Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Abordagem ao Politraumatizado O traumatismo é um dos mais importantes e crescentes problemas de saúde em todo o mundo - maior desafio dos sistemas de saúde do século XXI; 5,8 milhões de mortes / ano por causas externas; 13% das despesas totais - custo elevado -> + 500 bilhões de dólares ao ano; Principal causa de morte por trauma no mundo - acidentes automobilísticos. Abordagem ao Politraumatizado: ATLS - suporte de vida avançado de trauma; Avaliação primária- ABCDE: ❖ A - via aérea e colar cervical; ❖ B - ventilação / respiração; ❖ C - circulação; ❖ D - disfunção neurológica; ❖ E - exposição. OBS: Antes de iniciar o atendimento - avaliar segurança da cena e prevenir hipotermia. A - Vias aéreas e Colar Cervical: Observar sinais de obstrução, aspiração, inspeção de possíveis corpos estranhos, fraturas de face; Manobras de Chin Lift (tração da mandíbula) e Jaw Thrust (tração do mento); No atendimento pelo protocolo ATLS, sempre colocar o colar cervical; Avaliar dor cervical. B - Ventilação e Respiração: Observar pescoço e tórax - veias jugulares, traqueia, movimentação torácica; Palpação e percussão - identificam anormalidades; Lesões potencialmente graves - pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, tórax instável e hemotórax maciço. C - Circulação: Avaliação: nível de consciência, cor da pele (extremidades), pulsos centrais; Hemorragia: ❖ Externa: hemorragias exsanguinantes (lembrar que são avaliadas na letra “X”), lesões leves são avaliadas na letra E; ❖ Interna: fontes principais são as cavidades - tórax, abdome e pelve. D - Disfunção Neurológica: Escala de coma de Glasgow; Avaliação das pupilas (especialmente em casos de TCE); Níveis de consciência e estado de orientação (momento adequado para obter histórico do acidente / cinética do trauma); Avaliação dos quatro membros - sensibilidade e motricidade de membros superiores e inferiores. E - Exposição: Exame do tronco e extremidades, em busca de lesões que não oferecem risco de vida ou instabilidade ao paciente, mas que devem ser diagnosticadas e precocemente abordadas adequadamente; Ex: fraturas expostas ou fechadas, lesões cortantes, hematomas, injúria tecidual superficial. OBS: Prevenção de hipotermia. Abordagem Ortopédica ao Politraumatizado: A - colar cervical; C - abordagem as lesões da pelve; D - TRM (trauma raquimedular); E - fraturas expostas, amputações traumáticas. A - Colar Cervical: Sempre; Técnica para colocação do colar cervical: um membro da equipe estabiliza a cabeça (neutraliza flexo-extensão, rotação e lateralização), enquanto o outro colega passa o colar no sítio da lordose cervical pressionando-o em direção ao solo, e somente após o fechamento do colar, libera-se a estabilização crânio-cervical; Avaliar dor cervical - palpação. C - Avaliação e Estabilização Pélvica: Pelve: sempre lembrar que ela é uma das fontes de sangramento interno; Avaliação pélvica: palpação da sínfise e manobra de compressão antero-posterior (ponto de referência - espinha ilíaca ântero-superior) ou latero-lateral (ponto de referência - crista ilíaca); Manobra de estabilização pélvica - muito importante - realizada através de compressão com lençol ou dispositivo próprio (na altura do grande trocanter). D - Traumatismo Raquimedular: Avaliação dos quatro membros – exame da sensibilidade e motricidade de membros superiores e inferiores; Neste momento não avaliamos dermátomos, miótomos, reflexos, ou quaisquer detalhes do exame neurológico, apenas determinamos o déficit e sítio da lesão. E - Fraturas Expostas: Importante: avaliação da extremidade distal à lesão – exame neurológico e vascular – pulsos periféricos, sensibilidade e motricidade de extremidades; Determinar gravidade da fratura e lesão de partes moles; Cobrir ferimento com curativo estéril, e não manipular a ferida – somente no centro cirúrgico. Fraturas do Anel Pélvico: Traumas de alta energia / politraumatismo; Pacientes jovens; Importante fonte de sangramento – pode causar choque hipovolêmico, e até o óbito em alguns casos; Lesões associadas: ❖ Sistema urinário (uretra); ❖ Lesões neurológicas (raízes lombo-sacrais); ❖ Sistema digestivo (reto) – fratura exposta oculta. Fraturas da pelve: Fontes principais do sangramento: ❖ Ósseo (fraturas do sacro e disjunção sacro-ilíaca) ❖ Plexo venoso; ❖ Arterial (ilíaca, corona mortis). Mecanismos de trauma: ❖ Compressão lateral (fecha o anel); ❖ Compressão antero-posterior (“livro aberto”); ❖ Cisalhamento vertical. Exame físico na emergência: ❖ Avaliação hemodinâmica; ❖ LPD/FAST negativo – pensar na pelve como fonte de sangramento; ❖ Sinal de Destot; ❖ Manobras de avaliação da estabilidade da pelve (compressão pélvica AP ou lateral); ❖ Cuidado com casos de fratura exposta oculta. Manobra de Compressão Pélvica: Lençol (mais usado); Dispositivos próprios. Avaliação Radiológica da Pelve: Rx panorâmico de bacia em AP; Inlet (AP de entrada); Outlet (AP de saída). Tratamento: Urgência: fixação externa provisória; Definitivo: após estabilização do paciente - placas e parafusos. Fraturas expostas: Definição: solução de continuidade da pele e tecidos moles adjacentes permitindo comunicação óssea direta ou de seu hematoma fraturário com o meio exterior; Mecanismos de trauma: ❖ Dentro para fora: fragmento ósseo fraturado perfura partes moles e pele de dentro para fora; ❖ Fora para dentro: agente externo provoca lesão inicial do invólucro de pele e partes moles antes da fratura; ❖ Fratura exposta oculta: ❖ Anus; ❖ Cavidade oral; ❖ Vagina. ❖ Energia envolvida no trauma; ❖ Energia dissipada aos tecidos; ❖ Lesões mais graves e complexas. Diagnóstico: exposição óssea ou contato do hematoma fraturário; Classificação: Contaminação de Partes Moles: Atenção especial a detalhes da anamnese; Etapas do tratamento: ❖ Abordagem inicial: ❖ Controle do Dano (Damage Control); ❖ Profilaxia de Tétano; ❖ Profilaxia de Infecções Secundárias - Antibioticoprofilaxia; ❖ Manter condições favoráveis à Consolidação: ❖ Suprimento Sanguíneo; ❖ Estabilidade da fratura. ❖ Abordagem (ns) secundária (s); ❖ Tratamento definitivo (implante definitivo). Abordagem inicial: ❖ Não explorar ferida na emergência; ❖ Examinar e definir se há déficit neurovascular e o dano de partes moles; ❖ 1º conduta: avaliar visualmente a ferida e a lesão, e cobrir imediatamente a ferida com um curativo estéril; ❖ Antibioticoprofilaxia por 48 - 72h; ❖ Profilaxia para o tétano; ❖ Exame de imagem; ❖ Imobilização provisória; ❖ Analgesia. Antibioticoprofilaxia: ❖ Iniciar o mais precocemente possível; ❖ Gustilo Tipo I e II (cefalosporina 1a ger., cobrir G+): ❖ Cefalotina 2g 6/6h ou Cefazolina 2 g 8/8h IV. ❖ Gustilo Tipo III (acrescenta aminoglicosídeo, cobrir tb G-): ❖ Gentamicina 3 a 5 mg/kg/dia IV, divididos em 3 doses. ❖ Contaminação fecal ou por Clostridium: ❖ Penicilina Cristalina 4 a 5 Milhões U 4/4h ou Metronidazol 500 mg 12/12h IV. ❖ Não usar Fluoroquinolonas: sem benefício adicional e prejudica a consolidação. Profilaxia antitetânica: ❖ Histórico vacinal nos últimos 10 anos: ❖ Imunização ativa: 0,5 mL toxóide tetânico IM. ❖ Histórico vacinal há mais de 10 anos ou desconhecido: ❖ Imunização ativa: 0,5 mL toxóide tetânico IM; ❖ Imunização passiva: 4U/kg globulina imune tetânica humana. Tratamento de urgência: ❖ Tratamento cirúrgico de urgência: ❖ Ideal – em até 6 horas após o trauma; ❖ Lavar ferimento com SF 0,9% - irrigação com 10 L; ❖ Explorar ferida – avaliar viabilidade tecidual – 4 “Cs”; ❖ Cor; ❖ Contração; ❖ Circulação; ❖ Consistência. ❖ Desbridamento de tecido desvitalizado – manter tecido necrótico aumenta a incidência de infecção.
Compartilhar