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estudos-kantianos-v-5-n-1-2017

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5 . 1 . 2017
revista do centro de pesquisas e
Valerio Rohden
ESTUDOSKANTIANOS
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Reitor
Sandro Roberto Valentini
Vice-Reitor
Sergio Roberto Nobre
Pró-Reitor de Pesquisa
Carlos Frederico de Oliveira Graeff
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
Diretor
Marcelo Tavella Navega
Vice-Diretor
Pedro Geraldo Aparecido Novelli
Departamento de Filosofia
Chefe
Lúcio Lourenço Prado
Vice-Chefe
Ricardo Monteagudo
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Coordenador
Mariana Cláudia Broens
Vice-Coordenadora
Márcio Benchimol Barros
Conselho de Curso do Curso de Filosofia
Coordenador
Paulo César Rodrigues
Vice-Coordenador
Ana Maria Portich
revista do centro de pesquisas e
Valerio Rohden
ESTUDOSKANTIANOS
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Faculdade de Filosofia e Ciências
Estudos Kantianos Marília v. 5 n. 1 p. 1-460 Jan.-Jun. 2017
ISSN 2318-0501
Correspondência e material para publicação deverão ser encaminhados a:
Correspondence and materials for publication should be addressed to:
ESTUDOS KANTIANOS
http://revistas.marilia.unesp.br
Departamento de Filosofia
Av. Hygino Muzzi Filho, 737
17525-900 – Marília – SP
Editoria
Ubirajara Rancan de Azevedo Marques [UNESP] – Editor
Gualtiero Lorini [Alexander von Humboldt Stiftung - Technische Universität Berlin] - Editor Associado
Luigi Caranti [Università degli Studi di Catania] - Editor Associado
Paulo Renato Cardoso de Jesus [Universidade Portucalense Infante Dom Henrique] - Editor Associado
Conselho editorial
Publicação semestral / Biannual Publication.
Os artigos publicados em Estudos Kantianos são indexados por/ 
The articles published in Estudos Kantianos are indexed by: Philosopher’s Index
O sistema de avaliação adotado pela revista é o chamado ‘double-blind peer review’/ 
The evaluation system adopted by the journal is the so-called ‘double-blind peer review’
Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão [Universidade de 
Lisboa]
Agostingo de Freitas Meirelles [Universidade Federal do Pará]
Alessandro Pinzani [Universidade Federal de Santa Catarina]
Andréa Luisa Bucchile Faggion [Universidade Estadual de Maringá]
Aylton Barbieri Durão [Universidade Federal de Santa Catarina]
Bernd Dörflinger [Universität Trier]
Claudio La Rocca [Università di Genova]
Clélia Aparecida Martins [†] [Universidade Estadual Paulista]
Daniel Omar Perez [Pontifícia Universidade Católica do Paraná]
Daniel Tourinho Peres [Universidade Federal da Bahia]
Fernando Costa Mattos [Universidade Federal do ABC]
Gabriele Tomasi [Università di Padova]
Gerson Louzado [Universidade Federal do Rio Grande do Su]
Giorgia Cecchinato [Universidade Federal de Minas Gerais]
Giuseppe Micheli [Università di Padova]
Guido Antônio de Almeida [Universidade Federal do Rio de 
Janeiro]
Gualtiero Lorini [A. v. Humboldt Stiftung - TU Berlin]
Günter Zöller [Universität München]
Heiner Klemme [Universität Mainz]
Herman Parret [Université de Louvain]
Jacinto Rivera de Rosales Chacón [Universidad Nacional de Educa-
ción a Distancia]
Jean-Christophe Merle [Universität Vechta]
Jesús Gonzáles Fisac [Universidad de Cádiz]
João Carlos Brum Torres [Universidade de Caxias do Sul]
José Oscar de Almeida Marques [Universidade Estadual de Cam-
pinas]
Juan Adolfo Bonaccini [†] [Universidade Federal de Pernambuco]
Julio Cesar Ramos Esteves [Universidade Estadual do Norte 
Fluminense]
Leonel Ribeiro dos Santos [Universidade de Lisboa]
Luca Illetterati [Università di Padova]
Marco Sgarbi [Università di Verona]
Mai Lequan [Université Jean Moulin – Lyon 3]
Manuel Sánchez Rodríguez [Universidad de Granada]
Margit Ruffing [Universität Mainz]
Maria de Lourdes Alves Borges [Universidade Federal de Santa 
Catarina]
Maria Lúcia Mello e Oliveira Cacciola [Universidade de São Paulo]
María Xesús Vázquez Lobeiras [Universidade de Santiago de 
Compostela]
Mario Caimi [Universidad de Buenos Aires]
Michèle Cohen-Halimi [Université de Paris X – Nanterre]
Nuria Sánchez Madrid [Universidad Complutense de Madrid]
Olavo Calábria Pimenta [Universidade Federal de Uberlândia]
Patrícia Maria Kauark Leite [Universidade Federal de Minas Gerais]
Paulo Renato C. de Jesus [Universidade Portucalense Infante Dom 
Henrique]
Pedro Costa Rego [Universidade Federal do Rio de Janeiro]
Pedro Paulo da Costa Corôa [Universidade Federal do Pará]
Renato Valois Cordeiro [Universidade Federal Rural do Rio de 
Janeiro]
Ricardo Ribeiro Terra [Universidade de São Paulo]
Riccardo Pozzo [Università di Verona]
Robert Louden [University of Southern Maine]
Robinson dos Santos [Universidade Federal de Pelotas]
Rogelio Rovira [Universidad Complutense de Madrid]
Sílvia Altmann [Universidade Federal do Rio Grande do Sul]
Sorin Baiasu [Keele University]
Tristan Torriani [Universidade Estadual de Campinas]
Vera Cristina Gonçalves de Andrade Bueno [Pontifícia Universidade 
Católica do Rio de Janeiro]
Vinicius Berlendis de Figueiredo [Universidade Federal do Paraná]
Virgínia de Araújo Figueiredo [Universidade Federal de Minas 
Gerais]
Walter Valdevino Oliveira Silva [Universidade Federal Rural do Rio 
de Janeiro]
Zeljko Loparic [Universidade Estadual de Campinas]
sumário / Contents
Palavra do Editor ....................................................................................................................... 9
Editor’s Note ............................................................................................................................. 11
artigos i / artiCles i
A atualidade de Kant: um diálogo com Leonel Ribeiro dos Santos
[The philosophy of Kant nowadays: a dialogue with Leonel Ribeiro dos Santos]
Cinara Nahra ............................................................................................................................ 13
La Primera Introducción de la Crítica del Juicio: las bases emocionales de la teoría en Kant 
[The First Introduction to the Critique of Judgment: the Emotional Basis of Theory in Kant]
Nuria Sánchez Madrid .............................................................................................................. 25
Pensar a paisagem. Interpelações à estética de Kant
[Thinking the Landscape interpellations to Kant’s Aesthetics]
Adriana Veríssimo Serrão ........................................................................................................... 43
Notas sobre figuras da mediação na terceira Crítica de Kant 
[Notes on Figures of Mediation in Kant’s Third Critique]
António Marques ....................................................................................................................... 59
“Jogo livre” e “sentido comum” na teoria estética kantiana
[“Free play” and “common sense” in Kantian aesthetic theory] 
Christian Hamm ....................................................................................................................... 69
L’oggettivismo debole di Kant in estetica 
[Kant’s Weak Objectivism in Aesthetics]
Gabriele Tomasi ......................................................................................................................... 81
Pleasure and motivation in Kant’s practical philosophy 
Maria de Lourdes Borges ............................................................................................................ 99
Honra e honestidade na Metafísica dos Costumes
[Honour and Honesty in Kant’s Metaphysics of Morals] 
Alessandro Pinzani .................................................................................................................... 107
A doutrina penal republicana de Kant
[Kant’s republican criminal law] 
Aylton Barbieri Durão ............................................................................................................... 125
Liberalismo, democracia e totalitarismo
[Liberalism, Democracy, and Totalitarism] 
Delamar José Volpato Dutra ....................................................................................................... 143
Prudência e moral na filosofia política de Kant
[Prudence and Morality in Kant’s Political Philosophy] 
Joel ThiagoKlein ....................................................................................................................... 159
Kant como interlocutor en el ámbito de la bioética y la biojurídica: el problema de la autonomía
[Kant as an interlocutor in the field of bioethics and biolaw: the problem of autonomy] 
María Xesús Vázquez Lobeiras .................................................................................................... 179
O cosmopolitismo de Kant: direito, política e natureza
[Kant’s Cosmopolitanism: Law, Politics, and Nature] 
Soraya Nour .............................................................................................................................. 199
O papel da afinidade transcendental entre os fenômenos na teoria do conhecimento kantiana 
[The Role of the Transcendental Affinity between Phenomena in Kant’s Theory of Knowledge] 
Gualtiero Lorini ........................................................................................................................ 215
Attempt to introduce the concept of body into the Critique of Pure Reason 
Jacinto Rivera de Rosales ............................................................................................................ 231
Esquematismo e indexalidade. Uma nota de aproximação entre esses dois conceitos 
[Schematism and Indexicality. A Note on the Approximation of these two Concepts] 
João Carlos Brum Torres ............................................................................................................. 251
Ensaio sobre a unidade sintética meramente sensível 
[Essay on Merely Sensible Synthetic Unity] 
Olavo Calábria Pimenta ............................................................................................................ 265
Kant, ciência e sensus communis 
[Kant, science and sensus communis] 
Patrícia Maria Kauark-Leite ...................................................................................................... 283
Kant’s Insight and Kant’s Concept of a Transcendental Logic 
Pedro Alves ................................................................................................................................ 295
Kant contra o silogismo da idealidade: notas sobre a Refutação de 1781 
[Kant against the Syllogism of Ideality: Notes on the Refutation of 1781] 
Pedro Costa Rego ....................................................................................................................... 305
Hannah Arendt leitora de Kant: imaginação, comunicabilidade, sentido, linguagem 
[Hannah Arendt reading Kant: imagination, communicability, sense, language] 
José Miranda Justo ..................................................................................................................... 321
Freiheit, Natur und Geschichte. Zum Verhältnis von Natur und Geschichte bei Kant und Foucault 
[Freedom, Nature and History. The Relationship between Nature and History in Kant and Foucault] 
Marita Rainsborough ................................................................................................................. 339
Tornar-se Kant: a crítica da razão representativa em Diferença e Repetição de Deleuze
[Becoming Kant: The Critique of Reason as Representation in Deleuze’s Difference and Repetition] 
Diogo Ferrer .............................................................................................................................. 351
Ein grosses Beinhaus. La biblioteca dei filosofi
[Ein grosses Beinhaus. The Library of Philosophers] 
Riccardo Pozzo .......................................................................................................................... 367
artigos ii / artiCles ii
I. Kant and C.G. Jung on the Prospects of Scientific Psychology 
Valentin Balanovskiy ................................................................................................................. 375
traduções / translations 
Novalis. Kant-Studien. 
Apresentação, tradução e notas por Fernando Silva. ...................................................................... 391
Heiner F. Klemme. «“A NATUREZA RACIONAL EXISTE COMO FIM EM SI MESMO”: 
considerações sobre a interpretação de Oliver Sensen da fórmula da humanidade na 
Fundamentação da Metafísica dos Costumes». 
Oliver Sensen. «Kant on human dignity reconsiderado Uma réplica a meus críticos».
Apresentação, tradução e notas por Emanuel Lanzini Stobbe. ....................................................... 407
resenhas / reviews
FERRARIN, A.: The Powers of Pure Reason. Kant and the Idea of Cosmic Philosophy. Chicago: 
University of Chicago Press, 2015. 
Serena Feloj ............................................................................................................................... 429
A Reply to Serena Feloj on The Powers of Pure Reason.
Alfredo Ferrarin ......................................................................................................................... 435
MACOR, L. A.: Die Bestimmung des Menschen (1748-1800): Eine Begriffsgeschichte. Stuttgart: 
Frommann-Holzboog, 2013. 
Lucas Nascimento Machado ....................................................................................................... 444
Normas editoriais ...................................................................................................................... 459
Editorial Guidelines .................................................................................................................. 459
 Palavra do Editor / Editor’s Note
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 9-12, Jan./Jun., 2017 9
Palavra do editor
O presente fascículo de Estudos Kantianos reúne em sua maior parte contributos que, 
lembrando os setenta anos de Leonel Ribeiro dos Santos—completados no último mês de 
abril—, são a ele dedicados. Afora esse representativo conjunto de 24 artigos [destacado no 
“Sumário” como “Artigos I”] e uma tradução [de Fernando Silva], o fascículo 1 do volume V 
de EK apresenta ainda artigo de Valentin Balanovskiy, tradução de Emanuel Lanzini Stobbe 
e resenhas de Serena Feloj [de livro de Alfredo Ferrarin] e Lucas Machado [de livro de Laura 
Anna Macor], a primeira das quais acompanhada de resposta do autor da obra resenhada.
.
Professor Catedrático aposentado do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras 
da Universidade de Lisboa, membro e ex-Diretor do Centro de Filosofia dessa mesma insti-
tuição, fundador, ex-editor científico e ex-diretor da revista Philosophica, Leonel Ribeiro dos 
Santos é ora professor-visitante junto ao Departamento de Filosofia da Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte, já tendo sido professor-visitante no Departamento de Filosofia da 
Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisador-visitante no Departamento de Filosofia 
da Universidade Estadual Paulista, bem como realizado estágios de pesquisa na Universidad 
Complutense de Madrid e na Universität Mainz. 
Autor de vasta, fecunda, exemplarmente significativa produção intelectual1, sobretudo 
no âmbito da Kant-Forschung, Leonel Ribeiro dos Santos tornou-se uma referência maior—in-
tensa e regularmente ativa—em congressos, colóquios, simpósios e demais reuniões acadêmico-
científicos de abrangência nacional e internacional, na América do Sul e na Europa. Um dos 
idealizadores dos Colóquios Kant Multilaterais, foi, entre muitos outros eventos, organizador 
principal do II Colóquio Ítalo-Luso-Brasileiro: Was ist der Mensch? Antropologia, Estética e 
Teleologia em Kant, ocorrido na Universidade de Lisboa. 
A obra que resulta de seu Doutoramento em Filosofia Moderna e Contemporânea na 
Universidade de Lisboa—METÁFORAS DA RAZÃO ou economia poética do pensar kantiano 
[Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; Junta Nacional de Investigação Científica e Tec-
nológica, 1994]—constitui um clássico da Kant-Interpretation, sendo um dos grandes momen-
tos do comentário filosófico em língua portuguesa. 
Combinando harmoniosamente rigorosa formaçãohumanista, ampla cultura filosó-
fica, autêntica e sincera bonomia—virtudes com as quais consoam a musicalidade de organi-
sta e a de regente coral—, Professor Leonel é não só um Kant Scholar admirado, mas pessoa 
1 Cf. “Leonel Ribeiro dos Santos”. Disponível em: https://sites.google.com/site/lrs1947/ Acesso em: 29 jun. 2017.
10 Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 9-12, Jan./Jun., 2017
altamente querida por todos que temos tido o privilégio de com ele conviver. 
A ele, cumprimentando-o, nossa mais profunda admiração e nossos mais vivos agradeci-
mentos pelo legado com que nos vem brindando.
Aos autores que hoje publicam no presente fascículo, nosso reconhecimento pela sub-
missão de seus originais a Estudos Kantianos. 
Ao leitor, votos de muito boa reflexão.
 Palavra do Editor / Editor’s Note
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 9-12, Jan./Jun., 2017 11
editor’s note
In its greater part, the current issue of Estudos Kantianos collects contributions which, 
by evoking Leonel Ribeiro dos Santos’ 70th birthday – completed April last – are dedicated to 
him. Apart from that significant set of 24 articles [highlighted in the “Summary” as “Articles 
I”] and a translation [by Fernando Silva], issue 1 of volume V of EK further presents an article 
by Valentin Balanovskiy, a translation by Emanuel Lanzini Stobbe and reviews by Serena Feloj 
[of a book by Alfredo Ferrarin] and Lucas Machado [of a book by Laura Anna Macor], the first 
of which is accompanied by a reply from the author of the reviewed work.
Retired Full Professor of the Philosophy Department of the Faculty of Letters of the 
University of Lisbon, member and former director of the Center of Philosophy of the same 
institution, founder, former scientific editor and former director of the journal Philosophica, 
Leonel Ribeiro dos Santos is now visiting Professor in the Philosophy Department of Federal 
University of Rio Grande do Norte, having been visiting Professor in the Philosophy Depart-
ment of Federal University of Santa Catarina and visiting scholar in the Philosophy Depart-
ment of the State University of São Paulo, and has carried out research internships in Univer-
sidad Complutense de Madrid and Universität Mainz. 
Author of a vast, fruitful and singularly significant intellectual production1, especially in 
the domain of the Kant-Forschung, Leonel Ribeiro dos Santos has become a greater reference 
– an intense and regularly active one – in congresses, colloquia, symposia and other academic 
and scientific meetings of a national and international scope, in South America and in Europe. 
One of the mentors of the Kant Multilateral Colloquia, he was, among many other events, 
the main organizer of the 2nd Italian-Portuguese-Brazilian Colloquium: Was ist der Mensch? 
Anthropology, Aesthetics and Teleology in Kant, held at the University of Lisbon.
The work which resulted from his Doctorate in Modern and Contemporary Philosophy 
at the University of Lisbon – METÁFORAS DA RAZÃO ou economia poética do pensar kantia-
no (METAPHORS OF REASON or poetical economy of Kant’s thought) [Lisbon: Fundação 
Calouste Gulbenkian; Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, 1994] – con-
stitutes a classic of the Kant-Interpretation, and is one of the great moments of philosophical 
commentary in Portuguese language.
Harmoniously combining a rigorous humanist formation, an ample philosophical cul-
ture and an authentic and sincere bonhomie – virtues which are in tune with the musicality of 
an organist and a choral regent –, Professor Leonel is not only a much-admired Kant scholar, 
but also dearly beloved by all who have had the privilege of knowing him.
1 Cf. “Leonel Ribeiro dos Santos”. Disponível em: https://sites.google.com/site/lrs1947/ Acesso em: 29 jun. 2017.
12 Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 9-12, Jan./Jun., 2017
To him, we devote our deepest admiration and our most heartfelt gratitude for the 
legacy he has been offering us.
To the authors publishing in the present issue, our acknowledgment for the submission 
of their originals to Estudos Kantianos.
To the reader, we wish a most productive reflection. 
A atualidade de Kant Artigos I / Article I
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017 13
a atualidade de Kant: 
um diálogo com leonel RibeiRo dos santos
Cinara Nahra1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
O filósofo é como um Jano bifronte: olha o passa-
do e o futuro, tem uma consciência retrospectiva 
e prospectiva. E muitas vezes o que é investido 
prospectivamente é o que foi descoberto retrospec-
tivamente.
Leonel Ribeiro dos Santos
Leonel Ribeiro dos Santos, além de ser um grande erudito e um dos maiores conhece-
dores vivos da totalidade da obra de Kant, é um pensador que vem dando uma enorme contri-
buição quando se trata de refletir sobre a atualidade do pensamento kantiano. Ele lembra que 
a atualidade da filosofia não está em a considerarmos estática e intemporal, mas sim em haver 
nela alguma antecipação do que nos diz respeito2. Assim podemos recolocar a questão posta 
por Leonel do seguinte modo: A filosofia Kantiana, datada no século XVIII, antecipa algo que 
diga respeito a realidade do início do século XXI? 
Leonel escolhe então o campo da reflexão ética para desenvolver sua questão que passa a 
ser: a reflexão kantiana sobre a ética ainda é aplicável no século XXI? Leonel aponta as duas ver-
tentes nesta discussão, a vertente que afirma a inatualidade e a vertente que afirma a atualidade 
, por assim dizer, da ética kantiana, sendo que na vertente da inatualidade temos , por exemplo, 
autores como Irene Borges Duarte 3que vê na era totalitária em que vivemos o enterro da filo-
sofia Kantiana , e Gilles Lipovetsky de cuja leitura , salienta Leonel com muita propriedade, 
fica-se com a impressão que o dever e os mandamentos da razão sempre sucumbirão diante das 
exigências da sensibilidade4. Afirma Leonel:
14 Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017
NAHRA, C. 
Para os hermeneutas «pós-modernos» ou filósofos da Pós-Modernidade, a filosofia de Kant seria 
precisamente a expressão máxima da Modernidade enquanto programa filosófico que visava a fun-
damentação do saber e do agir humanos numa subjectividade racional e autónoma e, por isso, 
esgotada a Modernidade, ela já para nada nos pode servir, nestes tempos pós-metafísicos marcados 
pelo programa desconstrucionista, que instaurou o processo a todas as filosofias do sujeito e do 
fundamento.5 
Continua Leonel lembrando que do outro lado, na vertente da atualidade do pensamen-
to kantiano, temos filósofos como Hannah Arendt, que pela via da crítica do juízo pensou a 
reatualização do pensamento político kantiano, e mesmo Foucault que vê na filosofia kantiana 
a guardiã dos direitos da humanidade e da dignidade do homem6. Na tradição alemã lembra 
Leonel que Karl-Otto Apel e Jürgen Habermas pretendem a transformação, a reformulação ou 
a correção da ética kantiana, com vista a reciclá-la nas suas próprias propostas, como a de uma 
ética do discurso em Habermas ou uma ética da sociedade de comunicação em Apel7. Leonel 
observa que em ambas as propostas se conserva um aspecto essencial da ética kantiana, que é 
o princípio de universalidade (ou de universalizabilidade), ainda que metamorfoseado numa 
feição linguístico-pragmática, discursiva e argumentativa8.
Na vertente anglo saxônica Leonel ressalta a filosofia de John Rawls, observando que um 
dos seus grandes méritos consiste em ter recuperado a amplitude da noção kantiana de filosofia 
prática e ter mostrado a fecundidade da moral kantiana no plano político-jurídico9. Observa 
Leonel que é muito significativo que Rawls recorra ao pensamento kantiano para falar da re-
lação que deve haver entre ética e política observando que não há nenhum fosso entre a moral 
e a política kantianas: os princípios e pressupostos de uma e de outra são os mesmos e o que 
vale na teoria deve valertambém na prática 10.Para Leonel é também significativo que Rawls 
realce o carácter construtivista da ética e da política kantianas, destacando a ideia da autonomia 
dos sujeitos racionais e livres que são chamados a criar as leis a que eles mesmos se submetem 
e a participar pelas suas deliberações na instauração daquela ideal mas possível sociedade bem 
ordenada a que Kant dava o nome de reino dos fins11 . Leonel, entretanto, reconhece a rein-
terpretação viva de Rawls em relação a filosofia de Kant, aonde o mestre inspira, mas tem seus 
pressupostos revistos, como em sua concepção de Justiça na qual este se desvincula do idealis-
mo transcendental e afirma a idéia de posição original. 12
Ainda na vertente anglo saxônica daqueles que percebem a atualidade de Kant, lado no 
qual estão muitos dos seus comentadores e comentadoras contemporâneos como Robert Lou-
den, Barbara Herman, Onora O´Neill e Christine Korsgaard nos alerta Leonel que “Mais do 
que procurar hoje a pureza da razão os hermeneutas do kantismo procuram antes ver como aquilo 
que Kant dizia sob o nome da razão pode ainda dar um sentido as realidades sociais, históricas e 
institucionais em que decorre a vida efetiva dos humanos”13. Especificamente em relação as co-
mentadoras anglo saxônicas kantianas do sexo feminino, Leonel várias vezes demonstrou, em 
conversas pessoais, uma profunda admiração e respeito pelas suas obras, ressaltando o trabalho 
excepcional que está sendo feito pelas mulheres em relação a interpretação e atualização da 
obra Kantiana. Leonel ressalta que Onora O´Neill tem tentado mostrar a coerência do pen-
samento ético kantiano e a capacidade deste para iluminar as questões éticas da atualidade, 
A atualidade de Kant Artigos I / Article I
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017 15
nomeadamente, no que se refere à racionalidade da ação, aos direitos do homem e às relações 
interpessoais14. Em relação a Barbara Herman observa que esta pretende romper com as inter-
pretações estereotipadas da ética kantiana salientando que a visão que Kant tem da vida moral 
é muito mais complexa e sutil do que os seus intérpretes e críticos dão a entender15. 
Já analisando a obra de Christine Korksgaard observa Leonel que esta salienta a capaci-
dade das posições kantianas para iluminar os problemas éticos contemporâneos, rejeitando a 
visão tradicional e estereotipada da ética kantiana que a apresenta como tendo uma visão fria 
da vida moral, na qual a afetividade e os valores são sacrificados em nome do dever. Leonel é 
muito feliz, ao meu modo de ver, ao interpretar que ao assim proceder ela consegue mostrar a 
fecundidade do pensamento Kantiano para suscitar e equacionar questões práticas das relações 
humanas do quotidiano com relevância ética e política, especialmente na sua leitura e interpre-
tação da Formula da Humanidade, vendo nesta não a expressão de um preconceito antropo-
cêntrico mas antes a potencialidade de uma reflexão que é capaz até de alargar a reflexão ética a 
fim de dar conta de perspectivas ambientalistas e ecológicas 16.
Parece então que nesta vertente de comentadores kantianos e especialmente de comen-
tadoras kantianas Leonel percebe um caminho profícuo para que se responda à pergunta: seria 
possível depois da hermenêutica de caça aos erros praticada pelos pos-kantianos e da exegese 
do texto kantiano por parte dos neo kantianos, haver algo que a filosofia transcendental possa 
contribuir nos debates filosóficos da atualidade17? Leonel nos dá indicações precisas de como 
podemos dar uma resposta a esta questão. A primeira destas indicações é metodológica, quando 
ele sustenta que hoje se processa um movimento de retorno a Kant que tem como objetivo co-
lher a inspiração de sua obra e não mais seguir fielmente o mestre. Esta forma contemporânea 
de discípulos, nos diz Leonel, é legitimada na atitude hermenêutica que Kant teve em relação 
a seus antecessores como Platão e Leibniz, e também no modo como deve ser a relação entre 
os espíritos criadores18. Para corroborar sua proposta Leonel cita o parágrafo 32 da KU onde é 
afirmado: 
Seguimento [Nachfolge], que se refere a um precedente [Vorgang], e não imitação [Nachahmung], é a 
expressão correcta para toda a influência que os produtos de um criador exemplar podem ter sobre 
outros; o que apenas significa: criar a partir das mesmas fontes de onde ele mesmo criou e aprender 
do seu antecessor apenas o modo de nisso se conduzir.19
 
Penso que para Leonel seria com esta bússola metodológica nas mãos, evitando o dog-
matismo e a imitação, sempre com o espírito crítico, à moda kantiana, que a atualização de 
Kant poderia ser vista primeiramente na busca de uma refundação da razão prática (ética, 
política, jurídica). É precisamente sobre esta refundação da razão prática, especialmente do 
ponto de vista da ética, da moralidade e da moralidade pública, que gostaria de tecer algumas 
considerações aqui a respeito da enorme contribuição que pode ser feita pela filosofia kantiana. 
Creio que a grande contribuição a ser dada pela filosofia na atualidade vem através do resgate da 
noção de dever. De fato a sociedade pós-moderna atual parece avessa a essa idéia. Vivemos em 
um mundo líquido, individualista, aonde a insensibilidade em relação ao outro e o mergulho 
no self parece ser a marca registrada. Estamos diante de uma sociedade marcada pelo consumo 
16 Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017
NAHRA, C. 
e pela busca desenfreada do próprio prazer e da satisfação pessoal, que não encontra mais seu 
limite no respeito ao outro. Uma sociedade de selfs egocêntricos na qual os indivíduos veem 
apenas a si próprios e, no máximo, suas famílias ou os grupos a quem pertencem. Uma socie-
dade na qual não se respeita a liberdade alheia, contrariamente ao que nos ensina a máxima 
liberal de que a liberdade de cada um deve terminar aonde começa a liberdade do outro. Uma 
sociedade no qual sucesso e satisfação pessoal é tudo o que importa, seja a que custo for, e na 
qual as pessoas não hesitam em passar por cima dos outros para atingir seus propósitos. Em tal 
sociedade, onde compaixão, solidariedade e altruísmo estão fora de moda, como falar de dever? 
Teria a ideia de dever, um dos pilares maiores da filosofia Kantiana, efetivamente sucumbido? 
Penso que é exatamente o contrário disto que acontece, ou seja, a idéia kantiana de 
dever mostra toda a sua fecundidade exatamente em períodos tristes e obscuros da história 
da humanidade como este que agora vivenciamos. A começar pela distinção entre ser e dever 
ser, que é uma das bases da ética kantiana e cuja distinção infelizmente se esvanece em uma 
contemporaneidade simplória que parece aceitar a falácia naturalista. Para Kant, ao contrário, 
jamais deveríamos derivar o dever do ser, sendo exatamente o oposto que deve ser feito, ou seja, 
com a bússola do dever nas mãos devemos atuar sobre o ser, modificando-o, ou seja, tentando 
transformar a realidade quando ela se apresenta como injusta ou imoral. E é exatamente este 
estado de ânimo que precisa ser resgatado na sociedade contemporânea para que a barbárie, 
muito próxima de se instalar, possa ser revertida. 
A mera distinção onto/epistemológica, porém, entre ser e dever ser, nada significa se não 
for dado um caráter ético ao dever ser e é exatamente isto o que Kant faz. O dever kantiano se 
associa necessariamente à boa vontade e, portanto, à moralidade, cujo critério é dado sempre 
pela possibilidade de universalização da máxima. Isto leva necessariamente à idéia de Razão 
através da impossibilidade da contradição, que é sempre irracional. Ao verificarmos a possi-
bilidade de universalização da máxima percebe-se a irracionalidade existente em, ao querer-se 
algo para todos e sendo o indivíduo parte deste todo, não querer para si, indivíduo, aquilo que 
para o todo se quer. A contradição apareceria aqui revelando a irracionalidade de um modo 
muito mais forte do que aquilo que acontecena regra de ouro quando ao não querer para o 
outro aquilo que se quer para nós mesmos o critério de decisão ainda é o indivíduo. Mas o im-
portante aqui é que tanto o Imperativo categórico quanto a regra de ouro fornecem um limite 
moral para as ações humanas que estabelecem a necessidade da referência ao outro na ação, e 
é exatamente esta referência ao outro que está perdida na contemporaneidade líquida20 aonde 
as patologias sociais e morais se instauram21. Quando se discute, pois, a atualidade de Kant, 
acredito que o conceito de dever moral na forma proposta por ele seja um dos conceitos que 
mais estão em falta no mundo contemporâneo e um daqueles que mais se necessita. Defendi 
inclusive alhures 22a necessidade premente de que se discuta e se elabore uma declaração univer-
sal dos deveres do homem, que certamente teria uma forte inspiração kantiana, incorporando 
na educação familiar e na educação formal em todos os seus níveis a noção de que todo o ser 
humano tem deveres para com todos os seres humanos.
E chegamos aqui então a um segundo ponto, importantíssimo quando discutimos a 
atualidade de Kant, que é exatamente a sua idéia de humanidade. Leonel já nos alerta que é 
A atualidade de Kant Artigos I / Article I
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017 17
preciso repensar a crítica sobre um suposto antropocentrismo em Kant. Leonel lembra que 
uma das lições decisivas que Kant extraía da astronomia moderna era precisamente a revela-
ção inequívoca dos limites do homem, tanto dos limites do seu conhecimento quanto da sua 
própria insignificância, e a sua conclusão é a de que a acusação de antropocentrismo a Kant 
não procede, ou ao menos deve ser relativizada, relativizando também a sua condição de ser 
racional, levando-o a pensar que ele não é o único ser da criação, nem o mais perfeito23. Em 
relação a isto, Leonel lembra a famosa passagem da GM na qual é afirmado que a lei moral não 
se aplica apenas aos homens, mas a seres racionais em geral24. A partir destas bases, ou seja, a 
relativização do antropocentrismo kantiano, é possível entender com mais clareza a idéia de 
humanidade em Kant. Leonel lembra que é a Humanidade no homem, o homem como ser 
moral, que deve ser considerado como objeto de respeito e dotado de dignidade; é na ideia de 
Humanidade que se capta o compromisso da filosofia kantiana com as gerações futuras e é por 
ela que se ultrapassa o individualismo25. 
Leonel está absolutamente correto. A idéia de humanidade em Kant não é uma idéia que 
evoca uma supremacia arrogante do homem em relação a Natureza e a todos os outros seres na 
face da Terra, evocando um suposto direito de fazer com eles tudo o que quisermos e pudermos. 
Ao contrário, a concepção de humanidade em Kant revela um compromisso entre gerações de 
seres racionais na Terra, um compromisso que faz com que, por exemplo, que seja imoral para 
uma geração esgotar todos os recursos naturais do planeta não permitindo que as próximas ge-
rações venham a desfruta-lo. Se temos de tratar a humanidade tanto na nossa pessoa quanto na 
de outros sempre como um fim, e nunca como um meio, estaríamos tratando os seres futuros, 
os que ainda não nasceram, como meio, e não como fim, se comprometêssemos a qualidade 
de vida destes ao destruir a natureza para obter o maior benefício possível para a nossa geração 
ou para uma parte da nossa geração. Por outro lado o clamor Kantiano para que tratemos a 
humanidade como fim e nunca como meio é a expressão maior do rompimento com o egoísmo 
individualista, que como disse anteriormente, marca a nossa sociedade contemporânea. Se as 
pessoas agissem sob esta regra as inúmeras atrocidades cometidas ao longo da História humana 
certamente não teriam acontecido. Mas não seria apenas este o ganho. Tratar aos outros como 
fins e não como meios implica reconhecer que existe alguma coisa muito importante que se 
chama “o outro”, e que fazer aquilo que queremos, desejamos e nos dá prazer encontra o seu 
limite na compreensão de que existe este “outro”, ou estes “outros”, sobre os quais não pode-
mos passar por cima a qualquer custo. Assim é que a idéia de respeito ganha uma importância 
teórica muito grande na filosofia moral kantiana. O respeito em Kant, como sabemos, tem um 
curioso caráter, já que se trata de um sentimento moral não empírico, com origem na razão 
pura, e que nos leva, subjetivamente, a seguir a lei moral. Independentemente, porém, do que 
significa tecnicamente respeito na filosofia Kantiana o fato é que o respeito de todos por todos 
é uma das molas mestras da sociedade, e o desrespeito ao outro é mais uma expressão do indivi-
dualismo contemporâneo, sendo que a sua generalização poderia ser caracterizada como sendo 
mais uma das patologias morais da sociedade contemporânea.
Com isso chegamos a mais um dos conceitos Kantianos que acredito que são impres-
cindíveis para que comecemos a modificar a sociedade contemporânea a fim de que a barbárie 
não se instaure, a saber, o conceito de dignidade. Aqui Leonel nos diz algo muito importante: 
18 Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017
NAHRA, C. 
A distinção kantiana entre fins e meios, entre dignidade e preço — e a respectiva aplicação a dis-
tinção entre pessoas e coisas — deve ser vista não como um defeito ou um fracasso (pelo que ainda 
não consegue), mas antes como um grande ganho e um decisivo passo no sentido de alcançar um 
ponto de vista que permitisse superar a racionalidade mercantil e contabilística, instrumentalista, 
interesseira e utilitária dos Modernos. Que haja algo — por mera ideia que seja — que não entre no 
circuito da consumpção universal, do uso e do lucro (quando até já se perdera o sentido do divino e 
de qualquer instancia do sagrado) ... e talvez assim se vislumbre a esperança de que por aí se venha 
a resgatar também o resto, e a restabelece-lo na sua dignidade ontológica.26
O recado dado por Kant na sua distinção preço/dignidade é muito claro: existe algo que 
não está e não deve estar à venda. Seres humanos tem dignidade, e não preço. A humanidade 
tem dignidade, e não preço. Leonel aponta o quão profícua é esta distinção que deve servir de 
alerta para que não venhamos a sucumbir a um mundo inteiramente mercantilizado, aonde 
não há mais dignidade, apenas preço para tudo. Walzer27 nos diz que relações de mercado re-
fletem um certo entendimento moral sobre aquilo que pode e aquilo que não pode ser comer-
cializado. Walton estabelece uma lista de trocas que devem ser bloqueadas, isto é, uma lista de 
atividades, sentimentos, coisas que não podem ser comercializadas, como por exemplo, seres 
humanos, poder e influência política, justiça criminal, prêmios de todo o tipo, amor e amizade. 
Acredito que devamos levar a sério e respeitar esta lista.
A utilidade desta distinção que está na essência do pensamento Kantiano é inquestioná-
vel no mundo contemporâneo aonde pipocam escândalos de corrupção por todos os cantos. 
Aqui no Brasil correm inúmeros processos de pagamento de propinas por parte de empresas à 
gestores e políticos, juízes são acusados de venderem sentenças, pessoas que cometem crimes 
ou outras irregularidades parecem estar acima da lei, a compra de votos nas eleições parece ser 
prática corrente. A idéia de que há certas coisas que simplesmente não deveriam ser comercia-
lizadas parece estar sendo contestada por práticas constantes de comércio que ferem a distinção 
moral que estabelece o que pode e o que não pode ser comprado pelo dinheiro. Ou seja, infe-
lizmente parece estar sendo violada exatamente a distinção preço/dignidade estabelecida por 
Kant, e é preciso resgatá-la e reaplicá-la hodiernamente.
Um outro conceito importante de ser repensado na contemporaneidade é o conceito de 
liberdade, e Kant certamente pode servir de inspiração para isto. O diagnóstico de Leonel sobre 
o uso do conceito na contemporaneidade é impecável: a absoluta exigência kantiana de auto-
nomia e de liberdade continua a serinvocada, mas sem o sentido do dever e da lei e sobretudo 
sem a preocupação de que a máxima de cada qual se submeta ao teste da universalização28. Ora! 
Este é precisamente o problema, ou seja, o conceito de liberdade em voga atualmente é o con-
ceito de liberdade prática negativa kantiana, que é definido29como a propriedade da vontade de 
agir independentemente de causas estranhas que a determinem. A liberdade prática negativa, 
porém, nada mais é do que o livre arbítrio, ou seja, a capacidade de fazermos escolhas, sem que 
necessariamente exista aqui o compromisso de que escolhamos para o bem. A liberdade evoca-
da na contemporaneidade é a liberdade do livre arbítrio, que no seu limite é a liberdade de se 
fazer o que se quer. Kant reconhece este sentido da liberdade, mas propõe também um outro 
sentido, a liberdade positiva (autonomia) como a propriedade da vontade de dar a lei para si 
A atualidade de Kant Artigos I / Article I
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017 19
própria 30ou como a causalidade de um ser enquanto ele pertence ao mundo inteligível31. A 
liberdade positiva, a autonomia Kantiana, implica sempre o agir moral, o agir pelo dever, ou 
seja, submeter a máxima ao teste da universalização. E aqui temos a constatação: o sentido de 
liberdade em voga na sociedade contemporânea não é o sentido pleno de liberdade, e tomá-lo 
como se fosse é deturpar a idéia de liberdade trazendo consequências muito nefastas para a 
nossa sociedade. Uma sociedade na qual os indivíduos acreditam que ser livre é fazer tudo o 
que podem e desejam, mesmo que seja passando por cima dos outros, sem nenhuma referência 
a idéia de dever, é uma sociedade doente que já perdeu a noção de limites a serem dados pela 
moralidade, ou seja, limites a seres estabelecidos pela razão e pela idéia de humanidade como 
algo a ser sempre respeitado. Essa lição kantiana, creio, deva ser aprendida contemporaneamen-
te, constituindo-se como um limite aos excessos individualistas e ao uso arbitrário do poder, 
tão em voga ultimamente. 
Esta perspectiva mostra o quão profícuo é o uso do conceito kantiano de liberdade, mas 
infelizmente, surge também aqui um problema para que se atualize a filosofia kantiana, e ele 
surge a partir da concepção kantiana de deveres para conosco. Sabemos da forte condenação 
moral kantiana à homossexualidade32. Autores dentro da tradição Kantiana como Richards, 
Denis, Guyer sentindo-se, com razão, desconfortáveis com esta condenação, tentam propor 
uma alternativa a esta visão de Kant a partir do próprio Kant, e a solução parece ser a de esvaziar 
a teleologia kantiana, a favor de um Kant mais contratualista. Guyer por exemplo aponta que a 
visão de Kant de que o fim da natureza em relação ao instinto sexual é a preservação das espécies 
faz vistas grossas em relação ao fato que a natureza sugere uma variedade de desejos através da 
inclinação sexual sendo que alguns deles podem ser fins livremente escolhidos se estes forem 
consistentes com o fim geral de preservar e promover a liberdade. E ele segue afirmando que 
a liberdade como valor absoluto significa a habilidade de colocar e perseguir fins de um modo 
que é consistente com o maior uso possível da liberdade como nosso fim último33. O que eu já 
observara, porém, é que em Kant esta consistência com o maior uso possível da liberdade como 
nosso fim último é mais do que fazer o que se queira desde que não se cause danos ao outro 
e mais do que o que nos exige a regra de ouro34. No caso em questão, para Kant, deveria ne-
cessariamente ser assumido o controverso princípio teleológico de que cada instinto tem um e 
apenas um propósito, e que o propósito do instinto sexual é a preservação da espécie, de modo 
que o exercício da sexualidade que em princípio não levasse a preservação da espécie geraria 
uma contradição entre a máxima e o propósito do instinto.
Aqui, entretanto, parece que chegamos a um dilema na tentativa de atualizar a filosofia 
kantiana. A resposta dada por autores como Guyer supervalorizam o conceito de liberdade 
negativa em Kant e enfraquecem a sua teleologia, o que me parece um equívoco interpretativo. 
A não aceitação desta interpretação, porém, nos deixa ainda a espera de uma atualização de sua 
filosofia no que se refere a este ponto controverso e aparentemente equivocado da visão kantia-
na, uma atualização que, a meu ver, passa por uma compreensão mais abrangente e completa da 
teleologia Kantiana que está ainda para ser feita. Porém aqui, quando se trata de compreensão 
do papel da teleologia na obra kantiana, a contribuição de Leonel é já inestimável. Já nos alerta 
Leonel que:
20 Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017
NAHRA, C. 
A importância dada à Crítica do Juízo constitui um dos aspectos mais marcantes das releituras e 
interpretações da filosofia kantiana das última três décadas, tendo o alcance da redescoberta desta 
obra não se restringido a apreciação das questões estéticas, mas projetado uma luz inesperada sobre 
quase todos os outros aspectos do pensamento de Kant e permitido uma nova compreensão de seu 
projeto filosófico (...) E apesar do novo interesse que a KU tem despertado ela ainda constitui um 
enigma e um desafio para o hermeneuta que queira compreender a sua gênese aporética e a ligação 
orgânica com as duas outras Criticas, ou que tente perceber a unidade que liga as suas duas partes, 
respectivamente, a Crítica do Juízo Estético e a Crítica do Juízo Teleológico, que tente, enfim, com-
preender o seu lugar e função no sistema da filosofia transcendental.35 
Observa Leonel que a sistematicidade e a unidade da filosofia kantiana tendem a ser 
procuradas a partir das perspectivas abertas pela terceira Critica, a qual, pretende estender a 
“ponte” entre a legislação do entendimento para a natureza e a legislação da razão prática para a 
liberdade, tendo assim o princípio da teleologia e a faculdade de julgar reflexionante assumido 
um papel da maior relevância36. 
Leonel admite37 que ele desde muito tempo faz a leitura e interpretação do pensamento 
kantiano a partir dos problemas da terceira crítica, do princípio da “teleoformidade da nature-
za” (Zweckmässigkeit der Natur), ou de “Técnica da Natureza” (Technik der Natur). A teleofor-
midade da natureza (Zweckmässigkeit der Natur), nos recorda Leonel, se exprime nas máximas 
da faculdade de julgar, a saber, que a natureza toma a via mais curta, que ela nada faz em vão, 
não procede por saltos na diversidade das formas, é rica em espécie, mas econômica em gêne-
ros38. Já a técnica da Natureza é precisamente a causalidade da natureza segundo fins, que se 
distingue e pode até se opor à mecânica da natureza, estabelecido, porém que o conceito de 
uma causalidade final na natureza – que atribui uma intenção à natureza – não é um conceito 
nem do entendimento nem da razão, mas um conceito próprio da faculdade de julgar reflexio-
nante. Lembra Leonel que a arte ou técnica da natureza é um segredo nunca decifrado e nunca 
revelado39.
Acredito que uma das questões mais atuais entre aquelas levantadas por Kant é justa-
mente a empreitada humana a fim de revelar estes segredos. Se a natureza realmente opera 
a partir de causas finais, embora não possamos saber quais são estas causas, não podemos 
deixar de especular sobre quais seriam elas. Se existe uma técnica da natureza, algo que como 
nos diz Kant, o juízo torna o princípio a priori de sua reflexão. Se o juízo reflexionante pro-
cede artisticamente no seu “como se” ordenando a natureza conforme a fins e nos orientando 
assim no labirinto da multiplicidade das leis particulares40, como isso seria possível, é a per-
gunta que embora talvez impossível de ser respondida - já que a natureza insiste em manter 
seu véu e não se desnudar - é cada vez mais atual, reatualizando a própria reflexão metafísica. 
Seria a técnica da natureza um algoritmo, um programa de computador inventado por uma 
mente brilhante a quem poderíamos chamar decriador? Pela via teleológica natureza e liber-
dade finalmente se reconciliariam de modo que já seria possível um soberano bem perfeito 
que orientaria o mundo para o bem fazendo com que moralidade e felicidade venham neces-
sariamente a se encontrar? Como também já salientei alhures41 seria então o nosso destino 
nos aperfeiçoar moralmente enquanto indivíduos e contribuir desta forma para a mudança 
do caráter da espécie, nos tornando uma espécie não apenas capaz de moralidade, mas efe-
A atualidade de Kant Artigos I / Article I
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017 21
tivamente moral, realizando o soberano bem (supremum) ao mesmo tempo que esperamos 
que todos estes seres morais sejam felizes, ou seja, que se efetive o soberano bem perfeito 
(consummatum) sendo isto o que nós, homo sapiens, devemos fazer e podemos esperar? 
.
Para concluir, eu diria que a reflexão sobre a atualidade da filosofia Kantiana proposta 
por Leonel é um dos temas de maior importância na filosofia contemporânea. Comungo com 
Leonel em muitas de suas inquietações e respostas, e também, como ele, vejo o pensamento 
kantiano como uma fonte viva de inspirações, capaz de iluminar muitos dos desafios que a nos-
sa sociedade se defronta atualmente, tanto no que se refere a questões políticas, quanto morais, 
estéticas e também metafísicas e existenciais. Uma de nossas tarefas como pensadores, filósofos 
e pesquisadores de Kant é justamente apresentar isto à comunidade filosófica e ao mundo. 
Creio também que é nosso dever pensar a contínua atualização da filosofia Kantiana, perce-
bendo que só grandes filósofos como ele perpetuam seu pensamento no tempo sendo capazes 
de responder a problemas tão diferentes quanto os que existiam na sociedade do século XVIII 
e os que existem hoje no início do século XXI. Mas também aí aparece a fecundidade de sua 
filosofia. Para além das épocas e dos tempos que passam há algo de universal na razão humana. 
E se assim é as propostas de alguém que percebeu que para além das nossas diferenças há algo 
fundamentalmente comum a todos nós, que é a nossa razão, estarão vivas pelos séculos dos 
séculos, enquanto existirem seres racionais neste mundo, ou quem sabe, até mesmo fora dele. 
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resumo: O objetivo deste artigo é discutir a atualidade do pensamento Kantiano a partir do trabalho de Leonel 
Ribeiro dos Santos sobre este tema, tentando estabelecer um diálogo com suas reflexões. No artigo estamos interessa-
dos principalmente na discussão relativa a atualidade dos aspectos práticos da filosofia Kantiana e em sua teleologia. 
Palavras-Chave: Filosofia Moral; Teleologia; Antropocentrismo; Técnica da Natureza; Juízo Reflexivo.
aBstraCt: The main of this article is to discuss the actuality of Kant´s philosophy using as a starting point the re-
flections of Leonel Ribeiro dos Santos on the subject, trying to establish a dialogue with him. I will be particularly 
interested in the actuality of the practical features of Kant´s philosophy and on his teleology. 
Keywords: Moral Philosophy; Teleology; Anthropocentrism; Technic of Nature; Reflexive Judgement.
notas / notes
1 Cinara Nahra is a senior lecturer at Universidade Federal do Rio Grande do Norte. She got her phd at Essex University in 
England (2005) and she was visiting research at University of Manchester in England (2010). She has published many articles 
and chapters of books in philosophy journals. She is the author of the books: Uma Introdução a Filosofia Moral de Kant (An 
Introduction to Kant´s Moral Philosophy), Malditas Defesas Morais (Damned Moral Defenses), and coauthor of Body and Justice 
(Cambridge Scholar Publishing) and Através da Lógica (Through Logic).
A atualidade de Kant Artigos I / Article I
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017 23
2 Ribeiro dos Santos, L. “ Actualidade e Inactualidade da Ética Kantiana” Philosófica , v.31,2008: 127-160, p.128 e 131
3 Duarte, I “O homem como fim em si? De Kant a Heidegger e Jonas” Revista Portuguesa de Filosofia, v.61, 2005: 841-862.
4 Ibid., p.140. Ver Lipovetsky, G. Le crépuscule du devoir. L’éthique indolore des nouveaux temps démocratiques (Paris: Galli-
mard,1992)
5 Ibid., p.134
6 Em relação a Hannah Arendt ver Arendt, H Lectures on Kant’s Political Philosophy (Chicago: The University of Chicago Press, 
1992) e em relação a Foucault ver Foucault, M. Dits et écrits, vol. IV, (Paris: Gallimard, 1994) 
7 Ver Habermas, J Consciência Moral e Agir Comunicativo (Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989) trad. Guido de Almeida e Apel, 
K O A priori da Comunidade de Comunicação (São Paulo: Loyola, 2000) trad. Paulo Astor Soethe 
8 Ribeiro dos Santos “Actualidade e Inactualidade da Ética Kantiana” p.147 
9 Ibid., p.142 Sobre Rawls ver Rawls, J. A Theory of Justice (London: Oxford University Press, 1972) 
10 Ibid.,p.143
11 Ibid.,p.144
12 Ribeiro dos Santos, L. Regresso a Kant (Lisboa: INCM,2012)
13 Ibid.,p.51
14 Ribeiro dos Santos, “ Actualidade e Inactualidade da Ética Kantiana”, p.150. A contribuição de Onora O´Neill para a elucida-
ção e a atualização da filosofia de Kant é extensa. Penso, comoLeonel, que sua obra mais representativa é O´Neill, O. Constructions 
of Reason: Explorations of Kant’s Practical
Philosophy (Cambridge: Cambridge University Press, 1989) 
15 Ibid., p.151. Ver Herman, B The Practice of Moral Judgment, (Cambridge,MA:Harvard University Press, 1993) 
16 Ibid., p.152 a 154. Ver Korsgaard,C. Creating the Kingdom of Ends (Cambridge: Cambridge University Press, 1996)
17 Ribeiro dos Santos, Regresso a Kant p.11
18 Ibid.,p.53
19 Kant, I A Crítica da Faculdade do Juízo (Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005) trad. de Valério Rohden, e Antônio Mar-
ques, p.130 (KU, AA 05:139). Na tradução de Rohden e Marques lê-se: “Sucessão, que se refere a um precedente, e não imitação, 
é a expressão correta para toda influência que produtos de um autor original podem ter sobre outros; o que somente significa: 
haurir das mesmas fontes das quais aquele próprio hauriu e apreender imitativamente de seu predecessor somente a maneira de 
proceder no caso. ”
20 Ver Bauman, Z Vida Líquida (Rio de Janeiro: Zahar, 2007) trad. de Carlos Alberto Medeiros 
21 Ver Honneth, A Freedom´s Right (Cambridge: Polity Press, 2014) trad.Joseph Granahl. 
22 Nahra, C “Deveres Humanos” em Jozivan Guedes e Gerson de Araújo Neto (org.) Filosofia Prática, Epistemologia e Hermenêu-
tica (Porto Alegre: Editora Fi,2016) disponível em http://media.wix.com/ugd/48d206_644dcedb9fce4fa99eacdb5a36cbf0d5.pdf
23 Ribeiro dos Santos, Regresso a Kant p.157
24 Ibid., p. 158 A referência de Leonel aqui é a passagem da Fundamentação da Metafísica dos Costumes em (GM AA 4:408). 
Ver Kant, I. Groundwork of the Metaphysics of Morals (Cambridge: Cambridge University Press, 1998) trad. Mary Gregor aonde 
podemos ler (p.20)“If we add further that, unless we want to deny to the concept of morality any truth and any relation to some possible 
object, we can´t dispute that its law is so extensive in its import that it must hold not only for human beings but for all rational beings 
as such”: 
25 Ribeiro dos Santos, Regresso a Kant p.148
26 Ribeiro dos Santos, Regresso a Kant p.128
27 Walzer, M Spheres of Justice (Oxford: Martin Robertson, 1983) 
28 Ribeiro dos Santos, “ Actualidade e Inactualidade da Ética Kantiana”, p.158.
29 Kant, I Groundwork of the Metaphysics of Morals,p.52 (GM AA 4:446) 
30 Ibid., p. 52 (GM AA 4:447) 
24 Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 13-24, Jan./Jun., 2017
NAHRA, C. 
31 Kant, I Critique of Practical Reason (USA: Hackett Publishing Company, 2002) trad. Werner Pluhar e Stephen Engstron 
(p.168) ( KpV AA 5: 132) 
32 Nahra, Cinara “ On a supposed incoherence between Kant´s view on homosexuality and his view on autonomy” Princípios 
,v.20,n.33, 2013:137-159
33 Guyer, Paul “Ends of Reason and Ends of Nature: The Place of Teleology in Kant’s Ethics” The Journal of Value Inquiry vol.36, 
n.2, 2002:161-186, p.180.
34 Nahra “ On a supposed incoherence between Kant´s view on homosexuality and his view on autonomy” , p. 153 
35 Ribeiro dos Santos, Regresso a Kant p.34
36 Ibid., p.27
37 Ribeiro dos Santos, L. Ideia de uma Heurística Transcendental: Ensaios de Meta-Epistemologia Kantiana (Lisboa: Esfera do Caos 
Editores, 2012) p. 14 
38 Ibid., p. 87 
39 Ibid., p.127 
40 Kant, Immanuel Primera Introducción de la crítica del Juicio (Madrid: Escolar e Mayo Editores,2011) trad. e introdução de 
Núria Sánchez Madrid, p.143 (EEKU, AA 20:214) 
41 Nahra, C. “Sobre o aperfeiçoamento moral como destino da espécie humana ” Con-textos kantianos n.1, 2015:46-56, p.55
Recebido / Received: 05.08.16
Aprovado / Approved: 14.10.16 
La Primera Introducción de la Crítica del Juicio Artigos I / Articles I
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 25-42, Jan./Jun., 2017 25
la Primera introducción de la crítica del Juicio: 
las bases emocionales de la teoría en Kant
Nuria Sánchez Madrid1
Universidad Complutense de Madrid
Para el querido profesor Leonel Ribeiro dos Santos, 
como muestra de reconocimiento y amistad
La Primera Introducción de la Crítica del Juicio posee una accidentada historia. Sin em-
bargo, es preciso sumergirse en la literalidad del texto si se quiere dar con el «único pensamien-
to» que protagoniza la exposición. Varios estudiosos de este escrito de Kant lo han identificado 
con la expresión técnica de la naturaleza. Ese único pensamiento no es un conocimiento común 
que haya podido derivarse de nuestra experiencia acerca de la naturaleza, toda vez que no se 
corresponde con ninguna dimensión objetiva del mundo, sino más bien con el producto de 
una mirada «artificial»2 que garantiza la adecuación o acomodación de las formas múltiples de 
la naturaleza a la clasificación según las instancias lógicas de los géneros, las especies y las sub-e-
species. Cuando en ese texto se afirme que el principio oriundo del Juicio reflexionante es el 
principio de especificación de las leyes de la naturaleza con arreglo a un sistema lógico, tal ase-
veración equivaldrá a considerar a la naturaleza como técnica en virtud de una «proporción que 
las cosas mantienen con nuestro Juicio»3. La «desproporcionada prolijidad» [unproportionirten 
Weitläuftigkeit]4 de esta pieza kantiana, que desaconsejaba convertirla en la presentación oficial 
de la obra, no impide que en 1792 Kant siga considerándola el elemento más adecuado para 
acceder al contexto de descubrimiento de una «presuposición particular y extraña de nuestra 
razón»5, a la que los científicos y naturalistas recurren sin atender a sus últimos fundamentos, 
hacia los que únicamente el filósofo trascendental manifiesta el debido cuidado teórico. El he-
cho de que la Primera Introducción fuera descartada como presentación del contenido y límites 
de la tercera Crítica no niega que esas páginas de una extensión tan descortés hayan contribuido 
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MADRID, N. S. 
a definir, con una exactitud con la que el Apéndice de la Dialéctica trascendental de la primera 
Crítica no podía competir, la existencia de una presuposición necesaria para todos nuestros 
conceptos y juicios, a saber, el principio trascendental de conformidad a fin. Queremos decir 
con ello que la incomodidad que rodea a ese huidizo conocimiento técnico y artificial, que 
amplía nuestra noción sobre la naturaleza, no es incompatible, todo lo contrario, con la persi-
stencia de una lenta investigación sobre las condiciones de posibilidad de la reflexión, es decir, 
sobre la «objetividad presuntiva»6 con que cuenta siempre nuestro pensamiento salvaje. 
1. la infanCia del Pensamiento 
La indagación inacabada contenida en la Primera Introducción parece haber retirado de 
la diosa Isis todos los velos que le daban un aspecto temible, sin llegar al extremo de mostrarla 
en su inasequible desnudez. En efecto, la técnica de la naturaleza es el primer ropaje, con que 
se reviste la diosa, confeccionado con el más humilde y al mismo tiempo el más recio y entra-
mado de los tejidos. Gracias a él no perdimos el lenguaje en el extranjero, por decirlo con la 
tan hermosa como siniestra imagen del Mnemosyne de Hölderlin. Esa capa protectora sitúa al 
científico y el artista en una igualdad de condiciones inesperada con el infante, pues los tres se 
descubren capaces de tener experiencia de la conformidad de la naturaleza a los filtros lógicos 
del ánimo humano. Ciertamente, el científico buscará reencontrarse con el asombro primige-
nio resultante del hecho de advertir que hay un mundo y que ese mundo está poblado de cosas, 
experiencia infantil donde las haya. De esta experiencia nos habla el siguiente pasaje del § VI 
de la Einleitung: 
En realidad, si en la coincidencia de dos percepciones con las leyes, según conceptos generales de 
la naturaleza (las categorías), no encontramos ni podemos encontrar el menor efecto sobre el sen-
timiento de placer en nosotros, porque el entendimiento en esto procede de manera necesaria sin 
intención alguna, con arreglo a su naturaleza, porotra parte, en cambio, descubrir que dos o más 
leyes empíricas y heterogéneas de la naturaleza son unificables bajo un principio que las comprende 
a ambas es el fundamento de un placer muy notable, a menudo hasta de una admiración, incluso 
de una admiración tal que no cesa, por mucho que se esté bastante familiarizado con el objeto de 
la misma. Ciertamente ya no experimentamos placer alguno notable en la comprensibilidad de 
la naturaleza ni en la unidad de su división en especies y géneros, solo por medio de lo cual son 
posibles los conceptos empíricos por los que la conocemos con arreglo a sus leyes particulares. Pero 
este [placer] ha existido con certeza en su tiempo, y solo porque la experiencia más común no sería 
posible sin él, ha ido mezclándose paulatinamente con el mero conocimiento, hasta dejar de ser no-
tado de modo particular. Hay, pues, algo en el enjuiciamiento de la naturaleza que hace atender a la 
conformidad a fin de la misma para nuestro entendimiento: un empeño para conducir en lo posible 
leyes heterogéneas de aquélla bajo otras más elevadas, aunque siempre empíricas, para, cuando esto 
tiene éxito, experimentar placer en esa concordancia con nuestra facultad de conocer, concordancia 
que nosotros consideramos como meramente contingente7.
El extracto distingue entre la impasibilidad anímica en la que las percepciones del sujeto 
conocedor se van integrando en una única experiencia —el negocio del conocimiento tran-
scurre entre el silencio de los órganos— y el «placer muy notable», a menudo lindante con una 
admiración incesante, que despierta el factum de la subsunción de dos leyes empíricas y hete-
rogéneas de la naturaleza bajo un principio común8, de suerte que el sentimiento placentero 
La Primera Introducción de la Crítica del Juicio Artigos I / Articles I
Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 25-42, Jan./Jun., 2017 27
por haber satisfecho un anhelo teórico inconsciente delata el alcance de la operación anímica 
implicada en este último caso. Si esa admiración no se embrida, puede conducir al delirio del 
que dan cumplido ejemplo Platón y Pitágoras9. Sabemos que, a pesar de la dificultad para 
encontrar restos mnémicos de ello, la experiencia más común no habría sido posible en au-
sencia de este sentimiento de placer —que tiene como contrapartida el disgusto generado por 
la efectiva obstaculización de la esperanza de apropiación de la riqueza cualitativa del mundo 
mediante instancias lógicas—, pero ese sentimiento nos queda ya muy lejos, pues se ha ido 
debilitando al mezclarse con las fases más mecánicas de la actividad cognoscitiva. Lo recupe-
raremos por una vía indirecta, a saber, no con ocasión de la configuración del conocimiento 
de la naturaleza con arreglo a leyes trascendentales, sino desde la experiencia de promoción de 
la diversidad empírica a unidad conceptual. Esta promoción de la materia a la forma brinda 
la ocasión para reconocer que la facultad de juzgar posee fuste trascendental, al identificar en 
ella el empeño para volver inteligibles a todas las formas naturales sin excepción. El § IV de la 
Erste Einleitung presenta este mismo studium desde el punto de vista contrario al reflejado en el 
pasaje que venimos de comentar, a saber, desde el temple de la amenaza y el temor a quedarnos 
sin la forma concepto:
[Q]ue aquella preocupante divergencia ilimitada de las leyes empíricas y heterogeneidad de las for-
mas naturales no convenga a la naturaleza, sino que ésta más bien se adecue a una experiencia por 
la afinidad de las leyes particulares bajo las más universales como un sistema empírico, es una presu-
posición trascendental subjetivamente necesaria. Ahora bien, esta presuposición es el principio tra-
scendental del Juicio. […] [E]l Juicio, al que incumbe llevar a las leyes particulares, también según 
lo que tienen de distinto entre las mismas leyes universales de la naturaleza, bajo leyes más elevadas, 
si bien siempre empíricas, tiene que disponer un principio semejante como fundamento de su pro-
ceder. Pues, si caminara a tientas entre formas naturales, cuyo concierto recíproco con vistas a leyes 
comunes empíricas más elevadas el Juicio consideraría, empero, enteramente contingente, resultaría 
aún más contingente que percepciones particulares se adecuaran alguna vez fortuitamente a una ley 
empírica. Pero sería aún mucho más contingente que leyes empíricas múltiples resultaran trabadas 
con arreglo a la unidad sistemática del conocimiento natural de una experiencia posible en su entera 
interconexión, sin presuponer una forma semejante en la naturaleza mediante un principio a priori10.
El texto está atravesado por una inquietud que se agudiza en el § siguiente de la Erste 
Einleitung. Nos referimos a una nota de Kant al margen del § V, en la que se señala que Lin-
neo11 no habría podido edificar su complejo sistema clasificatorio en caso de haber tenido que 
comprobar y confirmar, cada vez que detectara una nueva piedra, por ejemplo, el denominado 
granito, la pertenencia de éste al mismo género supremo que el resto de las analizadas hasta el 
momento. Ambos pasajes hablan del temor, de un siniestro temor ante la figura, crecientemen-
te amenazadora, de la falta del concepto, cuya función mantiene una insospechada cercanía 
con aquella que Freud atribuyera al primitivo sentimiento de culpabilidad12. Si en la evaluación 
freudiana de las operaciones responsables de la salida del hombre de la naturaleza y su consi-
guiente ingreso en la cultura es el deseo mismo el que “comprende”, en beneficio de su propia 
supervivencia, la necesidad de abandonar el desasosegante reino de la ambivalencia, también 
el naturalista, al que Kant toma como ejemplo del alcance que el principio trascendental de 
conformidad a fin ejerce sobre el método científico, sentiría como un infierno que su investiga-
ción se viera constantemente interrumpida por la sospecha de que cada nuevo ente descubierto 
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MADRID, N. S. 
pueda comportar una suerte de reinvención del mundo y sus categorías. Se advierte con ello 
que una combinación de inquietud frente a la esterilidad conceptual y de amor a la materia-
lidad del mundo se encuentran a la base de la genealogía kantiana del pensamiento, de suerte 
que la presuposición subjetivo-trascendental de la conformidad a fin de las formas naturales al 
concepto resultará ser la pieza que proporcione a la Lógica trascendental su imprescindible y 
definitivo subsuelo. La capacidad de pensar encuentra su verdadero comienzo en la reflexión y, 
por así decir, resuelve por sí misma el problema de su institución. Justamente ese retorno ine-
sperado del pensamiento sobre sí mismo, en busca del ritornello13 que le permita salir airoso de 
las peores pesadillas lógicas, explica la impresión de tautología que Kant reconoce al descubrir 
el principio de la reflexión, es decir, el principio de conformidad a fin de la naturaleza:
A primera vista, este principio no tiene el aspecto de una proposición sintética y trascendental, sino 
que parece ser más bien tautológico y formar parte de la mera Lógica. En efecto, la Lógica enseña 
a comparar una representación dada con otras y a hacerse un concepto, mediante la selección de 
aquello que esa representación tiene en común con diversas representaciones como una marca para 
el uso general. Pero no enseña nada acerca de si la naturaleza deba mostrar para cada objeto aún 
muchos otros como objetos de la comparación, que tengan en la forma algo en común con él. 
Más bien, esta condición de la posibilidad de aplicar la Lógica a la naturaleza es un principio de 
la representación de la naturaleza como un sistema para nuestro Juicio, en el que la multiplicidad, 
subdividida en géneros y especies, posibilita por medio de la comparación llevar a conceptos (de 
mayor o menor generalidad) a todas las formas naturales que se encuentren14. 
La sorpresa que el texto expresa no debe interpretarse como resultado deun descuido, 
pues el factum de la clasificación lógica de la naturaleza, hasta en sus capas más empíricas, se 
presenta como una suerte de acquisitio originaria de la filosofía trascendental. Las inquietudes 
que el filósofo trascendental, y solo él —resalta con decisión Kant—empieza a sentir en rela-
ción con la atención que la Lógica trascendental reserva a lo empírico resquebrajan el presunto 
blindaje de los límites de la objetividad fundamentada en la Crítica de la razón pura. Las líneas 
del § V de la Erste Einleitung confirman que era imprescindible añadir a esa fundamentación 
lógico-trascendental un suplemento que tomara en consideración el destino de las formas em-
píricas, abiertas a la heterogeneidad e incluso cargadas de incompatibilidad entre sí, debido a 
su decidida divergencia. El Studium, es decir, el afán o empeño sin el que el Juicio no realizaría 
sus operaciones básicas solo aparece al final de un alambicado camino que devuelve al investi-
gador de vuelta a la posición de origen. Sin lugar a dudas, dificulta este descubrimiento el que 
se considere superfluo, en nombre del cierre de la Lógica trascendental al que nos referíamos 
un poco antes, que el tipo de unidad garantizada por las categorías del entendimiento reciba un 
imprescindible complemento del principio de conformidad a fin:
Lo que la categoría es con respecto a cada experiencia particular, lo es a su vez la conformidad a fin 
o conformidad de la naturaleza (también en consideración de sus leyes particulares) con respecto 
a nuestro Juicio, según el cual la naturaleza no se representa meramente como mecánica, sino 
también como técnica, concepto que, si bien no determina objetivamente la unidad sintética como 
la categoría, proporciona, empero, subjetivamente principios que sirven como hilo conductor a la 
investigación de la naturaleza15.
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Kant ya había señalado en escritos del periodo pre-crítico16 el diferente nivel en que se 
encuentran la pregunta por la posibilidad de una naturaleza en general y la que indaga la capta-
ción conceptual de sus productos más empíricos y concretos, pero el lugar en que se tematiza 
propiamente ese desajuste es la Primera Introducción. En el § V se advierte que, si no hubiera 
esperanza de encontrar conceptos adecuados para las formas naturales múltiples que podamos 
encontrar a nuestro paso, «toda reflexión se acometería de manera meramente azarosa y a cie-
gas»17, lo que es lo mismo que decir que, sin hacer de la técnica de la naturaleza el principio de 
toda reflexión, no podríamos «orientarnos en el laberinto de la multiplicidad de leyes particu-
lares posibles»18. Caminaríamos sin rumbo, los contados conceptos a nuestra disposición serían 
fruto del mero azar y nos moveríamos en un espacio externo a la lógica, que sería un constante 
galimatías para nosotros. Esta restricción radical de las condiciones de captación de las formas 
del mundo sobrepuja con mucho a aquel nervensaftverzehrende Werk que Moses Mendelssohn19 
quiso encontrar en la Crítica de la razón pura. Sin la presuposición subjetiva que mantiene 
viva la investigación científica, en tanto que exploración sin límites de la realidad múltiple del 
mundo, volveríamos a ser como ese joven que olvidó el camino a casa, con el que G. Deleuze 
comenzaba su ensayo sobre la eficacia del ritornello para una satisfactoria implantación mun-
dana de nuestra existencia. En realidad, nos veríamos desprovistos de la música originaria que 
separa a la reflexión humana, laboratorio de toda experiencia empírica, de la reflexión animal, 
mera función del instinto.
Sería posible realizar una lectura musical, casi rítmica, de esta «segunda navegación» 
crítica que supone la Primera Introducción a la Crítica del Juicio20. La radicalidad con que plan-
tea la pregunta por las condiciones de actividad del pensamiento vuelve indispensable que la 
teoría descienda del orden de la gramática21 al de la música. En efecto, la indagación de las ope-
raciones que están a cargo de la reflexión no pretende aportar un registro de la objetividad, sino 
que informa sobre la receptividad del ánimo a las condiciones mínimas de la conceptualidad. El 
lector se ve conducido de la melodía cognoscitiva al juego armónico que subyace a la primera. 
La historia de la filosofía nos ha mostrado que ese descenso puede realizarse en clave ascética, 
en busca de un encuentro tan perecedero como consolador con la voluntad, como fue el caso 
de Schopenhauer. Pero ese encuentro podría producirse también en clave de síntesis activa, de 
suerte que la demora reflexiva cabe la actividad del ánimo que constituye conocimiento abriera 
paso a una insólita felicidad. La operación reflexiva que genera el conocimiento artificial22 de la 
naturaleza, mediante el que nos la representamos como apta para su clasificación lógica, regala 
al adulto la ocasión de volver a ingresar, esta vez de manera consciente, en el espacio medido 
por el lenguaje y la gramática aprendidos durante la infancia. Y ese mismo espectador adulto 
del mundo se convence de que solo el lenguaje le permitirá reconstruir esa fase de las operacio-
nes del ánimo, ya siempre sepultadas por el propósito de objetividad, casi como el psicoanalista 
encuentra en el discurso el único vehículo capaz de traer trabajosamente a la superficie las capas 
más profundas de lo inconsciente. Es bien conocida la incomodidad que la música produce en 
Kant. Ve en él un arte fácilmente invasivo, poco compatible con las exigencias de la cultura y la 
civilización23. Pero no debe obviarse el hecho de que el ánimo [Gemüt] posee los rasgos de un 
instrumento de cuerda, en el que resuenan y se registran las proporciones que mantienen las 
facultades. El § VI de la Einleitung que reproducíamos antes señalaba que imaginación y en-
30 Estudos Kantianos, Marília, v. 5, n. 1, p. 25-42, Jan./Jun., 2017
MADRID, N. S. 
tendimiento en concierto [Übereinstimmung], en el umbral de la verdad trascendental, emiten 
una suerte de música callada, carente de estridencias, como una suerte de bajo continuo de la 
objetividad, casi inaudible para alguien que no disponga del oído receptivo a tales musicalida-
des del filósofo trascendental. Esa música siempre estuvo ahí, aunque el negocio cognoscitivo 
en que se embarcan las facultades impidiera que reparásemos en ella. No debería extrañar la 
necesidad de que la solidez de la sintaxis deba hacerse cargo, siempre en clave trascendental, de 
las vibraciones del ánimo. Kant recurre con frecuencia a la metáfora musical para referirse a las 
funciones más íntimas del ánimo, que acostumbra atribuir a un arte oculta o cuyo mecanismo 
desconocemos. F. Schlegel formuló, a nuestro juicio con perspicacia y maestría, este rasgo de 
estilo del pensamiento de Kant pocos años después de la publicación de la Crítica del Juicio:
[L]a repetición constante del tema tiene dos causas distintas en filosofía. O bien el autor ha de-
scubierto alguna cosa, sin saber todavía con exactitud de qué se trata, y en este sentido los escritos 
de Kant son bastante musicales; o bien ha entendido alguna cosa nueva, sin haberla percibido por 
exactitud, y en este sentido los kantianos son los mayores músicos de la literatura (Fragmento do 
Athenäum (1798), frag. 322).
 
Quizá no esté desencaminada la propuesta de Schlegel y la música permita orientarse 
más de lo que podría pensarse en el pensamiento kantiano: la abundante terminología mu-
sical que atraviesa la entera Crítica del Juicio hace referencia a operaciones más artísticas que 
mecánicas, mediante las que producimos conceptos, a veces cargados de un considerable con-
tenido empírico, subordinamos leyes específicas bajo otras más generales y nos servimos de la 
reflexión como un supuesto, sin saber de antemano a qué escenarios insospechados tendremos 
que aplicarla. No es casual que el campo semántico más recurrente en la Primera

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