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Introdução 1 Circuitos Digitais I Notas de Aula Introdução Ricardo Tokio Higuti Departamento de Engenharia Elétrica - FEIS - Unesp Introdução 2 Introdução Circuitos/sistemas em geral: têm o objetivo de PROCESSAR al- guma INFORMAÇÃO para depois executar uma ação ou tomar uma decisão. Por exemplo: • Num aparelho de ar condicionado, mede-se a temperatura do ambiente e compara-se com um valor de referência para ligar ou desligar o compressor; • Em um automóvel mede-se a desaceleração para acionamento do airbag ; • Pode-se medir o ńıvel de tensão em uma bateria para indicar necessidade de recarga; • Num sistema de controle de acesso, pode-se detectar uma sequência de teclas ou uma imagem/padrão (digital, ı́ris) para desbloquear uma porta. Introdução 3 Informação A INFORMAÇÃO deve estar representada de alguma forma ade- quada, para poder ser visualizada, armazenada, processada e/ou transmitida. Alguns exemplos de fontes de informação: • Voz, música; • Texto; • Imagem; • Temperatura, velocidade, pressão, etc. A informação pode estar contida em SINAIS, que existem fisica- mente por meio de tensões, correntes, campos (elétrico, magnético), etc., nos casos de interesse da Engenharia Elétrica. Conversor Analógico Digital Compactação Efeitos de som Armazenamento 101010Sinal de voz (onda mecânica) microfone sinal convertido para tensão elétrica (sinal analógico) sinal digital processamento Encriptação Introdução 4 Sinais Os sinais representam alguma grandeza f́ısica que se deseja pro- cessar, e podem ser de diferentes naturezas. Nesta apresentação, consideraremos sinais que dependem do tempo. Sinal analógico ou de tempo cont́ınuo • Estão definidos para todos os instante de tempo (mesmo sendo iguais a zero), e por isso são também chamados de sinais de tempo cont́ınuo. • Praticamente a totalidade de sinais práticos são de natureza analógica. • Exemplos: – temperatura ambiente; – velocidade de um carro; – tensão elétrica da rede (127/220 V, 60 Hz); – voz/música. 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 tempo [s] -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 a m p lit u d e [ V ] Sinal referente ao som da letra a 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 tempo [s] -100 -50 0 50 100 a m p lit u d e [ V ] Sinal da rede 127 V, 60 Hz Introdução 5 Sinal de tempo discreto • Um sinal de tempo discreto está definido apenas em deter- minados instantes de tempo, e sua amplitude pode assumir quaisquer valores. • Por exemplo, um ı́ndice de inflação pode ser calculado a cada quatro semanas, mas não estaria definido o ı́ndice para a primeira semana. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 mês [% ] Índice de inflação INPC − 2003 • Uma simples sequência de números pode ser considerada como um sinal de tempo discreto, por exemplo: x = {2.5, −1.4, 1 3 , π} Introdução 6 Sinais de tempo discreto e de tempo cont́ınuo • Sinais de tempo discreto também podem ser obtidos a partir da AMOSTRAGEM de sinais analógicos. • No exemplo, o sinal analógico é amostrado a uma taxa de 5 amostras por segundo, significando que a cada 0,2 s há uma amostra de sinal, representada por uma tensão elétrica. • No entanto, entre o instante de tempo 0 s e 0,2 s não há uma amostra definida. 0 1 2 3 4 5 6 −2 −1 0 1 2 0 5 10 15 20 25 30 −2 −1 0 1 2 tempo [s] amostra n A m p li tu d e [V ] A m p li tu d e [V ] sinal de tempo cont́ınuo x c (t) sinal de tempo discreto x[n] E quanto à informação entre esses instantes? Será perdida? Quantas amostras por segundo é preciso armazenar? Você estudará essa teoria no sétimo/oitavo semestre do curso. Por exemplo, em sistemas telefônicos digitais pode-se usar taxas de 8000 amostras por segundo, enquanto que para música digital pode-se usar 44100 amostras por segundo. Essas taxas dependem da máxima frequência do sinal de in- formação que se deseja adquirir. Introdução 7 Sinais digitais • Um sinal DIGITAL é um sinal de tempo discreto que tem também AMPLITUDE DISCRETA. • Por exemplo, o número de carros que passa por um cruza- mento, registrados a cada hora: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 hora 0 5 10 15 20 25 30 n ú m e ro d e c a rr o s /h o ra Esses dados só podem assumir valores inteiros (número de car- ros). Introdução 8 Sinais binários • Você já deve ter se deparado com sinais representados apenas por zeros e uns, em geral como uma sequência, como: x = {0 1 1 0 1 0 0 1 0 1 1} 0 2 4 6 8 10 12 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 • Estes sinais são digitais, em particular chamados de BINÁRIOS, por terem apenas dois valores posśıveis: – 0/1 (bit - BInary digiT); – 0 V / 5 V – Verdadeiro/Falso; – Aberto/Fechado; – Aceso/Apagado, etc. Também existem casos ternários, quaternários, e assim por diante. Introdução 9 Formas de Onda Como os sinais normalmente usados na área de Engenharia Elétrica são as tensões, correntes, etc., que são sinais analógicos, como faŕıamos para representar sinais digitais de forma que possam ser processados por circuitos? Por exemplo, os zeros podem ser representados por uma tensão com valor zero volts, enquanto que os uns, por uma tensão com valor 5 volts. Ou vice-versa. No primeiro caso tem-se a chamada lógica positiva, e no segundo lógica negativa. 0 1 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 0 0 V 5 V 0 V 5 V 0 1 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 0 lógica positiva lógica negativa Essas formas de onda são (cuidado!) são chamadas de formas de ondas digitais, mas são sinais analógicos usados para REPRESEN- TAR sinais digitais. Em particular, são muito comuns em entradas e sáıdas de circuitos digitais, e é o que será utilizado ao longo das aulas teóricas e de laboratório. Dependendo da área (circuitos digitais, comunicação de dados, etc.), esta atribuição de uma forma de onda para o sinal digital pode mudar, e isto é chamado, no jargão de comunicações, como codificação de linha. 0 1 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 0 0 V 5 V 0 1 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 0 Introdução 10 Exemplo: bits em um CD Como outro exemplo, num CD, os zeros e uns são armazenados a partir de pequenas ranhuras (pits) no disco, no qual a mudança de uma parte plana (lands) para uma ranhura (ou vice-versa) está relacionada com um dado igual a um, enquanto que a ausência de transição significa que foi armazenado um dado igual a zero. 00001000100000010000000000100100010000001000100 Introdução 11 Conversão analógico-digital Em sistemas reais que convertem um sinal analógico em digital (amostragem), há um número determinado de ńıveis de tensão de sáıda (ńıveis de quantização), que determinam a resolução do conversor. Para oito ńıveis (3 bits, como será visto adiante), com passos de ∆ volts e a correspondência entre tensão e código em bits da figura, ter-se-ia: 0 000 D 001 -D 111 2D 010 -2D 110 3D 011 -3D 101 -4D 100 0 T 2T 3T 4T amostras ideais amostras quantizadas No caso deste exemplo, a sequência de bits gerada seria: 111 011 000 100 110 Introdução 12 Caracteŕısticas de sistemas digitais Algumas caracteŕısticas de sistemas digitais em comparação com os analógicos: • Armazenamento mais fácil e eficiente; • Muitas vezes podem ser tratados como programas ou algorit- mos, que são mais facilmente modificados e implementados. Além disso, o funcionamento é mais previśıvel frente a rúıdos; • Menor influência do rúıdo, por ser baseado em ńıveis discretos de tensão (informação original pode ser recuperada com poucos erros - e retransmitida). 0 20 40 60 80 100 120 140 tempo -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 a m p lit u d e sinal original sinal recebido limiar Introdução 13 Caracteŕısticas de sistemas digitais • Menor volume e consumo que analógicos; • Podem serexploradas técnicas como encriptação e compactação de dados, correção e detecção de erros, etc. – No CD, se utiliza um código detector e corretor de erros (Cross Interleave Reed-Solomon Code) que corrige até 8232 bits consecutivos, detecta e corrige parcialmente até 28224 bits consecutivos; – Em algumas aplicações pode chegar a taxas de erros de 10−12, ou seja, cerca de um bit errado a cada um trilhão de bits. • Pode necessitar de conversão analógico-digital, com consequências na velocidade (taxa de amostragem) e resolução (número de bits); • Deve-se lembrar que os circuitos digitais operam com sinais analógicos que representam os sinais digitais (tensões. cor- rentes), e portanto não se deve tirar a importância da repre- sentação analógica, bem como de suas técnicas.
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