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WBA0284_v1.0 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR APRENDIZAGEM EM FOCO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira Olá, aluno! Seja bem-vindo à disciplina de Assistência de enfermagem no atendimento pré-hospitalar! A modificação do perfil de morbimortalidade da população, com aumento dos casos de violência e dos acidentes de trânsito, fez com que o atendimento às urgências no Brasil se tornasse uma prioridade nos sistemas de saúde. Dessa forma, a partir de 2003, foi implementada a Política Nacional de Atenção às Urgências (Pnau) (O’DWYER et al., 2016). A atenção às urgências possui papel fundamental quando se trata da ampliação e qualificação do acesso aos serviços de saúde pelos usuários que se encontram em situação de urgência/emergência. Além disso, é imprescindível que o atendimento seja prestado de modo integral, humanizado, ágil e dentro do tempo adequado (BRASIL, 2006). As situações de urgência e emergência clínicas e traumáticas exigem rápida tomada de decisão de toda a equipe de saúde. Dessa forma, os objetivos gerais desta disciplina incluem: • Apresentar as características e os componentes da Rede de Atenção às Urgências. • Apresentar as etapas de atendimento às urgências e emergências clínicas e não traumáticas com base no algoritmo do AMLS (advanced medical life support). • Apresentar o atendimento às urgências e emergências traumáticas com base no algoritmo do PHTLS (prehospital trauma life support). 3 • Apresentar as características do atendimento aos incidentes com múltiplas vítimas e a triagem pelo método Start (simple triage and rapid treatment). Portanto, o atendimento sistematizado, realizado com base em algoritmos mundialmente difundidos, permite a identificação e o tratamento precoces de lesões que podem conduzir a uma rápida deterioração clínica. Seja bem-vindo! Bons estudos! INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! TEMA 1 Particularidades do atendimento pré-hospitalar ______________________________________________________________ Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira 5 DIRETO AO PONTO A modificação do perfil de morbimortalidade da população, com aumento dos casos de violência e dos acidentes de trânsito, fez com que o atendimento às urgências no Brasil se tornasse uma prioridade nos sistemas de saúde. Dessa forma, a partir de 2003, foi implementada a Política Nacional de Atenção às Urgências (Pnau), que conta com quatro componentes principais: o pré-hospitalar fixo, o pré-hospitalar móvel, os hospitais e o pós-hospitalar (BRASIL, 2003; BRASIL, 2006). Esse formato de atenção na rede de atenção às urgências foi desenhado com o objetivo de superar a fragmentação do cuidado. Por isso, reforça a importância de uma assistência à saúde integral, resolutiva e contínua, aliados ao funcionamento efetivo do sistema de referência e contrarreferência (BRASIL, 2006). O pré-hospitalar fixo consiste na assistência prestada no primeiro nível de atenção à saúde. Dentre seus componentes, podemos destacar: as unidades básicas de saúde e as unidades de saúde da família; as unidades não hospitalares 24 horas e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) (BRASIL, 2006). Já o pré-hospitalar móvel é composto pelos serviços de salvamento e resgate do corpo de bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Estes serviços são organizados e direcionados pelo sistema de regulação médica, com objetivo principal de realizar transporte qualificado e em tempo hábil nas situações de urgência e emergência (BRASIL, 2003; BRASIL, 2006). A discussão sobre o atendimento pré-hospitalar (APH) móvel brasileiro passou a ganhar maior relevância na década de 1990, diante do crescimento do número de casos que demandavam este tipo de atendimento. O Samu foi instituído oficialmente a partir 6 do ano de 2003 como serviço pré-hospitalar móvel no Brasil, por meio da Portaria GM/MS nº 1.864 de 29 de setembro, com base nos modelos americano e o francês de APH (BRASIL, 2003; BRASIL, 2006). Além disso, o Samu e o Corpo de Bombeiros atuam de forma conjunta nos atendimentos pré-hospitalares. De uma forma geral, os bombeiros são responsáveis por realizar atendimentos que envolvem situações de resgate, enquanto o Samu presta atendimento a todos os casos de urgência e emergência, de natureza clínica, psiquiátrica, cirúrgica, traumática, obstétrica e ginecológica (BRASIL, 2006). O Samu é organizado de forma regionalizada e é composto pelas Centrais de Regulação Médica e pelas bases descentralizadas, sendo caracterizado como uma das portas de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, suas atribuições incluem: prestar atendimento com ambulância no local do agravo; realizar a regulação dos atendimentos; gerenciar recursos disponíveis; e capacitar os profissionais da saúde da rede de atenção às urgências (BRASIL, 2003; BRASIL, 2006). Figura 1 – Fluxograma de atendimento do Samu Fonte: elaborada pela autora. 7 Ainda de acordo com a Portaria GM/MS nº 1.864, de 29 de setembro de 2003, o Samu deve disponibilizar os seguintes recursos, conforme a quantidade de habitantes: um veículo de SBV para cada 100.000 a 150.000 habitantes; um veículo de SAV para cada 400.000 a 450.000 habitantes (BRASIL, 2003). Ainda, as Unidades Móveis para atendimento de urgência são classificadas conforme a Portaria GM/MS nº 2.048, de 5 de novembro de 2002: Tipo A – Ambulância de Transporte; Tipo B – Ambulância de Suporte Básico; Tipo C – Ambulância de Resgate; Tipo D – Ambulância de Suporte Avançado; Tipo E – Aeronave de Transporte Médico; Tipo F – Embarcação de Transporte Médico; Veículos de Intervenção Rápida (VR); Motolância (BRASIL, 2003). Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Regulação médica das urgências. Série A: Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: https://bit.ly/2RUd0Jh. Acesso em: 17 abr. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção às Urgências. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. Disponível em: https://bit.ly/2wRWO3V. Acesso em: 17 abr. 2020. PARA SABER MAIS Outro aspecto importante do Samu é a capacitação contínua dos profissionais vinculados ao Sistema de Atenção às Urgências e dos profissionais que integram a equipe do Samu, por meio dos Núcleos de Educação em Urgências (NEU). O NEU possui grande relevância no APH, pois, além dos recursos materiais e financeiros geridos, este serviço também apoia a qualificação de todos os profissionais envolvidos, tanto da área da saúde quanto de outras https://bit.ly/2RUd0Jh https://bit.ly/2wRWO3V 8 áreas, como os telefonistas, os condutores, os bombeiros, entre outros (BRASIL, 2003). Esses núcleos foram estabelecidos pelas portarias nº 2.048/2002 e 1.864/2003 do Ministério da Saúde, com o objetivo de sanar as fragilidades dos temas voltados às urgências e emergências na educação formal, pois considera que os cursos de graduação na área da saúde não conseguem abordar estes temas de forma complexa e aprofundada (BRASIL, 2006). As formações ocorrem no formato de educação permanente e com abordagem teórica-prática para capacitação e habilitação dos profissionais para o atendimento às urgências. Além disso, os temas dos encontros são preestabelecidos de forma a garantir um projeto didático-pedagógico com um currículo mínimo, contemplando todos os temas considerados essenciais (BRASIL, 2002). Figura 2 – Educação permanente no Samu Fonte: https://bit.ly/3euHQSp. Acesso em: 18 abr. 2020. 9 Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde.Secretaria de Atenção à Saúde. Regulação médica das urgências. Série A: Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: https://bit.ly/2RUd0Jh. Acesso em: 17 abr. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção às Urgências. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. Disponível em: https://bit.ly/2wRWO3V. Acesso em: 17 abr. 2020. TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: a central de regulação de um município de grande porte, e que possui três bases descentralizadas, recebeu uma ligação para prestar atendimento a um acidente de trânsito. A vítima se envolveu em um acidente de alta velocidade em via pública com capotamento do veículo e foi encontrada presa entre as ferragens. Uma das pessoas que presenciou o ocorrido entrou em contato com o Samu informando os dados da vítima e do acidente. Diante disso, para um rápido deslocamento ao local, como avaliar qual base descentralizada deve ser acionada? Quais serviços do pré-hospitalar devem ser acionados? Quais os tipos de ambulância e os profissionais que podem ser encaminhados até o local, considerando a otimização dos recursos? Qual a importância do rádio-operador neste tipo de atendimento? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. https://bit.ly/2RUd0Jh https://bit.ly/2wRWO3V 10 Lorem ipsum dolor sit amet Autoria: Nome do autor da disciplina Leitura crítica: Nome do autor da disciplina LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este capítulo tem como objetivo apresentar as considerações gerais no atendimento em urgência e emergência, trazendo aspectos relacionados à rede de atenção às urgências. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, da Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. TOBASE, L.; TOMAZINI, E. A. S. Urgências e emergências em enfermagem. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Cap. 1, p. 2-11. Indicação 2 Esta pesquisa teve como objetivo identificar, por meio da literatura, as atividades relacionadas à educação permanente em saúde que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência desenvolve no âmbito da prática assistencial. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost da Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. BARROS SILVA, A. et al. A educação permanente em saúde no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Revista Sustinere, v. 6, n. 1, p. 63-83, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3eWxOKc. Acesso em: 20 abr. 2020. Indicações de leitura https://bit.ly/3eWxOKc 11 QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Leia o trecho abaixo sobre os serviços pré-hospitalares: Um dos serviços é responsável por realizar atendimentos que envolvem situações de resgate, enquanto o outro presta atendimento a todos os casos de urgência e emergência, de natureza clínica, psiquiátrica, cirúrgica, traumática, obstétrica e ginecológica. Assinale a alternativa que corresponde a esses serviços de forma correta. a. UPA e bombeiros, respectivamente. b. Samu e UPA, respectivamente c. Bombeiros e Samu, respectivamente. d. Bombeiros e UPA, respectivamente. e. UPA e Samu, respectivamente. 12 2. A rede de atendimento às urgências conta com quatro componentes principais, os quais foram estabelecidos pela Portaria GM/MS nº 1.863 de 2003: o pré-hospitalar fixo, o pré- hospitalar móvel, o hospitalar e o pós-hospitalar. Diante das características de atendimento de cada um desses componentes, assinale a alternativa que apresenta corretamente os aspectos relacionados ao atendimento pré- hospitalar fixo. a. Busca realizar o transporte qualificado e em tempo hábil. b. É responsável pela regulação dos atendimentos. c. Realiza exclusivamente procedimentos de suporte básico de vida. d. Permite observação da evolução clínica do paciente por até 24 horas. e. Seu diferencial é o deslocamento até o local do agravo. GABARITO Questão 1–Resposta C Resolução: De uma forma geral, os bombeiros são responsáveis por realizar atendimentos que envolvem situações de resgate, enquanto o Samu presta atendimento a todos os casos de urgência e emergência, de natureza clínica, psiquiátrica, cirúrgica, traumática, obstétrica e ginecológica. Questão 2–Resposta D Resolução: As alternativas A, B e E são incorretas, pois estão relacionadas ao atendimento pré-hospitalar móvel. A alternativa C é incorreta, pois é possível que medidas do suporte avançado de vida sejam realizadas no pré-hospitalar fixo. TEMA 2 Atendimento pré-hospitalar nas emergências clínicas ______________________________________________________________ Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira 14 DIRETO AO PONTO As situações de urgência e emergência clínicas e não traumáticas exigem rápida tomada de decisão de toda a equipe de saúde. Para isso, o atendimento deve ser realizado de forma sistematizada, priorizando o tratamento das condições que podem levar à morte, conforme o algoritmo do Atendimento Pré-Hospitalar às Emergências Clínicas (advanced medical life support – AMLS). Dessa forma, as etapas podem ser divididas em: procedimentos iniciais, exame primário, exame secundário, exames complementares e exame físico completo e encaminhamento ou transferência (NAEMT, 2018). Procedimentos iniciais: ao iniciar o atendimento à vítima, é imprescindível que a equipe esteja atenta quanto à segurança do local e quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) por parte de todos os profissionais. Também acontece nessa etapa a identificação da vítima, a queixa e o motivo de atendimento (NAEMT, 2018). Exame primário: a avaliação do paciente é realizada a partir da sequência: nível de consciência, vias aéreas (A), respiração (B) e circulação (C) (NAEMT, 2018). O nível de consciência pode ser avaliado por meio do mnemônico AVDI (A: acordado; V: resposta verbal; D: resposta ao toque ou estímulo doloroso; I: inconsciente, sem resposta), no qual “acordado” corresponde à melhor resposta apresentada pelo paciente e “inconsciente ou sem resposta”, a pior resposta, estando mais relacionada a um estado crítico de saúde. Além disso, a avaliação quanto a orientação em tempo e espaço também são importantes, assim como o exame pupilar para verificação do tamanho, simetria e reatividade (MARTINS; NETO; VELASCO, 2017; NAEMT, 2018). 15 A avaliação das vias aéreas consiste em verificar se a via aérea está pérvia, além da presença ou não de obstrução. No adulto, a causa mais importante de obstrução de vias aéreas superiores é a queda da musculatura da língua sobre a faringe, decorrente do rebaixamento do nível de consciência. Portanto, para a manutenção de sua perviedade, as manobras de hiperextensão da cabeça (Chin- Lift) e elevação do queixo (Jaw Thrust) podem ser utilizadas. Além disso, o uso da cânula orofaríngea e do tubo endotraqueal pode ser implementado para manutenção da abertura de vias aéreas e obtenção de uma via aérea avançada, respectivamente (MARTINS; NETO; VELASCO, 2017). Já na avaliação da respiração, os profissionais devem realizar um breve exame do tórax, buscando identificar as possíveis alterações. Na inspeção, a simetria da caixa torácica deve ser avaliada, assim como o padrão respiratório (taquipneia, bradipneia, dispneia) e o uso de musculatura acessória. Na palpação, observar a presença de crepitações e enfisema subcutâneo. Na percussão, verificar a presença de hipersonoridade ou macicez, e na ausculta, avaliar se osmurmúrios vesiculares estão diminuídos ou ausentes, ou, ainda, se há presença de ruídos adventícios como sibilos, estertores e roncos (MARTINS; NETO; VELASCO, 2017; NAEMT, 2018). Por fim, na avaliação da circulação, a equipe deve realizar um exame cardiovascular mínimo, buscando identificar: frequência cardíaca e pressão arterial; presença de estase jugular; características dos pulsos periféricos (simetria, amplitude e frequência); tempo de enchimento capilar (TEC); temperatura de extremidades; e ausculta cardíaca (MARTINS; NETO; VELASCO, 2017). 16 Quadro 1 – Apresentação das condutas a serem realizadas em cada etapa do AMLS Fonte: elaborado pela autora. Imagens: Pornpak Khunatorn/iStock.com; Egor Kulinich/iStock.com; Halfpoint/iStock.com; Flubydust/iStock.com. Exame secundário: no exame secundário, os profissionais devem investigar as informações de forma mais detalhada, a fim de esclarecer a queixa e a duração dos sintomas. Além disso, os fatores envolvidos também devem ser investigados por meio do Sampla: sinais vitais; história de alergias; medicamentos em uso e/ou tratamentos em curso; problemas de saúde ou gravidez; horário da última ingestão de líquidos ou alimentos; ambiente do evento. Ao mesmo tempo, a equipe de enfermagem deve providenciar monitorização, oxigênio e veia (MOV). Cabe ainda destacar que o MOV pode ser realizado desde o início do atendimento, pois essas ações não prejudicam a realização das demais (MARTINS; NETO; VELASCO, 2017; NAEMT, 2018). Exames complementares e exame físico completo: nesta etapa, os profissionais devem realizar um exame físico abrangente, dentro de poucos minutos, que possa oferecer dados suficientes para uma hipótese diagnóstica. Ainda nesta etapa, os exames complementares podem ser realizados com a finalidade 17 de auxiliar a equipe a conhecer o estado real do paciente e estabelecer as condutas específicas (NAEMT, 2018). Transferência ou encaminhamento: tanto no APH fixo quanto no móvel, a vítima poderá ser transportada somente quando apresentar estabilidade hemodinâmica para tal e após contato com a central de regulação (NAEMT, 2018). Referências bibliográficas MARTINS, H. S.; NETO, R. A. B.; VALESCO, I. T. Medicina de emergências: abordagem prática. 12. ed. Barueri, SP: Manole, 2017. NAEMT. Atendimento pré-hospitalar às emergências clínicas: AMLS. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. PARA SABER MAIS O choque é definido como a incapacidade do sistema circulatório em manter seu funcionamento adequado. Dessa forma, as células recebem uma quantidade insuficiente de oxigênio e nutrientes para a manutenção do seu metabolismo e passam a acumular produtos metabólicos, como o gás carbônico, por exemplo (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Além disso, diante de um estado de hipoxemia, as células passam a obter energia a partir da respiração anaeróbica, que resulta em liberação e acúmulo do lactato. Caso esse quadro não seja revertido, a hipóxia, associada ao acúmulo de metabólitos, é capaz de promover lesão celular nos órgãos-alvo e consequente deterioração clínica do paciente (TOBASE; TOMAZINI, 2017). 18 Para um tratamento adequado, é necessário que a equipe de saúde investigue os tipos de choque apresentados pelo paciente, os quais serão descritos a seguir de acordo com Tobase e Tomazini (2017): Hipovolêmico: desencadeado pelo volume circulante insuficiente decorrente de hemorragias, queimaduras extensas e desidratação. Cardiogênico: ocorre diante de uma função cardíaca ineficaz e falha do coração como bomba. Os fatores associados mais comuns são: infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e tamponamento cardíaco. Obstrutivo: neste tipo de choque, os fatores mecânicos impedem o fluxo sanguíneo em múltiplos órgãos. Pode ser decorrente de trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar, por exemplo. Distributivo: ocorre diante da distribuição inadequada do volume sanguíneo devido à alteração do tônus vascular. Pode ser subdividido em anafilático, séptico e neurogênico. O choque anafilático é decorrente de uma reação imunológica exacerbada diante de um antígeno (medicamentos, alimentos, picadas de inseto, entre outros). Já o choque séptico se desenvolve a partir de um quadro infeccioso que apresenta repercussões sistêmicas. Por fim, o choque neurogênico ocorre principalmente no trauma raquimedular alto, devido à perda do tônus vascular abaixo do nível da lesão. O tratamento do choque será elencado a partir da sua etiologia. De modo geral, são utilizadas drogas vasoativas, sedação, suporte ventilatório, oxigenoterapia e medicamentos para correção do desequilíbrio acidobásico, como o bicarbonato de sódio. Para o choque hipovolêmico, a reposição volêmica é indicada e pode ser 19 realizada com uso de cristaloides, como o soro fisiológico 0,9% e o ringer lactato; coloides, como a albumina; e hemocomponentes, como o concentrado de hemácias, o plasma fresco, entre outros (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Referências bibliográficas TOBASE, L.; TOMAZINI, E. A. S. Urgências e emergências em enfermagem. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: você é enfermeiro de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e está admitindo um paciente de 54 anos, do sexo masculino. Ele procurou por atendimento médico pois refere dor torácica há dois dias, porém, hoje evoluiu com piora do estado geral. Ao acomodá- lo em um leito de urgência, você observa que ele se encontra dispneico, com pele fria e palidez. Dessa forma, você optou por já implementar o MOV (monitorização, oxigênio e veia) para que ele continuasse a ser avaliado. Diante dessa situação, como você continuaria esse atendimento? Quais etapas deveriam ter sido contempladas anteriormente a essas ações? Qual o momento correto para realizar o MOV? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 20 LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 O capítulo deste livro descreve as medidas que devem ser realizadas no atendimento às urgências e emergências clínicas e não traumáticas. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton. MARTINS, H. S.; NETO, R. A. B.; VALESCO, I. T. Medicina de emergências: abordagem prática. 12. ed. Barueri, SP: Manole, 2017. Capítulo 1, p. 127-141. Indicação 2 O capítulo deste livro apresenta as principais emergências cardiológicas, incluindo o choque circulatório. Descreve a fisiopatologia do choque de uma forma geral, além da sua classificação e etiologia. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton. TOBASE, L.; TOMAZINI, E. A. S. Urgências e emergências em enfermagem. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Capítulo 15, p. 128-131. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Indicações de leitura 21 Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. O atendimento às urgências e emergências clínicas é realizado com base em algumas etapas estabelecidas, a fim de otimizar a avaliação e o tratamento da vítima, buscando melhorar suas chances de sobrevida (NAEMT, 2018). Sobre este atendimento, assinale a alternativa correta. a. O exame primário é responsável por fornecer dados para um diagnóstico definitivo do paciente. b. O uso de equipamentos de proteção individual não precisa ser observado no atendimento clínico, já que não envolve a presença de sangue decorrente de lesões traumáticas. c. No exame secundário, alguns exames complementarespodem ser solicitados, como a gasometria arterial e o eletrocardiograma, por exemplo. d. O atendimento deve ser realizado de forma sistematizada, priorizando o tratamento das condições que possuam maiores chances de conduzir o paciente a um prognóstico ruim. e. A transferência do paciente para o hospital ocorre somente após a equipe de enfermagem realizar o contato 22 direto com este local, com o objetivo de fornecer as informações sobre o quadro clínico. 2. O choque é definido como a incapacidade do sistema circulatório em manter seu funcionamento adequado. Com o fluxo sanguíneo prejudicado, as células recebem uma quantidade insuficiente de ________________ para a manutenção do ________________, e passam a ________________. Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas acima: a. Oxigênio; metabolismo; apresentar edema. b. Oxigênio e nutrientes; metabolismo; acumular produtos metabólicos. c. Oxigênio; núcleo celular; desenvolver apoptose. d. Nutrientes; metabolismo; apresentar edema. e. Oxigênio e nutrientes; retículo endoplasmático; acumular produtos metabólicos. GABARITO Questão 1–Resposta D Resolução: A alternativa A é incorreta, pois o exame primário possui a função de evidenciar as informações gerais do quadro clínico do paciente para tratamento adequado. A alternativa B é incorreta, pois os EPIs também devem ser utilizados nos atendimentos clínicos. 23 A alternativa C é incorreta, pois o exame secundário compreende maior investigação sobre a história do paciente e os fatores associados. A alternativa E é incorreta, pois a transferência é realizada por meio da regulação médica. Questão 2–Resposta B Resolução: O choque é definido como a incapacidade do sistema circulatório em manter seu funcionamento adequado. Com o fluxo sanguíneo prejudicado, as células recebem uma quantidade insuficiente de oxigênio e nutrientes para a manutenção do seu metabolismo, e passam a acumular produtos metabólicos, como o gás carbônico, por exemplo (TOBASE; TOMAZINI, 2017). TEMA 3 Atendimento pré-hospitalar nas emergências traumáticas ______________________________________________________________ Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira 25 DIRETO AO PONTO O trauma é definido como qualquer lesão originada a partir de forças externas, de natureza intencional ou não intencional, na qual o indivíduo fica exposto à ação de diferentes tipos de energia: mecânica, química, térmica, elétrica ou irradiação. Além disso, estudos epidemiológicos indicam que as mortes no trauma ocorrem em três picos diferentes. O primeiro pico está relacionado ao momento do acidente, no qual os óbitos ocorrem devido a lesões fatais em órgãos vitais. O segundo pico se desenvolve na Hora de Ouro, ou seja, no intervalo entre o resgate e o atendimento inicial em ambiente hospitalar, e a mortalidade neste intervalo frequentemente ocorre devido à presença de hemorragias. Já o terceiro pico ocorre tardiamente, e geralmente ocorre devido a complicações do trauma, como infecções e disfunção de órgãos (NAEMT, 2018; RASSLAN; WAKSMAN; FARAH, 2016). A vítima de trauma deve receber um suporte avançado de vida, realizado por médicos e enfermeiros capacitados, com base nas etapas do protocolo do Suporte Pré-Hospitalar de Vida no Trauma (prehospital trauma life support – PHTLS): controle da cena; avaliação primária; avaliação secundária; imobilização e transporte (RASSLAN; WAKSMAN; FARAH, 2016). O controle da cena serve como base para direcionamento do atendimento como um todo. Nesta etapa, a equipe deve observar os aspectos relacionados à segurança e sinalização do local do atendimento para garantir sua própria segurança, além de implementar o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) por parte de todos os profissionais da equipe. Também deve acionar os serviços de apoio, conforme necessidade, assim como analisar a cinemática do trauma. A avaliação da cinemática do trauma, por sua vez, será determinante para a antecipação das 26 possíveis lesões apresentadas pela vítima, ao relacioná-las com os variados mecanismos de trauma (TOBASE; TOMAZINI, 2017; RASSLAN; WAKSMAN; FARAH, 2016). A avaliação primária da vítima tem o objetivo de identificar as lesões que podem ameaçar a vida, possibilitando uma intervenção precoce sobre elas. Portanto, o atendimento inicial deve ser realizado de forma sistematizada, de acordo com o protocolo PHTLS. Os conceitos fundamentais trazidos pelo PHTLS envolvem: tratar primeiramente as lesões que mais ameaçam a vida, e realizar a avaliação e a intervenção de modo ordenado, conforme a sequência XABCDE em todos os pacientes vítimas de trauma (NAEMT, 2018): Figura 1 – Etapas de atendimento à vítima de trauma conforme o protocolo do PHTLS Fonte: elaborada pela autora. Imagem: simonkr/istock.com. Na avaliação secundária, o socorrista deve reavaliar o XABCDE quantas vezes forem necessárias, principalmente em vítimas 27 inconscientes. Além de investigar nome, idade e queixa principal e outros dados da vítima, por meio da entrevista Sample (NAEMT, 2018): S: identificação de queixas e sintomas, como dor, dificuldade respiratória, formigamentos, dormências, entre outros. A: história de alergias. M: medicamentos em uso e/ou tratamentos em curso. P: passado médico – problemas de saúde, doença prévia ou gravidez. L: última refeição e último período menstrual. E: eventos que antecederam o trauma. Por fim, deve proceder à imobilização, que é considerada uma conduta universal no atendimento pré-hospitalar ao trauma, e visa preservar a coluna vertebral e transportar a vítima de maneira segura até o hospital. Os equipamentos mais utilizados para a imobilização da vítima são o colar cervical rígido, que deve ser implementado desde a avaliação inicial da vítima, os imobilizadores laterais de cabeça e a prancha rígida longa (RASSLAN; WAKSMAN; FARAH, 2016). Para o transporte, a equipe deve assegurar a estabilidade da vítima, além de realizar contato com a central de regulação. Durante a transferência, a vítima deve ser reavaliada quantas vezes forem necessárias, buscando manter a monitorização da frequência cardíaca e respiratória, da pressão arterial e da saturação de oxigênio (TOBASE; TOMAZINI, 2017). 28 Referências bibliográficas NAEMT. Soporte vital de trauma prehospital: PHTLS. Tradução Víctor Campos e Félix García Roig. 9. ed. Lomas de Chapultepec: Intersistemas, S.A., 2018. RASSLAN, Z.; WAKSMAN, R. D.; FARAH, O. G. D. Medicina de urgência. Série Manuais de Especialização Einstein. Barueri, SP: Manole, 2016. PARA SABER MAIS Os equipamentos mais utilizados para a imobilização da vítima são o colar cervical, que deve ser implementado desde a avaliação inicial da vítima, os imobilizadores laterais de cabeça e a prancha rígida (BRASIL, 2016). • Colar cervical: utilizado com o objetivo de impedir o movimento anteroposterior da cabeça. A escolha do tamanho deve se basear no tamanho da vítima ao fornecer uma boa adaptação na porção entre a cabeça e o ombro. Cabe ressaltar que os colares pequenos permitem a movimentação da vítima, enquanto os colares grandes promovem a extensão da região cervical, não sendo efetivos (BRASIL, 2016). • Imobilizadores laterais de cabeça (head block): são responsáveis por impedir os movimentos laterais da cabeça, os quais não são imobilizados com o colar cervical (BRASIL, 2016). • Pranchas rígidas longas: medem aproximadamente 45 centímetros de largura e 180 centímetros de comprimento, e apresentam acabamento nas laterais para permitir sua 29 suspensão pelos socorristas. Ainda, apresenta tirantes próprios para amarrar e imobilizar a vítima (BRASIL, 2016). Além disso, qualquer movimentação da vítima deve ser realizada de acordo com a técnica de rolamento em bloco com o colar cervical. Para esta técnica, são realizados movimento em etapas por dois ou três socorristas, sendo comandadospelo socorrista responsável pela estabilização da cabeça (BRASIL, 2016). • Três socorristas: um realiza a estabilização manual da cabeça, enquanto os outros se posicionam à altura do tórax e joelhos, respectivamente (BRASIL, 2016). • Dois socorristas: um realiza a estabilização manual da cabeça, enquanto o outro se posiciona à altura do quadril, ficando responsável pela movimentação do tronco e das pernas da vítima (BRASIL, 2016). A retirada do capacete é outro procedimento que deve ser realizado pela equipe de atendimento pré-hospitalar. Tem como objetivo facilitar o acesso à via aérea, além de assegurar a estabilização da coluna cervical, devendo ser realizada sempre com dois socorristas. Um dos socorristas deve realizar a estabilização da coluna cervical da vítima com as mãos sobre a mandíbula e a região occipital, enquanto o segundo realiza abertura lateral do capacete, com movimentos suaves para cima e para baixo, de forma lenta e controlada (BRASIL, 2016). Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de intervenção para o Samu 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: Ministério da Saúde, 30 2016. Disponível em: https://bit.ly/31BM3h5. Acesso em: 21 mar. 2020. p. 173-210. TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: você é enfermeiro do Serviço Móvel de Atenção às Urgências (Samu) e está se deslocando para prestar atendimento a uma vítima de acidente automobilístico, em uma Unidade Móvel de Suporte Avançado de Vida. O acidente ocorreu a partir de uma colisão frontal contra um poste e com a vítima sem cinto de segurança. O Corpo de Bombeiros também foi acionado e iniciou o procedimento de resgate com sinalização do local. Ao chegarem ao destino, você e sua equipe observam a vítima a certa distância e já percebem que ela se encontra desacordada, com respiração ruidosa e taquipneia. Ao se aproximar, você identifica a presença de escoriações em região frontal e percebe que a vítima não apresenta nenhum tipo de resposta ao ser chamada e tocada. Além disso, percebe que ela apresenta pele fria e pálida. Diante dessa situação, como você daria continuidade ao atendimento com base no protocolo do PHTLS? Quais procedimentos podem ser realizados com base nas informações apresentadas e em qual ordem? Quais lesões podem estar presentes de acordo com a cinemática do trauma? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. https://bit.ly/31BM3h5 31 LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 O capítulo deste livro apresenta as técnicas de imobilização e retirada da vítima, assim como os equipamentos e materiais que podem ser utilizados para estes procedimentos. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. MORAES, M. V. G. Atendimento pré-hospitalar: treinamento da Brigada de Emergência do Suporte Básico ao Avançado. 1. ed. São Paulo: Érica, 2010. Cap. 4, p. 96-105. Indicação 2 O capítulo deste livro apresenta os conceitos relacionados à cinemática do trauma. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. ABIB, S. C. V.; PERFEITO, J. A. J. Trauma. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar da UNIFESP-EPM. Barueri, SP: Manole, 2012. Cap. 5, p. 69-80. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Indicações de leitura 32 Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Leia o texto apresentado abaixo: Nesta avaliação, o socorrista deve reavaliar o XABCDE quantas vezes forem necessárias, principalmente em vítimas inconscientes, além de investigar nome, idade e queixa principal e outros dados da vítima, por meio da entrevista Sample. Essa definição é referente a qual etapa do atendimento pré- hospitalar à vítima de trauma? a. Imobilização e transporte. b. Controle da cena. c. Avaliação primária. d. Avaliação secundária. e. XABCDE do trauma. 2. A avaliação da cinemática do trauma será determinante para a antecipação das possíveis lesões apresentadas pela vítima, relacionando-as com os variados mecanismos de trauma (ABIB; PERFEITO, 2012). Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta. 33 a. A colisão frontal apresenta risco de lesão de clavícula, de arcos costais, de rins, fígado e baço. b. A colisão posterior apresenta risco de trauma torácico, cranioencefálico, vertebro-medular, além de fraturas ósseas e lesões em ligamentos e articulações de membros inferiores. c. A colisão lateral promove hiperextensão cervical, com movimento de chicote, com risco de lesão vértebro-medular e contusão cerebral. d. A colisão com motocicleta apresenta risco de lesão quando a vítima é ejetada e colide contra o guidão e o tanque de combustível, e ao sofrer impacto contra o chão ou anteparos. e. No capotamento, é muito provável que todo acidente seja fatal. GABARITO Questão 1–Resposta D Resolução: Na avaliação secundária, o socorrista deve reavaliar o XABCDE quantas vezes forem necessárias, principalmente em vítimas inconscientes. Além de investigar nome, idade e queixa principal e outros dados da vítima, por meio da entrevista Sample (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Questão 2–Resposta D Resolução: A alternativa A é incorreta, pois apresenta informações referentes a colisão lateral. A alternativa B é incorreta, pois apresenta informações referentes a colisão frontal. 34 A alternativa C é incorreta, pois apresenta informações referentes a colisão posterior. A alternativa E é incorreta, pois dispositivos como cinto de segurança e airbags realizam a proteção da vítima e minimizam a ocorrência de lesões fatais, dessa forma, nem todos os acidentes apresentarão essa característica. TEMA 4 Atendimento pré-hospitalar a múltiplas vítimas ______________________________________________________________ Autoria: Danieli Juliani Garbuio Tomedi Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira 36 DIRETO AO PONTO O atendimento pré-hospitalar aos incidentes com múltiplas vítimas (IMV) faz parte das atribuições do Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (Samu). Os IMV são caracterizados como eventos repentinos, associados a uma quantidade superior a cinco vítimas, e que geram um desequilíbrio entre os recursos médicos disponíveis e a demanda no atendimento (NAEMT, 2018). Ao contrário da medicina de emergência, que tem como prioridade salvar a vítima mais grave, o atendimento no IMV possui como meta principal o salvamento do maior número de vítimas possível. Nesse sentido, o atendimento às vítimas irrecuperáveis ou com poucas chances de sobrevida não deve ser prioridade da equipe de atendimento nessas situações (BRASIL, 2006). No IMV, o atendimento pré-hospitalar móvel é responsável por coordenar as ações juntamente com os bombeiros militares, bem como prestar um atendimento qualificado às vítimas. Para tanto, outros profissionais e serviços podem ser acionados, como médicos e enfermeiros do atendimento pré-hospitalar móvel de serviços públicos e privados, da rede hospitalar, além de policiais militares e rodoviários. Frente ao envolvimento de tantos atores, também se torna necessário implementar um plano de ação para que o atendimento ocorra de forma organizada e coordenada. Para isso, são utilizados os princípios de: triagem; transporte e tratamento (NAEMT, 2018; BRASIL, 2006). A triagem é uma etapa imprescindível, pois propicia a racionalização e organização das equipes de socorristas,ao estabelecer as prioridades de atendimento e transporte a uma unidade hospitalar para tratamento definitivo. Um método bastante difundido e utilizado pelos serviços de atendimento pré-hospitalar (APH) móvel 37 é o Simples Triagem e Rápido Atendimento (simple triage and rapid treatment – Start). Esse método consiste em avaliar os parâmetros fisiológicos de respiração, circulação e nível de consciência, e possui o objetivo de separar as vítimas em quatro categorias, conforme a ordem de prioridade de atendimento (NAEMT, 2018; BRASIL, 2006): • Imediata (vermelho): vítimas que apresentam respiração somente após manobras de abertura da via aérea, ou com frequência respiratória superior a 30 por minuto; ou, ainda, que apresentam trauma grave, hemorragia com choque e grandes queimaduras. • Secundária (amarelo): vítimas que apresentam lesões moderadas, porém, sem sinais de choque. • Baixa (verde): vítimas que apresentam lesões pequenas e que estão deambulando pelo local. • Óbito (cinza): vítimas que não respondem às medidas de abertura da via aérea. Figura 1 – Fluxograma de classificação do método Start Legenda: FR (frequência respiratória); EC (enchimento capilar). Fonte: Brasil (2016). 38 O atendimento das vítimas na cena do incidente é desenvolvido no posto médico avançado e se inicia somente após a realização da triagem. Isso é importante para que o processo ocorra de forma organizada, além de garantir que todas as vítimas receberão atendimento do início ao fim. Para isso, as áreas de tratamento também devem ser definidas conforme a gravidade das vítimas, sendo agrupadas conforme as cores vermelha, amarela, verde e cinza. O local para atendimento das vítimas deve apresentar lonas no chão, ou placas e bandeiras coloridas para identificação, a fim de estabelecer as áreas de prioridade (NAETM, 2018; BRASIL, 2006): Além disso, as vítimas devem receber o atendimento conforme o protocolo XABCDE do PHTLS (prehospital trauma life support): controle de hemorragias exsanguinantes; abertura de vias aéreas e controle de cervical; respiração; circulação; disfunção neurológica; exposição e ambiente (NAEMT, 2018). O transporte das vítimas, por sua vez, pode ser realizado por ambulâncias terrestres, aéreas ou outras, conforme as características de cada local. Deve ocorrer de forma organizada, após estabelecer o veículo mais adequado às necessidades da vítima e conforme definido pela central de regulação médica (BRASIL, 2006). Para organização de todo o processo de atendimento ao IMV, é necessário que as equipes do APH móvel, tanto do Samu quanto do Corpo de Bombeiros, estabeleçam juntos o comando, a comunicação e o controle do local, a fim de garantir a triagem, o tratamento e o transporte das vítimas. Além disso, a central de regulação do Samu deve estar preparada para realizar esse tipo de atendimento, acionando os serviços de apoio e outros serviços de APH móvel, além de entrar em contato com hospitais e APH fixo para acolhimento dessas vítimas (BRASIL, 2006). 39 Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Regulação médica das urgências. Série A: normas e manuais técnicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: https://bit.ly/2RUd0Jh. Acesso em: 11 maio 2020. NAEMT. Soporte vital de trauma prehospital: PHTLS. Tradução Víctor Campos e Félix García Roig. 9. ed. Lomas de Chapultepec: Intersistemas, S.A., 2018. PARA SABER MAIS Para o enfrentamento do IMV, é fundamental que as equipes recebam uma preparação adequada por meio de treinamentos e simulados. Esses momentos de capacitação, frequentemente, são realizados com todas as equipes de APH fixo e móvel, além dos hospitais, sendo importantes para desenvolver um entrosamento entre os profissionais, que será determinante durante o desenvolvimento do atendimento real (COVOS; COVOS; BRENGA, 2016; VASCONCELOS, et al., 2019). Os simulados geralmente são realizados pelo Samu, em conjunto com bombeiros, serviços privados de APH, polícia militar e rodoviária, aeroportos, hospitais de referência, além de universidades que ofertam cursos voltados à área da saúde. Ademais, buscam demonstrar de forma prática o atendimento real às vítimas, além de instituir as atualizações nos protocolos do APH, bem como identificar e corrigir as falhas no momento oportuno (COVOS; COVOS; BRENGA, 2016; VASCONCELOS, et al., 2019). Nos simulados, ainda, todos os profissionais têm a oportunidade de treinar e praticar as etapas de organização do local do https://bit.ly/2RUd0Jh 40 incidente, triagem e remoção dos casos com gravidade para a ambulância. A partir disso, tornam-se preparados e capacitados para atender aos eventos com grande número de vítimas de forma rápida e eficaz, salvando o maior número de pessoas e melhorando as chances de sobrevida (COVOS; COVOS; BRENGA, 2016; VASCONCELOS, et al., 2019). Figura 2 – Simulado de atendimento a múltiplas vítimas realizado na cidade de Mandaguari/PR Fonte: https://bit.ly/3ctwwEV. Acesso em: 13 maio 2020. Referências bibliográficas COVOS, J. S.; COVOS, J. F.; BRENGA, A. C. S. A importância da triagem em acidentes com múltiplas vítimas. Ensaios Cienc., Cienc. Biol. Agrar. Saúde. Sorocaba, v. 20, n. 3, p. 196-201, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3dC65Ng. Acesso em: 11 maio 2020. VASCONCELOS, I. F. et. al. Simulação de incidente com múltiplas vítimas: treinando profissionais e ensinando universitários. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro, v. 46, n. 3, e20192163, 2019. Disponível em: https://bit.ly/2WQWuvr. Acesso em: 13 mai. 2020. https://bit.ly/3dC65Ng https://bit.ly/2WQWuvr 41 TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: você é enfermeiro do Samu e está se deslocando para prestar atendimento a um possível incidente com múltiplas vítimas (IVM). Ao chegarem ao local, você e sua equipe identificaram que houve um acidente na rodovia envolvendo um automóvel e um ônibus de turismo, resultando em 23 vítimas. Além disso, os procedimentos de sinalização do local e interrupção do fluxo de veículos já estão sendo implementados pela Polícia Rodoviária Federal. Dessa forma, como realizar e conduzir a triagem de múltiplas vítimas? Outras equipes devem ser acionadas? Quais equipes devem oferecer suporte no IVM? Como realizar o atendimento a uma quantidade de vítimas de forma eficaz? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 O capítulo 6 deste livro apresenta os conceitos relacionados ao atendimento pré-hospitalar a múltiplas vítimas, destacando os aspectos principais desse tipo de atendimento. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, da Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. Indicações de leitura 42 HIGA, E. M. S. et. al. Guia de medicina de urgência. Série guias de medicina ambulatorial e hospitalar. Barueri, SP: Manole, 2013. Cap. 6. Indicação 2 O capítulo 57 deste livro apresenta os conceitos relacionados ao atendimento pré-hospitalar a múltiplas vítimas de forma detalhada, abordando a organização do local, a triagem, o atendimento e o transporte das vítimas. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, da Biblioteca Virtual da Kroton, e busque pelo título da obra. GRUPO DE RESGATE E ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS – GRAU. Pré-hospitalar. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2015. Cap. 57. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Para que se obtenhasucesso no atendimento a múltiplas vítimas, além da organização da equipe, alguns princípios devem ser levados em consideração (BRASIL, 2006). 43 Sobre os princípios do atendimento a múltiplas vítimas, assinale a alternativa correta. a. O atendimento no IMV tem como meta principal o salvamento do maior número de vítimas. b. O atendimento às vítimas gravemente feridas deve ser a prioridade no atendimento ao IMV. c. Um dos princípios do atendimento no IMV é o de que não existem vítimas irrecuperáveis. d. O atendimento no IMV tem como prioridade salvar a vítima mais grave. e. O IMV é caracterizado quando existem dez vítimas envolvidas ou mais. 2. Para o enfrentamento do IMV, é fundamental que as equipes recebam uma preparação adequada por meio de treinamentos e simulados, os quais serão determinantes para desenvolver o entrosamento entre os profissionais frente a um atendimento real (COVOS; COVOS; BRENGA, 2016; VASCONCELOS, et al., 2019). Sobre os simulados de atendimentos aos incidentes com múltiplas vítimas, assinale a alternativa correta. a. Os simulados apresentam como foco exclusivo a realização da etapa da triagem. b. Os simulados são direcionados apenas às equipes de atendimento pré-hospitalar devido à sua importância no atendimento a múltiplas vítimas. c. Um dos objetivos dos simulados é o de capacitar a equipe a prestar o atendimento às vítimas com lesões irrecuperáveis. d. Os simulados buscam demonstrar de forma prática o atendimento real às vítimas. 44 e. Os simulados buscam somente identificar as falhas que ocorreram durante o processo. GABARITO Questão 1–Resposta A Resolução: as alternativas B, C e D são incorretas, pois, ao contrário da medicina de emergência, que tem como prioridade salvar a vítima mais grave, o atendimento no IMV possui como meta principal o salvamento do maior número de vítimas possível. A alternativa E é incorreta, pois o IMV é caracterizado quando existem pelo menos cinco vítimas envolvidas. Questão 2–Resposta D Resolução: a alternativa A é incorreta, pois, nos simulados, os profissionais têm a oportunidade de treinar e praticar as etapas de organização do local do incidente, triagem e remoção dos casos com gravidade para a ambulância. A alternativa B é incorreta, pois os simulados, geralmente, são realizados pelo Samu, em conjunto com bombeiros, serviços privados de APH, polícia militar e rodoviária, aeroportos, hospitais de referência, além de universidades que ofertam cursos voltados à área da saúde. A alternativa C é incorreta, pois um dos objetivos dos simulados é o de capacitar a equipe a prestar o atendimento às vítimas de forma rápida e eficaz, salvando o maior número de pessoas e melhorando as chances de sobrevida. A alternativa E é incorreta, pois os simulados buscam somente identificar e corrigir as falhas no momento oportuno. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 3 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 4 Direto ao ponto Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito Botão TEMA 5: TEMA 2: Botão 158: Botão TEMA4: Inicio 2: Botão TEMA 6: TEMA 3: Botão 159: Botão TEMA5: Inicio 3: Botão TEMA 7: TEMA 4: Botão 160: Botão TEMA6: Inicio 4: Botão TEMA 8: TEMA 5: Botão 161: Botão TEMA7: Inicio 5:
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