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Material de Consulta para o Aluno 2º Tópico – Diodos em corrente contínua e alternada. Sinal senoidal. Fonte de alimentação DC: diagrama em blocos e transformadores utilizados neste tipo de fonte. Curva Característica do diodo O diodo é um dispositivo semicondutor com características que devem ser observadas para não danificá-lo quando em operação. Os fabricantes desses dispositivos divulgam nos manuais (databook) ou folha de dados (datasheets) diversas especificações para operação. Estas especificações são em valores máximos, por isso deve-se projetar um circuito para operar abaixo destes valores, caso contrário o diodo pode queimar ou romper. As principais especificações, para a maioria das aplicações, são: Corrente direta máxima (IDmáx ou IFmáx) – é um dado fornecido pelo fabricante. Todo diodo possui um valor máximo de corrente de condução. Tensão Reversa Máxima (VR) - também é um dado fornecido pelo fabricante. Cada diodo pode suportar até certo ponto de tensão reversa. Se essa tensão subir até o que chamamos de tensão de ruptura, teremos a destruição do diodo. Essa tensão também é conhecida como tensão de avalanche. (Figura 23) Figura 23 - Curva característica do diodo Então, ao projetar um circuito deve-se verificar, por exemplo, se o diodo é especificado para conduzir determinado valor de corrente. Assim, a reta de carga é importante, pois é um bom indicativo se as condições de projeto estão de acordo com as especificações do diodo. Reta de carga e ponto quiescente Figura 24 - Circuito com o diodo em corrente contínua Eletrônica Linear I Equacionando a malha do circuito da Figura 24, tomando como base a lei de Kirchhoff para as tensões, obtém-se: Figura 25 - Tensão e corrente no diodo Como as variáveis VD e ID da Equação 3 são os eixos do gráfico da Figura 26, pode-se determinar o ponto de operação do diodo traçando o gráfico da Equação 3 sobre a curva característica do diodo. Obtenção da Reta de Carga A Reta de Carga pode ser desenhada a partir das coordenadas (E,0) e (0,E/R) fazendo ID = 0, obtém-se VD = E. Em um segundo momento: basta tornar VD = 0, então ID = E/R. Figura 26 - Reta de carga, curva característica e ponto Quiescente(operação) Ponto de operação A intersecção da curva característica do diodo com a reta de carga é o ponto de operação do diodo (ponto Q), ou seja, é o ponto na qual o diodo irá operar, com o valor da corrente direta (ID) e o valor de tensão direta (VD). Esses valores do ponto de operação não podem ultrapassar os valores máximos especificados para o diodo no datasheet. Exercícios Resolvidos: 1) Calcule a corrente que circula no circuito da figura 27, onde E = 12 V, VDQ = 0,7 V e RL = 200Ω. Figura 27 – Circuito Resolução: VD + ID . RL = E 0,7 + ID . 200 = 12 ID . 200 = 12 – 0,7 ID . 200 = 11,3 ID = 11,3 / 200 , logo: ID = 0,0565 A = 56,5mA 2) Dado a curva característica de um diodo e a reta de carga na polarização direta de um diodo, determinar: a) E(tensão da fonte), VDQ (tensão direta de operação), IDQ (corrente direta de operação), IDmax (corrente direta máxima) b) RD c) VR (tensão sobre o resistor), RL(resistência de carga) d) PD, PR, PT (Potência no diodo, resistor e total) Figura 28 - Reta de carga e ponto quiescente Resolução: Calcular E, VDQ, IDQ e IDmáx Pela observação e interpretação da figura dada: Quando a corrente ID=0, então temos VD = 12 = E → E = 12V O ponto de operação (ou ponto quiescente) possui coordenadas (VDQ, IDQ), logo: VDQ = 5V e IDQ = 14mA O valor da corrente no ponto onde a reta de carga intercepta o eixo da corrente ID corresponde à corrente máxima. Logo, pela figura: IDmax = 24mA Calcular a RD: Aplicando a Lei de Ohm: VDQ = RD*IDQ ↔ RD = VDQ/IDQ = 5/14mA = 357,14 Ω ↔ RD=357,14Ω Calcular a RL e VR: IDmax = E/R ↔ RL = E/IDmax = 12/24mA = 500 Ω ↔ RL = 500Ω Aplicando a Lei de Ohm: VR = RL*IDQ = 500*14mA = 7 ↔ VR = 7V Ou: E = VDQ + VR ↔ VR = E – VDQ = 12 – 5 = 7 ↔ VR = 7V Calcular: PD, PR e Pf PD = RD * I²DQ = 357,14*(14mA)² ≈ 70mW ↔ PD = 70 mW PR = RL * I²DQ = 500*(14mA)² = 98mW ↔ PR = 98 mW PT = PD + PR = 70 + 98 = 168mW ↔ PT = 168 mW Sinal Senoidal Figura 1 - Representação gráfica da tensão alternada 1 a) Período (𝑇) – é o tempo necessário para que a tensão complete um ciclo. É medido em segundos (s). - (Equação I e III) (Figura 1) b) Frequência (𝒇) – é a quantidade de ciclos que se repete pela unidade de tempo. É medido em Hertz (Hz). - (Equação III) c) Velocidade angular – é dado em radiano por segundo (Rad/s) - (Equação II) d) Tensão de pico (𝑉%) – é o valor máximo que a tensão assume. É um valor instantâneo. (Figura 1) 𝑻 = 𝟐𝝅 (𝑹𝒂𝒅) (Equação I) 𝝎 = 𝟐𝝅 . 𝒇 (Equação II) 𝑻 = 𝟏 𝒇 (Equação III) 𝒗(𝒕) = 𝑽𝒑 . 𝒔𝒆𝒏 𝝎𝒕 𝑽𝑷𝑷 = 𝟐 . 𝑽𝑷 (Equação V) Exercício resolvido: 1) Calcular a partir do gráfico representado na figura 2, a tensão de pico, pico a pico, o período e a frequência. Figura 2 - Exercício resolvido 1 Resolução: Observando o gráfico, temos: 𝑽𝒑 = 𝟏𝟎 𝑽 Como 𝑽𝑷𝑷 = 𝟐 . 𝑽𝑷, logo 𝑽𝑷𝑷 = 𝟐 . 𝟏𝟎 = 𝟐𝟎 𝑽 Ainda observando o gráfico, temos que 𝑻 = 𝟐𝒎𝒔. A frequência é dada por: 𝒇 = 𝟏 𝑻 , então 𝒇 = 𝟏 𝟎,𝟎𝟎𝟐 = 500 Hz Figura 3 - Representação gráfica da tensão alternada 2 e) Tensão de pico a pico (𝑉==) – equivale a duas vezes o valor da tensão de pico. (Equação V) (Figura 2) f) Tensão eficaz (𝑽𝒆𝒇) – o valor eficaz da tensão alternada é equivalente a tensão contínua que, aplicada, a uma resistência, dissiparia a mesma potência que essa tensão alternada. (Equação VI) e (Figura 2) g) Tensão média (𝑽𝒎) – equivale a 0,637 da tensão de pico. (Equação VII) (Figura 2) 𝑽𝒆𝒇 = 𝑽𝑷 √𝟐 = 𝟎, 𝟕𝟎𝟕 . 𝑽𝑷 (Equação VI) 𝑽𝒎 = 0,637 . 𝑉%(Equação VII) Exercício resolvido: 1) Considere a tensão da rede elétrica monofásica 127 Volts (RMS) e com uma frequência de 60 Hz. Calcule a tensão de pico, pico a pico e o período. Resolução: 𝑽𝒆𝒇 = 𝑽𝑷 √𝟐 𝟏𝟐𝟕 = 𝑽𝑷 √𝟐 𝑽𝑷 = 127 . 1,41 = 180 V aproximadamente 𝑽𝑷𝑷 = 𝟐 . 𝑽𝑷, logo 𝑽𝑷𝑷 = 𝟐 . 𝟏𝟖𝟎 = 𝟑𝟔𝟎 𝑽 𝒇 = 𝟏 𝑻 𝒇 = 𝟏 𝟔𝟎 𝒇 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟔𝟕 𝒔 = 𝟏𝟔, 𝟔𝟕 𝒎𝒔 OBS.: A tensão de pico, pico a pico, o período e a frequência são medidos pelo osciloscópio, enquanto a tensão eficaz é medida pelo voltímetro nas escalas AC e a tensão média no voltímetro, escala DC. Figura 4 - Osciloscópio digital Figura 5 - Multímetro digital Diagrama em blocos de uma fonte de alimentação DC Figura 6 - Diagrama em blocos de uma fonte DC Figura 7 - Diagrama em blocos com forma de onda de cada etapa A rede elétrica fornece tensão alternada (AC) gerada nas usinas geradoras de energia elétrica. Os circuitos eletrônicos são alimentados por tensão contínua (CC) na maioria dos casos. O objetivo da fonte de alimentação é transformar a tensão do fornecedor de energia 110V-220V em corrente alternada AC numa tensão de corrente contínua que permita os equipamentos em CC funcionar. Por isso, esses circuitos são extremamente importantes. A fonte de alimentação básica é constituída por 4 etapas: • Transformador - Transforma a tensão AC e corrente de entrada para um valor utilizável em AC. • Retificador - Retifica os pulsos de modo a produzir uma saída polarizada DC. • Filtragem - Filtra a tensão tornando a corrente contínua. • Regulação - Regula a saída de modo a ter uma tensão constante. A partir de agora estudaremos todas as etapas de uma fonte de alimentação que como dito tem o objetivo de converter tensão alternada em contínua. Transformadores de tensão São dispositivos elétricos formados por um ou mais indutores (bobinas) isoladoseletricamente e acoplados magneticamente, também chamado de trafo. Podem ser elevadores de tensão, abaixadores de tensão ou isoladores de rede. Nas fontes de alimentação lineares que será nosso campo de estudo, operam como abaixadores de tensão. Este dispositivo tem seu funcionamento baseado no fenômeno da indução eletromagnética conhecido como indutância mútua que será estudado com mais profundidade em disciplina específica. O sinal elétrico é transferido de um indutor para o outro por acoplamento magnético, ou seja, a corrente que circula na primeira bobina, cria um campo magnético ao seu redor, logo, como a outra bobina está inserida neste campo, o sinal é transferido para ela. A quantidade de energia transferida depende da relação de espiras (número de voltas). Transformador básico Basicamente o transformador é formado por um enrolamento primário, onde é aplicada a tensão da rede elétrica e um enrolamento secundário, onde será obtida a tensão desejada. (figura 8) Figura 8 - Simbologia de um transformador básico e forma de onda do sinal do secundário Lei máxima dos transformadores Nesta situação, a potência de saída (secundário) é igual a de entrada(primário). PP = PS Como P = V.I, temos que VP . IP = VS . IS Então: GH GI = JK JH Perdas no transformador Teoricamente, um transformador deveria transferir toda potência do primário para o secundário. Contudo, isto não acontece na prática, pois existe perda na transferência de potência do primário para o secundário devido a fatores que não convém aqui abordar. Essas perdas são insignificantes nos transformadores de baixa potência que é o nosso campo de estudo, logo, consideraremos a máxima transferência de potência. Número de espiras Cada enrolamento é composto por um número de espiras responsáveis pela relação de conversão, ou seja, a tensão do primário está para tensão do secundário, assim como o número de espiras do primário está para o número de espiras do secundário. GL GI = MH MI Exercícios resolvidos 1) Um transformador abaixador de tensão e elevador de corrente é utilizado em uma fonte de alimentação. A tensão aplicada no seu primário é de 120 Vef, e sua bobina é atravessada por uma corrente de 0,5 A. Calcule a tensão retirada do secundário para uma corrente fornecida pelo mesmo de 5A. Resolução: 𝑉N 𝑉% = 𝐼= 𝐼N GH PQR = R,S S Multiplicando cruzado, temos: 5 . 𝑉N = 120 . 0,5 5 . 𝑉N = 60 𝑉N = 60 5 = 12 𝑉 2) Um Trafo abaixador de tensão possui 400 espiras no primário e 20 espiras no secundário. Considere que a tensão e corrente do primário do transformador sejam respectivamente 120 V, 1 A. Determine a tensão do secundário. GL GI = MH MI 𝑉W 120 = 20 400 Multiplicando cruzado, temos: 400 . 𝑉N = 120 . 20 400 . 𝑉N = 2400 𝑉N = 2400 400 = 6 𝑉 Tipos de transformadores utilizados em fonte de alimentação a) Primário e secundário com enrolamento simples Exemplo: primário – 110 V secundário – 9V / 500mA Figura 9 - Primário e secundário com enrolamento simples b) Primário e secundário com center tap (derivação central) Exemplo: primário – 110 V/220 V secundário – 9V + 9V/ 500mA Figura 10 ´- Primário e secundário com center tap c) Primário duplo e secundário com center-tap Exemplo: primário – 110 V/220 V secundário – 9V + 9V/ 500mA Figura 11 - primário com enrolamento duplo e secundário com center tap OBS.: Os fabricantes de transformadores, fornecem parâmetros referentes a tensão e corrente em valores eficazes.
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