é impo- sitiva e garantista do pleno acesso a tratamentos (médico, dentário, psicológico etc.), exames, remédios etc. (BRASIL, 1988) FIGURA 9 - SAÚDE – DIREITO DE TODOS Fonte: Plataforma Deduca (2019). 14 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL As atribuições do SUS são muito amplas e estão elencadas no Art. 200 da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n. 8.080/1990. Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. (BRASIL, 1990) São pilares dessa imensa estrutura os seguintes princípios (Art. 198, CF): 1. Princípio da Universalidade do acesso e da igualdade na assistência Todos têm direito ao atendimento no SUS, sem discriminação ou preconceito. 15 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 10 - UNIVERSALIDADE DO ACESSO Fonte: Plataforma Deduca (2019). 2. Princípio da Integralidade da assistência Acesso a ações curativas e preventivas, individuais e coletivas, em todas as áreas da saúde. 16 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 1. Informação e preservação da autonomia individual O SUS deve dar informações completas sobre os serviços de saúde e como usá-los; e os profissionais de saúde devem informar os pacientes sobre a sua saúde, para que possam escolher aceitar ou recusar recomendações médicas e defender, plena e conscientemente, a sua integridade física e moral. FIGURA 11 - INFORMAÇÃO E AUTONOMIA INDIVIDUAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). 2. Diretrizes epidemiológicas É o uso de dados epidemiológicos como orientação para, programaticamente, alocar recursos e definir prioridades em práticas de saúde. 17 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 1. Participação e descentralização. a) Participação comunitária: o povo deve opinar sobre decisões estatais. b) Descentralização administrativa: a atenção deve ser regionalizada e hierarquizada, sob direção única nas diferentes esferas governamentais. FIGURA 12 - DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Fonte: Plataforma Deduca (2019). 2. Integração e Otimização. a) Integração das ações públicas: coesão entre políticas públicas de saúde, meio ambiente e saneamento básico. b) Otimizar gestão, decisões administrativas e serviços: reunir capital humano, financeiro e tecnológico dos entes federados para melhorar a gestão em saúde em todos os níveis de assistência e organizar trabalhos e políticas públicas, evitando duplicidade de meios para idênticos fins. 18 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Segundo o Art. 199, da Constituição Federal, para regulamentar, organizar e fiscalizar a participação complementar da iniciativa privada na área da saúde, foi criada a autarquia federal Agência Nacional de Saúde (ANS), sendo proibi- do, entretanto, destinar recursos públicos para instituições privadas com fins lucrativos. (BRASIL, 1988) Também é proibida a participação direta ou indireta de empresas ou capital estrangeiro na assistência à saúde, exceto na condição controladoras de empreendimentos de assistência à saúde, caso da United Health Group Incorporated que, em 2012, adquiriu a Amil Participações S.A., maior operadora de planos de saúde brasileira. FIGURA 13 - ATENÇÃO INTEGRAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). Como as pessoas têm responsabilidade compartilhada com Poder Público so- bre a saúde, própria e da família, é dever de todos evitar a doença e a autome- dicação; acatar o calendário de vacinação pública; cuidar da higiene pessoal e da casa; descartar adequadamente o lixo; limpar quintais e terraços; não deixar água parada no ambiente doméstico; manter animais limpos e vacinados; não dirigir alcoolizado; comparecer às consultas nas unidades de saúde ou des- marcar antecipadamente; seguir corretamente os tratamentos médicos; etc. 19 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 6.4 PROCESSO ADMINISTRATIVO: COMPETÊNCIA PARA AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E PRÉVIO INGRESSO NA VIA ADMINISTRATIVA. Segundo o Art. 37 da Constituição Federal O Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) integra a administração pública e está adstrito ao princípio da le- galidade, o que confere presunção de veracidade aos seus atos (BRAIL, 1988), e total credibilidade aos dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), que provam a filiação ao Órgão, os vínculos laborais, as remunerações, o tempo e os salários de contribuição. Em caso de divergência nesses dados, cabe ao segurado prová-las, nos termos do Art. 682 da IN – INSS/PRES n. 77: Art. 682. A comprovação dos dados divergentes, extemporâneos ou não constantes no CNIS cabe ao requerente. § 1º Nos casos de dados divergentes ou extemporâneos no CNIS cabe ao INSS emitir carta de exigências na forma do § 1º do art. 678. § 2º Quando os documentos apresentados não forem suficientes para o acerto do CNIS, mas constituírem início de prova material, o INSS deverá realizar as diligências cabíveis, tais como: I - consulta aos bancos de dados colocados à disposição do INSS; II - emissão de ofício a empresas ou órgãos; III - pesquisa externa; e IV - justificaçãoadministrativa. O processo administrativo federal é regulamentado pela Lei n. 9.784/99 e, no âmbito do INSS, também pela Instrução Normativa (IN) – NSS/PRES n. 77, de 21 de janeiro de 2015, publicada no Diário Oficial da União em 22 de janeiro 2015. O Diagrama 1 representa a estrutura processual administrativa do INSS. 20 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL DIAGRAMA 1 - ESTRUTURA PROCESSUAL ADMINISTRATIVA DO INSS Estrutura administrativa INSS Proc. Administrativo Junta de recursos Indefere Defere Câmera de julgamento Indefere Defere Fonte: Elaborado pela autora (2019). O procedimento administrativo previdenciário pode ser impulsionado por pro- vocação do interessado ou de ofício pelo próprio INSS (Art. 2°, XII, § único c/c Arts. 5° e 29, Lei n. 9.784/99), cabendo ao Órgão resguardar os direitos subjeti- vos dos segurados, dependentes e representantes legais, informando os requi- sitos necessários para a obtenção de benefícios ou de serviços mais vantajosos; a documentação necessária para instrução do procedimento administrativo; os prazos; os recursos; etc. A intermediação de terceiros, como advogados, na via administrativa previdenciária, fica a critério do segurado, dos beneficiários ou de terceiros interessados. 21 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 14 - PROCESSO ADMINISTRATIVO Fonte: Plataforma Deduca (2019). Como o acesso à justiça é um direito constitucional fundamental, a via admi- nistrativa não precisa ser exaurida. O interessado pode impetrar ação judicial a qualquer tempo, conforme decisão plenária do Supremo Tribunal Federal, no RE n. 631.240, julgado em 03 de setembro de 2014, em decisão plenária. Pelo fato de o INSS ser uma autarquia federal, segundo o Art. 109 da Constitui- ção Federal, a competência geral, para as ações previdenciárias, é da Justiça Federal (BRASIL, 1988). Mas há exceções como ações sobre concessão e revisão de benefícios decorrentes de acidente do trabalho, cuja competência é da jus- tiça estadual (Art. 109, I, CF c/c Art.129, II, Lei n. 8.213/9l, e Súmula n. 15, STJ). Já as ações indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho em face do em- pregador, por incapacidade ou morte, pela natureza de responsabilidade civil, são de competência da Justiça Trabalhista, a partir da Emenda Constitucional n. 45/2004. 22 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Neste sentido, a Súmula Vinculante 22, do STF: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional n. 45/2004. (STF, DJE de 11-12-2009) Nas comarcas onde não há varas federais, por competência delegada, os pro- cessos são julgados em primeira instância estadual e em grau recursal na Jus- tiça Federal. 6.5 REGIME PREVIDENCIÁRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS E PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. Os servidores públicos efetivos da União, Estados e Municípios, suas autar- quias e fundações, têm um Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) es- tatutário, de caráter contributivo e solidário, baseado no equilíbrio financeiro e atuarial, segundo Art. 40, caput, da Constituição Federal, Lei n. 9.717/1998. (BRASIL, 1988) FIGURA 15 - CARÁTER CONTRIBUTIVO Fonte: Plataforma Deduca (2019). 23 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL O cálculo das aposentadorias é feito pela média aritmética simples de 80% (oitenta por cento) das maiores remunerações de todo o período contributivo, proporcional ao tempo de contribuição, com proventos não inferiores ao sa- lário mínimo e não superiores à remuneração do cargo efetivo ocupado pelo servidor quando do pedido de aposentadoria, que pode se dar por invalidez permanente e com proventos proporcionais ao tempo de contribuição; com- pulsoriamente aos 70 ou 75 anos, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição; e voluntariamente, cumpridos dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, aos 60 anos de idade e 35 de contribuição, se homem, e 55 de idade e 30 de contribuição, se mulher, ou 65 anos, se homem, e 60, se mulher, com pro- ventos proporcionais ao tempo de contribuição. Para professores com efetivo exercício do magistério infantil, fundamental ou médio, o tempo é diminuído em 05 anos, segundo Art. 40, § 1°, incisos I a III, “a” e “b”, e § 5°. Em 2012, por meio da Lei n. 12.618, Art. 1º, foi criado o Regime de Previdência Complementar (RPC), para garantir benefícios previdenciários complementa- res aos “servidores públicos titulares de cargo efetivo da União, suas autarquias e fundações, inclusive para os membros do Poder Judiciário, do Ministério Pú- blico da União e do Tribunal de Contas da União”. Para administrá-lo e exe- cutar os planos de benefícios foi criada, por meio do Decreto n. 7.808/2012, a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (FUN- PRESP), entidade fechada de Previdência Complementar. FIGURA 16 - PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR PRIVADA Fonte: Plataforma Deduca (2019). 24 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL Entretanto, há uma impropriedade no Art. 1° da Lei 13.183/2015, pois ela impõe ao servidor público a adesão à previdência complementar que, por previsão constitucional, é opcional. Lazzari e Castro veem essa incongruência da seguinte forma: A premissa básica do regime de previdência complementar é a adesão facultativa (CF, art. 202, caput), devendo ser interpretada esta como sendo a manifestação expressa do servidor que, tenha ou não ingressado após o funcionamento do “fundo de pensão”, venha a concordar em participar do referido sistema. É dizer, não há escolha, por parte do servidor, quanto à vinculação ao RPPS e aos valores- limite pagos por este, para aqueles que ingressam após a implantação dos planos de previdência complementar (LAZZARI; CASTRO, 2017) A Federação Nacional das Associações de Oficiais de Justiça Avaliadores Fe- derais (FENASSOJAF) e a Associação Nacional dos Agentes de Segurança do Poder Judiciário da União (AGEPOLJUS) impetraram a Ação Direita de Incons- titucionalidade (ADI 4863), processo n. 9966788-06.2012.1.00.0000, questio- nando a inconstitucionalidade da adesão compulsória dos servidores públicos à Previdência Complementar, mas esse processo ainda está em trâmite e não há sentença. 25 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 6.6 REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS. Desde 1988, por Emendas Constitucionais (EC), os legisladores alteraram as regras previdenciárias seis vezes: FIGURA 17 - EMENDAS CONSTITUCIONAIS Fonte: Plataforma Deduca (2019). a. EC 03/93: estabeleceu a contribuição da União e seus servidores para o custeio das aposentadorias e pensões. b. EC 20/98: mudou idades mínimas e o tempo de contribuição para apo- sentadoria, com pedágio de 40% para o tempo de contribuição propor- cional: 48 anos de idade e 30 de contribuição para mulheres, e 53 anos de idade e 35 de contribuição para homens, com redução de 05 anos para professores do ensino fundamental ao médio. Instituiu paridade entre vencimentos dos servidores na ativa e aposentadorias e acabou com o tempo fictício de contribuição. c. EC 41/2003: estabeleceu o cálculo pela média de todas as remunerações fixando um teto máximo para aposentadorias e pensões, na área pública, e contribuição para as já deferidas superiores ao teto. 26 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL d. EC 47/2005: estabeleceu critérios diferenciados para a aposentadoria de deficientes e trabalhadores em atividades de risco ou prejudiciais à saúde e criou a figura do contribuinte de baixa renda com alíquotas diferencia- das para aposentadoria no valor de um salário mínimo. e. EC 70/2012: determinou a revisão do cálculo das aposentadorias por inva- lidez, que passaram a ser calculadas pela média das contribuições.f. EC 88/2015: mudou de 70 para 75 a idade da aposentadoria compulsória dos servidores. FIGURA 18 - APOSENTADORIA Fonte: Plataforma Deduca (2019). Agora, em 2019, está tramitando, no Congresso Nacional, mais uma alteração constitucional para mudanças no Sistema de Seguridade Nacional. 27 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL 6.7 LEI ORGÂNICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (LOPS). A Lei n. 3.807/1960, que dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), unificou e harmonizou a legislação aplicada aos Institutos de Apo- sentadoria e Pensões (IAP), criou o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) e a estrutura da Previdência Social, dando-lhes o status de órgão de administração, ao lado do Departamento Nacional da Previdência Social (DNPS), do Conselho Superior da Providência Social (CSPS) e do Serviço Atu- arial (SA). Em 1966, o Decreto-Lei n. 72 unificou os institutos de pensão IAPM, IAPC, IAPB, IAPI, IAPETEL, IAPTEC e criou Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), unificando as ações previdenciárias para os trabalhadores do setor privado, excetuando os trabalhadores rurais e os domésticos. Na década de 1970, houve uma expansão da cobertura previdenciária por meio de legislação esparsa, com concentração de recursos nos órgãos previ- denciários federais e ampliação de direitos para várias categorias profissionais: empregados domésticos, em 1972; trabalhadores autônomos em caráter com- pulsório, em 1973; amparo previdenciário assistencial para carentes maiores de 70 anos e inválidos não segurados, em 1974; e inclusão na previdência e assistência social para empregados rurais, em 1976. As muitas normas esparsas da Previdência Social foram, à época, compiladas no Decreto n. 77.077/76, revogado pelo Decreto n. 31.982/84, também revogado e substituído pelo Decreto n. 3048/99, vigente, que aprovou o Regulamento da Previdência Social. 28 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL FIGURA 19 - REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA Fonte: Plataforma Deduca (2019). Em 1977, a Lei n. 6.439 instituiu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), para integrar as funções de concessão e manutenção de be- nefícios e de prestação de serviços; de custeio de atividades e programas; e de gestão administrativa, financeira e patrimonial, sob orientação, coordenação e controle do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) (Art. 1°, I a II). Esta norma manteve o custeio e o regime de benefícios a cargo do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) e do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE), de acordo com a categoria profissional dos contribuintes (Art. 2°), e criou as autarquias – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e Instituto de Administração Financeira da Previ- dência e Assistência Social (IAPAS0) , vinculadas ao MPAS (Art. 3°, I e II). Por fim, a Constituição de 1988 inovou e criou o conceito de Seguridade Social, en- globando as áreas da Saúde, Assistência e Previdência Social (Art. 194 e seguintes). 29 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL CONCLUSÃO Nesta unidade você conheceu as regras que regem a Assistência Social, seus objetivos, fontes de custeio, serviços e benefícios direcionados à atenção so- cial dos hipossuficientes sociais, a fim de ajudá-los a deixar o estado de po- breza extrema, ou seja, de miserabilidade, caracterizado pela total carência e vulnerabilidade por falta do mínimo vital, e galgar um degrau na escalada social para a situação de pobreza. Aprendeu sobre o processo administrativo e suas etapas, como pode e deve ser impulsionado pelos segurados e pela própria administração pública, assim como sobre a desnecessidade de exaurir a via administrativa para pleitos pre- videnciárias na via judicial. Conheceu o regime previdenciário especial dos servidores públicos estatutá- rios, de caráter contributivo e solidário. E, finalmente, analisou a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS e a sua evolução no tempo. O conhecimento adquirido nesta unidade é imprescindível, pois integra os direitos fundamentais do cidadão e está afeto diretamente à dignidade da pessoa humana, pilar da República Federativa do Brasil.
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