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Formação de Professores para o Atendimento Educacional Especializado

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FORM AÇÃO DE PROFESSORES
PARA O ATENDIMEN TO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO :
Uma experiência em Cabo Verde , África
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PARA O ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO:
Uma experiência em Cabo Verde, África
1ª Edição
Santa Maria
Laboratório de Pesquisa e Documentação–ce 
Universidade Federal de Santa Maria
2012
organizadora
Ana Cláudia Pavão Siluk
© 2012 ufsm
Qualquer parte dessa obra pode ser reproduzida desde que citada a fonte.
siluk, Ana Cláudia Pavão (Org.). Formação de professores para o Atendimento Educacional 
Especializado–aee: uma experiência em Cabo Verde, África. 1.ed. Santa Maria: Laboratório 
de pesquisa e documentação-ce. Universidade Federal de Santa Maria, 2012.
Disponível também em cd-rom.
Laboratório de pesquisa e documentação – ce. Universidade Federal de Santa Maria.
Avenida Roraima, 1000. Prédio 16. Camobi. Santa Maria, rs.
revisão de linguagem: Jane Dalla Corte
projeto gráfico: Thiara Speth
comissão científica:
Carlos Roberto Massao Hayashi, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil.
Cláudia Dechichi, Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
Eliana Lucia Ferreira, Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.
Elisa Tomoe Moriya Schlunzen, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil.
Jane Dalla Corte, Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.
Lazara Cristina da Silva, Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
Lucila Maria Costi Santarosa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.
Maria Medianeira Padoin, Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.
Marli Melo de Almeida, Universidade do Estado do Pará, Pará, Brasil.
Neiza de Lourdes Frederico Fumes, Universidade Federal de Alagoas, Alagoas, Brasil.
Nerli Nonato Ribeiro Mori, Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil.
Rita Vieira de Figueiredo, Universidade Federal do Ceará, Ceará, Brasil.
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins, Universidade Estadual Paulista, Marília, São Paulo, Brasil.
Vera Lúcia Messias Fialho Capellini, Universidade Estadual Paulista, Bauru, São Paulo, Brasil.
autores dos planos de ação pedagógica e relatos de formação em aee
Arminda Lima 
Catarina Furtado Fernandes
Eunice Elisabeth Semedo Afonso
Gabriela Auxilia da Silva Borges
Iria Santos
Isabel Valadares Dupret
Ivette Henriques Silva Medina
José Silvestre Freire Tavares 
Júlia Ramos Melício Pereira
Lisa Marise de Sousa Carvalho
Manuel Júlio Soares Rosa
Margarida Barnabé Lima Brito Martins
Margarida de Portela e Prado
Maria Alice Pinto Figueiredo Fernandes Aguiar
Maria de Fátima Ramos Rodrigues Mendes Barbosa
Neusa Brito
Paulina da Graça
Zita Guerra
1a edição do curso aee, cabo verde. 
planos de ação pedagógica.
2a edição do curso aee, cabo verde. 
relatos de formação em aee.
turma 1
Adelaide Varela Cabral Pinto
Ana Paula da Rosa Vanzil
Ana Paula Ramos Miranda
Anabela de Jesus Varela Teixeira
Analiza Maria Évora Lima
Ângela Maria de Oliveira Ramos Correia Silva Moreira
António dos Reís Borges Gomes
Evaldina da Conceição Tavares Borges
Hilária Paula Gaspar Pires
Ivone Lima Neves Oliveira
Leonildo Simão Monteiro da Veiga
Ludovina Henriques Cabral Borges Semedo
Manuel Antonio Monteiro
Maria Madalena Borges
Virgínia Baessa Cabral Gonçalves
turma 2
Alfredo Gomes 
Danisa Cristina Carvalho Lucas Araujo Rocha
Elisabete Fonseca Santos
Gilson Spencer Brito Lopes
José Carlos Monteiro de Pina
Lúcia Angela Miranda
Manuel da Encarnação Portugal dos Reis 
Manuel Rodrigues Lizardo
Manuela Silva Lopes Salomão
Maria Jesus Jorge Ribeiro Cabral
Maria Manuela Barbosa Rodrigues
Mário Alberto Gomes Dias Barbosa
Paulo António Teixeira Gomes de Pina
Zandi Helena Gomes Lima
Formação de professores para o atendimento
educacional especializado : uma experiência em
Cabo Verde, África / organizadora Ana Cláudia
Pavão Siluk. – 1. ed. . – Santa Maria : ufsm,
Centro de Educação, Laboratório de Pesquisa e
Documentação, 2012.
207 p. : il. ; 21 cm
ISBN:978-85-61128-23-24
1. Educação 2. Educação especial 3. Formação de
professores 4. Inclusão escolar 5. Brasil
6. Cabo Verde I. Siluk, Ana Cláudia Pavão
cdu 371.13
cdu 376.1/.5
f723
Ficha catalográfica elaborada por Maristela Eckhardt – crb 10/737
Biblioteca Central da ufsm
prefácio
O presente livro constitui exemplo das ações da cooperação técnica 
internacional prestada pelo Brasil aos países em desenvolvimento e 
da atuação das instituições brasileiras na área da educação especial.
A obra relata as atividades de capacitação desenvolvidas no âm-
bito do Projeto “Escola de Todos – Fase 2”, que integra o Programa 
de Cooperação Técnica Brasil – Cabo Verde. Desde 2008, o projeto é 
desenvolvido pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das 
Relações Exteriores em parceria com o Ministério da Educação, com a 
Universidade Federal de Santa Maria e com o Ministério da Educação 
e Desporto daquele país.
Os esforços do Governo brasileiro objetivam fortalecer o sistema de 
ensino cabo-verdiano com o objetivo de ampliar a oferta do atendimento 
educacional especializado na escolarização formal e reforçar o processo 
de inclusão de alunos com necessidades especiais.
Foram capacitados, por meio desta iniciativa, cerca de trezentos 
professores do ensino básico e secundário de Cabo Verde, nas áreas de 
sistema Braille, orientação e mobilidade na vida diária para deficientes 
visuais, língua portuguesa para surdos e atendimento educacional 
especializado. Ademais, com vistas a melhorar o atendimento educa-
cional às crianças com necessidades especiais no país, três salas de 
recursos multifuncionais serão instaladas nas Ilhas de Santiago (Santa 
Catarina), Santo Antão (Ribeira Grande) e Fogo (Mosteiros), em escolas 
selecionadas pelo Ministério da Educação cabo-verdiano.
Diante dos relatos dos professores cabo-verdianos, coligidos nes-
ta obra, é possível identificar as nuances na abordagem do tema de 
educação inclusiva pelos dois países e o quanto a Cooperação Sul-Sul 
pode transformar realidades, de forma participativa, por meio da troca 
de experiências simples e criativas adaptadas às realidades locais.
Fernando José Marroni de Abreu
Embaixador
Diretor da Agência Brasileira de Cooperação
apresentação
É com grande satisfação que apresentamos este livro aos leitores interes-
sados em conhecer o trabalho desenvolvido pela Universidade Federal 
de Santa Maria em parceria com o Ministério das Relações Exteriores do 
Brasil e com o Ministério da Educação e Desporto de Cabo Verde/África. 
No livro estão relatados os desafios e experiências que a cooperação 
técnica internacional possibilitou ao sistema de ensino cabo-verdiano, 
tendo como referencial a tradição e a produção do conhecimento que 
a Educação Especial tem em nossa universidade.
Os relatos e as impressões contidas na obra expressam o com-
promisso da universidade pública com a construção social, exerci-
tando na prática seu processo acadêmico de formação cidadã, em 
nível nacional e internacional. Neste sentido, compreendemos que 
a oportunidade de desenvolver práticas extensionistas oportuniza 
tanto aos estudantes como aos professores de nossa instituição uma 
qualificação que tem como contexto um intercâmbio sóciocultural, 
com vistas à transformação social.
Por fim, destacamos a importância de nossa colaboração para que o 
ensino em Cabo Verde seja cada vez mais qualificado, com o propósito 
de facilitar a inclusão de alunos com necessidades especiais. A pers-
pectiva de pensar alternativas facilitadoras no processo de educação 
inclusiva, pelos sujeitos participantes dos dois países, é sem dúvida 
um fundamento facilitador da construção de práticas numa sociedade 
universal mais humana e justa.
Prof. Dr. Felipe Martins Muller
Reitor da Universidade Federal de Santa Maria
Rio Grande do Sul/Brasil
O Ensino a Distância na Formação
de Professores e o Convênio de Cooperação
Internacional entre Brasil e Cabo Verde 
ana cláudia pavão siluk 
Formaçãode Professores para a Inclusão
carmen rosane segatto e souza
rosângela aparecida ceregati costa 
Impressões Acerca do Curso de 
Aperfeiçoamento em Atendimento Educacional 
Especializado de Cabo Verde
sandra suzana maximowitz silva 
cristiane griebeler 
A Experiência Cabo-Verdiana: Relatos de 
Professores que Realizaram o Curso de Atendimento 
Educacional Especializado — aee da Cidade da Praia, 
Cabo Verde
sílvia maria de oliveira pavão
patrícia revelante
9
29
107
159
sumário
1
O ENSINO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE 
PROFESSORES E O CONVÊNIO DE COOPERAÇÃO 
INTERNACIONAL ENTRE BRASIL E CABO VERDE
Ana Claudia Pavão Siluk
12 13
inclusão de alunos com deficiência no 
ensino regular tem sido mundialmente 
discutida como uma forma de fazer 
valer o direito de educação para todos. 
Esse não é um movimento iniciado recentemen-
te para atender às questões contemporâneas, 
pelo contrário, o processo de educação inclusi-
va é resultado de estudos, práticas e discussões 
realizadas por educadores e organizações de 
pessoas com deficiências no mundo todo. 
Como consequências dessas ações, pode-se 
destacar alguns documentos internacionais, 
que são entendidos como Políticas de Inclusão 
Social e Educacional, dentre os quais a Decla-
ração Universal de Direitos Humanos (unesco, 
1948), a qual estabelece que a educação é um 
dos direitos humanos e que deve ser respeitado 
por todos; a Conferência Mundial sobre Educa-
ção para Todos (brasil, 1990), a qual aprova o 
Plano de Ação para Satisfazer às Necessidades 
Básicas de Aprendizagem e promove a univer-
salização do acesso à educação, aumentando 
o número de vagas nos sistemas de ensino 
e a inclusão das minorias excluídas no meio 
educacional; e a Declaração de Salamanca 
(brasil, 1994), que reconhece a necessidade 
de se providenciar educação para pessoas com 
Necessidades Educacionais Especiais–nee, 
dentro do sistema de ensino regular.
A prática da inclusão social se baseia em 
princípios de aceitação das diferenças indivi-
duais, valorização de cada pessoa, convivência 
dentro da diversidade humana e aprendizagem 
por meio da cooperação. Assim, o processo 
de inclusão está intrinsecamente relacionado 
à qualidade de ensino e à abertura da escola 
para todas as pessoas, significando que, apesar 
de relacionar inclusão à inserção das pessoas 
com deficiências, as escolas inclusivas são 
aquelas onde todas as crianças são bem-vindas 
(mantoan, 2001).
Países em desenvolvimento apresentam uma 
demanda relevante na formação de professo-
res na área da educação inclusiva. O Brasil 
vem se destacando nesse cenário devido à 
implantação de uma política de educação es-
pecial na perspectiva da educação inclusiva, 
disponibilizando recursos para a formação de 
professores, com vistas a efetivar a inclusão de 
alunos com deficiência no ensino regular. Em 
consequência dessas questões, o governo de 
Cabo Verde solicitou a realização de um projeto 
de cooperação técnica internacional, na área 
de formação de professores para atuação em 
educação especial.
Denominado Escola de Todos, Fase I, o proje-
to teve como instituições executoras o governo 
brasileiro, por intermédio do Ministério da Edu-
cação, Secretaria de Educação Especial–seesp 
e Universidade Federal de Santa Maria–ufsm e, 
pelo lado do governo cabo-verdiano, o Minis-
tério da Educação e Ensino Superior–mees, a 
Direção Geral de Ensino Básico e Secundário-
dgebs. Como instituições coordenadoras, a 
Agência Brasileira de Cooperação–abc, do 
Ministério das Relações Exteriores e a Direção 
Geral de Ensino Básico e Secundário–dgebs, do 
Ministério da Educação e Ensino Superior–mees.
O projeto Escola de Todos, Fase I, foi assinado 
em abril de 2006 e teve como objetivo capacitar 
60 professores multiplicadores nas áreas de 
Sistema Braille Integral e Código Matemático 
Unificado; 60 professores multiplicadores no 
Ensino da Língua Portuguesa para Surdos, e 
60 professores multiplicadores nas áreas de 
Orientação e Mobilidade e Atividades da Vida 
Diária, em dois pólos de formação nas ilhas 
de Santiago, Praia, e Santo Antão, todas essas 
A
14 15
O Ministério da Educação e Ensino Superior 
de Cabo Verde–mees, organizado em 22 “con-
celhos” tem como compromisso impulsionar 
a transformação dos sistemas educacionais 
para que se consolide a educação inclusiva, 
possibilitando que todos os alunos possam 
participar de espaços e processos comuns de 
ensino e aprendizagem. Nesse sentido, busca 
consolidar a política educacional, tornando a 
escola aberta para todos, livres de discrimi-
nação, lançando as bases de uma educação 
fundamentada no respeito, na atenção às di-
ferenças e na solidariedade.
O censo demográfico/2000 indica 13.948 
pessoas com algum tipo de deficiência, o que 
representa 3,2% da população residente em 
Cabo Verde. De acordo com o levantamento 
realizado em 2001 e 2002, em sete “concelhos” 
havia 1.076 alunos com necessidades educa-
cionais especiais matriculados no sistema de 
ensino, sendo a deficiência visual e a surdez, 
as mais encontradas (cabo verde, 2001a).
A carência de professores para atender essa 
demanda com conhecimento especializado e 
formação na área da educação especial se tornou 
um desafio emergencial. Diante disso, o Minis-
tério da Educação de Cabo Verde, por meio da 
Direção do Ensino Básico e Secundário–dge-
bs, juntamente com a Secretaria de Educação 
Especial, do Ministério da Educação do Brasil, 
propuseram um projeto de cooperação técnica 
internacional para a implantação de espaços de 
apoio à escolarização de alunos com necessida-
des educacionais especiais, organizados com 
equipamentos, mobiliário, materiais didáticos e 
pedagógicos específicos, bem como a formação 
de professores que possibilitem a acessibilida-
de ao currículo. O projeto pretendia reunir as 
capacidades existentes e mobilizar diferentes 
atores em um grande movimento de promoção 
da acessibilidade nas escolas cabo-verdianas 
para torná-las, de fato, uma escola de todos.
Nessa perspectiva, a implementação de um 
regime de escola inclusiva, democrática e de 
qualidade deve contribuir para a redução das 
desigualdades do País, por meio da promoção 
de uma educação de qualidade para todos. 
A Constituição da República cabo-verdiana 
(cabo verde, 1999), no seu artigo 75, prevê 
os “Direitos dos portadores de deficiência no-
meadamente direito à protecção da família, da 
sociedade e dos poderes públicos”.
ilhas de Cabo Verde. Todas as atividades do 
projeto foram integralmente realizadas dentro 
do prazo previsto, sendo concluídas em 18 de 
agosto de 2006 e a sua avaliação realizada 
em março de 2007.
Tendo em vista o bom andamento do projeto, 
o Ministério da Educação e Ensino Superior de 
Cabo Verde, solicitou estender a cooperação 
com o objetivo de promover políticas públicas 
para a educação inclusiva. Foi elaborada ainda, 
durante a avaliação da Fase I do projeto, uma 
minuta de proposta para a segunda fase, que 
foi assinada em julho de 2008, e cuja parte é 
tratada nesse artigo (abc, 2008).
contexto da educação 
especial em cabo verde
Cabo Verde é um país insular africano, arqui-
pelágo de origem vulcânica, constituído por 
dez ilhas, que se encontra situado no Oceano 
Atlântico. Foi colônia de Portugal, até sua in-
dependência no ano de 1975. A língua oficial 
é o português, no entanto a língua falada é 
o Kriolu, mistura do português com línguas 
africanas - sobre essa questão, procurou-se 
preservar a escrita dos professores e auto-
res dos documentos e achados de pesquisa 
utilizados nessa obra. Assim, encontram-se 
ao longo desse livro, algumas palavras com 
grafias em português, de Portugal e também 
em kriolu (crioulo cabo-verdiano/criol, kriolu). 
Cabo Verde é formado por dez ilhas e cada 
uma tem um crioulo diferente. A capital do 
país é a cidade da Praia (Figura 1), que fica na 
ilha de Santiago. O país tem uma população 
de quinhentos mil habitantes. A principal 
economia do país é a divisa externa enviada 
pelos imigrantes,seguida pelo turismo.
figura 1 — Cidade de Praia, Cabo Verde, 2011.
16 17
Neste artigo, será discorrido apenas sobre 
o Curso de Formação de professores para o 
Atendimento Educacional Especializado, na 
modalidade a distância, o qual para sua oferta 
e desenvolvimento, a Secretaria de Educação 
Especial–seesp convidou a Universidade Fede-
ral de Santa Maria–ufsm para integrar e desen-
volver o Curso devido a sua vasta experiência 
na área da educação especial e também por já 
oferecer o Curso de Atendimento Educacional 
Especializado a distância para professores da 
rede pública de ensino do Brasil.
Assim, vieram ao Brasil, na ufsm, em Santa 
Maria, rs, para formação no ambiente virtual 
de ensino aprendizagem e conhecimento da 
realidade brasileira, quatro professores e um 
técnico de informática, com o intuito de se-
rem os tutores presenciais do curso em Cabo 
Verde. Paralelo a isso, foram apresentados os 
professores e tutores a distância que iriam 
atuar com os 50 professores que realizariam a 
formação. Inicialmente, a proposta era de serem 
formadas duas turmas, com 25 professores 
cada. No entanto, foi solicitado ao governo 
brasileiro 22 vagas para que mais professores 
e técnicos do Ministério da Educação de Cabo 
Verde pudessem se capacitar e contribuir para 
o desenvolvimento de uma política pública de 
educação inclusiva do país.
Para tanto, foram formadas três turmas, reu-
nindo os professores e técnicos pela proximi-
dade da região de atuação e residência em 
Cabo Verde, duas na ilha de Santiago, uma na 
capital, cidade da Praia e outra em Assomada. 
A terceira turma foi na ilha de São Vicente, na 
cidade de Mindelo. A coordenação do Curso 
local, em Cabo Verde, estava a cargo de um 
instituto de formação de professores.
Para a apresentação do Curso e capacita-
ção para uso do ambiente virtual de ensino 
aprendizagem foram enviados a Cabo Verde 
a coorden adora, professora da ufsm e uma 
aluna bolsista, para auxílio no cadastramento 
do ambiente virtual de aprendizagem. Ambas 
estiveram com os professores, apresentando o 
curso, metodologia, conteúdos e capacitando-
os no ambiente de aprendizagem virtual deno-
minado e-proinfo.
O curso tinha uma carga horária de 180 horas 
e era composto por seis módulos, que contem-
plavam as seguintes áreas: deficiência mental, 
física, visual, altas habilidades/superdotação, 
A Lei de Base do Sistema Educativo–bse (Lei nº 
103/111/90), nos artigos 36 e 37, que tratam da 
Educação Especial, visa proporcionar educação 
adequada, desenvolvimento das capacidades 
físicas e intelectuais, apoiar e esclarecer a 
família, reduzir as limitações e preparar os de-
ficientes para integração na vida social. Desse 
modo, prevê a organização do ensino, segundo 
métodos específicos, currículos, programas e 
avaliação adaptados, bem como a integração 
no ensino regular (cabo verde, 1990).
A lbse assegura o acesso e a permanência na 
escola, obrigatórios do primeiro ao sexto ano 
de escolaridade, e garante os direitos estabe-
lecidos na Constituição. Portanto, são neces-
sários maiores investimentos no atendimento 
educacional especializado para a inclusão, o 
que para além do acesso, significa também a 
permanência com qualidade de todos os alunos 
na escola.
Nesse sentido, a Lei orgânica do Ministério da 
Educação de Cabo Verde (cabo verde, 2001b) 
atribuiu responsabilidades às Direções de En-
sino Pré-escolar, Básico e Secundário, quanto 
à integração de crianças com Necessidades 
Educacionais Especiais–nee, no ensino regular.
No que tange ao ensino básico, concretamen-
te as nee, o Plano Nacional de Educação para 
Todos (cabo verde, 2002) previu o desenvol-
vimento de políticas públicas para o período 
de 2003 a 2010, especificamente ao que se 
refere a formação continuada de professores 
em matéria de nee, à adaptação de algumas 
escolas existentes e às novas escolas para as 
crianças com nee.
Diante dessas questões, foi desenvolvido o 
projeto Escola de Todos – Fase II.
desenvolvimento do projeto: 
escola de todos – fase ii
A Fase II do Projeto Escola de Todos contemplou 
os seguintes aspectos:
· Apoio à construção de proposta de Língua de Si-
nais para uso da população surda cabo-verdiana;
· Quatro professores multiplicadores capacita-
dos em Surdocegueira e Tecnologia Assistiva;
· Quarenta professores multiplicadores capacita-
dos em Transcrição e Adaptação de Material Braille; 
· Cinquenta professores capacitados para Aten-
dimento Educacional Especializado–aee, na 
modalidade a distância.
18 19
surdez e tecnologia assistiva. A metodologia do 
curso disponibilizava materiais digitais on-line, 
aulas ao vivo, por webconferência, além do 
uso de ferramentas disponíveis no ambiente, 
como os fóruns de discussão e os plantões 
com bate-papos, uma vez por semana.
Logo que o curso teve início, houve uma 
razoável adesão, embora muitos professores 
reclamassem das dificuldades de acesso à 
Internet, pois em Cabo Verde a Internet tem 
um custo elevado, e falta constantemente 
energia no país. Ademais, muitos relataram 
o acúmulo de atividades que tinham por es-
tarem fazendo concomitantemente a esse 
curso outros cursos de formação profissional, 
como era o caso de aproximadamente trinta 
participantes, o curso de doutorado. 
Considerando-se esses fatores, foram 
executados alguns ajustes no currículo, na 
metodologia do curso e nas atividades e 
conseguiu-se que o curso tivesse um bom 
andamento por um período de aproximada-
mente um mês e meio, ocasião em que foram 
realizados quatro dias de webconferência pela 
Internet, nos quais houve uma participação 
excelente em termos de conteúdo e contri-
buições. Na oportunidade, os professores 
apontaram dificuldades, realizaram reflexões 
bastante consistentes e trocaram experiên-
cias com os alunos brasileiros. Nesses dias, 
a participação entre cabo-verdianos e brasi-
leiros ultrapassou 350 pessoas. Aqueles que 
participaram, escreveram, fundamentaram 
as respostas e apresentaram sempre uma 
coerência com a realidade em que vivem e 
a relação com a realidade brasileira e de 
outros países, solicitando, na maioria das 
vezes, auxílio de como resolver, enfrentar e 
solucionar essas dificuldades. 
 Com a chegada do final do ano letivo em Cabo 
Verde, agosto de 2009, as participações se tor-
naram cada vez mais espaçadas, o que levou a 
Coordenação a enviar vários e-mails solicitando 
aos professores que fizeram a capacitação no 
Brasil para serem os tutores presenciais, que 
verificassem junto aos outros professores a falta 
de participação e garantissem um envolvimento 
maior no curso. Os tutores solicitaram um reces-
so no período de férias, e que após esse período 
eles auxiliariam na tarefa. 
Para tanto, o calendário do curso foi refeito 
na tentativa de garantir o retorno massivo dos 
alunos após o período de férias. Tão logo se deu 
o retorno das férias, contatou-se com os tutores 
locais e reiniciou-se o curso oferecendo a possibi-
lidade para aqueles que não haviam participado 
no início de o fazerem naquele momento. 
Foram feitas várias tentativas, mas a parti-
cipação dos professores oscilava muito. Ora 
participavam em atividades de um módulo ora 
participavam de outro módulo, tornando difícil 
avaliar a participação e a aprendizagem. 
Mesmo com tantas alternativas e flexibilidade 
ofertadas para os professores realizarem o curso, 
não foi obtido resultado satisfatório quanto ao 
número de professores formados, pois se verifi-
cou uma taxa de evasão de cerca de 72%. Esse 
índice foi constatado em reunião técnica de ava-
liação e monitoramento realizada em Cabo Verde 
com a presença de representantes da Agência 
Brasileira de Cooperação, da Assessoria Inter-
nacional do Ministério da Educação, da seesp, 
e da coordenação do curso da ufsm, pela parte 
brasileira e, por Cabo Verde, de representantes 
da dgbes, do instituto de educação, responsável 
pela formação local e pelos tutores presenciais.
Questionados os presentes na reunião e em 
interações ocorridas na tentativade reaver os 
participantes, os professores relatavam e eram 
percebidas as carências, que são enfrentadas no 
país, sobretudo em termos de acesso à internet e 
da dificuldade de estarem presente semanalmen-
te nas interações virtuais, pois muitos viajavam 
entre as ilhas para participarem de outros cursos 
de formação. Ademais, na ocasião os alunos rela-
taram a ocorrência de três epidemias, Dengue, 
Gripe A e Paludismo, além do fato de o país ficar 
duas semanas sem energia elétrica. Esses fatos 
em consonância com outros, como a burocracia 
e demora para iniciar o curso, por parte do go-
verno brasileiro, e a falta de critérios rigorosos 
figura 2 — Professora Ana Cláudia Pavão Siluk e Renata 
Quinhones, durante a formação inicial com os alunos Cabo 
Verde, 2009.
20 21
na seleção dos perfis dos participantes, pela 
parte cabo-verdiana, também contribuíram para 
esse resultado (siluk, 2010).
A fim de atingir plenamente um dos objetivos 
do projeto, de formar 50 professores para o Aten-
dimento Educacional Especializado, verificou-se 
a necessidade do Governo cabo-verdiano ter mais 
professores capacitados no atendimento em 
educação especial e, portanto, a ufsm replicou o 
curso para mais 30 professores, cumprindo com 
os 50 previstos na atividade. A dgebs realizou 
uma criteriosa seleção dos professores para 
participarem da formação.
Para essa nova edição, o curso foi reestrutu-
rado, tanto em termos de conteúdo, quanto de 
metodologia empregada. A ufsm em conjunto 
com a seesp e abc, desenvolveram um folder, 
do tipo ficha técnica, que continha todas as infor-
mações do curso, conforme expresso na Figura 3.
O curso passou a ter 225 horas e dez módulos, 
com os temas sobre a educação a distância, aten-
dimento educacional especializado, tecnologias 
assistivas, deficiência física, surdez, deficiência 
mental, cegueira e baixa visão, transtornos glo-
bais do desenvolvimento e altas habilidades 
superdotação, conforme apresentado na Figura 4.
figura 3 — Ficha técnica do Curso, 2010.
figura 4 — O curso de atendimento educacional especializado- 
aee: resumo dos conteúdos, 2010.
Quanto à metodologia, manteve-se a dispo-
nibilização do conteúdo no ambiente virtual 
de ensino-aprendizagem, as webconferências 
com aulas ao vivo, além do uso das ferra-
mentas de interação síncronas e assíncronas. 
módulo i — educação à distância ead
Professora Ana Cláudia Pavão Siluk
Apresenta conceitos, características e objetivos da ead, bem como estratégias 
pedagógicas para a didática da educação a distância: interação professor e aluno, 
atividades desenvolvidas, formas de avaliação e reflexões acerca da aprendizagem 
autônoma e os desafios das tecnologias da informação e comunicação. 
módulo ii — atendimento educacional especializado (aee)
Professoras: Marcia Doralina Alves e Taís Guareschi
Explica o que é o Atendimento Educacional Especializado–aee, quem é o público-alvo 
do aee, descreve a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação 
Inclusiva. Também discute a formação do professor para atuar no aee, suas atribuições 
e como deve ser a Sala de Recursos Multifuncionais. Ainda apresenta as principais 
legislações e políticas inclusivas.
módulo iii — tecnologia assistiva – ta: aplicações na educação
Professoras: Rita Bersch e Rosângela Machado
Subsidia os educadores e gestores das redes de ensino, sobretudo os professores 
que atuam no aee, para a partir da realidade de suas redes, propor ações concretas 
de implementação da ta. Os temas tratados demonstram a viabilidade de acesso de 
uma criança ou jovem com deficiência a escola comum.
módulo iv — atendimento educacional especializado para 
alunos com deficiência física
Professora: Amara Lúcia Holanda Tavares Battistel
A deficiência necessariamente não está associada à dependência. É possível ter uma 
deficiência e ainda assim conquistar a autonomia e independência, uma vez que a 
participação social, o desempenho de tarefas e assunção de diferentes papéis, en-
volve muito mais que mobilidade, movimentos coordenados e habilidades funcionais.
módulo v — atendimento educacional especializado para 
alunos com deficiência mental
Professoras: Eliana da Costa Pereira de Menezes. Colaboradora: Renata Corcini 
Carvalho. Conteúdo Revisado por: Professora Maria Alcione Munhoz 
Tem como objetivos criar meios para que os professores em formação sejam capazes 
de identificar as potencialidades de aprendizagem que possuem os alunos com 
deficiência mental. Proporcionar situações de conhecimento teórico-prático, a fim 
de que os professores em formação sejam capazes de planejar atividades e produzir 
materiais para o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores dos alunos 
com deficiência mental. 
módulo vi — atendimento educacional especializado para 
alunos cegos e com baixa visão
Professora: Elizabet Dias de Sá 
Focaliza a condição visual de alunos cegos e com baixa visão no contexto escolar sem, no 
entanto explorar os aspectos anatômicos e fisiológicos do sistema visual ou a etiologia 
das diversas manifestações da deficiência visual. Apresenta, também, uma síntese 
das características e necessidades primordiais deste alunado, os recursos ópticos e 
não ópticos mais comuns, uma descrição do Sistema Braille, noções de orientação e 
mobilidade, alguns recursos tecnológicos e outros instrumentos indispensáveis para 
o acesso, aquisição e construção do conhecimento.
módulo vii — atendimento educacional especializado 
para alunos surdos
Professora: Melânia Melo Casarin. 
Discute o acesso aos conteúdos curriculares pelos surdos, trata dos aspectos relevantes 
acerca dos surdos e a acessibilidade bem como da aprendizagem da língua portuguesa.
módulo viii — a educação especial na perspectiva da inclusão 
escolar surdocegueira e deficiências múltiplas
Professoras: Ismênia; Carolina Mota Gomes Bosco; Sandra Regina Stanziani Higino 
Mesquita; Shirley Rodrigues Maia
Apresenta ideias, práticas e vivências pedagógicas que contribuem para a inclusão 
de pessoas com deficiências múltiplas e outras com surdocegueira na escola comum. 
Ainda trata dos recursos que utilizados para que esses alunos participem das atividades 
nas escolas comuns, com seus colegas sem deficiências
módulo ix — transtornos globais do desenvolvimento 
Professoras: Marcia Doralina Alves e Taís Guareschi.
Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são descritos como sujeitos 
que apresentam alterações no desenvolvimento, comprometimento neuropsicomotor, 
nas relações sociais, na comunicação. Visa compreender estratégias para atuar com 
esses alunos no espaço da sala de aula, para além do diagnóstico que esses alunos 
são submetidos
módulo x — atendimento educacional especializado para alunos 
com altas habilidades/superdotação
Professora: Nara Joyce Wellausen Vieira
Visa conhecer os conceitos de inteligências e o de altas habilidades/superdotação; 
Aplicar os procedimentos para o desenvolvimento das habilidades dos alunos; Estudar 
para aplicar as modalidades e as alternativas de atendimento educacional especializado 
aos alunos com altas habilidades/superdotação; Desenvolver sugestões que ilustram 
o atendimento educacional especializado. 
22 23
Como elemento inovador, o curso passou a ter 
aulas presenciais dos principais conteúdos 
abordados, ministradas por professores da 
ufsm, ocasião em que os alunos, avaliavam 
o curso, conteúdos, professores ministrantes 
das aulas presenciais, participação nas ativi-
dades solicitadas e atuação dos professores 
e tutores de cada turma.
Assim, a primeira aula presencial ocorreu na 
semana de 20 a 25 de setembro de 2010. Nessa 
oportunidade os alunos, professoras e a coor-
denadora se apresentaram, o cronograma do 
Curso foi discutido e todos se comprometeram em 
realizá-lo até seu final. Houve inicialmente uma 
capacitação dos alunos para o uso do ambiente 
virtual de ensino e aprendizagem. Posteriormente, 
iniciou-se o Curso com a aula ministrada pelas 
professoras de educação especial Eliana daCos-
ta Pereira de Menezes e Maria Alcione Munhoz 
(Figura 5), professoras pesquisadoras – Conteu-
distas do Módulo de Atendimento Educacional 
Especializado para alunos com Deficiência Mental. 
Acredita-se que a Missão atingiu o objetivo 
que se propunha, ao inscrever os professores 
cabo-verdianos selecionados para realizar o 
Curso de Atendimento Educacional Especiali-
zado e capacitá-los a utilização do ambiente 
de aprendizagem e-proinfo.
A aula de aee para alunos com Deficiência 
Mental (de acordo com as atuais políticas edu-
cacionais Deficiência Intelectual) foi avaliada 
positivamente pelos alunos. A discussão pro-
posta pelas professoras objetivou, inicialmente, 
possibilitar que os alunos (professores de aee 
em formação) pudessem sentir-se capazes de 
compreender o sujeito com deficiência mental 
como um sujeito de aprendizagem, superando o 
olhar fixado no diagnóstico e nas classificações 
de tal deficiência. Para tanto, foram trabalhados 
conhecimentos teórico-práticos embasados 
em uma perspectiva socioantropológica de 
desenvolvimento e aprendizagem a partir da 
problematização de conceitos, definições, clas-
sificações da pessoa com deficiência mental e 
seus possíveis efeitos em termos de demarca-
ção desses alunos quanto as suas capacidades 
de aprendizagem.
Após a realização dessas problematizações 
fez-se possível então que as professoras propu-
sessem a turma uma análise de possibilidades 
práticas (metodologias, recursos, ferramentas, 
entre outros) de trabalho com o aluno com de-
ficiência mental no contexto da escola regular 
na perspectiva inclusiva. Tal discussão buscou, 
a partir desse olhar socioantropológico, favore-
cer processos de mediação entre o aluno com 
deficiência e os demais sujeitos com quem ele 
interage na escola, seja na sala de aula regular, 
no espaço do atendimento educacional especia-
lizado e nos demais espaços que a constituem. 
A segunda semana de aula presencial ocorreu 
de 22 a 26 de novembro de 2010 e foi ministrada 
pela professora, terapeuta ocupacional, Amara 
Lúcia Holanda Tavares Battistel, professora pes-
quisadora, conteudista do Módulo de Deficiência 
Física, que trabalhou com os alunos duas áreas, 
deficiência física e tecnologia assistiva.
Os objetivos da Missão para a segunda aula 
presencial foram totalmente atingidos, pois cem 
por cento dos alunos estiveram presentes e 
realizaram uma excelente avaliação do desem-
penho da professora e da metodologia por ela 
empregada, ao exemplificar de modo contex-
tualizado as diferentes práticas relacionadas 
ao aee para alunos com deficiência física e as 
tecnologias assistivas necessárias para mini-
mizar as limitações encontradas pelos alunos 
com deficiência física em Cabo Verde. Pode-se 
observar na figura 6, o desenvolvimento de 
diferentes tecnologias assistivas realizadas 
pelos alunos, com materiais levados do Brasil, 
doados pelo Curso para os alunos.
O programa preparado pela professora permi-
tiu que no final da semana todos socializassem 
as tecnologias assistivas construídas no Curso, 
por meio de uma amostra coletiva. Cada aluno 
construiu e ficou com o recurso que iria auxiliá-
lo na sua prática pedagógica, naquele momento.
A terceira semana de aula presencial ocorreu 
de 7 a 12 de fevereiro de 2011, foi ministrada 
pela professora de educação especial, Melânia 
figura 5 — Professoras Eliana da Costa Pereira de Menezes 
e Maria Alcione Munhoz com os alunos em atividade do Curso. 
Cabo Verde, 2010.
24 25
de Melo Casarin, professora pesquisadora, con-
teudista do Módulo Atendimento Educacional 
Especializado para Alunos com Surdez.
A aula de aee para alunos surdos e as ativi-
dades práticas de desenvolvimento de metodo-
logias que auxiliem na inclusão do aluno surdo 
foram excelentemente avaliadas pelos alunos, 
professores participantes, tanto em nível de 
contribuição prática, como em nível de contri-
buição teórica. Do mesmo modo, a professora 
ministrante, por já ter tido a oportunidade de 
estar em Cabo Verde e conhecer a realidade 
local (a professora Melânia Casarin, participou 
da atividade, Estudo da Língua de Sinais, do 
mesmo projeto), pode trazer exemplos de di-
ferentes práticas pedagógicas, como a oficina 
desenvolvida na cozinha do Centro Cultural, 
realizando uma salada de frutas e aprendendo o 
alfabeto bilíngue, libras e português (Figura 7). 
da literatura cabo-verdiana, em kriolo, e alguns 
demonstraram certa dificuldade em fazê-lo.
O Curso de Atendimento Educacional Espe-
cializado doou a cada aluno o livro intitulado “A 
lenda da erva mate”, com autoria de Melânia de 
Melo Casarin, que é um livro bilíngue, em libras 
e português. A obra pode auxiliar os professores 
na prática pedagógica com alunos surdos.
A quarta semana de aula presencial foi mi-
nistrada pela professora de educação especial 
Sílvia Maria de Oliveira Pavão, professora 
pesquisadora da temática de Avaliação da 
Aprendizagem e também professora forma-
dora da turma da cidade da Praia. A formação 
ocorreu de 27 de junho a 1º de julho de 2011.
O módulo de aee sobre a Avaliação da Apren-
dizagem foi desenvolvido por meio de aulas 
teóricas e práticas. Os conteúdos visaram a 
avaliação e diagnóstico dos alunos do ensi-
no infantil e básico para ingresso em sala de 
recursos. Considerou-se que essas aulas cul-
minaram com as demais atividades do curso, 
uma vez que se pode estabelecer uma interlo-
cução entre os aspectos da teoria e da prática 
no atendimento dos alunos com necessidades 
especiais. Foram realizadas atividades que 
focalizaram o desenvolvimento, aprendizagem 
e comportamento do aluno com necessidades 
educacionais especiais. Assim, foram tratados 
aspectos da dinâmica familiar, a diagnose com 
os seus instrumentais básicos da anamnese, 
testes pedagógicos, entrevistas devolutivas, 
planos de ação de atendimento do aluno em 
sala regular e de recursos. Algumas dessas 
atividades podem ser vistas na figura 8.
figura 6 — Alunos do Curso durante atividades realizadas 
pela Professora Amara Lúcia Holanda Tavares Battistel. Cabo 
Verde, 2010.
figura 7 — Professora Melânia Casarin, durante atividades 
com os alunos. Cabo Verde, 2011.
As práticas educacionais inclusivas para alu-
nos surdos foram desenvolvidas retratando expe-
riências brasileiras e cabo-verdianas, abordando 
ainda o lúdico, a literatura e o português como 
segunda língua no Brasil. Nessa ocasião, os alu-
nos, professores cabo-verdianos, leram textos 
figura 8 — Atividade realizada com alunos durante as aulas 
da Professora Sílvia Maria de Oliveira Pavão. Cabo Verde, 2011.
 As atividades desenvolvidas com os profes-
sores tiveram em vista não somente a apresen-
tação e discussão dos instrumentais de apoio 
26 27
à avaliação e acompanhamento dos alunos em 
salas de recursos, mas, fundamentalmente a 
formação profissional do professor que tra-
balha na perspectiva da educação inclusiva. 
A discussão do ser professor, ser pessoa foi 
colocada em foco, por meio das dinâmicas de 
grupo fundamentadas nas práticas da psico-
logia educacional em algumas das atividades 
desenvolvidas. Desse modo, os professores 
discutiram as preocupações, expectativas e 
angústias provenientes da atuação do pro-
fessor em sala de recursos. Considerando-se 
questões, como: recursos educacionais, es-
paço físico, expectativas de aprendizagem 
dos alunos atendidos por eles, cultura escolar 
entre outros aspectos que emergem na rela-
ção de ensino e aprendizagem. Por fim, todos 
foram unânimes em afirmar que a formação 
do professor que atende em sala de recursos 
deve contemplar certas especificidades que 
garantam uma atuação profissional capaz de 
favorecer o desenvolvimento e aprendizagem 
de alunos e de professores. Na oportunidade foi 
doado a cada aluno, o livro: Dischinger, Marta. 
Manual de acessibilidade espacial para escolas: 
o direito à escola acessível/Marta Dischinger; 
Vera Helena Moro Bins Ely; Monna Michelle 
Faleiros da Cunha Borges. – Brasília: Ministério 
da Educação, Secretaria de Educação Especial,2009. Essa doação também teve com objetivo 
ampliar os recursos de trabalho pedagógico 
dos professores no aee.
Nessa mesma semana, o último dia foi 
destinado para o encerramento do curso e en-
trega dos certificados. Os coordenadores da 
dgbes organizaram uma belíssima cerimônia, 
que contou com a participação da Ministra da 
Educação e Diretora Geral do Ensino Básico 
e Secundário do governo de Cabo Verde, a 
Embaixadora do Brasil, naquele país, alu-
nos do Curso (Figuras 10 e 11) entre outros 
convidados. Os alunos do Curso prepararam 
algumas apresentações de músicas cabo-
verdianas, mostrando talento e alegrando a 
todos os presentes (Figura 9).
Sendo assim, essa nova estrutura permitiu 
que o Curso fosse finalizado com cem por cento 
dos alunos concluintes (30). Todos os alunos par-
ticiparam das quatro semanas de aulas presen-
ciais realizadas e tiveram sua estadia, transporte 
e alimentação subsidiados pelo Ministério da 
Educação de Cabo Verde. A Embaixada do Brasil 
igualmente colaborou com a cedência do espaço 
físico para as aulas no Centro Cultural Brasil – 
Cabo Verde. Os professores que ministraram as 
aulas presenciais foram avaliados pelos alunos 
e obtiveram excelente avaliação. Portanto, o 
Curso de Atendimento Educacional Especializado 
ofertado a Cabo Verde foi finalizado com êxito 
na concepção dos participantes.
Em julho do ano de 2011, esteve em Cabo 
Verde com a coordenadora do Projeto Ana 
Cláudia Pavão Siluk (Figura 12), o Magnífico 
Reitor da Universidade Federal de Santa Maria, 
professor Felipe Martins Müller.
figura 9 — Coordenadora do Curso de aee e Alunos do Curso 
durante apresentações de músicas cabo-verdianas. Praia, 
Cabo Verde, 2011.
figura 10 — Alunos da Turma 1 com a Coordenadora do Curso 
Professora Ana Cláudia Pavão Siluk e Professora Sílvia Maria 
de Oliveira Pavão durante cerimônia de encerramento. Praia, 
Cabo Verde, 2011.
figura 11 — Alunos da Turma 2 com a Coordenadora do Curso 
Professora Ana Cláudia Pavão Siluk e Professora Sílvia Maria 
de Oliveira Pavão durante cerimônia de encerramento. Praia, 
Cabo Verde, 2011.
28 29
pode ser percebido nos relatos dos professores 
formadores e tutores e com os trabalhos dos 
professores cabo-verdianos que se apresentam 
na secção seguinte desse livro.
As dificuldades encontradas no decorrer do 
curso, sobretudo na primeira edição serviram 
como mola propulsora para novas ações na 
edição seguinte, fazendo com que a segunda 
edição fosse encerrada com êxito. É oportuno 
ressaltar que na segunda edição, poucas foram 
as dificuldades enfrentadas, mas todas foram 
prontamente atendidas, seja pelo governo de 
Cabo Verde, pela embaixada do Brasil, pela 
abc ou pela ufsm.
Os benefícios adquiridos pelo governo de 
Cabo Verde e pelos professores cabo-verdianos 
podem ser vistos nos relatos que estão pre-
sentes nesse livro, os quais demonstram o 
aprendizado e a satisfação na realização do 
curso. Para a instituição executora brasileira 
foram observados a partir do conhecimento 
adquirido por meio da visita de avaliação e mo-
nitoramento, no sentido de que os professores 
selecionados para realizar o Curso realmente 
demonstraram interesse em fazê-lo. Além disso, 
o fato de ser possível realizar as semanas de 
aulas presenciais, permitiu que fosse criado 
um sentimento de “pertença” a comunidade 
virtual de aprendizagem que estava se for-
mando. Os vínculos e os interesses passaram 
a ser partilhados e a aprendizagem do grupo 
pôde-se tornar colaborativa. Ratifica-se que a 
possibilidade de realizar as aulas presenciais 
e estar em contato mais direto com os alunos, 
para avaliar e monitorar o curso é sobrema-
neira importante para seu sucesso. Os alunos 
aprenderam a se conhecer, conviver em aulas 
virtuais e presenciais, trocando experiência e 
cooperando um com o outro. Agregando essas 
questões de nível mais científico, podemos 
apontar questões de níveis práticos e opera-
cionais que a ufsm, por meio dos professores 
envolvidos, soma a gestão do conhecimento 
em projetos de cooperação técnica, em nível 
internacional, sobretudo com a abc.
Baseado nos resultados obtidos até o mo-
mento nas fases I e II, as perspectivas futu-
ras de desenvolvimento do Projeto Escola de 
Todos – Fase III são promissoras, haja vista a 
preocupação e o notório trabalho do governo 
de Cabo Verde em realizar práticas e políticas 
governamentais que atendem às políticas in-
ternacionais de inclusão, originadas na Decla-
ração Mundial dos Direitos Humanos. Ademais, 
os profissionais da educação, do Brasil e de 
Cabo Verde, comprometidos com a tarefa de 
colocar em prática as ações desse projeto, têm 
interesse profissional, institucional e científico, 
pois entendem que os sistemas educativos 
devem permanentemente unir esforços da sua 
estrutura de gestão pública, na direção de um 
ensino de qualidade, tendo em vista a organiza-
ção de recursos humanos e materiais, ou seja, 
formação do professor, ambientes e recursos 
pedagógicos adequados.
Agradecimentos aos governos do Brasil e Cabo 
Verde, a abc, ao Ministério da Educação, a Secre-
taria de Educação Especial, por meio da Diretoria 
de Políticas de Educação Especial, pela oportu-
nidade e confiança dispensadas à Universidade 
Federal de Santa Maria e aos profissionais que 
desenvolveram o Curso de Atendimento Educa-
cional Especializado. Em Cabo Verde, igualmente 
são imensos nossos agradecimentos, ao Ministé-
rio da Educação, a dgebs e a todas as pessoas 
que auxiliaram para garantir o desenvolvimento, 
qualidade e sucesso do Curso de Atendimento 
Educacional Especializado.
figura 12 — Magnífico Reitor da Universidade Federal de 
Santa Maria, professor Felipe Martins Müller com a Coorde-
nadora do Curso Professora Ana Cláudia Pavão Siluk. Praia, 
Cabo Verde, 2011.
O objetivo dessa visita foi a assinatura do 
convênio, reafirmando as ações do projeto 
Escola de Todos. Na oportunidade, foram 
prospectadas novas missões em diversas 
áreas de conhecimento da Universidade.
considerações finais
O Curso de Atendimento Educacional Especiali-
zado em Cabo Verde, foi finalizado, entendendo 
ter sido uma atividade de sucesso, que atin-
giu plenamente os objetivos propostos, como 
2
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PARA A INCLUSÃO
Carmen Rosane Segatto e Souza
Rosângela Aparecida Ceregati Costa
sentido de incorporar as crianças e os jovens 
ao processo civilizatório com seus avanços e 
seus problemas?”
Para Codo (1999), existe a preocupação de 
clarear a identidade profissional dos educadores, 
sua formação, o papel social das escolas e da 
educação. Segundo ele, nos dias atuais, não 
se sabe como preparar os educadores, nem se 
tem claro qual seria o papel da educação e da 
instituição escolar numa situação como a atual, 
caracterizada pela reestruturação do sistema ca-
pitalista e as brutais metamorfoses que acarreta.
Nenhuma política de capacitação de professo-
res será bem sucedida enquanto se considerar 
o professor como uma peça do sistema educa-
tivo, suscetível de ser modificada em função 
de planos pensados e executados por poucas 
pessoas. Para Gatti (2000, p.4), “quase nada 
tem sido feito no Brasil quanto à qualidade da 
formação e à carreira dos docentes para ajudar 
a reverter o quadro, que sabemos dramático, do 
nível educacional da população em geral”.
Uma educação de qualidade depende de uma 
formação teórica e prática de qualidade dos pro-
fessores, pois a profissão de professor combina, 
sistematicamente, elementos teóricos com situ-
ações práticas. Uma sólida formação teórica lhe 
possibilitará captar melhor as distorções sociais, 
culturais de sua própria prática, pois a ausência 
desta dificultará a análise reflexiva da prática, 
caindo no puro “praticismo” daí decorrente.
Segundo Zeichner, citado por Sacristan e Gó-
mez (2000, p.374):
preparar professores que tenham perspecti-
vas critica sobre as relações entre a escola e 
as desigualdades sociais é um compromisso 
moral para contribuir para a correção de 
tais desigualdades mediante as atividadescotidianas na aula e na escola.
Ou seja, necessitamos de professores que 
assumam uma atitude reflexiva em relação ao 
seu ensino e às condições sociais que o influen-
ciam, com consciência e sensibilidade social. A 
existência de um único corpo de saberes relacio-
nados ao ensino não basta para tornar efetiva 
uma profissionalização da prática.
O desafio, então, consiste em preparar pro-
fessores, a partir dos cursos de formação inicial, 
que reflitam sobre a própria prática e, com os 
saberes da docência – os conhecimentos ad-
quiridos nessa caminhada – sejam capazes de 
contexto atual em que trabalha o ma-
gistério, em função das mudanças 
tecnológicas (principalmente da In-
formática) e também mudanças nas 
novas formas de trabalho, tornou-se complexo 
e diversificado, pois nele o professor convive 
com dúvidas, incertezas, divergências. Assim, 
a formação assume um papel que transcende 
o processo simples de ensinar, para se trans-
formar num espaço de participação, reflexão e 
formação necessária para que as pessoas se 
adaptem e aprendam a conviver com situações 
singulares, instáveis, incertas e de conflitos. 
A sensação de desorientação por que as ins-
tituições educacionais passam, influenciam. 
Faz parte de um dilema que envolve tanto o 
futuro da escola, como o próprio grupo pro-
fissional (imbernón, 2006).
Diante disso, é preciso definir uma nova 
identidade profissional do professor e, se-
gundo Pimenta (1999, p.19), procurar uma 
formação que atenda aos seguintes questiona-
mentos: “Que professor se faz necessário para 
as necessidades formativas em uma escola 
que colabora para os processos emancipa-
tórios da população? Que opere o ensino no 
O
32 33
adequadas para trabalhar com a diversidade 
de pessoas, de culturas e também de tarefas 
exigidas pela educação. O professor deve 
ter um conhecimento polivalente e um com-
promisso ético que compreenda diferentes 
âmbitos, não só de conhecimentos sistemati-
zados, mas também de habilidades, hábitos, 
atitudes, convicções, valores que o auxiliarão, 
por meio da educação, a tornar as pessoas 
mais livres, menos dependentes do poder 
econômico, político e social, com o objetivo 
único de proporcionar-lhes a emancipação.
Ramalho, Nuñez e Gauthier (2003, p.32) ar-
gumentam que:
os professores devem mudar sua maneira 
de olhar a profissão docente como sendo 
uma atividade individual, para constituir 
espaços coletivos de reflexão, de estudo, 
de construção de saberes e de sua eman-
cipação sócio¬profissional.
É imperiosa, hoje, uma mudança de menta-
lidade sobre o processo de ensinar e aprender 
nos cursos de formação de professores. A for-
mação será inócua se os futuros professores 
não aprenderem como viver numa escola, fato 
esse tão importante quanto saber ensinar na 
sala de aula (tardif, 2002). As reformulações 
curriculares dos cursos de formação de profes-
sores resistem à necessidade de formação para o 
saber fazer, para as competências que propiciam 
flexibilidade mental e capacidade de resolver 
problemas imprevistos.
a profissionalização docente
“A formação de professores é, provavelmente, 
a área mais sensível das mudanças em curso 
no setor educativo: aqui não se formam apenas 
profissionais; aqui se produz uma profissão” 
(nóvoa, 1995, p.26).
A partir do século XVIII, surge a preocupação 
de clarear o perfil profissional do professor. 
Surgem muitos questionamentos, e esses va-
riam desde a formação, até o pagamento dos 
honorários desse profissional. Ao longo dos 
séculos XVII e XVIII, percebe-se que a ocupação 
com o ensino constitui-se em uma ocupação 
secundária de religiosos ou leigos. Para exem-
plificar, têm-se os jesuítas e os oratorianos 
que organizam, ao longo do tempo, normas, 
valores, técnicas e saberes que caracterizam 
preparar as crianças e os jovens para se elevarem 
ao nível da civilização atual – da sua riqueza e 
dos seus problemas – para aí atuarem. Pelos 
saberes docentes, os professores têm condições 
de aprender, analisar, questionar e refletir sobre 
os múltiplos saberes que perpassam sua prática 
profissional, tomando consciência de que esses 
podem contribuir para o processo de ensino-
aprendizagem, contextualizando professor e 
aluno no momento sócio histórico vivido e de 
reflexão constante. Isso “requer preparação 
científica, técnica e social” (pimenta, 1999, p.19).
Seguindo a linha de pensamento de Pimen-
ta, Zeichner (1993) ressalta a importância de 
formar professores que assumam uma atitude 
reflexiva em relação ao seu ensino e às con-
dições sociais que o influenciam, reflexão 
capaz de combinar as capacidades de busca 
e de investigação com as atitudes de abertura 
mental, responsabilidade e honestidade.
A reflexão do professor deve ser um processo 
que contribua para o seu desenvolvimento pro-
fissional, na busca de uma capacidade maior de 
decisão e interpretação, e não um simples olhar 
sobre suas ações com limitadas possibilidades 
teóricas (imbernón, 2006). Também não deve 
ser uma prática solitária, mas inserida nas rela-
ções institucionais e sociais, sob pressupostos 
explícitos dos projetos educativos, nos quais se 
expressam interesses e contradições diversas 
(ramalho, nuñez e gauthier, 2003).
Assim, quando se fala da formação de pro-
fessores, “vincula-se à construção de uma 
autonomia sempre crescente, numa união com 
as formas através das quais produz/constrói 
a profissão no processo de profissionaliza-
ção” (ramalho, nuñez e gauthier, 2003 
p.10), mobilizando mais qualidade cognitiva 
no processo de construção/reconstrução de 
conceitos, gestos, atitudes, procedimentos, 
maneiras de atuar e agir com base numa ética 
profissional adquirida ao longo da vida.
Para Imbernón (2006), as instituições ou 
cursos de preparação para a formação docente 
deveriam ter um papel decisivo na promoção 
não apenas do conhecimento profissional, mas 
de todos os aspectos da profissão docente, 
comprometendo-se com o contexto e com a 
cultura em que esta se desenvolve.
Acredita-se que não existe um único modelo 
de formação docente, o que colabora para o 
surgimento de várias concepções ideológicas 34 35
a profissão docente, tornando cada vez mais 
necessária a presença do professor na área 
educacional (nóvoa, 1995).
A profissão de professor só foi instituída 
no momento em que a Igreja Católica Oficial 
deixou de existir como entidade de tutela do 
ensino. Nesse momento, o Estado passou a 
exercer um forte controle sobre essa nova pro-
fissão. A intervenção do Estado provoca uma 
homogeneização, bem como uma unificação 
e uma hierarquização, em escala nacional, de 
todos esses grupos (não só religiosos, mas 
inclui, também, indivíduos que se dedicam ao 
ensino): é o enquadramento estatal que ins-
titui os professores como corpo profissional 
e não uma concepção corporativa do ofício 
(nóvoa, 1995). 
Assim, o processo de estatização do ensino, 
que aconteceu no momento de ruptura dos laços 
educacionais sob a responsabilidade da Igreja, 
efetivou-se e passou a existir uma preocupação 
com a substituição dos professores, que até 
então eram religiosos, por professores laicos, 
o que contribuiu para mudanças pouco signifi-
cativas, ou seja, continuou a existir um modelo 
de docente muito próximo do modelo de padre.
No decorrer do século XIX, a imagem do pro-
fessor se consolidou e, a partir desse mesmo 
século, prestou-se mais atenção à seleção e 
ao recrutamento de professores. Não foi mais 
permitido ensinar sem uma licença ou auto-
rização do Estado (no final do século XVIII), 
e essa só foi permitida a partir desse século, 
mediante uma sequência de exames que podia 
ser requerida pelos indivíduos que atendessem 
alguns pré-requisitos, como: habilitação, idade, 
comportamento moral (nóvoa, 1995).
Ainda no século XIX, acentuou-se a expan-
são escolar, fortalecendo a importância da 
instrução escolar, o que exigiu um olhar mais 
detalhado sobre uma formação específica 
especializada e longa para os professores. 
No fim desse século e no início do séculoXX, 
confrontaram-se visões distintas da profis-
são docente. Essas visões, segundo Nóvoa 
(1995a), referindo-se ao contexto europeu, 
concentraram-se em torno da produção de 
um saber legitimado relativo às questões do 
ensino e da delimitação de um poder regula-
dor sobre o professorado. 
Consolidaram-se, nesse período, as insti-
tuições de formação de professores, resultan-
tes de vários interesses entre o Estado e os 
professores, como também o associativismo 
docente (um movimento associativo docente, 
que correspondia a uma tomada de consciência 
dos seus interesses como grupo profissional), 
e a feminização do professorado, trazendo 
dúvidas entre as imagens masculinas e femini-
nas da profissão. Segundo Nóvoa (1995, p.18),
essas instituições de formação ocupam 
um lugar central na produção e reprodu-
ção do corpo de saberes e do sistema de 
normas da profissão docente, desempe-
nhando um papel crucial na elaboração 
dos conhecimentos pedagógicos e de 
uma ideologia comum.
A responsabilidade, nesse momento, recaía 
sobre as escolas normais que, individual e cole-
tivamente, eram responsabilizadas pela sociali-
zação e pela criação de uma cultura profissional.
As associações responsáveis pela defesa 
dos interesses dos professores, como grupo 
profissional, tornaram-se indispensáveis 
para a aquisição de prestígio dos professores, 
desempenhando um papel fundamental na 
construção da profissão docente. Nos anos 
vinte, por meio do Movimento da Escola Nova, 
acentua-se um bem-estar maior aos profes-
sores no que diz respeito ao seu estatuto 
socioeconômico, pois esse movimento trazia 
projetos culturais, científicos e profissionais 
que demonstram uma preocupação com a 
formação docente.
No Brasil, por exemplo, o Estado Novo tenta 
substituir a legitimidade republicana no que 
diz respeito à educação. Houve assim, várias 
tentativas frustradas para reformar as esco-
las normais republicanas, o que ocasionou o 
fechamento, em 1930, das Escolas Normais 
Superiores e, em 1936, as Escolas Normais 
Primárias, as quais só foram reabertas em 1940.
Segundo Nóvoa (1995a, p.19), até os anos 
60, o ensino normal “manteve uma atitude 
de suspeição em relação à formação de pro-
fessores, sofisticando os mecanismos de 
controle ideológico no acesso e no exercício 
da atividade docente”.
A formação de professores do ensino pri-
mário, nessa época, sofre com a escassez de 
matrículas para alunos interessados em cur-
sar o ensino normal, com os conteúdos, com 
o tempo necessário para a formação e com 36 37
técnicas), mas, sim, através de um trabalho 
de reflexividade crítica sobre as práticas 
e de (re)construção permanente de uma 
identidade pessoal. 
Confirma-se, com isso, a necessidade cons-
tante de os professores reverem a sua prática e, 
como diz Schon (2000), essa prática é fundamen-
tada num triplo movimento: ”conhecimento na 
ação, reflexão na ação e reflexão sobre a ação e 
sobre a reflexão na ação”. É um processo perma-
nente, integrado no dia-a-dia dos professores e 
escolas, pois a reflexão não acontece de forma 
superficial, independente de qualquer coisa, 
mas sim de um retomar de suas experiências 
recheadas de fatos significativos.
E, em pleno século xxi, percebe-se que o ensino, 
mesmo depois de ter passado por grandes pres-
sões sociais, não sofreu transformação tão sig-
nificativa como outras profissões (nóvoa, 1995).
a inclusão escolar
breves considerações
O impacto que a inclusão tem causado no meio 
escolar, nas instituições especializadas e en-
tre os pais de alunos com e sem deficiência 
provocou o aparecimento de muitas dúvidas e 
vieses de compreensão, que estão retardando a 
implementação de ações em favor da abertura 
das escolas para todos os alunos. Defende-se 
o espaço dos alunos com necessidades educa-
cionais especiais, mas também se entende que 
existem práticas cristalizadas que devem ser 
ressignificadas sob outro paradigma.
Se realmente queremos que todos tenham 
acesso ao conhecimento, e, consequentemente, 
ao exercício pleno da cidadania, precisamos 
superar as relações educacionais hoje exis-
tentes na estrutura escolar. Enfim, precisamos 
superar, de forma radical, a atual organicidade 
escolar brasileira e, para isso, a preocupação 
com a formação de professores é fundamental.
A Lei de Diretrizes e Bases – 9.394/96 (brasil, 
1996) é inovadora, pois inclui tópicos que vêm 
ao encontro de programas educacionais, que 
objetivam incluir alunos com necessidades edu-
cacionais especiais no ensino regular. Define 
como Educação Especial a modalidade oferecida 
“preferencialmente na rede regular de Ensino”, 
propondo a inclusão, como ficou registrado no 
seu Capítulo v, “[...] uma modalidade de edu-
uma exigência intelectual e científica menor, 
além de sofrer com as práticas de controle 
moral e ideológico em toda a sua formação. 
Os professores eram funcionários, mas de 
um tipo particular, pois a sua ação estava 
impregnada de uma forte intencionalidade 
política, devido aos projetos e às finalida-
des sociais de que eram portadores (nóvoa, 
1995, p.17).
Com relação ao ensino secundário, por ocasião 
do fechamento das Escolas Normais Superiores 
(1930), acaba uma experiência institucional que 
teve suas raízes em 1901, no Curso de Habilitação 
para o magistério Secundário.
Ainda durante o Estado Novo, assiste-se à 
degradação social e econômica da profissão 
docente, que se estende até os anos 60, gerando, 
a partir desse ano, uma série de movimentos 
políticos, sindicais e científicos. A formação 
docente passa a fazer parte das preocupações 
educativas do Estado.
A República traz consigo a presença marcante 
do Estado no campo educativo. Esse, além de 
um controle administrativo, exerce também um 
controle ideológico, gerando conflitos políticos 
no interior das escolas normais, responsáveis 
pela formação de professores da escola primá-
ria. Para Tomazetti (2003, p.48) a origem das 
escolas normais,
estava ligada aos ideais da Revolução Fran-
cesa que, ao pregar a liberdade e a igualda-
de entre os homens, afirmava também, a 
necessidade da constituição de um sistema 
nacional de educação ao alcance de todas 
as camadas sociais. O século xix seria, 
então, o momento de democratização do 
ensino primário nos países com certo grau 
de desenvolvimento e do surgimento das 
primeiras escolas normais responsáveis 
pelo preparo dos professores primários.
Já na década de 70, tiveram início as dis-
cussões sobre a formação docente, explode a 
preocupação pela profissionalização inicial dos 
professores, ganhando o ensino primário um 
grande impulso após 1974. A profissionaliza-
ção dos professores toma fôlego na década de 
80, e a década de 90 é marcada pela formação 
continuada dos professores. Como diz Nóvoa 
(1995a, p.25),
 [...] a formação não se constrói por acumu-
lação (de cursos, de conhecimentos ou de 38 39
diferenciados, utilizando as estratégias de 
ensino que melhor satisfaçam as necessida-
des de seus alunos, professores que compre-
endam o dinamismo da sociedade e de suas 
transformações, ressignificando seu modo de 
pensar, ou seja, suas representações sociais, 
em função da diversidade dos problemas 
apresentados por estarem numa época de 
mudanças constantes, tanto intelectuais, 
como sociais. Decorre daí, a necessidade de 
esses educadores reverem a sua prática. E 
por que não a sua formação? O que realmente 
está por trás das palavras, dos sentimentos 
e das condutas destes docentes e que já é 
institucionalizado?
As instituições responsáveis pela formação 
de professores podem intensificar os pro-
cessos de contatos com as redes de ensino, 
transformando os professores educadores 
especiais em parceiros imprescindíveis dos 
professores das classes comuns, que bus-
quem parcerias com comunidades e as famí-
lias para uma possível ampliação da atuação 
profissional dos alunos. Isso assinala funda-
mental importância para que se intensifique 
uma política de formação docente. 
Conforme Carvalho (1998), um dosdesafios 
do professor é conscientizar a sociedade de 
que as limitações impostas pelas múltiplas 
manifestações de deficiência não devem ser 
confundidas com impedimentos. Esses têm 
origem na própria sociedade, em suas normas 
e nos estereótipos que cria, prejudicando o 
desenvolvimento individual que depende das 
interações com os outros.
Amaral (1994) fala do estigma que envolve 
a questão da deficiência no convívio social e 
dá ênfase às relações interpessoais para a 
perpetuação dos estigmas que a sociedade 
cria. Tem-se como elemento fundamental a 
matéria prima das atitudes preconceituosas: 
o desconhecimento. Percebe-se a responsa-
bilidade ética da educação: quebrar a cadeia 
do desconhecimento a respeito da deficiência, 
trazendo a temática para dentro do universo 
escolar, pois a intervenção no campo da defi-
ciência não se deveria pautar nas limitações 
desses sujeitos, e sim, nas potencialidades a 
serem desenvolvidas.
No que tange à prática educativa do profes-
sor, pode-se dizer que ela é resultado de uma 
ou outra teoria, quer ela seja reconhecida quer 
cação, oferecida, preferencialmente, na rede 
regular de ensino, para educandos portadores 
de necessidades especiais”.
Mas, ao se expressar de forma preferencial 
e não prioritariamente, permite interpretações 
diversas, possibilitando que a educação das 
pessoas com deficiência se realize de acordo 
com os interesses das instituições, ou seja, de 
acordo com a preferência dos dirigentes. Para 
Goffredo (1999, p.45),
a escola, para que possa ser considerada 
um espaço inclusivo, precisa abandonar a 
condição de instituição burocrática, ape-
nas cumpridora das normas estabeleci-
das pelos níveis centrais. Para tal, deve 
transformar-se num espaço de decisão, 
ajustando-se ao seu contexto real e res-
pondendo aos desafios que se apresentam. 
O espaço escolar, hoje, tem de ser visto 
como espaço de todos e para todos. 
Ao tratar especificamente da formação de 
professores que vão atuar na perspectiva da 
inclusão escolar deve-se levar em conta que 
isso constitui fato relevante na melhoria da 
qualidade, mas não deve ser considerado de 
forma isolada, e sim, no bojo de decisões 
políticas mais amplas que apontem para a 
melhoria da qualidade de vida da sociedade 
em geral.
É necessário que esse professor amplie 
suas perspectivas, tradicionalmente centra-
das apenas nas suas especificidades, rom-
pendo com práticas cristalizadas, existentes 
na atual estrutura escolar. Assim, esse pro-
fissional da educação deverá preocupar-se 
em proporcionar uma escolaridade com qua-
lidade para alunos diferentes em uma escola 
comum, tendo como desafio o sucesso de 
todos os alunos sem exceção: uma formação 
que dê conta da diversidade sóciocultural e 
das diferenças humanas.
Para isso, a estrutura escolar deve garantir 
aos estudantes com necessidades educa-
cionais especiais professores com especia-
lização adequada para o atendimento nas 
diferentes alternativas em educação especial, 
bem como professores do ensino regular, ca-
pacitados para a inclusão desses estudantes 
nas classes comuns. São necessários pro-
fessores que saibam trabalhar com classes 
heterogêneas, com conteúdos curriculares 40 41
Domingo, citado por Gonzáles (2002, p.241), 
destaca que o professor, apto para trabalhar 
com a diversidade na sua prática, tem a pos-
sibilidade de:
criar o clima adequado para a interação e a 
cooperação; motivar os alunos, produzin-
do expectativas positivas e utilizando re-
forços de auto-estima e reconhecimento; 
aceitar a diferença como um componente 
da normalidade e fomentar a convergên-
cia de todos os educadores por meio da 
atividade em equipe.
Seguindo o pensamento de Domingo, a ativi-
dade profissional não deve ser exercida sobre 
um objeto, mas sim, deve ser realizada con-
cretamente, em conjunto com outras pessoas; 
raramente ele atua sozinho. Nesse contexto, 
encontram-se valores, símbolos, sentimentos, 
atitudes que devem ser interpretadas, o que faz 
com que os professores estejam em constante 
interação com pessoas, em um determinado 
meio constituído por relações sociais.
Assim, sejam quais forem às práticas edu-
cativas adotadas pelos professores que atuam 
com a diversidade, estas podem primar pela 
efetiva inclusão de alunos com necessidades 
educacionais especiais à sociedade. Profissio-
nais da docência, por meio de uma intervenção 
educativa eficaz, podem tentar dar respostas 
que sejam satisfatórias às necessidades das 
pessoas em uma sociedade em que a regra 
ainda é uma exceção. 
Percebe-se que as questões sobre o perfil do 
profissional e das instituições educativas que 
se quer para o futuro ainda permanecem, em 
nível de discussão, uma incógnita, e, por isso 
mesmo, são motivo de constantes debates. 
A escola do futuro talvez venha a ser muito 
diferente da de hoje, mas será feita com pro-
fissionais que estão se formando no presente. 
Portanto, ela dependerá do modo como esses 
futuros educadores estão sendo preparados.
Considerando tais prerrogativas sobre a 
formação de professores, serão apresentados 
a seguir os planos de ação pedagógica de-
senvolvidos por professores cabo-verdianos 
que realizaram o Curso de Atendimento edu-
cacional especializado na sua primera edição 
realizada entre os anos de 2009 e 2010, como 
anunciado na primeira parte dessa obra. So-
mam 15 planos de ação pedagógica. 
pode-se dizer que o professor do ensino regular 
e o professor de Educação Especial trabalham 
com a aprendizagem, com o ensino, com a 
formação dos indivíduos, com os métodos, ati-
vidades, recursos, avaliação, com as relações 
interpessoais e tudo o mais que envolve o ato 
de educar. O diferencial reside no fato de que o 
professor de Educação Especial vai realizar seu 
trabalho de uma forma diferenciada, pautado na 
ação-reflexão-ação, por se tratar de indivíduos 
com necessidades educativas especiais, que 
apresentam obstáculos que dificultam o seu 
desenvolvimento normal.
Para isso, é necessário que seja desenvol-
vida uma série de estratégias organizativas e 
metodológicas em sala de aula. Tais estraté-
gias, oriundas da realidade educativa, podem 
ser capazes de guiar a intervenção desse 
professor a partir de processos reflexivos, que 
facilitem a construção de uma escola, a qual 
favoreça a aprendizagem dos alunos como 
uma reinterpretação do conhecimento, e não 
como uma mera transmissão da cultura. As-
sim, o professor terá capacidade de modificar 
planos e atividades à medida que as reações 
dos alunos vão oferecendo novas pistas. 
não. Os professores estão sempre a teorizar, 
à medida que, segundo Zeichner (1993, p.21),
são confrontados com os vários proble-
mas pedagógicos, tais como a diferença 
entre as suas expectativas e os resultados. 
Na minha opinião, a teoria pessoal de um 
professor sobre a razão por que uma lição 
de leitura correu pior, ou melhor, do que 
esperado, é tanto teoria como as teorias 
geradas nas universidades sobre o ensino 
da leitura: ambas precisam ser avaliadas 
quanto à sua qualidade, mas ambas são 
teorias sobre a realização de objetivos 
educacionais. Na minha opinião, a dife-
rença entre a teoria e a prática é, antes de 
mais nada, um desencontro entre a teoria 
do observador e a do professor, e não um 
fosso entre a teoria e a prática.
Sobre a prática educativa do professor que 
atua com alunos com necessidade educacionais 
especiais, é pertinente pontuar que esta não 
difere da prática dos outros professores do 
ensino em geral, se o objetivo for a conquista 
de uma nova escola que ofereça respostas 
à diversidade dos alunos. Diante desse fato, 42 43
plano 1
plano de acçao pedagógica 
para atendimento educacional 
especializado na surdez
Arminda Lima e Iria Santos
Professora: Carmen Rosane Segatto e Souza
Tutora: Rosângela Aparecida Ceregati Costa
Este Plano de Ação Pedagógica está inserido 
em um projeto que pretende proporcionar uma 
educação adaptada às características e necessi-
dades dos alunos surdos em SãoVicente, numa 
perspectiva da educação inclusiva.
A Educação Inclusiva assenta numa filosofia 
de valorização da diversidade, indo de encontro 
à Declaração dos Direitos Humanos que, garante 
o acesso e a participação de todos, às mesmas 
oportunidades, independentemente das parti-
cularidades de cada indivíduo e/ou grupo social.
Um passo importante para o desenvolvimento 
da Inclusão Educativa foi a criação da Declara-
ção de Salamanca na Espanha em 1994, que 
teve como objetivo, orientar ações educativas, 
com base em princípios, políticas e práticas da 
educação para todos, para que os governos e 
órgãos competentes pudessem desenvolver 
suas próprias políticas de inclusão. Esta De-
claração considera que: o direito à educação é 
independente das diferenças individuais; as ne-
cessidades educativas especiais não abrangem 
apenas algumas crianças com problemas, mas 
todas as que possuem dificuldades escolares; 
deve ser a escola a adaptar-se às especificida-
des dos alunos e não o contrário; e que o ensino 
deve ser diversificado e realizado num espaço 
comum a todas as crianças.
A educação inclusiva deverá proporcionar um 
ensino de qualidade, a todos os alunos, com ou 
sem necessidades educativas especiais. Exige 
uma mudança de atitudes, uma constante re-
flexão sobre a prática pedagógica, modificação 
e adaptação do meio e, uma nova organização 
da estrutura escolar. 
Os alunos com necessidades educacionais 
especiais têm o direito de, sempre que possível, 
serem educados em ambientes inclusivos, eles 
são capazes de aprender e de contribuir para 
Os planos pedagógicos desenvolvidos por es-
ses professores consistiram no trabalho final do 
curso, e visam a apresentação de uma proposta 
de trabalho a ser implementada na realidade 
educacional imediata desses professores. Cada 
plano contempla um tema, ou área de estudos 
desses professores, sendo que essa escolha 
procedeu a partir do interesse deles mesmos, 
ou ainda de acordo com a demanda pedagógica 
na qual atuam.
Os planos foram elaborados com uma pro-
posta de implementação e, portanto com forte 
fundamentação teórica, entretanto, para apre-
sentação desses planos nessa obra, foram 
retiradas as seções que correpondiam aos re-
ferenciais teóricos, elaborados com base nas 
obras desenvolvidas no Curso de aee, pois o 
objetivo aqui é verificar as possibilidades e 
necessidades de atuação e prática geradas a 
partir do Curso de formação e aperfeiçoamento 
de professores.
planos de ação pedagógica
44 45
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
os Surdos conseguirem desenvolver-se. O de-
senvolvimento da lgc só será possível se os 
Surdos cabo-verdianos estiverem reunidos, 
construindo e fazendo parte de uma comuni-
dade, com uma identidade e cultura próprias, 
e é isso que pretendemos fazer em São Vicente.
Para que o aluno surdo tenha realmente uma 
educação que respeite a sua especificidade 
linguística, este deverá ter acesso ao Ensino 
Bilíngue.
O Ensino Bilíngue consiste na compreensão e 
utilização de duas línguas, neste caso, a Língua 
Gestual (l1) e a Língua Portuguesa (l2). Dessa 
forma, a educação dos surdos deve priorizar, 
inicialmente, o desenvolvimento da língua de 
sinais pelo contato das crianças com adultos 
surdos usuários desta língua e participantes 
ativos do processo educacional de seus pares 
e, a partir dela, devem ser expostos ao ensino 
da escrita da língua portuguesa. A língua portu-
guesa deverá ser adquirida na sua modalidade 
escrita e, quando possível, na sua modalidade 
falada, tendo em conta os graus e níveis de sur-
dez. A l2 escrita constitui um meio de acesso aos 
conhecimentos, uma vez que, grande parte dos 
conhecimentos é transmitida através da escrita.
A ausência de uma forma de comunicação 
com os ouvintes, a falta de apoio educativo 
continuado e de um ensino adaptado às suas 
características, fazem com que os alunos surdos 
integrados nas salas de ouvintes, se sintam 
frustrados e ansiosos, levando-os assim, ao 
abandono escolar. Está provado que os alunos 
surdos que se beneficiam de um ensino na lín-
gua gestual apresentam uma clara vantagem 
na aprendizagem, na socialização e no desen-
volvimento psicológico.
Os alunos surdos em Cabo Verde, particu-
larmente em São Vicente, são integrados em 
turmas do ensino regular, em que o processo 
de ensino-aprendizagem não está adaptado 
às suas características e, por isso, não con-
seguem acompanhar as atividades que são 
essencialmente auditivas. Assim, é comum não 
apresentar um domínio mínimo dos conceitos e 
conteúdos ministrados, indispensáveis à conti-
nuação dos seus estudos e consequentemente, 
ao seu desenvolvimento e à sua adequada 
integração social.
Cabo Verde não possui, ainda, a sua língua 
gestual, contudo não se pode esperar que a 
Língua Gestual Crioula (lgc) surja para depois 
o desenvolvimento da sociedade onde estão 
inseridos; devem existir iguais oportunidades 
de acesso a serviços de qualidade que lhes 
permitam alcançar o sucesso; ter acesso a ser-
viços de apoio especializados e a um currículo 
diversificado; os alunos devem ter a oportu-
nidade de trabalhar em grupo e de participar 
em atividades extraescolares e em eventos 
comunitários, sociais e recreativos, ou seja, a 
inclusão pressupõe: aceitação das diferenças 
individuais como mais uma característica do 
indivíduo e não como um obstáculo, valorização 
da diversidade; direito de pertença, a igualdade 
de direitos entre as minorias e maiorias.
O desenvolvimento da Educação Inclusão 
exige, portanto, a promoção de: atitudes po-
sitivas, ambiente de aprendizagem inclusivo, 
intervenção atempada; exemplos positivos, 
desenvolvimento de políticas adequadas, mu-
dança no sistema de ensino.
A educação dos surdos desenvolveu e am-
pliou sua meta para o campo pedagógico e 
linguístico além do campo clínico e terapêutico 
numa perspectiva integracionista. O desenvol-
vimento de qualquer criança, ouvinte ou surda, 
depende da aquisição e do desenvolvimento de 
uma língua, indispensável à estruturação do 
seu pensamento. A língua natural ou a primeira 
língua dos Surdos é a Língua Gestual (lg), logo 
a aquisição plena da LG constitui um direito das 
crianças surdas. Estudos têm demonstrado que 
a aprendizagem da língua gestual deve iniciar-
se o mais cedo possível, sendo o período ideal, 
antes dos três anos de idade. A capacidade de 
aprendizagem da criança surda nesta idade é 
igual à da criança ouvinte, exigindo-se apenas 
metodologias e instrumentos diferentes. 
Para os alunos Surdos, o domínio lg, é 
decisivo no desenvolvimento individual, na 
construção da identidade, no acesso ao conhe-
cimento, no relacionamento social, no sucesso 
escolar e profissional, em todo o percurso 
futuro e no exercício pleno da cidadania.
Para atingir este objetivo, a escola desem-
penha um papel fundamental, sendo para isso, 
necessário que a escola seja um espaço sem 
barreiras, um meio menos restritivo, cuja única 
diferença seja baseada em aspectos linguísti-
cos e culturais. Um espaço onde o aluno possa 
expressar e ser compreendido na sua primeira 
língua, proporcionando-lhe o acesso à comu-
nicação, ao pensamento e ao conhecimento. 46 47
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
turmas do ensino regular, ou seja, de segunda 
a sexta, quatro horas e meia, diárias. Neste 
momento temos conhecimento de que existe em 
São Vicente 15 crianças e adolescentes surdos 
e devido às especificidades dos alunos surdos, 
a turma não deverá ser muito extensa. 
resultados esperados
a curto prazo
· Crianças e adolescentes (re)integrados no 
sistema educativo;
· Maior nível de comunicação através de gestos;
· Aquisição das noções básicas necessárias 
ao seu desenvolvimento global;
a longo prazo
· Indivíduos autónomos e independentes;
· Indivíduos completamente integrados na 
sociedade;
· Cidadãos capazes de contribuir para o De-
senvolvimento do País.
Neste momento esses alunos encontram-se 
distribuídos por oito escolas e em dez turmas di-
ferentes.A partir de 6 de Janeiro de 2010, estarão 
reunidos numa única turma com um professor.
de avaliação, atividades e metodologias para 
atender às diferenças individuais dos alunos, 
com base no modelo de ensino bilíngue.
Tipos de atividades a realizarem com os 
alunos:
Acadêmicas: lúdicas (dramatização; expres-
são plástica), desportivas (jogo, brincadeiras), 
culturais (música; dança; teatro, visualização de 
filmes e documentários) Visitas a Instituições.
Ainda se podem realizar atividades com a famí-
lia tais como: palestras, workshops;atendimento, 
debates, relatos de testemunhos, visualização 
de filmes e documentários, outras.
recursos humanos
Equipe Multidisciplinar formada por: Professor, 
Pedagogo, Psicólogo, Terapeuta da Fala e As-
sistente Social.
recursos materiais
A utilização de recursos visuais variados é 
de vital importância em todas as fases do 
processo ensino-aprendizagem.
organização e funcionamento do projeto
A sala irá funcionar em regime semelhante às 
 Por tudo isso, considera-se importante a cria-
ção de uma turma de surdos inserida numa escola 
do ensino regular. O aluno surdo deverá ter contato 
com as duas comunidades linguísticas, de modo 
a que, ele seja capaz de desenvolver as suas ca-
pacidades cognitivas, adquirir conhecimentos e 
comunicar plenamente com a realidade externa, 
tornando-se assim, num membro integrante, tanto 
da comunidade surda, como da ouvinte.
objetivos
objetivos gerais
· Melhorar a qualidade de ensino, oferecendo 
respostas educativas, tendo em conta as carac-
terísticas da surdez;
· Promover a cultura Surda e integração socio-
educativa do aluno Surdo;
· Contribuir para o desenvolvimento global do 
aluno Surdo;
· Contribuir para o desenvolvimento da Língua 
Gestual em Cabo Verde.
· Desenvolver uma educação com base no 
Modelo Bilíngue;
objetivos específicos
· Promover a interacção e integração surdo-
surdo e surdo-ouvinte e o contato do aluno 
surdo com a língua gestual; 
· Contribuir para a representação do mundo e 
o conhecimento do meio;
· Promover a aprendizagem da língua portu-
guesa e da matemática;
· Desenvolver competências pessoais e sociais;
· Promover uma rede de apoio à família;
Os conceitos gerais sobre a surdez, classifica-
ções, técnicas e métodos de avaliação da perda 
auditiva, as características dos diversos tipos de 
surdez, são aspectos fundamentais para com-
preender as implicações da deficiência auditiva.
metodologia
beneficiários população-alvo
Este projeto destina-se à crianças e adolescen-
tes surdos da ilha de São Vicente que estão 
dentro e fora do sistema educativo.
atividades 
O programa de atividades deverá seguir o currí-
culo do ensino regular, devendo ser realizadas 
as adaptações necessárias, ao nível dos ob-
jetivos, conteúdos, critérios e procedimentos 48 49
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
Apesar das condições económicas do país, 
é possível, com recursos humanos disponí-
veis e um pouco de criatividade, permitir a 
estas crianças gozar dos mesmos direitos 
das outras. Recorrendo a confecção de ma-
teriais, acções de formação com professores 
regulares, a parcerias com instituições saúde 
e afins, entidades públicas e privadas que 
poderão beneficiar com contrapartidas fis-
cais, serviços de voluntariado de diversas 
associações não governamentais existente 
no país, entre outros.
E com isso dar a estas crianças a possibili-
dade de desenvolver as suas potencialidades.
objetivos
objetivos gerais
· Criar uma escola verdadeiramente inclusiva, 
mais humana, mais inteligente, com competên-
cias para resolver seus problemas;
· Formar alunos capazes de participar na cons-
trução de uma sociedade mais justa.
objetivos específicos
· Proporcionar o acesso ao saber promovendo 
estratégias de diferenciação pedagógica;
Sociais – como o atraso educativo em situa-
ções de jogo, atraso evolutivo em situações de 
lazer entre outros.
Os indivíduos que apresentam deficiência 
mental desenvolverão de forma diferente as 
suas competências académicas, sócias e voca-
cionais, dependendo do grau dessa diferença 
do facto de a deficiência ser ligeira, moderada, 
severa ou profunda.
O fato de a capacidade intelectual e as com-
petências sociais destes indivíduos serem me-
nos desenvolvidas pode ditar a sua rejeição por 
parte dos companheiros e, consequentemente, 
pode diminuir a sua autoestima. 
As crianças com deficiência mental, ainda se 
encontram nas nossas escolas, apenas para a 
“socialização”. Esta entendida, somente como 
estar com os outros, brincar com os outros 
sem a possibilidade de comunicar ou parti-
lhar conhecimento. Perdendo assim tempo de 
aprendizagem precoce, fundamental para o 
desenvolvimento do individuo.
Para, além disso, a resistência de alguns 
professores, em trabalhar com estes alunos 
alegando que deveriam ter um espaço apropria-
do e com especialistas, porque não aprendem.
Diretamente serão beneficiados alunos, pro-
fessores, pais e encarregados de educação e 
de forma indireta, toda a comunidade da ilha.
plano 2
disponibilização de recursos
e implementação de uma sala 
multifuncional
Margarida de Portela e Prado
Professora: Carmen Rosane Segatto e Souza
Tutora: Rosângela Aparecida Ceregati Costa
O presente trabalho insere-se no âmbito do 
Curso de Formação de professores cujo obje-
tivo principal se refere a “Disponibilização de 
recursos para aprendizagem dos alunos com 
deficiência mental através da implementação 
de uma sala multifuncional”. A implementação 
desta sala, deverá assegurar a articulação com 
a escola regular de modo a salvaguardar os 
direitos das crianças de se desenvolverem num 
ambiente de convivência social, em situações de 
heterogeneidade e de riqueza de trocas sociais. 
São várias as teorias, principalmente no campo 
da psicologia em desenvolvimento que vieram 
clarificar a importância desse trabalho. Segundo 
alguns teóricos, as primeiras pessoas a desem-
penharem essa função educativa são os pais e 
ou pessoas que fazem parte do ambiente familiar. 
Daí a necessidade destes receberem apoio e 
orientação acerca das possibilidades de desen-
volvimento da criança, para que, assim, possam 
promover desde cedo o seu desenvolvimento. 
Envolve-se assim não só as intuições educativas 
por excelência, mas a comunidade em geral.
Portanto, o plano da implementação da sala 
multifuncional, deverá conduzir a melhoria das 
aprendizagens possibilitando ambientes que 
favorecem a criação de uma escola verdadeira-
mente inclusiva, mais humana, mais inteligente, 
com competências para resolver seus proble-
mas, bem como a formação de alunos capazes 
de participar na construção de uma sociedade 
mais justa. Os deficientes mentais apresentam 
características específicas tais como:
Físicas – como a falta de equilíbrio, dificulda-
des de locomoção, dificuldades de coordenação, 
dificuldades de manipulação;
Pessoais – como ansiedade, falta de controlo, 
tendência para evitar situações de fracasso, 
mais do que para procurar o êxito, possíveis 
existências de perturbações de personalidade, 
fraco controlo interior;50 51
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
· Promover uma utilização progressiva das 
novas tecnologias de ensino/aprendizagem;
· Estabelecer maior interacção escola/co-
munidade;
· Prevenir o abandono escolar.
problema e hipóteses
Em função do que se pretende, problematizou-
se o seguinte: “A implementação de uma sala 
multifuncional, favorece a aprendizagens de 
deficientes mentais”. Com isso estabelece-
se Hipóteses do como e por que do uso de 
recursos, para que ocorra a aprendizagem 
que se quer, significativa ativa e interativa, 
no dizer dos teóricos da educação. Sendo as 
hipóteses:
a. A preparação de materiais e atividades 
diversificadas favorece a aprendizagens dos 
deficientes mentais.
b. As oportunidades de interacção com o 
objeto de conhecimento favorecem aprendi-
zagem dos deficientes mentais.
c. A avaliação de eficácia de estratégias, 
bem como adaptações ou alterações de pro-
cedimentosfavorecem a aprendizagem dos 
deficientes mentais.
b. Materiais ou Equipamentos para o espaço físico:
Podem ser: quadro de corticite para organi-
zação da sequência de tarefas, armários de 
arrumação materiais para realização tarefas 
em grupo e individual, cestos para disposição 
das atividades a executarem, mesas adap-
tadas (para crianças com paralisia cerebral, 
por exemplo), mesa para trabalhos grupais, 
Cadeiras (algumas adaptadas), tapetes, ban-
cos ou poufs para o espaço de lazer, potes 
ou boiões para materiais de pintura, lápis, 
colchonetes e espaldar de madeira para es-
timulação e educação motora (para o espaço 
de educação física).
currículo
Apesar das capacidades de aprendizagem da 
população alvo nem sempre permitirem a esses 
alunos acompanhar o ritmo dos seus pares e de 
alguns destes alunos frequentarem a escola há 
já alguns anos sem, no entanto, terem adquirido 
os conhecimentos básicos a fim de estarem 
minimamente enquadrados nos conteúdos em 
estudo pelos colegas de sala, o currículo deve 
ser o mesmo para todos de forma a possibilitar 
aos deficientes mentais um exercício intelectual.
implementação da sala multifuncional
materiais
Os materiais são importantes para o trabalho 
que se pretende fazer. Quer as atividades in-
dividuais ou em grupo, exigem materiais que 
possibilitam uma multiplicidade de experi-
ência. É importante ter na sala materiais de 
aprendizagens e equipamentos que facilitam 
a aprendizagem e a atenção individual dos 
alunos de modo a avaliar cada caso e assim 
poder modificar estratégias de intervenção, 
se necessário.
a. Materiais de aprendizagens:
Jogos didácticos (deverão ser adaptados às 
crianças com dificuldades motoras); brinque-
dos didáticos e jogos tradicionais (bonecos 
de trapo, blocos de encaixe, jogo uril¹, jogo 
fitche-fatche²), computadores, ratos e tecla-
dos adaptados às crianças com dificuldades 
motoras; impressora; software educativo e 
programas específicos como o Sistema Picto-
gráfico de Comunicação; materiais de conta-
gem; plasticina, barro ou outro material para 
modelagem, materiais de escrita e recorte 
(lápis, canetas, tesouras, com adaptações), 
braçadeiras para natação.
metodologia
público-alvo
Destina-se essencialmente aos alunos com 
necessidade educativas especiais de carácter 
permanente, com condições relacionadas à 
paralisia cerebral e outras situações de etio-
logia neurológica, deficiência mental, atraso 
global de desenvolvimento, síndrome de Down, 
dificuldades de aprendizagem agravadas, que 
necessitam:
· Apoio ao nível das funções motoras, globais 
e finas, aspectos que afectam a mobilidade, 
postura, funcionalidade e capacidade de ma-
nipular os conteúdos académicos;
· De ter mais experiências significativas;
· De ter um tempo de resposta mais lento do 
que os alunos sem problemas;
· De outras formas de comunicação, para aque-
les que apresentam incapacidade de usar a fala;
· De interagir com pessoas e com objetos 
significativos;
· De compreender os diferentes estímulos e 
sinais do meio que o envolve;
· De se organizar, de compreender a lingua-
gem falada e de utilizar para comunicar, bem 
como relacionar-se com os outros.
¹ Uril – jogo tradicional, 
que possibilita a con-
tagem, estratégia de 
resolução problemas, 
para além do prazer 
do jogo.
² Fitche facthe – jogo 
tradicional, que desen-
volve a atenção concen-
tração, capacidade de 
raciocínio.
52 53
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
plano 3
a inclusão de alunos com dificiência 
mental, no ensino regular, através 
da prática de atividades de expressão 
artística, o caso de uma criança com 
síndrome de down 
Margarida Barnabé Lima Brito Martins
Ivette Henriques Silva Medina
Professora: Carmen Rosane Segatto e Souza
Tutora: Rosângela Aparecida Ceregati Costa
Este trabalho insere-se no âmbito do curso de 
formação de professores para o atendimento 
educacional especial promovido pela Secreta-
ria de Educação Especial do Brasil. O Plano de 
Ação Pedagógica tem como propósito, observar 
o comportamento de uma criança com Síndro-
me de Down numa turma regular do Ensino 
Básico durante as atividades de Expressão 
Musical e Expressão Plástica para verificar o 
seu desenvolvimento a nível cognitivo, motor, 
social e afetivo. 
A escolha do tema “A Inclusão de alunos com 
deficiência mental no ensino regular através de 
prática de actividades de expressão artística, 
o caso de uma criança com Síndrome e Down” 
advém de uma reflexão conjunta sobre a pro-
resultados esperados
a curto prazo
Espera-se com a implementação da sala multi-
funcional que os alunos com deficiência mental, 
em curto prazo consigam sair da letargia que 
têm sido submetidos, com a ausência de acti-
vidades académicas. Que venham a ter opor-
tunidade de participar ativa e interactivamente, 
como qualquer outro aluno. 
a longo prazo
Espera-se em longo prazo que, não seja neces-
sário deslocar os alunos para outro espaço para 
aprendizagem. Que se mantenham na escolar 
regular e que a sala multifuncional, seja apenas 
um espaço de reflexão conjunta dos diferentes 
técnicas, sobre a educação especial, onde 
cada um contribuirá com o seu saber para a 
aprendizagem efetiva destes alunos. Só assim 
se poderá falar em inclusão.
recursos humanos
Constituído, por técnicos das áreas específicas 
de intervenção, em função das deficiências 
(psicólogos, pedagogos, assistente social, te-
rapeuta ocupacional, professores de apoio 
especializado nas áreas da cegueira e surdez); 
Um professor para as áreas de educação e 
expressão físico-motora, expressão plástica e 
expressão musical (em regime de voluntariado).
constituição de turmas
 A constituição das turmas será feita em função 
da localização dos alunos, nas áreas pedagó-
gicas de intervenção dos técnicos da sala de 
recursos (Zonas a, b, c, e d), bem como dos 
recursos humanos disponíveis.
localização e organização do espaço
A Sala de Apoio Multifuncional ficará sede-
ada numa das salas destinadas à equipa da 
Sala de Recursos, na Escola António Aurélio 
Gonçalves.
O espaço será organizado, de modo a pos-
sibilitar realização de atividades individuais e 
grupais, rotativas, de lazer (espaço para brin-
car) e um atendimento mais individualizado.
Na possibilidade de vir a receber crianças 
autistas, o espaço deverá ser estruturado a 
semelhança das salas Teacch, o que benefi-
ciará também, crianças com outros handicaps, 
com organização visual do horário, de áreas 
de transição das actividades, organização de 
material e outros. 
horários
Os alunos deslocar-se-ão duas vezes por semana 
a Sala Multifuncional, no período contrário de le-
cionação, estando sujeita a alterações em função 
de constrangimentos não previsto no momento. 
atividades
As atividades a desenvolver devem ser de en-
riquecimento e complemento curricular, abran-
gendo áreas de: Expressão dramática; Natação; 
Música; Dança; Jogos tradicionais; Exposição 
trabalhos; Conhecimento científico (Experiên-
cias e Verificação de fenómenos naturais).
Na realização das atividades deve-se ter 
em conta as dificuldades específicas de cada 
criança, a formação dos grupos heterogéneos, 
bem como a possibilidade escolha dos alunos 
das tarefas a realizar.54 55
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
blemática das crianças com deficiência mental 
colocadas na sala de aula, sem que lhe sejam 
garantidas as mínimas condições favoráveis 
para o desenvolvimento da sua aprendizagem. 
De igual modo nesta escolha está subjacente a 
nossa convicção de que a música e a plástica 
ocupam um lugar de destaque no processo 
ensino/aprendizagem de todas as crianças 
com deficiência e sem deficiência, pelos be-
nefícios que traz a nível cognitivo, sensorial 
motor social e afectivo.
Durante as visitas para a observação do 
estágio de prática pedagógica dos alunos do 
Curso de Formação de Professores, ficamos 
sensibilizadas com o problema que uma das 
nossas estratégias enfrentava com uma criança 
com Síndrome de Down relativamente às suas 
dificuldadesde aprendizagem. Diversas vezes 
sentimos um certo embaraço perante as tenta-
tivas realizadas por esta estagiária com poucos 
ou quase nenhum resultado. Por acreditarmos 
nos benefícios de uma educação através de 
actividades expressivas, pretendemos desen-
volver uma série de actividades ao longo de três 
meses com sessões de 60mn aproximadamente 
numa escola do Ensino Básico.
nomeadamente a professora da classe, os co-
legas, o gestor da escola e os coordenadores 
e também aos familiares, para recolher infor-
mações sobre a forma como a criança interage 
nesses diferentes cenários.
Outra forma de conhecer a criança é observá-
la durante atividades na escola, dentro e fora 
da sala de aula para verificar como ela interage 
com os colegas e com os outros elementos da 
comunidade escolar.
A entrevista dirigida à professora da classe 
no início tem como objetivo, recolher dados ine-
rentes aos conteúdos trabalhados em nível da 
música e da plástica, às estratégias utilizadas, 
às dificuldades encontradas e a sua percepção 
sobre essas disciplinas.
Os questionários dirigidos aos gestores e co-
ordenadores pedagógicos, têm como intenção, 
recolher dados relativamente às estruturas da 
escola, ao tipo de ensino praticado, recursos 
existentes para as aulas de educação musical.
Quanto aos questionários aplicados aos alu-
nos, sem nees, o objetivo é de recolher informa-
ções relativamente ao grau de interesse deles e 
a forma como eles reagem perante as atividades 
propostas em cooperação com os outros colegas. 
anos de idade portadora de Síndrome de Down. 
A escola fica situada numa das zonas da perife-
ria da cidade do Mindelo. A comunidade em que a 
escola está inserida apresenta alguns problemas 
socio-económicos, composta por uma população 
jovem com uma grande taxa de desemprego que 
acarreta diversos problemas sociais. 
Entretanto, não obstante todos estes pro-
blemas é uma comunidade muito participativa 
na vida da escola. Atualmente tem registrado 
alguma melhoria. É uma comunidade interven-
tiva que ajuda manutenção e conservação, da 
escola, servindo esta muitas vezes de palco 
para a realização de eventos desportivos, cul-
turais e recreativos da comunidade. 
A turma é composta por vinte e quatro alunos 
com idades compreendidas entre os oito e os 
doze anos, sendo treze do sexo feminino e onze 
do sexo masculino.
materiais
A implementação deste plano passa neces-
sariamente por um conhecimento mais sig-
nificativo da criança em questão. Para tal, 
pretendemos fazer entrevistas e questionários 
a alguns elementos da comunidade educativa 
objetivos
objetivo geral
· Lançar um novo olhar sobre a importância 
das atividades artísticas como parceiras na 
inclusão de crianças com deficiência mental 
no ensino regular.
objetivos específicos
· Realizar atividades que contribuam para o 
desenvolvimento do processo ensino/apren-
dizagem da criança com Síndrome de Down. 
· Realizar atividades que facilitem a aprendi-
zagem cooperativa, a aceitação e o respeito 
pela diferença.
· Observar o comportamento da criança na 
interacção com os outros, durante as activida-
des propostas.
· Verificar o desenvolvimento da criança em ní-
vel da coordenação motora, da acuidade auditiva, 
da concentração, da linguagem e da fala, através 
de uma metodologia activa de carácter lúdico.
metodologia
público-alvo
O plano vai ser implementado numa turma do 2º 
Ano do Ensino Básico com u ma criança de nove 56 57
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
Para fundamentar este plano, apoiaremos 
nalguma pesquisa bibliográfica e pesquisa na 
Internet concernente aos conceitos relacionados 
com a inclusão, a deficiência mental, e Síndrome 
de Down e faremos alguma referência à legisla-
ção cabo-verdiana relativamente à integração 
de crianças com deficiência no ensino regular.
Existe um grande manancial, de atividades 
lúdicas que bem explorados podem contribuir 
para a aprendizagem de conceitos nas dife-
rentes áreas curriculares e contribuem gran-
demente para o desenvolvimento das suas 
capacidades motoras e cognitivas. 
Assim, de forma lúdica as crianças podem 
aprender: números, letras, cores, apropriar-se 
das noções de espaço e de tempo, da higiene, 
da cidadania, da preservação do ambiente, da 
solidariedade entre outros.
Por outro lado a pintura a modelagem recor-
te e colagem e construções contribuem para 
desenvolver a destreza, o sentido estético, a 
criatividade e, sobretudo a concentração.
organização
As crianças serão organizadas em grupos hete-
rogêneos e as actividades serão desenvolvidas 
modo no seu término. Esta avaliação terá um 
caráter formativo. 
resultados esperados
Melhor participação da criança nas atividades, 
melhoria da relação professor-aluno, aluno-
professor, aluno-aluno, mais confiança por parte 
do professor no desenvolvimento das atividades 
com crianças com deficiência mental.
Esperamos ainda que a sua inclusão no am-
biente escolar seja de fato uma realidade. Para, 
além disso, espera-se que ela adquira competên-
cias de base em nível cognitivo motor e afetivo.
Esperamos também uma mudança de ati-
tude do professor perante as disciplinas de 
expressão artística. Quanto à família, espe-
ramos uma maior colaboração com a escola, 
para melhor conhecer as reais capacidades e 
potencialidades da criança.
benefícios 
As crianças com necessidades especiais sen-
tem-se incluídas no universo escolar através 
da música.
Relativamente às crianças com desen-
volvimento normal, um dos ganhos está na 
tipos, cascalho, pedras, conchas entre outros.
Para além dos materiais sonoros, utilizare-
mos gravações contendo sons do ambiente, 
dos animais, dos meios de transportes, di-
versos sons do quotidiano da criança e fichas. 
Como suporte aos elementos sonoros, ire-
mos utilizar imagens coloridas e imagens a 
preto e branco.
As distintas atividades terão como finalidade 
a avaliação da capacidade de diferenciação 
auditiva da coordenação motora e a destreza 
da praxis fina, a atenção, a linguagem e a fala.
recursos
A implementação deste plano irá passar ne-
cessariamente não só pelo apoio de recursos 
materiais, mas também de recursos humanos.
Quanto aos recursos humanos para além dos 
familiares da criança, podermos contar com o 
apoio dos psicólogos, da equipa dos centros de 
recursos, dos coordenadores e dos assistentes 
sociais entre outros.
Para se ter o feedback desejado tendo em 
conta a sua continuidade ou a sua melhoria, a 
avaliação deste plano será feito ao longo das 
etapas da sua implementação e do mesmo 
de forma a que em cooperação com os colegas, 
os alunos com dificuldades possam aprender.
Inicialmente iremos fazer uma avaliação diag-
nóstica, em que a nossa observação estará 
focalizada na criança com Síndrome de Down, 
mas integrada num grupo.
Para o desenvolvimento das atividades va-
mos utilizar vários materiais e fichas de acordo 
com as aprendizagens dos alunos.
implementação
Durante um período de três meses com sessões 
de 60 minutos, duas vezes por semana, serão 
desenvolvidas atividades na área artística, no-
meadamente Expressão Plástica através do 
desenho, pintura modelação e construções e 
Expressão Musical através do ritmo e do timbre 
para o desenvolvimento do sentido rítmico e a 
discriminação e acuidade auditiva. 
Serão utilizados diferentes objetos para as 
actividades das disciplinas de Expressão Musi-
cal e de Expressão Plástica que servirão tanto 
como material sonoro como material plástico: 
latas de leite, embalagens de cartão, garrafas 
de plástico e de vidro de diferentes tamanhos, 
pregos, lixas, sacos de plásticos de diferentes 58 59
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
aquisição de valores tais como o respeito e a 
tolerância, desenvolve o espírito cooperativo 
e de companheirismo, em interacção com as 
crianças com deficiência mental.
A prática das expressões artísticas nas es-
colas traz grandes vantagens para a criança 
com deficiência mental dado que entre muitos 
aspectos,para além de facultar melhorias em 
nível motor, cognitivo e afectivo, aumenta a 
sua percepção e acuidade auditivas. Acima de 
tudo facilita a sua integração social.
plano 4
alfabetização de uma criança com 
paralisia cerebral: a transição entre 
a integração e a inclusão 
Neusa Brito e Zita Guerra
Professora: Carmen Rosane Segatto e Souza
Tutora: Rosângela Aparecida Ceregati Costa
Nos dias de hoje a inclusão de alunos com 
deficiência nas escolas regulares constitui um 
processo que é irreversível. Como se encontra 
descrito na literatura actual relacionada com 
o tema, cada um dos grupos que compõem os 
alunos com Necessidades Educativas Especiais 
merece uma atenção especial e especializada, 
tas da ufsm, o que no futuro permitirá uma 
maior segurança de replicação aos restantes 
casos, respeitando as particularidades de 
cada um. Propomo-nos assim desenvolver 
um Plano de Acção Pedagógica que tem por 
base a filosofia da escola inclusiva.
objetivos
objetivo geral
· Criar as condições necessárias para alfabeti-
zar um aluno com paralisia cerebral, já integrado 
no sistema educativo.
objetivos específicos
· Colaborar com a escola para melhorar a 
acessibilidade física; proporcionar as adap-
tações necessárias a uma postura funcional 
em sala de aula; definir os objectivos curricu-
lares e as técnicas de ensino para o aluno na 
perspectiva inclusiva e, elaborar os materiais 
pedagógicos adequados. 
· Todo o plano a ser desenvolvido deverá se-
guir a estratégia da abordagem colaborativa 
entre os técnicos especializados e o professor 
regular, envolvendo igualmente a mãe e a 
gestora da escola. 
nas actividades manipulativas e de acesso à 
informação e conhecimento.
Além do conjunto de recursos necessários 
no âmbito das Tecnologias Assistivas, como 
acabamos de enumerar, há ainda a considerar 
a necessidade em proporcionar informação e 
orientação à família/cuidadores, a par de acções 
de capacitação dos professores e auxiliares, 
pois se verifica ainda a existência de alguns 
mitos e preconceitos relativamente às crianças 
com esta condição de saúde.
Posto isto, pretendemos focalizar a nossa 
atenção sobre o caso particular de um aluno 
com diagnóstico de Paralisia Cerebral. Ele não 
acompanha a turma, quanto aos conteúdos do 
currículo e a escola não dispõe, até ao momento, 
de qualquer adaptação específica, em nenhuma 
área. O desafio da professora regular tem sido 
enorme e a situação carece do Atendimento 
Educacional Especializado.
Em condições semelhantes existem, neste 
ano lectivo e na nossa comunidade escolar, 
cerca de 10 crianças. A opção de nos dedi-
carmos apenas a um aluno vai permitir a 
elaboração de um plano concreto e objectivo, 
com a orientação de um corpo de especialis-
contendo em si atitudes e estratégias que, em 
última análise, podem beneficiar a generalida-
de dos alunos, por aumentarem a capacida-
de de atendimento pedagógico, no respeito 
pela diversidade dos alunos. São métodos e 
estratégias que constituem assim, recursos 
que atribuem aos professores/educadores, 
uma maior variedade de técnicas educativas 
e pressupõem uma acção de cooperação entre 
a comunidade educativa.
Os alunos com deficiência física e moto-
ra são, muito provavelmente, aqueles que 
apresentam maior dificuldade em termos da 
sua inclusão, devido ao conjunto de recursos 
e conhecimentos a que obrigam. A dificul-
dade é tanto maior quanto mais grave for o 
compromisso motor. Isto porque, para além 
dos recursos didácticos que são imprescin-
díveis, à semelhança de outras situações 
como a deficiência mental, têm igualmente 
necessidade que se proceda à eliminação 
das barreiras arquitectónicas e de dispor de 
equipamentos especiais, com vista a uma boa 
postura, respeitando a integridade física do 
aluno, bem como de outros que vêm facilitar o 
desempenho escolar do aluno, nomeadamente 60 61
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
metodologia
Caracterização do caso: criança com 9 anos 
de idade, filho único de um casal que por cir-
cunstâncias da vida tem vivido separado, mas 
apenas em termos geográficos. O J. foi muito 
desejado pela mãe, a gravidez foi acompanhada 
e desde cedo revelou problemas, que podiam 
justificar até a interrupção, se fosse a vonta-
de da mãe. Ela optou por enfrentar todos os 
sacrifícios e longos períodos de internamento, 
lutando para que seu filho pudesse nascer o 
que veio a acontecer a 29 de Setembro de 2000. 
Com 18 meses acompanhou a mãe para o Bra-
sil, pois ela obteve uma bolsa para a realização 
dos seus estudos superiores e permaneceram 
lá até aos 6 anos de idade do J. Durante esse 
tempo ele teve um enquadramento institucional, 
com diversos apoios terapêuticos e educativos, 
num sistema de ensino cooperativo, de acordo 
com as informações dadas pela mãe, dado que 
não temos qualquer relatório desse período.
Já com 6 anos o J. e a mãe regressam para 
Cabo Verde. Ingressa na escola da sua zona de 
residência em Janeiro de 2007, numa turma do 1º 
ano, de 23 alunos, que continua a acompanhar 
e, portanto já vai na frequência do 3º ano de 
plano de intervenção
organização
Avaliação postural, funcional e académica do 
aluno.
Definição das adaptações necessárias para: 
a. uma postura correcta e funcional (modifica-
ções do mobiliário); b. o desempenho escolar 
do aluno (materiais didáctico-pedagógicos e 
recursos da informática).
Mobilização de apoios para a obtenção dos 
recursos e adaptações definidos. Implemen-
tação e treino, com o aluno, o professor do 
regular e a mãe, nas novas adaptações, para 
o seu uso regular em contexto real de apren-
dizagem – a sala de aula.
O processo de avaliação envolve toda a equi-
pa, em que a psicóloga se concentra essencial-
mente nos processos cognitivos, a terapeuta 
ocupacional nas questões posturais, da fun-
cionalidade e adaptações, as professoras nas 
questões académica e de currículo. As acções 
vão sendo desenvolvidas entre o contexto de 
sala de aula e da sala de recursos. A articulação 
e cooperação entre todos os intervenientes, 
desse processo, decorre de forma natural, em 
encontros formais e informais.
nicas, à desadequação do pavimento, dentro 
e fora da escola e a ausência das tas que lhe 
são apropriadas, resultam numa situação de 
dependência, em todas as suas acções motoras, 
com excepção da fala. 
Ao fim desses três anos de frequência, o João 
consegue apenas identificar as letras isoladas, 
mas não lê sílabas, conta, mas não tem domí-
nio das operações simples, por exemplo, para 
juntar. Sem estas aquisições básicas, dificil-
mente desenvolve conhecimento nas três áreas 
nucleares do Currículo – Língua Portuguesa, 
Matemática e Ciências Integradas, bem como 
o potencial que acreditamos existir nele. Para 
além dos aspectos referidos destacamos, ao 
nível das suas funções mentais, a dificuldade 
em manter a atenção nas tarefas educativas. 
As deslocações entre a casa e a escola são 
feitas em cadeira de rodas. Dentro da sala faz 
pequenos percursos pelo seu pé. No início do 
ano teve uma pessoa, paga pela mãe, para 
lhe dar a refeição do intervalo e actualmente 
é a mãe que se desloca à escola para o fazer e 
acompanhar o J., em qualquer necessidade. Para 
se deslocar à casa-de-banho, se a mãe não está, 
é acompanhado por uma funcionária da escola.
escolaridade, mas sem um programa ajustado 
às suas características. 
Em termos de socialização está perfeitamente 
integrado no grupo e na escola, mas em termos 
de aprendizagem não fez progressos. Sendo 
uma criança alegre e comunicativa, conquistou 
o seu espaço através do humor e, actualmente, 
altera o seu comportamento em grupo, não se 
tem revelado uma tarefa nada fácil, que vai 
exigir especial atenção na selecção das activi-
dades educativas, de forma a captar e manter 
a sua atenção e interesse. 
Dentro dos vários tipos de paralisia cerebral 
o J. apresenta um quadro de tetraparésia es-
pástica, embora não seja de um grau severo. 
Os membros mais afectados são os inferiores 
e o superior direito. As funçõesem déficit com 
maior visibilidade são a locomoção, a postura 
e a actividade bilateral conjugada das mãos. A 
ausência de um programa de reabilitação evi-
dencia os padrões de movimento patológicos, 
que inibem e limitam os padrões de movimen-
to normais. A persistência do Reflexo Tónico 
Cervical Assimétrico prejudica a actividade 
manual, dentro do seu campo de visão. Estes 
factores associados às barreiras arquitectó-62 63
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
Pensamos utilizar temas dentro dos universos 
importantes para ele, como sejam: casa, escola, 
família, amigos, jogo. Diversos materiais serão 
construídos e experimentados para as aquisições 
em nível da leitura e da escrita, com o objectivo 
de definirmos os métodos que lhe são mais favo-
ráveis e a que ele adere melhor. Em anexo apre-
sentamos uma proposta concreta de actividades.
Na sequência desta fase de avaliação/inter-
venção e quanto à questão das aprendizagens, 
será a partir dos currículos do 1º, 2º e 3º ano 
de escolaridade, em paralelo com os planos 
elaborados pela professora regular e conhe-
cimentos. Entretanto, identificados e adquiri-
dos pelo aluno, que pretendemos seleccionar 
os objetivos e conteúdos programáticos para 
serem trabalhados. Os mesmos irão integrar a 
planificação habitual da professora. 
A implementação do plano de acção irá 
obrigar a reavaliações sistemáticas e a con-
sequentes ajustes.
recursos
Os recursos humanos existentes dividem-se 
entre a intervenção direta e o apoio de recta-
guarda. Para a primeira, a equipa é formada pela 
determinada cultura e não deficiente em outra, 
de acordo com a capacidade dessa pessoa em 
satisfazer as necessidades dessa cultura. Hitler, 
por exemplo, não poupava qualquer um que, 
no seu entender era deficiente mental, e que 
constituía um empecilho para as suas preten-
sões em dominar a Europa, vingando a derrota 
e ao vexame sofrido na 1ª Grande Guerra e no 
Tratado de Versalhes respectivamente.
Ao que se pode constatar, o conceito de 
deficiência constitui, por conseguinte um as-
sunto muito discutido entre os entendidos na 
matéria. Ao que parece a própria definição da 
Organização Mundial da Saúde sobre deficiên-
cia é contestada (deficiência como ausência ou 
disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica 
ou anatómica).
No entanto, o problema mais importante 
do nosso cotidiano, não é, creio eu, o debate 
sobre o conceito de deficiência, mas sim, a 
descoberta das suas origens, conhecimentos 
das suas manifestações e, em contrapartida 
saber como lidar com ela(s).
Um dos problemas mais actuais da educação 
é o de inclusão na escola de crianças portadoras 
de deficiência. Essa luta vem ganhando força 
lectivo, como mais um aluno da sua turma, 
embora diferente e com necessidades próprias.
· Obter um caso de sucesso que seja demons-
trativo e incentivador para os restantes casos. 
Neste sentido, consideramos que os benefi-
ciados diretos com o presente plano pedagógico 
são: os próprios autores; o aluno; o professor e 
os pais do aluno. Como beneficiados indiretos 
temos toda a nossa comunidade educativa, na 
medida em que esta experiência poderá ser 
referência na inclusão efectiva de alunos com 
deficiência física e motora.
plano 5
atendimento educacional 
especializado para alunos 
com deficiência mental
José Silvestre Freire Tavares
Professora: Sílvia Maria de Oliveira Pavão
Tutora: Patrícia Revelante
A deficiência é se calhar um fenómeno milenar, 
encarada de forma diferente em sociedades 
diferentes. Não é apenas um fenómeno con-
temporâneo, nem se calhar deixará de existir 
no mundo. Conforme alguém disse, uma pes-
soa pode ser considerada deficiente em uma 
professora do regular, uma professora em fase 
de especialização, a terapeuta ocupacional, a 
psicóloga e a mãe. Como suporte, existe toda 
a equipa da Sala de Recursos, nas áreas de 
pedagogia e sociologia.
Os recursos materiais são o nosso maior 
constrangimento, pois não dispomos de meios 
financeiros para a respectiva aquisição, nem dos 
materiais que nos permitem confeccionar, como 
o velcro, material emborrachado, magnético, 
fundo de maneio para impressões a cores em 
número suficiente. Não obstante, acreditamos 
que se vão conseguir reunir um conjunto de 
boas vontades para o mais essencial.
resultados esperados
· Ser impulsionadores da cooperação entre os 
professores da escola e a direção.
· Acionar alguns mecanismos sobre a aquisição 
ou obtenção das tas necessárias ou possíveis.
· Cumprir com o objetivo geral, contribuindo 
para a aprendizagem efetiva e a autoestima 
do aluno.
· Valorizar e capacitar a professora regular, no 
sentido da mesma se sentir capaz de dar conti-
nuidade ao ensino do João, durante o período 64 65
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
ao longo dos tempos e advém, em parte, da 
tomada de consciência social e política, mas 
também da nova mentalidade em relação a este 
flagelo que tem privado números de pessoas 
sem conta de suas liberdades e seus direitos 
ao longo da história da humanidade.
Do que pude compreender das leituras que 
fiz, o conceito ganhou maior maturidade a 
partir de 1994 com a Declaração de Salamanca, 
sob o signo de que nenhuma criança deve ser 
separada das demais por apresentar alguma 
diferença ou necessidade especial. Acrescenta-
se ainda que, a convenção da deficiência foi 
celebrada no acordo de 25 de Agosto de 2006 
em Nova York por diversos Estados em uma 
Convenção preliminar das Nações Unidas sobre 
os direitos das pessoas com deficiência, o que 
realça no artigo 24 a educação inclusiva como 
direito de todos.
Ora, se a convenção das Nações Unidas defi-
ne a educação inclusiva como direito de todos, 
significa que todos temos que nos engajar na 
busca de integração dos que estão excluídos, o 
que para tanto exige de nós um conhecimento 
aprimorado dos diversos tipos de deficiência. É 
o que tivemos privilégio de estudar, nos vários 
para as estruturas do ensino. Não são coloca-
das na escola sob o protesto de que são tolas, 
tuba bus, idiotas e demais outras conotações 
a este respeito interiorizadas pelas famílias ou 
pela comunidade.
Não estou a recuar muito no tempo para 
fazer essas declarações. São questões muito 
actuais que ainda precisam ser entendidas e 
levadas a sério. O que ainda é mais chocante 
é, quando em certos casos, ensinam-se lhes 
dizer palavras obscenas que as aprendem com 
maior ou menor facilidade e quando adoles-
centes e jovens não se lhes aturam por causa 
desta contaminação.
Observa-se ainda que mesmo em algumas 
salas de aulas, o professor orientador trata o 
aluno por doido (entre nós: – cabeça ca bali, 
ca pronto ou tolobasco e outras conotações 
afins), sem um conhecimento prévio do aluno, 
sem uma abordagem à família do aluno para 
começar a conhecer os meandros da questão 
e agir em conformidade.
Pois bem, eu escolhi este módulo consciente 
de que ele merece ser estudado mais a fundo, 
uma vez que as manifestações de deficiência 
mental e a sua identificação vêm se calhar 
sala de recursos, que em estreita colaboração 
deverão procurar estratégias conjuntas para 
que a aprendizagem se efective.
A terceira unidade discute sobre a preparação 
de materiais e actividades específicas para o de-
senvolvimento da participação e aprendizagem 
de todos os alunos,em que se põe grande tónica 
no planeamento como primeiro passo para o su-
cesso, tendo em conta os passos característicos 
do processo em causa – o planeamento.
Francamente que todos os demais módulos 
me comoveram e constituíram já, uma mais-valia 
para mim enquanto professor formador e não só. 
 Ao longo das leituras desses módulos me 
dá a sensação de que muitos destes conteú-
dos, (refiro-me aos atendimentos de certas 
deficiências), estão fora, do imaginário de 
muitas pessoas. Aliás, as minhas constata-
ções e experiências me têm revelado as formas 
como as crianças com deficiência mental e 
não só, são tratadas, mesmo por individua-
lidades ou por pessoas ditas com certo nívelde responsabilidade.
À partida, em algumas famílias ou comuni-
dades são-lhes rejeitados, não diria o direito à 
instrução, mas dá na mesma, não são enviadas 
módulos do Curso de aee de que dispomos. Po-
rém, a nossa incumbência enquanto formando, 
coube-nos escolher um de entre os seis módulos 
estudados durante o curso de formação em 
Atendimento Educacional Especializado para 
Alunos com Necessidades Educativas Especiais. 
Assim, a nossa abordagem centrar-se-á parti-
cularmente sobre o módulo do Atendimento 
Educacional Especializado para Alunos com 
Deficiência Mental.
Este módulo é composto por três unidades: a 
primeira fala de Actividades para o desenvolvi-
mento dos processos mentais dos alunos. Aqui 
se procura compreender quem são na realidade 
esses alunos e como eles aprendem. Busca-
se desenvolver algumas práticas que visam 
a reabilitação do indivíduo com deficiência, 
para que o mesmo pudesse ser reintegrado 
à sociedade tendo sido levado ao cabo um 
conjunto de abordagens e discussões teóricas 
e propostas integrativas.
A segunda unidade do módulo trata do de-
senvolvimento da autonomia e de interacção em 
ambientes sociais valorizando as diferenças e 
não a discriminação; Destaca-se a importância 
do papel dos professores da sala comum e da 66 67
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
tarde demais. Isso me leva a querer ter um 
conhecimento mais aprofundado sem, porém 
negligenciar os demais.
objetivo geral
· Proporcionar conhecimento sobre inclusão 
(atendimento educacional especializado) a uma 
realidade educacional.
metodologia
O projecto que ora se elabora, tem como públi-
co-alvo: alunos, professores, pais e encarrega-
dos de educação, e demais pessoas afectas ao 
pólo educativo nº 9 de Rincão - Santa Catarina.
Escolhemos essa escola porque, pelos meus 
conhecimentos, situa-se numa zona onde a 
pobreza se denota a olhos nus, as condições 
socioeconômicas das famílias são muito baixas, 
e existem várias famílias que vivem no limiar da 
pobreza. Por outro lado, a tendência é para se 
nomear professores com menores prestações ou 
com menor formação académica e profissional, 
embora se note nos últimos anos tendência 
para se reverter a situação neste particular. É 
ainda notório que um número grande de famílias 
tem pouca sensibilidade em relação ao ensino 
resultados esperados
O processo de inclusão não visa apenas uma 
melhoria de educação, ensino ou instrução de 
alunos com necessidade educativa especial, ou 
seja, os que supostamente se podem ver ou 
observar ou então, os cujos comportamentos 
ditos. Numa grande franja de alunos não se 
detecta deficiências orgânicas por muito tempo 
ou essas se manifestam tardiamente. Uma vez 
que a inclusão utiliza vários métodos, várias 
estratégias e diversidades de recursos de 
aprendizagem as acções pedagógicas não se 
resumem, portanto a alunos restritos. Muitos 
métodos pedagógicos podem ser generaliza-
dos a todas as crianças saudáveis.
É por isso que, agilizaremos em ter como 
beneficiários directos ou indirectos, todos 
os alunos da referida escola, os professores 
que terão possibilidade de conhecer diversos 
processos de lidar com alunos com nee e enfim 
à comunidade inteira dessa aldeia piscatória 
de Rincão.
exclusão e inclusão, o papel de cada um no 
processo, no âmbito das nee, enfim seria uma 
forma de preparação do terreno para a cultura.
Para melhor eficiência e eficácia na imple-
mentação do projecto seria interessante a 
elaboração de uma espécie de guião de obser-
vação que seria distribuído aos professores e 
seria uma sorte de instrumento de apoio, que 
lhes ajudam na identificação de certos compor-
tamentos dos alunos em situação de classe e 
fora dela. Entendemos que isso levaria o pro-
fessor a seguir mais de perto os seus alunos 
e quiçá fornecer-lhes alguns elementos novos, 
que lhes possibilitarão diversificar estratégias 
e metodologias de sucesso no processo de 
ensino/aprendizagem tendo também em conta 
a vertente em estudo.
Na elaboração do tal guião contaremos com 
vários especialistas nos domínios da psico-
logia, sociologia, pedagogia e outras com 
experiências diversas.
Atendendo que um projecto desta natureza 
exigirá recursos materiais e financeiros para 
além dos humanos já apontados, seria mais 
uma tarefa nossa que decorrerá ao longo de 
todo o processo.
formal dos seus filhos. Muitos preferem ocupar 
lhes na faina marítima ou na extracção de iner-
tes à escola. Por conseguinte as condições são 
propícias para o abandono escolar dos alunos. 
Escapa-lhes sobremaneira muitas informações, 
muitos outros bens e serviços no plano práti-
co. Daí que o nosso projecto não se trata de 
“projecto por projecto”, mas sim um projecto 
que num futuro próximo, venha a ser realidade.
Tendo em conta que é um projecto de âmbi-
to escolar, tem que obedecer a determinadas 
formalidades. Assim um primeiro passo seria 
a socialização da ideia com as representações 
concelhias do Ministério da Educação. Teremos 
uma primeira abordagem com o delegado do 
Ministério no concelho e de seguida com o ges-
tor do pólo educativo beneficiário. Um segundo 
passo seria um encontro mais alargado, com 
participação dos professores e o conselho do 
pólo, no sentido de pormenorizar as ideias do 
projecto, recolher subsídio e verificar o grau 
de aceitação, adesão e apoio ao projecto. A 
acompanhar isto, se calhar seria importante 
a realização de algumas acções de formação 
ou quanto mais seja simpósios relativos aos 
diferentes tipos de deficiência, o conceito de 68 69
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
plano 6
surdez: inclusão na sala regular
Catarina Furtado Fernandes
Professora: Sílvia Maria de Oliveira Pavão
Tutora: Patrícia Revelante
No âmbito da formação á distância com mec 
do Brasil através da Universidade Federal de 
Santa Maria, foi nos proposto a realização de 
um plano de acção pedagógica, escolhendo 
uma das temáticas estudadas, realçando uma 
deficiência em particular e as formas de inter-
venção pretendida.
A deficiência que eu escolhi é a surdez, 
uma vez que há uma grande polémica se os 
surdos devem ou não ser incluídos numa 
sala regular.
Escolhi esse tema porque em Cabo Verde 
encontram-se poucos surdos nas escolas, ou-
tros por mero preconceito dos pais e outros por 
não conseguirem acompanhar a escola.
objetivos
objetivo geral
· Verificar se os surdos que se encontram 
nas salas regulares estão a ser incluídos ou 
integrados.
49829 habitantes (Censo 2000), sendo metade 
desta, estudantes (aproximadamente 20 mil).
Assomada, a capital do concelho, tornou-se 
uma cidade centro e, portanto, apetrechada com 
infraestruturas necessárias para a população 
local e dos arredores: hospital, escolas básicas, 
Liceu, pequenos comércios, mercado, farmácias, 
clínicas, jardins de Infância, museus.
De facto, a cidade de Assomada, desde sem-
pre impulsionou todos os sectores necessários 
para o seu funcionamento como cidade-centro, 
nomeadamente a Educação.
Presentemente, a Delegação do Ministério 
da Educação e Ensino Superior–mees de San-
ta Catarina (sedeada em Assomada), além de 
apostar em todos os níveis de ensino, tem vindo 
a promover e sensibilizar a população para a 
importância da Educação de Infância (mais 
especificamente, o pré-escolar) para o desen-
volvimento da criança (e consequentemente, 
para o desenvolvimento da sociedade).
cronograma
Este plano tem a duração de um semestre. 
Actividade 1 — levantamentos dos dados das 
crianças e do seu historial de saúde;
Antão, S. Vicente, Santa Luzia, S. Nicolau, Sal 
e Boavista e Sotavento, formado pelas ilhas de 
Maio, Santiago, Fogo e Brava.
Relativamente à política e administração 
deste arquipélago, Cabo Verde ascendeu à 
independência em 1975 sob o governo do Par-
tido Africano para a Independência da Guiné e 
do Cabo Verde (paigc) até 1991, altura em que, 
com a realização das primeiras eleições livres, 
passou a vigorar um regime parlamentar e um 
sistema pluripartidário.
Nas últimas eleições(2001), o Partido Africa-
no para a Independência de Cabo verde (paigc) 
ganhou com maioria partidária, constituindo 40 
lugares na Assembleia Nacional.São 22 conce-
lhos: nove em Santiago, três em Santo Antão, 
três no Fogo e uma em cada uma das outras 
ilhas. Todos estes municípios têm poder autó-
nomo, conferido pela Constituição da República. 
Deste modo e presentemente, cada concelho 
desempenha um papel cada vez mais circuns-
crito à sua realidade e desenvolvimento local.
O concelho de Santa Catarina é um dos maio-
res dos nove concelhos existentes na Ilha de 
Santiago. O concelho situa-se no centro da ilha e 
tem uma superfície de 244 km2 e população de 
objetivos específicos
· Descrever um dia de aula numa sala regular 
com existência de alunos surdos.
· Averiguar o atendimento dado aos surdos 
pelos professores (comunicação).
· Avaliar um aluno surdo tendo em conta o seu 
acompanhamento e aproveitamento.
metodologia
Quanto a metodologia serão realizadas pes-
quisas, na Internet e bibliotecas para melhor 
compreender a deficiência em estudo. Também 
recorreremos a depoimentos de pais e profes-
sores, funcionários gestores e coordenadores 
pedagógicos para área das nee.
público-alvo
Três escolas do ensino básico do concelho de 
Santa Catarina com alunos surdos.
descrição do contexto 
Cabo Verde, situado no Oceano Atlântico, é um 
arquipélago constituído por dez ilhas dispostas 
em dois grupos (em função do seu posiciona-
mento em relação aos ventos dominantes): 
Barlavento, constituído pelas ilhas de Santo 70 71
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
Actividade 2 — identificação das necessidades 
de cada uma das crianças;
Actividade 3 — procurar apoio em termos de 
consultas médicas ou outras;
Actividade 4 — assistência das aulas por mim e 
pela coordenadora da neeno concelho, Pela técni-
ca da língua gestual, nas salas que tem crianças 
surdas, essa actividades será repetida três vezes 
por cada mês, ou mais se houver necessidade;
Actividade 5 — juntar as crianças surdas das 
várias escolas e da associação aadicd que já 
tem alguma comunicação entre si;
Actividade 6 — avaliar se as crianças surdas 
estão a acompanhar o conteúdo;
Actividade 7 — recolha de depoimentos dos 
professores e dos pais sobre a dificuldade que 
tem em trabalhar e apoiar as crianças surdas 
e quais apoios tem recebido;
Actividade 8 — análise dos dados;
Actividade 9 — avaliação do plano de acção.
recursos 
Pais professores, coordenadores do ensino 
básico, técnicos da educação especial, uma 
técnica do Ministério da Educação e Ensino 
Superior–mees com conhecimentos de língua 
Este pap terá em conta a avaliação da lingua-
gem oral utilizada pelas crianças e propostas de 
actividades para o desenvolvimento da lingua-
gem de forma correcta e de uso na comunicação. 
Assim, sugerimos o seguinte plano de avaliação 
da linguagem oral:
perfil do desenvolvimento e erros 
detectados:
· O professor fará um elenco de perguntas para 
poder detectar possíveis erros das crianças 
em nível de: discriminação auditiva, fonologia, 
sintaxe, semântica e o desenvolvimento geral;
· Aponta os erros observados em cada nível;
· Faz observações para cada erro.
forma de trabalhar os erros 
detectados:
· Discriminação auditiva de fonemas, atra-
vés da escuta e da pronúncia efectuada pelas 
crianças, ajudando-as na pronúncia correcta;
· Aspectos fonológicos. Levar as crianças a pro-
nunciarem de forma correcta palavras escutadas;
· Aspectos sintácticos. Fazer com que as crianças 
tenham uma memória verbal de frases e façam 
composições de frases e descrição de acções;
isto aconteça deverá haver legislação para a 
implementação de um sistema que permita a 
inclusão, financiamento que garanta recursos 
humanos e materiais necessários, apoio que 
permita às escolas alternativas de formação 
de acordo com a filosofia da inclusão.
A escola deve fazer uma planificação que per-
mita uma relação saudável entre o professor e 
os alunos com nee e entre esses e os demais 
colegas. O professor deve ter sensibilidade e 
flexibilidade, além da formação para auxiliar 
essas crianças e adolescentes, de forma a pôr em 
prática o princípio da inclusão cujo objectivo é 
igualdade de oportunidade. Neste âmbito, como 
é que a ajuda de profissionais e estimulação no 
ambiente familiar e acções pedagógicas devida-
mente planificadas podem ajudar a criança com 
síndrome de Down a comunicar-se com um bom 
vocabulário e articulação adequada das palavras?
Assim, propomos a implementação de um 
Plano de Acção Pedagógica (pap) com a fina-
lidade de escolher actividades que apoiem 
a criança com síndrome de Down a interagir 
com o processo educativo de forma a realizar 
a aprendizagem e a interagir com as crianças 
ditas normais de forma regular.
gestual e alguns alunos surdos da Associação 
de Apoio ao Desenvolvimento e à Integração da 
Criança Deficiente (aadicd), e médicos octori-
nos e meios financeiros para as deslocações.
resultados esperados
Com esse projecto pretende que as crianças 
surdas consigam adaptar-se e aprender nas 
escolas e que os professores tenham a mínima 
forma para lidar com essas crianças e consigam 
entender a língua gestual para comunicar-se 
com as crianças surdas.
plano 7
crianças com síndrome de down
Júlia Ramos Melício Pereira
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler
A inclusão de crianças com nee é uma realidade 
no mundo de hoje. A inclusão significa atender 
os alunos com NEE de forma correcta e ade-
quada às suas limitações. Um dos princípios 
da inclusão é o de abranger a prestação de 
serviços educacionais apropriados que aten-
dam as necessidades de cada um, contando 
com o apoio apropriado para esse fim. Para que 72 73
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
· Aspectos semânticos. Através de actividades 
da descoberta do significado e de perguntas de 
interpretação de textos.
sínteses e conclusões das atividades 
desenvolvidas:
· Propostas de soluções, através de actividades 
lúdicas para o desenvolvimento da linguagem oral;
· Desenvolvimento das actividades propostas;
· Apreciação crítica dos resultados obtidos.
conclusões gerais
Fornecer às famílias dicas e instrumentos 
para melhor comunicar com as crianças com 
síndrome de Down;
Propor aos profissionais da educação elemen-
tos que os ajudem a trabalhar com crianças com 
síndrome de Down, no sentido de estimular o 
seu desenvolvimento;
Propor soluções para ajudar as crianças com 
síndrome de Down a melhorar o seu desempe-
nho na utilização da linguagem.
Tendo em conta os estudos que se vem desen-
volvendo sobre a síndrome de Down e as ques-
tões que se levantam e as nossas expectativas, 
definimos como objectivos do presente trabalho:
são adequadas para o uso da linguagem na 
comunicação.
· Verificar se a ampliação de actividades lúdicas 
que versam sobre o uso da linguagem maxi-
mizam o desenvolvimento da linguagem oral.
· Analisar quais as actividades que oferecem 
menor dificuldades e quais mostram maiores 
dificuldades, no sentido de propor acções que 
levam ao desenvolvimento – da linguagem oral 
e à comunicação em geral. 
· Verificar se actividades planificadas, tendo 
em conta o grau de deficiência da criança com 
síndrome de Down, ajuda-a a desenvolver as 
capacidades de auto-regulação e de linguagem. 
Também, se a prática sistemática dessas activi-
dades ajuda as crianças a terem mais segurança 
e a interagirem socialmente com mais confiança 
nas pessoas que as cercam.
O que se preconiza é que os alunos efectuam 
uma aprendizagem crescente de acordo com as 
suas possibilidades e as ajudas necessárias 
para o uso adequado da língua, tendo em conta 
o grau de deficiência de cada grupo escolhido.
sala de aula e realizámos uma investigação 
bibliográfica sobre as teorias, técnicas para 
crianças com deficiências e enveredámos para 
a utilização e uso da linguagem oral. Nessa 
óptica, seguiremos os seguintes passos me-
todológicos:
· Selecção de um grupo de crianças com síndro-me de Down para desenvolver o nosso estudo;
· Recolha de dados durante a assistência de 
actividades com as crianças.
· Descrição dos dados recolhidos;
· Análise dos dados;
· Identificação de problemas;
· Desenvolvimento de actividades que propor-
cionem o desenvolvimento da linguagem oral;
· Propostas e sugestões de soluções para os 
problemas encontrados.
Participarão neste estudo 12 crianças com 
síndrome de Down com idade cronológica com-
preendida entre 5 –8 anos, sendo seis do nível 
de muita dificuldade de compreensão e seis no 
nível de pouca dificuldade. 
resultados esperados
· Verificar se as actividades desenvolvidas 
em crianças portadoras de síndrome de Down 
objetivos
objetivo geral
· Propor acções que apoiam os profissionais 
da educação no processo educativo de crianças 
com síndrome de Down, no sentido de estimular 
o seu desenvolvimento integral, tendo em conta 
os aspectos cognitivo, afectivo e intelectual.
objetivos específicos
· Propor acções que apoiam o trabalho com 
crianças com síndrome de Down, no sentido 
de estimular o desenvolvimento da linguagem 
e a aumentar o seu vocabulário; 
· Detectar se há mudança de comportamento 
verbal e não verbal, em crianças com síndrome 
de Down–sd, face às acções desenvolvidas;
· Averiguar se acções específicas às crianças 
com síndrome de Down ajudam a ampliar os 
seus conhecimentos e a desenvolver de forma 
harmoniosa a interacção social.
metodologia
Com a finalidade de encontrar respostas para o 
atendimento de crianças com sd, optámos por 
realizar um Plano de Acção Pedagógica para 
atender crianças com síndrome de Down em 74 75
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
plano 8
proposta de um programa de 
formação para os professores 
do ensino básico cabo-verdiano 
na área de surdez
Paulina da Graça
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler
O presente trabalho surgiu no Âmbito do curso 
de Cristiane Griebeler Atendimento Educacional 
Especializado (aee) ministrado pelo Ministé-
rio da Educação e Cultura (mec/Brasil) e pela 
Universidade Federal de Santa Maria (ufsm/
Brasil). Consiste na apresentação ao Ministério 
de Educação e Ensino Superior de Cabo Verde 
uma proposta de um Programa de Formação 
de um Grupo de Professores do Ensino Básico 
de Cabo Verde na área da surdez e pretende-se 
contemplar professores pertencentes às áreas 
de abrangência dos Municípios de Santa Cata-
rina, Santa Cruz, São Miguel e Tarrafal. Deverá 
decorrer no município de Santa Cruz onde foram 
já identificadas duas crianças e um adolescente 
surdo e por outro lado porque existe uma força 
viva na comunidade que é a disponibilidade 
de uma pessoa formada na área de Educação 
Neste país, os problemas associados a edu-
cação dos surdos estão relacionados com os 
seguintes factores: Deficiente informação da 
situação actual sobre a temática, Legislação 
insuficiente; Recursos insuficientes; Ausência 
de mecanismos de controle; Inexistência de 
base de dados; Poucos trabalhos e estudos 
sobre o tema; Falta de incentivo estatais na 
promoção da educação dos surdos.
No país, apesar dos esforços desenvolvi-
dos pelo governo no sentido de responder às 
questões da Educação Especial e mais con-
cretamente em nível da surdez, a situação 
mantém-se precária com implicações directas 
em nível da comunidade de surdos. Perante 
esta problemática da educação dos surdos, é 
evidente a necessidade de se promover e criar 
um programa de Formação para os professores 
do Ensino Básico promovendo igualdade de 
oportunidade e cumprindo os princípios da 
Educação para Todos.
A problemática da Educação dos surdos em 
Cabo Verde leva-nos a reflectir e analisar com 
mais acuidade a educação, a escola e os pro-
fessores/ educadores. Para além das decisões 
políticas e econômicas das autoridades, os 
Após o contacto com as entidades respon-
sáveis pela Educação em Cabo Verde e mais 
concretamente com as Entidades responsá-
veis pela Educação Especial, foi detectado 
que a área de educação dos surdos é uma 
área com muita carência no país quer em nível 
de recursos humanos, materiais bem como 
os recursos financeiros e que há pouca in-
vestigação nesta área. Assim a promoção da 
Educação dos surdos está mais concentrado 
nos centros urbanos mais concretamente na 
cidade da Praia através da criação de duas 
turmas especiais para surdos onde actuam 
duas monitoras e uma coordenadora, dei-
xando de lado as zonas distante dos centros 
urbanos.
Constituem directrizes prioritárias do nosso 
plano: sensibilizar, directamente a população 
das áreas de abrangência referidas e indirec-
tamente toda a população para a responsa-
bilidade individual em matéria da surdez e 
particularmente a Educação dos Surdos e, con-
sequentemente, pugnar pela melhoria da edu-
cação dos surdos cabo-verdianos promovendo 
assim igualdade de oportunidade relativamente 
a educação dos ouvintes.
Especial que actualmente desempenha a função 
de coordenadora da Delegação Escolar de Santa 
Cruz na área de Educação Especial.
A presente proposta pretende sistematizar 
um conjunto de acções pedagógicas conside-
radas relevantes para a formação-acção de 
um grupo de professores do Ensino Básico de 
Cabo Verde, na área da surdez. 
A nossa principal intenção visa promover o 
contacto dos surdos incluídos na escola regular 
com a Associação dos Surdos para a socializa-
ção dos conhecimentos e facilitar aos surdos da 
escola regular a aquisição da Língua de Sinais.
Este programa irá incidir sobre a problemática 
da surdez com maior incidência na aquisição da 
Língua de Sinais promovendo assim a Educação 
para Todos, presentemente em curso em Cabo 
Verde, em colaboração com as autarquias locais, 
as ongs vocacionadas para essa problemática, 
as Delegações do Ministério de Educação e 
Ensino Superior, mees–cv e em estreita cola-
boração com Associação das crianças a aadicd.
A inspiração para a elaboração deste tra-
balho surgiu no decorrer do curso de Atendi-
mento Educacional Especializado no âmbito 
do trabalho final do referido curso.76 77
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
problemas ligados a surdez também são re-
sultantes da incapacidade dos professores 
em particular em intervir, pró-activamente e 
assumir claramente compromisso de educação 
com a comunidade surda.
objetivos
objetivos gerais
· Oferecer elementos para a sensibilização, a 
discussão e o posicionamento crítico sobre a 
realidade e necessidades educacionais de um 
educando surdo, sendo um espaço alterna-
tivo de formação continuada de professores, 
contendo reflexões teóricas pautadas em co-
nhecimentos específicos e pedagógicos, para 
atuarem na educação de pessoas surdas e con-
sequentemente promover a educação inclusiva 
para as crianças surdas; 
· Capacitar os professores para trabalhar na 
área de surdez;
· Intensificar a integração entre os Surdos 
cabo-verdianos.
objetivos específicos
· Analisar a situação da surdez à escala global, 
nacional e local;
cluindo trabalhos de grupo.
· Para a avaliação propõe-se caderno de re-
gisto e relatórios das actividades realizadas 
durante a formação.
descrição das estratégias
As estratégias para a referida formação deverão 
centrar-se em:
1. Animação nas Escolas por meio de:
· Concepção e realização de micro-projectos 
de acção para os surdos ao nível das escolas 
e comunidades.
· Visitas às casas das famílias dos surdos.
2. Sensibilização, Comunicação, Informação, 
Animação:
· Animação pedagógica;
· Sensibilização de parceiros (intervenientes 
na animação comunitária, pais e encarregados 
de educação, autoridades locais e centrais);
Estabelecimentos de parcerias com ongs no-
meadamente Amigos de Cabo Verde no Brokton 
com o intuito de conseguir os recursos didácticos 
necessários à educação dos surdos nomeada-
mente: as próteses auditivas, equipamentos de 
amplificação de som via FM, telefones com teclado 
- teletipo (tty), sistemas com alerta táctil-visual, 
de trabalhos de grupo e visitas ao domicílio.Sendo uma metodologia participativa, deverá 
se colocar um enfoque especial na implicação 
da sociedade civil e de um modo geral na par-
ticipação e envolvimento de todos os actores 
envolvidos na problemática dos surdos, em 
todas as etapas do processo, como forma de 
assegurar a sustentabilidade do programa e as 
acções a serem desenvolvidas. Os professores 
do Ensino Básico serão uma aposta muito forte, 
neste projecto na medida em que, constitui acto-
res directos do processo ensino-aprendizagem. 
A formação a realizar deverá ser tanto quanto 
possível participativo envolvendo 15 professo-
res do eb – Cabo Verde. Prevê-se uma formação 
composta por 40 sessões com 4 horas de du-
ração cada, totalizando 160 horas. A formação 
deverá contemplar os seguintes procedimentos:
· O público alvo deverá ser seleccionado den-
tre os professores habilitados com o curso de 
Formação de Professores do Ensino Básico.
· Deverá ser uma abordagem teórico-práctico 
na sala de formação.
· No trabalho prévio deverão ser preparados 
os módulos de formação.
· Privilegia-se a componente presencial in-
· Definir estratégias de intervenção das crian-
ças surdas do interior da ilha de Santiago no-
meadamente o Município de Santa Cruz para 
conseguirem ter o acesso à língua gestual;
· Dar, aos profissionais, suporte concreto que 
auxiliem na realização do trabalho de ensino/
aprendizagem de língua gestual em nível de 
Santiago Norte;
· Contribuir para o rompimento de bloqueios 
de comunicação, geralmente, existentes entre 
Surdos e ouvintes e estimular o debate científico 
na área da Surdez e da Cultura Surda; 
· Desenvolver valores democráticos: respeito, 
convivência e participação cidadã no âmbito da 
comunidade surda;
· Criar um espaço educativo na escola que 
promova a produção de material didáctico 
apoiando a educação dos surdos.
metodologia 
Durante a implementação das actividades do 
programa, irão ser considerados a componente 
teórica com algumas abordagens teóricas ou 
teórico práticas na sala de Formação. Paralela-
mente a este componente, irão ser contempla-
dos a componente (repetição) prática através 78 79
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
sinalizando sons de campainhas, telefones, sire-
nes; despertador por vibração e telefone celular 
para recebimento e emissão de texto, entre outros. 
competências a desenvolver 
· Utilizar os recursos (conhecimentos, valores, 
habilidades, experiências) adquiridos sobre 
a problemática de surdez; 
· Mobilizar conhecimentos, habilidades, va-
lores e atitudes para promover uma educação 
de qualidade aos surdos;
· Mobilizar recursos adquiridos nas diferentes 
áreas curriculares (conhecimentos, atitudes e 
habilidades) para conceber materiais didácti-
cos que se prestam à educação, em contextos 
formais, não formais e informais.
resultados esperados
Do programa de formação esperam-se os se-
guintes resultados:
· 15 Professores com o domínio da Língua 
Gestual Portuguesa. 
· 15 Professores capacitados para trabalharem 
com crianças surdas de Santiago Norte com 
domínio dos conteúdos dos currículos do Ensino 
Básico de Cabo Verde.
cial. Entre as responsabilidades desta área 
destaca-se a orientação, o acompanhamento 
da elaboração e definição de planos, progra-
mas e projectos na área de Educação Especial. 
Considerando estes aspectos, um dos projec-
tos poderá ser a criação de salas de recursos, 
pois estas são de facto um recurso que pode 
contribuir para a melhoria das respostas às 
nee. De salientar que com este projecto esta-
remos a contribuir para assegurar a igualdade 
de oportunidade de acesso e permanência 
na escola dos alunos com nee que é outra 
atribuição da área.
objetivos
objetivo geral
· Contribuir para a melhor qualidade da edu-
cação aos alunos com nee.
objetivos específicos
· Contribuir para a criação de condições que fa-
vorecem/apoiam a inclusão de crianças com nee;
· Enriquecer a resposta educativa através dos 
recursos disponíveis na sala de recursos, tendo 
em atenção às características dos educandos 
com nee.
tações das condições em que se processa o 
ensino/aprendizagem e fundamentalmente re-
quer, muitas das vezes, que sejam organizados 
serviços especializados que permitam o apoio 
pedagógico aos alunos que apresentam nee. 
O presente Plano de Acção Pedagógica (pap) é 
desenvolvido no âmbito do curso de Atendimento 
Educacional Especializado (aee), promovido em 
parceria com o Ministério de Educação do Brasil, 
o qual visa capacitar professores cabo-verdianos 
para o atendimento educacional especializado 
a ser disponibilizado a alunos com nee.
A proposta do pap incide sobre a criação de 
serviços especializados de apoio não só aos 
alunos com nee, mas também aos respectivos 
professores do ensino regular. Concretamente, 
a proposta é de criação/funcionamento de 
uma sala de recursos (sr) que tenha capa-
cidade de oferecer atendimento educacional 
especializado.
A escolha desta temática é justificada por 
questões profissionais, pois trabalho no Mi-
nistério da Educação em Cabo Verde, concre-
tamente na Direcção Geral do Ensino Básico e 
Secundário (dgebs), fazendo parte da equipe 
que responde pela área da Educação Espe-
plano 9
criação de sala de recursos 
para o atendimento educacional 
especializado de alunos com 
necessidades educativas especiais
Maria de Fátima Ramos Rodrigues Mendes Barbosa
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler 
Cabo Verde é um dos países que segue as 
orientações/políticas da unesco e assim, o 
Ministério da Educação vem trabalhando na 
linha da Educação Inclusiva, visando garantir 
a inclusão escolar das crianças/jovens que 
apresentam Necessidades Educativas Especiais 
(nee), incluindo as derivadas das deficiências 
auditivas, visuais, motoras e intelectuais.
Neste âmbito, a educação inclusiva tem sido 
considerada como um movimento que visa 
garantir o direito de todos à educação, pois é 
uma forma de se combater a exclusão e de se 
respeitar e celebrar a diversidade e, para tanto, 
é necessário que sejam criadas condições para 
que este direito seja efectivamente exercido. 
Neste contexto, a Educação Inclusiva requer 
maior investimento na formação docente; na 
(re) organização/gestão das escolas; nas adap-80 81
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
· Apoiar os professores do ensino regular 
na definição de estratégias, metodologias e 
recursos que favorecem a implementação de 
práticas pedagógicas que visam à inclusão de 
alunos com NEE.
metodologia
Pretende-se com este pap criar uma sala de 
recursos, a qual será um espaço onde se realiza 
o atendimento educativo especializado para 
alunos com nee. A referida sala será criada 
na Ilha de Santo Antão, a qual contempla os 
concelhos do Porto Novo, Ribeira Grande e 
Paul. A escolha desta ilha é justificada pelo 
facto dela apresentar, segundo o censo 2000, 
a maior incidência da deficiência que é 4,9%. 
Num primeiro momento, a sala será criada 
no Concelho da Ribeira Grande por ter 1.052 
pessoas com deficiência ao passo que o Porto 
Novo tem 838 e Paul 403. Assim, o público-alvo 
serão as crianças/jovens com nee em idade 
escolar e integrados ao sistema de ensino. De 
referir que a Sala de Recursos–sr é um recurso 
do sistema educativo, ou seja, da Delegação 
do Ministério da Educação em Ribeira Grande. 
Os objectivos da referida sr são:
2º Momento
· Instalação da sr/montagem dos equipamentos;
· Capacitação de professores especialistas e 
outros elementos da sr;
· Elaboração de um plano de trabalho da sr, 
articulando com a dgebs/sr existentes. Con-
siderando a realidade concreta, as propostas 
de actividades a serem desenvolvidas na sr 
deverão incidir sobre a identificação das nee 
dos alunos; criação de base de dados sobre as 
nee em nível do concelho; definição do aee a ser 
oferecido; capacitação de agentes educativos; 
elaboração, adaptação de materiais didácticos; 
elaboração de orientações em matéria de nee 
para os professores; visitas as escolas;orien-
tação/envolvimento de pais e encarregados 
de educação, entre outras actividades. Em 
termos de cronograma, as actividades devem 
ser planificadas para 01 ano, findo o qual será 
feita avaliação da experiência.
3º Momento
· Arranque/funcionamento da sr;
· Monitorização/seguimento da planificação;
· Análise/avaliação da experiência para pos-
terior criação das sr dos outros dois concelhos.
com nee ao currículo; actuar, como docente, 
nas actividades propostas no âmbito do aee; 
orientar as famílias para o seu envolvimento 
e a sua participação no processo educativo; 
preparar material específico para uso dos alu-
nos na sala de recursos, entre outros aspectos.
Quanto a implementação do pap ressalta-se 
que este será feito em três etapas, sendo a 
primeira, a criação da srda Ribeira Grande, a 
segunda, a do Porto Novo e a terceira, do Paul. 
A primeira etapa contempla essencialmente 
três momentos, a saber:
1º Momento
· Identificação do espaço físico onde a sr irá 
funcionar;
· Identificação das necessidades em termos de 
materiais didácticos, equipamentos informáti-
cos/tecnologia assistiva, mobiliários e outros;
· Definição de critérios e selecção dos elemen-
tos que irão formar a equipe da sr, inclusive os 
professores especialistas;
· Identificação de necessidades em termos de 
capacitação dos mesmos;
· Análise das nee existentes nas escolas/
concelho e definição concreta do público-alvo;
· Mobilização de recursos financeiros.
· Promover a inclusão escolar dos alunos com 
nee, oferecendo melhor resposta educativa 
que atenda as características dos educandos;
· Contribuir para uma melhor qualidade da 
educação, oferecendo um serviço de apoio 
especializado através dos recursos disponí-
veis na sr;
· Apoiar os professores na identificação das 
nee, na definição de estratégias e metodolo-
gias diferenciadas.
De salientar que a sr deverá permitir o de-
senvolvimento de estratégias de aprendizagem, 
centradas em um novo fazer pedagógico que 
favoreça a construção de conhecimentos pelos 
alunos, subsidiando-os para que desenvolvam 
o currículo e participem da vida escolar.
Relativamente a organização, a sr necessita 
de uma equipa multidisciplinar que irá garantir 
o aee e, para tanto, conta-se com Pedagogos, 
Psicólogos, Terapeutas, Assistente Social e Pro-
fessores com formação específica na área da 
Educação Especial.
Esta equipa terá como atribuições apoiar 
os professores na identificação concreta das 
nee dos alunos, na definição de estratégias 
de trabalhos que favoreçam o acesso do aluno 82 83
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
público-alvo
O público-alvo da sr serão os alunos com nee, 
incluindo as derivadas de deficiências físicas, 
sensoriais e intelectuais identificados em nível 
da Ribeira Grande. Portanto, são alunos que 
apresentam, ao longo da sua aprendizagem, 
alguma nee quer seja temporária ou permanen-
te. A sr poderá também desenvolver trabalhos 
com os professores destes alunos (professores 
do ensino regular), bem como orientar pais/
encarregados de educação.
resultados esperados
Espera-se como possível resultado da imple-
mentação do PAP a criação/funcionamento 
efectivo da Sala de Recursos na Ilha de Santo 
Antão, numa primeira fase no concelho da 
Ribeira Grande. Espera-se, portanto que os 
alunos com nee, os professores e comuni-
dade beneficiam de aee e que isto tenha 
como consequência a inclusão efectiva dos 
alunos com nee e a melhoria da qualidade 
da educação.
Como docente numa escola de formação de 
professores do ensino básico que acompanha 
a prática no terreno, pudemos confirmar que 
realmente os alunos com deficiência física nas 
aulas de expressão físico-motora ficam, quase 
sempre, sentados, à parte, a assistir a aula, sem 
realizarem qualquer acção que seja o que traduz 
uma prática discrepante da política nacional.
Assim, julgamos pertinente elaborar este 
plano de acção centrado na deficiência física.
objetivos
objetivo geral
· Contribuir para a melhoria do processo en-
sino e aprendizagem e para um atendimento 
realmente inclusivo, conforme defendido pela 
política educativa nacional.
objetivos específicos
· Melhorar o atendimento educacional dos 
alunos; 
· Potencializar o papel da expressão físico-
motora no desenvolvimento integral de todos 
os alunos;
· Capacitar os professores para uma actuação 
inclusiva;
A escolha dessa área foi marcada essen-
cialmente pela situação social e educativa do 
país, mas igualmente por motivações pessoais 
e profissionais. 
De acordo com o Censo de 2000, dentre da 
população com deficiência, a maioria (52%) 
possui deficiência física. Igualmente, nas es-
colas nota-se que os alunos deficientes mais 
presentes são os com deficiência física. Na 
nossa vivência, a prática do desporto tem sido 
uma constante e julgamos que daí advém o 
nosso interesse pela deficiência física.
Num passado recente, tivemos oportunidade 
de manter contacto com uma deficiente física 
que nos contou que ao longo de todo o seu 
percurso escolar, nas aulas de educação físi-
ca sempre ficava a observar. Paradoxalmente, 
depois de interromper a escola, por incentivo 
do Comité Paraolímpico iniciou-se na prática 
desportiva e, hoje é a atleta com mais medalhas 
internacionais no país. Esta história suscitou-
nos alguns questionamentos: qual a finalidade 
da escola? A escola tira oportunidades a alguns 
alunos? Como ultrapassar isso? Como podem 
os alunos com deficiência física participar acti-
vamente das aulas de expressão físico-motora?
plano 10
educação inclusiva na 
deficiência física
Lisa Marise de Sousa Carvalho
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler
Cada vez mais, o conceito de educação inclu-
siva impõe-se e, mundialmente, defendem-se 
mudanças no sistema educativo de forma a 
atender à diversidade dos alunos.
Cabo Verde, como um dos países que ratifi-
cou a Declaração de Salamanca, tem tentado 
sustentar uma educação inclusiva, implemen-
tando algumas iniciativas, das quais podemos 
sublinhar a recente capacitação de professores 
em atendimento educacional especializado no 
âmbito de um protocolo com o Brasil, mais es-
pecificamente, Universidade Federal de Santa 
Maria–ufsm, Rio Grande do Sul.
É neste contexto, que surge o presente plano 
de acção pedagógica que elege como área de 
incidência a da deficiência física. Mais especi-
ficamente, procura propor algumas acções que 
podem favorecer uma educação efectivamente 
inclusiva aos alunos com deficiência física que 
frequentam as escolas do ensino básico do país.84 85
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
· Apoiar os alunos com deficiência física;
· Desenvolver hábitos e atitudes de cooperação 
e respeito às diferenças.
metodologia
Em primeiro lugar, vamos enquadrar o contexto 
no qual o nosso plano se inscreve, para de segui-
da apresentar as acções a serem desenvolvidas.
Este plano será desenvolvido em Cabo Ver-
de, mais especificamente na ilha de Santiago, 
cidade da Praia, num bairro periférico dessa 
capital, onde encontramos uma placa despor-
tiva ao lado de uma Escola do Ensino Básico, 
chamada Alegria.
A referida escola faz parte da rede pública e 
o edifício é composto por quatro salas de aulas 
distribuídas por dois pisos e mais um bloco de 
um único piso com duas casas de banho e uma 
cozinha. O edifício é desnivelado do chão e, por 
conseguinte, mesmo as salas térreas têm dois 
degraus. A placa desportiva é toda ladeada de 
um muro de cerca de 35 cm de altura.
Funcionam na escola oito turmas, sendo 
quatro de manhã e quatro à tarde, que estão 
a cargo de oito professores dos quais sete 
estão habilitados com o curso de formação de 
mutuamente;
· Oito professores trabalhando com todos os 
alunos em todas as disciplinas;
· Melhores resultados académicos na escola 
Alegria;
plano 11
acesso ao conhecimento integrado
Manuel Júlio Soares Rosa
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler
Em Cabo Verde, a integração das pessoascom 
deficiências (física, mental, visual e auditiva) 
está devidamente enquadrada na Lei de Bases 
do Sistema Educativo, artigo nº 36 e seguintes, 
que defende a integração/inclusão das crianças 
com deficiência na escola regular, prevendo-se 
a defesa dos seus direitos educativos, sociais 
entre outros. Também a Constituição da Repú-
blica de Cabo Verde, no seu artigo nº 75 defende 
os direitos dos portadores de deficiências.
No domínio da Educação, faltam ainda a 
sua regulamentação, aplicação continuada, 
bem como o alargamento e a formação siste-
mática de professores, embora se registem 
esforços significativos por parte do Ministério 
Como não podia deixar de ser, os dois alunos 
terão atendimento educacional especializado 
que será feito duas vezes por semana, no ho-
rário contrário ao das aulas. 
recursos
Para além dos professores das duas turmas, 
serão envolvidos os restantes seis professores 
da escola; um professor de educação física, 
com especialização em desporto para deficien-
tes; uma professora de educação física com 
especialização em expressão dramática; uma 
professora com capacitação em atendimento 
educacional especializado.
resultados esperados
Com a implementação deste plano espera-
mos dar um pequeno passo em direcção à 
efectivação de uma prática inclusiva em uma 
escola que posteriormente poderá disseminar 
e chegar a outras escolas.
· Disciplina de expressão físico-motora, aten-
dendo a todos os alunos;
· Dois alunos com deficiência física activos 
nas aulas de expressão físico motora;
· Cento e setenta e nove alunos apoiando-se 
professores e um sem formação. Ainda, a escola 
tem uma cozinheira.
No corrente ano lectivo encontram-se ma-
triculados, do 1º ao 4º ano, 179 alunos. Dois 
alunos do sexo masculino com deficiência física, 
sendo que um deles tem 7 anos, frequenta o 2º 
ano de escolaridade e não anda devido a com-
prometimento dos membros inferiores. O plano 
irá beneficiar directamente os dois alunos com 
deficiência física, seus respectivos professores 
e colegas de turma. 
Propomos no plano um conjunto de acções 
integradas para permitir alcançar os objectivos 
traçados.
Em primeiro lugar, uma acção de capacitação, 
dos oito professores, em educação física adap-
tada, com uma duração de 20 horas distribuídas 
por duas semanas e orientada por um professor 
de educação física com especialização em 
desporto para deficientes.
No entanto, a aposta é mesmo na formação 
contínua pelo que outra acção indispensável 
é o acompanhamento e supervisão das activi-
dades escolares pelo professor especializado, 
possibilitando momentos de reflexão crítica e 
partilhada da prática.86 87
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
da Educação e Ensino Superior no sentido de 
proporcionar uma integração satisfatória das 
crianças portadoras de deficiência. 
Da nossa experiência no terreno resulta a 
percepção de que, apesar dos esforços feitos 
ainda persistem algumas necessidades a sa-
tisfazer no que se refere a recursos (humanos, 
materiais e financeiros) para melhorar todo o 
processo de inclusão de forma mais equitativa 
e justa, possibilitando um acesso em igual 
dimensão (nivelando as diferentes categorias 
de deficiência) e espaço geográfico (tendo em 
conta a nossa realidade arquipelógica).
Neste contexto e no âmbito da formação de 
professores para atendimento educacional es-
pecializado, apresentamos este Plano de Acção 
Pedagógica como contributo para a criação de 
algumas condições de trabalho prático e a me-
lhoria das condições de inclusão dos deficientes.
Problematização da temática: como fazer com 
que as crianças com deficiência (a vários cate-
gorias) tenham igual acesso a um conhecimento 
integrado (informação generalizada, comple-
mentar e específica; diversificação de meios e 
ou instrumentos de aprendizagem), respeitando-
se não só as suas limitações (físicas, motoras 
mento da Praia) e depois a nível nacional (todo a 
arquipélago com recurso à tecnologia em rede).
· Identificação dos pontos fortes /pontos fra-
cos/oportunidade de melhoria através da análi-
se do funcionamento dos Núcleos de Educação 
Inclusiva local; 
· Levantamento de constrangimentos e difi-
culdades (barreiras arquitectónicas, carência 
de materiais didácticos específicos, falta de 
professores com formação específica;
· Desenvolvimento e apresentação das estra-
tégias de actuação (estratégias para diminuir 
as barreiras à inclusão).
· Rentabilização e reestruração das actuais 
salas de recursos.
· Elaboração de projectos para formação de re-
cursos humanos e aquisição de material didáctico.
público-alvo
· Professores (com formação em nee, que já 
existe em cv);
· Coordenadores pedagógicos e gestores; 
· Alunos com deficiência, técnicos (associações, 
médicos, fisioterapeutas, sociólogos, fonoau-
diólogos, neurologistas, funcionários do mee); 
· Família e comunidades locais.
objetivos
objetivo geral 
· Contribuir para a criação de condições que fa-
voreçam uma inclusão plena de todas as crianças 
e adolescentes em idade escolar com deficiência.
objetivos específicos
· Propor uma organização dos Recursos exis-
tentes em Cabo Verde, de forma a rentabilizá-los.
· Identificar as necessidades (humanas, ma-
teriais e financeiras) a nível nacional para a 
implementação de um Plano Nacional de Inte-
gração dos Deficientes.
· Definir estratégias para diminuir as barreiras 
à inclusão. 
metodologia
· Consulta e categorização dos dados do ine 
(Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde).
· Levantamento em nível do país, do número 
das crianças com nee.
· Sondagem junto às escolas e associações 
de acolhimento de crianças portadoras de 
deficiências;
· Implementação do plano de acção – primeiro 
em nível local (por exemplo, no núcleo de atendi-
e sensoriais), mas também familiares e locais?
Esta proposta de Plano de Acção Pedagógica 
justifica-se pelo facto de, na sociedade cabo-ver-
diana, a problemática da deficiência e o acesso 
dos deficientes ao conhecimento, à formação, ao 
emprego, enfim à inclusão (modificamos para o 
termo, pois este reproduz melhor os direitos das 
pnees) plena na sociedade estar a sensibilizar 
muitos dos agentes do sistema educativo.
A mesma irá ser desenvolvida de forma a 
justificar a necessidade de colmatar algumas 
lacunas existentes no programa de acesso dos 
deficientes ao conhecimento integral, procuran-
do-se apontar as dificuldades e constrangimen-
tos que se colocam na criação de condições de 
acesso, sobretudo pelos deficientes surdos e 
com atraso no desenvolvimento cognitivo.
Verifica-se uma maior integração no que 
se refere à criança com deficiência motora e 
visual, ainda que de forma desigual e lenta ou 
em baixa percentagem. Por isso, pretendemos 
assumir um esforço de integração de todas as 
deficiências, dando, nesta fase, uma atenção 
especial às crianças surdas e às com atraso de 
desenvolvimento (paralisia cerebral, síndrome 
de Down, entre outras). 88 89
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
plano 12
sala de recursos multifuncional: 
centro educativo mira flores
Gabriela Auxilia da Silva Borges
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler
A motivação para este trabalho surge na ten-
tativa de poder contribuir para uma educação 
inclusiva de uma aluna do ensino secundário, 
7º ano de escolaridade, na cidade da Praia, e 
dessa forma servir para abrir portas a muitos 
alunos com nee, tentar implementar a utilização 
da sala de recursos existente na Praia, que foi 
inaugurada no ano lectivo 2008/2009.
Este pap, tem a sua área de concentração 
na implementação de ta na categoria acessi-
bilidade ao computador e caa, comunicação 
alternativa, vai ser realizado com uma aluna, 
lara, portadora de pc, atetóide-atáxica, inse-
rida na escola regular, Centro Educativo Mira 
Flores, com o objectivo de propor a utilização 
da informática como meio para auxiliar na sua 
aprendizagem, de modo a facilitar a aprendiza-
gem e, para que dentro de suasnecessidades 
sejam elaboradas actividades que possam ser 
aplicadas com o uso do computador. Através 
· Propor aee complementares para um melhor 
desenvolvimento global da Lara.
· Propor uma análise de como se dá o aee no 
processo de inclusão, valorizando a educação 
inclusiva, como forma de se alcançar uma edu-
cação de qualidade para todos.
· Contribuir para uma educação inclusiva 
visando mudanças de paradigma, conceito, 
visão e mudança de mundo. Um novo olhar 
educativo.
metodologia
Com o intuito de se obter um melhor panorama 
da actual situação do processo de inclusão e 
da situação real da Lara através de um levan-
tamento das características, habilidades e po-
tencialidades que apresenta, foram realizadas 
as seguintes acções na prática:
· Visita a sala de recursos – e entrevista;
· Escolha da população alvo;
· Conhecer os pais e o ambiente familiar. (tive 
acesso aos relatórios clinicos);
· Entrevista e contacto com a Lara no seu am-
biente familiar (vários);
· Contacto com a escola, gestores e directora 
de turma;
de experiência prática para que a educação 
possa trilhar e alcançar a Educação Inclusiva.
 Fazendo uma avaliação diagnóstica e a ob-
servação precisa e cuidadosa sobre as suas 
capacidades, potencialidades e limitações.
objetivos
objetivo geral
· Proporcionar uma das primeiras experiências 
de aee, a crianças com pc no Ensino Secundário 
(es) em Cabo Verde, através da sala de recursos 
de modo a que seja feita uma análise reflexiva 
por parte das pessoas vinculadas directamente 
à equipa ee do mees.
objetivos específicos
· Traçar um plano de aee para uma aluna com 
pc no es a ser aplicado na sala de recursos da 
Praia em nível de ta (Tecnologia Assistiva) – 
informática e terapia da fala, caa, no processo 
de inclusão.
· Propor áreas de intervenção a curto e mé-
dio prazo.
· Sensibilizar os professores para que assu-
mam uma atitude positiva em todo o processo 
educativo.
das actividades de aee – sala de recursos 
da Praia, pode-se auxiliar a escola a aten-
der a aluna, respeitando sua singularidade e 
contribuindo para o seu desenvolvimento e 
integração na sociedade.
A Educação Especial poderá orientar acerca 
de flexibilizações/adaptações dos currículos 
escolares; orientar acerca da avaliação peda-
gógica entre outros tendo em conta que sem 
auxílios pedagógicos adequados, estes alunos 
não conseguem por em prática suas potencia-
lidades intelectuais.
Este plano tenta tratar e propor as áreas de 
intervenção de aee (Atendimento Educacional 
Especializado) na sala de recursos, a curto e 
médio prazo, após a avaliação funcional feita 
através de observação e entrevistas à Lara, 
pais, professores, considerando a quantidade 
e a qualidade de avd (Atividade de Vida Diária) 
que a criança consegue realizar, as habilidades 
funcionais, assistência e modificações do am-
biente, auto cuidado, mobilidade e função social.
O presente plano justifica-se, pela necessi-
dade da Lara ter um aee, para que se possam 
aproveitar as suas potencialidades, proporcio-
nar-lhe uma educação de qualidade e servir 90 91
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
· Assistência a uma aula da Lara;
· Entrevista com a fisioterapeuta e contacto 
assistindo a uma sessão;
· Contacto com uma fonologista do mees;
· Análise e diagnóstico da Lara;
· Observação da Lara pela equipa da sala de 
recursos;
· Observação da Lara pela fonologista;
· Pesquisa bibliográfica para além das refe-
rências dos módulos do curso aee;
· Troca de idéias e partilha com colegas;
· Troca de idéias com professora e tutora;
· Reuniões com a equipa ee e outros;
· Entrevistas registrando algumas ocorrências 
da vida da Lara com relação a seu desenvol-
vimento motor, psíquico, avd, afectivo e edu-
cacional. Estas informações foram utilizadas 
para traçar ou descrever a Lara e identificar 
áreas de intervenção bem como planejar as 
actividades procurando favorecer o aprimora-
mento das habilidades/competências que ela 
ainda não tem desenvolvido satisfatoriamente 
para acompanhar os conteúdos curriculares 
exigidos na turma (a escrita e avaliação), fi-
cando claro para os pais, para os professores 
da escola, que na sala de recursos não seriam 
acessibilidade ao computador
O computador vai ser utilizado como ajuda à 
comunicação, como instrumento e/ou auxiliar 
da avaliação escolar e como instrumento de 
avaliação psicopedagógica.
A utilização do computador vai ajudá-la a co-
municar e a escrever, proporcionando-lhe mais 
possibilidades de realização, de independência 
e de autoconfiança.
Há que criar actividades de exercícios e prá-
ticas de fixação dos conteúdos ministrados em 
sala de aula com o uso dos recursos do compu-
tador. Usar o teclado como periférico, utilizar o 
mouse e as duas mãos. Utilizar os softwares: 
word, power point, paint, e específicos como 
para matemática, jogos, autoformas.
Na área caa – dificuldades de fluência e ritmo 
da fala por problemas de articulação.
Jogos e brincadeiras que possam ajudar 
a Lara a obter um melhor controle da respi-
ração, da língua, dos lábios entre outros, o 
que a poderá ajudar a articular melhor. Como 
exemplos: o futebol de sopro, soprar velas 
à distância, bolas de sabão, encher balões, 
tocar um chupa colocada em várias posições 
em frente da sua boca, pintura de sopro.
no, segundas e quartas, das 14h30min às 
15h30min, sendo um dia para ta computador 
e outro para caa – fala. A frequência de duas 
vezes por semana no inicio pode ocorrer indi-
vidual ou em dupla.
Deve haver algum tipo de comunicação for-
malizada entre o director da turma, director 
da escola e a equipa ee ou professor aee, pois 
a inclusão exige interacção constante entre 
professores da turma e dos serviços de apoio 
pedagógico especializado, para que a Lara 
atinja um rendimento escolar satisfatório. 
O contacto pode ser estabelecido de diversas 
formas, bilhetes, e-mails, telefone, reuniões e 
outros. O contacto com os pais deve ser man-
tido, nos dias de aee com conversas informais.
A avaliação na sala de recursos vai ser con-
tínua e formativa, levando em consideração 
seu desempenho em cada actividade proposta, 
essa avaliação deve ser realizada em fichas e 
relatórios descritivo mensal.
Com os dados da avaliação diagnóstica 
vai-se estudar a deficiência, aprofundando 
e aprimorando conhecimentos para melhor 
preparar as actividades que sejam eficazes 
no desenvolvimento da Lara.
realizadas tarefas da escola nem reforço.
Tentar entender a situação que envolve a es-
tudante através da:
· Escuta de seus desejos, identificação das ca-
racterísticas físicas/psicomotoras, observação 
da dinâmica no ambiente escolar e reconheci-
mento do contexto social.
· Conversa com várias pessoas e foi considera-
da as necessidades a serem atendidas a curto 
e em médio prazo.
plano da sala de recursos
Não há medicamentos nem operações para 
curar uma pc, haverá sim, avanços progressivos 
dependendo directamente dos recursos tecno-
lógicos, do uso da informática na educação e 
dos recursos terapêuticos que forem colocados 
à disposição, bem como aee.
Há que se fazer uma análise mais cuidada 
das condições motoras e educativas da Lara. 
Após essa avaliação, é possível relacionar as 
suas características com o designe do pap, 
numa tentativa de melhorar as condições de 
vida, sob os aspectos da educação, lazer, avd, 
desporto e reabilitação.
A Lara deverá ser atendida em contra tur-92 93
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
Tudo deve acontecer através de uma relação 
afectiva e informal e com carácter lúdico, de 
modo a que se sinta estimulada a exprimir-se 
articulando melhor.
A pc pode acarretar prejuízos em estruturas 
e funções esqueléticas do corpo e limitar o de-
sempenho da criança em actividades e tarefas 
nos ambientes familiar, escolar e comunitário. 
As disfunções da extremidade superior de-
correntes de lesão ou má-formação cerebral 
podem comprometer o uso da extremidade 
afectada nas tarefas diárias, a bimanualidadee a funcionalidade da criança. Assim a proposta 
de trabalho aee em médio prazo deve abranger 
a psicomotricidade – traçar o perfil através da 
observação psicomotora.
O desenvolvimento psicomotor foi reconhe-
cido há muito por inúmeros especialistas como 
uma componente vital do desenvolvimento 
global da criança.
Torna-se necessário uma observação psico-
motora da Lara através da bateria psicomotora 
(bpm), para se traçar o perfil psicomotor tendo 
como objectivo:
 · conhecer a relação da integridade psicomo-
tora com a aprendizagem eficiente;
denciando esta ferramenta como seu auxiliar 
efectivo no seu processo ensino aprendizagem. 
Ainda, espera-se possibilitar a inclusão no ensi-
no secundário; melhorar a postura, a escrita, a 
coordenação fina, a utilização das duas mãos;
Quanto a avaliação espera-se que o processo 
acompanhe o percurso do estudante, do ponto 
de vista de evolução de suas competências, 
habilidades e conhecimentos. Que os profes-
sores passem a utilizar outros instrumentos, 
mudando o olhar ao corrigir testes. E adoptando 
estratégias dinâmicas, continua, respeitando 
o processo de aprendizagem do aluno, substi-
tuindo o caracter classificatório.
Os outros alunos e a escola reconhecer e 
aceitar o potencial de uma aluna com nee sem 
preconceitos e perceber que as crianças podem 
aprender juntas, embora tendo objectivos e 
processos diferentes.
O computador em sala de aula para além 
de aumentar a autoestima da Lara também irá 
possibilitar uma postura colaborativa que tanto 
é necessário à Educação do futuro, pois requer a 
soma de esforços para a solução de problemas, 
as expressões via eletrônica e via de informação 
indicam um novo modo de trabalho emergente.
por restrição. Propõe-se que sejam aplicados os se-
guintes testes para a funcionalidade dos membros: 
caut (children use test), teste observacional pa-
dronizado; teste para avaliação da bimanualidade 
(abilhand-kids); pedi (avaliação de funcionalidade) 
e jthf (Jebsen-Taylor de função manual).
Em decorrência do desuso aprendido, pode 
haver limitação do desempenho de actividades 
funcionais e de participação nos ambientes es-
colar e familiar, pelo que a terapia de movimento 
induzido por restrição deve ser aplicado com o 
uso do sprint de posicionamento e tipóia para res-
trição da extremidade superior menos afectada.
resultados
A informática e o uso de ta representa para os 
indivíduos com pc uma grande possibilidade 
de igualdade com seus colegas, pois nos dias 
de hoje, são as tecnologias de informação e 
comunicação – tic que possibilitam diminuir 
seus problemas motores e ajudá-los com a 
dificuldade de comunicação.
Espera-se que a partir da interacção com o 
computador e o consequente acompanhamento 
das actividades da classe, haja uma redução 
significativa dos seus distúrbios motores, evi-
· reconhecer a existência de dificuldades de 
aprendizagem e de perturbações de compor-
tamento;
· proporcionar a prevenção, a compensação, 
a reeducação e a terapia de disfunções psico-
motoras.
Com a reabilitação psicomotora (rpm), com 
os dados do bpm, estaremos em melhores 
condições para compreender as dificuldades 
da criança e, naturalmente, em melhor posição 
para formular objectivos e implementar progra-
mas individuais de reabilitação. 
A hidroterapia, como uma actividade terapêu-
tica, mostra bons resultados para a melhoria da 
habilidade para crianças com pc coreoatetóide. 
Propõe-se sessões duas a três vezes por semana 
com movimentos nos diversos planos, frontal, 
sagital e transversal, exercícios para estabilidade 
e equilíbrio postural e flutuação tônica.
Adequação postural, sendo o maior dos pro-
blemas encontrados em crianças com pc é o 
déficit do controle postural. Os problemas pos-
turais interferem nas avd, na interacção social, 
na aprendizagem cognitiva e também na função 
vegetativa dos seres humanos.
Bimanualidade- terapia do movimento induzido 94 95
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
plano 13
plano de acção pedagógica 
para alunos com baixa visão
Isabel Valadares Dupret
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler
Com a Declaração Universal dos direitos hu-
manos em 1948, as Nações Unidas consagra-
ram valores de ordem moral, religioso, social, 
cultural etc. Entre esses valores estão o direito 
à igualdade de todos os seres humanos logo 
à nascença, independentemente do sexo, da 
raça, da religião e da cultura e o direito de 
todos à educação, valores estes que estão na 
base do princípio democrático da educação 
inclusiva.
A declaração desses valores como princípios 
universais e inalienáveis a todos os seres hu-
manos, contudo, não foi suficiente para que se 
construíssem sociedades mais justas, onde no 
domínio educacional todos pudessem frequen-
tar as escolas de modo a adquirirem uma certa 
autonomia e poderem participar de forma activa 
em todos os aspectos da vida na sociedade e 
na própria vida pessoal, deliberando, tomando 
as suas decisões e agindo com dever cívico.
refere à educação. A legislação existente é bas-
tante insuficiente, deixando de lado garantias 
essenciais como o acesso e a permanência nos 
diferentes níveis de escolaridade, a avaliação, 
a acessibilidade ao espaço escolar, etc.
O Plano de Acção Pedagógica que se preten-
de aqui elaborar vai incidir sobre os alunos com 
baixa visão no ensino secundário porque, por 
um lado a cegueira e a baixa visão constituem, 
nos primeiros casos de inclusão, no sistema de 
ensino cabo-verdiano, ou seja, tem-se olvidado 
esforços no sentido de se criar as condições 
para que esses alunos frequentem o ensino 
regular com sucesso. Por outro lado, com esta 
formação em Atendimento Educacional Espe-
cializado verificamos que a nossa experiên-
cia na inclusão dos alunos com baixa visão 
apresenta algumas deficiências, pois não se 
tem dado um tratamento diferenciado a esses 
alunos de acordo com as suas necessidades 
específicas advenientes da sua deficiência, de 
condições ambientais, pessoais e ignorando 
muitas vezes o seu potencial de visão ainda 
existente. Acontece que esse alunado tem 
recebido a mesma orientação que o aluno 
com cegueira.
de condições para que o aluno, seja ele de-
ficiente ou não, tenha uma aprendizagem de 
qualidade. Isto pressupõe o respeito pelo 
aluno como um ser diferente, ou seja, com as 
suas especificidades, com o seu ritmo e forma 
de aprendizagem, com as suas limitações e 
capacidades. Cabe à escola inclusiva provir 
de meios que permitem ao aluno superar 
as suas limitações e os obstáculos para um 
ensino e aprendizagem de qualidade, meios 
que possibilitem ao aluno desenvolver todas 
as suas potencialidades cognitivas e a sua 
autonomia de modo a integrar-se na comunida-
de escolar e na sociedade em geral. Torna-se 
assim necessária uma reflexão sobre as prá-
ticas pedagógicas, as actividades escolares 
devem ser seleccionadas e planificadas e 
deve-se respeitar o modo como o aluno faz a 
aprendizagem, partindo dos conhecimentos 
de que já dispõe.
Em Cabo Verde, começam-se a criar as condi-
ções para uma educação para todos, incluindo 
as pessoas portadoras de deficiência. 
No entanto há a necessidade de se produzir 
todo um suporte legal que garanta os direitos 
da pessoa portadora de deficiência no que se 
A pessoa portadora de deficiência (mental, 
visual, auditiva, motora, etc.) continuou a ver 
os seus direitos desrespeitados, sendo discri-
minado no âmbito educacional.
Posteriormente foi criada a Declaração 
Universal dos Direitos das Pessoas Deficien-
tes (onu/1975) e a par dessa declaração, fo-
ram elaboradas várias cartas estabelecendo 
metas aos países membros para garantir a 
igualdade de direitos e oportunidades para 
as pessoas portadoras de deficiência e em 
1994 foi proclamada a Declaração de Sala-
manca com princípios, políticas e práticas em 
educação especial, na conferência mundial 
de educação especial sobre Necessidades 
Educativas Especiais. Esta declaração rea-
firma o compromisso de todos os Estadosmembros para com a Educação para Todos e 
reconhece a necessidade de providenciar a 
educação para as pessoas com necessidades 
educativas especiais dentro do sistema de 
ensino regular.
O significado de educação inclusiva ultra-
passa a simples presença de alunos porta-
dores de deficiência nas escolas de ensino 
regular. A inclusão escolar exige a criação 96 97
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
objetivo geral
 Apoiar os alunos com baixa visão e melhorar 
o processo de ensino e aprendizagem desses 
alunos de modo a que desenvolvam as suas 
capacidades cognitivas, assim como competên-
cias como a autonomia para a vida integrada 
na sociedade. Deste modo temos que ajudá-los 
a desenvolver competências como a leitura 
e a escrita, o desenvolvimento do raciocínio 
logico-matemático, o domínio das tecnologias 
de informação, o treino da visão, do Braille e 
da orientação e mobilidade.
metodologia
O plano de Acção Pedagógica destina-se a apoiar 
um grupo de cinco alunos com baixa visão, oriun-
dos de quatro escolas secundárias da cidade da 
Praia. Os professores dessas escolas já benefi-
ciaram de uma formação em educação especial 
que incluiu a escrita e a leitura no sistema Braille. 
As escolas secundárias acima referidas não 
possuem condições físicas de acessibilidade 
para pessoas deficientes visuais e os projectos 
educativos das escolas não contemplam um 
plano pedagógico para alunos com necessi-
dades educativas especiais. 
Federal de Santa Maria/Brasil e consiste na 
elaboração de um plano de intervenção para um 
grupo de crianças cegas pertencentes às zonas 
rurais do Município de Santa Cruz. O referido 
público-alvo de intervenção vive em zonas iso-
ladas dificultando o atendimento especializado 
devido à dificuldade de acesso a meios que lhe 
possibilita uma resposta educativa adequada.
Após a convivência com as entidades respon-
sáveis pela educação especial, nomeadamente 
a Associação dos Deficientes Visuais de Cabo 
Verde (adevic) constatamos que existe algumas 
respostas para a Educação dos cegos, porém, 
essas respostas não são extensivas às crianças 
das zonas rurais levando com que a acessibili-
dade ao conhecimento para essas crianças não 
seja uma realidade.
A escolha do tema também se justifica pela 
existência de uma coordenadora do Núcleo da 
Educação Inclusiva neste concelho que tem no 
seu caderno de encargo, mobilizar materiais 
adaptados, e recursos humanos para desen-
volver uma educação para todos, ou seja, uma 
educação que consegue dar resposta educa-
tiva para todos e com qualidade. Este tipo de 
educação é bastante custosa, uma vez que a 
teúdos curriculares (desenvolver programas 
de estimulação visual como leitura de textos, 
visualização de ilustrações, mapas, etc.).
· Preparação dos materiais a serem utilizados 
pelo aluno ( produção da prancha de plano incli-
nado, ampliação dos textos a serem trabalhos 
na sala de aula regular, preparação de mapas 
com relevos e ilustrações visuais).
· Domínio das tecnologias de informação ( uso 
de computadores adequados às especificidades 
da baixa visão para trocar emails, leitura de 
jornais online, livros escaneados).
· Treino de orientação e mobilidade .
plano 14
plano de acção pedagógica para 
um grupo de crianças com problemas 
de visão: uma proposta de aplicação 
desta temática no concelho de 
santa cruz, cabo verde
Eunice Elisabeth Semedo Afonso
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler
Este estudo surgiu na sequência do trabalho 
final do curso de Atendimento Educacional 
Especializado ministrado pela Universidade 
O atendimento educacional especializado 
desses alunos será feito na sala de recursos da 
cidade da Praia, situada na escola secundária 
Pedro Gomes.
O primeiro trabalho a ser efectuado será o de 
sensibilizar as direcções das escolas com alunos 
com baixa visão a incluir no projecto educativo 
da escola um plano pedagógico para os alunos 
com baixa visão. Na elaboração do plano devem 
ter o apoio do professor especializado da sala 
de recursos.
A segunda acção a ser desenvolvida, será 
a realização de um encontro com uma equipa 
pluridisciplinar que deve incluir os professores 
do aluno, os pais ou encarregados de educação, 
o médico oftalmologista que segue o aluno e o 
próprio aluno, para se proceder a uma avaliação 
rigorosa da visão funcional, pois torna-se neces-
sário perceber como é que o aluno utiliza a visão. 
Para o atendimento especializado do aluno 
com baixa visão, na sala de recursos, foram 
propostas as seguintes atividades:
· Encontro com os professores das classes dos 
alunos para transmissão de procedimentos a 
se ter na sala de aula regular.
· Treino da visão e acessibilidade aos con-98 99
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
mobilização dos recursos é muito dispendiosa, 
como por exemplo, no que refere à área em 
estudos há necessidade de vários materiais 
para o desenvolvimento pessoal e educativo, 
as pessoas com deficiência visual precisa de 
uma Bengala, Pauta Braille impressora Braille 
entre outros.
Diante da realidade, levanta a seguinte per-
gunta: como contribuir para um grupo de crian-
ças cegas do Município de Santa Cruz ter acesso 
a Braille, uma vez que vive em localidades 
distantes dos centros urbanos?
objetivos
objetivo geral
· Promover uma educação que consegue dar 
resposta educativa de qualidade para todos. 
Sensibilizar os profissionais da educação e 
não só, de modo a impulsionar a inclusão das 
crianças com Necessidades Educacionais Espe-
ciais (nee), nomeadamente cegas nas escolas, 
família sociedade.
objetivos específicos
· Capacitar os professores para o uso do 
sistema Braille.
central, promovendo a execução da respectiva 
política educativa; 
Desenvolver as acções necessárias à condu-
ção do processo de ingresso no ensino superior, 
em articulação com o serviço central respectivo; 
Assegurar a orientação e apoio pedagógico das 
instituições educativas, sejam elas públicas 
ou privadas; Colaborar com os municípios e os 
serviços desconcentrados do Estado no conce-
lho, na materialização do programa do governo 
segundo a fonte fornecida pelo Gabinete do 
Estudo e Planeamento desta instituição.
Para a consecução de tais objectivos a Dele-
gação de Santa Cruz, organizou-se internamente 
nos seguintes departamentos:
· Equipa Pedagógica;
· Coordenação do Pré-escolar
· Coordenação Administrativa, patrimonial e 
financeira;
· Coordenação de Assunto Sócio Educativo e 
da Comissão Concelhia de Cantinas Escolares;
· Gabinete de Gestão, Planeamento, Estatís-
tica, Comunicação e Imagens e Gabinete do 
Delegado.
Material necessário: 20 pauta Braille, 8 ca-
dernos, 8 canetas, 8 lápis. Recursos humanos: 
Duração do projecto: Durante o período que 
as crianças frequentam o Ensino Básico.
Apresentação da organização: o concelho 
de Santa Cruz e São Lourenço dos Órgãos 
(recém-criado) conta, neste momento com cer-
ca de mil e seiscentos crianças do Ensino Pré-
escolar, sete mil alunos do ensino Secundário, 
quinhentos professores. Tais contingentes 
respondem localmente perante a Delegação 
do Ministério da Educação e Ensino Superior 
de Santa Cruz um Serviço desconcentrado do 
referido Ministério que se ocupa de orientação 
e apoio pedagógico nas escolas e comunidade 
dos dois concelhos. Em parceria com a equipa 
pedagógica, o Núcleo na Educação inclusiva 
tem como objectivo promover a inclusão Edu-
cativa e social das Crianças/estudantes destes 
dois Concelhos.
À Delegação do Ministério da Educação de 
Santa Cruz que, do ponto de vista legal, (Decreto 
Regulamentar Nº 4/98 de 27 de Abril) deve, de 
entre outras incumbências, Contribuir para a 
definição e materialização da política educa-
tiva; Assegurar a coordenação e articulação 
dos vários níveis de ensino não superior, de 
acordo com as orientações definidas a nível 
· Desenvolver a capacidade da escrita nos 
alunos cegos de algumas escolas do meio rural 
do Município de Santa Cruz.
metodologia
Há necessidade de solicitartécnicos da Direcção 
Geral do Ensino Básico e Secundário para ensinar 
os professores e alunos o Braille. Lembrando que 
esse público educativo é oriundo das escolas 
rurais de localidades de difícil acesso. Haverá 
necessidade de mudar a residência das crianças 
durante as épocas que receberão formação para 
ter pleno acesso ao currículo e ampliar novos 
horizontes através da aprendizagem do Braille
Durante a implementação pretendemos tra-
balhar com uma abordagem de trabalho em 
equipa, e os passos do desenvolvimento serão 
os seguintes: Identificação e caracterização do 
público-alvo; Colaboração de uma coordenado-
ra pedagógica em receber para morar na vila e 
regressar só no final de semana para ter acesso 
Braille; Formação e supervisão de professores; 
Alfabetização das crianças e docentes em Braille.
Beneficiários directos: Toda a comunidade 
educativa de Santa Cruz e São Lourenço.
Beneficiários indirectos: Comunidade em geral.100 101
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
duas coordenadoras do projecto, um tutor da 
adevic, uma monitora para o ensino de Braille.
resultados esperados
· Professores capacitados para a realização 
de uma prática educativa inclusiva;
· Um trabalho pedagógico de quem deseja 
assumir o desafio de aprender e de ensinar;
· Cooperação entre a comunidade educativa 
e as instituições locais afectos a educação 
especial;
· Adesão e envolvimento da Associação dos 
deficientes Visuais de Cabo Verde (adevic) na 
realização de parcerias para o desenvolvimento 
do projecto; Adesão dos agentes locais (rádio 
e imprensa) que poderão ser parceiros na di-
vulgação do projecto;
· Implementação de pelo menos uma acção 
de formação profissional para os professores 
do Ensino Básico;
· Desenvolvimento de comunicação entre as 
crianças cegas;
· Desenvolver hábitos e atitudes de coopera-
ção e respeito às diferenças.
O presente Plano de Acção Pedagógica (pap) 
inscreve-se no âmbito do curso a distancia de 
Atendimento Educacional Especializado (aee), 
promovido em parceria com o Ministério de 
Educação do Brasil e que tem em vista capacitar 
professores cabo-verdianos para o atendimento 
educacional especializado a alunos com nee.
Este Plano de Acção Pedagógica surge como 
uma primeira experiência de criação de ser-
viços de atendimento especializado dirigido 
a um grupo de alunos surdos que têm vindo 
a frequentar as escolas do Ensino Básico In-
tegrado da Praia. Concretamente este Plano 
de Acção diz respeito à criação/adaptação e 
funcionamento duma sala de aula inserido 
numa escola regular que ofereça atendimento 
educacional especializado aos alunos surdos 
identificados, tendo em conta a nossa realidade, 
os recursos existentes e em articulação com a 
Sala de Recursos multifuncional recém- criada 
na cidade da Praia.
A escolha desta temática tem a ver com o 
facto de, enquanto técnica da Direcção Geral do 
Ensino Básico e Secundário (dgebs) e elemento 
da equipa dos serviços centrais que responde 
pela área da Educação Especial, ter por várias 
escolas, na formação docente e implica também 
adaptação das condições em que se processa o 
ensino e aprendizagem e a criação de serviços 
especializados de apoio pedagógico aos alunos 
com Necessidades Educativas Especiais (nee). 
Como um dos países signatários da unesco 
Cabo Verde segue as orientações desse organis-
mo internacional. Constitui preocupação do Go-
verno, promover a igualdade de oportunidades 
para todos, valorizar a educação e promover a 
melhoria da qualidade do ensino. Assim sendo, 
o Ministério da Educação vem trabalhando na 
linha da Educação Inclusiva e da Declaração 
de Salamanca, visando garantir a inclusão 
escolar das crianças/jovens que apresentam 
nee, incluindo as derivadas das deficiências 
auditivas, visuais, motoras e intelectuais.
No entanto, no que concerne às crianças 
com deficiência auditiva são vários os cons-
trangimentos ainda enfrentados devidos quer à 
ausência de uma língua gestual cabo-verdiana, 
quer de um laboratório de próteses e técnicos 
neste domínio, quer ainda à falta de um espa-
ço próprio e adequado bem como a falta de 
professores preparados para trabalhar com 
este tipo de dificuldades.
plano 15
atendimento educacional especializado 
a um grupo de alunos com surdez
Maria Alice Pinto Figueiredo Fernandes Aguiar
Professora: Sandra Suzana Maximowitz Silva
Tutora: Cristiane Griebeler
A Educação para todos é um objectivo universal-
mente reconhecido e atingi-lo é um dos maiores 
desafios com que se confrontam os estados e o 
conjunto da comunidade internacional. A inte-
gração, a participação e o exercício dos direitos 
do homem são essenciais para a dignidade hu-
mana. Nos últimos anos, principalmente após a 
Declaração de Salamanca (1994), tem-se vindo 
a afirmar a noção de escola inclusiva, capaz de 
acolher e reter, no seu seio, grupos de crianças 
e jovens tradicionalmente excluídos.
A educação inclusiva é um movimento que 
se tem vindo a estender pelos diversos países 
e que visa garantir o direito de todos à edu-
cação e combater a exclusão respeitando e 
celebrando a diversidade. Isto significa que é 
necessário que sejam criadas condições para 
que este direito seja efectivamente exercido, o 
que tem implicações na reformulação das polí-
ticas educativas, na gestão e organização das 102 103
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
vezes detectado a presença nas escolas regu-
lares de crianças que não conseguem progredir 
na sua escolarização devido a dificuldades 
auditivas e ter tido sempre a sensação duma 
grande injustiça ao ouvir dos professores: “Este 
aluno não aprende; é surdo, não consegue ler, 
não acompanha a escolarização e eu não sei 
como ensiná-lo”. 
objetivos
objetivo geral
· Contribuir para obtenção de melhores resul-
tados em nível da sua escolarização e aprendi-
zagem escolar das crianças com nee.
objetivos específicos
· Criação duma sala para atendimento espe-
cializado aos alunos surdos que visa contribuir 
para a melhoria da qualidade da educação 
oferecida esse público específico e alertar/sen-
sibilizar os responsáveis para esta necessidade;
· Criar condições para o Desenvolvimento de 
metodologias de ensino adequadas às necessi-
dades da criança surda, enriquecendo a respos-
ta educativa através dos recursos disponíveis 
(na sala de recursos, aadicd);
A proposta deste Plano de Acção é adaptar 
e pôr em funcionamento, em articulação com 
a sala de recursos multifuncional recém-criada, 
uma sala de aula, numa escola regular da cidade 
da Praia que ofereça atendimento educacional 
especializado aos alunos surdos, tendo em con-
ta a nossa realidade e os recursos existentes. 
Para isso foi feito:
· Identificação de duas professoras com sen-
sibilidade e interesse para trabalharem com 
crianças com esse tipo de dificuldades. Assim 
foram identificadas duas professoras com for-
mação pedagógica para leccionar o Ensino 
Básico, motivadas e interessadas por serem 
elas mesmas mães de crianças surdas, apesar 
de não terem formação específica.
· Identificação, disponibilização e adequação 
duma sala de aulas numa escola do Ensino 
Básico da Praia, para atendimento de dois 
pequenos grupos de crianças surdas. Teve-se 
em atenção, na adequação desses dois espa-
ços, que não fossem totalmente estanques (há 
possibilidade de circular entre ambos) de modo 
a permitir a colaboração e inter-ajuda entre as 
professoras, tendo em conta que nenhuma 
delas tem conhecimento da Língua Gestual.
nos surdos e do indivíduo surdo cabo-verdiano.
A leitura dos documentos disponibilizados 
sobre esta temática no âmbito deste curso de 
AEE confirma que para a criança surda e o indi-
víduo surdo no geral, o desenvolvimento duma 
língua gestual própria, ligada ao contexto e à 
sua própria cultura, que lhe permita comuni-
car, conhecer o mundo que a rodeia, aceder à 
educação, à formação profissional, aos bens e 
serviços, desenvolver a sua identidade, a sua 
auto-estima, o sentimento de pertença, é, antes 
de mais, umdireito humano que só se realizará 
se forem criadas as condições. 
As crianças surdas no nosso país, apesar 
de terem acesso às escolas, acabam por ser 
abandonadas, dado que estas não têm res-
postas para as suas necessidades específicas. 
Elas encontram-se dispersas pelas escolas 
regulares, frequentando salas de aula super-
lotadas com cerca de 37 crianças ouvintes, 
com as quais a criança surda não consegue 
comunicar (o mesmo acontecendo em relação 
aos professores), dado que não dispõem de um 
código comum de comunicação e assim não 
chegam sequer a completar a escolaridade 
básica obrigatória.
· Criar condições para o desenvolvimento e 
utilização da comunicação em Língua Gestual, 
como língua primeira da criança surda, possi-
bilitando-lhe alargar o seu pensamento e um 
melhor conhecimento do mundo que a cerca;
· Apoiar os professores do ensino regular na 
definição de estratégias, metodologias e recur-
sos que favorecem a implementação de práticas 
pedagógicas com vista ao atendimento dos 
alunos surdos; 
· Fazer o acompanhamento, avaliação e análise 
dos resultados alcançados, com vista a poder 
alargar a experiência a outras localidades e 
ilhas. 
metodologia
Este Plano de Acção diz respeito à criação de 
serviços de atendimento e apoios especializa-
dos, dirigidos ao grupo de alunos surdos iden-
tificados e respectivas professoras do ensino 
regular, visando minimizar as dificuldades que 
essas crianças enfrentam na sua integração 
escolar e sócio familiar, e contribuir para di-
namizar o desenvolvimento de metodologias 
de intervenção susceptíveis de responder às 
necessidades educativas específicas dos alu-104 105
planos de ação pedagógica planos de ação pedagógica
· Organização dos dois grupos de 10 a 11 crian-
ças cada, sendo um grupo da 1ª fase e outro da 
2ª fase do Ensino Básico, com problemas de au-
dição ou surdas - imperativo das características 
específicas deste público alvo - de acordo com a 
idade e os anos de escolaridade, ou seja, os anos 
de permanência na escola o que não corresponde 
necessariamente a conhecimentos adquiridos.
· Disponibilização de uma monitora da aadicd 
que já vem há cerca de quatro anos a trabalhar 
com este grupo de crianças surdas em horário 
contrário ao da escolarização regular, como 
forma de apoiá-las na comunicação gestual.
· Disponibilização de materiais didácticos em 
Língua Gestual Portuguesa (lgp) e equipamen-
tos informáticos e de apoio e tic’s que estas 
crianças têm vindo a utilizar na Associação 
de Apoio ao Desenvolvimento e Integração da 
Criança Deficiente (aadicd) – associação que 
tem vindo desde 2001 a organizar actividades 
de apoio dirigidas a essas crianças em horário 
contrário ao da escolarização regular e com o 
apoio durante 4/5 anos dum jovem surdo que 
fez a sua escolarização emlgp.
Pretende-se que as actividades ligadas à 
escolarização/aprendizagem se deem nos dois 
Gestual e a consciência sociocultural dos Surdos 
cabo-verdianos criadas;
· Professores, os pais, os encarregados e res-
ponsáveis de educação sensibilizados para as 
necessidades da criança surda;
· Resultados em nível da escolarização me-
lhorados.
pequenos grupos dos alunos surdos, mas par-
ticiparão no recreio, refeições, e actividades 
organizadas pela escola, juntamente com todas 
as outras crianças. O currículo seguido será o do 
ensino regular com as adaptações necessárias 
às características do nosso grupo alvo. 
Concretamente e tendo em atenção que a 
principal dificuldade com que a criança surda 
se defronta na sua escolarização/aprendiza-
gem tem a ver com a sua forma específica de 
comunicar, ao reunir o grupo de alunos sur-
dos num mesmo espaço, pretendemos criar 
as condições para que desenvolvam a sua 
forma própria de comunicar (a comunicação 
gestual), no sentido desta poder vir a evoluir 
para uma Língua Gestual cabo-verdiana, ligada 
ao contexto do nosso povo. Esta será assim 
uma experiência piloto a ser acompanhada e 
avaliada, com vista à sua implementação a 
outras localidades e concelhos. 
resultados esperados
· Sala criada e a funcionar;
· Responsáveis e professores sensibilizados 
e capacitados;
· Condições para o desenvolvimento da Língua 106 107
3
IMPRESSÕES ACERCA DO CURSO DE 
APERFEIÇOAMENTO EM ATENDIMENTO 
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO — 
CABO VERDE
Sandra Suzana Maximowitz Silva 
Cristiane Griebeler
ivemos em uma época que traz evidên-
cias de uma grande transformação na 
educação. Quando os gregos fundaram 
seus liceus (primeiras escolas), trouxe-
ram para nós o formato que hoje reproduzimos, 
com um professor e alunos dispostos em uma 
área específica para aprender o conteúdo dis-
ponível, herdado pela história da humanidade 
que, conforme a experiência, foi acrescentando 
elementos e complexidade a esse conteúdo. 
Agora, passamos a contar com uma instrumen-
tação que revoluciona essa dinâmica.
Ao longo da história, nossa espécie foi de-
senvolvendo conhecimentos que permitiram 
ampliar a visão humana e construir extensões 
da capacidade de perceber a natureza ao redor 
por meio de variados instrumentos, com apli-
cações nunca antes imaginadas, sendo a sua 
culminância desenvolvimentista no período 
que envolve a Revolução Industrial até nossos 
dias e para o futuro. Isso não garantiu, em 
princípio, a noção de que a sociedade possui a 
diversidade como uma característica inerente 
ao ser humano e grande responsável pelas 
diferenças que permeiam o interior das salas 
de aulas, as quais sempre tiveram dificuldades 
V
para alcançar a maioria de seus alunos com 
esse conteúdo adquirido pela história.
De qualquer forma, o desenvolvimento de ins-
trumentos apropriados ao contexto educacional 
acena para a possibilidade de alcançar toda e 
qualquer condição de aprendizado, desde que 
haja esforços para direcionar o uso adequado de 
cada um deles. Ou seja, a educação começa a as-
sumir uma condição diferente daquela começada 
pelos gregos e, traz hoje uma ampla capacidade 
de espaço, que consegue ultrapassar os limites 
geográficos das escolas e de suas dependências.
Foram vários séculos com a mesma estru-
tura de ensino, sempre centrada na figura de 
um professor, responsável pela mediação da 
cultura produzida para os alunos, dependentes 
da interpretação singularizada de seu mestre. 
Da mesma forma, o conhecimento armazenado 
e disposto em bibliotecas, para a consulta dos 
conteúdos adquiridos pela experiência, passa 
agora a contar com uma incrível capacidade 
de alcance. A televisão, quando foi idealizada, 
apontava para a mesma direção que a internet 
assume hoje, pois se visualizavam grandes 
aplicações pelo alcance que a palavra televi-
sionada poderia ter, levando educação para 
os recantos mais isolados da terra, o que de 
fato não se confirmou como uma metodologia 
eficiente aos propósitos institucionais.
Agora, começamos a compreender que, ape-
sar da instrumentação que alcançamos, foi 
preciso um avanço na forma de encarar a so-
ciedade e suas manifestações. É necessário 
repensarmos nossas relações de convivência 
e adaptarmos, não somente nossa configura-
ção arquitetônica, mas também nossa forma 
de ver o ser humano e, então, colocarmos em 
uso o que a internet possibilita agora. Fomos 
acostumados a pensar de forma compartimen-
tada, categorizando nosso meio, dividindo-o 
em hemisférios, fronteiras, etnias e, por fim, 
interesses individualistas que terminam por 
criar uma distância muito grande do contexto 
universalizado que tínhamos e não percebíamos.
A evolução, que está em marcha, demonstra 
o quanto é necessário um esforço de convi-
vência em um ambiente que preveja diferentes 
situações e condições humanas. Desse modo, 
esse esforço deve ultrapassar todas as barrei-
ras, sejam quais forem as dificuldades, apro-
ximando todos os países, pois os interesses 
e necessidades são os mesmos.110 111
Como referimos anteriormente, nossa visão de 
mundo se amplia a partir dos instrumentos que 
construímos e aperfeiçoamos com a experiência, 
portanto, precisamos colocar emação nosso 
potencial criativo e reconhecer a necessidade 
de nos envolvermos com a inclusão, paradigma 
que já vem trazendo grandes avanços culturais, 
desde que a roda pôs em marcha as populações 
humanas pelo mundo e conseguimos compre-
ender que estamos destinados a aprender e a 
buscar sentido para nossa existência.
Sendo assim, o principal desafio enfrentado 
pelo ensino a distância diz respeito à abscissa 
geográfica existente entre professor, tutor e 
alunos. Nesse sentido, ressaltamos a importân-
cia da diminuição desse fator e, utilizamos as 
tecnologias da informação e comunicação para 
estabelecer vínculos virtuais importantes para 
a exigência e motivação durante o processo de 
aprendizagem dos alunos.
Nessa concepção de educação a distância, 
os materiais e as estratégias de ensino são 
organizados pelo professor e cabe aos dois, 
professor e tutor, responder às dúvidas dos 
alunos. A metodologia utilizada durante esse 
curso de aperfeiçoamento em Atendimento 
Educacional Especializado foi basicamente 
a utilização das ferramentas disponíveis no 
ambiente virtual de aprendizagem plataforma 
E-proinfo como: bate-papo, fórum, diário de 
bordo, enquete e biblioteca, além de materiais 
e dúvidas enviadas por e-mail. Destacamos 
que as ferramentas de maior utilização foram: 
o fórum, bate-papo e e-mail.
Os encontros na sala de bate-papo foram 
organizados, principalmente, com discussões 
de casos apresentados pelos próprios alunos, 
nas quais foi possível evidenciarmos as dife-
renças existentes na educação cabo-verdiana 
em relação à brasileira. Essa sistemática foi 
fundamental, pois os educandos conseguiram 
fazer a transferência dos conteúdos estudados 
para seu ambiente de trabalho, oportunizando 
diversas discussões que tiveram continuidade 
nas escolas da região.
Nas atividades de fórum, foram disponibiliza-
dos questionamentos a respeito do material de 
cada módulo estudado, sempre considerando 
a realidade apresentada em Cabo Verde. 
Durante o curso, foi possível perceber o em-
penho dos alunos em realizar as atividades e 
a grande participação nas discussões on-line 
O Brasil, diante do novo cenário educacional, 
com a internet como veículo de informações e 
a compreensão da congruência das ações hu-
manas, está colocando em prática estratégias 
que visam consolidar esse novo paradigma 
e os cursos a distância, com um conteúdo 
próprio para estimular a conscientização da 
diversidade, vêm construindo um novo sistema 
de ensino, começando por construir a inclusão 
de pessoas com necessidades educacionais 
especiais, culminando com uma nova socieda-
de, capaz de compreender e tentar satisfazer 
qualquer condição humana.
Essa tendência, caracterizada pela comuni-
cação em tempo real entre pessoas situadas 
a uma grande distância geográfica um do 
outro, vem se fortalecendo. Cada vez mais 
os professores estão se conscientizando da 
necessidade de buscarem conhecimento, pes-
quisarem e ajudarem a desvelar os mistérios 
que ainda estão aguardando nossa investida. 
Uma sociedade evolui na medida em que 
diversifica contatos e experiências. Nesse 
sentido, a internet assume grande parte da 
responsabilidade de possibilitar essa troca 
entre as mais diferentes culturas do planeta.
Quando percebemos esse potencial criador 
e aplicamos os conhecimentos em uma es-
fera comum de convivência, alcançamos um 
ritmo de desenvolvimento em que todas as 
pessoas se beneficiam e a inclusão assume 
os contornos de que precisamos. Será em 
um ambiente de colaboração entre culturas 
que alcançaremos nossas metas de inclu-
são, e para isso, a escolha deve ser nossa. 
Podemos nos envolver diretamente, acelerar 
essa transformação e buscarmos parcerias 
como, por exemplo, a que está ocorrendo 
entre Brasil e Cabo Verde. Os países estão 
separados por um oceano, mas engajados 
em um mesmo objetivo, por meio do curso de 
extensão a distância da Universidade Federal 
de Santa Maria, que visa ao aperfeiçoamento 
de professores no que tange ao Atendimento 
Educacional Especializado–aee.
O curso a distância de formação de profes-
sores para o Atendimento Educacional Especia-
lizado coloca em movimento um instrumental 
imprescindível a novas possibilidades inclusi-
vas, pois envolve uma gama de conhecimentos 
de autores que já produziram alternativas 
educacionais reconhecidas pela pedagogia.112 113
na ferramenta de bate-papo. Acreditamos com 
isso, termos conseguido motivar e dar suporte 
teórico e político suficiente para que esses pro-
fessores deem continuidade ao processo inicial 
em seu país, fortalecendo a corrente em favor 
da inclusão educacional e social das pessoas 
com necessidades especiais.
Como forma de garantir um melhor aprovei-
tamento teórico, foram realizadas aulas ao vivo 
no final de cada módulo. Nessa atividade, os 
professores responsáveis pela elaboração do 
material aprofundaram o conteúdo proposto, 
estabeleceram relações teóricas e práticas e 
interagiram com os alunos esclarecendo muitas 
dúvidas, pois como já colocamos anteriormente, 
a inclusão dos alunos com necessidades espe-
ciais está na sua fase inicial em Cabo Verde.
Cabe destacar também que a ligação existen-
te entre alunos, professora e tutora ultrapassou 
as barreiras de um ambiente de aprendizagem 
específico, como é o e-proinfo, estabelecendo 
contatos, utilizando outros meios de comunica-
ção virtual, como as redes sociais que também 
podem ser utilizadas para a aprendizagem 
e ensino. Isso ocorreu mesmo depois do en-
cerramento do curso, esclarecendodúvidas e 
auxiliando os alunos em tudo que estava ao 
nosso alcance, sendo esse um dos pedidos 
dos alunos para que tenhamos esse vínculo, 
mesmo que virtual, para sempre.
Como atividade finalizadora do curso, soli-
citamos que os educandos não só elaboras-
sem um relato documentado sobre as suas 
impressões acerca dos módulos estudados, 
como também a apresentassem sua trajetória 
acadêmica, colocando as experiências e inten-
ções de continuidade do trabalho nas escolas 
cabo-verdianas. Os trabalhos finais somam 14 
relatos que serão apresentados a seguir, em 
ordem alfabética de autoria. Cabe ressaltarmos 
que a língua utilizada na construção dos relatos 
foi a língua oficial do país: o Português.
relato 1 
relato documentado sobre a aplica-
bilidade do curso aee na cidade de 
nova sintra, ilha brava , cabo verde
Autor: Alfredo Gomes
No mundo atual, a carreira docente é cada vez 
mais exigente, pela dinâmica do desenvolvimen-
to verificado e pela necessidade de responder-
mos positivamente as questões que a mesma 
nos coloca. Este facto empurra o professor para 
uma reciclagem contínua, buscando permanen-
temente conhecimentos, em vários domínios 
do saber, através da auto-formação e formação 
constante. Por outro lado, a política da educação 
inclusiva trouxe novas ambições e aspirações 
para o sistema de ensino, trazendo para dentro 
dele todos os alunos, independentemente da 
sua condição física, mental ou intelectual, com 
deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
mento ou altas habilidades/superdotação. 
Dado as fragilidades em responder os desa-
fios que a educação inclusiva se coloca na ilha 
Brava, tendo alunos com diversas característi-
cas nas salas de aula, com necessidades de um 
atendimento educacional especializado e no 
intuito de ajudar aqueles que muito precisam, 
para que todos tenham uma integração possível 
no seu meio social, sendo felizes, decidi fazer 
parte dos formandos do curso aee.
Nesta mesma linha de pensamento, já par-
ticipei em algumas acções de formação no 
domínio de Braille, orientação e mobilidade, 
surdez e multideficiência.
Aqui na ilha, ainda a título voluntário, de-
sempenho a função de coordenador de um 
núcleo de educação inclusiva, que envolve 
todos os subsistemas de ensino existentes 
na ilha. Portanto a necessidade e o desejo de 
conhecer mais para melhor contribuir constitui 
um grande objectivo para mim. Estou numa 
ilha com uma população de aproximadamente 
6.000 habitantes. 
Infelizmenteainda a Brava não dispõe de 
sala de recursos, para atendimento educacio-
nal especializado. Os professores não dispõem 
os relatos dos alunos
114 115
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Já estamos trabalhando na organização dos 
dossies dos alunos que possuem Necessida-
des Educacionais Especiais– nee, no intuito de 
ter, para cada um, o estudo de caso, identificar 
suas potencialidades e limitações, analizar as 
progressões comparativamente ao programa 
de ensino e criar um plano de intervensão 
conjunta, com a participação do professor 
regular, dos elementos do núcleo da Ilha, 
dos coordenadores pedagógicos e também 
da família. Já dialogamos com a Delegação 
escolar no sentido de criação de uma sala de 
recursos. Estamos a trabalhar no sentido de 
sensiblizar parcerias para apoiar no processo 
de ensino e aprendizagem. Prevemos a so-
cialização dos módulos com o Núcleo da Ilha 
e com a equipa de coordenação pedagógica. 
Prevemos ainda formação aos professores 
que leccionam alunos com nee.
relato 2 
relato documentado sobre a 
aplicabilidade do curso aee na 
cidade de praia — cabo verde 
deficiencia auditiva em cabo verde
Autora: Danisa Cristina Carvalho Lucas Araujo Rocha
Eu fui convidada pela instituição onde 
trabalho para participar no curso tendo em 
conta que a minha formação é de Psicologia 
de Educação, trabalho como psicóloga nesta 
mesma instituição. O objectivo da instituição 
é responder as demandas do Ministério da 
Educação e sociedade em geral no que diz res-
peito à inclusão de alunos com necessidades 
educativas especiais no ensino. Participei de 
uma formação, com a duração de uma semana, 
sobre a deficiência visual que foi dada para os 
professores que iriam dar aulas aos alunos 
invisuais com um invisual que veio da cidade 
da Praia. Este professor já fez lilcenciatura 
em sociologia e é o presidente da associação 
dos deficientes visuais em Cabo Verde. Foi nos 
ensinado a escrever e a ler Braille. 
Esta formação tinha como objectivo capaci-
tar os professores a trabalhar com alunos com 
deficiência visual, como: elaborar e corrigir tes-
tes, as características de um deficiente visual, 
como lidar com eles numa sala com alunos sem 
nenhuma deficiência. Na minha formação tive 
uma disciplina denominada de Necessidades 
Educativas Especiais onde foram abordados 
todos os temas desta formação e mais alguma 
de conhecimentos adequados para trabalha-
rem com esses alunos. Por esta razão, muitos 
desses alunos encontram-se na sala apenas 
para socialização. De referir que muitos estão 
no terceiro ou quarto anos de escolaridade, sem 
bases do primeiro ano. Salientamos ainda a 
existência de muitos adultos ou adolescentes 
analfabetos por causa da sua deficiência.
Participar do curso aee foi bastante impor-
tante e proveitoso. Aprendi muita coisa nos dez 
módulos estudados, com a participação nos 
bate-papos e aulas ao vivo e principalmente na 
interação com os colegas, através das contri-
buições e comentários. Além de conhecimen-
tos importantes, ganhei mais sensibilidade e 
motivação para trabalhar com casos de nee, 
pesquisando e procurando parcerias. 
Dos módulos do curso estudados ficou claro 
os seguintes aspectos:
· Todo aluno aprende independentemente da 
sua condição. Basta estudar e proporcionar-lhes 
acessibilidades;
· A existência de uma sala de recursos multifun-
cional (espaço físico, mobiliários, materiais didá-
ticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade 
e equipamentos específicos) é indispensável; 
· Quanto mais cedo for a identificação do pro-
blema, melhor será o atendimento;
· A matrícula dos alunos no aee está condicio-
nada à matrícula no ensino regular da própria 
escola ou de outra escola;
· Do plano do aee deve constar a identificação 
das necessidades educacionais específicas dos 
alunos, definição dos recursos necessários e 
das atividades a serem desenvolvidas e o cro-
nograma de atendimento dos alunos; 
· Disponibilidade de um professor para o 
exercício do aee; 
· Estabelecimento de parcerias com profis-
sionais da educação (tradutor e intérprete da 
Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e 
outros que atuam no apoio às atividades de 
alimentação, higiene e locomoção); 
· Articulação entre professores do aee e os 
do ensino comum; 
· Dinamização de redes de apoio: no âmbito da 
atuação intersetorial, da formação docente, do 
acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre 
outros que contribuam para a realização do aee. 
Neste momento considero melhor preparado 
para desempenhar as minhas funções como 
coordenador do núcleo da Educação Inclusiva. 116 117
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Visual, Deficiência Auditiva, Deficiência Física, 
Deficiência Mental, Surdocego, Transtornos 
Globais e Altas Habilidades/Superdotação 
são importantes para o meu trabalho, sendo 
psicóloga de uma escola, que está interessada 
e preocupada com a questão da inclusão. Eu 
sempre me identifiquei mais com a deficien-
cia visual, mas irei falar sobre a deficiência 
auditiva. Não sei até que ponto a deficiência 
auditiva será viável para o futuro na minha 
escola, porque já temos uma sala de alunos 
surdos aqui em São Vicente que estudam o 
ensino básico com uma professora ouvinte. 
Antes desta formação eu era contra os alunos 
surdos estarem numa sala só de surdos porque 
achava que isto era uma exclusão e não uma in-
clusão. Com o módulo sobre deficiência auditiva 
mudei a minha opinião em relação á inclusão dos 
surdos. Os alunos surdos devem participar de 
uma sala de estimulação, onde devem adquirir 
sua língua, mas posteriormente, devem ser inclu-
ídos nas salas regulares e receber o atendimento 
educacional em sala de recursos no contra turno. 
A surdez constitui uma diferença que deve ser 
reconhecida, é uma identidade múltipla que se 
gesta e se constrói nas vivências quotidianas das 
comunidades surdas e principalmente a surdez 
constitui uma experiência efectivamente visual. 
Nessa perspectiva, o sujeito surdo apresenta 
uma diferença sociolinguística, ou seja, ele inte-
rage com o mundo a partir de uma experiência 
visual. Todas as suas construções mentais se 
dão pelo canal espaço-visual mediado pelo seu 
instrumento natural de comunicação: a língua de 
sinais e a língua escrita. Ao compartilharem uma 
língua comum, os surdos passam a se reconhecer 
como membros de uma comunidade singular. 
O contacto com o mundo, a interacção com 
o meio para os surdos se constrói a partir do 
canal viso-manual, e não através da oralização. 
Esse fato está directamente ligado a constru-
ção cultural A educação bilíngüe é um direito 
daqueles que utilizam uma língua diferente da 
língua oficial do país, de serem educados na 
sua língua. Em relação aos estudantes surdos, 
a instrução e o ensino da língua de sinais dos 
alunos surdos, e da língua portuguesa devem 
estar presentes no contexto escolar. 
Neste sentido ainda Cabo Verde está a en-
frentar várias dificuldades e precisamos de uma 
solução urgente para estes alunos e muitos 
que ainda virão porque acho que são muitos 
coisa. Esta disciplina teve a duração de dois 
anos a minha professora foi uma cubana. 
A instituição onde trabalho – Escola Secundá-
ria Jorge Barbosa - é uma escola secundária que 
começa no 7º ano até o 12º ano de escolaridade 
na cidade do Mindelo. Não tem uma sala de 
recursos, mas sim um gabinete de psicologia e 
Orientação Escolar e Profissional, onde trabalha 
duas psicólogas (eu e outra colega), aborda-
mos alunos não com necessidades educativas 
especiais, mas sim alunos com dificuldades de 
aprendizagem e problemas de comportamento 
como também fazemos orientação escolar e 
profissional aos alunos do 10º e 12º ano para 
ajudá-los na escolha de suas profissões. Temos 
também alunos que procuram o gabinete para 
desabafar ou tirar dúvidas sobre suas vidas 
pessoais (problemas familiares, em nível da 
sexualidade, de adaptação). 
Normalmente são os diretores de turmas que 
enviam os alunos para o gabinete a pedido deles 
mesmosou dos pais, ou também dos professores. 
O gabinete tem vindo a adquirir alguns materiais 
gradualmente como testes para avaliação ou 
para intervenção com os alunos, alguns livros e 
computador normal. Mas a escola possui alguns 
equipamentos para os alunos invisuais como má-
quina de escrever Braille, impressora de Braille, 
soroban, pauta e punção, caneta para escrever 
em relevo, programas de computador para os 
invisuais. A escola também possui uma rampa 
para os alunos com deficiência motora ou fisica. 
Foi a primeira escola secundária a receber 
alunos com necessidades educativas especiais, 
começou com um aluno com deficiência visual, 
ao dar entrada na secretaria dos seus documen-
tos a secretária teve que telefonar ao diretor da 
escola para perguntar se podiam tomar a matrí-
cula por ser um aluno com deficiência visual (se-
gundo relato do próprio director da escola) e ele 
resolveu tomar o aluno como sendo um desafio 
para a escola e desde então tem movido todos 
os esforços para que o aluno se sinta incluído 
nesta escola com formações, aquisição de ma-
teriais. Este aluno neste momento se encontra 
no 10º ano de escolaridade com boas notas, é 
apreciado pelos colegas e professores. Depois 
foi a vez de um aluno da ilha de Santo Antão que 
foi rejeitado pelas escolas da ilha e encontrou 
como opção a nossa escola.
Todos os módulos estudados: Educação á 
Distância, Tecnologias Assistivas, Deficiência 118 119
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
impotentes, pois, faltam-nos estratégias apro-
priadas que nos permitam responder, por um 
lado, às necessidades identificadas, e por ou-
tro, proporcionar um ensino de qualidade às 
crianças com nee. 
Com a formação já posso ajudá-los através 
dos professores do ensino comum, dando o 
meu apoio, ajudando a encontrar estratégias 
e a elaborar materiais pedagógicos adequados 
às necessidades específicas dos mesmos. Sin-
to que já posso intervir o mais cedo possível 
ajudando os professores a proporcionar um 
ensino individualizado, aceitar as diferenças 
dos alunos com necessidades especiais, a va-
lorizar aquilo que essas crianças são capazes 
de fazer e a respeitar o seu ritmo de apren-
dizagem. Muitas vezes são essas pequenas 
coisas que nos faltam, para fazer um trabalho 
de qualidade com as nossas crianças especiais. 
Promover as condições para a inclusão dos 
alunos com necessidades especiais em todas 
as actividades da escola.
E de realçar que, a participação no cur-
so, contribui para desenvolver em mim maior 
expectativa da pedagogia centrada na crian-
ça com necessidades especiais, visto que já 
trabalhamos com a pedagogia centrada nos 
alunos ”ditos normais”, mas muitas vezes não 
sabemos como enquadrar os alunos com nee. 
Este curso veio trazer um conjunto de co-
nhecimentos técnicos, que na prática visa 
preparar cada um de nós formandos, para 
desenvolver um trabalho conjunto, com os 
demais envolvidos nesse processo que é a 
educação e desenvolvimento das crianças 
em geral. As nossas práticas pedagógicas 
necessitam de ser mais valorizadas: não so-
mente a zona de desenvolvimento proximal; 
não valorizar só o que o aluno consegue fazer, 
mas acima de tudo como ele consegue chegar 
ao resultado. Também orientar as famílias para 
o seu envolvimento e a sua participação no 
processo educativo.
Ao longo dos anos já participei em alguns 
encontros de sensibilização e reflexões, so-
bre a educação especial/inclusiva. Em 2006 
participei numa formação sobre “Orientação e 
mobilidade” e “Sistema Braille integral e Códi-
go Matemático Unificado” com professores do 
Brasil. Com a formação “Orientação e mobili-
dade” ficamos a saber que o conhecimento é 
indispensável para a conquista da autonomia e 
os alunos surdos em São Vicente e Cabo Verde 
em geral. É neste sentido que este módulo me 
chamou atenção e também é um tema vasto 
e que precisa ser trabalhado, pois já estamos 
a dar largos passos para a sua concretização, 
primeiro com a sala de surdos e depois com 
esta formação, estamos a caminhar bem. 
A primeira coisa que eu acho que deverá ser 
feito é uma apresentação dos módulos á nossa 
instituição (escola onde trabalhamos), para uma 
divulgação e conscencialização da importancia 
da inclusão das crianças com necessidades 
educativas especiais numa escola regular. 
Depois de abranger e profissionalizar os co-
nhecimentos com formações específicas sobre 
cada uma das áreas ou deficiências; elaborar 
projectos com o apoio da sala de recursos para 
trabalhar com as crianças com necessidades 
educativas especiais; trabalhar com os pais 
encarregados de educação afim de conscientizá-
los para inclusão das crianças em escolas regu-
lares, apoiá-los promovendo esclarecimentos 
sobre as deficiências dos filhos, como podem 
ajudar os filhos no sentido de uma inclusão em 
todos os níveis; trabalhar com a equipa da sala 
de recursos com intuito de apoiá-los na tarefa de 
trabalhar com as crianças deficiências, ajudá-
los na elaboração de materiais para a sala de 
recursos e não só, visto que a maior queixa da 
sala de recursos é a falta de meios ou recursos 
materiais para trabalhar com os alunos. 
Também visitar a sala de recursos daqui de 
São Vicente apeá-los no que for preciso; esti-
mular a associação dos invisuais que também 
existe aqui em São Vicente para participar nos 
seus projectos e programas e tentar levar para 
os colegas de trabalhos para sensibilização e 
aperfeiçoamento dos conhecimentos; colocar 
como actividade extracurricular dos alunos de 
psicologia: visitas, entrevistas as associações 
já referidas para trabalhos posteriores com o 
objectivo de levá-los a se interessarem na ajuda 
de pessoas com deficiências em vez de estarem 
a fazer deles motivos de troça.
relato 3 
aplicabilidade do curso aee na cidade 
de ribeira grande — santo antão
Autora: Elisabete Santos
Sempre que deparamos com casos novos de 
deficiências nas nossas escolas, sentimo-nos 120 121
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
O processo de aprendizagem de alunos ce-
gos se desenvolve por meio da utilização dos 
sentidos restantes e utilizar o Sistema Braille 
como meio de comunicação escrita, enquanto 
que para os alunos com baixa visão o processo 
educativo se dá por meio visual, utilizando os 
recursos específicos.
O atendimento educacional especializado 
possibilita o desenvolvimento das actividades 
mais simples e de interacção com o mundo. Há 
algumas actividades que precisam ser ensina-
das para que possam estabelecer relações com 
o meio e aprender formas, tamanho, posição e 
localização de objectos. 
O nosso grande desafio é garantir o acesso 
e principalmente a permanência dos alunos es-
peciais na escola. O curso aee possibilitou-nos 
a formação dos alunos especiais e ajudá-los a 
atingir vários objectivos ao longo dos tempos. 
Um dos objectivos é o de buscar a autonomia 
na escola e fora dela, visando assim, à melhoria 
da qualidade das respostas educativas que a 
escola pode oferecer, facilitando assim o pro-
cesso ensino-aprendizagem. 
Tenho a consciência que na escola e na nossa 
sociedade educativa muitas coisas precisam 
ser reformuladas e pensadas com carinho. Já 
melhoramos no planejamento das aulas, as prá-
ticas pedagógicas, os processos de avaliação, 
entre outros. Temos feito algumas discussões 
e reflexões com professores afectos a turma, 
gestores e toda a comunidade educativa con-
forme o caso, para o bem dos nossos alunos 
com necessidades especiais.
É urgente incutir na nossa sociedade em geral, 
que é preciso mudar a postura e aceitar o aluno 
com necessidades especiais, acreditando nele 
e em seu potencial. Conforme for a realidade 
e a necessidade de cada escola, teremos que 
realizar mais palestras, organizar um programa 
de apoio às necessidades educacionais espe-
ciais do aluno, fazer com que a escola ofereça 
actividades onde ele possa adquirir hábitos 
da vida diária e encontros periódicos com os 
professores que trabalham com as crianças 
especiais. Também estar mais perto dasfamí-
lias, motivando-as a colaborar e a participar 
na vida educativa dos filhos, de forma que sua 
intervenção seja segura e eficaz.
consequentemente a independência e inclusão 
do deficiente visual na escola e na sociedade. 
Em encontros de reflexões chegamos a 
conclusão que devemos promover uma escola 
para todos, devemos educar para a diversi-
dade. Os encontros/formações foram quase 
todas direccionadas a promoção da educação 
inclusiva em Cabo Verde. Também sensibilizar 
para a mudança de opinião e para a constru-
ção de consensos. Sabemos que a educação 
inclusiva não acontece de um dia par o outro, 
requer um processo de mudança de conceito. 
Os módulos estudados foram de alta qua-
lidade, porque os autores dos mesmos pri-
vilegiaram-nos com a possibilidade de num 
tempo restrito, serem obtidas informações 
significativas para a compreensão daquilo 
que estava em estudo. Todos os módulos são 
de extrema importância para o nosso dia-a-
dia com as crianças especiais.
Entretanto, identifiquei-me mais com o 
módulo vi (atendimento educacional especia-
lizado para alunos cegos e com baixa visão). 
“A audição e o tacto são os principais canais 
de informação utilizados pelas pessoas ce-
gas.” Acho fascinante aprender através dos 
outros sentidos, dando significado a toda 
a informação recebida através da audição, 
do tacto e dos resíduos visuais, sempre que 
existam. No que diz respeito à educação das 
crianças cegas, a criação de situações que 
estimulem a curiosidade, a possibilidade de 
exploração do ambiente e a interacção com 
os outros. 
Alunos cegos devem desenvolver a formação 
de hábitos e de postura, destreza táctil, o senti-
do de orientação, esquemas e critérios de ordem 
e organização, o reconhecimento de desenhos, 
gráficos, diagramas, mapas e maquetes em re-
levo, dentre outras habilidades. As estratégias 
de aprendizagem, os procedimentos, o acesso 
ao conhecimento e à informação, bem como os 
instrumentos de avaliação, devem ser adequa-
dos às condições visuais destes educandos. 
Segundo o módulo estudado sobre as activi-
dades pedagógicas e estratégias de aprendiza-
gem, o atendimento as necessidades educativas 
das crianças cegas, inclui variedade de expe-
riências, formação de conceitos, orientação e 
mobilidade, interação com o ambiente e acesso 
a informações imprensas em Braille, em carac-
teres ampliados e outros.122 123
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
professores; e ainda como não podia deixar 
de ser, falamos da nossa realidade que a bem 
pouco tempo tinha tido uma grande mudança 
positiva e que ia de encontro com as directrizes 
da Unesco e Convenção de Salamanca.
Lecciono a disciplina de Língua Inglesa na 
escola Secundária Jorge Barbosa, níveis iii e iv, 
9º e 10º ano respectivamente, tenho cerca de 180 
alunos divididos em 6 turmas das quais tenho 
uma do 9º ano onde está incluído um aluno invi-
sual e mais outros 32 alunos, e outra do 10º ano 
onde está incluído outro aluno invisual com mais 
27 alunos. A escola possui no total 2.020 alunos.
No decorrer do curso, foram estudados 10 
Módulos pela seguinte ordem: Educação à Dis-
tância, Atendimento Educacional Especializado, 
Tecnologia Assistitiva, Atendimento Educacional 
para Alunos com Deficiência Física, Atendimento 
Educacional para Alunos com Deficiência Mental, 
Atendimento Educacional para Alunos Cegos 
e com Baixa Visão, Atendimento Educacional 
para Alunos Surdos, a Educação Especial na 
Perspectiva da Inclusão Escolar Surdocegueira 
e Deficiências Múltiplas, Transtornos Globais do 
Desenvolvimento e Atendimento Educacional 
para Alunos com Altas Habilidades/Superdop-
tação. Sou da opinião que todos os módulos 
são extremamente abrangentes, mas claro há 
aqueles que nos chamem mais atenção.
Portanto, o módulo que houve maior identi-
ficação, utilidade ou viabilidade de aplicação 
em decorrência das minhas actividades actuais 
foi o Módulo vi, Atendimento Educacional Para 
Alunos Cegos e Com Baixa Visão, devido a ne-
cessidade em alargar os meus conhecimentos 
neste campo, o que me fez compreender que 
no nosso dia-a-dia temos uma infinidade de 
estímulos visuais, daí a designação da nossa 
sociedade como sendo “visiocentrista”, isto é, 
a visão ocupa o topo dos sentidos e o centro 
das atenções e dos sistemas de expressão e 
comunicação humana, assim sendo na escola 
não podia ser diferente. 
Estas referências visuais estão presentes na 
fala, no material impresso, nas metodologias, 
actividades, tarefas e em outros aspectos da 
organização do trabalho pedagógico, o que nos 
leva a crer que a fala e os sons por si só podem 
ter pouco sentido, ganhando o contacto físico 
grande expressividade, logo a falta de visão 
deixa um vazio a ser preenchido com outras 
modalidades da percepção nomeadamente a 
relato 4 
relato documentado sobre a aplica-
bilidade do curso atendimento edu-
cacional especializado na cidade do 
mindelo, são vicente — cabo verde
Autor: Gilson Spencer Brito Lopes
Com o presente curso penso estar mais ha-
bilitado para leccionar, compreender alunos 
que tenham qualquer necessidade educativa 
especial, trabalhar como professor na sala de 
recursos, socializar e compartilhar com cole-
gas as minhas experiências vivenciadas e/ou 
debatidas ao longo do curso e soluciona-las da 
melhor maneira possível.
A minha primeira experiência nessa área 
ocorreu em Setembro de 2007, quando um 
aluno invisual iniciou os seus estudos na escola 
onde lecciono. Foi-nos ministrada uma acção 
de capacitação em Braille pelo Dr. Manuel Julio 
Rosa, que é invisual, e pela professora Hiron-
dina que também é especialista, licenciada na 
área e professora da sala de recursos de São 
Vicente, promovida pela Escola secundaria 
Jorge Barbosa e financiada pelo Ministério da 
educação. Dois anos depois, foi feita outra 
acção de capacitação para outros colegas que 
iniciariam o seu trabalho com um novo aluno, 
também invisual, da qual participei com o ob-
jectivo de reciclar. 
Nessa formação iniciamos com um breve en-
quadramento histórico, distinguimos os concei-
tos de segregação, integração e inclusão, foi-nos 
dada uma noção de Atendimento Educacional 
Especializado importante porque eliminou a 
ideia de que este só se direcciona a crianças com 
deficiências, elucidando-nos e acrescentando 
que também se focaliza a crianças ditas super-
dotadas ou com altas habilidades. Aprendi que 
a inclusão dos alunos com necessidades edu-
cativas especiais tem muito a ver com a família, 
os professores e colegas que desempenham 
um papel muito importante na socialização do 
indivíduo no que respeita a família designada 
de socialização primária, e na escola, ou seja, 
com os professores, colegas e vizinhos, aquela 
denominada de socialização secundária. 
Fizemos uma introdução ao Braille e aos 
materiais utilizados por esses alunos; alguma 
consideração pedagógica que devemos ter 
em conta, esta que apresentava-se como a 
grande preocupação da grande maioria dos 124 125
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
relato 5 
apresentação do trabalho final 
do curso relato documentado sobre 
a aplicablidade do curso aee na cidade 
da praia
Autor: José Carlos M. de Pina
Eu, José Carlos M. de Pina, Professor do Ensino 
Básico já há 17 anos, em Cabo Verde, na Ilha do 
Fogo, Concelho dos Mosteiros e há quatro anos 
desempenhando as funções do Coordenador 
Pedagógico, neste mesmo Concelho.
Devo salientar que já passei por várias ac-
ções de formação, entre as quais na área de 
educação especial por uma semana, junto de 
alguns colegas Professores, em particular na 
área de deficiência visual em que o formador foi 
um sociólogo de nome Manuel Julio que reside 
na cidade da Praia, actualmente presidente da 
Escola dos deficientes visuais na mesma cida-
de. Todos nós os formandos congratulamo-nos 
com a forma como foi ministrada a formação 
uma vez que nós enriquecemos os nossos 
conhecimentos científicos e pedagógicos na 
área de Educação Visual embora esta formação 
decorresse num curto espaçode tempo. 
No mês de Setembro foi assinada uma par-
ceria entre o Ministério da Educação de Cabo 
Verde e a Universidade Federal de Santa Maria 
(Brasil)para a promoção de um curso no âmbito 
das necessidades educativas especiais em vá-
rias áreas, curso esse que teve início no mês de 
Setembro de 2011 até a presente data.
A referida formação é ministrada em duas 
vertentes, presencial e a distância, em que 
esta foi orientada através do ambiente virtu-
al, tendo em conta, aula ao vivo, bate papo e 
estudos de dez Módulos.
Quanto a realidade educacional da cidade 
devo frisar que nela se encontra inseridos todo 
os subsistemas educativos a funcionar, inclu-
sive uma sala de recursos que foi visitada por 
nós os formandos, a referida sala é equipada 
por materiais didácticos e é frequentada dia-
riamente por alguns alunos da cidade.
Há vários estabelecimentos do ensino pré-
escolar, vários Pólos Educativos do Ensino 
Básico espalhados por todos os Bairros desta 
cidade, vários estabelecimentos do ensino se-
cundário, Escola dos deficientes visuais e quatro 
universidades entre públicas e privadas, para 
além de centro de formação dos Professores 
audição e o tacto. O professor que tem alunos 
invisuais na sala deve ter sempre isso em conta.
Nesse módulo foram destacados vários as-
pectos extremamente importantes como: a visão 
ou falta dela, cegueira congénita e cegueira ad-
quirida, formação de conceitos e representações 
mentais, actividades pedagógicas de aprendiza-
gem em que se destaca o desenvolvimento da 
formação de hábitos e de postura, destreza táctil, 
o sentido de orientação, esquemas e critérios de 
ordem e organização, o reconhecimento de de-
senhos, gráficos, diagramas, mapas e maquetes 
em relevo entre outras habilidades, por exemplo, 
quanto à disciplina que lecciono, Língua Ingle-
sa, sei que devo priorizar a conversação em 
detrimento de recursos didácticos visuais que 
devem ser explicados verbalmente, entender a 
baixa visão, como fazer uma avaliação funcional 
da visão, da acuidade visual, do campo visual, 
eficiência ou desempenho visual, bem como 
os recursos ópticos e não ópticos, também há 
uma exposição sobre o sistema Braille, dados 
históricos, o alfabeto Braille, a escrita Braille, a 
leitura táctil, Braille virtual e a produção Braille, 
e ainda orientação e mobilidade bem como os 
recursos tecnológicos que revelaram ser muito 
úteis, visto que os meios informáticos ampliam 
as possibilidades de comunicação, de acesso ao 
conhecimento e de autonomia pessoal. 
Porém às vezes pouco acessíveis principal-
mente junto da nossa comunidade onde os re-
cursos são parcos, e por último, convém destacar 
a adaptação de materiais que surge então como 
a solução mais viável em muitas circunstâncias, 
como os modelos e maquetes que efectivamente 
nos dão a noção e os conceitos relacionados, 
por exemplo, com os acidentes geográficos, ao 
sistema planetário e aos fenómenos da natureza 
que podem ser compreendidos e assimilados, os 
mapas que podem ser representados em relevo e 
o sorobã na realização de cálculos matemáticos.
Em suma o curso superou todas as minhas 
expectativas. E se eventualmente tiver a oportu-
nidade de fazer outra formação ou então um mes-
trado na área o faria sem receio nenhum e fico 
aguardando ansiosamente esta oportunidade.
Pretendo se houver oportunidade, cooperar 
ou trabalhar como professor na sala de recursos, 
já que infelizmente a minha escola não possui 
uma ainda. Com certeza irei socializar e com-
partilhar com colegas as minhas experiências 
vivenciadas e/ou debatidas ao longo do curso.126 127
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
fas do quotidiano escolar como, escrever, 
apagar, manejar cadernos e livros, pintar, 
recortar e colar. Além do outros que são 
adequados a condição do aluno (bersch; 
machado, 2011).
Nesta unidade há uma descrição dos diferen-
tes materiais pedagógicos que valorizam dife-
rentes habilidades, recursos de acessibilidade 
ao computador e descrição respectivamente. 
Refere ainda a Comunicação Aumentativa e 
Alternativa que é destinada a atender pessoas 
sem fala ou escrita funcional ou com dificulda-
des entre sua necessidade comunicativa e sua 
habilidade em falar e/ou escrever.
É de salientar que a partir de momento que 
eu comecei a ler o módulo já supracitado (Tec-
nologia Assistiva) acompanhado de aula ao 
vivo e bate papo, fiquei a pensar na viabilidade 
de aplicação desta tecnologia nas Escolas do 
meu Concelho “Mosteiros – Cabo Verde”, uma 
vez que existem algumas crianças que estão no 
sistema que precisam receber um atendimento 
especial no decorrer da Aprendizagem.
Eu e a minha colega “Manuela” que foi con-
templada também com esta formação partilha-
mos muitas impressões acerca da viabilidade 
da aplicação dos módulos já estudados. Pas-
samos por algumas escolas do nosso Concelho, 
fizemos levantamento de crianças com nee e 
conseguimos multiplicar alguns conhecimentos 
junto dos nossos colegas professores no que 
concerne ao atendimento das crianças com 
necessidades educativas especiais.
Quanto a tecnologia Assistiva já estou a ela-
borar um projecto no sentido de dar algumas 
acções de formação relacionada com os conte-
údos que estão no módulo, sem desconsiderar 
a importância dos outros módulos. 
E quanto a sala de recursos no nosso Con-
celho ainda não é uma realidade, o que às 
vezes dificulta-nos bastante no atendimento 
individualizado, pelo que estamos a contar com 
este espaço a partir do início do próximo ano 
lectivo, e se assim for de certeza, as crianças 
portadoras de deficiências terão maior oportu-
nidade de serem atendidas.
Em suma devo salientar que esta formação 
para mim valeu a pena e foi muito frutífera, 
veio me ajudar a enfrentar os novos desafios 
que a educação nos impõe, através da qual 
adquiri um leque de conhecimentos científicos e 
do Ensino Básico que a partir do próximo ano 
será transformado num centro universitário.
Quanto aos recursos materias e humanos devo 
frisar que há uma disparidade entre as escolas 
desta cidade em todos os subsistemas de ensino, 
isto é, há umas que estão bem apetrechadas, 
com materiais didácticos que permitam uma 
aprendizagem sólida, ambiente físico da Escola 
motivante, abundância de mobiliários e recursos 
humanos todos ou maioria com formação aca-
démica e profissional qualificada, há uma forte 
presença e participação de pais e encarregados 
de educação, participam na programação e 
implementação das actividades levadas a cabo 
por todos os subsistemas educativos, mas, há 
outras Escolas que continuam com insuficiência 
de materiais didácticos, bem como falta de pro-
fessores qualificados e condições físicas pouco 
motivantes para a aprendizagem, em que a pre-
sença e participação dos pais e encarregados 
de educação é muito fraca o que condiciona um 
bom aproveitamento e boa imagem das escolas. 
É de salientar que durante a formação tivemos 
a oportunidade de estudar 10 Módulos, em que 
em cada sessão presencial fizemos a exploração 
e avaliação de cada um desses módulos com as 
orientadoras vindas do Brasil. Quanto a identifi-
cação do Módulo, eu na qualidade de formando 
devo frisar que o módulo que mais me cativou 
é o Módulo iii, Técnologia Assistiva, uma vez 
que aborda conceito de educação especial com 
base nos pressupostos da educação inclusiva, 
destacando a Política Nacional de Educação 
Especial da Secretaria de Educação Especial 
do Ministério da Educação.
Devo frisar que neste Módulo a maior no-
vidade para mim é a partir da unidade B que 
aborda o conceito e objectivo da Tecnologia 
Assistiva–ta, a sua composição, abordagem 
do Desenho Universal para diferenciar da ta.
A unidade C apresenta a classificação:
em categorias da ta, como por exemplo 
auxílios para a vida diária e e vida práti-
ca é uma categoria da ta que se refere 
aos materiais e produtos que facilitam o 
desempenho funcional de pessoas com 
deficiência em tarefas da vida quotidiana, 
tais como, vestir-se, alimentar-se,cozi-
nhar e tomar banho.
No contexto educacional, visando à inclu-
são dos alunos com deficiência encontra-
mos vários recursos que favorecem tare-128 129
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
buição, lá onde for possível em prol do desen-
volvimento do processo ensino-aprendizagem 
das crianças com nee. 
Realizar o curso de aee para mim foi uma 
mais valia na medida em que pertencendo ao 
núcleo de Educação Especial seria uma forma 
de ampliar os conhecimentos e estar cada vez 
mais e melhor preparada para enfrentar novos 
desafios em relação ao desenvolvimento da 
aprendizagem das crianças com nee existentes 
no concelho da Ribeira Grande. Estou extre-
mamente satisfeita com a realização desse 
curso porque por um lado, tive a oportunidade 
de adquirir muitos conhecimentos no que diz 
respeito ao trabalho que deverá ser feito na 
sala de recursos com as crianças com nee e 
por outro, incentivou-me ainda mais para novas 
pesquisas sobre esta temática. 
No nosso concelho, ano após ano vem au-
mentando os casos de crianças com NEE que 
frequentam os vários subsistemas de educação 
e o nosso objectivo é fazer de tudo para que 
estes desenvolvam as suas aprendizagens, 
respeitando a forma peculiar de aprender de 
cada sujeito. Nesta matéria sinto-me bastante 
sensibilizada e motivada para junto das escolas, 
famílias e da comunidade em geral, estabelecer 
parcerias com profissionais de outros serviços, 
procurar melhores estratégias e materiais de 
acordo com necessidades específicas de cada 
criança, promovendo assim a inclusão e desen-
volvimento efectivo da aprendizagem. 
Também temos como desafio percorrer todo o 
concelho, procurando crianças com nee que se 
encontram fora do Sistema Educativo e fazer de 
tudo para que possam regressar à escola. Para 
isso, vamos ter que desenvolver um trabalho de 
sensibilização junto das famílias e da comuni-
dade em geral desmistificando a deficiência, 
mostrando-lhes que é possível desenvolver a 
aprendizagem apesar de terem uma deficiência. 
Quanto a minha participação noutras sessões 
de formação na área de Educação Especial, 
realmente desde o ano 2001, altura em que 
assumi a Coordenação Pedagógica da Educa-
ção Pré-Escolar no concelho da Ribeira Grande/
Santo Antão, há esta altura, tenho participado 
em várias acções de capacitação (de curta 
duração) sobre a Educação Inclusiva em Cabo 
Verde promovidas pela dgebs, trabalhando na 
questão da sensibilização e algumas estratégias 
de como trabalhar com crianças com nee.
pedagógicos na área de Educação Especial, co-
nhecimentos esses que me forneceram suporte 
para ajudar os colegas na procura de estratégias 
para atender as crianças com necessidades 
educacionais especiais.
Há possibilidade de continuar com as discus-
sões junto dos meus colegas do meu concelho 
através das acções de formação que estamos 
a programar, com a implementação da sala de 
recursos, com as visitas de observação de aulas, 
com a programação das actividades extracurricu-
lares e entre outras possibilidades de discussões. 
A meu ver acho que esta formação devia ter 
a continuidade no sentido de enriquecer cada 
vez mais os nossos conhecimentos na vertente 
pedagógica e consequentemente multiplicá-la 
junto dos colegas que não tiveram a oportuni-
dade de recebê-la e, se assim vier acontecer, eu 
estarei disponível a dar a continuidade para que 
o meu Concelho fique cada vez mais preparado 
na pedagogia do atendimento às crianças com 
necessidades educacionais especiais. 
Eu gostaria de felicitar a todos aqueles que fize-
ram com que esta formação fosse uma realidade 
em particular as orientadoras, pela forma como 
nos abordaram a parte prática e teórica, quer 
nas aulas presenciais, como também nas aulas 
ao vivo e bate papos através do ambiente virtual.
relato 6 
aplicabilidade do curso de aee no con-
celho de ribeira grande — santo antão
Autora: Lúcia Ângela Miranda
A Educação Especial é a área que me toca mui-
to. Desde que iniciei as minhas funções como 
educadora e deparando com uma camada des-
privilegiada, ou seja, que se encontrava na sala 
de aula sem nenhuma ocupação e professores 
revelando-se incapazes de lidarem com esses 
casos. Este facto despertou em mim algum 
interesse/curiosidade em procurar formas de 
ajudar alunos com nee a desenvolverem as 
suas aprendizagens. Abracei-me a essa causa 
e a partir daí, tenho participado em acções de 
formação na área de nee no intuito de adquirir 
conhecimentos e juntamente dos docentes 
deixar alguma orientação e minimizar os cons-
trangimentos que dificultam o processo ensino/
aprendizagem desses alunos. Desde 2003, ano 
em que foi criado o Núcleo Local de Educação 
Especial, tenho estado a dar a minha contri-130 131
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
sete de deficiência Visual mais três kits para a 
escrita do Braille, um de Deficiência Física, um 
de Transtorno Global do Desenvolvimento–tgd e 
um de aee e dvds retratando várias deficiências. 
Também contamos com sete mesas, 24 cadeiras, 
duas estantes e um quadro. No âmbito deste 
curso temos produzido alguns materiais de 
acordo com os casos de deficiência existentes.
Quanto aos módulos (dez) trabalhados no 
decorrer do curso de aee, para mim foram muito 
bem elaborados, pois, tive a oportunidade de 
adquirir muitos conhecimentos e abri novos 
horizontes no que diz respeito a inclusão de 
crianças com Necessidades Educativas Espe-
ciais e a melhor forma de fazer o aee.
De todos os módulos estudados identifiquei-
me mais com o Módulo vii (Atendimento Educa-
cional Especializado para alunos Surdos). Aliás, 
não é por acaso que pertenço ao Núcleo Local de 
Educação Especial pela área da Surdez. Já tinha 
descoberto que gosto de estabelecer comunica-
ção com pessoas com deficiência auditiva e caso 
for possível vou continuar a investir na área de 
Educação Especial e quem sabe especificamente 
na área de Surdez. Com os conhecimentos adqui-
ridos no referido Módulo veio confirmar a minha 
preferência. Acredito que é possível trabalhar 
com os casos de surdez que temos aproveitando 
os conhecimentos do módulo. 
Da leitura do Módulo vii, percebi que a língua 
de sinais é o melhor meio efectivo de comuni-
cação entre surdos, uma vez que os possibilita 
desenvolver tanto em nível linguístico como 
cognitivamente. Também fiquei a saber que os 
surdos manifestam sua diferença linguística e 
cultural na formação de comunidades surdas. 
Infelizmente nosso país ainda não dispõe de 
uma língua gestual padronizada ou institucio-
nalizada e consequentemente a inexistência de 
uma comunidade surda que permitissem aos 
surdos comunicarem utilizando uma língua de 
sinais. Estou convicto de que no futuro bem 
próximo teremos a nossa língua de sinais para 
colmatar esse grande constrangimento que vem 
impedindo o desenvolvimento da aprendizagem 
dos alunos surdos.
Enquanto aguardamos para a criação de uma 
língua de sinais cabo-verdiana vamos tentando 
ajudar as crianças surdas com os meios que te-
mos, criando actividades que envolvem imagens 
e contacto com objectos de significado histórico. 
Também se torna imprescindível que os ouvintes 
Em 2006 tive e oportunidade de participar 
numa acção de formação intitulada “Ensino da 
Língua Portuguesa para Surdos”que decorreu 
na Cidade do Porto Novo/Santo Antão e com 
uma duração de 80 horas, formação essa que 
foi promovida pela dgebs em parceria com o 
Ministério da Educação e Cultura do Brasil e da 
Agência Brasileira de Cooperação.
Em 2007 também tive o privilégio de partici-
par numa acção de formação intitulada “Edu-
cação da criança Surda em Cabo Verde” que 
decorreu na cidade da Praia e com uma duração 
de 80 horas, promovida pela Associação de 
Apoio ao Desenvolvimento e a Integração da 
Criança Deficiente em parceria com a dgebs, 
Instituto Jacob Rodrigues Pereira da casa Pia 
de Lisboa e Associação Portuguesa de Surdos.
Tenho aproveitado no máximo essas forma-
ções e dentro das minhas possibilidades e em 
parcerias com o Núcleo Centralda Educação 
Especial e profissionais de outros serviços 
locais, tenho tentado apoiar e vou continuar a 
apoiar as orientadoras da Educação Pré-Escolar 
e professores do Ensino Básico que trabalham 
com crianças com nee, no intuito de minimizar 
as angústias das famílias dessas crianças pro-
movendo assim o processo de ensino/aprendi-
zagem e a inclusão efectiva dessas crianças. 
Graças a algumas sessões de formação des-
tinadas aos educadores infantis e professores 
do ensino básico que trabalham com crianças 
com nee e um trabalho de equipe, nota-se 
claramente uma mudança de mentalidade por 
parte desses docentes em relação a deficiência, 
ou seja, hoje mais que nunca solicitam mais 
acções de capacitação para que se sintam 
cada vez melhor preparados para lidarem com 
essas situações.
Dado a situação geográfica da ilha, os estabe-
lecimentos de educação ficam espalhados por 
diversas localidades e muitas vezes em zonas 
de difícil acesso impedindo bastante o desen-
volvimento de algumas actividades. No entanto, 
grandes esforços têm sido feito no intuito de 
dar cobertura e orientação principalmente aos 
professores que trabalham com esses casos.
Já temos uma sala de aula disponível onde irá 
funcionar a sala de recursos e esperamos que em 
breve ela seja mais bem equipada. Entretanto 
já temos alguns manuais referentes a algumas 
deficiências nomeadamente: oito manuais de 
Educação Inclusiva, três de deficiência auditiva, 132 133
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Especializado realizado entre o Ministério 
da Educação de Cabo Verde e a Universidade 
Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Bra-
sil. Desde 2006, tenho participado em várias 
acções de formação sobre as Necessidades 
Educativas Especiais, promovidas pelo Minis-
tério de Educação de Cabo Verde, no âmbito 
das estratégias para uma efectiva inclusão 
dos alunos especiais nas escolas regulares 
do país. Sistema Braille Integral, Orientação 
e Mobilidades, de 25 de Julho a 17 de Agosto 
de 2006, Porto Novo, 160 horas; Multiplica-
dores nas áreas de Surdocegueira e Múltiplas 
deficiências Sensorial, 40 horas, 28 de Julho a 
02 de Agosto de 2008, Vitória, Espírito Santo, 
Brasil; Tecnologias Assistivas com Ênfase na 
Comunicação Alternativa na Perspectiva da 
Educação Especial, 04 a 08 de Agosto de 2008, 
40 horas, Boa Vista, Roraima, Brasil. 
Este curso em Atendimento Educacional Es-
pecializado surge para culminar as acções an-
teriores, pois permitiu, sistematizar, clarificar 
e reflectir sobre alguns conceitos, mas também 
sobre a prática pedagógica nas respostas aos 
alunos especiais incluídos. Deste curso pu-
demos ainda, discutir o processo de aee em 
Cabo Verde, já que se trata de algo novo e que 
requer tanto de nós, os professores, como dos 
decisores políticos uma reflexão profunda de 
forma a evitar os erros e eventuais problemas 
vividos noutros contextos.
Desde 1999 venho exercendo a função de 
coordenador pedagógico do Ensino Básico In-
tegrado. Compete-nos de entre outras várias 
acções as visitas de seguimento, ou seja, a 
supervisão pedagógica. Durante muito tempo 
constatei que há uma falta de resposta efecti-
va aos alunos com nee incluídos nas nossas 
escolas. Aquando na minha formação em sur-
docegueira e tecnologias assistivas, no Brasil 
em 2008, tive a oportunidade de visitar duas 
salas de recursos: Tipo 1, na Cidade de Vitória 
e do Tipo ii em Boa Vista, Roraima. Daquilo 
que vi ocorreu-me a ideia de abrir uma sala de 
recursos, com toda implicação que um projecto 
desta natureza suscita. 
Elaborei um projecto denominado “odisseia” 
que define os termos de funcionamento, os 
recursos materiais e humanos necessários, 
enfim aquilo que entendi ser mínimo neces-
sário para dar resposta efectiva aos desafios 
da inclusão dos alunos com nee na Ilha do Sal, 
conheçam os gestos que estas crianças utilizam 
para que possam estabelecer a comunicação.
No decorrer deste ano lectivo iniciamos a 
partilha desses módulos com os restantes ele-
mentos do núcleo local de Educação Especial 
e com todos os docentes que trabalham com 
casos de crianças com nee em nível do con-
celho da Ribeira Grande. Também já iniciamos 
a discussão da questão da avaliação desses 
alunos juntos dos gestores, professores e pais, 
visto que ano após ano, as crianças com nee 
vêm sendo prejudicadas com o sistema de ava-
liação, ou seja, não respeitam a forma peculiar 
de aprender desses sujeitos. 
Para o próximo ano lectivo já estaremos mais 
disponíveis e pretendemos promover mais en-
contros com esses professores criando grupos 
específicos de trabalho, procurando melhores 
estratégias, materiais adequados que promovam 
o desenvolvimento da aprendizagem desses 
alunos. Também pretendemos organizar várias 
palestras, actividades recreativas e culturais, 
sessões de debates de temas ligados a defici-
ência, envolvendo alunos, professores, pais/
encarregados de educação, instituições locais 
e a sociedade civil desmistificando a deficiência.
Para além de iniciarmos a fazer o aee na 
sala de recursos com todos os alunos com nee, 
pretendemos promover um primeiro encontro 
com todas as pessoas com deficiência auditi-
va (dentro e fora do Sistema Educativo) para 
termos uma primeira impressão desse grupo 
e a partir daí traçar um plano de trabalho que 
promova essa camada.
Para terminar, gostaria de parabenizar o med 
cabo-verdiano pelo investimento numa área 
extremamente sensível e solicitar que continue 
a apostar na formação contínua dos professores 
na área de Educação Especial. Agradecer aos 
formadores brasileiros pela forma metódica e 
carinhosa como orientaram esse curso, e aos 
colegas formandos pela forma como abraçaram 
a essa causa. Juntos, vamos lutar por uma Es-
cola Inclusiva em Cabo Verde.
relato 7
relato da experiência de aee na
ilha do sal, cabo verde
Autor: Manuel da E. Portugal dos Reis
Este documento surge no âmbito da conclu-
são do curso em Atendimento Educacional 134 135
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
os termos definido na Legislação Brasileira, ou 
seja, o que está exposto no Módulo ii – aee 
em que está claro que o trabalho na Sala de 
Recursos Multifuncionais devem ser comple-
mentares, ou seja, no contra turno e com uma 
grande articulação entre o professor da sala e 
o professor da escola regular. 
Para definirmos os horários semanais de 
atendimento dos diferentes alunos (os que 
têm atendimento em grupo e os que, devido 
as particularidades, têm atendimento indivi-
dual) foi necessário analisar cada caso. Após 
isso foi comunicado aos encarregados de 
educação e os respectivos professores. Não 
dispomos de materiais e recursos para uma 
Sala do tipo I e nem II, conforme a Legislação 
Brasileira, porém existe uma vontade enorme 
de se fazer um pouco mais daquilo que são as 
respostas dadas aos alunos com nee. Posso 
até dizer que já se nota resultados, quer na 
capacitação dos professores, que estão mais 
sensibilizados, quer na participação efectiva 
no processo ensino aprendizagem. 
Relativamente ao curso, posso afirmar sem 
hesitação que foi uma mais-valia para todos os 
formandos envolvidos e também para o país. A 
metodologia utilizada, ensino à distância, com 
recurso a internet, é sem dúvida a mais indicada 
para as características do nosso país que é in-
sular. Na Delegação do Ministério da Educação 
do Sal, estão criadas as condições ideais para 
participação em acções desta natureza já que 
dispomos de um Centro de Recursos para pro-
fessor o que tem possibilitado aos professores 
acesso grátis à internet para pesquisas, capa-
citações, produção de materiais, enfim todas 
as vantagens que a tecnologia de informação 
e comunicação hoje, permite. 
Por isso, não tivemos problemas com o aces-
so mesmo no período pós-laboral. Tivemos 
todo apoio da Responsável local da educação. 
Procurei durante esta capacitação participar em 
todos os encontros presenciais, estudar todos 
os módulos, postar as minhas contribuições 
conforme a indicação da professora e tutorae aproveitei ainda os momentos de interacção 
para tirar as dúvidas que iam surgindo.
Os módulos foram bem concebidos, permi-
tiram aprofundar alguns conceitos e também 
adquirir outros que para mim eram desconheci-
dos. Além disso sugeriram também, pesquisas 
e leitura complementares que nos ajudou muito 
Cabo Verde. No dia 14de Setembro de2009, 
após os contactos com vista a mobilização dos 
recursos necessários, inaugurou-se a sala de 
recursos “anac” na Ilha do Sal, Cabo Verde. 
Esta sala está situada numa das escolas do 
ensino básico. No âmbito da nossa Sala, ou 
seja, de todos alunos presente no sistema 
público, estão 1302 alunos do Pré-Escolar, 
3156 do Ensino Básico e 1729 alunos do Ensino 
Secundário. Neste momento, estão afectos a 
sala três pessoas: eu, como professor e res-
ponsável do Espaço; a Zandi Lima, psicóloga; 
e a professora Alcídia Gomes. 
Alguns aspectos referentes ao funciona-
mento da mesma foram corrigidos ao longo 
do curso. Frequenta a sala, neste ano lectivo, 
quatro alunos com deficiência auditiva, uma 
aluna com baixa visão, cinco alunos com a de-
ficiência mental, cinco com outros transtornos 
sem especificação, do 1º ao 6º ano. Existem 
ainda, cinco discentes que estão referenciados, 
mas apenas fazemos o seguimento. Outros 
são alunos de uma escola privada que temos 
conhecimento e acompanhamos com suges-
tões e propostas de actividades, porém sem 
intervenção directa.
Esta formação para além de melhorar sig-
nificativamente o nosso trabalho enquanto 
professores de escolas inclusivas, permitiu-nos 
clarificar os termos de funcionamento, procedi-
mentos no Atendimento Educacional Especiali-
zado (Módulo ii). Das actividades que constam 
no Plano da sala de recursos “anac”, tem-se 
realizado além de atendimento educacional, 
outras acções como: capacitação dos docentes 
dos diferentes subsistemas em sistema Braille 
e Língua Gestual, visitas domiciliares, acon-
selhamento, encontro de famílias, visita de 
seguimento às turmas, acções de sensibilização, 
elaboração de material didáctico.
Para o trabalho de aee, dispomos de três 
computadores e computador portátil com sof-
twares educativos (Tobias O Palhaço, Invento, 
Boarmaker, Desafios, Escrita com Símbolos, 
Imagina Cria e Constrói, Aventuras 2) Go Talk 
9+, Teclado de Conceitos-Intelikeys, Projector de 
vídeo, impressoras, regletes e punção, bengala-
longa, mesas e cadeiras, armários, bibliografia 
diversa. Apesar de poucos recursos materiais 
que dispomos há uma vontade enorme de dar 
um modo de vida melhor aos alunos com nee na 
Ilha do Sal. Temos atendidos alunos conforme 136 137
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
de experiências anteriores nessa área; falar da 
importância dos módulos e por fim apresentar 
as considerações finais e propostas de continui-
dades das discussões sobre o aee, na escola.
Os objectivos para a realização deste curso 
são essencialmente profissionais, isto é, despi-
dos de quaisquer objectivos pessoais. Mas para 
explicitá-los melhor, cita-se o módulo sobre os 
Transtornos Globais de Desenvolvimento (tgd) 
nas suas p.33 e 37 respectivamente, onde se 
refere que: não deixemos de investir nesses 
alunos por serem “diferentes e que a escola 
deve oferecer mais do que uma oportunidade 
de aprender”. Assim sendo, quem trabalha com 
alunos com nee, deve ter atenção em considerá-
los como sujeitos com potencialidades e por isso, 
deve criar oportunidades para sua aprendizagem.
É neste sentido, que se apoia para esta-
belecer os objectos que centrarão em quatro 
“pilares” fundamentais e que também deverão 
ser objectivos da escola:
1. Os alunos devem fazer parte do projecto 
pedagógico da escola e por isso devem estar 
matriculados e fazer parte do currículo;
2. A Escola deve investir na aprendizagem des-
ses alunos, por isso deve disponibilizar e procurar 
recursos humanos e materiais para o efeito;
3. Deve criar parcerias com os diversos ser-
viços e instituições, bem como, profissionais 
existentes no concelho, no sentido de aproveitar 
os recursos locais disponíveis;
4. Deve articular com as famílias e professo-
res das salas de aula comum, aproveitando 
quer os momentos formais ou informais para 
discutir assuntos que têm a ver com a inclusão 
desses alunos.
O Pólo onde o formando lecciona chama-se 
Pólo Educativo nº 1 da Cidade do Porto Novo. É 
formado por três escolas: a do Ex-Ciclo Prepara-
tório queé a escola Pólo,composta por doze 12 
salas, 24 professores e 576 alunos; a deRibeira 
de Crujinha com cinco salas, oito professores 
e 191 alunos e a de Berlim com três salas, seis 
professores e 153 alunos. Ainda o Pólo conta 
com oito elementos que fazem parte do pes-
soal administrativo formado essencialmente 
por professores; um quadro complementar 
formado por três professores que tem como 
função substituir professores na sua ausência e 
um pessoal auxiliar composto por 19 membros 
entre cozinheiras, guardas, ajudante de serviços 
gerais, contínuo e empregadas de limpeza. No 
na consolidação dos conhecimentos abordados. 
Por razões de várias ordens, não se cumpriu o 
calendário inicialmente proposto e também fez-
se algumas alterações nos horários inicialmente 
definidos. Esta situação, que se compreende 
pela natureza do curso, cria, no entanto, sem-
pre constrangimento que, por vezes, dificulta 
a nossa participação quer nos encontros de 
bate-papo, quer em algumas aulas ao vivo. 
Queria destacar o Módulo viii, Altas Habi-
lidades/Superdotação como o que mais me 
despertou a atenção e muitas interrogações. 
Trata-se de algo novo e que nunca tinha estu-
dado e pesquisado com tanto cuidado. Não 
posso deixar de fazer referência às actividades 
práticas que decorreram ao longo do curso: 
oficina de construção/elaboração de materiais 
com a professora Amara Battistel e o cartaz das 
experiências com a professora Melânia Melo 
Casarin foram momentos muito interessantes 
que marcaram, sem dúvida, este curso. 
Em jeito de conclusão diria que é urgente 
aprovação de uma lei que defina os termos 
de funcionamento das Salas de Recursos, e 
também todo o processo de inclusão de alunos 
com nee nas nossas escolas do país.
relato 8
relato documentado sobre a aplicabi-
lidade do curso aee na cidade do porto 
novo, santo antão — cabo verde
Autor: Manuel Rodrigues Lizardo 
O Curso do Atendimento Educacional Especia-
lizado–aee foi organizado pela Direcção Geral 
do Ensino Báscico e Secundário (um depar-
tamento do Ministério da Educação de Cabo 
Verde) e ministrado pela Universidade Federal 
de Santa Maria do Brasil. É um curso que tem 
por finalidade promover a formação docente, 
para actuação em salas de aulas inclusivas e 
em salas de recursos multifuncionais. Destina-
se a capacitar professores, para poderem dar 
resposta às necessidades educativas de alunos 
com deficiências, transtornos globais de desen-
volvimento e altas habilidades/superdotadas.
Com este relatório pretende-se: registar e 
dar a conhecer os objectivos a serem atingidos 
após o término da formação; fazer a descrição/
caracterização da realidade educacional da es-
cola onde o formando está inserido na qual se 
fala da situação de inclusão das crianças com 
nee (Necessidade Educacional Especial); falar 138 139
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Em número foram 10: i. Educação a Distância, 
ii Atendimento Educacional Especializado, iii. 
Tecnologia Assistiva, iv. aee para os alunos com 
Deficiência Física, v. aee para os Alunos com De-
ficiência Mental, vi. aee para os alunos Cegos ou 
com Baixa Visão vii: aee para os alunos Surdos, 
VIII Surdocegueira e Deficiências Múltiplas, ix. 
Transtornos Globais de Desenvolvimento e por 
último o módulo x. O aee para Crianças com 
Altas Habilidades/Superdotadas. 
Não gostaria de destacar em particular ne-
nhum dos módulos da formação, porque todos 
contribuíram de forma integral para a forma-
ção e todos foram claros na abordagem dos 
assuntos. Mas, porque é necessário fazê-lo, 
destacaria o módulo das Tecnologias Assistivas, 
pelasua abrangência de poder ser aproveitado 
praticamente em todas as áreas de nee e porque 
é fácil a sua aplicabilidade no desempenho 
das tarefas pelos educandos. Ainda porque as 
propostas apresentadas podem adaptar-se a 
qualquer realidade educativa.
Até o presente momento não há dados sobre 
alunos com nee, o que quer dizer que essas 
ainda não faziam parte do projecto pedagógico 
da mesma; os professores devido a carência 
de formação específica vão fazendo aquilo 
que podem no sentido de atendê-los; há ainda 
diversas barreias a serem ultrapassadas nome-
adamente a arquitectónica; há sensibilidade 
de todos os intervenientes do processo edu-
cativo no sentido de integrá-los; a carência de 
profissionais formadas na educação especial 
e a inexistências de um Centro de Atendimento 
Educacional Especializado no concelho, bem 
assim, o não aproveitamentos de parceiros e 
alguns profissionais já existentes, têm sido uma 
entrave à inclusão.
Por isso, a acção vai ser no sentido de os 
alunos com nee fazerem parte do projecto 
pedagógico da escola; retomar no próximo 
ano lectivo as acções de formação iniciada 
este ano; trabalhar no sentido de eliminar as 
barreiras existentes, articular com os profes-
sores e famílias de crianças com nee, quer nas 
planificações e apoios pedagógicos e materiais 
conforme as possibilidades da escola; criar 
parcerias e aproveitar os recursos humanos 
existentes no concelho. 
Em fim, fazer tudo o que estiver ao alcance, 
para que a escola seja no futuro próximo uma 
escola com as condições de inclusão.
total o Pólo tem 20 salas, 920 alunos, 49 pro-
fessores e 19 elementos do pessoal auxiliares.
Conforme o levantamento feito pelo forman-
do, através de observação nas salas de aulas 
e de informações fornecidas pelos professores 
proponentes, registra-se um total de 37 crian-
ças com nee.
 A escola encontra ainda algumas barreiras 
frente ao processo de inclusão, pois não há 
identificação de crianças com nee na Direcção; 
os professores reclamam por uma formação 
específica; há uma carência de recursos e ma-
teriais tecnológicos; inexistência de sala de 
recursos multifuncionais; há fracas condições 
de acessibilidade ao edifício. Contudo, há uma 
forte sensibilidade do seu corpo docente e de-
mais pessoas afectos à escola, no sentido de 
integrar esses alunos e os professores uns por 
experiências próprias, outros, porque receberam 
algumas acções de formação de curta duração 
vão fazendo aquilo que podem neste sentido. 
Considerou-se essa formação interessante 
porque trouxe propostas pedagógicas ino-
vadoras como a utilização de materiais para 
trabalhar alguns casos de nee, nomeadamente 
a visão e audição e ainda o trabalho prático 
sobre a análise de discrepância (uma ficha que 
avalia tanto os alunos com nee ou não), mas 
também apresenta possibilidades de avaliar 
o que o aluno é, e não é capaz de fazer, como 
também leva o professor a reflectir para se 
chegar a uma estratégia educativa para a 
superação desses alunos.
Neste curso não ficaria bem produzir um 
relatório para falar dos módulos e não poder 
falar doambiente virtual da aprendizagem, 
uma experiência das mais inovadoras vivida 
durante a carreira docente. Não obstante, os 
constrangimentos de início, motivados pelas 
dificuldades em utilizar o computador, mas 
com o andar do tempo foi-se acostumando. 
Destaca-se o ambiente virtual pela sua abran-
gência e de nele poder encontrar tudo o que se 
precisa dentro de uma sala de aula, como: aula 
ao vivo, bate-papo (muito dinâmico e muito 
participado), fóruns onde os formandos pu-
dessem dar a sua participação, ler e comentar 
trabalhos dos outros, responder questionários, 
ler avisos, encontrar os módulos, enviar e-
mails enfim, uma sala de aula completa. 
Os módulos foram os recursos mais utilizados 
para os formandos adquirirem os conhecimentos. 140 141
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Identifiquei-me mais com o módulo iii – Tec-
nologia Assistiva porquanto me ajudou nas 
actividades profissionais aprendendo a interagir 
e identificar as barreiras de cada aluno. Com 
todos os conhecimentos adquiridos neste mó-
dulo procurei alternativas de acordo a nossa 
realidade tentando minimizá-las adaptando 
materiais para o uso na vida diária e prática.
Em forma de conclusão satisfaz-me imenso 
chegar ao fim deste curso com novos horizontes 
e saber de que os conhecimentos ora adquiridos 
irão ser de grande importância para a aprendi-
zagem de quem realmente necessita.
Atendendo a todos os meios disponíveis pela 
Delegação do Ministério de Educação conjunta-
mente com o Ministério acho que haverá possibi-
lidades de um trabalho salutar na materialização 
dos objectivos aprendidos no decorrer do curso. 
Os materiais disponíveis irão ajudar a praticar e 
ao mesmo tempo fazer uma entrega total junto 
dos alunos para que eles consigam captar todos 
os conhecimentos por mim adquiridos.
Acho que para existir continuidade e acompa-
nhamento dos alunos ora formados é necessário 
criar um site de debate mensal com o apoio 
técnico de uma tutora ou alguém do Ministério.
Em relação às discussões nas escolas sou de 
opinião que se crie palestras e sessões de es-
clarecimentos junto dos familiares, professores 
e todos aqueles enquadrados neste processo. 
Mas também em termos conclusivos que no 
fim do ano lectivo fosse realizado não uma 
avaliação aos professores inseridos nesses 
sistemas, mas sim identificação das insuficiên-
cias encontradas e pautar pelas suas soluções.
relato 10
curso aee na cidade da praia — cabo 
verde sua aplicabilidade visto pela 
maria jesus ribeiro cabral
Autora: Maria Jesus Jorge Ribeiro Cabral
O curso de Formação a Distância em Atendi-
mento Educacional Especializado (fad em aee) 
promovido pela Direcção Geral do Ensino Básico 
e Secundário do med e parceria com a ufsm, no 
âmbito da cooperação técnica entre os governos 
de Brasil e Cabo Verde.
Esta formação contemplou, principalmente, 
os professores em exercício de modo a dotá-los 
de ferramentas que lhes permitam responder 
às necessidades específicas dos seus alunos 
relato 9
curso de aee como ferramenta 
de aprendizagem especial na cidade 
do porto novo
Autora: Manuela Salomão
O curso do aee ministrado pelo Ministério de Edu-
cação de Cabo Verde e com o apoio do governo 
Brasileiro (Universidade Federal de Santa Maria) 
teve para mim como objectivo fundamental o en-
riquecimento do meu currículo profissional, uma 
mais valia educacional, o fortalecimento e enga-
jamento na qualidade do ensino na minha escola.
No contexto aee nunca passei por qualquer 
formação em área de educação especial e ou 
educação inclusiva, por isso essa formação é 
conclusiva e cheia de inovações. Traz material 
para que a educação, a família e a sociedade 
ganhem. Traz benefícios aos educandos en-
quadrado nesta especificação porque serão 
sobejamente integrados no sistema educativo 
no pé de igualdade com todos os educandos.
Pretendo trabalhar em conjunto com os meus 
colegas, pondo em prática os conhecimentos 
adquiridos e com isso ajudar melhor a trans-
missão dos mesmos aos alunos da escola.
Os conteúdos da Formação em aee trazem be-
nefícios a minha escola até então desconhecida 
e desintegrada dos programas. De igual modo 
irá ajudar na implementação de um sistema de 
ensino mais adequado e uma melhor dinâmica 
do ensino em Cabo Verde.
Apesar dos conhecimentos por nós adqui-
ridos, muitas barreiras iremos encontrar no 
decurso dos nossos trabalhos, tendo em conta 
que a nossa cidade é emergente e ainda temos 
dificuldades em áreas de saúde, educação, 
transporte e espaços físicos, bem como carên-
cias em especialistas em áreas diversas.
Os módulos estudados nesta formação con-
tribuíram muito para o meu enriquecimento 
intelectual assim como, me dotou de meca-
nismos práticos de ensinamentos podendo 
assim os meus educandos interagirem no 
campo educacional, familiar, social, criando a 
sua própria autonomia no seu dia-a-dia assim 
como nas actividades escolares.Também ao fazer estudos dos módulos pudemos 
ficar a conhecer novas metodologias de actuação 
pontual junto dos alunos que vínhamos fazendo 
de forma não a mais adequada, atendendo aos 
fracos conhecimentos e recursos disponíveis. 142 143
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
mação que penso desenvolver, com demais co-
legas de trabalho, um pequeno projecto dirigido 
a um grupo de alunos surdos na cidade da Praia.
Atendendo ao facto de que
o sujeito surdo apresenta uma diferença 
sócio-liguística, ou seja, ele interage com 
o mundo a partir de uma experiencia vi-
sual. Todas as suas construções mentais 
se dão pelo canal espaço-visual mediados 
pelo seu instrumento natural de comuica-
ção: a língua de sinais e a língua escrita. 
(casarin, 2011). 
Estamos a realizar encontros de sensibili-
zação junto da direcção da escola secundária 
e respectivos professores que irão receber os 
alunos surdos. 
O projecto tem como pressuposto as caracte-
rísticas do individuo surdo, enquanto sujeitos 
que percebem o mundo através de seus olhos, 
devido à ausência de audição e de som. Assim, 
o projecto prevê as seguintes atividades na 
forma de encontros com:
· a Sra. Directora Geral do Ensino Básico e 
Secundário para apresentação e discussão 
da ideia do projecto;
· a Sra. Directora da Escola Secundária que irá 
receber os alunos surdos que irão transitar para 
o ES para apresentação do projecto;
· os professores da escola secundaria que irão 
trabalhar com esses alunos, para apresentação 
do projecto e planificação de acçoes de formação;
· com pais e encarregados de educação, mo-
nitoras da Associação e com a formadora de 
língua gestual.
Neste momento os encontros já foram reali-
zados e registados num memorando.
Em julho realizamos uma formação sobre 
necessidades educativas especiais e sobre a 
educação de surdos e língua gestual e outra em 
Setembro visto que os professores precisam 
conhecer e entender as características do surdo, 
principalmente, no que respeita à diferença de 
percepção do mundo e à forma de comunicação.
O encontro com a direcção da escola e com os 
professores serviu, sobretudo para discutirmos e 
pensar a sala de aula para esses alunos, ver que 
recursos pedagógicos e didácticos poderiam ser 
levados para o contexto escolar. Por isso, verificou-
se que seria de extrema importância a formação 
para os professores e outros intervenientes para 
que tenham conhecimento da educação de surdos. 
nas salas de aulas e/ou nas salas de recursos 
criadas ou a serem criadas nos diferentes 
concelhos do País.
Para mim, a entrada neste curso teve como 
objectivo o aprofundamento de conhecimento 
sobre necessidades educativas especiais (nee) 
e sobre aee. Embora tenha feito uma pós-gradu-
ação em educação especial pela Universidade 
Pública de Cabo Verde em parceria com a ese de 
Lisboa, optei pelo curso de fad em aee porque, 
por um lado, neste curso haviam módulos que 
não fizeram parte do curso de pós-graduação 
e, por outro lado, acreditei que este curso ape-
sar de ser a distância, teria uma vertente mais 
pratica e voltada para a realidade vivida dos 
professores/formandos.
Enquanto técnica da Direcção Geral do En-
sino Básico e Secundário (dgebs) do med, no 
desempenho das minhas funções, interacção 
com professores e coordenadores das escolas 
do ensino básico e com as monitoras e educado-
ras dos jardins de infância das diferentes con-
celhos/ilhas do país, tanto nas visitas a essas 
instituições como na realização de sessões de 
formação. Apesar de não ter uma intervenção 
directa junto dos alunos, as visitas no terreno 
possibilitam uma noção sobre a realidade das 
instituições do ensino quanto à inclusão de 
crianças com nee. Tenho igualmente contacto 
com os técnicos das salas de recursos, princi-
palmente os da cidade da Praia.
De modo geral todos os módulos estudados 
foram abordados de forma abrangente e como 
disse antes, os que não fizeram parte do cur-
rículo da minha pós-graduação, sem dúvida, 
que despertaram maior atenção. Contudo, a 
identificação maior é com o módulo da Surdez, 
devido ao interesse pessoal em apoiar na es-
colarização de crianças surdas em Cabo Verde. 
Relativamente a educação de crianças surdas, 
conheço um pouco da realidade portuguesa 
(região de Lisboa) e um pouco do Brasil (Rio 
Grande do Sul). Tive a oportunidade de realizar 
um estágio de seis meses em Lisboa, onde 
pude conviver de perto com surdos, crianças 
e adultos, enquanto que no Brasil foi possível 
conhecer algumas instituições de ensino espe-
cial para surdos. Isto me permitiu conhecer e 
entender melhor o indivíduo surdo bem como 
o trabalho desenvolvido nas escolas.
É com esses conhecimentos da realidade de 
outros países mais os adquiridos durante a for-144 145
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
no novo paradigma da Educação “A educação 
para todos”. É nesta linha de reflexão que o med 
em parceira com o mec do Brasil, vem desen-
volvendo desde Setembro 2010 o curso: Atendi-
mento Educacional Especializado (aee) aos 29 
docentes cabo-verdianos, com o propósito de 
capacitar novos professores, para que possam 
responder satisfatoriamente as demandas dos 
alunos com deficiência, oferecendo serviços de 
aee, o mesmo ofertado pela Educação Especial 
na perspectiva da Educação Inclusiva (de Ja-
neiro 2008), destina a oferecer atendimentos 
individualizados aos alunos com deficiência 
física, auditiva, mental, visual, surdocegueira 
oudeficiências múltiplas, Transtornos Globais 
de Desenvolvimento, e alunos com Altas Habi-
lidades, estes que constituem o público-alvo 
do aee, como referido no módulo ii, p.3 e 4. No 
qual cada uma dessas deficiências foi alicer-
çada por meio de dez módulos, em que cada 
um ampara uma deficiência, as mesmos que 
foram estudadas, debatidas, intervencionadas 
através de encontros síncronos e assíncronos.
Este relatório que ora apresenta enquadra 
no âmbito do curso aee, sendo eu uma das 
beneficiárias do mesmo, posso realçar que o 
curso foi de extrema importância para mim e 
para os professores daqui, uma vez em que 
os módulos e as propostas de melhoria que 
recebi durante o curso, trouxeram de uma for-
ma bem clara, objectiva, eficaz, significativa, 
muitas metodologias, tecnologias, estratégias, 
recomendações, sugestões, inovações, e muito 
mais consegui aproveitar durante este curso, 
inovações e mudanças repercutiram na minha 
acção pedagógica como professor e também 
nas acções pedagógicas de vários professores 
que trabalham com alunos com deficiência.
Deixo de uma forma sucinta que esta foi a 
primeira formação do gênero que estou a rece-
ber, fiz a formação pedagógica para leccionar 
como professora três anos atrás, e durante a 
formação que eu tive , estudei uma cadeira pe-
dagógica a nee, cerca de seis meses, a mesma 
que viabiliza alguns procedimentos, metodo-
logias, algumas abordagens, dos teóricos no 
que tange à inclusão, saliento que foram pou-
cos conhecimentos construídos à volta desta 
matéria. Agora sinto-me mais capacitada para 
trabalhar com alunos com nees.
O curso aee, foi ministrado através de dez 
módulos, onde cada módulo ampara uma defi-
Saliento que, evitamos falar da educação 
bilíngue no caso específico, uma vez que se 
trata de uma experiência a ser implementada. 
Contudo, a orientação que pretendemos impri-
mir é a de uma educação bilingue, embora não 
temos uma língua gestual cabo-verdiana. Pois, 
pretendemos ter na sala de aula as monitoras 
da associação para apoiar na comunicação bem 
como o estudo orientado no período contrário 
com o apoio da formadora de língua gestual.
No dia 2 de Maio iniciamos aulas de reforço 
da língua gestual e da língua portuguesa es-
crita, cujo término é trinta de junho. Antes do 
início do ano lectivo será definido um plano de 
seguimento para essa turma.
É enorme a gratificação para com este curso 
uma vez que permitiu, realmente, atingir os 
objectivos e possibilitou ainda uma grande 
interacção com os colegas/formandos, o que 
contribuiupara conhecer melhor as diferentes 
realidades das nossas escolas, bem como a 
interacção com as professoras/formadoras.
Considero que a realização deste curso foi 
uma decisão acertada, na medida em que os 
conhecimentos adquiridos já estão a ser imple-
mentados e outros novos a serem construídos. 
Pois, estou a trabalhar num projecto de transi-
ção de um grupo de alunos surdos do ensino 
básico (eb) para o ensino secundário (es) que 
prevê formação sobre educação de surdos, 
no início do ano lectivo para os professores 
do es da escola que irá receber esses alunos, 
organização de atendimento especializado no 
período contrário, bem como, ateliers ao longo 
do ano lectivo com os professores, em parceria 
com a formadora da língua gestual que é surda 
e com uma associação que apoia esses alunos. 
O objectivo principal deste projecto é apoiar 
esses alunos na aquisição de competências que 
lhes permitam integrar num curso de formação 
profissional e consequentemente no mercado 
de trabalho de modo a serem autónomos.
relato 11
relato documentado sobre a aplicabi-
lidade do curso aee, no concelho dos 
mosteiros — ilha do fogo (na constru-
ção de escolas inclusivas)
Autora: Maria Manuela Barbosa Rodrigues
Com a intenção de construir cada vez mais es-
colas inclusivas e diversificadas com o amparo 146 147
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
educacionais dos alunos com deficiência, este 
ano o trabalho foi um pouco limitado, porque 
ainda lecciono na escola regular.
Realço ainda que as metodologias para 
implementação deste curso foram adequadas 
e conseguiram responder às nossas necessi-
dades, as mesmas contribuiram muito na mi-
nha formação, os bate-papos foram bastante 
interactivos, os esclarecimentos, propostas 
de soluções, as dúvidas sanadas durante o 
decorrer deste curso, foram atendidas com 
muita eficiência pela professora Sandra e tu-
tora Cristiane, elas, que nos apoiaram muito, 
com esclarecimentos de dúvidas, análises de 
casos, reflexões, propostas de actividades e 
mais, mostraram bastante preocupação face 
à nossa formação, foram máximas em atender 
as nossas necessidades.
Todos os trabalhos que desenvolvemos 
durante este curso procuraram dar ênfase: 
às novas metodologias, estratégias, recur-
sos acessíveis e de fácil interpretação, o 
como solucionar os problemas decorrentes 
da deficiência e resolvê-los, adaptações e 
acessibilidades arquitectónicas, adaptações 
nos banheiros, flexibilizações nos currículos, 
sensibilizações com a família, escola e mais, 
parcerias, cooperativismo, introdução de no-
vas tecnologias no processo de educação a 
distancia, tudo que dão acesso à educação 
e aprendizagem dos alunos com nee, tudo 
que garantam a inclusão dos alunos com 
deficiência de qualquer deficiência ou mais 
devem ser conquistadas ou reconquistadas 
no sentido de lhes proporcionar a inclusão 
na escola e na sociedade.
Trazendo todos estes itens acima citadas 
estaremos a abrir as nossas portas para cons-
trução de escolas inclusivas e acolhedoras, 
que respondam as necessidades de cada um. 
Levando em conta a sua singularidade, aquela 
escola que se quer hoje, em pleno século xxi, 
que inova, que tem um projecto pedagógico, 
que viva a mudança no quotidiano profissio-
nal, que aceita as diferenças, que interaja, 
que flexibiliza, que atenda as necessidades 
educacionais de cada um, é nesta escola que 
os alunos com deficiência ou com qualquer 
outro factor que lhe impede de desenvolver a 
sua aprendizagem se sinta incluído(a).
ciência que constitui o público-alvo do aee. Os 
mesmos trouxeram para mim, metodologias 
novas, estratégias diversificadas, para atender 
as necessidades de cada um educando, trou-
xeram também muitos esclarecimentos sobre 
alguns conteúdos que antes constituíram dú-
vidas, com o decorrer das análises, estudos, 
discussões, debates, troca de experiências, as 
mesmas foram colmatadas, tiveram impacto 
positivo para o enriquecimento curricular, que 
possam mudar as nossas práticas educativas 
aqui no nosso concelho.
O módulo das Técnologias Assistivas (tas), 
trouxe várias sugestões de actividades, recur-
sos que pudessem ser acessíveis na apren-
dizagem e assimilação de novos conceitos, 
dando a importância dos recursos como apoio 
no processo ensino e de aprendizagem. As 
tas que auxiliam o trabalho do aee, vem como 
ferramenta que possibilita ao aluno ser um 
sujeito actuante no seu processo não um ser 
passivo.
Consegui levar ao seio profissional de al-
guns professores, alguns exemplos de ma-
teriais que pudessem auxiliar o aluno com 
necessidades especiais na aprendizagem, 
principalmente as portadoras da deficiência 
física, uma das mais comuns aqui no nosso 
concelho para que eles sintam-se incluidos, 
através de diálogo, sugestões de como con-
feccionar, orientações, visitas de acompa-
nhamento, seguindo algumas explanações 
da professora Amara Battistel.
Outras informações do módulo que reper-
cutiram muito no nosso trabalho aqui, são as 
abordagens acerca da: deficiência, incapacida-
de, desvantagens, agora estou levando estas 
sempre para o nosso seio escolar, para que os 
mesmos não confundam estas na identificação 
dos alunos com nee.
Posso concluir que este curso foi de ex-
trema importância para mim, as temáticas 
debruçadas foram pertinentes para o nosso 
trabalho aqui, tiveram impactos bastante 
positivos, porque consegui através desta 
formação mudar minha pratica pedagógica 
enquanto professora, e mudar de alguns que 
trabalham com alunos com deficiência ou com 
dificuldades na aprendizagem. Espero que, 
próximo ano lectivo com a implementação da 
sala de recursos, conseguirei responder com 
mais eficiência e eficácia as necessidades 148 149
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
de madeira com almofadas, duas mesas de 
computadores (uma é adaptada) com uma ca-
deira cada e uma esteira (tapete colocado no 
chão para actividades lúdicas), para além de 
materiais didácticos (dois computadores de 
mesa e um portátil, uma impressora, softwa-
res como “Escrita com símbolos, Aventuras2, 
Tobias, Imagina cria e constrói, Desafios, Go-
Talk9+, Intellikeys, Invento) e lúdicos (alguns 
confeccionados por nós na sala de recursos). 
Nove alunos frequentam sala de recursos de 
2º, 3º, e 4º anos de escolaridades, faixa etária 
dos oito a quinze anos de idade, divididos entre 
dois professores. É de salientar que para cada 
aluno há um plano específico de trabalho.
De uma forma geral todos os módulos apre-
sentados foram interessantes e úteis de acordo 
com o programa do curso, com conceitos claros 
e de fácil compreensão. Gostei muito dos Mó-
dulos v e ix (Deficiência Mental e Transtornos 
Globais do Desenvolvimento), primeiro porque 
me tirou todas as dúvidas relativamente á di-
ferença existente entre a Deficiência Mental e 
Doença mental que antes havia uma confusão 
de conceitos na minha cabeça considerando-os 
iguais, segundo pela forma como foram abor-
dados cada um dos transtornos (tgd) desde 
historial, conceitos, manifestações e exemplos. 
Este módulo (tgd) serviu para reforçar as nos-
sas actividades no aee (sala de recursos) no 
que toca a planificação de actividades para os 
alunos do aee. Sempre no início do ano lectivo 
preparamos um plano de actividades para os 
alunos do aee, mas depois de ter estudado 
alguns módulos e ver que cada aluno é um 
sujeito singular com a sua forma única e par-
ticular de aprender e relacionar com os outros, 
então houve a necessidade de replanificar as 
actividades mediante o grau de deficiência ou 
transtorno apresentado por cada aluno, ou seja, 
um plano específico para cada aluno. 
Penso que, de uma forma muito especial esta 
formação chegou numa boa altura. Já lá vão 
quatro anos que assumi a responsabilidade da 
Educação Especial nos concelhos trabalhando 
na sensibilização dos professores, na metodolo-
gia adequada a cada situação, numa avaliação 
flexível e na produção e/ou utilização de mate-
riais didácticos acessíveis. Portanto, este curso 
só veio reforçarainda mais os conhecimentos 
possibilitando uma formação contínua (auto-
formação) com base nas actividades práticas 
relato 12
curso de atendimento educacional 
especializado cidade de são filipe —
cabo verde
Autor: Mário Alberto Gomes Dias Barbosa
Uma Nação mais inclusiva, justa e próspera, 
com oportunidades iguais para todos é a filo-
sofia do Governo e eu, sensibilizado também 
com a declaração de Salamanca que defende 
o princípio da educação inclusiva, admitindo 
todas as crianças nas escolas regulares inde-
pendentemente das suas condições físicas, 
sociais, linguísticas e outras, é que me motivou 
a participar no curso aee. Com o objectivo de 
aperfeiçoar o meu desempenho como professor/
coordenador pedagógico nas áreas de educação 
especial, expressão plástica e musical nos Con-
celhos de São Filipe e Santa Catarina do Fogo e 
adquirir conhecimentos práticos que facilitam 
o Atendimento Educacional Especializado (aee) 
aos alunos com Necessidades Educacionais 
Especiais (nees). 
Participei durante o mês de Agosto de 2006 
na cidade de Assomada Ilha de Santiago numa 
formação na área de Educação Inclusiva para 
baixa visão e cegueira total administrada por 
(quantas) professoras brasileiras, com apoio 
do governo Brasileiro em cooperação com o 
Ministério da Educação de Cabo Verde. Foram 
trabalhados dois módulos (Sistema Braille e Ha-
bilidades Básicas de Orientação e Mobilidades).
Confesso que de 2006, altura em que começa-
mos o trabalho de sensibilização relativamente 
á inclusão até esta data houve de facto uma 
melhoria significativamente boa quer em termos 
de metodologias, desempenho/motivação de 
professores e uma presença forte de crianças 
com deficiências físicas e/ou mentais nas esco-
las. Isto não significa meta atingida ainda falta 
muito para atingir a desejada inclusão. Foi neste 
ano lectivo 2010/2011 que a sala de recursos 
tornou-se uma realidade na cidade/Concelho/
ilha o que é para mim, uma experiência nova 
que abracei desde início com carinho e conti-
nuarei trabalhando no sentido de melhorar o 
meu desempenho e qualidade de atendimento 
de alunos com nees que frequentam sala de 
recursos e apoios pontuais aos professores e 
alunos com nees de escolas distantes. 
Tem na sala de recursos uma mesa grande 
de madeira para reuniões com oito cadeiras 150 151
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
tem surtido efeitos que saltam à vista, mas 
também no convívio com os colegas formandos, 
professores das escolas onde existem alunos 
com nee, com os quais trabalhamos.
A cidade de São Filipe é a sede do concelho 
do mesmo nome e da freguesia de Nossa Se-
nhora da Conceição. A cidade encontra-se a 
sudoeste da ilha, virada para o mar com vista 
para a vizinha ilha Brava. Ela é conhecida pela 
sua praia de areia negra, as ruas empedradas, 
os abundantes jardins com árvores e flores e a 
arquitectura colonial portuguesa, que conferem a 
são Filipe um charme muito especial. A Norte da 
ilha encontra-se o porto de vales cavaleiros, e a 
sudoeste, o aeródromo de são Filipe, o principal 
aeroporto da ilha. A cidade conta com cerca de 
10.000 habitantes, mas já foi, em tempos, a 
terceira mais populosa de Cabo Verde.
Presentemente regista-se um total de 3500 
alunos, do 1º a 6º anos de escolaridade, sob 
a alçada do med de São Filipe, sendo de entre 
eles, 95 incluídos. Neste primeiro ano 9 alunos 
frequentaram a sala de recursos e os demais 
por serem de escolas distantes receberam 
apoios pontuais, da minha parte e da equipa 
pedagógica, na pessoa do Mário Barbosa, 
coordenador pedagógico e também aluno do 
curso. Fui indicado, pela equipa pedagógica, a 
participar no curso aee, no inicio do ano lectivo 
2010/2011, passando desde já a trabalhar na 
primeira sala de recursos implementada no 
mesmo ano, pela primeira vez no concelho. 
Confesso que fiquei deveras entusiasmado 
com a minha nova e honrosa função que, como 
professor, sempre me dediquei em exercer 
dentro das minhas humanas limitações. Co-
meçamos o trabalho de sensibilização, junto 
de gestores, professores, pais e encarregados 
de Educação, relativamente à inclusão, e, 
posso afirmar que, melhorias significativas em 
termos metodológicos, de desempenho e/ou 
motivação de professores foram alcançados e 
crianças com deficiências nas escolas é uma 
realidade que já tem um tratamento diferente 
e diferenciado, rumo à tão desejada inclusão. 
Os desafios são enormes, mas com força de 
vontade e perseverança chegaremos ao nível 
desejado. 
O curso aee, ao qual tive a oportunidade de 
participar, comporta dez módulos, com uma 
carga horária de mais de 225 horas, com trans-
missões de aulas ao vivo, bate-papos, com 
do dia-a-dia, promovendo encontro entre pro-
fessores, pais e/ou encarregados de educação 
onde discutirão temas mais variados sobre a 
educação especial e/ou educação inclusiva. 
Agendar ainda encontros de reflexão en-
tre professores de sala comum e professores 
de sala de recursos, é com estas actividades 
práticas e outras possíveis que consolido os 
conhecimentos adquiridos durante o curso. Tam-
bém é de muita importância a socialização dos 
módulos do curso com colegas coordenadores, 
professores de alunos com nee e não só, com 
todos aqueles que de uma forma estão ligados 
a esta causa.
relato 13
atendimento educacional especializa-
do — aee são filipe — fogo, cabo verde: 
incluir para educar
Autor: Paulo António Teixeira Gomes de Pina
O professor está sempre a aprender e a sua 
formação é contínua ao longo da sua carreira. 
Depois de quase 18 anos de labor diário, conti-
nua a existir em mim aquela alegria estranha e 
a mesma ansiedade que experimentei no meu 
primeiro dia de aulas como professor, no já 
distante dia 27 de Novembro de 1993. Cada aula 
continua a ser diferente,vivida antecipadamen-
te, numa antevisão do que irá passar-se, mas 
depois há sempre aquele momento imprevisto 
que quebra a rotina e perpetua-se na memória.
Enquanto continuar a ser assim, quero per-
manecer, pois há algo de mágico no exercício 
da docência, uma comunhão, uma intimidade 
que se desenvolve ao longo do ano e que se 
preservam pela vida fora. Mais do que simples 
ganha-pão diário, é um prazer; mais do que 
um simples prazer, é uma honra; mais do que 
honra, significa toda uma vida.
Participar no curso aee, não obstante os 
esforços de que sempre empreendi para ultra-
passar certas dificuldades perante alunos com 
nee, continua a ter como objectivo aperfeiçoar 
o meu desempenho como professor da sala 
de recursos, onde actualmente trabalho, no 
Concelho de São Filipe - Fogo; acumular conhe-
cimentos que em prática me auxiliam no aee 
aos alunos com nee. Essa primeira experiência 
como aluno do curso e de aee, foi espectacular, 
não só pelo que aprendi teoricamente com as 
professoras e que na prática, empolgadamente, 152 153
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Hoje, depois de tudo que aprendi neste curso, 
sinto-me mais capaz e mais humano. Agrade-
ço a oportunidade, por dar-me não só, ainda 
mais motivação, mas também ferramentas 
e conhecimentos que me permitirão auxiliar 
com melhor preparo todos aqueles alunos 
apresentam algum tipo de deficiência. Poder 
continuar o curso, seria um sonho ainda maior 
que eu pudesse realizar aprender ainda mais, 
para melhor servir. Desde a primeira hora que 
abracei esta causa como sendo uma prioridade 
e tudo farei para ir mais além multiplicando 
todo o meu conhecimento junto dos colegas 
professores, profissionais de outras áreas que 
directamente ou indirectamente estiver ligado 
a sala de recursos e a minha escola. 
O trabalho de sensibilização foi alargado não 
só ao pessoal afecto a escola, mas sim a toda 
comunidade educativa e consciente de que 
ainda muito caminho falta por percorrer. O aee 
não é substitutivo do ensino regular, mas sim 
complementar e/ou suplementar destinando-se 
a alunos com deficiência, transtornos globais de 
desenvolvimento e altas habilidades/superdo-
tacao. Oferecido, preferencialmente, na mesma 
escola emque o aluno frequenta e deverá cons-
tar do projecto político pedagógico da escola 
do ensino regular, reflectindo a pluralidade de 
acções que envolvem o acto educativo em que 
todos são capazes de aprender, embora com 
ritmos e estilos de aprendizagens diferentes.
relato 14
aplicabilidade do curso aee na cidade 
de espargos — ilha do sal, cabo verde
Autora: Zandi Helena Gomes Lima
Cabo Verde tem vindo a apostar cada vez mais 
na construção de uma sociedade mais inclusiva 
e na educação para todos seguindo, para isso, 
as orientações da Conferência Mundial sobre 
“Educação para Todos” realizada em Jomtien 
(Tailândia) em 1990 da qual resultou a “Decla-
ração Mundial sobre a Educação para Todos”.
Uma das orientações específicas desse docu-
mento é o apelo aos governos para a adopção 
dos princípios da Declaração em forma de lei ou 
de política que permitam que todas as crianças 
estejam matriculadas em classes regulares; 
que se invista na formação dos docentes e na 
organização e gestão das escolas de forma a 
combater quaisquer tipos de exclusão.
acompanhamento e avaliação dos módulos, 
em aulas presenciais realizados periodica-
mente na cidade da Praia. 
Não podia deixar de referir que o módulo 
iii – Tecnologias Assistivas – ta – foi daque-
les com o qual mais me identifiquei, que me 
pareceu mais útil e viável, em decorrência da 
minha actividade profissional como professor 
da sala de recursos e não só, mas também por 
ser artista plástico, autodidacta e que sendo 
assim, me facilita e muito a confecção de vários 
materiais didáctico pedagógicos, conforme as 
necessidades, tendo em conta a própria reali-
dade da escola e do país.
A educação inclusiva tem por princípio 
o reconhecimento e a valorização das 
diferenças humanas o que requer das 
escolas ambientes com condições de ga-
rantir acesso, participação, interacção e 
autonomia para todos os alunos. Acolher 
as diferenças é fazer da escola um espaço 
em que ninguém se sinta excluído. O aee 
faz uso da Tecnologia Assistiva – ta e suas 
categorias direccionadas ao aluno com 
deficiência, visando à inclusão escolar. 
A ta é uma aliada do aee porque possi-
bilita uma gama de serviços e recursos 
que auxiliam os alunos na resolução de 
suas tarefas funcionais. As dificuldades 
funcionais na realização de tarefas po-
dem ser transformadas em possibilidades 
funcionais e participação, se for devida-
mente provido o recurso necessário para o 
aluno. Por isso, o aee aparece como uma 
das garantias de inclusão e a tecnologia 
assistiva como uma ferramenta que possi-
bilita ao aluno ser um sujeito actuante no 
seu processo de aprendizagem (bersch; 
machado, 2011).
Acrescentando, a ta, pode ser desenvolvida 
e concebida numa perspectiva interdisciplinar 
e isso foi uma das coisas que me fascinou no 
exercício da docência poder auxiliar o aluno 
na utilização de algo que possibilita a apren-
dizagem e permitir-lhes o desenvolver suas 
competências operacionais e autónomas. Acre-
dito que a ta, permite-nos, como professor, 
trabalhar numa perspectiva interdisciplinar 
realizando interlocuções com profissionais 
de outras áreas de forma a garantir o melhor 
recurso para alunos com deficiência.154 155
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
cessidades Educativas Especiais.
Para além de ser ainda relativamente novo 
(sala inaugurada em Setembro de 2009), clas-
sifico de enorme importância este mesmo 
projecto, já que faço parte dele não há assim 
tanto tempo, mas tenho tido a oportunidade 
de, ao mesmo tempo, ir vendo na realidade as 
dificuldades das crianças com necessidades 
educativas e o mais importante aprendi a ver-
lhes da forma mais correcta – não ver as suas 
dificuldades, mas sim as suas potencialidades. 
Especialmente, para mim, estar numa Sala de 
Recursos tem sido uma forma de abrilhantar 
ainda mais essa formação em Atendimento 
Educacional Especializado.
Neste ano lectivo, a população estudantil da 
ilha ronda os 6.185 alunos, sendo 1.302 no Pré-
escolar, 3.156 no Ensino Básico Integrado e 1.729 
no Secundário. As crianças identificadas com Ne-
cessidades Educativas Especiais são cerca de 19. 
Em atendimento, temos: quatro alunos 
com Deficiência Auditiva, um com Deficiência 
Visual,cinco com Deficiência Mental e cinco 
com outros transtornos sem especificação. Para 
além destes há outros que têm seguimento na 
própria escola. O grau de escolaridade dos 
mesmos vai desde o primeiro ao sexto ano do 
Ensino Básico Integrado, em período contrário 
às aulas, não tendo nenhuma criança do Jardim 
Infantil em seguimento ou do ensino secundário, 
não obstante a presença de alguns casos.
A Sala de Recursos anac Sal, está situada na 
Cidade de Espargos, Ilha do Sal mais propria-
mente na Escola Nova. Abrange todas as escolas 
e jardins infantis da ilha, embora algumas das 
crianças necessitadas tenham dificuldades em 
ter acesso à sala, por motivos vários.
Todos estes alunos estão incluídos numa 
sala de aula regular. Entretanto, encontram 
ainda imensas dificuldades dentro da sala que 
impedem o real desenvolvimento das suas 
potencialidades, fala-se, por exemplo, das di-
ficuldades dos professores em acompanhá-los 
por motivos vários, um deles é a superlotação 
das salas de aula e a pouca preparação em 
matéria de Educação Especial.
A Sala de Recursos trabalha em parceria com 
diversas instituições locais sensíveis à questão 
das Necessidades Educativas Especiais.
Durante o Curso de aee, dispusemos de vários 
módulos, concernentes aos diversos temas trata-
dos, todos com uma importância singular. Apesar 
Nesta perspectiva de construir uma socie-
dade mais inclusiva e com a abertura de salas 
de recursos em algumas ilhas de Cabo Verde, 
houve também a necessidade de apostar na 
formação dos docentes em educação especial. 
A Direcção Geral do Ensino Básico e Secun-
dário (dgebs) de Cabo Verde, em parceria com 
a Universidade de Santa Maria no Brasil (ufsm) 
levaram a cabo esta formação em Atendimento 
Educacional Especializado (aee) com uma du-
ração de seis meses aproximadamente, com 
sessões online e presenciais. O objectivo foi 
capacitar os professores em matéria de Neces-
sidades Educativas Especiais e nas diversas 
formas de intervenção na educação das crian-
ças independentemente das suas dificuldades. 
Em relação à minha experiência, iniciei a minha 
vida profissional, há menos de um ano. Entretanto, 
já tinha estado na sala de recursos onde eu me 
encontro neste momento em processo de estágio 
profissional durante seis meses, e confesso que 
a minha primeira impressão foi a de pensar: “Ah, 
eu não sou capaz de trabalhar com eles”! 
A partir daí, surgiu a oportunidade de fazer 
alguns cursos básicos em lgp (Língua Gestual 
Portuguesa), Iniciação ao Sistema Braille In-
tegral e Código Matemático Unificado. Daí em 
diante, o trabalho maior tem sido sempre a 
procura de informações para o enriquecimento 
pessoal. Penso que desta forma estarei e qual-
quer um de nós que trabalha com crianças com 
nee estará a fazer com que o seu trabalho seja 
cada vez melhor e com mais qualidade.
Para mim, a participação neste curso de 
Atendimento Educacional Especializado, foi uma 
experiência muito inovadora. Para além de já 
ter feito uma formação superior em Psicologia 
Educacional e, de alguma forma ter trabalhado 
o tema Necessidades Educativas Especiais, ter 
tido a oportunidade de trabalhar com casos 
específicos e reais, ter tido a oportunidade de 
trabalhar em cada tema com pessoas espe-
cialistas nas áreas correspondentes, me fez 
ganhar mais um leque de conhecimentos e ex-
periências que, com certeza dignificaram mais 
o meu trabalho na Sala de Recursos e abriram 
novos horizontes na questão das Necessidades 
Educativas Especiais. 
A abertura da Sala de Recursos na Ilha do 
Sal, foi um projecto elaborado pelo professor 
Manuel Portugal que, entretanto já participou 
de outras formações relacionadas com as Ne-156 157
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
As crianças especiais simplesmentenos tor-
nam também especiais pela dádiva de partilhar 
com eles cada momento, cada ganho, cada 
superação, cada sorriso.
disso, o módulo do qual mais me identifiquei foi 
o de Deficiência Física. Ainda que não tenhamos 
por agora crianças consideradas deficientes 
físicos, senti-me muito sensibilizada por este 
porque, passei a conhecer outras formas, estra-
tégias e a elaborar alguns materiais com as quais 
podemos possibilitar a aprendizagem e educação 
da criança deficiente físico. Portanto, houve a 
oportunidade de integrar os conhecimentos e 
melhor explorar aquilo de que já dispunha como 
Know How e do material disponível na nossa 
Sala de Recursos, sem falar na boa disposição 
da professora Amara Battistel em disponibilizar 
os seus conhecimentos e experiências.
Crianças cujo desenvolvimento é atípico em 
algum aspecto são muito mais semelhantes às 
crianças que se desenvolvem normalmente do 
que difere delas [...] o fato de uma criança ser 
diferente em um aspecto não deve cegar-nos 
para o fato de que ela seja provavelmente bas-
tante “típica” em muitos outros aspectos (bee, 
2003, p.453 apud módulo iv, 2011).
Todos os autores referenciados no módulo, 
desde Vygotsky, Trombly e outros incidem 
sobre a questão da estimulação precoce das 
crianças com Deficiência nos libertando da 
visão das suas limitações orientando-nos para 
as suas potencialidades.
Em forma de conclusão, posso dizer que a 
implementação das recomendações da Decla-
ração Mundial sobre a Educação para Todos em 
forma de políticas e leis de base em Cabo Verde, 
os cursos de formação para professores, entre 
outros, possibilitam ao professor a revisão e a 
reorientação das suas práticas à luz dos novos 
referenciais pedagógicos da inclusão. Este é o 
objectivo principal do curso de aee e espero 
que seja realmente conseguido.
Sobre a forma de continuidade das experiên-
cias adquiridas durante o curso, elas estão sendo 
desde o primeiro momento a ser colocadas em 
prática no ambiente Sala de Recursos, espaço 
onde convivo com crianças especiais todos os 
dias, no ambiente escolar através de informações 
e troca de impressões com os professores, pais 
e outros agentes educativos. Este trabalho de-
verá ser contínuo já que o objectivo é zelar para 
a maior proliferação de informações positivas 
relativas à educação especial e aos direitos das 
crianças com necessidades educativas especiais, 
de forma a mudar mentalidades e transformar a 
nossa sociedade.158 159
4
A EXPERIÊNCIA CABO-VERDIANA: 
RELATOS DE PROFESSORES QUE REALIZARAM 
O CURSO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL 
ESPECIALIZADO — AEE DA CIDADE DE PRAIA, 
CABO VERDE
Sílvia Maria de Oliveira Pavão 
Patrícia Revelante
162 163
uma prática “fácil”. Entretanto, o aumento de 
cursos ofertados e o elevado número de alunos 
dispostos a aderir a essa nova modalidade de 
ensino, gradativamente têm desmistificado 
essas concepções sobre o ensino a distância. 
Porém, é possível perceber que, nos últimos 
anos, a Educação a Distância tem sido considera-
da como uma das melhores formas de oportuni-
zar aos docentes, que já possuem uma formação 
inicial, bases teóricas e práticas no âmbito da 
formação continuada, uma vez que vivenciam 
as mudanças ocorridas na contemporaneidade 
afetando de forma direta sua relação com o alu-
nado e seu envolvimento com o conhecimento. 
Assim, a evolução tecnológica passa a fazer 
parte da realidade de formação de professores 
que buscam nessa prática uma oportunidade 
de adquirirem novos conhecimentos e utilizá-los 
em sua ação pedagógica, principalmente na área 
da educação especial que vem consolidando um 
novo paradigma: o da inclusão escolar.
Apesar da Educação a Distância não ser uma 
modalidade nova de educação, nos últimos 
anos, ela garantiu novas discussões e um amplo 
espaço na sociedade devido ao emprego das 
tecnologias na educação, tornando possível a 
mediação entre os alunos e os diversos instru-
mentos tecnológicos disponíveis no mercado, 
nesse caso, mais especificamente o computa-
dor. O uso do computador como ferramenta de 
aprendizagem e de aperfeiçoamento possibilita 
o desenvolvimento de novos conceitos por meio 
do acesso às atuais relações de saber, pois 
oferece recursos metodológicos e diversos 
modelos de atividade.
O ensino a distância, com o sentido de prática 
fácil de ensino, há muito tempo já foi desmis-
tificado. Nossa experiência com um grupo de 
alunos moradores na cidade de Praia, Cabo 
Verde na África, traduz a veracidade de muitos 
aspectos que perpassam o ensino a distância. 
Temos por objetivo apresentar os aspectos 
essenciais envolvidos no ensino a distância na 
formação de professores para o Atendimento 
Educacional Especializado. Para tanto, nos 
valemos da qualidade de professoras de 15 alu-
nos que já possuem uma formação inicial para 
atuação no magistério, isto é, já são professores 
que atuam em Pólos Educacionais nessa cidade 
do continente africano. A interação com esses 
alunos ocorreu por meio de um ambiente virtual 
de aprendizagem que permitia algumas formas 
aprendizagem é compreendida, a par-
tir dos estudos psicológicos e educa-
cionais, como forma de mudança de 
comportamento. O ser humano, ao 
nascer, precisa de cuidados e orientações que 
serão essenciais para toda sua trajetória vital. 
Tais cuidados vão se configurando a partir de 
muitas aprendizagens ao longo da vida. Toda-
via, existem diferentes formas de aprender e 
diferentes tipos de aprendizagem. 
Há pouco mais de duas décadas, o desenvolvi-
mento das tecnologias da informação e comuni-
cação revolucionaram as concepções e a prática 
de ensino em todo o mundo. Surgiu, então, o 
ensino a distância! Com ele, também surgiram 
novos desafios aos professores e alunos que, 
em processo de permanente desejo de aprender 
e evoluir estabelecem vínculos profícuos na 
direção de novas e significativas aprendizagens.
As experiências educacionais a distância já 
somam muitas e peculiares contribuições que 
permitem seu aperfeiçoamento, principalmente 
no ponto de vista didático. Muitas especula-
ções sobre essa nova modalidade de ensino já 
foram alvo de críticas bastante assombrosas, 
que evidenciavam ser o ensino a distância 
A
164 165
O país sofre com constantes quedas e faltas de 
energia, o que, impossibilitava a conexão com 
a internet. Apesar disso, devemos dizer que 
essa dificuldade não comprometeu a aprendi-
zagem e o interesse dos alunos com o Curso, 
acreditamos que os novos conceitos envolvi-
dos no fazer pedagógico se faziam presentes 
como mais uma alternativa de contextualizar 
as perspectivas e os novos paradigmas de uma 
sociedade e escola inclusiva. Assim, o contato 
com as mídias permitiu ampliar as discussões 
sobre a educação especial de Cabo Verde por 
meio de um paralelo com a educação brasileira.
Para nós, professoras, a Educação a Distância 
permitiu o conhecimento de um novo público 
de alunos. A geografia e a cultura da região não 
foram obstáculos para a realização de várias dis-
cussões, estudos e leituras, em especial, a leitu-
ra dos módulos específicos do Curso visando à 
aproximação e à internalização do Atendimento 
Educacional Especializado, tendo em vista que 
nesse país ainda não está completamente imple-
mentada a prática de uma educação inclusiva 
comparada ao modelo brasileiro que preconiza a 
educação especial na perspectiva da educação 
inclusiva (brasil, 2001, 2008). 
Enquanto atividade didática, nos fóruns 
eram postados questionamentos e discussões 
que viabilizaram a compreensão e a aprendi-
zagem dos conteúdos propostos. Além disso, 
também foram realizadas outras atividades 
que incluíram o desenvolvimento de um plano 
de atendimento educacional especializado, no 
qual os alunos do Curso deveriam escolher um 
dos alunos matriculados em sua escola para 
efetuar tal plano e assim apresentar como 
proposta de trabalho a ser desenvolvida com 
base nos estudos já realizados. 
A culminância do Curso foi marcada pela 
realização de uma atividade manuscrita, deno-
minada RelatoDocumentado, em que foi soli-
citado aos alunos a escrita do que foi possível 
vivenciarem com o curso e a possibilidade real 
de aplicação em suas práticas cotidianas como 
professores de alunos com deficiência.
O resultado desse trabalho será apresentado 
a seguir. Contabilizam 15 relatos, cada qual com 
a descrição da realidade educacional desses pro-
fessores e suas impressões acerca do Curso em 
questão. Procuramos nessa apresentação manter 
a originalidade dos textos enviados, que foram 
escritos com a língua oficial do país: o português.
de interatividade, como o bate papo, o diário de 
bordo, e mail, fóruns, materiais na biblioteca. 
Salientamos que os mais utilizados com esses 
alunos foram o fórum o bate-papo, e o e-mail. 
Essas tecnologias de informação contribuí-
ram de forma significativa durante o andamento 
do curso como instrumentos a serviço da edu-
cação, avaliando e enriquecendo os aspectos 
pedagógicos de um estudo individual, como 
se caracteriza o ensino a distância, como um 
ensino autônomo em que o aluno pode organizar 
e gerenciar seus estudos e exercícios, porém 
também com essas ferramentas foi possível es-
tabelecer a troca simultânea de conhecimentos 
entre alunos, professor e tutor, uma vez que as 
atividades desenvolvidas levavam em conside-
ração a aprendizagem e a experiência de todos 
para que assim pudéssemos arquitetar uma 
construção coletiva do conhecimento. 
Nesse aspecto, podemos configurar a Educa-
ção a Distância como uma estratégia de demo-
cratização da educação. Contudo, é necessário 
disponibilizarmos um ensino aliado às expecta-
tivas dos educandos, com professores e tutores 
competentes a fazer uma mediação de qualidade, 
pois somente a tecnologia não garante a ocor-
rência de uma prática de aprendizagem. Para 
que haja efetividade na Educação a Distância, 
os professores e tutores devem ter a respon-
sabilidade de traçar estratégias de ensino que 
sejam significativas no contexto online, pois a 
metodologia do ensino a distância se difere do 
ensino presencial, e uma das mais importantes 
táticas de mediação é fazer com que o aluno 
nunca se sinta só no ambiente de aprendizagem.
Apesar de o ensino ser a distância, a identida-
de de aluno sempre pede o amparo do profes-
sor e, por isso, mesmo a aprendizagem sendo 
“individual”, o papel do professor e do tutor se 
multiplica, pois desenvolver online formas de 
colaboração e de ações significativas se tornam 
cada vez mais desafiadoras. Durante a media-
ção, houve um maior compromisso para tornar 
real a oportunidade de oferecer aos alunos um 
modelo mais rico de ensino e aprendizagem. 
Assim, foi necessário ver a importância da 
perspectiva que engloba a Educação a Distância 
tanto no âmbito político como social e cultural. 
Nessa experiência cabo-verdiana, os desafios 
não só se resumiram às metodologias utilizadas, 
mas também a uma peculiaridade na interação 
com os alunos que foi o fator da energia elétrica. 
166 167
Compreendemos com esse estudo quão 
válido foi para esse grupo de alunos (profes-
sores) a experiência virtual de auto formação, 
pois foi proporcionado a essa turma de alunos/
professores a oportunidade de implantarem 
posteriormente suas aprendizagens no seu 
ambiente de trabalho, de forma a se tornarem 
investigadores de sua própria prática pedagó-
gica e arquitetos de um processo inclusivo em 
Cabo Verde. Por meio desse Curso, acreditamos 
ter plantado, nos alunos que fizeram o Curso, 
o desejo pela continuidade de assimilar novos 
conhecimentos e assim ter capacidade de ava-
liar as situações vigentes em sua comunidade.
Nessa experiência de formação, nós (professo-
ra e tutora) pretendemos mais do que sermos me-
diadoras de conhecimentos. Com esse trabalho, 
almejamos dar voz a um grupo de professores 
por meio do processo de aprendizagem de sua 
experiência virtual e social. Tentamos incluí-los 
no debate contemporâneo sobre a inclusão da 
pessoa com deficiência e, para isso, tomamos 
como aliadas as tecnologias de comunicação e 
informação. Buscamos dar significativo valor às 
contribuições dos alunos e a partir delas criar 
produções que fossem válidas para todos.
A seguir, são apresentados os relatos dos 
alunos que participaram do Curso, com os quais 
é possível constatar as diferenças em termos 
de realidades educacionais e as muitas formas 
com as quais esses professores passaram a 
aplicar diretamente os conteúdos e práticas 
construídos ao longo do Curso de aee.
Os relatos são apresentados em ordem alfa-
bética de autoria.
relato 1 
aplicabilidade do curso aee no pólo 
nº 1 de assomada, ilha de santiago, 
cabo verde: implementação de uma 
sala de atendimento educacional 
especializado
Autor: Adelaide Varela Cabral Pinto
A educação inclusiva é um direito humano e 
implica uma efectiva participação de todos 
no processo educacional. A inclusão escolar 
refere-se a todas as formas possíveis, por meio 
das quais se busca, no decorrer do processo 
educacional escolar, combater a exclusão, ma-
ximizando a participação em educação de todos 
os alunos de uma área, quaisquer que sejam 
as origens das barreiras que experimentam em 
sua aprendizagem.
Depois de ter trabalhado durante cinco anos 
como Educadora Social do Instituto cabo-ver-
diano de menores e doze anos como professora, 
entre os quais quatro desses, como Promotora 
de Saúde Escolar, tenho deparado e encontrado 
vários casos de crianças com Necessidades Edu-
cativas Especiais (nee). Esses casos de crianças 
com necessidades educativas especiais sempre 
despertaram em mim enormes preocupações e 
um grande desejo de encontrar respostas ade-
quadas e diferenciadas, de acordo com cada 
situação vivida, em parceria com a família, com 
os colegas e com as instituições envolventes.
Ao longo desses anos de experiência tenho 
participado em várias acções de formação (se-
minários, workshop, palestras) sobre temas 
como cegueira e a escrita Braille, surdez, comu-
nicação com uso de sinais para os mudos, de 
entre várias outras acções que visam a inclusão. 
Essas acções de formação de que falei sempre 
foram de curta duração e não permitiram um 
desenvolvimento aprofundado dos temas, de 
forma a que permitisse uma análise e um en-
quadramento melhor dos casos encontrados.
Tendo em conta o exposto, quando surgiu 
esta possibilidade de fazer este Curso de Aten-
dimento Educacional Especializado, abracei 
com forte motivação, porque vi nele (curso) uma 
os relatos dos alunos
168 169
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Cada aluno com Transtorno Global do De-
senvolvimento tem as suas especificidades e 
o seu modo particular de se relacionar com o 
saber, o seu próprio estilo de aprendizagem. 
Neste sentido é importante que o professor 
tenha um olhar para além do diagnóstico, 
não rotulando o aluno em um determinado 
transtorno. Assim evita-se generalizações que 
aprisionam o aluno em um diagnóstico. Sendo 
assim, vale lembrar que “todas as crianças 
aprendem muito mais do que sonha a nossa 
vã pedagogia” (kupfer; petri, 2000, p.116 
apud vieira, 2011). 
De entre as crianças com Necessidade Edu-
cativa Especial que frequentam a minha Escola, 
realço dois alunos que apresentam Transtornos 
Globais do Desenvolvimento, na minha sala de 
aula. Com a abordagem deste módulo no curso, 
com a confecção de materiais didácticos nas 
aulas presenciais, bem como as interacções 
entre os colegas e os professores do curso, 
adquiri competências que permitiram melhorar 
a minha prática e actuação na sala de aula, no 
que diz respeito a selecção de materiais acessí-
veis e uso de novas tecnologias de informação 
no tratamento dos conteúdos.
Para dar continuidade ao atendimento de 
crianças com Necessidade Educativa Especial 
e continuar a pôr em prática os conhecimentos 
construídos neste curso, a Delegação Escolar 
do meu concelho pretende implementar neste 
próximo ano lectivo, uma Sala de Atendimento 
Educacional Especializada, com a função de 
elaborar e organizar recursos pedagógicos e de 
acessibilidadesque eliminem barreiras para a 
plena participação dos alunos, considerando 
as sua necessidades específicas.
Essas crianças frequentarão esta sala espe-
cializada no período contrário das suas aulas, 
onde serão desenvolvidas com elas, actividades 
estimuladoras dos processos mentais como 
atenção, percepção, memória, imaginação, cria-
tividades, linguagem entre outras. 
Como um dos elementos que fará parte da 
implementação da sala especializada, conside-
ro que os conhecimentos que construí durante 
este curso de Atendimento Educacional Especia-
lizado serão importantes e fundamentais para 
dar continuidade ao trabalho de atendimento 
às crianças com Necessidade de Educação 
Especial de todas as escolas que fazem parte 
deste concelho de Santa Catarina.
oportunidade de desenvolver novas competên-
cias que permitam melhorar a minha actuação 
em sala de aula, atendendo crianças com ne-
cessidades educativas especiais e encontrando 
respostas adequadas a cada situação. 
Trabalho na Cidade de Assomada, concelho 
de Santa Catarina, ilha de Santiago. A minha es-
cola faz parte do Pólo nº 1 de Assomada. Neste 
ano lectivo, 2010/2011, a escola trabalhou com 
706 alunos matriculados, distribuídos por 22 
professores, num rácio de 32 alunos por sala. 
A escola trabalhou com 10 alunos incluídos, 
sendo dois (2) no 1º ano, seis (6) no 2º ano e 
dois (2) no quarto ano.
A minha escola não tem sala de recursos, 
mas dispõe de alguns equipamentos informá-
ticos e materiais didácticos que auxiliam os 
professores no seu trabalho, na abordagem 
dos conteúdos, particularmente os professores 
que têm alunos incluídos.
No plano anual de actividades da minha es-
cola são agendadas todos os anos, sessões de 
formação destinadas à produção de materiais di-
dácticos com o objectivo de levar os professores 
a realizarem trabalhos práticos com os alunos, 
durante as aulas. A realização dos trabalhos 
práticos ajuda as crianças de uma forma geral, e 
particularmente as incluídas a desenvolverem a 
atenção, a imaginação, concentração, destreza 
manual, criatividade e espírito de equipa.
Dos módulos estudados no curso, destaco 
neste ponto, o Módulo ix “Transtornos Globais 
do Desenvolvimento”, estabelecendo a dife-
rença entre a deficiência mental e a doença 
mental, isto porque muitas vezes, as pessoas 
com Transtornos Globais do Desenvolvimento 
são confundidas com pessoas com deficiência 
mental, o que, no entanto, o módulo nos mostra 
diferenças pontuais.
Os alunos com Transtornos Globais do De-
senvolvimento definem-se por apresentarem 
“um quadro de alterações no desenvolvimento 
neuropsicomotor, comprometimento nas rela-
ções sociais, na comunicação ou estereotipias 
motoras” (brasil, 2008, p.2). Sendo assim, 
os sujeitos com Transtornos Globais do De-
senvolvimento não devem ser enquadrados 
como sujeitos com deficiência mental, apesar 
de essa última poder estar associada aos 
quadros em determinados casos. É importante 
salientar que alguns desses sujeitos podem 
ter inteligência acima da média.
170 171
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
assim como outras pessoas que lidam com esta 
problemática, em especial as nossas crianças. 
Desde ano 2007 até a presente data, tra-
balho como responsável do Núcleo da edu-
cação especial na Delegação do Ministério 
da Educação e Desporto da Praia, cujo o ob-
jectivo essencial é trabalhar com os alunos 
com Necessidades Educativas Especiais em 
parceria com o sector da educação especial, 
mas concretamente sala de recursos.
A Delegação do Ministério da Educação e 
Desporto de Praia, dispõe de 36 pólos educa-
tivos, onze (11) escolas secundárias, sendo 10 
na Praia e um (1) na Ribeira Grande de Santiago. 
Das onze Escolas Secundárias, nove públicas 
e dois semi-públicas, albergando um total de 
19.000 (dezanove mil) alunos do ensino básico. 
A mesma está estruturada em vários serviços, 
entre os quais, o Gabinete de Atendimento e 
Apoio ao Aluno e à Família (gaaf), que é um 
serviço da Delegação do Ministério da Educação 
e Desporto da Praia que tem como objectivos, 
acompanhar e optimizar o percurso escolar dos 
alunos, desde Jardim-de-infância até ao Ensino 
Secundário, facilitando o desenvolvimento da 
identidade pessoal das crianças e jovens e, ao 
mesmo tempo, prestar apoio e acompanha-
mento ao aluno e à família. Além disso, o gaaf 
também presta acompanhamento psicológico 
aos professores, dando o devido encaminha-
mento às instituições competentes quando os 
casos assim justifiquem.
Os casos que chegam ao gaaf são através 
de preenchimento de fichas de pedidos de 
observação, fornecidos aos coordenadores 
pedagógicos de cada pólo educativo que, por 
sua vez, disponibilizam aos professores, para 
indicação dos alunos que necessitam de acom-
panhamento. Também existem fichas de pedido 
de acompanhamento disponível para os alunos 
das escolas secundárias quando são os próprios 
a solicitar acompanhamento.
O Gabinete também presta e desenvolve 
acções de formações, palestras e seminários 
nas escolas, destinados aos alunos, professores 
e pais/encarregados de educação, abordando 
vários temas considerados pertinentes, conso-
ante às necessidades das escolas.
Ao gaaf é fixado o seguinte conjunto de 
atribuições:
Colaborar com as escolas de ensino re-
gular, famílias e unidades de saúde pública 
relato 2 
inclusão das crianças com necessi-
dades educacionais especiais no sis-
tema do ensino regular experiência 
no núcleo da educação especial na 
delegação do ministério da educação 
e desporto de praia, cabo verde
Autora: Anabela de Jesus Varela Teixeira
A escola é uma instituição responsável pela trans-
missão dos saberes: saber ser, saber estar, saber 
fazer e saber conviver com, que são os valores 
dominantes na sociedade actual, aguçada quan-
do a política educativa está apostando num saber 
voltado para a competência. Outra aposta da po-
lítica governamental através do Grandes Opções 
do Plano – gop é o desenvolvimento sustentável 
do país. O cumprimento deste desiderato passa 
necessariamente pela aposta na educação.
Todavia a inclusão deve ser vista como um 
processo que passa pela integração das crianças 
no seu aspecto biopsicossocial e na aquisição 
de todos os meios necessários para o processo 
ensino aprendizagem. 
 Quando pensamos em educação inclusiva, 
direcionamos nosso pensar para os alunos 
com nees, matriculados e acompanhando uma 
classe do ensino comum. Contudo, para que de 
facto, se desenvolva esta escolarização e que 
com ela, tanto a aluno quanto o professor que 
o acompanha obtenham experiências pedagó-
gicas satisfatórias, vários serviços de apoio 
precisam ser disponibilizados nas diferentes 
áreas, tais como: saúde, assistência social, 
educação dentre outras. 
O Atendimento Educacional Especializa-
do–aee,tem como função, complementar ou 
suplementar a formação do aluno, disponibi-
lizando serviços, recursos de acessibilidade 
e estratégias que eliminem as barreiras para 
sua plena participação na sociedade e desen-
volvimento de sua aprendizagem. Realmente 
este curso foi de extrema importância para a 
minha carreira profissional, tendo em conta 
que o meu trabalho é mesmo direccionado para 
este público alvo. Sou licenciada na área de 
psicologia Clínica e de Saúde, já fiz pequenas 
formações na área de Braille, surdez e ou-
tras, mas esta para mim foi muito importante, 
porque tivemos a oportunidade de trabalhar 
muitos módulos em que o meu conhecimento 
era muito limitado para apoiar os professores, 
172 173
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Essa formação foi muito proveitosa, desta 
forma pretendo a partir dos módulos traba-
lhados pôr em prática todos os conhecimentos 
evidenciados ao longo do curso, aproveitando 
os colegas do curso, principalmente os que 
trabalham no concelho da Praia.
relato 3 
aplicabilidade do curso aee — cidade 
da praia, ilha santiago — cabo verde
Autora: Analiza Lima
Quando fui convidada para participar no curso 
de aee pensei em recusar, mas depois de uma 
reflexãoe feita uma análise da realidade escolar 
e social onde lecciono aceitei mais esse desafio. 
Muitas foram as motivações, algumas das quais 
citarei a seguir: entender o que vem a ser uma 
educação inclusiva, o atendimento educacional 
especializado e adquirir ferramentas fulcrais para 
uma verdadeira inclusão dos alunos no ensino 
secundário, cuja carência técnica faz-se sentir. 
Demais, os dados estatísticos apontam que, 
dos 13.631deficientes em Cabo Verde com mais 
de quatro anos de idade, 5.714 nunca frequen-
taram uma escola, 5.831 já frequentaram e 
apenas 2.086 continuam no sistema educativo. 
Ainda, na faixa etária dos 6 aos 9 anos de ida-
de, que é a faixa da escolaridade obrigatória, 
das 845 crianças portadoras de deficiência, 
208 crianças, ou seja, cerca de 25%, nunca 
frequentaram uma escola, 568 (67%) estão a 
frequentar e 69 (8,2%) já passaram por alguma 
instituição de ensino. Esses dados são mais 
do que suficientes para justificar uma aposta 
na formação aee e uma aposta na mudança de 
atitude em relação ao “ser diferente”.
Em Cabo Verde, é considerável o número 
de crianças com necessidades especiais, mas 
ainda existe certa carência, não só de equipa-
mentos e espaços adequados, como também de 
educadores com formação específica para lidar 
com alunos com deficiências (surdos, mudos, 
autistas, portadores de deficiência mental, de 
déficit de atenção). 
Na escola secundária onde lecciono encon-
tram-se matriculados três alunos com deficiên-
cias, sendo dois com cegueira, ambos devendo 
concluir o 12º ano ainda neste ano lectivo, e 
um com paralisia cerebral leve, frequentando 
nesse momento o sétimo ano de escolaridade. 
Em relação aos alunos deficientes visuais, numa 
na identificação, observação, avaliação e 
respectivo encaminhamento de crianças e 
jovens portadores de deficiência e ou outras 
necessidades educativas especiais;
Participar na definição de estratégias e meto-
dologias a desenvolver com alunos cujas neces-
sidades aconselhem intervenções específicas;
Promover o acompanhamento social, psicoló-
gico e pedagógico às crianças e jovens definidos 
nas alíneas anteriores e respectivas famílias, 
quer em ambiente escolar quer em ambiente 
sócio-familiar, nomeadamente no âmbito da 
intervenção precoce.
Relativamente aos Módulos estudados, para 
mim todos foram pertinentes e muito claros, 
mas a questão da deficiência física me deixou 
muito satisfeita tendo em conta que no nosso 
país é pela primeira vez que estamos a lutar 
para a inclusão das crianças com nee em par-
ticular a inclusão das crianças com paralisia 
cerebral no sistema regular do ensino. Com 
esta formação conseguimos muito apoio e 
esclarecimento o que nos facilite e de que 
maneira para trabalhar com as mesmas.
Também é de realçar que todos os Módulos 
estudados durante o curso, trouxeram algo 
importante para a nossa prática quotidiana, 
entretanto destaco o Módulo iv – Deficiência 
Física, cujos esclarecimentos contribuíram para 
a efetivação de futuros encaminhamentos para 
os alunos que buscam o Núcleo.
Para terminar este trabalho gostaria de dizer 
que foi um momento muito bom para mim, tendo 
em conta a sua relevância e os temas tratados, 
pois foram momentos de trocas de ideias e 
experiências em que nos ajuda bastante no 
nosso dia-a-dia. Todas as aulas trouxeram novi-
dades e viabilidade e os encontros presenciais 
foram uma maravilha. Por isso, acredito que a 
formação deste tipo irá continuar e abranger 
para todo mundo, como sabemos o processo da 
inclusão exige muito esforço e, sobretudo a boa 
vontade. É de realçar que aqui no concelho da 
Praia agora sentimos mais força para lutarmos 
e apoiar aqueles que mais precisam de nós, 
mas para isso precisamos o envolvimento de 
todos principalmente do governo e Ministério 
da Educação e Desporto, no sentido de dar 
respostas as nossas demandas. Quanto a sala 
de recursos temos uma no concelho da Praia e 
espero que em breve será criada pelo menos 
mais uma tendo em conta a grande necessidade.
174 175
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
entre a aprendizagem e desenvolvimento (mene-
zes et al., 2011). Pois, a aprendizagem interage 
com o desenvolvimento, produzindo abertura 
nas zonas de desenvolvimento proximal (que 
não é igual para todos) nas quais as interações 
sociais são centrais, estando então, ambos os 
processos, aprendizagem e desenvolvimen-
to, inter-relacionados. Através desse processo 
interactivo, pois o sujeito além de ser ativo é 
também interativo, porque forma conhecimentos 
e se constitui a partir de relações intra e inter-
pessoais. O sujeito internaliza conhecimentos, 
papéis sociais na troca com outros sujeitos e 
consigo próprio abrindo portas para a formação 
de conhecimentos e da própria consciência Deste 
modo, o nível de desenvolvimento mental de um 
aluno, não pode ser determinado apenas pelo 
que consegue produzir de forma independente, é 
necessário conhecer oque ele consegue realizar 
com a ajuda de outras pessoas. Assim sendo, o 
nível de desenvolvimento potencial – que, tanto 
quanto o nível real necessita ser considerado na 
prática pedagógica.
As ideias acima apresentadas permitem-nos 
deduzir que o docente tem o papel de provocar 
avanços nos alunos, pode orientar o aprendiza-
do no sentido de adiantar o desenvolvimento 
potencial de uma criança, tornando-o real. 
Futuramente pretendo apoiar o(s) aluno(s) 
com necessidades educativas especiais que 
estejam matriculados na escola onde lecciono 
e quando for solicitada por outras instituições. 
Tendo em conta que a escola onde trabalho tem 
um aluno precisando de aee, pretendo continuar 
trabalhando com o referido aluno. Nesse mo-
mento posso dizer que os contactos primários 
já foram feitos, entrevistas com a mãe e o aluno, 
e já há um Plano de Atendimento Educacional 
Especializado, mas carece de alguma melhoria. 
Nomeadamente, um diagnóstico mais apro-
fundado do conhecimento que o aluno tem e 
orientar o aprendizado no sentido de adiantar 
o seu desenvolvimento potencial.
relato 4 
aplicabilidade do curso de aee na 
região de são francisco, praia — 
cabo verde
Autora: Ana Paula da Rosa Vanzyl
Tendo por objetivo promover a inclusão dos 
alunos com nee por meio dos conhecimentos 
acção conjunta envolvendo professores, con-
selho Directivo – apoiando na ampliação dos 
testes, fichas disponibilização de um gravador 
– colegas e familiares foi possível auxiliar esses 
alunos. Em relação ao aluno com paralisia ce-
rebral ainda há muita coisa por fazer, conforme 
o Plano Atendimento Pedagógico desenvolvido 
para esse aluno. A referida escola, ainda, não 
tem sala de recursos, mas diligências nesse 
sentido estão sendo tomadas. 
Começo por dizer que todos os módulos do 
Curso, foram de extrema importância para mim, 
sendo que em cada um pude aprender vários 
conceitos que com certeza serão postos em 
prática e ajudaram-me a delinear os moldes do 
aee que será ofertado aos alunos com defici-
ência, transtornos globais do desenvolvimento 
ou altas habilidades/superdotação.
Da leitura dos módulos, especificamente 
o número ii, apreendi que qualquer trabalho 
fundado na concepção da educação inclusiva, 
ao invés de pensar nas limitações, deve-se 
reconhecer e valorizar, sobretudo as particu-
laridades do processo de construção de co-
nhecimento de cada aluno, ao invés de pensar 
em limitações. É pensando por esse viés que 
Lerner (1997), apud Alves; Guareschi, (2011), 
propõe trabalhar sempre “com a suposição de 
que a criança é um sujeito, para além de sua 
sujeição às incapacidades que lhe sejam previs-
tas” (p.70). E, como sujeito, também tem o seu 
“estilo cognitivo de aprendizagem” (Kupfer apud 
alves; guareschi, 2011) que condiciona não 
somente o modo como o aluno aprende, mas 
também o tempo predisposto para aprender e 
este “jeito” deve ser descoberto pelo professor. 
Nessa linha, Vygotsky (apud menezes et al., 
2011) é imperativo ao afirmar acreditar na capaci-
dade de aprendizagem de todos os sujeitos e na 
existênciade uma interdependência entre aspec-
tos orgânicos e ambientais, e não a supremacia 
de um factor sobre o outro. Acreditava nas influ-
ências exercidas pelo meio no desenvolvimento 
dos sujeitos. Segundo a leitura do módulo v, a 
partir do conceito de Zona de Desenvolvimento 
Proximal, proposto por Vygotsky, que define 
a distância entre o nível de desenvolvimento 
real – já adquirido ou formado, que determina 
o que a criança já é capaz de fazer por si pró-
pria – e o nível de desenvolvimento potencial 
– capacidade de aprender com outra pessoa, é 
importante para entender a relação existente 
176 177
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
sala de recursos acontece que nunca mais se 
falou na construção da dita sala e nem se sabe 
quando será construída ou como funcionará
Na abrangência total do curso teve pra mim 
grande importância o módulo vii que aborda 
a questão da surdez. Nele é referido sobre a 
questão da coesão e coerência do texto. Dessa 
leitura se pôde reter que a partir destas duas 
ferramentas o surdo pode unir palavras ou 
segmentos com lógica, estabelecendo uma 
relação superficial entre as estruturas super-
ficiais, ainda pode fornecer subsídios para a 
aprendizagem da matemática e outros conte-
údos curriculares ou não.
Em quase todos os anos da minha prática 
docente tive sempre a sorte de ter alunos com 
nee em especial alunos surdos. Trabalhei com 
eles sem noção nenhuma. Criei frustrações 
porque não conseguia atingir seus objectivos 
e mais frustrada ainda ficava eu por me sentir 
tão ou mais incapaz que os próprios alunos.
Hoje com os horizontes que o curso me abriu 
estou certa que os mesmos erros não vou come-
ter e próximo ano lectivo pretendo sensibilizar 
os pais das alunas a deixarem que as meninas 
venham a cidade da Praia frequentar a sala de 
recursos no período contrário, visto que criar uma 
sala para o efeito em São Francisco seria difícil 
por causa do número reduzido de deficientes.
Sensibilizarei ainda a associação de deficien-
tes a facultar o transporte para as meninas e 
provavelmente para o menino deficiente mental 
que poderá matricular-se no próximo ano lectivo 
no primeiro ano de escolaridade.
Pretendo entrar em sintonia com a sala de 
recursos da Cidade da Praia por forma a me 
inteirar dos conteúdos e métodos ali tratados 
para que não haja um grande desfasamento 
com a sala de aula comum onde eu continuarei 
o processo de aprendizagem.
relato 5 
reflexões sobre o curso de atendi-
mento educacional especializado
Autora: Ana Paula Ramos Miranda
Fazer o Curso de aee foi para mim gratificante, 
pois aprendi que o professor de aee é aquele 
que ama a sua profissão, dedicado, carinhoso, 
compreensível e respeita os seus alunos. É um 
professor apaixonado, que busca alternativas 
para ajudar seus alunos a superar as dificuldades, 
adquiridos durante o curso, tentando responder 
as expectativas depositadas em mim sendo 
em sala de aula comum em salas de recursos 
ou na comunidade. Este é o primeiro processo 
formativo na área de Necessidades Educativas 
Especiais ou de inclusão pelo qual passo. 
Sinto-me não totalmente capacitada, e dota-
da de algumas ferramentas e estratégias com 
as quais posso fazer face a alguns desafios que 
me possam ocorrer na vida futura. 
A realidade educacional em que me encon-
tro inserida atualmente é a Comunidade de 
São Francisco com oitocentos habitantes até 
Novembro de 2010. 
Polo Educativo de São Francisco (Escola Pri-
mária e Secundária). Esta escola esta situada 
num meio rural e tem um total de duzentos 
(200) alunos incluindo dois dois alunos defi-
cientes auditivos um no período da tarde e um 
de manhã. Eu lecciono no período da tarde 
em sistema de pluridocênçia nas turmas de: 5º 
ano (14 alunos); 6º ano (19 alunos), 7º ano (37 
alunos) e 8º ano (32 alunos).
No total de 102 alunos tenho no 5º ano a aluna 
Nádia, com deficiência auditiva sem próteses 
auditivas a qual dou atendimento dentro da sala 
de aula comum e fora dela juntamente com alu-
na do período da manhã que frequenta o 2º ano 
de escolaridade. Junto às duas meninas sempre 
que passo no período da tarde em tempos livres 
entre as aulas regulares na secretaria da escola 
por não haver outro espaço melhor para o efeito. 
Aí dou atendimento principalmente nas áreas 
de matemática e língua portuguesa, mas com 
muita dificuldade porque fico condicionada pelo 
tempo e pela dificuldade em língua gestual.
Esta comunidade não dispõe de sala de re-
cursos e é muito difícil por questão de dis-
tância pôr as meninas a frequentarem a sala 
de recursos da cidade de Praia, lugar onde 
por ventura poderiam encontrar uma maior 
comunidade surda. No início do ano lectivo re-
cebemos na escola a visita de alguns membros 
do Património Nacional ligados ao Ministério 
da Educação, ficou assente que futuramente 
seria construída uma sala de informática no 
âmbito do programa mundo novo. Isto seria de 
grande valia porque com os alunos poderíamos 
pesquisar conteúdos do interesse comum que 
facilitariam a aprendizagem da língua gestual 
e consequentemente outros conteúdos. Assim 
também esta sala poderia funcionar como uma 
178 179
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
para o grupo, sempre em cada trimestre faço a 
mobilização dos alunos em grupos diferentes, 
ou seja, faço uma rotação de modo que todos 
possam interagir uns com os outros. Gostaria 
de experimentar a disposição em forma de se-
micircular, não somente nas horas de debate, 
mas há aquele constrangimento de desarrumar.
Por fim, espero com esse Curso, poder ajudar 
os alunos do aee, que eles venham a melhorar a 
sua autoestima e auto dependência que tenham 
êxito na aquisição do conhecimento e que te-
nham mais oportunidades para mostrar as suas 
potencialidades para a sua satisfação pessoal.
relato 6 
aplicabilidade do curso aee na 
cidade de praia — cabo verde
Autora: Ângela Moreira
No decorrer da realização dessa formação 
adquiri algumas experiências que gostaria 
de as partilhar convosco. Frequentei o curso 
com os seguintes objectivos de adquirir mais 
conhecimentos a fim de me capacitar para 
apoiar os alunos com nee. Não passei por 
nenhum processo formativo até o momento, 
pelo que é a minha primeira experiência. 
Trabalho na escola secundária, na cidade 
da Praia e neste momento só tem um aluno 
com paralisia parcial. Ainda não temos sala 
de recursos, mas já temos uma sala dispo-
nível e estamos a aguardar o equipamento. 
Em relação aos materiais ainda só temos os 
materiais que confeccionamos durante a for-
mação. Estes materiais são úteis não só para 
os alunos com a deficiência referida, mas 
também podem servir alunos portadores de 
outras deficiências.
Todos os módulos foram úteis e interessan-
tes, mas o que mais me identifiquei, em função 
da viabilidade de aplicabilidade, no meu ponto 
de vista foi o Módulo 10, Unidade C que fala 
sobre a escola como um espaço de respeito a 
diferença. Neste módulo pude aprender com 
Vygotsky, que todo o ser humano nasce com 
capacidades e possibilidades de ter o pro-
gresso intelectual e todos nós nascemos com 
capacidade de apreender. Todos nós temos a 
zona de desenvolvimento real e a potencial, 
ou seja, toda pessoa tem um potencial para 
apreender e isso só é possível com ajuda de 
uma pessoa experiente.
um professor que nunca desiste que sempre 
está disponível e tem boa vontade, confiante 
que consegue sempre algo mais. O Curso de 
aee veio chamar atenção para esses detalhes 
importantes e que nos ajudam a reflectir sobre 
a nossa acção, não se preocupando apenas 
em transmitir conhecimentos aos alunos, mas 
sim ter em conta a parte afectiva assim como 
ser criativo e procurar sempre inovar e bus-
car estratégias e recursos para dar uma aula 
que desperte interesse nos alunos. Também 
é importante lembrar que o professor tem 
que ter capacidade de manter uma relação 
de cumplicidade com os seus alunos e estar 
sempre alegre. 
O Curso remeteu a reflexão de como deve 
agir como professor de aee, além de dominaros conteúdos científicos relativos às nee, ter 
mais dedicação não desistir facilmente, mas 
sim ser mais compreensível e tolerante. É um 
professor de aee, aquele que se preocupa com 
os seus alunos e com uma boa aprendizagem.
Sendo assim penso que esse professor deve 
ser capaz de explorar todas as capacidades e 
potencialidades dos seus alunos, com amor, 
orgulho e muita satisfação.
Em relação a diversidade de estratégias para 
o aee, leva com que o aluno explore cada vez 
mais as suas potencialidades, favorece tam-
bém o aperfeiçoamento e desenvolvimento da 
autodomínio e autocontrole na execução das 
tarefas e ajuda-os a concentrarem-se.
Ao diversificar as estratégias o professor faz 
com que os alunos não caiam na rotina, desper-
ta interesse e gosto por novas descobertas. Por 
isso não deve levar em conta as dificuldades en-
contradas no processo de ensino. Por exemplo, 
na minha escola o mobiliário foi recentemente 
trocado, mas em algumas salas, o que não acon-
teceu na minha. Mas são do mesmo tipo, mesas 
compridas e uma cadeira para cada aluno. Na 
minha sala eu costumo variar a disposição das 
carteiras, mas a preferência vai para disposição 
em grupo, pois facilita a interacção entre os 
alunos, facilita na mobilização e visualização 
dos alunos. Não há um espaço à vontade que 
permita a realização de actividades já que a 
sala não é muito ampla, às vezes arrastamos 
carteiras para um canto da sala se quisermos 
realizar um jogo ou qualquer outra actividade. 
No dia da realização do teste mudo voltamos 
para a disposição em fila e logo depois voltamos 
180 181
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
todos de mãos dadas possam dar o seu con-
tributo para esta causa. Cheguei a conclusão, 
ainda que com o conhecimento que já adquiri 
até agora, partilharei-lo-ei com os meus colegas, 
nas reuniões de preparação metodológica.
relato 7
aplicabilidade do curso de aee 
no polo nº 20 escola a bela
Autor: Antônio dos Reis Borges Gomes
Atendimento Educacional Especializado é um 
curso que surgiu para minha pessoa como se 
fosse uma aprendizagem do alfabeto, pois, 
que falta fazia no meu quotidiano profissional.
Licenciei-me em Psicologia clínica e da saú-
de, porém, essa base de como trabalhar com 
crianças com vários tipos de dificuldades, não a 
tinha, pois, estou adquirindo-a, com o empenho 
desejável, no sentido de poder cobrir as lacunas 
que anteriormente tinha.
Em 2009, tive um aluno com síndrome de 
Down, pois, dos vinte professores que a escola 
dispunha na altura, recusaram todos receber 
este aluno alegando não ter formação que lhes 
permitam fazer algo para este aluno.
Por ter formado em Psicologia encorajei-me 
e pus o aluno na minha sala, pois era um de-
safio grande, mas tudo isso pensando que os 
meus conhecimentos poderem-me ajudar. A 
partir daquele momento passei noites e dias 
de muita aflição, porque afinal não sabia nada. 
Este não saber nada, fez com que eu fosse um 
dos primeiros a querer me inscrever neste curso 
como forma de saber dar resposta e por outro 
lado satisfazer a vontade de todos aqueles que 
gostam de estar na escola e que devido a falta 
de preparação dos professores vão ficando 
fora do sistema. 
O Curso de aee está sendo neste momento a 
ter efeito positivo, porque já mesmo antes de 
concluir, com a leitura dos módulos e a troca 
de experiência com os colegas tem vindo a 
ajudar-me a lidar com os alunos com dificul-
dades, embora não os tem na minha sala, mas 
tive oportunidade de ajudar um colega meu a 
desenvolver tarefas com um aluno portador da 
deficiência como surdocegueira, embora no 
Pólo diferente daquele que lecciono.
Com o curso da aee, um dos principais ob-
jectivos foi munir das competências específicas 
para ajudar as crianças que precisam e não 
Reflectindo nesta teoria sou de opinião do 
que o desenvolvimento duma pessoa com de-
ficiência é determinado não só pelas limitações 
orgânicas, mas também pelas suas vivências.
Segundo o mesmo autor, as deficiências 
orgânicas podem afectar não só a interacção 
dos deficientes com o meio físico, mas também 
a qualidade das interacções estabelecidas com 
outros sujeitos sociais. E isso acaba por afectar 
os processos do desenvolvimento e aprendiza-
gem. Para ele existe outro nível de desenvolvi-
mento potencial que a nível real necessita ser 
considerado na prática pedagógica.
Assim sendo, a teoria de Vygotsky é fun-
damental para a implementação dos planos 
elaborados para o aee. Todos os professores 
precisam colocar na prática esta teoria.
O Módulo 10, na unidade C, ainda nos mostra 
um aspecto muito interessante que tem haver 
com a consciencialização da existência da inclu-
são e exclusão porque o significado de inclusão 
traz em si a dimensão da existência de exclusão, 
ou seja, para haver inclusão, necessariamente 
tem que existir exclusão. Aqui Ferreira explica 
que nas relações estabelecidas entre os perten-
centes a classe e os excluídos de determinada 
categoria social, desencadeia emoções, as 
quais se somam com os valores dos não excluí-
dos, e acabam por influenciar suas disposições 
psíquicas, ou seja, suas atitudes em relação aos 
excluídos. Dessas atitudes dos não excluídos, 
pois pode se constituir em atitudes positivas 
e negativas. Amaral definiu pré-conceito como 
sendo conceitos pré-existentes, desvinculados 
duma experiência concreta (apud viera, 2011).
Frente dessa realidade é necessário que, na 
minha escola, os professores, sejam eles de 
educação especial ou da classe comum discu-
tam e reflictam determinadas atitudes, compre-
endam determinadas acções, pensamentos e 
comportamentos que legitimam preconceitos 
que ocorram no ambiente da sala de aula, em 
particular e na escola, em geral.
Contudo, os conceitos do referido Módulo 
que foram realçados são fundamentais para 
trabalhar a inclusão, na minha escola, mas 
também em outras escolas.
Concluí que a inclusão é um processo muito 
complexo, e para que isso aconteça na realidade 
é necessário alargar esta formação para todos 
os professores, sensibilizar os funcionários, os 
alunos e toda a comunidade educativa, para 
182 183
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
sor, a escola deve os incluir, acolhendo-os sem 
preconceito. A minha constatação é que existe 
naquela escola um elevado índice de preconcei-
to com relação a este aluno, quer da parte dos 
alunos quer da parte dos professores. Outro 
elemento perturbador na inclusão desse aluno 
é a falta de uma estrutura adequada para rece-
ber alunos com qualquer que seja deficiência.
Uma das grandes dificuldades da inclusão 
advém de um déficit de qualificação do corpo 
docente. Não havendo professor qualificado na-
turalmente não há planificação nem tão pouco 
interesse da escola ou do professor em integrar 
o aluno com deficiência na escola.
A minha preocupação a partir deste momento 
é trabalhar junto da escola, concretamente com 
a direcção, no sentido de fazer as adaptações 
possíveis e necessárias a fim de proporcionar 
condições mínimas para inclusão dos deficien-
tes na escola.
Outro aspecto que é possível é a criação 
de uma sala de recursos, mesmo que esta ini-
cialmente não venha estar convenientemente 
apetrechadas, mas, sim um espaço que permita 
em contra turno ter os alunos que precisam com 
uma orientação específica.
Com relação a inclusão essa será a minha 
missão de pelo menos na minha escola ou zona 
de acção, convencer e brigá-los a inclusão sem 
qualquer preconceito. Tenho a pretensão de jun-
tar aos meus colegas de formação no sentido de 
unir forças e as vozes para junto do Ministério da 
educação, fazer com que as adaptações sejam 
feitas e que nas futuras infraestruturas venham 
já arquitectadas as condições de acesso para 
qualquer tipo de deficiência.
relato 8
curso de atendimento educacional es-
pecializado — aee: a deficiência visual 
em santa cruz, interior de santiago, 
“educação de qualidade para todos”
Autora: Evaldina da Conceição Tavares Borges
Hoje, é cada vez mais evidente, com as evolu-ções do sistema do ensino, falar na educação 
inclusiva, pois são colocados novos desafios 
às instituições educativas, que têm como tarefa 
formar indivíduos competentes, e responsáveis. 
Essa perspectiva educacional tem como objeti-
vos: promover uma educação de qualidade para 
todos; Cooperar para o desenvolvimento das 
só, os próprios professores que não tiveram 
privilégios de ter essa formação.
Por razões de saúde fui-me transferido de Pólo, 
daí neste momento, junto da Gestora do Pólo es-
tamos a fazer um levantamento dos alunos com 
deficiências. O objectivo desse levantamento é 
tentar ver os números as deficiências, e também 
a possibilidade de coloca-los na sala de recursos 
se o caso vier a justificar, embora não tenhamos 
a sala de recursos na escola, mas, felizmente 
temos uma a dez quilómetros da escola e há 
possibilidade de deslocar através de parcerias.
Com relação aos módulos, diria que todos 
tem a aplicabilidade, embora o módulo de sur-
docegueira e deficiência múltipla dos autores 
Ismenia Carolina Mota Gomes Bosco, Sandra 
Regina Stanziani H. Mesquita e Shirley Rodri-
gues Maia tenha me guiado bastante talvez 
porque fui solicitado por um colega a ajudar 
no desenvolvimento de tarefas com um aluno 
com a referida deficiência.
A utilidade e a viabilidade dos ensinamentos 
dos módulos têm dado sinais positivos que pode 
ser aplicável. Conforme os estudos realizados, 
surdocegueira é uma condição que apresenta 
outras dificuldades além daquelas, causadas 
pela cegueira e pela surdez. O Mclnnes (1999 
apud bosco; mesquita; rodrigues, 2011) 
definiu surdocegueira como uma deficiência 
única que requer uma abordagem específica 
para favorecer a pessoa com surdocegueira e 
um sistema para dar este suporte.
Da experiência compartilhada com o colega 
que tem um aluno portador da referida deficiên-
cia, constatei que os alunos com surdocegueira 
revelam grandes dificuldades em observar, com-
preender e imitar o comportamento de membros 
da família ou de qualquer outra pessoa. Por 
isso denota-se certa desarticulação desses 
deficientes nos deslocamentos exactamente 
porque não conseguem imitar e definir um estilo, 
até mesmo a sua personalidade.
Foi possível durante as sessões que obti-
vemos, incentivar, ensinando-o como usar a 
sua visão e audição residuais assim como os 
outros sentidos remanescentes, provendo-a de 
informações sensoriais necessárias que susci-
tam sua curiosidade. Essa aplicação aconteceu 
graças a leitura do módulo do curso sobre surdo 
cegueira e a experimentação.
Apesar das dificuldades que manifestam os 
alunos com a supracitada deficiência o profes-
184 185
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Deficiência Visual é o módulo mais colocado na 
nossa prática, sendo o que teve mais inscritos 
no aee. Isto não quer dizer que os outros não 
tiveram impacto. 
De acordo com os estudos do módulo em 
questão, a deficiência visual é causada por 
uma variedade de anomalias ou enfermidades 
oculares que provocam lesões ou prejuízos na 
capacidade de percepção visual em decorrência 
de erros de refracção, atrofia do nervo óptico ou 
degenerações da retina. Alguns destes compro-
metimentos podem ser atenuados ou corrigidos 
com auxílios ópticos ou intervenção cirúrgica 
como é o caso, por exemplo, de hipermetropia, 
miopia, astigmatismo e estrabismo. 
Tendo em conta que esse curso foi muito 
frutífero, pretendo a partir dos módulos estu-
dados pôr em prática através de atendimento 
educacional especializado e abarcar mais es-
colas que esse ano não tive essa oportunidade, 
seminários de formação, visitas domiciliares, 
encontros com os professores da classe regular 
para discutirmos sobre trabalho desses alunos.
No meu caso particular não tenho turma, mas, 
trabalho direccionada para todos, de uma forma 
geral todos esses módulos vão nos servir no 
nosso dia-a-dia. Trabalhar com esses alunos 
não é uma tarefa fácil, mas é um desafio maior 
e sempre procuramos uma resposta eficiente 
e eficaz de modo a minimizar as dificuldades.
relato 9
aplicabilidade do curso de aee na 
cidade de são domingos, cabo verde
Autora: Hilária Paula Gaspar Pires
Cabo Verde tem estado a apostar bastante 
na questão da Educação Inclusiva, de forma 
a permitir que todas as crianças com nee, 
tenham o direito de estarem nas escolas de 
ensino regular. Tendo sempre em conta o prin-
cípio de igualdade, e condições de acesso e 
permanência na escola.
Foi com este intuito que o Ministério de Edu-
cação apostou em preparar mais recursos huma-
nos, para cada vez mais termos uma educação 
inclusiva e com sucesso e também que seja uma 
educação de qualidade.
Nesse curso foram abordados vários temas, 
tivemos dez módulos que foram trabalhados 
em sessões presenciais, aulas ao vivo e 
bate-papo.
potencialidades dos alunos com nee; Contribuir 
para integração das crianças com nee; Promover 
uma igualdade de oportunidade para todos. 
Já participei em vários seminários de forma-
ção em nee, como: sistema de avaliação das 
crianças com nee e surdez. Estou a estudar o 
último ano do curso de psicologia e participei 
em estágios de crianças com paralisia cerebral. 
De momento estou a participar numa formação 
em terapia ocupacional. Aprendi muito com a 
formação recebida e tem-me ajudado muito.
Na minha cidade existem várias escolas es-
palhadas por diversas localidades. O número de 
alunos que frequenta a escola que acompanho 
é num total de 678 alunos, sendo uma média 
de 32 alunos por sala. O turno funciona de ma-
nhã e tarde. O número de alunos incluídos na 
escola é de cinco alunos. O atendimento é feito 
na sala do gestor e na Delegação da educação 
em período contrário da aula. No meu Concelho 
não dispomos de sala de recursos.
Como as crianças cegas, mais do que as 
outras, devem entrar em contacto com os ele-
mentos da natureza, por isso a maioria das 
sessões fizemos em contacto com a natureza 
e de proporcionar a oportunidade de explorar 
estímulos do ambiente, como aprender a tocar, 
sentir, perceber odores, e sabores, dimensões 
e texturas, discriminar sons, vozes e ruídos, 
pular, correr, saltar.
Todas essas acções desenvolvemos no contex-
to de aprendizagem dessas crianças de modo a 
obterem uma resposta/educação de qualidade. 
Também desenvolvemos a formação de hábitos e 
posturas, destreza táctil, o sentido, a orientação 
esquemas e critérios de ordem e organização e 
o reconhecimento do desenho em relevo.
As estratégias de aprendizagem, os pro-
cedimentos, o acesso ao conhecimento e a 
informação, bem como os instrumentos de 
avaliação devem ser adequados as condições 
visuais do educando.
Valorizamos o comportamento exploratório, 
a estimulação dos sentidos, e a participação 
activa dos alunos, em todos os dez módulos do 
Curso aee ofertado. Entretanto em minha prática 
saliento o módulo 7, sobre o Atendimento Edu-
cacional Especializado para crianças cegas ou 
com baixa visão. A escolha do tema deficiência 
visual foi por reconhecermos a importância do 
curso de aee sobre esse tema na escola em 
geral e na vida do aluno em particular. Também 
186 187
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Traçar um plano de acção para trabalhar com 
as crianças com nee, incluindo também o 
acompanhamento especializado.
Em conjunto com o núcleo trabalhar no sen-
tido de expandir as formações, produção de 
materiais didácticos para as crianças com nee. 
Procurar apoio para fazer algumas adaptações 
as escolas para que os alunos com nee não 
encontrem obstáculos. Nas próximas reuniões 
de preparação Metodológicas vou sensibilizar 
os gestores coordenadores e professores que 
se façam discussões sobre as nee.
Para atingir todos esses objectivos conto com 
o núcleo, professores, a comunidade escolar 
e não só (buscar parcerias em outros lugares). 
Também quero contribuir dando aula numa sala 
regular ou numa sala de recursos, para apoiar 
as crianças com nee. Pretendo dar continuidade 
e praticar os meus conhecimentos adquiridos 
trabalhando com crianças com nee, colegasque também tenham crianças com nee.
Quanto a possibilidade de continuidade das 
discussões na escola ou no meu contexto de 
trabalho irei ver formas de termos sempre um 
tema relacionados com nee, nos debates onde 
podem ser convidados os pais e encarregados 
de educação, comunidade no geral, já em Cabo 
Verde ainda há criança com nee que são man-
tidas em casa.
relato 10
aplicabilidade do curso aee na 
cidade da praia, cabo verde
Autor: Ivone Lima Neves Oliveira
O trabalho a ser realizado vem no âmbito do 
curso de aee (Atendimento Educacional Espe-
cializado) que vem decorrendo desde o mês de 
Setembro de 2010 até a presente data junho 
de 2011.
Depois dos estudos feitos em 10 Módulos, 
aulas presenciais, bate-papos, aulas ao vivo 
entre outros contactos com as professoras, e 
que gradualmente me encaminharam a uma ob-
servação mais atenta do meu contexto profis-
sional, e que foram particularmente reflectidas 
sobre a importância de uma Escola Inclusiva, 
ou por outras palavras, de uma “Escola de 
Todos e para Todos”.
Pude ainda constatar durante esse espaço 
de tempo, que a Escola tem um papel im-
portante e essencial na construção de uma 
Ao realizar este curso o meu objectivo é de 
aplicá-lo na cidade onde eu trabalho, em con-
junto com os meus colegas, com a comunidade 
escolar e a própria comunidade. Vou ajudar 
dinamizar, de forma a que a inclusão seja bem 
sucedida em todas as escolas.
Fazer todo um trabalho de modo a conhecer 
as Necessidades Educativas Especiais de cada 
aluno e a partir daí preparar um plano de acção. 
Realizar o curso de AEE foi muito importante, 
pois pude adquirir vários conhecimentos e 
experiências. Sinto-me confiante em trabalhar 
com alunos com NEE, e também apoiar os meus 
colegas que tenham crianças com NEE.
Já participei em algumas formações na área 
de cegueira e surdez, também adquiri alguns 
conhecimentos, foi a partir dessas capacita-
ções que passei a interessar-me pela área de 
NEE. Houve formações que eu fui participar 
sem ser convidada. Trabalho em São Domin-
gos, na escola de Cutelo Branco.Tenho três 
turmas num total de 55 alunos do 5º ano, por 
enquanto não tenho alunos com NEE. Lecciono 
as disciplinas de Língua Portuguesa e Música. 
Para mim é um desafio muito grande porque 
sei que devo estar preparada para trabalhar 
com crianças com NEE a qualquer momento.
Quanto aos módulos, não tive necessidade 
de recorrer a eles porque por enquanto não 
tenho alunos com NEE, mas sei que no futuro 
serão uma grande valia, sempre que eu precisar 
irei consultá-los.
O Concelho de São Domingos tem estado 
a fazer alguma coisa com relação a NEE, mas 
penso que há uma necessidade de dinamizar 
mais. Há um núcleo formado pelo: Delegado 
de Educação, dois gestores, dois coordenado-
res, dois psicólogos e um professor de novas 
tecnologias.
Então quero aplicar o meu curso trabalhando 
em conjunto com esse núcleo que São Domin-
gos tenha mínimas condições para começar um 
atendimento tanto na sala regular como fora 
dela. Para isso vou propor a esse núcleo que a 
gente faça um levantamento dos alunos com 
NEE, que deficiências têm, a idade, escola e a 
classe. Todo esse trabalho será feito em con-
junto com os professores de turma e os pais e 
encarregados de educação.
Elaborar um projecto dirigido ao Ministério 
da Educação e outras Instituições para pedir 
apoio no sentido de abrir uma sala de recursos. 
188 189
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
na minha comunidade, os que se encontram 
matriculados e os que se encontram fora do 
sistema educativo, e junto aos outros colegas, 
gestores e coordenadores para elaboração de 
um projecto para atender a esse público com 
necessidades educativas especiais, principal-
mente ao que tange ao espaço físico, às tecno-
logias assistivas. Eu queria só dar um exemplo, 
ontem em conversa com um colega de outra 
escola fiquei a saber de um aluno com problemas 
(paralisia cerebral) que é bastante inteligente 
que acompanha bem, mas abandonou a escola 
por causa de uma cadeira e mesa adaptada, a 
professora chamou a instituição de direito e só 
prometeram conseguir a cadeira sem cumprir, 
até que o aluno acabou por desistir de tanto 
esperar. Como podem ver são pequenas coisas, 
mas que na nossa sociedade ainda são grandes.
O meu primeiro passo seria dinamizar e 
tentar expandir as capacitações, bem como 
a produção de matérias aos colegas. Depois 
prosseguiria aos pedidos de apoio para poder 
concretizar o projecto. Arranjar parcerias junto a: 
Câmara Municipal; Associação de pais; Psicólo-
gos; Fisioterapeutas; Professores de educação 
musical; Centro de saúde, entre outros.
E com isso, poder atingir alguns objetivos, 
tais como: assegurar a participação de todos 
os intervenientes no processo educativo, no-
meadamente dos professores, dos alunos, das 
famílias; Promover o sucesso e prevenir o aban-
dono escolar desses alunos com Necessidades 
Educativas Especiais; Assegurar a igualdade de 
oportunidades para todos; Garantir a ocupação 
plena dos alunos durante período contrário; 
Partilhar com os colegas os conhecimentos ad-
quiridos, bem como as experiências; Promover 
a integração desses alunos no ensino regular.
Pretendo-me continuar as minhas pesquisas 
para saber mais, sobretudo, sobre os alunos 
com paralisias, e de um dia trabalhar em sala 
de recursos. Já tive oportunidade de participar 
em algumas acções de capacitação, mas de 
curta duração.
Nessas sessões são dadas algumas noções 
básicas de como trabalhar com alunos com 
necessidades educativas especiais, mas aca-
bei por aperceber que é muita coisa para ser 
tratado em uma semana. 
Já tive alguns ensinamentos em Braille em 
língua de sinais, em que são dadas as letras 
do alfabeto, mas é uma coisa tão rápida que a 
sociedade mais justa, que conceda igualdade 
a todos os cidadãos. A escola é para todos 
aqueles que encontram à margem do sistema 
educacional, independentemente da idade, 
género, etnia, condição económica ou social, 
condição física ou mental.
Assim, se escola quer salvaguardar o direito 
à Educação para todos e à igualdade de opor-
tunidades, terá que reflectir assegurar e criar 
as condições mínimas de acesso e sucesso aos 
seus alunos respeitando as diferenças. O nosso 
país vem fazendo muito para a Educação Espe-
cial, ainda não chegamos onde tencionamos es-
tar, mas estamos a caminhar em passos largos 
para atingirmos a meta. Por isso o Ministério da 
Educação tem vindo a proporcionado uma aten-
ção especial à Educação Inclusiva com vista a 
atingir os seguintes objectivos: garantir a todos 
o direito à educação; Garantir o direito a uma 
justa e efectiva igualdade de oportunidades no 
acesso e sucesso escolar; Prosseguir na cons-
trução de uma Escola de sucesso com todos e 
para todos; Assegurar o respeito às diferenças; 
mercê de respeito pelas personalidades e pelos 
projectos individuais; Criar salas de recursos; 
Incentivar a auto formação do pessoal docente 
e não docente; Promover e facilitar a formação 
continua do pessoal docente e não docente 
preferencialmente desenvolvida em contexto 
de escola; Caminhar para a construção de uma 
escola inclusiva.
Em fim vem identificando, elaborando e or-
ganizando recursos pedagógicos e de acessibi-
lidades que eliminem barreiras para uma plena 
participação dos alunos, considerando as suas 
necessidades específicas.
O meu objectivo em fazer esse curso, foi 
de um dia poder aplicá-lo e por em prática os 
conhecimentos que adquiri e de poder ajudar 
todos aqueles que tenham necessidades edu-
cativas especiais e não só, enfim, poder ajudar 
aos que precisam de mim.
Sei que não é fácil esta árdua tarefa de educar, 
sabendo dos parcos recursos que enfrenta o 
nosso país na matéria da inclusão, mas tenho 
certeza que um dia vamos chegar lá. Tenho 
uma responsabilidade junto com os outros que 
tiveram oportunidade de participar na formação, 
de “educar” a nossa sociedade que em matéria 
de inclusão não estão ainda sensibilizados. 
Tenciono-me saber o número de alunoscom 
Necessidades Educativas Especiais existentes 
190 191
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
sobre deficiência visual, nas disciplinas de 
Matemática e Língua Portuguesa, são as que eu 
lecciono, a que eu tive mais dificuldades foi em 
Língua Portuguesa, devido à falta de materiais 
impressos em Braille, logo tive muitas vezes 
de recorrer a oralidade visto que temos poucas 
alternativas, não dispomos de nenhuma im-
pressora Braille na escola. Quanto à disciplina 
de Matemática trabalhamos com o cuba ritmo 
para fazer os cálculos, mas há conteúdos em 
Matemática que trabalhamos a base do tacto.
Eu estou disposta a dar continuidade, como eu 
disse anteriormente vou continuar a pesquisar e 
tentar saber mais sobre os alunos com paralisia 
cerebral. Estou disposta a trabalhar numa sala 
de recursos, mas para isso teria que desfazer 
de uma turma regular e ficar só com uma que 
é o ensino especializado. Caso não conseguir 
trabalhar numa sala de recursos, posso colabo-
rar mesmo fora dela e ajudar todos aqueles que 
têm Necessidades Educativas Especiais.
Nos últimos anos, várias vitórias foram al-
cançadas pelas pessoas com deficiência, quer 
seja ela física, sensorial ou mental. Diversas 
leis foram definidas no sentido de garantir a 
inclusão para as pessoas com deficiência. 
Resta-me dizer que foi muito gratificante esse 
curso, embora de curta duração, mas foi possí-
vel sair com muitas experiências na matéria da 
Educação Especial que é uma tarefa de todos 
aqueles que trabalham em prol dessas crianças 
que bem merecem o nosso carinho. 
Aproveito para agradecer a todos aqueles que 
estão directamente ou indirectamente ligados a 
esse curso, a todos da Universidade Federal De 
Santa Maria, em especial às professoras Sílvia e 
Patrícia, também às que tiveram oportunidade de 
vier a Cabo Verde para ministrar os cursos enfim a 
todos sem excepção. Um muito obrigado a todos 
aqueles que têm como a nobre tarefa de ensinar.
relato 11
aplicabilidade do curso na cidade 
de assomada — concelho de santa 
catarina de santiago, cabo verde
Autor: Leonildo Simão Monteiro da Veiga
Tendo concluído o curso do aee, o objectivo é 
partilhar os conhecimentos adquiridos durante 
o curso, com todos os professores do Ensino 
Básico Integrados e Secundários no Concelho 
(distrito) onde trabalho e coadjuvar nos traba-
pessoa acaba por não captar e não pôr em prá-
tica. Nesse exacto momento estou a participar 
numa formação em Terapia Ocupacional que 
vai de 23 de Maio a 02 de Junho, estou a gostar 
e penso tirar o máximo possível de proveito, 
porque é uma área que nos permite reorganizar, 
planificar e gerir o tempo de melhor forma, visto 
que muitas vezes acabamos por gastar muito 
tempo em coisas que se tivéssemos feito um 
plano diário acabaríamos por ganhar tempo. 
A partir dessa formação constatei que tenho 
pouco tempo para mim. Acabei por constatar 
que a maioria das actividades que eu faço, eu 
faço para os outros, e não resta tempo para as 
actividades de tempo livres.
Eu estou na cidade da Praia em Cabo Verde, 
na escola onde eu trabalho ainda a comunidade 
não se encontra esclarecida nem sensibilizada 
para a inclusão, mesmo no seio dos professores 
ainda existem algumas arestas a serem lima-
das. A escola onde eu trabalho fica em Acha-
da São Filipe uma localidade onde a maioria 
das pessoas é pobre, a escola oferece fracos 
recursos, eu trabalho com duas turmas: uma 
com 25 alunos, a outra turma com 29 alunos, 
tenho uma aluna incluída, com d.v ela está no 
sistema Braille desde da 4ª classe agora está na 
6ªclasse, apesar das dificuldades enfrentadas, 
como falta de materiais concretos, tecnologias 
assistivas ela acompanha muito bem. Muitas 
vezes vejo que se tivéssemos mais condições 
ela estaria mais avançada.
Na minha escola existem vários alunos com 
Necessidades Educativas Especiais, frequen-
tando as seguintes classes: 2ª, 4ª, 5ª e 6ª. Não 
temos salas de recursos, nem temos materiais 
adequados para concretizar o trabalho, mas 
fazemos de tudo para que o aluno se sinta bem 
e possa atingir os objectivos possíveis.
Embora não haja salas de recursos na nossa 
escola, mas os nossos alunos “invisuais” que 
são ao todo quatro, frequentam no período 
contrário uma escola para alunos cegos, per-
tencente a uma associação de cegos (adevic). 
Os restantes com outras deficiências não têm 
nenhum reforço, visto que a única sala de recur-
sos existente na cidade de Praia fica distante e 
a nossa comunidade é constituída por famílias 
com parcos recursos económicos, não dispõem 
de nenhum subsídio de transportes.
No meu trabalho, feito com a aluna com de-
ficiência visual, tentei abranger o módulo v 
192 193
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
linguístico da língua e sinais e compreende que 
os surdos têm uma cultura surda e essa cultura 
não é algo único, estável, mas plural, com re-
presentações de diferença. Ainda para o sujeito 
surdo apresenta uma diferença sociolinguística, 
ou seja, ele interage com o mundo a partir de uma 
experiência visual. Todas as suas construções 
mentais se dão pelo canal espaço visual, media-
do pelo seu instrumento natural de comunicação. 
A língua de sinais e a língua de escrita. Além de 
viabilizar todos os processos cognitivos, linguís-
ticos, éticos, artísticos, intelectuais do surdo, a 
língua de sinais constitui, conforme este módulo, 
um elemento identificatório entre estes sujeitos. 
Ao compartilharem uma língua comum, os surdos 
passam a se reconhecer como membro de uma 
comunidade singular.
Portanto ao finalizar o curso de Atendimento 
Educacional Especializado, há a possibilidade 
de criação de uma sala de recursos no Concelho 
(distrito), com sede em Aldeia infantil s.o.s. uma 
parceria entre a Delegação Escolar de Santa 
Catarina, Ministério de Educação e a própria 
Aldeia Infantil s.o.s, com o intuito dos formados 
nessa área especial, ajudar/apoiar no Concelho 
os professores com alunos que precisam de um 
atendimento especial na sala de aula regular 
e ao mesmo tempo dar uma assistência a es-
ses mesmos alunos, no período contrário na 
sala de recursos e semanalmente, fazer-se-á 
deslocações às salas de aulas, no sentido de 
coadjuvar com os professores na utilização de 
métodos adequados e na elaboração/produção 
de materiais pedagógicos e didácticos apropria-
dos a cada situação, possibilitando assim uma 
aprendizagem da forma mais criativa e social 
possível na construção de novos conhecimentos.
relato 12
aplicabilidade do curso aee na cidade 
da praia, cabo verde — escola de achada 
são filipe
Autora: Ludovina Semedo
A decisão da minha participação no curso foi 
proposta pela gestão da escola, no momento, 
não me foi explicado muito bem de que forma-
ção se tratava, pois a escola não entrou em 
pormenores e como toda formação é sempre 
bem-vinda aceitei a proposta.
Tive conhecimentos de um modo geral so-
bre o curso do aee na primeira sessão da aula 
lhos do dia a dia, no sentido dos alunos com 
Necessidades Educativas Especiais, ultrapas-
sarem as barreiras que possam enfrentar nas 
turmas regulares, de modo a sentirem incluídos 
nas actividades escolares.
Também participei numa formação sobre a 
surdez, em que saí com alguns conhecimentos 
sobre a linguagem gestual, as formas conve-
nientes dos seus usos, tendo como suporte, 
documentos impressos e audiovisuais, com 
linguagem e sinais, o que me ajudou bastante 
no decorrer do meu trabalho na sala de aula, 
com os colegas e no curso que estou a fazer.
Normalmente trabalho no concelho (distri-
to) de Santa Catarina de Santiago, Cidade de 
Assomada, numa Escola situada na zona rural 
do Concelho, denominada de Escola de Mato 
Baixo e Achada Tossa. Aí desempenho a função 
do Gestor do Pólo Educativo da referida Escola, 
com duzentos e cinquenta (250) alunos do 1º ao 
6º ano de escolaridade do Ensino Básico Inte-
grados, distribuídos por doze (12) professores 
e de entre esses alunos existem dois (2) alunos 
com necessidade educativa especial, um no 3º 
ano eo outro no 5º ano, mas concretamente o 
problema da audição – surdez, mas, contudo 
estão inseridas na turma regular e nessa zona há 
fracas condições económicas da população, as 
famílias e a escola onde estudam esses alunos 
passam por algumas dificuldades na aquisição e 
confecções dos materiais apropriados de modo 
a apoiar nas suas tarefas diárias.
Na Escola onde trabalho não possui uma sala 
de recursos e nem um espaço apropriado para a 
abertura do espaço e o mínimo de atendimento 
é feito na sala de aula de turma regular. Não há 
materiais adequados que facilitem o normal 
desempenho do trabalho por parte dos dois 
alunos que apresentem tais deficiências e toda 
a actividade é realizada em conjunto, sem a 
adequação ou adaptação de modo a ter uma 
participação activa dos alunos em questões, 
mas mesmo assim há grande déficit relacionado 
com a construção de materiais didácticos e na 
aplicabilidade de alguns conteúdos trabalhados 
no decorrer do ano.
Dos módulos estudados durante o curso, o 
que mais despertou o interesse, entusiasmo e a 
afinidade é a surdez. Segundo os autores desse 
módulo a língua de sinais é uma língua plena, 
natural, não um código artificial de comunicação, 
e como tal deve ser pensada, reconhecer o status 
194 195
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
prática numa sala de recursos com o objectivo 
de adquirir experiências práticas, pois é difícil 
conciliar em simultâneo o aee com a turma 
regular, pelo menos, sem ainda ter vivenciado 
essa experiência.
Quanto a continuidade da formação na área, 
não depende de mim, mas sim das orientações 
do Ministério ou da Delegação Escolar, entre-
tanto, manifesto interesse de dar continuidade 
no aprofundamento dos seguintes temas em 
estudo, deficiência física deficiência visual. Pre-
tendo utilizar os conhecimentos já adquiridos na 
escola onde eu trabalho, necessariamente na 
zona de Achada São Filipe onde ela se encontra 
inserida, juntamente com a gestão da escola, 
colegas, pais e encarregados de educação e a 
comunidade educativa em geral, o seguinte: 
· Identificar todas as crianças com necessi-
dades educativas especiais (fazer um recen-
seamento); 
· Apresentar um projecto ao Ministério e 
outras instituições sensíveis a educação no 
sentido de conceder um financiamento para 
a criação de uma sala de recursos;
· Elaborar um plano de acção para o atendi-
mento dessas crianças, caso a caso;
· Estabelecer parcerias com instituições públi-
cas, associações que existem na comunidade 
para restaurar fisicamente o espaço escolar 
para o acolhimento dessas crianças, princi-
palmente no que se refere a acessibilidade;
· Partilhar a continuação das discussões 
com os colegas, propondo uma agenda de 
discussão nos encontros pedagógicos que 
acontecem durante o ano lectivo e consequen-
temente a produção de materiais didácticos;
· Promover reuniões de sensibilização com 
a comunidade educativa, visto que algumas 
crianças são privadas em casa;
· Realizar actividades de angariação de fundos 
para utilizar compra de alguns materiais para 
confeccionar materiais didácticos de apoio.
Para mim o curso foi bastante gratificante, 
hoje tenho um olhar diferente e mais atento 
para com as crianças com nee. É um grande 
desafio para mim, tentar implementar a minha 
contribuição, sei que vou encontrar empeci-
lhos que são já próprias das características 
do país, temos de lutar para que possamos 
ter uma sociedade inclusiva.
presencial que teve lugar em setembro do ano 
transacto, aqui na cidade da Praia. Interessei-
me bastante pelo curso, visto que é muito es-
timulante trabalhar e poder ajudar as crianças 
com nee. Adquiri conhecimentos e algumas 
experiências que gostaria de um dia partilhar 
na sua plenitude para as crianças com nee, 
com a comunidade educativa e lutar para uma 
educação inclusiva no meu país.
Estou inserida na cidade da Praia, na escola 
de Achada São Filipe, trabalho com duas turmas 
do 6º ano (56 alunos). Tenho um aluno deficien-
te visual na sala. Este é o meu primeiro ano de 
experiência. Como professora do ensino regular 
tem sido muito dificultoso, pois não disponho 
recursos materiais adaptados. No turno contrário 
ele é assistido pela escola adivic (apoio aos 
deficientes visuais), mas a escola também não 
possui muitos recursos. Como justificação posso 
afirmar que há cerca de dois meses que ele não 
pratica a leitura e a escrita porque a sua pauta 
encontra-se estragada e a escola de apoio não 
tem possibilidades de substituí-la. Os materiais 
foram doados e não existem no mercado. A minha 
escola não possui sala de recursos e dispõe de 
parcos recursos materiais acessíveis e adaptados
Eu lecciono Ciências Integradas e Matemá-
tica, encontrei poucas dificuldades em Ciên-
cias Integradas em relação a Matemática, há 
objectivos que fiquei de mãos atadas por não 
ter acesso aos materiais de apoio apropriados. 
O aluno dispõe somente de cuba ritmo para 
fazer cálculos, onde se utiliza cubinhos com 
números e alguns sinais, a professora dita a 
operação em estudo e ele apresenta os cálcu-
los. Trabalhei e tenho trabalhado somente a 
base de oralidade e tato baseado no módulo 
- cegos e com baixa visão. De acordo com os 
autores desse módulo, “o conhecimento po-
deria ser tratado oralmente, por meio de tato 
e da memória tendo em vista, que os cegos 
eram capazes de reconhecer o valor de uma 
moeda pelo tamanho”, [...] “ela ouve o que é 
dito, mas não necessariamente, compreende 
do que se trata porque o gesto e o olhar devem 
ser mediados pela fala e pelo contacto físico”. 
É o professor que favorece e faz a mediação 
para a aprendizagem desses alunos. (sá, 2011).
Tive uma acção de capacitação de uma sema-
na em Braille, onde conheci o alfabeto, mas não 
tive oportunidade de aprender a ler na pauta. 
O meu maior prazer é pôr o curso adquirido em 
196 197
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
era uma saída bastante apertada sem possi-
bilidades de sair um cadeirante. Estamos com 
um projecto para assinalar com a linguagem 
gestual e Braille as salas e os banheiros para 
que esses lugares sejam facilmente utilizados 
por essas crianças. Algumas aulas foram feitas 
para sensibilizar e ensinar os alunos algumas 
técnicas simples do sinal gestual para facilitar a 
comunicação e o convívio com as crianças sur-
das que se encontram no Pólo ao lado da nossa 
escola. Quero aqui contar um acontecimento 
bom que graças a Deus e a esse curso tive o 
privilégio de participar colocando em prática os 
conselhos bem como as informações dos mó-
dulos, sem esquecer das aulas presenciais, do 
bate-papo de cada semana com os Professores 
Formadores e colegas do curso. Durante esse 
tempo trabalhei com uma turma do terceiro ano 
e nesta sala tenho um aluno com um problema 
de aprendizagem devido a um acidente de avia-
ção que por bastante choques na cabeça quase 
manteve vivo no estado de coma por vários dias 
segundo relato da mãe. Por várias repetições de 
ano ele começou a apresentar casos de violência 
perdendo a vontade de estudar e nada o moti-
vava, toda família deu por bem em retirá-lo da 
escola para algum tratamento que nunca teve 
sequer concretizado. Quando não fazia nada 
para perturbar a aula chorava desesperadamen-
te. Até então eu também comecei a desanimar. 
Um dia chamei a mãe e aconselhei-a procurar 
outra alternativa. Mas, com o estudo do módulo 
ix encontrei ajudas, com o apoio da sala de 
recursos junto da minha escola conseguimos 
alfabetizar esse aluno agora ele passou a ser o 
primeiro aluno a querer ler, chega pontualmente 
as aulas mostrando interesse naquilo que faz 
que até agora não consigo explicar. Nós temos 
outro caso com uma criança que apresenta o 
Transtorno Global de Desenvolvimento – tgd, 
esse menino será meu desafio e espero bom 
resultado. Já estou trabalhando com a família 
e mostraram interesse a prosseguir. Nesse 
primeiro momento há muita dificuldade, mas 
venceremos juntos. Estou sempre a referir a 
esse módulo porque em parte meu trabalho 
foicentralizado nesses dois meninos e senti 
muita diferença porque também já trabalhei 
com meninos do tipo, mas sem muito sucesso 
por isso faço menção a este problema. Tenho 
alguns projectos que levarei a outros parceiros 
para que no Novo Ano Lectivo possamos traba-
relato 13
experiências na escola da nova 
assembleia nº xv — cidade da praia, 
cabo verde
Autor: Manuel Antonio Monteiro
Nesta breve introdução queria frisar que o 
sucesso desse curso só será visto durante os 
anos que virão pela frente e que só colheremos 
bons frutos se desde agora conseguirmos se-
mear a boa semente na consciência das crian-
ças bem como a todos que estiverem ao redor 
desse grande empreendimento. É certo que 
só aprendemos mais quando fazemos e não 
quando guardamos os conhecimentos. O falar 
é sempre mais fácil do que o realizar. 
Nas linhas que seguirão descreverei o su-
cesso e os fracassos que me acompanharam 
na implementação das actividades no meu 
trabalho diário. Aquilo que aprendi com o apoio 
das informações que recebi no curso, vi clara-
mente que fez diferença e revolucionou minha 
consciência. Posso assim dizer que em todas 
as dificuldades estou melhor capacitado agora 
do que antes desse curso, sem palavras quero 
dizer que valeu a pena e que sempre cursos 
dessa natureza com professores dedicados 
que com humildade souberam transmitir es-
ses conhecimentos valiosos. Cabo Verde sai 
sempre a ganhar e nossas crianças receberão 
a maior prenda do mundo. Os fracassos serão 
minimizados caso fizermos desse curso nosso 
auxílio. Estou certo que isso não dá para escon-
der mesmo que as circunstâncias venham ser 
das mais adversas. A vida com seus desavisos 
não nos tirará a vontade de querer apoiar o 
nosso semelhante a menos que venhamos a 
esquecer tudo aquilo que apaixonadamente 
nos foi transmitido. 
Desde que comecei o curso estou na cida-
de de Praia trabalhando como Professor do 
numa escola da Nova Assembleia nº xv com 
aproximadamente 550 alunos matriculados. 
Neste Pólo 20 professores leccionam durante 
o período de manhã e da tarde em oito salas. 
As salas de Aulas carecem de uma arquitetura 
que possa ter condições para a inclusão de 
crianças com nee. É de salientar que agora há 
bastante preocupação em resolver ou minimizar 
os problemas do dia a dia de nossas crianças. 
Por isso a Direcção da Escola mandou mudar 
e recuperar o portão da entrada porque antes 
198 199
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
Quanto a mim tive um despertar e muito 
interesse com relação a esse desafio que ou-
trora desconhecia. Procurar descobrir o que o 
aluno mais gosta mostrar carinho e amor no 
que ambos fazem durante as aulas e na relação 
Professor/Aluno é na verdade como afirmam o 
Kupper; Pehim no módulo ix do Curso, cujo título 
é t.g.d. “todas as crianças aprendem muito mais 
do que sonha a nossa vã pedagogia”. Eu me 
identifiquei muito bem mais com esse módulo 
por ter esse e outro aluno com transtorno que 
ainda não consegui fazer o mesmo que consegui 
com o aluno mencionado neste relatório. Pelo 
menos estou ainda lutando com cuidado para 
sensibilizar a família afastando alguns tabus 
que existem entre a família/escola (alves; 
guareschi, 2011).
Aqui em Cabo Verde ainda é notável os casos 
permanentes nas famílias cujas crianças são 
apelidadas de malucos por não conseguirem 
passar de classe ouvem-se sempre “ele não 
aprende por tal e tal motivo ou então apegam 
ao diagnóstico médico”. Vivi casos assim e 
lutei contra esse agir e pensar sem razão. Mas 
agora será melhor. Quero também relatar o 
desespero das famílias desanimadas com o 
aprender desses meninos chegando a esconder 
da sociedade e da escola. Aqui há muito a fazer 
as instituições estão lotadas dessas crianças é 
urgente trazê-las para as escolas, mas quanto a 
isso será preciso lugares e pessoas que conse-
guem descobrir e ensinar esses meninos a terem 
dignidade de viver de igual para igual com as 
ditas “normais” esse é e será sempre meu lema. 
Durante meu curso já consegui informar al-
guns pais a fazerem matrícula dessas crianças 
em escolas regulares e aceitaram o desafio só 
assim com as crianças a frequentarem a escola 
teremos ganhos e não perdas como sempre 
vinha acontecendo. Ligado a uma tutora surda 
queremos criar uma Associação de Surdos De 
Cabo Verde (ascv) brevemente para que haja 
um engajamento mais forte e que possa lutar 
para promover os direitos concebidos a essa 
sociedade. Assim eu posso afirmar aquilo que 
Kupfer afirmou sobre a importância da escola 
na vida dessas crianças na socialização bem 
como ela mesma se sente como parte dessa 
comunidade como ainda também Jerusalinsky 
em seu estudo afirma dizendo que a escola na 
verdade não é um deposito como o hospital 
psiquiátrico, mas sim um lugar que serve de 
lhar com os casos da TGD que venha surgir na 
minha escola e não só, quero que ela seja mais 
inclusiva possível. Pensamos em fazer palestras 
e encontros com técnicos ligados a esse assunto 
para a sensibilização dos Países Encarregados 
de Educação. Temos projectos que envolverão 
a comunidade e igrejas para trabalhar com a 
alfabetização dos alunos com TGD. 
Existe uma sala de recursos mesmo ao lado já 
tivemos apoio dessa Instituição, mas é preciso 
apostar mais ainda sabendo que tanta falta faz 
a essas crianças. Ainda deparamos com alguma 
resistência e tabus concernente ao TGD e de ter 
o contacto com as salas de recursos. O pessoal 
que trabalha nesse centro é de um número redu-
zido devido tanta demanda que temos no País 
precisam ter nosso apoio e as salas ampliadas 
de forma a serem mais inclusivas sem nesse 
caso querer criticar o existente. Esse é minha 
opinião e desejo. Quanto aos materiais essa 
sala possui bons aparelhos para surdocegos 
e outras coisas que também poderá nos servir 
futuramente. Nas aulas presenciais fizemos e 
aprendemos a fazer materiais didáticos que 
muito me ajudou a leccionar não só aos meninos 
com TGD, mas as outras crianças e o efeito foi 
bom para turma inteira e eu aprendi muito mais 
do que ensinei. Desde o começo deste curso 
sempre procurei colocar em prática os conse-
lhos discutidos nas secções e no bate-papo com 
as professoras do curso. Aprendi alguma coisa 
no meu primeiro curso no Instituto Pedagógico, 
mas de uma maneira bastante superficial que 
não ajudava em nada quando encontrava alunos 
com necessidades educativas especiais.
Agora realmente em comparação com o pri-
meiro curso eu não sabia muita coisa para essa 
tarefa. Mas minha preocupação é maior em acudir 
e apoiar meus colegas sem esquecer as crianças. 
Nunca pensei que essas crianças possuíssem 
capacidades a serem desenvolvidas, gostos a 
serem estimulados e que podiam aprender muito 
bem, o que me foi difícil de aceitar é o facto de 
que o maior problema se encontrava muita vezes 
em nós Professores. Vim descobrir a realidade 
de minha ignorância depois de uma verdadeira 
batalha durante dois anos com o aluno em cima 
mencionado. Neste ano aprendi como tinham 
razão as primeiras Professoras que chegaram do 
Brasil para leccionar as primeiras aulas do curso, 
elas a meu ver deixaram exemplos e um legado de 
um valor incalculável que só o tempo desvendará. 
200 201
os relatos dos alunos os relatos dos alunos
tão bem facilitaria essa gente. Seria a primeira 
vitória ganha nesse campo. 
No Polo de Eugenio Tavares temos uma tur-
ma de surdos onde a experiência é bastante 
animador. Não quero me referir muito a esse 
modulo, mas até então me parecia de certo 
modo uma exclusão por somente surdos es-
tarem em uma só sala de aula ainda posso 
confessar que persiste minha dúvida quanto a 
esse respeito, mas não ignoro a boa forma de 
trabalhar com esses meninos. Com surdocego 
ainda esses casos são tratados com as insti-
tuições e os hospitais não vi nenhum caso na 
escola e certamente será vagarosa sua inclu-
são nas escolas. É de salientar que preciosas 
informações tivemos nesse curso, mas de nada 
vale se em conjunto com as escolas famílias e 
a comunidade

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